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O Direito Penal se divide em uma proposta anterior ao século XVIII e uma proposta pos-
terior a esse período.
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DIREITO PENAL
Contexto Penal dos Séculos XVIII e XIX e Teoria Causal Clássica
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ATENÇÃO
O cenário do século XVIII é marcado por mudanças profundas no Direito Penal: uma defesa
do Direito Penal ancorado na Lei, uma defesa de um Direito Penal proporcional, de um
Direito Penal com caráter preventivo (de acordo com alguns clássicos). Portanto, rompeu-
se com o modelo de legislação penal déspota existente no regime antigo. O princípio da
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legalidade, da forma como o conhecemos hoje, surgiu nesse período. No Brasil, ele foi
estabelecido na Constituição de 1824 e depois foi repetido no Código Criminal de 1830 –
isso foi pergunta em prova oral recente do MP-BA.
É nesse período, portanto, que foi feito o lançamento das ideias de política criminal para
um novo Direito Penal liberal e individualista. Na obra de Jesus Maria da Silva Sanches, o
autor chama esse período de primeira velocidade do Direito Penal, da pena privativa aplicada
com respeito a princípios penais e garantias processuais.
ATENÇÃO
É no século XVIII que são lançadas as bases para o Direito Penal que foi sistematizado
no século XIX. Munhoz Comte postula que o princípio da legalidade do século XVIII (e
não o do rei João Sem Terra, de 1215 – aquela legalidade era para os livres, e não para a
totalidade das pessoas) era apenas uma fachada de estado de direito, que demorou a ser
concretizado de fato.
O século XIX, por outro lado, é marcado pela sistematização do Direito Penal. Na obra
15m Introdução ao Direito Penal Brasileiro, vol. I, Nilo Batista afirma que a sistematização das teo-
rias da pena, por exemplo (teorias absolutas, que pregam retribuição, teorias relativas, que
pregam a prevenção), se deu na década de 1830. É desse século o embate entre escola clás-
sica e escola positivista no sentido criminológico.
ATENÇÃO
Não confunda Escola Clássica, que defende livre arbítrio, crime como ente jurídico, com
Teoria Causal Clássica, datada do final do século XIX, que trata da estrutura analítica do
crime. As Escolas Clássica e Positiva iniciam o embate criminológico no início do século XIX.
É necessário fazer essa diferenciação para que se evitem erros em questões de concurso.
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ESCOLA CLÁSSICA
Características da Escola Clássica são o delito como ente jurídico, uma afronta ao direito,
ou seja, “o crime é a violação do direito como exigência racional”, por isso só pode emanar
da liberdade de querer; responsabilidade penal fundada na imputabilidade moral e no livre-
-arbítrio do ser humano; o criminoso, como regra, é um ser livre com capacidade de escolher
o mal em detrimento do bem; a pena com a característica de retribuição jurídica para restabe-
lecer a ordem externa violada; método dedutivo ou lógico-abstrato; os objetos de estudo do
direito penal foram delito, pena e processo.(SHECAIRA, Sérgio Salomão. Criminologia. São
Paulo: RT, 2004)
É o livre arbítrio defendido pela Escola Clássica que sustenta a culpabilidade do finalismo.
Atualmente, muitas vezes ele é mitigado por ideias de coculpabilidade e por neurociência. O
ser humano é livre para fazer ou não fazer; se ele tinha a possibilidade de cometer um crime,
dele é exigível outra conduta.
Todas essas características listadas acima estão relacionadas à criminologia tradicional,
mas hoje há criminologia crítica, relacionada à psicologia, à biologia, ao cinema etc.
ESCOLA POSITIVISTA
Com influência dos estudos biológicos e sociológicos do período histórico, surgiu a escola
positivista, a qual pode ser dividida em três fases:
a. antropológica: representada por Lombroso com sua obra “O Homem Delinquente” de
1876 – o autor constatou que é possível demonstrar a ideia de um criminoso nato, de
acordo com características anatômicas do ser humano.
b. sociológica: Enrico Ferri com a obra Sociologia Criminal de 1892. O autor postulou que
não existe somente o criminoso nato, mas também o sociológico, que age de acordo
com a ocasião (assim como Lombroso, Ferri possuía visão determinista).
c. jurídica: com Rafael Garofalo (Criminologia, 1885). Garofalo é responsável por impor-
tantes contribuições na área da infância e juventude e do livramento condicional.
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Outra contribuição da escola positivista foi a ideia de medida de segurança, segundo a
qual o ser humano deve receber tratamento e pena (sistema do duplo binário). No Brasil, esse
sistema existiu até 1984, quando foi substituído pelo sistema vicariante. Hoje não é possível
aplicar pena e medida de segurança ao mesmo tempo .
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ATENÇÃO
A escola Positivista não trabalhou com a ideia de livre arbítrio.
Método e Conhecimento
O embate criminológico, no século XIX, da Escola Clássica e da Escola Positivista é muito
importante para o estudo da criminologia e para o Direito Penal dogmático. A teoria que come-
çou a estudar o crime como fato típico, ilícito e culpável foi, primeiro, a Teoria Causal Clássica
(sistema naturalista). Ela é datada do final do século XIX e foi influenciada, em sua base, pelo
contexto filosófico vigente na época.
“O cenário do século XIX foi marcado pela revolução industrial, pela continuidade das
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reformas liberais do final do século XVIII, a mudança do jusnaturalismo religioso para o jusna-
turalismo racional, uma mudança do Estado religioso, teocêntrico, para o Estado laico, uma
separação entre Igreja e Estado. Destaca-se, nesse período, a valorização do conhecimento
que pudesse contribuir com a revolução industrial. A ciência natural era o modelo de ciência
que interessava à produção, aos interesses de caráter econômico, por exemplo: química,
física, matemática, biologia. Não havia um interesse dos industriais, detentores das riquezas,
para o estudo da filosofia, sociologia e antropologia, que pudesse contribuir para o enrique-
cimento da consciência das pessoas para a vida em sociedade”. (GOMES FILHO, Derme-
val Farias. Dogmática Penal: fundamento e limite à construção da jurisprudência penal no
Supremo Tribunal Federal. Salvador: Juspodivm, 2019).
Qualquer produção de conhecimento nesse período tinha de ser alicerçada numa plata-
forma positivista de causa e efeito. Não era possível construir conhecimento com uma pers-
pectiva apenas subjetiva. O Direito Penal da segunda metade do século XIX é marcado pela
influência das ciências do seu tempo. Na época, era preciso observar o objeto de estudo,
decompô-lo em partes e depois juntá-las para demonstrar a verdade. É por isso que o crime
foi dividido em três partes: tipicidade, ilicitude e culpabilidade.
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Tipicidade: formal
Ilicitude: formal
Injusto (tipicidade + ilicitude) objetivo
Culpabilidade: liame subjetivo que liga o agente ao fato por ele praticado (teoria psico-
lógica pura)
Elementos da culpabilidade: dolo/culpa.
Pressuposto da culpabilidade: imputabilidade
Outras observações: dolo normativo (maioria): formado por vontade; consciência do resul-
tado e consciência da ilicitude.
Tipicidade e ilicitude constituem a parte objetiva do crime; culpabilidade constitui a parte
subjetiva do crime.
Crítica: sistema fechado sem possibilidade de análise valorativa (falácia naturalista)
�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Dermeval Farias Gomes Filho.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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