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ILICITUDE E

CULPABILIDADE
PROF. MSC ROBERTA ESPINDOLA MIRANDA

PROF MSC ROBERTA ESPINDOLA MIRANDA


FATO TÍPICO JUS PUNIENDI
(PODER-DIREITO-DEVER DE PUNIR)
Do Estado realizar o Direito
- Jurisdição -

SENTENÇA
PENAL
DIREITO PENAL

CÓDIGO PENAL Arts. 13


ao 31, CP

PARTE GERAL
Títulos II, III e IV
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PENA

Antes séc. XIII – Ausência de poder central - paz


social era ameaçada por conflitos entre vizinhos,
parentes e súditos – Método da vingança privada

Meio de solução de conflito - Lutas de ordália,


conhecidas como juízo de Deus – prova que
determinava culpa ou inocência (Vencedor/verdade)

Objetivo da pena - preservação da paz


Séc. XIV

1° agrupamento de regras penais

Tratactu de maleficiis – 1310, Alberto


Gandino “a pena deve ser determinada pelo
juiz, cf. natureza delito e delinquente

Transformação do poder de punir

Interesse privado »» interesse público



Poder soberano usurpa poder da vítima

Métodos de punição - confisco, fiança...

Objetivo da pena – preservar hierarquia social

”.
NOVO MEIO DE CONTROLE
SOCIAL

Poder exercido para garantir


centralidade do Papa

Conflitos religiosos - Grupos contra à


igreja católica - Templários, Protestantes
começavam a ser perseguidos...

Objetivo da pena - investigar e julgar os


acusados contra a fé católica e de
desrespeitar o Santo Ofício
AUTOS DE FÉ
Ritual de penitência pública
de hereges:

1. Abandonar a heresia
-
Absolvição

2.Continuar fiel a sua crença -


execução pelos carrascos da
Coroa
CRIME DE BRUXARIA

Atribuições de características: Aparência pessoal, hábitos excêntricos, cantigas, uso de objetos e bênçãos

Malleus maleficarum “O martelo das feiticeiras” - 1486


Tratado sobre a caça às bruxas (Heinrich Kramer / James Sprenger)
PENAS CORPORAIS Criminosos - representavam inferioridade
moral

Código Criminal Carlos V – 1532, sistema


único de pena capital e corporal,
tratavam de furto, vadiagem e dos crimes
de magia

Meios de punição - castigo físico

Mutilação, açoite, empalada, rodas para


despedaçar, mesas de evisceramento,
submersão no azeite, garrote, cavalo de
estiramento, gaiolas suspensas...
CASTIGOS CORPORAIS 🚱
PENA DE DEPORTAÇÃO
Os condenados eram deportados para as colônias

“ESSES ARRUAÇEIROS, QUENÃO SE DEVEM DEIXAR EM LIBERDADE,


Inglaterra - Vagrancy Act, 1597 PRECISAM SER BANIDOS PARA FORA DO REINO, DEVENDO SER
ENVIADOS AO ULTRAMAR”

GARANTIA A SUSPENSÃO DAS PENAS DE ROUBO E CRIMES GRAVES DE


Conselho de 1617 – CRIMINOSOS FORTES POR SERVIÇOS NAS COLÔNIAS

Espanha e Portugal tb utilizaram a deportação, até essa força de trabalho ser necessária nas galés

Com a escravidão dos negros a deportação deixou de ser vantajosa


NOVO CENÁRIO DA PENA DE MORTE

A partir do Séc. XVI – crescimento de


sentenças com pena de morte

Carrasco de Nurembeg – executou 361 e


aplicou penas corporais em 345
pessoas.
📌CASAS DE CORREÇÃO
Tem origem na Europa Séc. XVII, sendo
utilizada, no BR, desde o Império

Objetivo principal - transformar a força de


trabalho dos indesejáveis, tornando-os
socialmente útil

Pena de trabalho visava


vantagens pecuniárias
PENAS DE PRISÃO
A partir séc. XVIII - Lugar de detenção
onde os acusados aguardavam a
decisão final

Encarceramento servia tb para poupar


membros de classes privilegiadas dos
castigos corporais, galés

1° momento - Substituição da punição


corporal por trabalhos forçados e de se
aplicar métodos que infligissem
sofrimento sem ferimento ao corpo
HUMANIZAÇÃO DAS PENAS – SÉC. XVIII

Sociedade feudal / Estado absolutista » Sociedade capitalista / Estado de


Direito liberal

Marco histórico - Iluminismo – projeto racionalizador

Concepção ideologia – humanismo

Direito Penal do fato

Problemática – limites e justificativas do poder de punir face à liberdade


individual
ESCOLA CLÁSSICA - Séc. XVIII e XIX
DO SABER FILOSÓFICO AO SABER JURÍDICO-FILOSÓFICO EM DEFESA DO INDIVÍDUO

1. PERÍODO FILOSÓFICO – Movimento reformista: crítica aos métodos indignos de punição


projetando-se na humanização, na racionalização do poder e na política liberal-garantista

Cesare Beccaria (1738-1794)

Formulação dos pressupostos do Direito Penal baseada nas teorias do contrato social,
divisão dos poderes, humanidade das penas...

CRIME - afronta à ordem contratual (Direito penal do fato)

CRIMINOSO - indivíduo que na posse do livre-arbítrio, viola livre e conscientemente a


norma penal

RESPONSABILIDADE PENAL - responsabilidade moral (imputabilidade – capacidade de


entender o valor ético social da ação)
ESCOLA CLÁSSICA
2. PERÍODO JURÍDICO - construção de legitimidade do Direito Penal
e iniciação da codificação

Francesco Carrara (1805-1888)

Concepção jusracionalista - “Lei moral-jurídica precede a lei positiva

Programa de Direito Criminal – contrato social de Beccaria cede


lugar às leis morais com o mesmo sentido racionalizador/garantidor.

CRIME - “ente jurídico”

CRIMINOSO – aquele que descumpre a Lei e pratica o fato-crime

RESPONSABILIDADE PENAL - violação de um direito livre para ser


culpável, liberdade de agir e consciência da violação - Requisitos
Construção teórica do Direito Penal

Princípio da legalidade - art. 1º do CP e art. 5º, XXXIX, CF “não a crime, nem pena, sem lei anterior que o
defina e estabeleça (nullun crimen nulla poena sine lege - Feuerbach).

“só as leis podem decretar as penas dos delitos, e esta autoridade só pode residir no legislador, que
representa toda a sociedade unida por um contrato social” (Beccaria)

Princípio da proporcionalidade e da humanidade entre os delitos e as penas – art. 1°, III, CF – fundamento da
república (utilidade da pena – prevenção do delito)
 
“Deve haver, pois, uma proporção entre os delitos e as penas (...) Se o prazer e a dor são a força
motora dos seres sensíveis, se entre os motivos que impelem os homens às ações mais sublimes
foram colocados pelo Legislador invisível o prêmio e o castigo, a distribuição desigual destes
produzirá a contradição”. (Beccaria)
Princípio da separação dos poderes – Art. 2°, CF – Teoria da tripartição dos poderes do Estado:

“os julgadores dos crimes não podem ter o direito de interpretar as leis penais, pela própria
razão de não serem legisladores”

Princípio utilitarista da máxima felicidade para o maior número de pessoas – Teorema geral:

“é que para não ser um ato de violência contra o cidadão, a pena deve ser, de modo
essencial, pública, pronta, necessária, a menor das penas aplicáveis nas circunstâncias,
proporcionada ao delito e determinada por Lei”

Projeto de “refundação” do Direito Penal e com ele uma promessa de segurança jurídica
individual para a modernidade
Teoria da pena - clássicos

BECCARIA – teoria preventiva - pena CARRARA – teoria retributiva da pena,


como intimidação ao comportamento essencialmente reparatória e reafirmatória
criminal - que não pode desfazer o fato do Direito, de retribuição ao mal realizado
ou castigar o criminoso, mas prevenir o contra a sociedade.
delito, servindo de exemplo para a Retribuição como uma forma de tutela
sociedade. jurídica.

A pena teria caráter preventivo e não A função da pena era a defesa social,
punitivo, buscando a diminuição dos obtendo como função acessória à
crimes. reeducação do delinquente.
ESCOLA POSITIVA – Séc. XIX
Saber científico criminológico em defesa da sociedade

Estado de Direito Liberal »» Estado de Direito Social

Marco histórico - Estado intervencionista sob a égide de novas políticas sociais

Concepção ideológica – defesa social

Concepção positivista de ciência

Método científico, experimental, empírico, indutivo e de observação

Objeto de análise – o homem delinquente – Direito Penal do Autor

Problemática – declínio da escola clássica e diminuição da criminalidade e das penas


ESCOLA POSITIVA

Crítica à Escola Clássica:


1. Defesa da liberdade individual »» Defesa social
2. Racionalismo »» Realidade social (empirismo)

CRIME - fato natural e social

CRIMINOSO - homem causalmente determinado (personalidade perigosa)

RESPONSABILIDADE PENAL - responsabilidade social (periculosidade)

Criação de um programa de princípios de defesa da sociedade


ESCOLA POSITIVA – Fase antropológica

Cesare Lombroso (1836-1909)

“O Homem delinquente”, 1876

Foco na figura do criminoso, busca saber quais os


fatores (individuais e físicos) que levariam a pratica
do crime

Causas do delito – inferioridade biológica advêm


do próprio criminoso - análise da composição
anatômico-fisiológica (anormal)

Tipo antropológico delinquente - “criminoso nato”


– uma espécie do gênero humano, predestinada,
por seu tipo, a cometer crimes
ESCOLA POSITIVA – Fase sociológica
Enrico Ferri (1856-1929)

“Sociologia Criminale”, 1900 - tratando das


causas da criminalidade, complementou as
idéias de fatores antropológico e físicos de
Lombroso com fatores sociológicos

RESPONSABILIDADE PENAL - defender a


sociedade através da lei, fundindo as ideias
de responsabilidade social e
responsabilidade legal

“o homem é sempre responsável de todo


seu ato, somente e até porque vive em
sociedade”
ESCOLA POSITIVA – Fase jurídica

Rafaelle Garófalo (1851-1934)

“Criminologia: Estudo sobre o delito e a repressão


penal”,1885 – Delito como delito natural –
indispensável à adaptação do indivíduo em
sociedade

SENSO MORAL - instintos morais necessários para


convivência social, advém da hereditariedade e do
tipo físico.

RESPONSABILIDADE PENAL – baseada perigo inato


do infrator.

Ideia de “anomalia moral” - classe de seres


moralmente degenerados. A favor da pena de morte.
TEORIA DA PENA - POSITIVISTAS

Teoria Retributiva - a pena como meio de defesa social

Função utilitarista - prevenção especial – recuperação social

Princípio da individualização da pena – art. 5°, XLVI, CF – o potencial de


personalidade do criminoso constitui a medida da pena (indeterminação
dos limites)

O Direito Penal liberalmente modelado passa a receber uma complementar


justificação social. Passam a conviver o discurso de garantia do indivíduo e
o discurso da defesa social
Escola técnico-jurídica
Trata-se de uma reação a Escola positiva (1905), busca-se a
restauração do critério jurídico da ciência do Direito Penal

Marco histórico – crise da identidade jurídica da ciência penal

Concepção ideológica – dogmática jurídica

CRIME – Fato jurídico

CRIMINOSO - sujeito consciente que descumpre a norma penal

RESPONSABILIDADE PENAL - responsabilidade moral (livre


vontade)
Escola técnico-jurídica no Brasil
O pensamento técnico-jurídico surgiu no Brasil, na década de 1940
e fim da década de 1970, com a intenção de trazer o aspecto
jurídico, levando em consideração somente o Direito posto. Nelson
Hungria foi o jurista brasileiro defensor deste seguimento,
afirmando:

“a ciência do direito penal não pode ter por objeto a indagação experimental
em torno ao problema da criminalidade, mas tão somente a exegese do
direito positivo, a pesquisa e formulação dos respectivos princípios gerais e
a dedução lógica das consequências. Assim sendo, os postulados de outras
ciências sobre a delinquência como fenômeno biopsicossociológico não se
integram na ciência do direito objetivo, cujo único método possível é o
dedutivo, lógico abstrato, o técnico-jurídico”
Teoria da pena – tecnicistas
PENA - reação e consequência do crime (tutela jurídica), com
função preventiva geral (retribuição) e especial (prevenção),
aplicável aos imputáveis

MEDIDA DE SEGURANÇA – preventiva, aplicável aos inimputáveis


 
Inspirados nesta reação tecnicista italiana foi a partir dos
pensadores alemães que o positivismo jurídico deu, de fato, lugar
ao dogmatismo penal.
DOGMÁTICA PENAL A PARTIR DO SÉC. XX

Penalistas alemães discutem sobre a oncepção


material e normativa do delito, levando a uma
abertura do pensamento jurídico em relação a juízos
de valores, culminando com a destruição da teoria
clássica do delito
TEORIA DO DELITO

Tem a finalidade de identificar os elementos


que integram a infração penal, criando um
roteiro a ser seguido pelos operadores do
direito, que por seu intermédio poderão
concluir ou não pela existência do delito
TEORIA DO DELITO
Concepção
Tripartida

CRIME é conduta típica, antijurídica e culpável

Tipicidade – adequação do fato a descrição legal

Antijuridicidade/Ilicitude – contrariedade do fato com o ordenamento


jurídico

Culpabilidade – reprovação do sujeito que descumpre a norma jurídica


TEORIA DO DELITO

Art. 1° da LICP - Considera-se crime a infração penal


que a lei comina pena de reclusão ou de detenção,
quer isoladamente, quer alternativa ou
cumulativamente com a pena de multa; contravenção,
a infração penal a que a lei comina, isoladamente,
pena de prisão simples ou de multa, ou ambas.
alternativa ou cumulativamente
CONCEITOS DE CRIME
CRIME FORMAL CRIME MATERIAL

é o resultado entre a conduta do é a violação de um bem jurídico


agente com o que está descrito na penalmente protegido,
lei, sendo assim a ação ou omissão estabelecendo a essência do
proibida em lei, sem levar em conceito, temos então o porquê de
consideração seu conteúdo, basta um ato ser considerado crime, e
ser descrito pelo legislador como outros não
desrespeito a legislação penal para
ser considerado crime
CONCEITO ANALÍTICO DE CRIME
CRIME = Fato típico , antijurídico e culpável

TIPICIDADE ANTIJURIDICIDADE/ILICITUDE CULPABILIDADE


Conduta Legítima defesa Imputabilidade

Nexo de causalidade Estado de necessidade Exigibilidade de conduta diversa

Resultado Estrito cumprimento de dever legal Potencial conhecimento da


ilicitude
Tipicidade Exercício regular do Direito
CLASSIFIÇÃO DOUTRINÁRIA DE CRIME
CRIMES COMISSIVOS CRIMES OMISSIVOS
São tipos que decorrem da omissão.
O tipo penal prevê um comportamento Próprios – conduta negativa - Art. 135, CP
positivo, uma ação. Impróprios - conduta positiva – agente
Art. 155, CP
garantidor – Art. 13, § 2°, CP
CLASSIFIÇÃO DOUTRINÁRIA DE CRIME

CRIME CONSUMADO CRIME TENTADO


Quando nele se reúne todos os Quando iniciada a execução, não se
elementos de sua definição legal consuma por circunstâncias alheias à
Art. 14, I, CP sua vontade
Art. 14, II, CP
CLASSIFIÇÃO DOUTRINÁRIA DE CRIME
CRIME IMPOSSÍVEL
Ocorre quando em razão da utilização de um meio absolutamente ineficaz, ou em
virtude da absoluta impropriedade do objeto, será impossível alcançar o resultado.
Art. 17, CP
CLASSIFIÇÃO DOUTRINÁRIA DE CRIME
CRIME CULPOSO CRIME DOLOSO
Quando o agente deu causa ao Quando o agente quis o resultado ou
resultado por imprudência, assumiu o risco de produzi-lo
negligência ou imperícia Art. 18, I, CP
Art. 18, II, CP
CLASSIFIÇÃO DOUTRINÁRIA DE CRIME

CRIME SIMPLES CRIME COMPLEXO CRIME CRIME


QUALIFICADO PRIVILEGIADO
É o tipo penal básico, Quando ocorre a fusão Tipo Penal que possui Tipo Que possui
sem conter condições de dois ou mais tipos circunstâncias que circunstâncias que
que modifique a pena penais torna a pena mais torna a pena mais leve
Art. 121, caput, CP Art. 157, CP elevada Art. 33, § 4ª, Lei de
Art. 121, § 2ª, CP drogas
CLASSIFIÇÃO DOUTRINÁRIA DE CRIME
CRIME COMUM CRIME PRÓPRIO CRIME DE MÃO PRÓPRIA
O tipo penal não exige Tipo exige uma qualidade Exige qualidade específica do
nenhuma qualidade especial para o sujeito sujeito ativo e que realize a
específica do sujeito ativo, ativo - Art. 312, CP conduta pessoalmente - Art.
qualquer pessoa pode 124, 1ª parte, CP
praticar - Art. 171, CP
CLASSIFIÇÃO DOUTRINÁRIA DE CRIME
CRIME INSTANTÂNEO CRIME CRIME INSTANTÂNEO DE CRIME
PERMANENTE EFEITOS PERMANENTES CONTINUADO
Consumação É aquele cuja a Ocorre quando o resultado Quando o agente
imediata que ocorre consumação se da conduta praticada pelo mediante mais de
no momento da prolonga no agente é permanente uma ação ou
conduta tempo Art. 121, CP omissão, pratica
Art. 129, CP Art. 148, CP um ou mais crimes
da mesma espécie,
subseqüentemente
como continuação
do primeiro
Art. 71, CP
CLASSIFIÇÃO DOUTRINÁRIA DE CRIME
CRIME MATERIAL CRIME FORMAL CRIME DE MERA
CONDUTA
Tipo descreve a conduta e Tipo não exige a Tipo descreve apenas a
o resultado naturalístico realização do resultado conduta, da qual não
Art. 121, 157, CP naturalístico ocorre nenhum resultado
Art. 248, CP; art. 244-A, naturalístico
ECA Art. 14, Lei n. 10.826/03

SÚMULA 500, STJ “A configuração do crime do art.


244-B do ECA inde pende da prova da efetiva
corrupção do menor, por se tratar de delito formal”
CLASSIFIÇÃO DOUTRINÁRIA DE CRIME

CRIME DE DANO CRIME DE PERIGO


Consuma-se com a efetiva lesão ao bem Consuma-se com a possibilidade de
jurídico lesão ao bem jurídico
Art. 163, CP Art. 132, CP

Perigo concreto: Perigo abstrato/presumido:


necessita da Dispensa comprovação. O
comprovação do perigo é inerente a própria
perigo conduta
Art. 309, CTB Art. 33, da Lei n. 11.343/06
CRIME CRIME
UNISSUBSISTENTE PLURISSUBSISTENTE CRIME HABITUAL
Aquele que depende
Consuma-se com a Consuma-se com a de uma reiteração de
pratica de um só ato. pratica de um ou vários atos reveladores de
Art. 140, CP – Injúria atos. um modo de vida do
verbal Art. 155, CP - Furto agente
Arts. 282 e 284, CP
Exercício irregular de
profissão e
curandeirismo
CRIME TRANSEUNTE CRIME NÃO TRANSEUNTE
Aquele que NÃO deixa vestígios São aqueles que deixam vestígios
(materialidade). Não se realiza e necessitam de perícia.
exame pericial Art. Art. 157, § 3°, II, CP - Latrocínio
Art. 138 , CP - Calúnia
SUJEITOS DO CRIME

SUJEITO ATIVO SUJEITO PASSIVO


Pode ser quem realiza o tipo (autor Distingue-se em:
executor) a) Titular do bem jurídico violado ou
ameaçado;
Ou quem de qualquer forma concorre b) Titular do mandamento proibitivo,
para o crime (partícipe, co-autor) ou seja, o Estado

RE 548181 - STF
SUJEITOS DO CRIME
CONDUTA
CRIME = Fato típico , antijurídico e culpável

No primeiro elemento do crime não


FATO = CONDUTA (crime formal
se deve confundir conduta com e de mera conduta)
fato, pois o fato pode não somente FATO = CONDUTA + RESULTADO
+ NEXO CAUSAL (crime material)
abranger conduta humana como
resultado naturalístico e o nexo
causal
CONDUTA
É um agir humano, ou um deixar de agir.
De forma consciente e voluntária, dirigido
a determinada finalidade
A conduta deve ser concebida como um
ato de vontade com conteúdo (finalidade)
Para que seja típica a conduta deverá ser
dolosa ou culposa
CONDUTA
TEORIA FINALISTA – Hans Welzel

Toda consciência é intencional

Não há consciência separada do mundo

Toda a ação voluntária é finalista (vontade interna)

A ação típica deve ser concebida como um ato de


vontade com conteúdo
CONDUTA
CARACTERÍSTICAS E ELEMENTOS DA CONDUTA

a) Ato de vontade com finalidade


-Proposição de um objetivo pretendido
a)Comportamento humano pelo agente
- seleção dos meios para obter objetivo
- representação dos resultados
concomitantes

b) Voluntariedade b) Manifestação de vontade


Exteriorização da conduta com
desencadeamento da causalidade em
direção ao resultado
DO CRIME
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE

Art. 13 - O resultado, de que depende a


existência do crime, somente é imputável a
quem lhe deu causa. Considera-se causa a
ação ou omissão sem a qual o resultado
não teria ocorrido
DO CRIME
DO CRIME
A natureza jurídica do resultado exigido no
art. 13, diz respeito, ao RESULTADO JURÍDICO
Ofensa ao bem jurídico que se expressa numa lesão

Possui natureza normativa (sanção)


DO CRIME
TEORIA DA RELAÇÃO DE CAUSALIDADE

Teoria da equivalência dos antecedentes causais


(Von Buri)

CAUSA – Condição sem a qual não seria possível

A ação/omissão que sem ela o resultado não teria ocorrido


RELAÇÃO DE CAUSALIDADE
ESPÉCIES DE CAUSAS

1. CAUSAS ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES


A conduta do agente não possui relação com o resultado

1.1) Causa preexistente absolutamente independente em


relação à conduta do agente - caput, art. 13
A causa que produz o resultado existia antes da conduta do
agente
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE
ESPÉCIES DE CAUSAS

1. Causas absolutamente independentes


A conduta do agente não possui relação com o resultado

1.2) Causa concomitante absolutamente independente em


relação à conduta do agente - caput, art. 13
A causa que produz o resultado surge no mesmo instante da
conduta do agente
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE
ESPÉCIES DE CAUSAS

1. Causas absolutamente independentes


A conduta do agente não possui relação com o resultado

1.3) Causa superveniente absolutamente independente em


relação à conduta do agente - caput, art. 13
A causa que produz o resultado surge posteriormente a
conduta do agente
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE
ESPÉCIES DE CAUSAS

2. CAUSAS RELATIVAMENTE INDEPENDENTES


Duas causas interligadas produzem o resultado, salvo § 1°, art. 13

2.1.2.3) Causa preexistente / concomitente / superveniente


relativamente independente em relação à conduta do agente -
caput, art. 13
Duas causas interligadas (preexistente / concomitente /
superveniente + conduta do agente) produzem o resultado
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE
ESPÉCIES DE CAUSAS

Superveniência de causa independente 

Art. 13, § 1º - A superveniência de causa relativamente


independente exclui a imputação quando, por si só, produziu
o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a
quem os praticou
Rompimento do nexo causal
RELEVÂNCIA DA OMISSÃO 

 § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente


devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir
incumbe a quem:

a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;


b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o
resultado; 
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da
ocorrência do resultado 
SISTEMAS PENAIS
Preocupação com a dogmática penal

SISTEMA CLÁSSICO (Dolo e essenciais do crime como Franz Von Liszt e Ernst Beling
espécies de culpabilidadculpa – elementos e)
SISTEMA NEOCLÁSSICO (Aperfeiçoamento das teorias Reinhard Frank, Edmund Mezger
clássicas, conceito de omissão...)
SISTEMA FINALISTA (Dolo e culpa deixam a culpabilidade Hans Welzel
e passam a integrar a própria conduta)
SISTEMA FUNCIONALISTA (inserção da política criminal Claus Roxin, Günther Jakobs (séc. XXI)
no âmbito do sistema jurídico-penal)

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