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TEORIA DO CRIME
- Direito Penal é o conjunto de normas jurídicas que regulam o poder punitivo do Estado,
tendo em vista os fatos de natureza criminal e as medidas aplicáveis a quem os pratica
(E. Magalhães Noronha)
1.2 CARACTERÍSTICAS
O DIREITO PENAL É:
a) uma CIÊNCIA
c) NORMATIVO
d) FINALISTA
e) VALORATIVO
f) SANCIONADOR
B) com a POLÍTICA CRIMINAL: Cuida-se de ciência independente, que tem por objeto a
apresentação de críticas e propostas para a reforma do Direito Penal em vigor. Tem como
específica finalidade de trabalhar as estratégias e meios de controle social da
criminalidade (caráter teleológico). É característica da Política Criminal a posição de
vanguarda em relação ao direito vigente, vez que, enquanto ciência de fins e meios,
sugere e orienta reformas à legislação positivada.
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BRUNO, Aníbal. Direito penal. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1967. p. xx.
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2
Expiação é uma palavra que vem do Latim: expiatione. A palavra expiação encontra-se poucas vezes na
Bíblia, mas o conceito da expiação constitui o assunto principal do Antigo e do Novo Testamento. Palavras
mais conhecidas como reconciliação, propiciatório, sangue, remissão de pecados e perdão estão
diretamente relacionadas com esse tema. Disponível em: <
https://pt.wikipedia.org/wiki/Expia%C3%A7%C3%A3o> Acesso em: 10 mar. 2017.
Expiação: Purificação de crimes ou faltas cometidas. Meio usado para expiar(-se); penitência, castigo,
cumprimento de pena; sofrimento compensatório de culpa. Palavra derivada do latim: É a satisfação
oferecida à justiça divina por meio da morte de Cristo pelos nossos pecados, em virtude do qual todos os
que creem em Cristo são pessoalmente reconciliados com Deus, livrados de toda a pena dos seus pecados
e feitos merecedores da vida eterna;
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Punitur quia peccatum est: Puni-se porque é pecado. Disponível em: <http://www.enciclopedia-
juridica.biz14.com/pt/d/punitur-quia-peccatum-est/punitur-quia-peccatum-est.htm> Acesso em: 10 mar.
2017.
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Malum passionais quod infligitur ob malum actionis: um mal que se sofre [mal de retribuição] em razão de
um mal que se fez [mal de ação].
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Punitur ne peccetur: Pune-se para que não se peque.
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1) ESCOLA CLÁSSICA
Foi o livro de Cesare Beccaria, Dei delitti e delle pene ou Dos delitos e das
penas (de 1764) que abriu caminho para a escola clássica.
Ela nasceu entre o final do século XVIII e metade do século XIX como
reação ao totalitarismo do Estado Absolutista, filiando-se ao movimento revolucionário e
libertário do Iluminismo.
Havia-se na Idade Média, uma situação de violência, opressão e
iniquidade7, nos séculos seguintes se fez, portanto, a consciência comum na época de
ansiar por um regime de ordem e segurança, cruel e arbitrário do direito punitivo.
Essa exigência prática desse período e sua filosofia resultaram duas
importantes filosofias da escola clássica: O jusnaturalismo, de Grócio e o Contratualismo
de Rousseau, para o qual a ordem jurídica resulta do livre acordo entre os homens,
acatando a uma parte de seus direitos no interesse da ordem e segurança comum.
Personagens marcantes dessa Escola Penal:
a) BECCARIA (1738-1794):
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Pena Retributiva: Com essa teoria se tinha a ideia de que a pena seria apenas um castigo que o
indivíduo teria que pagar pelo seu ato infracional, ou seja, a pena seria a retribuição do Estado pelo
crime cometido contra a ordem coletiva.
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Iniquidade: caráter daquilo ou daquele que é iníquo, que é contrário à equidade. Ação ou coisa contrária à
moral e à religião.
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Sua obra marcou o início de uma nova época, sendo considerada a base
do Direito Penal moderno, não só no pensamento cientifico especializado, mas também
na atuação da Justiça e nas ideias comuns sobre o crime e a pena.
Reclamou que o Direito Penal deve ser certo, com a igualdade perante a
lei; defendeu a abolição da pena de morte;, leis claras e precisas; o juiz exercendo
somente sua função de aplicar a lei nos estritos termos; erradicação de torturas como
meios de provas, ou seja, pregando uma proporcionalidade da pena à infração praticada,
dando relevo ao dano que o crime causou à sociedade.
A pena, segundo defendeu, além do caráter intimidativo, deveria
sustentar na missão de regenerar o criminoso, sendo a pena a mínima necessária para
se conseguir esse fim.
A sua doutrina tratava sobre esses diversos temas que reagiam contra a
arbitrária Justiça Penal vigente.
Sua intenção não era científica, mas de humanidade e justiça, em um gesto
de eloquente revolta contra a iniquidade que se pairava na época, defendendo o homem
contra a tirania, encerrando assim um período de nefanda8 memória na história do Direito
Penal.
Criou uma nova consciência e novos rumos nos estudos da matéria,
iniciando o movimento da escola clássica, embora pelas suas ideias mais avançadas
pelos juristas que lhe iriam seguir, carregados de jusnaturalismo e tradição romano-
medieval, tenha ficado fora e acima desse movimento.
Na Escola Clássica, desenvolvida na Itália, pode se distinguir duas
correntes, uma influenciada pelo Iluminismo, tendo o Direito punitivo baseado na
necessidade social, e que compreende, Beccaria, Filangieri, Romagnosi e Carmignani.
E a sua fase definitiva, em que a metafísica9 jusnaturalista10 invade a
doutrina do Direito Penal e acentua a pena como caráter retributivo, com Rossi, e
posteriormente com Carrara, para encerrar-se com Pessina.
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Nefanda: Indigno de se nomear; abominável, execrável, execrando, aborrecível, infando.
9
A metafísica é um ramo da filosofia que estuda os problemas centrais do pensamento filosófico, ou seja, o
ser como tal, absoluto, Deus, o mundo, a alma.
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Jusnaturalismo é uma teoria que procura fundamentar o direito no bom senso, na equidade e no
pragmatismo. Ela não se propõe a uma descrição de assuntos humanos por meio de uma teoria; tampouco
procura alcançar o patamar de ciência social descritiva. A teoria do direito natural tem, como projeto, avaliar
as opções humanas com o propósito de agir de modo razoável e bom. Isso é alcançado através da
fundamentação de determinados princípios do direito natural que são considerados bens humanos
evidentes em si mesmos.
A teoria do direito natural abrange uma grande parte da filosofia de Tomás de Aquino, Francisco Suárez,
Richard Hooker, Thomas Hobbes, Hugo Grócio, Samuel von Pufendorf, John Locke, Jean-Jacques
Burlamaqui e Jean-Jacques Rousseau, e exerceu uma influência profunda no movimento do racionalismo
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b) FILANGIERI (1752-1788):
jurídico do século XVIII, quando surge a noção dos direitos fundamentais, no conservadorismo, e no
desenvolvimento da common law inglesa.
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Jusnaturalista: A Corrente do Jusnaturalismo defende que o direito é independente da vontade humana,
ele existe antes mesmo do homem e acima das leis do homem, para os jusnaturalistas o direito é algo
natural e tem como pressupostos os valores do ser humano, e busca sempre um ideal de justiça.
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c) ROSSI (1768-1847):
e) ROMAGNOSI (1761-1835):
A pena como defesa defendida por Carmignani foi precedida por Gian
Domenico Romagnosi, assim como Rossi, porém mais preocupado com os problemas
penais.
Sua posição filosófica era jusnaturalista, contestando a ideia do contrato
social, a qual chama de “ficção postiça e heterogênea”.
Teve como conceito inicial de Direito punitivo o direito de defesa, com o fim
exclusivo da pena na defesa da sociedade contra o crime, valendo como um contra-
estímulo ao criminoso sendo injusta quando não configurado esse elemento. Devendo ela
ser proporcional, não à gravidade do crime ou ao dano a sociedade mas ao impulso
criminoso, deve-se aplicar a pena como último recurso, utilizando de todos os meios
eficazes para prevenir antes de punir.
Foi a posição mais avançada do Direito Penal italiano, no período do
classicismo. Aproximando de Bentham (1748-1832), utilitarista inglês, que trouxe a teoria
ético-jurídica de base utilitária, sendo ele mais claro e preciso. Os dois são considerados,
juntamente com Feuerbach, na Alemanha, precursores da doutrina penal moderna.
f) CARRARA (1805-1888):
Segundo ele o Direito Penal agiria por uma prevenção geral por meio de
uma coação psicológica exercida pela ameaça da pena recebida ao cometer o delito,
sendo seu fundamento a necessidade de segurança do Direito.
Acreditava na liberdade do livre arbítrio, admitiu o princípio da absoluta
legalidade dos crimes e das penas, consagrado pela fórmula latina nullum crimen, nulla
poena sine lege, previsto como cláusula pétrea na nossa Constituição Federal de 1988 no
artigo 5º inciso XXXIX: “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal;”.
Depois de Feuerbach a doutrina jurídico-penal alemã se divide em três
direções, uma no sentido de Kant, outra no de Hegel e a terceira sofre influência da
escola histórica do Direito e toma orientação histórica, buscando referir o Direito Penal às
suas raízes no passado.
As duas primeiras estão presentes na primeira metade do século XIX
correspondentes à filosofia jurídico-penal especulativa.
2) ESCOLA POSITIVA
A Escola clássica conseguiu enfrentar com êxito com o arbítrio, violência e
injustiça penal do Absolutismo.
Entretanto, os ambientes político e filosófico, em meados do século XIX,
revelavam grande preocupação com a luta eficiente com a criminalidade. Manifestava-se
a necessidade de defesa da sociedade e os estudos biológicos e sociológicos assumiam
relevante importância, principalmente com as doutrinas evolucionistas de Darwin e
Lamarck e sociológicas de Comte e Spencer.
Com essa preocupação nasceu a Escola Positiva, também denominada
Positivismo Criminológico, chefiada pelos “três mosqueteiros”: CESARE LOMBROSO,
ENRICO FERRI e RAFAEL GAROFALO
O crime passou a ser objeto de investigação científica, naturalista e logo
sociológica. O problema da criminalidade foi posto sob outro ângulo, se estudou o
fenômeno do crime, o seu agente, o criminoso, se tornou o centro da investigação, o que
iria conduzir a formação das ciências criminológicas.
b) FERRI (1856-1929):
c) GAROFALO (1851-1934):
3) CORRECIONALISMO PENAL
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de forma contrária
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4) ESCOLAS ECLÉTICAS
c) TECNICISMO JURÍDICO-PENAL
5) DEFESA SOCIAL
- Fases:
1ª - Período colonial:
1 – FONTES MATERIAIS
- é a fonte de produção da norma, é o órgão encarregado da criação do Direito Penal
- Por previsão constitucional, a fonte material do Direito Penal é a União. É este o ente
que, em regra, pode produzir normais penais (veja art. 22, I, CF/88).
- A própria Constituição Federal prevê uma exceção, disciplinando a possibilidade dos
Estados-membros legislarem sobre questões específicas de direito penal, desde que
autorizados por lei complementar (um tipo de lei que exige um maior grau de exigência
para sua aprovação) ( Veja art. 22, parágrafo único, CF/88)
2 – FONTES FORMAIS
- Trata-se do instrumento de exteriorização do Direito Penal, ou seja, do modo como as
regras são reveladas.
- São classificadas em:
A) IMEDIATA
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais;
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos
termos da lei;
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles
respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a
ordem constitucional e o Estado Democrático;
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a
decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles
executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e
o sexo do apenado;
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o
período de amamentação;
OBSERVAÇÃO:
1 – DOUTRINA: para muitos autores não é fonte do Direito, mas tem grande importância
na interpretação da lei penal porque são os estudos, pesquisas dos especialistas em
Direito Penal
2 – PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE
- Decorre também do Art. 5º, XXXIX da CF e do Art. 1º do CP
5 – PRINCÍPIO DA CONFIANÇA
- Estabelece que as pessoas devem esperar das demais comportamentos responsáveis –
evitar prejuízos
- PRINCÍPIO DA FRAGMENTARIEDADE:
- PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE:
8 – PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE
9 – PRINCÍPIO DA HUMANIDADE
- Este princípio não está previsto expressamente na Constituição, mas sim no Estatuto de
Roma, que criou o Tribunal Penal Internacional:
Art. 20. Ne bis in idem. I. Salvo disposição em contrário do presente Estatuto, nenhuma pessoa poderá ser
julgada pelo Tribunal por actos constitutivos de crimes pelos quais este já a tenha condenado ou absolvido.
2 - Nenhuma pessoa poderá ser julgada por outro tribunal por um crime mencionado no artigo 5°,
relativamente ao qual já tenha sido condenada ou absolvida pelo Tribunal.
- Também tem previsão no art. 8º, item 4, do Pacto de São José da Costa Rica -
CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE DIREITOS HUMANOS - (Assinada na Conferência
Especializada Interamericana sobre Direitos Humanos, San José, Costa Rica, em 22 de
novembro de 1969)
- O Direito Penal não deve se ater a condutas que afetam de forma ÍNFIMA o bem jurídico
tutelado.
1 – COMENTÁRIOS INICIAIS
Conceito: é a atividade que consiste em extrair da norma penal seu exato alcance e
real significado.
Natureza: Deve-se buscar a vontade da lei (mens legis), isto é, o seu sentido
normativo, e não de quem a fez (mens legislatoris), importando somente seus preceitos.
Verbo: Interpretar: “Interpretar é explicar, esclarecer; dar o significado de vocábulo,
atitude ou gesto; reproduzir por outras palavras um pensamento exteriorizado; mostrar o
sentido verdadeiro de uma expressão; extrair, de frase, sentença ou norma, tudo o que na
mesma se contém.”
A ciência que disciplina este estudo é a hermenêutica jurídica. A atividade prática
de interpretação da lei é chamada de exegese.
A interpretação sempre será necessária, ainda que a lei se mostre, inicialmente,
inteiramente clara, pois podem surgir dúvidas quanto ao seu efetivo alcance. O que ela
abrange de modo imediato eventualmente não é tudo quanto pode incidir no seu campo
de atuação.
A interpretação pode ser classificada levando-se em conta o sujeito responsável
pela sua realização, os meios de que se serve o intérprete e, por último, os resultados
obtidos.
Como por exemplo o artigo 141, III, do Código Penal diz que nos crimes contra a
honra (calúnia, difamação e injúria) as penas são aumentadas de um terço se o fato é
cometido "na presença de várias pessoas", porém não diz quantas são. Segundo a
interpretação doutrinária deve pelo menos a presença de três pessoas, fora o ofendido, o
ofensor e eventual coparticipe.
b) Extensiva: há a necessidade da ampliação do alcance da lei pois a sua letra ficou
aquém da sua vontade, ela disse menos do que desejava. É possível sua utilização
mesmo com as leis incriminadoras.
Exemplo disso é o artigo 159 do Código Penal, legalmente definido como extorsão
mediante sequestro*, que também abrange a extorsão mediante cárcere privado.
c) Restritiva: consiste na diminuição do alcance da lei, concluindo-se que a letra da lei
disse mais do que desejava.
Portanto, quando a lei disser mais do que deveria haverá uma diminuição e talvez
até uma não aplicação da mesma.
Como exemplo, pode-se citar o art. 28 do Código Penal que dispõe que a
embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos, não
excluiu a imputabilidade penal. Porém, a lei não atentou para o fato de que uma das
espécies de embriaguez (patológica) pode vir a excluir a imputabilidade penal, quando
interferir totalmente na capacidade do indivíduo.
Outro motivo torpe seria qualquer outro com a característica de repugnante da primeira
hipótese que é a paga ou promessa de recompensa. Exemplos de motivo torpe: homicídio
por preconceito sexual, por herança, disputa de terras etc.
ANALOGIA
ESPÉCIES DE ANALOGIA:
a) Analogia in malam partem: é aquela pela qual se aplica ao caso omisso uma lei
maléfica ao réu, disciplinadora de caso semelhante.
Não é admitida, como já dito, em homenagem ao princípio da reserva legal.
Um exemplo seria aplicar a punição da calúnia aos mortos, que é prevista no CP,
no art. 138, §2º, para os casos de difamação e injúria aos mortos que nem é disciplinada
no CP. Não é possível porque já vimos que somente a lei penal pode criar crimes.
b) Analogia in bonam partem: é aquela pela qual se aplica ao caso omisso uma lei
favorável ao réu, reguladora de caso semelhante.
É possível no Direito Penal, exceto no que diz respeito às leis excepcionais, que
não admitem analogia, justamente por seu caráter extraordinário.
O exemplo clássico da doutrina é o estupro de vulnerável (art. 217-A, Código
Penal), que resulta na gravidez da jovem.
A lei nesse caso admite a manobra abortiva, mas o legislador impôs requisitos,
quais sejam: que a gravidez RESULTE DE ESTUPRO (ART. 213 DO CP), que haja
consentimento da gestante e seja realizado por médico (artigo 128, inciso II, Código
Penal).
Como o estupro de vulnerável foi criado em 2009 fica a pergunta: é possível o
aborto legal previsto no art. 128, II do CP, já que tal dispositivo fala apenas em gravidez
resultante de estupro com base no art. 213 do CP?
A resposta é afirmativa. Utilizando a analogia in bonam partem a menor de 14 anos
poderá utilizar o aborto legal para interromper a gravidez.
A) NO TEMPO
- Solução do conflito:
- SITUAÇÕES:
Solução:?
Solução:?
Solução:?
Solução:?
É aquela que tem a sua vigência predeterminada no tempo – seu termo final é
previsto de forma explícita
Características:
B) TEMPO DO CRIME
a) TERRITORIALIDADE – ART. 5º
b) EXTRATERRITORIALIDADE – ART. 7º
- Regra
- CONCEITO DE TERRITÓRIO?
- Pode ser:
A) INCONDICIONADA,
B) CONDICIONADA.
1 – EXT. INCONDICIONADA
- Conceito?
- Hipóteses:
2 – EXT. CONDICIONADA
- Hipóteses:
ART. 7º, II, “a”, “b”, “c”
2 – PRINCÍPIO DO DOMICÍLIO
Conceito: Tal princípio prevê que o autor do crime deve ser julgado de acordo com a lei
do país em que for domiciliado.
Previsão oculta: art. 7º, I, “d” (2ª parte – depois do ou)
Conceito: Prevê que a lei penal brasileira será aplicada aos crimes praticados no
estrangeiro que OFENDAM BENS JURÍDICOS FUNDAMENTAIS DO BRASIL.
Previsão oculta: art. 7º, I, “a”, “b” e “c”
Conceito: o agente fica sujeito à lei do país onde for encontrado, não importando a sua
nacionalidade, do bem jurídico lesado ou do local do crime. Esse princípio está
normalmente presente nos tratados internacionais de cooperação de repressão.
Previsão oculta: art. 7º, II, “a”
Conceito: Prevê que a lei penal nacional aplica-se aos crimes cometidos em aeronaves e
embarcações privadas que estiverem no estrangeiro e aí não forem julgados. (por
exemplo: porque o navio zarpou antes das autoridades estrangeiras investigarem o fato
no pais)
Previsão oculta: art. 7º, II, “c”
- ART. 9º CP
- Eficácia da sentença estrangeira
- ART. 10 CP
- Contagem do prazo
- Prazo penal
- ART. 11 CP
- Frações não computáveis da pena
- ART. 12 CP
- Legislação Especial.
- Conceito de conflito?
- Solução:
1º - PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE
2º - PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE
3º - PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO
A) CRIME PROGRESSIVO;
B) PROGRESSÃO CRIMINOSA;
C) CRIME COMPLEXO
D) FATOS IMPUNÍVEIS
- ANTERIORES;
- POSTERIORES;
4º - PRINCÍPIO DA ALTERNATIVIDADE
- 3 critérios:
2º - Critério LEGAL
3 º - Crítério ANALÍTICO
- Muitos autores:
- Outros autores:
CRIME = FATO TÍPICO, ILÍCITO E CULPÁVEL
- Existem situações que excluem a culpabilidade. Ex: menoridade, doença mental etc.
Para se afirmar que alguém cometeu um crime e receberá uma pena, o que será
necessário comprovar?
7.2.2 – ELEMENTOS:
1 – OBJETIVIDADE JURÍDICA
2 – SUJEITOS
a) ATIVO
b) PASSIVO
3 – ELEMENTO OBJETIVO
4 – ELEMENTO SUBJETIVO
1 – LEGAL
- é a qualificação, ou seja, o nome atribuído ao delito pela lei penal. Ex: art. 121 – no CP
está denominado de homicídio
2 – DOUTRINÁRIA
- é o nome dado pelos estudiosos do Direito Penal às infrações penais.
- É a classificação apresentada abaixo:
- Crimes comuns ou gerais: são aqueles que podem ser praticados por qualquer
pessoa. O tipo penal não exige, em relação ao sujeito ativo, nenhuma condição especial.
Exemplos: homicídio, furto,
- Crimes próprios ou especiais: são aqueles em que o tipo penal exige uma situação
fática ou jurídica diferenciada por parte do sujeito ativo. Exemplos: peculato (só pode ser
praticado por funcionário público) e infanticídio.
- Crime simples: é aquele que se amolda em um único tipo penal. É o caso do furto (CP,
art. 155).
- Crime complexo: é aquele que resulta da união de dois ou mais tipos penais. Ex:
latrocínio que surge da fusão do roubo + homicídio.
a) crimes bilaterais ou de encontro: o tipo penal exige dois agentes, cujas condutas
tendem a se encontrar. É o caso da bigamia (CP, art. 235);
b.1) de condutas contrapostas: os agentes devem atuar uns contra os outros. É o caso
da rixa (CP, art. 137);
- Crimes de subjetividade passiva única: são aqueles em que consta no tipo penal uma
única vítima. É o caso da lesão corporal (CP, art. 129).
- Crimes de dupla subjetividade passiva: são aqueles em que o tipo penal prevê a
existência de duas ou mais vítimas, tal como se dá no aborto sem o consentimento da
gestante, em que se ofendem a gestante e o feto (CP, art. 125), e na violação de
correspondência, na qual são vítimas o remetente e o destinatário (CP, art. 151).
8 – CRIMES DE PERIGO
- são aqueles que se consumam com a mera exposição do bem jurídico penalmente
tutelado a uma situação de perigo, ou seja, basta a probabilidade de dano. Subdividem-se
em:
9 – CRIMES UNISSUBSISTENTE
- já explicado em sala de aula
- são aqueles cuja conduta se revela mediante um único ato de execução, capaz de por si
só produzir a consumação, tal como nos crimes contra a honra praticados com o emprego
da palavra. Não admitem a tentativa, pois a conduta não pode ser fracionada, e, uma vez
realizada, acarreta automaticamente na consumação.
10 – CRIMES PLURISSUBSISITENTES
- são aqueles cuja conduta se exterioriza por meio de dois ou mais atos, os quais devem
somar-se para produzir a consumação. É o caso do crime de homicídio praticado por
diversos golpes de faca. É possível a tentativa justamente em virtude da pluralidade de
atos executórios.
a) Crimes omissivos próprios ou puros: a omissão está contida no tipo penal, ou seja,
a descrição da conduta prevê a realização do crime por meio de uma conduta negativa.
Não há previsão legal do dever jurídico de agir, de forma que o crime pode ser praticado
por qualquer pessoa que se encontre na posição indicada pelo tipo penal. Nesses casos,
o omitente não responde pelo resultado naturalístico eventualmente produzido, mas
somente pela sua omissão. Ex: art. 135 do Código Penal:
- Crimes de forma livre: são aqueles que admitem qualquer meio de execução. É o caso
da ameaça (CP, art. 147), que pode ser cometida com emprego de gestos, palavras,
escritos, símbolos etc.
- Crimes de forma vinculada: são aqueles que apenas podem ser executados pelos
meios indicados no tipo penal. É o caso do crime de perigo de contágio venéreo (CP, art.
130), que somente admite a prática mediante relações sexuais ou atos libidinosos.
- Crimes mono-ofensivos: são aqueles que ofendem um único bem jurídico. É o caso do
furto (CP, art. 155), que viola o patrimônio.
- Crimes pluriofensivos: são aqueles que atingem dois ou mais bens jurídicos, tal como
no latrocínio (CP, art. 157, § 3.º, parte final), que afronta a vida e o patrimônio.
- Crimes transeuntes ou de fato transitório: são aqueles que não deixam vestígios
materiais, como no caso dos crimes praticados verbalmente (ameaça, desacato, injúria,
calúnia, difamação etc.).
- Crimes não transeuntes ou de fato permanente: são aqueles que deixam vestígios
materiais, tais como o homicídio (CP, art. 121) e as lesões corporais (CP, art. 129).
- Crimes em trânsito: são aqueles em que somente uma parte da conduta ocorre em um
país, sem lesionar ou expor a situação de perigo bens jurídicos de pessoas que nele
vivem. Exemplo: “A”, da Argentina, envia para os Estados Unidos uma missiva com
ofensas a “B”, e essa carta passa pelo território brasileiro.
18 - CRIME GRATUITO
- É o praticado sem motivo conhecido, porque todo crime tem uma motivação.
19 - CRIME EXAURIDO
- já explicado em sala de aula
É aquele em que o agente, depois de já alcançada a consumação, insiste na agressão ao
bem jurídico. Não caracteriza novo crime, constituindo-se em desdobramento de uma
conduta perfeita e acabada.
20 - CRIME MULTITUDINÁRIO
- É aquele praticado pela multidão em tumulto. A lei não diz o que se entende por
“multidão”, razão pela qual sua configuração deve ser examinada no caso concreto.
Exemplo: agressões praticadas em um estádio por torcedores de um time de futebol.
21 - CRIME VAGO
- É aquele em que figura como sujeito passivo uma entidade destituída de personalidade
jurídica, como a família ou a sociedade. Exemplo: tráfico de drogas (Lei 11.343/2006, art.
33, caput), no qual o sujeito passivo é a coletividade. Crimes contra os mortos etc.
22 - CRIME HABITUAL
- É o que somente se consuma com a prática reiterada e uniforme de vários atos que
revelam um criminoso estilo de vida do agente. Cada ato, isoladamente considerado, é
atípico.. Exemplos: exercício ilegal da medicina e curandeirismo (CP, arts. 282 e 284,
respectivamente).
23 - CRIME SUBSIDIÁRIO
- já explicado em sala de aula
-É o que somente se verifica se o fato não constitui crime mais grave. É o caso do dano
(CP, art. 163), subsidiário em relação ao crime de incêndio (CP, art. 250)
- Crimes materiais ou causais: são aqueles em que o tipo penal aloja em seu interior
uma conduta e um resultado naturalístico, sendo a ocorrência deste último necessária
para a consumação. É o caso do homicídio (CP, art. 121).
a) Na extorsão mediante sequestro (CP, art. 159), basta a privação da liberdade da vítima
com o escopo de obter futura vantagem patrimonial indevida como condição ou preço do
resgate. Ainda que a vantagem não seja obtida pelo agente, o crime estará consumado
com a realização da conduta.
b) No caso da ameaça (CP, art. 147), a vítima pode até sentir-se amedrontada com a
promessa de mal injusto e grave, mas isso não é necessário para a consumação do
crime.
- Crimes de mera conduta ou de simples atividade: são aqueles em que o tipo penal
se limita a descrever uma conduta, ou seja, não contém resultado naturalístico, razão pela
qual ele jamais poderá ser verificado. É o caso do ato obsceno (CP, art. 233).