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Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.

Docente: Roxana Borges.


Semestre: 2014.1.

DIREITO CIVIL I

ROXANA BORGES

ANA CLARA SUZART LOPES DA SILVA


Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

Na época em que o Império Romano se expandiu, levou consigo o Direito


Romano como expressão do poder, tal direito pode ser distinto em uma fase
extremamente formal, outra bastante prática e a fase mais recente, voltada para os
problemas da sociedade, apresentando-se como uma forma de operar eficiente. O
Direito Romano compreendia o jus naturale (o que a natureza ensinou a todos os
animais), o jus gentium (o que regula as relações dos esrrangeiros) e o jus civile (o que
regula a ação dos cidadãos romanos). Havia o direito escrito e o direito não-escrito.

Devido às invasões bárbaras no século VI da era cristã, o Império Romano


recuou, o Imperador Justiniano realizou uma coletânea (compilação) denominada
Corpus Juris Civiles (Código Civil Justiniano), sendo tal coletânea, uma reunião de
normas, elaborada como um trabalho de pesquisa e não objetivando reger a vida das
pessoas. Passaram-se séculos sem que tal código fosse mencionado. É importante
destacar que através do corpus juris civilis, o Direito Romano constituiu-se no mais
importante elemento de formação do Direito Moderno, sendo sua fonte histórica por
excelência.

Na Idade Média, escritos filosóficos e religiosos sobre boa fé e proteção das


pessoas contribuíram para a construção do Direito Civil. Nesse período, a Igreja se
confundia com o poder estatal, dispondo sobre diversos assuntos, com a atenção voltada
para o código de Justiniano, visto que este tinha sido redescoberto no século XI, dessa
forma a Igreja buscou estuda-lo, objetivando organizar a sua atuação. É importante,
portanto, abordar o Direito Canônico, em razão deste ter concorrido consideravelmente
para a formação do Direito Civil Moderno.

A Igreja criou importantes regras de conduta, denominadas cânones, reunidas no


século XVI sob o nome de Corpus Juris Canonici. O Direito canônico jamais regulou as
matérias do direito privado, porém há matérias comuns, nas quais foi decisiva a sua
influência no desenvolvimento das instituições reguladas em todas as partes do Direito
Civil. Não só a legislação canônica propriamente dita, mas também as concepções do
cristianismo exerceram considerável influência no desenvolvimento de diversos
institutos.

O Corpus Juris Civiles se popularizou, sendo estudado por professores e


aplicado em alguns países oficialmente, a exemplo da Alemanha, visto que até o meado
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do século XV, os germânicos governaram-se por usos e costumes, varáveis de cidade a


cidade, até o imperador Maximiliano determinar a adoção do direito Romano,
constituindo-se uma medida imperial que visava assegurar a segurança e uniformidade
das regras jurídicas, visto que anteriormente o Direito se conservava consuetudinário. A
recepção do Direito Romano na Alemanha é sucesso de universal relevância por isso se
fala em Direito Romano-Germânico.

O Direito Civil, ao longo de sua história do mundo romano-germânico sempre


foi identificado como o locus normativo privilegiado do indivíduo, sendo considerado o
ramo mais distante do direito constitucional. Era denominado como a constituição do
homem comum. O Direito Civil tem passado por uma fase de mudança há duas décadas.

A formação dos Estados Nacionais marca a transição para o Estado Moderno,


em razão do modelo jurídico que se adota a partir de então (fronteiras delimitadas,
poder central estabelecido, soberania). No Absolutismo, houve uma grande valorização
dos ramos do Direito Público, não havendo a ideia de direitos individuais. Nesse
período, a burguesia surge como detentora do poder econômico, o qual era detido pelo
estado. A Burguesia incomodada tenta alterar a situação vigente cercado pelo
Iluminismo, autonomia, direitos naturais, dessa forma houve o golpe da Revolução
Francesa que acompanhou a Revolução Intelectual.

A Revolução Francesa é marcante para o Direito Civil, pregando a Liberdade,


Igualdade e Fraternidade. A Igualdade Jurídica ou formal visava combater os privilégios
concedidos à nobreza e ao clero, objetivando estabelecer a lei aplicada a todos
igualmente (Art. 5º Constituição 1988- Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade).
A Revolução Francesa também teve como lema o lassez faire, lassez passer, sendo
assim, a intervenção estatal deveria ser mínima e a soma das ações individuais levariam
ao bem comum.

Os princípios da igualdade formal e liberdade civil deveriam nortear o sistema


jurídico, visto que se os homens nascem livres e iguais, como Rousseau proclamara,
todos devem ser iguais perante a lei. Por outro lado, o ser humano, dotado pela natureza
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de direitos absolutos, deve agir livremente, tudo podendo fazer desde que não
prejudique igual poder de seu semelhante.

A liberdade objetivada pela burguesia era referente à contratação, realização de


negócios, exercício do direito de propriedade, sem interferência excessiva do Estado. A
fraternidade referia-se a fortalecer o vínculo de unidade nacional entre os indivíduos.

Os códigos visavam regulamentar completamente a vida das pessoas. Os


burgueses temerosos de os juízes do antigo regime aplicarem as leis de forma deturpada
passaram a pregar a completude dos códigos, a ausência de lacunas jurídicas e a ideia de
que o juiz deve respeitar a intenção do legislador, constituindo-se apenas como a boca
da lei.

A burguesia visava cristalizar e garantir o seu poder, buscando a consolidação do


seu poder legislativo e legislando através da Constituição, do Código Penal e do Código
Civil. Na intenção de legislar sobre tudo, os franceses redigiram o Código Civil. O
Código Civil Francês não é o primeiro, porém influencia diversos países que legislaram
nessa época.

A codificação do Direito Civil encontra seu ponto alto em dois códigos: o


francês, de 1804, e o alemão, de 1896. O primeiro exerceu larga influência em todos os
códigos do século XIX e em alguns do século XX. O código alemão incluiu nas
codificações mais novas, sendo sua técnica adotada, de modo geral, em quase todas as
codificações.

O Código Napoleônico (1804) buscou harmonizar o Direito Romano com o


Direito Público costumeiro, colocava o individuo frente ao estado, homenageava a
doutrina dos direitos do homem e sancionava a autonomia do Direito Privado em
relações com o Direito Público. O referido código é caracterizado como individualista,
patrimonialista, matrimonialista e patriarcalista.

Seu espírito reflete a mentalidade individualista da época, tendo servido ao


desenvolvimento das forças produtivas nascentes. A concepção individualista do Direito
corresponde ao capitalismo na ordem econômica e ao liberalismo na ordem política. O
Código Napoleônico foi considerado o Código da Burguesia, por ter atendido aos
interesses e aspirações dessa classe, entretanto não se redigiu com o propósito de ser lei
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de privilégios; ao contrário, a intenção foi elaborar um código impessoal, para ser


aplicado sem distinção de classe e sem limite de tempo.

O Legislador, ao elaborá-lo redigiu o código considerando a figura do burguês


(homem, proprietário, chefe de família), desconectado do resto da sociedade, não
considerando o contexto social, apresentando-se, portanto, como um código
individualista. O Código Civil atual é fruto das doutrinas individualistas e voluntaristas
que foram consagradas pelo Código Napoleônico e incorporadas pelas codificações do
século XIX, inspirando o legislador brasileiro responsável por redigir o Código de 1916.

Na realidade vigente, o valor fundamental era o individuo e o direito privado


objetivava regular a atuação do sujeito de direito (contratante e proprietário) que
aspiravam o aniquilamento de todos os privilégios feudais, bem como de todos os
entraves legais ao comércio. Sendo assim, a filosofia do século XIX marcou a
elaboração do Código Civil Brasileiro, sendo tal código (1916) considerado a
Constituição do Direito Privado.

O Código é considerado patrimonialista, visto que versa em sua maioria acerca


do direito de proprietário (patrimonialista), este propõe que o proprietário pode usar,
gozar e dispor da propriedade da forma mais absoluta, versando acerca do contrato
(como a propriedade circulava), sucessões (como a propriedade passava dos mortos aos
herdeiros) e família (versava basicamente acerca do casamento). O Código é
considerado matrimonialista, visto que o casamento era a única forma legal de
constituição de família O Código era patriarcalista, considerando o homem em posição
de superioridade visto que a aristocracia representava e racionalizava os interesses
básicos de uma sociedade ainda patriarcal, que não perdera o seu teor privatista, nem se
libertara da estreiteza do arcabouço econômico.

A Revolução Industrial, contexto de exploração intensa dos trabalhadores, em


que o contrato passa a ser instrumento exploratório e não de promoção da liberdade,
propiciou a constituição de um ambiente de reflexão, visto que tais abusos ocorriam sob
pressupostos liberais. Surgem, portanto, os movimentos sociais e socializantes que
originam no século XX o Estado de Bem-Estar Social (Welfare State). Em alguns países
passou a ser difundida a ideia de função social da propriedade. Na República de
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Weimar, na Alemanha, afirmava-se a obrigação de prover uma função social à


propriedade.

Após a 1º Guerra Mundial, começou-se a delinear o Estado do Bem-Estar Social


nos países capitalistas. O Estado social é todo aquele que tem incluída na Constituição a
regulação da ordem econômica e social. Além da limitação do poder político, limita-se
o poder econômico e projeta-se para além dos indivíduos a tutela dos direitos, incluindo
o trabalho, a educação, a cultura, a saúde, a seguridade social, o meio ambiente.

A ideologia do social, traduzida em valores de justiça social ou distributiva,


passou a dominar o cenário constitucional do século XX. A sociedade exige o acesso
aos bens e serviços produzidos pela economia. Enquanto o Estado e a sociedade
mudaram, alterando substancialmente a Constituição, os códigos civis continuaram
ideologicamente ancorados no Estado Liberal, persistindo na hegemonia ultrapassada
dos valores patrimoniais e do individualismo jurídico, em razão da infundada crença na
eternidade do código civil.

A visão estática, atemporal e desideolozigada de que o Direito Civil parece


infenso às mutações sociais, políticas e econômicas, permanecendo válidos os
princípios e regras imemoriais é falaciosa. Dessa forma, é importante destacar que o
Direito Civil perde a cômoda unidade sistemática antes assentada de maneira estável e
duradoura, visto que há insuficiência para explicar e solucionar problemas emergentes e
que se intensificam com o passar dos anos. Dessa forma, desenvolveu-se a “era da
descodificação”, sendo o monossistema representado pelo código civil, substituído pelo
polissistema, formado pelos estatutos, verdadeiros microssistemas de direito privado.

No Estado Social, há uma intervenção maior do estado a fim de distribuir o


direito de propriedade e equilibrar a contratante e o contratado. No Código Francês, o
limite da propriedade de um indivíduo é a propriedade de outro. A ideia de função
social da propriedade, entretanto, causou perplexidade, tendo em vista a ideia de direito
absoluto sobre a propriedade pregada a posteriori. Nessa época, surgiram conceitos de
publicização, socialização e funcionalização do Direito Civil. Segundo alguns civilistas,
se a propriedade privada for suprimida, o Direito Civil também o será.
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A função social é incompatível com a noção de direito absoluto, oponível a


todos, em que se admite apenas a limitação externa, negativa. A função social importa
limitação interna, positiva, condicionando o exercício e o próprio direito. Lícito é o
interesse individual quando realiza, igualmente, o interesse social. O exercício do direito
individual da propriedade deve ser feito no sentido da utilidade, não somente para si,
mas para todos. Daí ser incompatível com a inércia, com a inutilidade, com a
especulação.

Depreende-se da Constituição vigente atualmente que a utilidade e a ocupação


efetivas são determinantes, prevalecendo sobre o título de domínio, que transformava o
proprietário em senhor soberano, dentro de seus limites, permitido como estava a usar,
gozar e dispor de seus domínios como lhe aprouvesse, segundo conhecida formulação
da legislação civil tradicional. O direito à habitação entrou na cogitação dos juristas,
competindo com o direito de propriedade.

A concepção de propriedade, que se desprende da Constituição, é mais ampla


que o tradicional domínio sobre coisas corpóreas, principalmente imóveis, que os
códigos civis ainda alimentam. Coenvolve a própria atividade econômica, abrangendo o
controle empresarial, o domínio sobre ativos mobiliários, a propriedade de marcas,
patentes, franquias, biotecnologias e outras propriedades intelectuais. Os direitos
autorais de software transformaram seus titulares em megamilionários. As riquezas são
transferidas em rápidas transações de bolsas de valores, transitando de país a país, em
investimentos voláteis. Todas essas dimensões de propriedade estão sujeitas ao
mandamento constitucional da função social.

Segundo alguns civilistas, após a 2º Guerra Mundial houve um trauma grande e


os países que legislaram após o referido acontecimento incluíram temas sobre os quais a
antiga legislação não dispunha a exemplo da alemã. No art. 1º da Constituição Alemã,
há disposto a necessidade da proteção da dignidade humana independentemente de
questões sociais e econômicas, colocando o ser humano em posição central e a proteção
à dignidade humana como essencial, tal fenômeno denomina-se repersonalização do
Direito Civil.

A patrimonialização das relações civis que persiste nos códigos é incompatível


com os valores fundados na da pessoa humana, adotado pelas constituições modernas,
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inclusive pela brasileira. A repersonalização busca repor a pessoa humana como centro
do direito civil, passando o patrimônio ao papel de coadjuvante. A restauração da
primazia da pessoa humana, nas relações civis, é a condição primeira de adequação do
direito à realidade e aos fundamentos constitucionais.

O Código Civil perde o seu papel de Constituição do Direito Privado, visto que
os textos constitucionais definem princípios relacionados a temas antes reservados
exclusivamente ao código civil e matérias típica do direito privado passam a integrar
nova ordem pública constitucional.

Na época do Brasil colônia, não existia um direito civil brasileiro, visto que o
Brasil não dispunha de soberania ou autonomia política, dessa forma, aplicava-se no
Brasil, o Direito Português medieval (presença da idade média nos tempos modernos-
Braga Cruz), que vigorou por mais de três séculos, denominado de Ordenações
Filipinas, uma compilação não progressista e extremamente retrógrada e arcaica. A
longevidade desse corpo legislativo, organizado para Portugal do século XVII, impediu
que o país se integrasse no movimento de renovação legislativa que empolgou as nações
ocidentais no século XIX. Sendo assim, ao contrário do que sucedeu com os outros
países ibero-americanos, o Brasil não codificou suas leis nesse século, passando
diretamente das Ordenações Filipinas ao Código Civil de 1916.

Em 1822, após a independência, há a primeira necessidade de elaborar uma


constituição, constituindo o país em termos jurídico- políticos. A 1º Constituição
Brasileira é outorgada em 1824, esta prescreveu a elaboração do Código Civil, Penal e
Comercial, enquanto era efetivada tal produção legislativa, continuava-se a aplicar as
ordenações portuguesas, algumas até já revogadas em Portugal. O 1º Código a ser
produzido foi o Criminal, em 1830, em 1850, surgiu o código comercial.

O Governo encomendou à Teixeira de Freitas, em 1855, a consolidação do


direito civil (leis civis do Império), este deveria organizar e classificar as leis, conferir o
que encontrava-se em vigor, a posteriori, o governo ordenou a aplicação dessa
consolidação das leis civis. É importante destacar, entretanto, que o referido esboço
inspirou numerosas disposições do Código Civil, notadamente da parte geral, do direito
das obrigações e de certos institutos do direito das coisas.
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Posteriormente, o jurista baiano recebeu a incumbência de produzir um projeto


do Código Civil, entretanto houve uma grande morosidade na entrega do projeto,
Teixeira de Freitas, portanto, sendo cobrado, apenas entregou um esbouço do direito
civil, dessa forma, o governo rompeu com Teixeira de Freitas, convocando Felício dos
Dantos, Nabuco de Araújo e Coelho Rodrigues.

Coelho Rodrigues apresentou o projeto do código civil na transição do Império


para a República, sendo assim, este não foi aceito, visto que embasava-se no período
imperialista. Contratou-se, portanto, Clóvis Beviláqua, discípulo de Tobias Barreto
(grande estudioso do Direito Alemão), sendo influenciado por este. A Alemanha, em
1896, também produziu Código Civil bastante influenciador, porém menos mencionado
que o francês e apresentando alguns aspectos sociais. Em pleno o século XX, a
legislação civil brasileira continuava condensada fundamentalmente na compilação de
1603.

Durante o período de elaboração do Código Civil, foram realizadas algumas


tentativas para introduzir a legislação social, através de projetos legislativos sobre a
matéria de acidentes do trabalho. Inobstante, não houve influência no Código Civil, já
que a mentalidade dominante conservava-se fiel ao individualismo jurídico.

Beviláqua assumia uma posição categórica contra as inovações de fundo social


que se infiltravam na legislação dos povos mais adiantados. Conhecia, portanto, o
movimento incipiente de revisão do direito privado, mas as condições sociais do país, o
seu atraso econômico e a distribuição de sua riqueza não ensejavam a sua assimilação.
Por mais esclarecido que fosse o seu pensamento não seria possível superar as
limitações do meio.

O retardamento na organização do Código Civil Brasileiro permitiu que o


divórcio entre o direito teórico e o prático não fosse tão profundo, quanto em outras
nações do continente. Dessa forma, a alienação constituiu frequente recurso do
legislador para dotar o país de uma legislação que nada ficasse a dever aos Códigos
mais modernos. Inobstante, em várias disposições é mais uma expressão de ideias que
de realidades.
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Verifica-se na evolução legislativa do direito privado brasileiro, aquele


descompasso entre o direito escrito e a realidade social. O Código Civil colocou-se
acima da realidade brasileira, incorporando ideias e aspirações da camada mais ilustrada
da população. O idealismo da elite tem sido, entre nós, como foi na elaboração do
Código Civil, de irrecusável utilidade para o próprio desenvolvimento do país.
Transplantando instituições e doutrinas oriundas de povos mais desenvolvidos, os
elaboradores do Código Civil concorreram para o aperfeiçoamento do nosso direito
privado. Alguns anos depois, as condições objetivas do meio brasileiro, transformadas
por força do rápido crescimento do país, criaram o clima propício à sua frutificação.

No período em que Clóvis Beviláqua apresentou o Projeto do Código Civil


Brasileiro, o Brasil era uma nação embrionária, cuja indústria mais importante consistia
em uma lavoura rudimentar, extensiva, servida por alguns escravos, resquícios do
período escravocrata e por trabalhadores nacionais e colonos de procedência europeia.
A estrutura agrária mantinha no país o sistema colonial, em que havia a exportação de
matérias-primas e gêneros alimentícios e a importação de artigos fabricados, sendo
assim predominavam os interesses dos fazendeiros e comerciantes.

Em razão da economia estar baseada na exploração de terra, a renda dos


fazendeiros só poderia ser obtida mediante desumana exploração do trabalhador rural,
dessa forma o comerciante tinha interesse vital na conservação desse sistema
exploratório, mantendo o país subdesenvolvido, visto que tal condição sustentava os
seus privilégios econômicos e sua ascendência social no meio. Sendo assim, tais
comerciantes encontraram no liberalismo econômico a mais adequada racionalização
das suas inclinações ideológicas.

No plano político, o controle dos dois setores mais importantes da burguesia se


exercia na deformação do sistema representativo, sob a forma da política de clientela
eleitoral, assegurando por esse modo da defesa de seus interesses básicos. É nesse
período, século XX, que o colonialismo alcança o seu maior grau. A abolição da
escravatura desenvolveu o comércio exterior, ajudado pela finança internacional, o que
proporcionou um ritmo de crescimento para a economia brasileira, inobstante nãos e
verifica qualquer alteração substancial na sua estrutura.
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Enquanto a burguesia mercantil aspirava a um regime político e jurídico que lhe


assegurasse a mais ampla liberdade de ação, a burguesia agrária temia as consequências
da aplicação, ao pé da letra, dos princípios dessa filosofia política, desenvolvendo-se,
portanto, um antagonismo entre os dois setores.

O crescimento da classe média, particularmente devido à urbanização prematura


do país, provocada não pela sua industrialização, mas pela expansão do comércio
exportador dos produtos agrícolas, fez crescer uma pequena burguesia, sem condições
de amadurecimento, sendo desprovida de ideologia própria, assumindo, portanto,
posição conservadora, procurando dar ao país uma organização social propícia à
expansão das forças produtivas.

Clóvis incorporou a estrutura do Código Alemão, este era estruturado em uma


parte inicial, caracterizada como geral e conceitual, compreendendo o direito das
pessoas, dos bens e os negócios jurídicos, em preceitos comuns a todo o Direito Civil e
uma parte especial que versa sobre a questão, versando sobre o direito das obrigações,
os direitos reais, o direito de família e o direito hereditário. O Código Civil Brasileiro de
1916 e 2002, portanto, é denominado orgânico, em razão da estrutura alemã adotada.
Inobstante, o relacionamento cultural do Brasil era mais intenso com os países latinos
do que com a Alemanha. Apesar de Clóvis Beviláqua sofrer influência alemã, outros
juristas dispunham de maior influência francesa.

O projeto foi publicado em 1º de janeiro de 1916, com período de vacatio legis


de 1 (um) ano, sendo revogado em 10 de janeiro de 2003, visto que entraria em vigor o
Código de 2002. O Código Civil de 1916 dispunha de conteúdo individualista,
patriarcalista, matrimonialista e patrimonialista, não apresentando trechos acerca da
função social da propriedade, dessa forma identificando-se com o código civil
napoleônico no que tange às suas características.

O referido código apresentava-se como individualista, visto que tivera como


paradigma o cidadão dotado de patrimônio, o burguês livre de controle ou
impedimentos públicos. Nesse sentido é que entenderam o homem comum, deixando a
maioria fora do seu alcance. Para os iluministas, a plenitude da pessoa dava-se com o
domínio sobre as coisas, com o ser proprietário. Dessa forma, livre seria quem pode
deter, gozar e dispor de sua propriedade em impedimentos.
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A codificação civil liberal, apresenta-se como patrimonialista, visto que tinha


como valor necessário da realização da pessoa, a propriedade, em torno da qual
gravitam os demais interesses privados, juridicamente tutelados. Sendo assim, o
patrimônio realizava a pessoa humana. É importante ressaltar que as relações civis tem
um forte cunho patrimonializante, visto que seus principais institutos são a propriedade
e o contrato (modo de circulação da propriedade). A prevalência do patrimônio como
valor individual a ser tutelado nos códigos, submergiu a pessoa humana, que passou a
figurar como polo de relação jurídica, como sujeito abstraído de sua dimensão real.

Até mesmo o mais pessoal dos direitos civis, o direito de família, é marcado pelo
predomínio do conteúdo patrimonializante, nos códigos. A desigualdade dos filhos não
era inspirada na proteção de suas pessoas, mas do patrimônio familiar. A maior parte
dos impedimentos matrimoniais não têm as pessoas, mas seus patrimônios, como valor
adotado. Impõe-se a materialização dos sujeitos de direitos, que são mais que apenas
titulares de bens.

O Código Civil Brasileiro, bem como os outros códigos da sua época era a
constituição do direito privado, ocupando-se da garantia legal mais elevada quanto à
disciplina das relações patrimoniais, resguardando-as contra a ingerência do poder
público ou de particulares que dificultassem a circulação de riquezas. Dessa forma, o
direito público não interferiria na esfera privada e o Código Civil exercia o papel de
estatuto único e monopolizador das relações privadas, almejando a completude e a
regulamentação de todos os possíveis centros de interesse jurídico que o sujeito privado
viesse a ser titular.

O Código Civil promovia certa segurança em relação às regras referentes aos


negócios, visto que cumpriria garantir à atividade privada e ao sujeito de direito, a
estabilidade proporcionada por regras quase imutáveis nas suas relações econômicas.

O Código Civil Brasileiro incorpora certos princípios morais, emprestando-lhes


conteúdo jurídico, particularmente no direito familiar. Sendo assim, o sentimentalismo,
próprio do temperamento brasileiro, foi essencial para o abrandamento da dureza de
certas disposições do direito português. Na sua elaboração, jamais se ausenta aquele
privativismo doméstico que tem marcada influência na organização social do Brasil. Tal
organização propicia uma sociedade colonial dispersa, incoesa e de estrutura
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aristocrática, gerando uma forma de organização social infensa à politização, em razão


disso a emancipação política do país não modificaria fundamentalmente essa estrutura.

Muitas construções jurídicas da Europa continental são introduzidas no Código


Civil Brasileiro, porém, por mais forte que houvesse sido o seu entusiasmo pelo
progresso da ciência jurídica na Europa, não lhe foi possível escapar à influência do
meio.

O Direito dos países ibero-americanos, e particularmente o direito brasileiro,


está impregnado de um espírito democrático que é estranho ao direito dos povos
europeus, o espírito democrático é eminentemente social, dele derivam o espírito de
universalismo e o espírito de tolerância, altamente influentes, não apenas na aplicação
da lei, mas, também, na sua elaboração. Segundo Clóvis Beviláqua, o direito brasileiro
classifica-se como “direito afetivo” e de acordo com Pontes de Miranda, afirma que o
Código Civil Brasileiro possui como elemento distintivo a tolerância e a afetividade,
cercadas de sugestões patriarcais e capitalistas.

Segundo Pontes de Miranda, inúmeros artigos do Código denunciam a


preponderância da família, ainda despoticamente patriarcal. O conservantismo na
disciplina das relações de família tem como exemplo o casamento válido só poder ser
dissolvido com a morte de um dos cônjuges.

As primeiras constituições nada regularam sobre as relações privadas,


cumprindo sua função e delimitação do Estado mínimo. Consumou-se o darwinismo
jurídico, com a hegemonia dos economicamente mais fortes, sem qualquer espaço para
a justiça social. Inobstante, a codificação liberal e a ausência da constituição econômica
serviram de instrumento de exploração dos mais fracos pelos mais fortes, gerando
reações e conflitos que redundaram no advento do Estado Social.

Sendo assim, a preocupação em dar satisfação às necessidades sociais


determinou profunda modificação no modo de conceber e tratar os direitos individuais
da esfera privada ao ponto de se tornar irrecusável a afirmação de que o direito civil está
sofrendo transformações radicais em todas as suas instituições (propriedade, contrato,
família, herança e responsabilidade civil), à medida que concilia liberdade do indivíduo
com justiça social.
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Houve, portanto, duas etapas na evolução do movimento liberal e do Estado


Liberal: a conquista da liberdade e posteriormente, a exploração da liberdade. Como
legado do Estado liberal, a liberdade e igualdade jurídicas, apesar de formais,
incorporaram-se ao catálogo de direitos das pessoas humanas. Os códigos cristalizaram
a igualdade formal de direitos subjetivos, rompendo a estrutura estamental
fundamentada no jus privilegium.

Enquanto perduraram as condições de sobrevivência do Estado Liberal, os


códigos civis desempenharam funções relevantes, que os mantiveram como o núcleo do
direto positivo. Inobstante, o conjunto de valores e ideias que formaram o caldo de
cultura dos grandes códigos encontra-se superado política, filosófica e tecnicamente.
Dessa forma, tais códigos tornam-se obsoletos e passaram a constituir óbices ao
desenvolvimento do direito civil. Além disso, a incompatibilidade do Código Civil com
a ideologia constitucionalmente estabelecida não recomenda sua continuidade.

Diversos acontecimentos, como Revolução Industrial, os movimentos sociais, as


ideologias em confronto, a massificação social, a revolução tecnológica, a revolução dos
costumes, a revolução sexual , a 1º guerra mundial constituíram-se fatores essenciais
que exigiram liberdade e igualdades materiais e a emissão de novos direitos, para o que
a codificação se apresentou inadequada.

A Era de estabilidade e segurança entra em declínio na Europa na segunda


metade do século XIX, passando a produzir reflexos na política legislativa brasileira a
partir dos anos 20, passando a produzir reflexos na política legislativa brasileira a partir
dos anos 20. Os movimentos sociais e o processo de industrialização crescentes do
século XIX, aliado às variações do fornecimento de mercadorias e à agitação popular,
intensificadas pela eclosão da Primeira Grande Guerra atingiriam profundamente o
direito civil europeu e também o ordenamento brasileiro, tornando-se inevitável a
necessidade de intervenção estatal cada vez mais acentuada na economia.

Dessa forma, tais movimentos desatualizaram o Código rapidamente, em razão


das ideias socializantes e da industrialização. Objetivando o não enfraquecimento da
ideia de completude do Código Civil, denominaram a legislação exterior de
extravagante. A referida desatualização foi tão intensa que na década de 40 já havia
proposta de novo código civil acerca de obrigações, porém esse projeto foi falho.
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No Estado Social, a ação intervencionista ou dirigista do legislador, promoveu a


tentativa de atender às demandas contingentes e conjunturais, no intento de reequilibrar
o quadro social, formado na ordem liberal e reproduzindo justamente as situações as
quais a Revolução Francesa visava debelar. Sendo assim, o legislador precisou fazer uso
de leis excepcionais, algumas destas dissentiam dos princípios dominantes no corpo
codificado. Esse conjunto de leis era denominado leis de “emergência”, exprimindo a
circunstância histórica justificadora da intervenção legislativa e preservando a
integridade do sistema em torno do Código Civil.

A legislação de emergência incialmente não alterou substancialmente a


centralidade e a exclusividade do Código Civil nas disciplinas das relações de direito
privado. Entretanto, a necessidade do Estado contemporizar os conflitos sociais
emergentes e as inúmeras situações jurídicas suscitadas pela realidade econômica não
abrangidos pelo Código Civil, promoveu a partir dos anos 30, no Brasil, o
desenvolvimento de uma sucessão de leis que disciplinam, sem qualquer caráter
emergencial ou conjuntural, matérias não previstas pelo codificador. Sendo assim, o
Código Civil perde seu caráter de exclusividade na regulação das relações patrimoniais
privadas. A disciplina codificada deixa de representar o direito exclusivo, tornando-se o
direito comum, aplicável aos negócios jurídicos em geral.

Ao seu lado, encontrava-se a legislação extravagante, esta regulava novos


institutos surgidos com a evolução econômica, formando um direito especial, paralelo
ao direito comum estabelecido pelo Código Civil. O direito especial retrata a
intervenção do legislador em uma nova realidade econômica e política e o direito
comum disciplina pelo código que regula, as situações jurídicas, em geral. Através das
leis especiais, o legislador brasileiro levou a cabo longa intervenção assistencialista.

A legislação especial alterna normas objetivando a garantia de objetivos sociais


e econômicos definidos pelo Estado. O poder público persegue certas metas,
desenvolvendo programas assistenciais, intervindo na economia e valendo-se de
dirigismo contratual acentuado. A proliferação de leis especiais é reflexo da
multiplicação de grupos sociais em ascensão, corporações, centros de interesse novos e
diversificados, tal proliferação proporcionou uma grave fragmentação do sistema
(direito civil fragmentado). É importante destacar que até mesmo os burgueses, tomados
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

por modelo pelo código, atualmente buscam se proteger pela inserção em categorias ou
grupos com estatuto próprio.

Em razão da intensificação do processo intervencionista e da complexidade da


vida contemporânea, que não condiz com a rigidez das regras do Código Civil, foram
subtraídas matérias ou setores inteiros constantes no Código Civil e referentes ao direito
privado, além da elaboração de minicodificações multidisciplinares, em alguns casos
transformadas em ramos autônomos, que passaram a congregar temas interdependentes,
sendo dotados de independência temática, que não conseguem estar subordinados ao
exclusivo campo do direito civil, a exemplo do direito do trabalho, ramo do direito civil
que emergiu na década de 30, além de outros, como direito agrário, direito das águas,
direito da habitação, estatuto da criança e do adolescente, direito do consumidor e
direito do meio ambiente.

Tais legislações sobre relações originariamente civis caracterizadas pela


multidisciplinaridade, romperam a peculiar concentração legal de matérias comuns e de
mesma natureza dos códigos. Nelas, ocorre o oposto: a conjunção de vários ramos do
direito, no mesmo diploma legal, para disciplinar matéria específica, não se podendo
integrar a determinado código monotemático.

Utilizam-se instrumentos legais mais dinâmicos, mais leves e menos


cristalizados que os códigos embora, às vezes, sejam denominados "códigos", em
homenagem à tradição, a exemplo do código do consumidor dotados de natureza
multidisiciplinar. A variedade de problemas que envolve o trato legal dessas matérias
não pode estar subsumida nas codificações tradicionais, pois, quase sempre, além das
relações civis, reclamam o disciplinamento integrado e concomitante de variáveis
processuais, administrativas e penais.

Na “era dos estatutos”, os referidos diplomas divergem das legislações


excepcionais e especiais, visto que introduzem disciplinas processuais, tipos penais,
veiculam normas de direito administrativo e estabelecem princípios interpretativos.
Fixando, dessa forma, verdadeiro arcabouço normativo para inteiros setores retirados do
código civil. A subtração desses institutos é oriunda da não abrangência pelo Código
Civil ou a revogação por leis especiais.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

Tais estatutos apresentam leis que definem objetivos concretos, nestes, a


tipificação taxativa dá lugar a cláusulas gerais, abrangentes e abertas, as leis passam a
ter linguagem menos jurídica e mais setorial, suscitando dificuldades para o intérprete.
Os objetivos das normas é além de coibir comportamentos indesejáveis em atuação
repressiva, agir através de leis de incentivo que propõem vantagens ao destinatário da
norma jurídica, mediante financiamentos subsidiados, redução de impostos, taxas ou
tarifas públicas. De acordo com Bobbio, o legislador assumia o papel identificado como
“função promocional do direito”.

Além disso, o legislador não mais se limita à disciplinar relações patrimoniais. O


legislador mais e mais condiciona a proteção de situações contratuais ou situações
jurídicas tradicionalmente disciplinadas sob ótica exclusivamente patrimonial ao
cumprimento de deveres não patrimoniais, a exemplo do Código de Defesa
Consumerista que dispõe de algumas normas relacionadas à qualidade de vida. É
importante destacar o caráter contratual de tais estatutos, os legisladores tornam-se
legislador-negociador que passam a produzir a normatização para determinados grupos
de indivíduos, a exemplo dos fornecedores e consumidores.

Na década de 60, encomendaram à Orlando Gomes e Caio Mário a realização de


um novo projeto de Código Civil, porém esse projeto foi interditado pelo governo
militar, em razão do estudioso Orlando Gomes ser admirador de Marx e estudioso de
economia. Uma nova comissão foi composta por Miguel Reale dentre outros. O novo
projeto de Código Civil apresentava diretrizes que valorizavam as questões éticas
(probidade e boa fé), sendo funcional e de fácil aplicação, dispondo de espaços para
novas atualizações.

O Código de 2002 é, na realidade, um código de 1969. Em razão do período da


ditadura, não houve discussão e menção acerca de tal código. Tal projeto foi aprovado
no governo de Fernando Henrique Cardoso, em que já vigorava a redemocratrização
(1985). A Constituição passou a tratar de assuntos do direito civil, alguns denominaram
tal fenômeno de constitucionalização, publicização ou funcionalização do direito civil,
concedendo a tais temas abordados na constituição, hierarquia constitucional, dessa
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

forma o quanto posto nas legislações e no código civil que fossem contrários ao que
consta na Constituição, deveria ser revogado.

A constitucionalização é o processo de elevação ao plano constitucional dos


princípios fundamentais do direito civil, que passam a condicionar a observância pelos
cidadãos e a aplicação pelos tribunais, da legislação infraconstitucional.

A publicização distingue-se da constitucionalização, visto que a publicização


compreende o processo de crescente intervenção estatal, especialmente no âmbito
legislativo, característica do Estado Social do século XX, dessa forma, há uma redução
do espaço de autonomia privada para a garantia da tutela jurídica dos mais fracos. É
importante ressaltar que a publicização não é a submissão das matérias do direito
privado ao âmbito do direito público.

A publicização deve ser entendida como o processo de intervenção legislativa


infraconstitucional, ao passo que a constitucionalização deve ser entendida como a
submissão do direito positivo aos fundamentos de validade constitucionalmente
estabelecido. Enquanto o primeiro fenômeno é de discutível pertinência, o segundo é
imprescindível para a compreensão do moderno direito civil.

Na atualidade, não se busca a demarcação de espaços distintos entre o direito


privado e o direito público, ambos encontram-se em unidade hermenêutica,
apresentando interdisciplinaridade interna e tendo a constituição como ápice
conformador da elaboração e aplicação da legislação civil. Dessa forma, o jurista deve
interpretar o Código Civil segundo a Constituição e não a constituição segundo o
Código, como ocorria com frequência.

O Constitucionalismo e a codificação (especialmente os códigos civis) são


contemporâneos do advento do Estado Liberal e da afirmação do individualismo
jurídico. O Constitucionalismo visava limitar profundamente o Estado e o poder político
e a codificação visava assegurar o mais amplo espaço de autonomia aos indivíduos
nomeadamente no campo econômico.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

É dever inadiável dos civilistas buscarem compatibilizar o Código Civil e a


legislação especial ao texto constitucional, visto que embora proclame-se de maneira
quase unânime a supremacia constitucional na atividade hermenêutica, o certo é que o
direito civil brasileiro não soube ainda incorporar o texto maior à sua práxis.

A constitucionalização do direito civil, entendida como inserção


constitucional dos fundamentos de validade jurídica das relações civis, é mais do que
um critério hermenêutico formal. Constitui a etapa mais importante do processo de
transformação, ou de mudanças de paradigmas, por que passou o direito civil, no
trânsito do Estado liberal para o Estado social.

O Código Civil de 2002 dispõe de princípios norteadores, sendo estes: o


princípio da eticidade (reflete-se no princípio da boa-fé), o princípio da sociabilidade
(contrato e propriedade devem dispor de função social) e o princípio da
operabilidade/concretude (transição do sujeito abstrato para o sujeito concreto).

No direito Brasileiro, a personalidade jurídica é tradicionalmente definida como


atributo jurídico, sendo caracterizada dessa forma, dependendo de cada ordenamento. O
ordenamento jurídico brasileiro atribui personalidade jurídica a entidades (seres
humanos ou abstrações) que passam a ser considerados sujeitos de direito. Portanto,
personalidade jurídica e sujeitos de direito são categorias interligadas e originárias do
ordenamento jurídico de certo momento histórico.

Personalidade, na definição de Clóvis Beviláqua, constitui “o conjunto de


direitos atuais ou meramente possíveis, e das faculdades jurídicas atribuídas a um ser”.
A ideia de personalidade é, para Beviláqua, “indispensável ao direito, porque o direito
se concebe como uma organização da vida em que, sob a égide tutelar de um poder mais
forte, se expandem as faculdades dos indivíduos e dos grupamentos humanos, e essas
faculdades asseguradas pela ordem jurídica são irradiações de um foco- a
personalidade”. Na doutrina do civilista tradicional, portanto, personalidade é “a
aptidão, reconhecida pela ordem jurídica a alguém para execer direitos e contrair
obrigações”.

A definição de personalidade jurídica enquanto aptidão para adquirir direitos e


deveres está presente, de forma quase unânime, na doutrina brasileira e na estrangeira.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

Segundo Eduardo Espínola, “personalidade e capacidade jurídica são expressões


idênticas”, de acordo com Pontes de Miranda, “capacidade e personalidade são o
mesmo”. E conforme Renan Lotufo, a personalidade é “um atributo jurídico que revela
a aptidão de todo ser humano em desempenhar papéis, ativos e passivos, no cenário
jurídico”. Sendo assim, a personalidade jurídica era concebida como atributo jurídico
que permitiria às pessoas, a possibilidade de constituir relações jurídicas.

A personalidade jurídica seria, dessa forma, um requisito para que a pessoa


ingressasse no mundo jurídico e fosse reconhecida como sujeito de direitos e deveres.
Sendo assim, o conceito de personalidade jurídica, esteve, dessa forma, ligado a um
papel que o homem pudesse vir a exercer no mundo jurídico, a uma função que ele
pudesse vir a ocupar em dada relação jurídica. Assim, o homem, ao ser dotado de
personalidade jurídica, não era considerado como ser humano, dotado de dignidade, mas
apenas como parente numa relação, um dos polos num vínculo tecnicamente previsto
que ligava um lado a outro, atribuindo a esses polos direitos e deveres técnicos
(jurídicos).

Dessa forma, as pessoas, juntamente com os fatos e objetos eram nada mais que
a matéria-prima das relações jurídicas. Essa concepção de personalidade, conforme
escreveu Pietro Perlingieri, não atribui à pessoa seu real valor, pois considera o sujeito
em termos meramente mecanicistas. É importante ressaltar, portanto, que aquela
definição de personalidade (e de pessoa) não coincide com as noções mais recentes de
personalidade jurídica, desenvolvidas pelos juristas da teoria da personalidade a partir
dos meados do século XX.

A definição de Clóvis Beviáqua, que tem raízes no século XIX, coincide com a
noção de capacidade jurídica. Mas, atualmente, concebe-se a personalidade jurídica
como categoria mias ampla do que a capacidade. Hoje em dia, “a personalidade surge
como projeção da natureza humana”. No momento atual, o ordenamento jurídico atribui
personalidade jurídica a todos os seres humanos (pessoa física ou pessoa natural) e a
algumas entidades abstratas (pessoas jurídicas). Aqueles a quem o ordenamento atribui
personalidade jurídica são sujeitos de direito. Mas nem todos os sujeitos de direito têm
personalidade e direitos de personalidade.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

Inobstante, é preciso observar que as consequências da atribuição de


personalidade jurídica a seres humanos e a abstrações são diferentes, pois, conforme
apontou Orlando Gomes, “tanto as pessoas físicas como as jurídicas são sujeitos de
direito, mas a naturalidade de umas e a artificialidade das outras obriga a discipliná-las
diversamente”. Diferem, por exemplo, quanto ao início e fim da personalidade e,
principalmente, quanto aos valores que lhes são inerentes e aos direitos que lhes são
atribuídos ou reconhecidos.

Os sujeitos de direito são as partes da relação jurídica (membros aptos ao


comércio jurídico, estando aptos a estabelecer relações jurídicas). Para ser sujeito de
direito é necessário que o ente seja titular de direitos e deveres na ordem civil, ou seja,
seja dotado de personalidade jurídica e capacidade de direito.

Existem os Sujeitos de Direito com personificação e sem personificação (entes


despersonalizados), estes não são considerados nem pessoa natural, nem possa jurídica a
exemplo dos condomínios, massas falidas e espólios. Dentre os Sujeitos de Direitos
com personificação encontram-se as pessoas naturais (pessoa humana, pessoa física),
denominada por Teixeira de Freitas como pessoa de existência visível, sendo
destinatário de todos os direitos, sendo a sua dignidade, o fundamento principal da
República Federativa do Brasil e base de todo sistema jurídico.

Inobstante, existem outros agentes, ficções jurídicas: as pessoas jurídicas,


também conhecidas como pessoa coletiva ou moral (agrupamentos humanos visando a
fins de interesse comum). A pessoa jurídica é um ente formado por conjunto de pessoas
naturais ou acervo patrimonial afetado para uma finalidade, ganhando personalidade
jurídica e patrimônio próprio, autônomos, distintos de seus instituidores.

Sendo assim, pessoa natural e pessoa jurídica são, portanto, as duas diferentes
espécies de pessoas, ou seja, potenciais sujeitos de direito, a quem se reconhece uma
proteção fundamental. Ambas as pessoas podem titularizar relações jurídicas, como
sujeito ativo ou passivo, bem como tendo reconhecida uma proteção fundamental,
consistente nos direitos de personalidade. A titularidade de um direito é, na visão de
Francisco Amaral, união do sujeito com esse direito, uma vez que não há sujeitos sem
direitos, assim como direitos sem titular.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

Art. 1o Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.

Pessoa é todo aquele sujeito de direitos, ou seja, ente físico ou coletivo


susceptível de direitos e obrigações , aquele que titulariza relações jurídicas na órbita do
Direito, podendo se apresentar como sujeito ativo ou como sujeito passivo, além de
reclamar um mínimo de proteção necessária ao desemprenho das suas atividades,
tendendo a promover sua inexorável dignidade e compatível e adequada às suas
características (direitos da personalidade).

Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a
salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.

Apesar do Código Civil enunciar que a iniciação da personalidade da pessoa


natural ocorre com o nascimento com vida, o texto legal assegura desde a concepção os
direitos do nascituro. Sendo assim, os requisitos para o reconhecimento da
personalidade jurídica são nascimento e vida. Sendo assim, visto que desde o
nascimento, há a aquisição da personalidade, o registro de nascimento no cartório
dispõe de cunho meramente administrativo.

A pessoa, enquanto sujeito de direito, atrela-se, inexoravelmente à ideia de


personalidade. É importante ressaltar que alguns entes despersonalizados, ou seja,
desprovidos de personalidade jurídica conseguem ser sujeitos de direito, titularizando
relações jurídicas, colocando-se no polo ativo ou passivo. Dessa forma, não se pode
atrelar a personalidade jurídica, simplesmente, à possibilidade de titularizar relações
jurídicas.

A personalidade jurídica é conceituada, então, como o atributo reconhecido a


uma pessoa (natural ou jurídica) para que possa atuar no plano jurídico (titularizando as
mais diversas relações) e reclamar uma proteção jurídica mínima, básica, reconhecida
pelos direitos da personalidade, bem como os direitos fundamentais, imprescindíveis ao
exercício de uma vida digna.

Segundo Maria Helena Diniz, a personalidade não é um direito, mas em um


conjunto de caracteres da própria pessoa, tal característica apoia os direitos e deveres
que dela irradiam, sendo objeto e direito e primeiro bem da pessoa, que lhe pertence
como primeira utilidade, para que ela possa ser o que é. Dessa forma, a personalidade é
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

parte integrante da pessoa, sendo uma parte juridicamente intrínseca. A personalidade


jurídica, é assim, o conceito básico, elementar do Direito Civil, estendendo-se a todas as
pessoas, devendo ser vislumbrada na textura constitucional, servindo como valor
máximo da ordem jurídica.

Sendo assim, segundo Rafael Garcia, a personalidade não se restringe à


possibilidade de ser titular de direitos e obrigações, ou seja, ao conceito abstrato de
pessoa, importa o reconhecimento de direitos que tocam somente ao ser humano,
expressão da sua própria existência.

Nascituro (nasciturus), aquele que está por nascer, é o ente já concebido no


ventre materno, mas ainda não nasceu, é importante destacar que o nascituro não precisa
ter forma humana ou sobreviver mais de 24 horas no meio extrauterino. De acordo com
a legislação e doutrina brasileira, o nascituro já dispõe de personalidade jurídica (direito
à vida, direito à alimentos).

LEI Nº 11.804, DE 5 DE NOVEMBRO DE 2008.

Disciplina o direito a alimentos gravídicos e


a forma como ele será exercido e dá outras
providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta


e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o Esta Lei disciplina o direito de alimentos da mulher gestante e a forma


como será exercido.

Art. 2o Os alimentos de que trata esta Lei compreenderão os valores suficientes


para cobrir as despesas adicionais do período de gravidez e que sejam dela decorrentes,
da concepção ao parto, inclusive as referentes a alimentação especial, assistência
médica e psicológica, exames complementares, internações, parto, medicamentos e
demais prescrições preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico, além
de outras que o juiz considere pertinentes.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

Parágrafo único. Os alimentos de que trata este artigo referem-se à parte das despesas
que deverá ser custeada pelo futuro pai, considerando-se a contribuição que também
deverá ser dada pela mulher grávida, na proporção dos recursos de ambos.

Art. 6o Convencido da existência de indícios da paternidade, o juiz fixará


alimentos gravídicos que perdurarão até o nascimento da criança, sopesando as
necessidades da parte autora e as possibilidades da parte ré.

Parágrafo único. Após o nascimento com vida, os alimentos gravídicos ficam


convertidos em pensão alimentícia em favor do menor até que uma das partes solicite a
sua revisão.

Art. 7o O réu será citado para apresentar resposta em 5 (cinco) dias.

Segundo Ana Cecília Rosário Ribeiro: “O Direito a alimentos para o nascituro


consiste em simples consequência da consagração da garantia à vida pré-nascimento,
posto que visa conferir meios de subsistência alimentar e de assistência pré-natal à
gestante, de modo a propiciar o nascimento do feto e conferir-lhe uma tutela
adequada e eficaz ao direito da vida intrauterina”. Para que haja a fixação dos
alimentos gravídicos devem haver indícios da paternidade.

Existem três teorias que explicam a teoria do nascituro: a teoria natalista, esta enuncia
que a personalidade jurídica (aptidão de contrair direitos e deveres) somente e adquirida
com o nascimento com vida, sendo assim o nascituro possuiria mera expectativa de
direito. Inobstante, tal teoria apresenta-se como obsoleta.

A teoria condicionalista enuncia que o nascituro dispõe de personalidade jurídica


condicional, ou seja, possui direitos sob condição suspensiva, mesmo não dispondo de
direitos patrimoniais (herança, legado, doação), visto que estes encontram-se vinculados
ao nascimento com vida, dispõem de direitos à personalidade. Segundo Arnold Wald,
essa teoria enuncia que: “a proteção do nascituro explica-se, pois há nele uma
personalidade condicional que surge, na sua plenitude, com o nascimento com vida e se
extingue no caso de não chegar de fato a viver”.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

A teoria concepcionista, influenciada pelo Direito Francês, enuncia que o


nascituro possui direitos à personalidade e patrimoniais, esta encontra-se alicerçada no
próprio Código Civil. Tal teoria contou com vários adeptos: Teixeira de Freitas,
Beviláqua, Limongi França e Francisco Amaral Santos. Sendo assim, é induvidoso o
reconhecimento aos nascituros dos direitos necessários para que venha a nascer vivo
(direitos da personalidade), tais como reclamar alimentos, à assistência pré-natal, à
indenização por eventuais danos causados à sua imagem, direito ao reconhecimento de
sua filiação.

Tradicionalmente, a doutrina, no Brasil, segue a teoria natalista, embora, em


nosso sentir, a visão concepcionista, paulatinamente ganhe força na jurisprudência do
nosso país. Sendo assim, o nascituro, embora não seja expressamente considerado
pessoa, tem a proteção legal dos seus direitos desde a concepção.

O direito à vida é conferido ao nascituro pela Constituição (no caput do art. 5),
no Estatuto da Criança e Adolescente (art. 7º), no Código Penal (Art. 124 e 128),
Declaração Universal dos Direitos Humanos (art. 3º).

Constituição Federal

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes

Estatuto da Criança e Adolescente

Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a


efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento
sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.

Código Penal

Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: (Vide ADPF 54)

Aborto necessário

I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;

Aborto no caso de gravidez resultante de estupro

II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da


gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal

Declaração Universal dos Direitos Humanos

III Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

A teoria condicionalista e concepcionista se assemelham, dispondo de efeitos


práticos semelhantes, entretanto, a última apresenta-se como mais moderna. O STJ vem
concebendo dano moral ao nascituro pela, por exemplo, perda do pai.

Art. 1.800. No caso do inciso I do artigo antecedente, os bens da herança serão


confiados, após a liquidação ou partilha, a curador nomeado pelo juiz.

§ 4o Se, decorridos dois anos após a abertura da sucessão, não for concebido o
herdeiro esperado, os bens reservados, salvo disposição em contrário do testador,
caberão aos herdeiros legítimos.

O Art. 1800, inciso IV enuncia a possibilidade de testamento para a prole


eventual, entretanto, é preciso que haja o nascituro no prazo de 2 (dois) anos.

Natimorto é quando o feto nasce morto, o 1º enunciado doutrinário enuncia que


a proteção que o código defere ao nascituro alcança o natimorto no que concerne aos
direitos da personalidade, tais como nome, imagem e sepultura. A tutela propugnada
pela codificação civil, tanto a vigente quanto a revogada, em relação ao nascituro,
estende-se, mutatis mutandis, ao natimorto, tendo em vista que a vida já foi reconhecida
desde o ventre materno. É importante lembrar que o concepturo é aquele que ainda não
foi concebido.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

Apesar de dotadas os indivíduos vivos serem dotados de personalidade, nem


todos têm a capacidade de usufruí-la. A capacidade de direito distingue-se da
capacidade de fato ou exercício. A capacidade de direito ou de gozo concerne à
possibilidade daqueles que são dotados de personalidade serem sujeitos de direito de
relações patrimoniais, se confundindo com o conceito de personalidade jurídica, todos a
detém, bem como a capacidade de direito. A capacidade de fato é a aptidão de exercer
por si só atos da vida civil, sendo assim concerne à possibilidade de exercer relações
patrimoniais, concretizando obrigações relacionais como o crédito e o débito. A
capacidade jurídica plena é reconhecida a quem dispõe da capacidade de direito e de
fato.

Existem pessoas incapazes, que sozinhas não podem negociar na ordem civil e
outras absolutamente incapazes. Os relativamente incapazes não têm sua vontade
ignorada pelo sistema jurídico, sendo levada em conta, desde que regularmente
assistido. Dessa forma, os relativamente incapazes têm seus negócios jurídicos
celebrados caracterizados como anuláveis, produzindo efeito até que lhe sobrevenha
uma decisão judicial reconhecendo a invalidade. Sendo assim, os relativamente
incapazes são assistidos, necessitando não só da presença do assistente para celebrar
atos da vida civil, mas também a sua própria intervenção, como condição de validade.

Os absolutamente incapazes são aqueles que não possuem qualquer capacidade


de agir, sendo irrelevante, do ponto de vista jurídico, a sua manifestação de vontade,
sendo assim precisam ser representados por terceira pessoa (denominado representante
legal), este então praticará os atos da vida civil em nome do representado. A prática de
negócios jurídicos pelo incapaz, sem a necessária representação, implica em invalidade,
absoluta ou relativa, a depender do tipo de incapacidade, dessa forma os atos praticados
pelos absolutamente incapazes serão nulos, não produzindo qualquer efeito jurídico.

Não existe uma pessoa mais capaz que outra, todos são dotados da capacidade
de direito, mas nem todos detém a capacidade de fato, capacidade de poder exercer
pessoalmente os seus direitos. A capacidade é considerada regra e a incapacidade é
considerada exceção, sendo assim, é excepcional a limitação no exercício dos atos civis.
A incapacidade é o reconhecimento da inexistência, numa pessoa, daqueles requisitos
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

que a lei acha indispensáveis para que ela exerça os seus direitos. Existem os
plenamente capazes, relativamente incapazes e absolutamente incapazes.

Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida


civil:

I - os menores de dezesseis anos;

II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário


discernimento para a prática desses atos;

III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.

Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer:

I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;

II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental,


tenham o discernimento reduzido;

III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;

IV - os pródigos.

O parágrafo I, do art. 3º, versa acerca de ser o menor de 16 anos reconhecido


como absolutamente incapaz, tal conceito é objetivo, sendo a referida faixa etária
estabelecida em razão de critério baseado na compreensão da realidade, entendendo o
legislador faltar maturidade suficiente para manifestar vontade a este grupo de pessoas.
Ou seja, entende-se que o menor de 16 anos não tem condições de manifestar a sua
vontade, em face do seu desenvolvimento psíquico.

A fixação da idade é uma opção legislativa, tanto que o direito argentino


estabelece a incapacidade absoluta para os menores de quatorze anos de idade. É
importante ressaltar, entretanto, que os atos praticados pelos indivíduos menores de 16
anos, mesmo sendo considerado absolutamente incapazes, podem surtir efeitos
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

jurídicos, quando disserem respeito à concretização de situações jurídicas existenciais,


se o incapaz demonstra discernimento suficiente para tanto, a exemplo da declaração de
vontade do menor para adoção. É importante destacar que os menores de 16 anos são
proibidos de qualquer labor, salvo na condição de aprendizes.

O parágrafo II, do art. 3º, versa sobre a absoluta incapacidade dos que por
enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a
prática dos atos da vida civil. Tal conceito é subjetivo, visto que existem doentes
mentais que podem ser relativamente incapazes a depender do grau da patologia, sendo
este definido a partir da perícia médica. A saúde mental reclama a adoção de políticas
públicas intersetoriais protetivas da pessoa humana, de modo a proteger e resguardar os
direitos fundamentais das pessoas com transtornos mentais, inclusive com a utilização
de recursos públicos, consoante previsão no art. 198.

O parágrafo III, do art. 3º, versa acerca dos que, mesmo por causa transitória, não
puderem exprimir sua vontade, devendo ser representadas por um curador que exercerá
a sua representação, exemple gratia dos indivíduos alcoolizados e em coma. No Código
de 1916, os ausentes eram considerados absolutamente incapazes, o código novo,
entretanto, concertou tal erro, excluindo-os do rol de absolutamente incapazes, sendo
assim os ausentes são plenamente capazes, visto que não há uma incapacidade por força
da declaração de ausência, mas sim uma necessidade de proteger os interesses do
desaparecido, devido a sua impossibilidade material de cuidar dos seus bens e
interesses, o que se dá através do instituto da curatela. Dessa forma, os atos praticados
pelo ausente, mesmo depois do reconhecimento judicial da ausência, serão válidos, não
sendo possível cogitar de eventual invalidade.

É importante destacar no que tange ao parágrafo I, do art. 4º, que um jovem acima
de 18 anos de idade, mesmo que mantido social, pessoal e economicamente pelos pais,
responderá pessoalmente pelos dados causados a terceiros. E supondo, hipoteticamente,
que este jovem não tenha patrimônio próprio, o dano ficará sem ressarcimento, mesmo
considerando que os seus pais, que cuidam de sua manutenção, têm patrimônio
suficiente para a reparação do prejuízo. Inobstante, é essencial chamar atenção para o
princípio da solidariedade social, este princípio atenta para a importância da função
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

social da propriedade e dos negócios jurídicos, conciliando as necessidades da


coletividade e dos interesses particulares.

Quanto a parágrafo II, do art. 4º, que versa sobre os ébrios habituais, os viciados
em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido, é
importante ressaltar que não gozam de proteção aqueles que fazem uso eventual, livre e
espontaneamente, de substâncias alucinógenas. Sendo assim, não é possível elastecer a
incapacidade dos ébrios para pessoas que eventualmente, em alguma comemoração,
excederam na ingestão de bebidas alcóolicas ou mesmo de substâncias entorpecentes.

Estes, assim, devem responder pelos seus atos, regularmente, incidindo a teoria da
actio libera in causa (ação livre na sua causa), motivando a possibilidade de punição da
pessoa que provocou o seu próprio estado de inconsciência, vindo a causar um dano a
outrem. Quanto aos que fazem uso imoderado das drogas “ilícitas” sem prescrição
médica podem ensejar configuração da incapacidade relativa, em face da possibilidade
de dependência física ou psíquica.

Quanto ao parágrafo IV, do artigo 4º, é importante fazer menção ao conceito de


pródigo, sendo aqueles indivíduos que dissipam desvairadamente dinheiro, dilapidando
os seus patrimônio, de modo a comprometer a sua subsistência. A doutrina afirma que a
prodigalidade constitui “um desvio comportamental quem refletindo-se no patrimônio
individual, culmina por prejudicar ainda que por via oblíqua, a tessitura familiar e
social”.

A prodigalidade, entretanto, é um fenômeno relativo e complexo, exigindo um


diálogo entre o Direito e outras searas, como a Psicologia, Psiquiatria e Economia. É
importante ressaltar que prodigalidade não está somente atrelada ao volume de gastos de
alguém. Até porque é possível gastar muito sem prejudicar a própria sobrevivência,
além de haver variações nos padrões de gasto das pessoas. A interdição por
prodigalidade afigura-se muito mais como uma punição do que como uma proteção, tal
incapacidade que motiva a interdição, só deve ser restrita a prática dos atos de natureza
patrimonial, não gerando limitações aos atos de cunho existencial, como o exercício do
poder familiar, o direito ao voto e o testemunho em um processo.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

É importante destacar que a senilidade ou senectude não é incapacitante, aliás, a


Lei nº 10.641/03- Estatuto do Idoso estabelece especial proteção para a pessoa maior de
sessenta anos, como expressão da universalização do exercício de cidadania. Inobstante,
apesar de não ser incapaz, é inegável que o idoso pode sofrer limitações justificáveis,
impondo, por isso, um tratamento diferenciado, como expressão de reconhecimento de
sua dignidade, independente de sua classe social ou produtividade econômica.

É importante ressaltar, entretanto, de que toda e qualquer diferenciação jurídica


por motivo etário somente será possível “desde que haja razoabilidade na fixação do
critério discriminador”, de modo a remover obstáculos de fato ao desenvolvimento
efetivo do idoso. Há um preconceito do Código Civil, visto que há dispositivos a
exemplo do enuncia que o nubente sexagenário só poder casar-se no regime de
separação total de bens, constituindo nítida violação aos princípios constitucionais, visto
que fere o princípio da dignidade humana e igualdade substancial.

Há uma crítica, no que tange à visão patrimonialista ainda mantida pelo Código
Civil, visto que este olvida outras perspectivas que não a patrimonial, como se a
considerasse valor preponderante e utilizando-se dessa perspectiva para justificar a
restrição de poder para algumas pessoas poderem atuar na vida jurídica, manifestando
ou exteriorizando a sua própria vontade.

A legitimação significa capacidade específica para o exercício de determinados


atos, dessa forma a pessoa pode deter capacidade de fato e não deter a legitimação.

Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros


descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido.

Parágrafo único. Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do cônjuge se


o regime de bens for o da separação obrigatória.

Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem
autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta:

I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;

II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;


Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

III - prestar fiança ou aval;

IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam
integrar futura meação.

A vulnerabilidade numa relação de consumo, por exemplo, protege a parte


vulnerável ou hipossuficiente (consumidor), não significando que o indivíduo seja
incapaz. A vulnerabilidade é um estado inerente de risco que enfraquece um dos
contratantes, desequilibrando uma relação jurídica, já a incapacidade diz respeito à falta
de perfeita compreensão para a prática de atos jurídicos.

Ambos estão em posição de desvantagem, reclamando diferentes tipos de


proteção jurídica, mas ao vulnerável não é obstada a prática direta de qualquer ato.
Ademais, enquanto a proteção legal dedicada ao incapaz abrange todo e qualquer ato
jurídico, a tutela do vulnerável concerne somente à relação jurídica na qual estiver,
especificamente, inserido.

A incapacidade implica na deflagração de uma série de medidas protetivas em


favor do incapaz. A proteção jurídica dos incapazes se concretiza através da concessão
de direitos diferenciados, e não por meio da retirada da plena capacidade (capacidade de
agir pessoal e diretamente). É importante ressaltar, entretanto, que não é possível
maximizar as hipóteses de incapacidade a fim de atingir pessoas capacitadas
plenamente.

É importante ressaltar que não há, pois, outras categorias de incapacidades aforas
aquelas previstas em lei. A rudeza, o analfabetismo e o encarceramento prisional, anda
que sirvam para uma diminuição da perfeita compreensão de determinados atos da vida,
não ensejam, isoladamente, o reconhecimento de uma incapacidade jurídica.

As pessoas com deficiências físicas não podem ser reputadas incapazes em razão,
apenas da sua debilidade física. Na ótica civil-constitucional, especialmente à luz da
igualdade substancial, as pessoas com deficiência física dispõem dos mesmos direitos e
garantias fundamentais que qualquer outra pessoa, inexistindo qualquer motivo
plausível para negar-lhes ou restringir-lhes a capacidade.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;

II - garantir o desenvolvimento nacional;

III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e


regionais;

IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
quaisquer outras formas de discriminação.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:

Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento
das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a
proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como
a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios:

I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;

Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica
habilitada à prática de todos os atos da vida civil.

Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:

I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante


instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do
juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;

II - pelo casamento;

III - pelo exercício de emprego público efetivo;


Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;

V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de


emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha
economia própria.

A emancipação é a antecipação dos efeitos da maioridade civil apara pessoas que


ainda não completaram os dezoito anos de idade, cessando, por conta disso, a sua
incapacidade jurídica de fato. Dessa forma, permite-se que uma pessoa- ainda incapaz
em face da sua idade- seja considerada do ponto de vista jurídica, plenamente apta,
capacitada para a prática dos atos civis sem necessidade de assistência ou representação.

A emancipação pode ser voluntária (inciso I), dessa forma é outorgada pelos pais
em conjunto, ou por um deles, através da escritura pública, sob pena de nulidade,
registrando-a em cartório, sob pena de ineficácia. Não deve haver prevalência da
opinião paterna ou materna, em face da isonomia constitucionalmente assegurada, caso
haja conflito o juiz deverá dirimi-lo, decidindo se concede ou não a emancipação.

Inobstante, o juiz não pode emancipar o menor contra a vontade de ambos os


genitores. Inobstante, é importante destacar que o menor emancipado não perde a
proteção e prioridade absoluta, visto que consubstanciam uma garantia constitucional
que não pode ser afastada pela iniciativa privada. Caso um menor emancipado cometa
infração penal, continuará a responder de acordo com o ECA- Estatuto da Criança e do
Adolescente. A emancipação voluntária é autorizada pelos pais, entretanto, estes ainda
dispõem de responsabilidade civil.

A emancipação tácita ou legal (inciso II, III, IV e V) ocorre quando o menor, com
pelo menor 16 anos de idade, vem a praticar determinado ato reputado incompatível
com a sua condição de incapaz, esses acontecimentos trazem consigo uma presunção
implícita de amadurecimento psicológico. A emancipação jurídica ou judicial (inciso I)
ocorre quando o menor-emancipando está sob tutela ou por conta da existência de
conflito, divergência entre a vontade materna e paterna, sendo proferida por meio de
homologação judicial ou sentença do juiz.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

A emancipação em todas as suas espécies é sempre irrevogável e irretratável.


Assim, não restitui o emancipado ao status quo ante no caso de eventual cessação dos
efeitos do ato emancipatório.

Art. 6o A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta,


quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.

A morte é um fenômeno inexorável que completa a existência humana. Sendo


assim, a existência da pessoa natural termina com a morte: “Mors omnia solvit” (a
morte extingue tudo), inclusive a personalidade jurídica. A cessação da vida ocorre com
a morte encefálica. Inobstante é importante ressaltar que mesmo depois da extinção da
pessoa e da sua personalidade, o que tiver sido disposto em testamento, codicilo, bem
como no que concerne ao destino do cadáver deve ser respeitado. Apesar da morte
importar término da personalidade, o ordenamento jurídico confere tutela aos direitos da
personalidade do falecido (honra, imagem, nome).

Outros direitos do morto são abrir a sucessão, transmitindo-se a herança, desde


logo, aos herdeiros legítimos e testamentários, extingue-se o poder familiar, bem como
os contratos personalíssimos , a exemplo do contrato de prestação de serviço, extingue o
usofruto, finda o casamento e união estável, inclusive no que tange ao regime de bens.

Art. 7o Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:

I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;

II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado


até dois anos após o término da guerra.

Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá


ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a
data provável do falecimento.

Art. 8o Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo


averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão
simultaneamente mortos. (comoriência).
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

A morte real tem como pressuposto a certificação de um profissional, habilitado


para tanto à luz do próprio cadáver. A morte real sem cadáver é considerada a morte
presumida, produzindo os mesmos efeitos da morte real, visto que há a possibilidade de
ocorrência de morte em situações excepcionais, atípicas, nas quais não seja possível
localizar o próprio cadáver.

A comoriência se refere à presunção de simultaneidade de óbitos, aplicada quando


duas pessoas morrem simultaneamente, não sendo possível indicar, com precisão, a
premoriência, ou seja, quem procedeu a morte de quem. Caso dois indivíduos venham a
óbito, sendo dois irmãos, o primeiro que morrer deixa a herança para o outro e este ao
falecer deixa para o seu herdeiro (primo consanguíneo). Caso não se saiba quem veio a
óbito primeiro, a herança é dividida entre ambos os herdeiros. Sendo assim, a
comoriência impede a transmissão de qualquer direito entre as pessoas comorientes.

Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se
não houver deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens,
o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a
ausência, e nomear-lhe-á curador.

A ausência é antes de tudo, um estado de fato, em que uma pessoa desaparece de


seu domicílio sem deixar qualquer notícia. O Código Civil de 1916 elencou os ausentes
como absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil, conforme
dispõe o seu art. 5º, IV. Inobstante, tal classificação era equívoca, visto que o que se
buscava tutelar era o patrimônio do desaparecido, disciplinando, gradativamente sua
sucessão, sempre com cautela de possibilidade de retorno.

O indivíduo normal, que vive normalmente, bem como que não esteja em
situação de perigo, não podendo-se deduzir intenção de suicídio, não é presumido
morto, em caso de desaparecimento, sendo assim o legislador entende que o seu
patrimônio deve ser preservado e protegidos, em razão da sua impossibilidade material
de cuidar de seus bens e interesses.

Dessa forma, em caso de desaparecimento, sem que o indivíduo tenha deixado


representante ou procurador, haverá uma massa patrimonial com titular, mas sem quem
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

a administre. Assim, a requerimento de qualquer interessado direto ou mesmo do


Ministério Público, o Poder Judiciário reconhecerá tal circunstância, com a declaração
física da ausência, nomeando o curador. Segundo Fábio Ulhoa, o curador, no caso de
ausente, não é considerado curador do indivíduo, mas dos seus bens, este será
responsável pela gestão dos negócios do ausente e pela arrecadação dos bens dos
indivíduos, ou seja, o seu levantamento do patrimônio, do estado do referido
patrimônio, de quanto vale, para o devido controle. Não há exigência legal de prazo
mínimo de desaparecimento do ausente para que seja requerida a abertura do
procedimento e a declaração de ausência, basta que se demonstre o desaparecimento de
alguém de seu domicílio em caráter excepcional.

Essa nomeação não é discricionário, estabelecendo a lei uma ordem legal estrita e
sucessiva no caso de impossibilidade do anterior, a saber: o cônjuge do ausente, se não
estiver separado judicialmente, ou de fato por mais de dois anos antes da declaração da
ausência; pais do ausente; descendentes do ausente, preferindo os mais próximos aos
mais remotos; qualquer pessoa à escolha do magistrado.

Decorrido um ano da nomeação do curador e arrecadação de bens do ausente, ou,


se ele deixou representante ou procurador em se passando três anos, e caso continue-se
sem notícias do indivíduo, a família deve comprovar essa falta de notícias através de
relatórios de hospitais, dentre outros poderão os interessados requerer que se declare,
efetiva e formalmente, a ausência e se abra provisoriamente a sucessão provisória. A
ideia de provisoriedade da sucessão é uma cautela que se exige, ainda que se anteveja o
provável falecimento real do ausente, uma vez que não se tem, realmente, ainda certeza
de tal fato. A sentença que declara a abertura da sucessão provisória só produz efeitos
após 180 dias de sua publicação na imprensa.

Sendo assim, o curador é destituído e inicia-se a transmissão de bens, inobstante é


preciso considerar o caráter precário da transmissão operada na fase de sucessão
provisória, exigindo a prestação de garantia pelos indivíduos, a fim de se imitirem na
posse provisória dos bens do ausente, sob pena de exclusão. Sendo assim, estes devem
conservar o patrimônio, caso sejam bens perecíveis, o juiz orientará para que esses
sejam vendidos , transformando-se em título de dívida pública. Caso os herdeiros não
cuidem direito dos bens, o ausente, caso retorne, pode requerer a indenização. Caso o
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

ausente reapareça após a abertura da sucessão provisória, é cessada todas as vantagens


dos sucessores imitidos na posse, que ficam obrigados a tomar medidas assecuratórias
precisas até a entrega dos bens a seu titular.

Depois de transitado em julgado da sentença de abertura de sucessão provisória,


ou se constate a morte do ausente converter-se-á em definitiva é possível requerer a
declaração da morte presumida e a abertura da sucessão definitiva. Ao declarar a
sucessão definitiva, os indivíduos tornam-se detentores dos bens, podendo utiliza-los ao
seu bel prazer, inobstante caso o sujeito reapareça, ou seja, terá o ausente direito aos
seus bens, porém os sucessores não mais respondem pela sua integridade, os bens sub-
rogados (adquiridos com o seu patrimônio) devem ser reavidos. É importante ressaltar
que a Fazenda Pública também pode pedir a declaração da morte presumida, bem como
que após 10 anos da sucessão definitiva, o indivíduo não tem mais direito ao patrimônio
deixado.

Os direitos da personalidade constituem construção jurídica relativamente recente,


fruto do cuidado da doutrina germânica e francesa, especialmente após a II Guerra
Mundial. Com o Cristianismo e a pregação de uma fraternidade universal, tem início um
despertar para a proteção da personalidade humana. A Carta Magna Inglesa, de 1215,
estabeleceu a proteção de aspectos fundamentais da personalidade humana, como a
liberdade, vindo a reconhecer implicitamente os direitos da personalidade. Mais adiante,
a Declaração dos Direitos dos Homens, em 1789, valorizou a tutela da personalidade
humana e a defesa dos direitos individuais.

No entanto, somente após a II Guerra Mundial, considerada as atrocidades


praticadas pelo Nazismo contra a individualidade da pessoa humana e contra a
humanidade como um todo sentiu-se a necessidade de proteção de uma categoria básica
de direitos reconhecidos à pessoa humana. Nesse passo, em 1948, foi promulgada a
Declaração dos Direitos do Homem. Com o pós-guerra, os códigos foram
paulatinamente reformados, vindo a sua grande maioria a na atualidade, proteger,
expressa e amplamente os direitos da personalidade.

O homem não deve ser protegido somente em seu patrimônio, mas,


principalmente em sua essência. Trata-se de um dos sintomas da modificação axiológica
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

da codificação brasileira, que deixa de ter um perfil essencialmente patrimonial,


característico do Código de 1916, concebido para uma sociedade agrária, tradicionalista
e conservadora, para se preocupar substancialmente com o indivíduo, em perfeita
sintonia com o espírito da Constituição Cidadã de 1988.

Os Direitos de Personalidade protegem os modos de ser da pessoa, são direitos


que protegem o que é inerente ao ser humano, protegem os atributos da pessoa humana,
protegem as projeções físicas ou psíquicas da pessoa, ou as suas características mais
importantes, não visam à proteção do patrimônio, sendo categorias do ser e não do ter.
As projeções da personalidade, suas expressões, qualidades ou atributos são bens
jurídicos e se apoiam no Direito Positivo.

Os direitos da personalidade, segundo Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald,


encontram-se enraizados nas esferas mais íntimas da pessoa e não são mensuráveis
economicamente, voltados à afirmação dos seus valores existenciais. Sendo assim, se
constituem verdadeiros direitos subjetivos. Segundo Orlando Gomes, nos direitos da
personalidade estão compreendidos os direitos essenciais à pessoa humana, a fim de
resguardar a sua própria dignidade. Segundo Gustavo Tepedino: “os direitos atinentes à
tutela da pessoa humana, são considerados essenciais à sua dignidade e integridade”.
Os direitos da personalidade são uma categoria especial de direito, diferente dos
direitos obrigacionais e dos direitos reais. Por meio dos direitos de personalidade se
protegem a essência da pessoa e suas principais características. Os objetos dos direitos
da personalidade são os bens e os valores considerados essenciais para o ser humano.
Segundo San Tiago Dantas, os direitos da personalidade se enquadram em uma nova
categoria de direitos, que têm como objeto os próprios bens da personalidade, como a
vida, a honra, a integridade corpórea.

Limongi França enuncia que os direitos da personalidade são “as faculdades


jurídicas cujo objeto são os diversos aspectos da própria pessoa do sujeito, bem assim as
suas emanações e prolongamentos”. Sendo assim, segundo Limongi França, esses
direitos de personalidade são “verdadeiros direitos autônomos”. Segundo Adriano de
Cupis, há no ordenamento jurídico, uma hierarquia entre os bens. O objeto dos direitos
da personalidade são os bens de maior valor jurídico, sem os quais os outros perdem
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

valor. São os bens da vida, da integridade física, da liberdade. São caracterizados por
uma não-exterioridade.

Os direitos de personalidade são direitos que são próprios da pessoa. Não se trata
de Direito à Personalidade, mas de direitos que decorrem da personalidade humana, da
condição de ser humano. Com o s direitos da personalidade, protege-se o que é próprio
da pessoa, bem como os bens jurídicos mais fundamentais. A teoria geral dos direitos de
personalidade apresenta-se recente, consolidando-se após a Segunda Guerra Mundial,
em razão dos abusos, buscou-se a proteção da pessoa em si mesma considerada e sua
dignidade, bem como após a formação de uma sociedade repleta de meios de
comunicação em massa, tornando situações acerca da imagem, honra, nome e
intimidade mais lesivas.
Os jusnaturalistas concebem os direitos de personalidade como direitos naturais,
ou seja, estes derivam da razão, algo inerente ao homem. Os positivistas concebem os
direitos de personalidade enquanto direitos outorgados à sociedade pelo Estado, sendo
direitos de personalidade apenas aqueles que derivam de lei latu sensu, enquanto norma
posta pelo Estado, reduzindo o direito ao fenômeno estatal legislativo.
Outros juristas concebem os direitos de personalidade como direitos positivos
porque, independentemente do Estado, são os direitos que emanam da sociedade em
dado momento histórico, surgindo da conjuntura social, política, econômica e cultural
que devem ser protegidos e reconhecidos, sobretudo pelo Poder Judiciário, mesmo sem
sua inserção em lei stricto sensu. Há ainda os doutrinadores de direitos de
personalidade, esta prevalece mesmo diante de lei stricto sensu que estabeleça o
contrário.

Renan Lotufo entende que os direitos de personalidade têm natureza de direito


positivo. Para Carlos Alberto Bittar, os direitos de personalidade são direitos inatos,
“cabendo ao Estado apenas reconhecê-los e sanciona-los”. Para Bittar, os direitos de
personalidade antecedem o direito positivo e dele independem, embora sua positivação
possibilite uma tutela mais específica e eficaz. Entende que não é o Estado que cria os
direitos, mas que estes existem na consciência popular e no direito popular, devendo o
Estado reconhecê-los.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

No mundo jurídico, atualmente, reconhecem-se cada vez mais direitos,


sobretudo os de conteúdo não patrimonial. A evolução do sistema objetivo (direito
positivo) e do sistema científico (evolução doutrinária) leva ao reconhecimento, a cada
dia, de novos direitos de personalidade. À medida que a sociedade se torna mais
complexa e as violações às pessoas proliferam, até mesmo como decorrência de certos
usos dos conhecimentos tecnológicos, novas situações demandam proteção jurídica.
Sendo assim, os direitos de personalidade são direitos jurídicos em expansão.

Sendo assim, nem os direitos de personalidade presentes na Constituição


Federal, nem a listagem contida no texto do Código Civil de 2002 são listas exaustivas
ou taxativas dos direitos de personalidade. Pelo contrário, são listas apenas
exemplificativas e refletem dado momento histórico que está em veloz mutação.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
§ 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não
excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela
adotados, ou dos tratados internacionais em que a República
Federativa do Brasil seja parte.

Há divergências quanto à forma de proteção dos direitos de personalidade: se se


trata de uma lista de direitos autônomos entre si ou de um direito geral que tem como
conteúdo a pessoa humana em seus vários aspectos, mas reunidos numa unidade. Isso
revela a existência de duas correntes: a pluralista e a monista respectivamente. Dessa
forma, alguns falam de um direito geral de personalidade, enquanto outros falam de
uma pluralidade de direitos de personalidade. Para Pietro Perlingieri, há uma cláusula
geral de tutela da pessoa humana, este vê na tipificação dos direitos de personalidade a
justificativa histórica para limitar a sua tutela.

Segundo Adriano Cupis, em qualquer campo do direito, público ou privado, o


rol desses direitos é apenas exemplificativo, nunca taxativo, pois uma lista completa dos
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

direitos de personalidade é impossível. Segundo Carlos Bittar, a doutrina e a


jurisprudência são responsáveis por enriquecer o rol dos direitos de personalidade,
salientando a necessária flexibilidade para as transformações ocorridas na sociedade.
Dentre os que entendem que os direitos de personalidade são uma pluralidade de
direitos, há ainda uma corrente de doutrinadores que concebe uma série aberta dos
direitos de personalidade, em oposição a uma concepção fechada, taxativa, sendo
previstos legalmente de forma específica. A doutrina brasileira não dispõe de uma
concepção fechada.

Para a efetiva proteção dos direitos da personalidade, é preciso garantir uma


interpretação do direito que o considere um instrumento versátil e flexível, capaz de se
adaptar às novas circunstâncias que surgem a cada dia na sociedade. Conceber os
direitos de personalidade com significados rígidos, fechados ou a-históricos impede a
efetiva concretização da ampla proteção da pessoa. O Direito não está separado da
sociedade. Ao contrário, é um dos elementos que a compõem, sofrendo, portanto,
constantes influências.

Os direitos de personalidade são direitos inatos (direito que adquire-se ao nascer


com vida, não sendo necessário atender à outro requisito, ao nascer adquirem-se os
direitos de personalidade sem ter de realizar qualquer ato jurídico de aquisição de
direito), inobstante o nascituro pode ter direito à personalidade, no sentido jusnaturalista
tais direitos são considerados naturais, não decorrendo de lei e precedendo o
ordenamento.

São direitos vitalícios, sedo para a vida toda, não sendo possível os perder
durante a existência, visto que protegem o que a pessoa é. Segundo a dogmática ao
falecer, tais direitos cessam, sendo assim se extinguem com a própria pessoa sendo
caracterizados como intransmissíveis, mesmo após a morte, não se transmitem por
sucessão, embora continuem a ser protegidos pelo ordenamento.

São absolutos, ou seja, oponíveis “erga omnes”, dispondo de eficácia contra


todos, se opondo ao direito relativo (devedor específico), sendo assim é exigível o
cumprimento e a observância de todos, gerando para toda a coletividade o dever geral
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

de abstenção, de não-intromissão nos direitos de personalidade de uma pessoa. Todos


dispõem desses direitos, sendo necessários, visto que não se admite a ausência de
qualquer um deles para o desenvolvimento da própria vida, sendo imprescindíveis à
própria existência.

São extrapatrimoniais, visto que o objeto/conteúdo é insuscetível de avaliação


pecuniária, bem como não possuem conteúdo pecuniário direto, inobstante é preciso
destacar os contratos de utilização da imagem ou nome vinculados à determinado
produto, evidencia que o exercício ao direito à imagem pode ser oneroso ou
remunerado. São indisponíveis, visto que o titular não pode privar-se de seus direitos da
personalidade, o que é muito mais do que intransmissibilidade, ou inalienabilidade.

Quando um direito de personalidade é violado gera dano moral


(extrapatrimonial), podendo gerar dano material (resposta ao dano moral). São direitos
indisponíveis, ou seja, inalienável (não pode se doar ou vender, sendo assim, não há
aquisição ou extinção de direitos de personalidade, por meio de negócios jurídicos, visto
que estes se constituem como inerentes ao homem) e irrenunciável , os indivíduos não
deixam de tê-los apenas por mera declaração de vontade.

São imprescritíveis, não se extinguem pelo decurso do tempo nem pelo não-uso
ou pela demora em defende-lo judicialmente, não sendo possível o estabelecimento de
prazos para o seu exercício, sendo assim o indivíduo pode a qualquer momento exigir o
respeito aos seus direitos de personalidade, visto que estes não prescrevem. É
importante destacar, entretanto, que a indenização por dano moral prescreve no prazo de
3 anos.

O exercício dos direitos da personalidade pode sofrer limitação voluntária, desde


que não seja permanente, nem geral. O ato de disposição de um direito da personalidade
há de ser transitório (limitado no tempo) e específico (afinal, ninguém pode abrir mão
de toda a sua personalidade). É possível, por exemplo, ceder o uso da imagem para a
edição específica de uma revista, mas não é possível autorizar o uso indeterminado da
imagem, sem limites temporais. Admite-se a cessão de direitos autorais e a doação de
órgãos humanos duplos ou regeneráveis, denotando a relatividade da indisponibilidade
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

que caracteriza tais direitos. Além de não ser genérico ou permanente, o ato de
disposição não pode violar a dignidade do titular.

CAPÍTULO II
DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE
Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da
personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não
podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.
Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito
da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de
outras sanções previstas em lei.
Parágrafo único - Em se tratando de morto, terá legitimação para
requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente,
ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.
Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de
disposição do próprio corpo, quando importar diminuição
permanente da integridade física, ou contrariar os bons
costumes.
Parágrafo único - O ato previsto neste artigo será admitido para
fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial.
Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a
disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para
depois da morte.
Parágrafo único - O ato de disposição pode ser livremente
revogado a qualquer tempo.
Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com
risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.
Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos
o prenome e o sobrenome.
Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem
em publicações ou representações que a exponham ao desprezo
público, ainda quando não haja intenção difamatória.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em


propaganda comercial.
Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da
proteção que se dá ao nome.
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração
da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de
escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição
ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas,
a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se
lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se
destinarem a fins comerciais.
Parágrafo único - Em se tratando de morto ou de ausente, são
partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os
ascendentes ou os descendentes.
Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a
requerimento do interessado, adotará as providências necessárias
para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma.

DIREITO À IMAGEM

A importância da imagem na história da humanidade não é recente. No mundo


pós-moderno, marcado pelo avanço tecnológico, pelo uso da internet e pela facilitação
na captação de imagens, representada por equipamentos eletrônicos e digitais, a
preocupação com a tutela da imagem é evidente. A massificação no uso da imagem
permite uma fácil e veloz exploração da imagem das pessoas.

O Direito à Imagem é de grande elasticidade, cuidando da proteção conferida à


pessoa em relação à sua forma plástica e aos respectivos componentes identificadores
(rosto, olhos, perfil, busto, voz, características fisionômicas, etc), ou seja que a
identificam na coletividade, deixando antever um amplo espectro, formado por um
conjunto de características que permitem a sua identificação no meio social. Trata-se de
um direito exclusivo e excludente de alguém ser identificado e proteger a sua
identificação na sociedade em que vive.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

Efetivamente, a imagem corresponde à exteriorização da personalidade, bem


como a expressão exterior sensível da individualidade humana, englobando, a um só
tempo, a reprodução fisionômica do indivíduo, bem como as características
comportamentais que o tornam particular, destacando, nas relações sociais. Tal
elasticidade conceitual decorre da proteção constitucional da imagem, que engloba no
conceito de imagem: imagem-retrato, imagem-atributo e a imagem-voz. A imagem-
retrato refere-se à representação física da pessoa (imagem-física), visto que é uma das
principais formas de identificação de um indivíduo, ou seja, às características
fisionômicas do titular, à representação de uma pessoa pelo seu aspecto visual, tanto no
aspecto estático (pintura), quando dinâmico (filme). Sendo importante ressaltar que a
imagem também pode ser uma representação ou caricatura.

A imagem-atributo é o consectário natural da vida em sociedade, consistindo no


conjunto de características peculiares da apresentação e da identificação social de uma
pessoa. Diz respeito, assim, aos seus qualificativos sociais, aos seus comportamentos,
não se confundindo com a imagem exterior, cuidando na verdade, de seu retrato moral,
o que se atribui à pessoa. A imagem-voz concerne à identificação de uma pessoa através
do seu timbre sonoro. É importante ressaltar que o direito é somente um, apenas
projetando-se em diferentes aspectos.

O Direito à Imagem é autônomo, sendo assim não se encontra submetido à honra


ou privacidade e, sequer, à exploração econômica, sendo assim, deve-se tecer crítica em
relação ao art. 20 do Código Civil que afirma que a proteção do direito à imagem só é
possível se existir violação da honra ou privacidade, visto que de acordo com a
constituição, a simples utilização indevida da imagem de uma pessoa, mesmo sem
afronta à sua honra e sem exploração comercial, já impõe a reparação por dano, a partir
do garantismo constitucional.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo,


além da indenização por dano material, moral ou à imagem;

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a


imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo
dano material ou moral decorrente de sua violação;

Súmula 403, Superior Tribunal de Justiça:

“Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de


imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais.”

A utilização da imagem do empregado não integra a dimensão do contrato de


trabalho, sendo vedado ao patrão explorar a imagem do seu trabalhador, salvo a
disposição em contrário. Conforme a Lei de Direitos Autorais, além de tutela o
inventor, estende a proteção ao retratado e ao artista intérprete ou executante, também
cuidando da proteção à imagem como um direito de autor, sendo assim a lei estabelece
regras para a exibição e reprodução das conferências, obras dramáticas e musicais,
coreografias, dentre outras.

O denominado direito de arena, possibilita que a imagem dos atletas seja


explorada pelo seu clube, visto que é inerente ao exercício desta profissão. As pessoas
jurídicas também são titulares do direito à imagem, sendo a elas somente reconhecido o
direito à imagem-atributo, visto que em razão da estrutura biopsicológica, não possui,
por evidente, a imagem-retrato e, muito menos, a imagem-voz.

Art. 42. Pertence às entidades de prática desportiva o direito de


arena, consistente na prerrogativa exclusiva de negociar,
autorizar ou proibir a captação, a fixação, a emissão, a
transmissão, a retransmissão ou a reprodução de imagens, por
qualquer meio ou processo, de espetáculo desportivo de que
participem.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito


da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de
outras sanções previstas em lei.

Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para


requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente,
ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.

Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração


da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de
escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição
ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas,
a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se
lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se
destinarem a fins comerciais.

Dessa forma, a proteção ao direito à imagem se aperfeiçoa através de tutela


preventiva (inibitória), com o escopo de impedir que o dano ocorra ou se alastre. Não
afastando, de qualquer modo, a possibilidade de tutela repressiva, através de ação de
indenização por danos extrapatrimoniais, quando o dano já se concretizou.

Não é possível que o indivíduo se separe da própria imagem. Sendo assim, é


preciso o consentimento do titular a fim do uso da imagem por terceiros, especialmente
atualmente em que há uma grande facilidade de acesso aos meios de comunicação e às
redes sociais, bem como uma fácil propagação de imagem das pessoas por meio da
internet. Dessa forma, o direito à imagem admite cessão gratuita ou onerosa, expressa
ou tácita (implícito, informal), muitas vezes concedida por meio de um contrato,
principalmente se o fim tiver cunho econômico. Segundo Luiz Araújo: o consentimento
“torna a utilização devida, correta, revestindo-a de legalidade”.

Caso indivíduo autorize expressa ou tacitamente a sua fotografia e esta


posteriormente for publicada, este tem direito de reparação do dano à imagem, sem
prejuízo de reparação do eventual dano à honra ou à privacidade, em geral. Inobstante,
caso não tenha consentido ou havendo indevida publicidade ou desvio de finalidade, é
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

cabível a indenização, bem como se o consentimento for desvirtuado ou se houver


exploração econômica da imagem.

É evidente que, estando em local público, há uma presunção de publicidade da


imagem, em especial quando o fato for de interesse social e estiver sendo coberto
jornalisticamente, assim sendo, se a imagem é captada e está inserida em um conjunto
genérico, sem individualização, não há que se falar em dano, pois se refere a um evento
público, aberto, inobstante caso seja focalizado em plano diferenciado a imagem de
determinada pessoa que está em evento público, sem a sua autorização, estará, sem
qualquer dúvida caracterizada a violação ao direito à imagem.

A proteção à imagem não é ilimitada, ou absoluta, encontrando restrição no


sistema jurídico, em razão da dinâmica da ciência jurídica, sendo assim o exercício do
direito à imagem não pode afrontar os interesses e a finalidade social do direito, não
servindo para objetivos egotísticos, em detrimento da confiança despertada na
coletividade. Sendo assim, a codificação relativiza o direito à imagem,
independentemente do consentimento do titular, em nome do interesse público (rectius
social).

Exemplo típico da mitigação da proteção à imagem pela preponderância do


interesse público é o uso da imagem decorrente de investigação criminal, com a
divulgação do retrato de um foragido em órgãos de imprensa e programas jornalísticos,
sendo assim tal veiculação seria legítima, em virtude da segurança pública. Situações
em que também se sobrepuja o interesse coletivo é a utilização da imagem para fins
históricos, como a construção de monumentos ou veiculação em livros narrativos. A
imagem de pessoas públicas também sofre flexibilização, visto que a projeção da sua
personalidade extrapola os seus limites individuais, espalhando-se no interesse de toda
coletividade.

Sendo assim, segundo Cristiano Chaves em Nelson Rosenvaldi, somente se


justifica a utilização da imagem de terceiro quando se tratar de notícia ou fato de grande
interesse coletivo e social, autorizando a relativização da imagem do titular. Dessa
forma, há uma preponderância do interesse social que supera valorativamente, a
proteção individual da imagem, justificando a sua mitigação, captação e divulgação.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração


da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de
escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição
ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas,
a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se
lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se
destinarem a fins comerciais.

Crianças marginalizadas ou em situação de risco não podem ter imagem


vinculada, bem como situações envolvendo acidentes, mortes, assassinatos, a imagem
de corpos mortos acidentados e mutilados expostos não devem ser veiculadas, na
imprensa, visto que se configura situação de abuso. Existem situações em que a foto é
lícita, porém o contexto em que foi utilizada apresenta-se abusivo, gerando a lesão e
ferindo a imagem-atributo. A veiculação de fotos e filmes de criminosos é abusiva.

Os direitos da personalidade são estudados sob a ótica do direito privado,


considerados como a garantia mínima da pessoa humana para as suas atividades internas
e para as suas projeções ou exteriorizações para a sociedade. De outro lado, as
liberdades públicas, segundo Roberto Lisboa: “são condutas individuais ou coletivas
realizadas de forma autodeterminada, em face da autorização expressa ou implícita,
conferida pelo Estado”, sendo assim, segundo Gilberto Haddad, “as liberdades públicas
surgem quando o Estado consagra os direitos individuais ou fundamentais”.

Sendo assim, enquanto os direitos da personalidade são percebidos pela ótica


privativista, afirmando a tutela da pessoa humana, bem como estabelecendo condutas
negativas da sociedade (obrigação de não fazer, isto é, não violar a personalidade de
outrem), as liberdades públicas, referentes à esfera pública, correspondem imposições a
partir e garantias constitucionais, visando assegurar os direitos da personalidade.

Segundo a Carta Constitucional, está prevista a liberdade de imprensa, sem prévia


censura, como consectário da própria liberdade de pensamento e de expressão. Sendo
assim, cuida-se do direito de livre manifestação de pensamento pela imprensa,
assegurada a informação pelos seus variados e diversos órgãos.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:

IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o


anonimato;

IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística,


científica e de comunicação, independentemente de censura ou
licença;

Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão


e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não
sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta
Constituição.

§ 1º - Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir


embaraço à plena liberdade de informação jornalística em
qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto
no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV.

É mister destacar que na sociedade contemporânea- aberta, plural, multifacetária e


globalizada, a expressão imprensa ganha contornos mais amplos, abrangendo diferentes
meios de comunicação ou informação, tais como jornais, revistas, televisão, rádio e
internet. No sentido democrático, de direito a liberdade de imprensa não pode estar
submetida à prévia censura e, a outro giro, os direitos da personalidade também
mereceram especial proteção constitucional.

Dessa maneira, o exercício do direito de informação não pode ser admitido em


caráter absoluto, ilimitado, ultrapassando o limite das demais garantias constitucionais,
sendo imperioso estabelecer limites ao direito de informar, a partir da proteção dos
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

direitos da personalidade, especialmente com base na tutela fundamental da dignidade


da pessoa humana.

Em caso de colisões entre direitos, especialmente de direito da personalidade e


liberdade de imprensa e liberdade de expressão, é certa a inexistência de qualquer
hierarquia, impõe-se então a técnica da ponderação dos interesses, buscando averiguar
qual o interesse que se sobrepuja, na proteção da dignidade humana (protegendo o
direito de maior amplitude causuística, sem suprimir o outro).

A veiculação de informação a bem de interesse público pode ser realizada, sendo


importante distinguir interesse público de interesse do público, sendo assim a
divulgação de eventuais apurações procedidas no âmbito do inquérito policial não é
considerada abusiva também, visto que a jurisprudência já afirmou que a veiculação de
fatos, inseridos em matéria jornalística, baseada em fatos de interesse público, sem
extrapolar o direito à crítica, em casos que ostentam gravidade e ampla repercussão
social, não caracteriza dano moral indenizável. Sendo assim, toda publicação
jornalística traz consigo uma compreensão dos efeitos sobre terceiros delas decorrentes,
quando se tratar de agente público envolvido em um fato público, trata-se da cláusula da
modicidade.

“A corte registra também que, em se tratando de agente público, ainda que


injustamente ofendido em sua honra e imagem, ‘subjaz à indenização uma imperiosa
cláusula de modicidade. Isto porque todo agente público está sob permanente vigília da
cidadania. E quando o agente estatal não prima por todas as aparências de legalidade
e legitimidade no seu atuar oficial, atrai contra si mais fortes suspeitas de um
comportamento antijurídico francamente sindicável pelos cidadãos”. Ou seja, para os
ministros a crítica jornalística sobre esses agentes não é suscetível de censura, mas não
está livre de reparação por danos morais.”

Inobstante, noticias desabonatórias veiculadas, que vulneram a privacidade ou


imagem de outrem, caracteriza-se como abusiva, visto que lesa a dignidade humana,
mesmo que os fatos veiculados estejam, de fato, sendo apurados pela Polícia ou pelo
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

Ministério Público. Não se pode, portanto, tolerar que a imprensa venha a se valer de
seu prestígio e alcance para impor prejuízo aos direitos da personalidade de qualquer
pessoa, atentando contra a sua honra, imagem ou intimidade.

Súmula 221 – STJ

“São civilmente responsáveis pelo ressarcimento de dano, decorrente de publicação


pela imprensa, tanto o autor do escrito quanto o proprietário do veículo de
divulgação.”

Segundo Edílsom Farias, não é possível: “confundir censura com controle


jurisdicional da legalidade no exercício da liberdade de comunicação social, que é
função reservada aos juízes e tribunais na democracia constitucional”. O certo é que a
regra geral é a liberdade de imprensa. Entrementes, essa ampla divulgação e
manifestação de fatos não é ilimitada ou absoluta encontrando restrições, dentre outras
hipóteses, nos direitos da personalidade, coibindo abusos na veiculação de notícias.

É coerente, portanto, também antever a existência de limites ao exercício da


liberdade à expressão. Impor limites à liberdade de expressão é manter acesa a luz
contra o preconceito e à intolerância, que atingem, em especial, as minorias sociais,
étnicas e econômicas. Em síntese conclusiva, infere-se que a liberdade de imprensa e a
liberdade de expressão, consagradas constitucionalmente não têm caráter absoluto,
podendo sofrer flexibilização no caso concreto, quando algum direito fundamental,
também assegurado constitucionalmente reclame proteção privilegiada.

DIREITO À INTIMIDADE

DIREITO À PRIVACIDADE

Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do


interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato
contrário a esta norma.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

Existe uma parte da vida do indivíduo que deve ser protegida e tutelada, visto que
deriva da intimidade e privacidade da pessoa natural. A pessoa pode revelar dados da
sua privacidade, porém esta não pode ser obrigada a divulga-los caso não haja situação
suficientemente justificadora.

A vida privada é o refúgio impenetrável pela coletividade, merecendo proteção,


ou seja, é o direito de viver a sua própria vida em isolamento, não sendo submetido à
publicidade que não provocou e nem desejou. Consiste no direito de obstar que a
atividade de terceiro venha a conhecer, descobrir ou divulgar as particularidades de uma
pessoa. Exemplo de violação à vida privada pode ser apresentado com a quebra do
segredo de correspondência ou com a violação indevida do sigilo bancário, fiscal e
telefônico.

Sendo assim, o direito à vida privada é plástico, dinâmico, variando conforme a


cultura e os valores de um lugar para o outro, visto que é dificílima a delimitação do
direito à vida privada, em razão da diferença cultural, das tradições e dos costumes entre
os povos.

A proteção da vida privada, como um bem jurídico integrante da personalidade,


funda-se no legítimo interesse de salvaguardar do conhecimento alheio tudo o que diz
respeito à esfera íntima de uma pessoa.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:

V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo,


além da indenização por dano material, moral ou à imagem;

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a


imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo
dano material ou moral decorrente de sua violação;

XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela


podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso
de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou,
durante o dia, por determinação judicial;

XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das


comunicações telegráficas, de dados e das comunicações
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de
investigação criminal ou instrução processual penal;(Vide Lei nº
9.296, de 1996)

LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais


quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;

Dessa forma, trata-se da vida pessoal do ser humano, perpassando de um aspecto


interior incluindo o aspecto amoroso, sexual, religioso, familiar, sentimental de uma
pessoa, até um aspecto externo, muito mais amplo. Sendo assim, saúde,
relacionamentos, religião, preferência sexual são acontecimentos que encontram-se na
vida privada, sendo alguns de conhecimento de um grupo e outros, de bem menos
pessoas.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

A vida intima seria um grau mais protegido da privacidade. Na intimidade


existem informações de conhecimento exclusivo daquela pessoa. O Direito a
privacidade se apresenta, também, como útil instrumento para realizar a dignidade
humana em perspectiva social e econômica, sendo mecanismo de proteção da pessoa
humana contra violências perpetradas à sua esfera individual nos mais diversos
ambientes, em que muitas vezes encontra-se em situação de vulnerabilidade. A tutela da
privacidade, nessa projeção coletiva, incumbe ao Ministério Público, a quem se conferiu
a defesa dos interesses transidividuais.

“O Direito à vida privada posiciona-se como gênero ao qual pertencem o direito


à intimidade e o direito ao segredo. A vida privada é esfera que concentra, em escala
decrescente, outros direitos relativos à restrição de vida pessoal de cada um”.

Gilberdo Haddad

O direito à intimidade consiste em resguardar dos sentidos alheios as informações


que dizem respeito, apenas, ao titular, ao passo que o direito ao segredo é fundado na
não divulgação de fatos da vida de alguém. Eventualmente, o segredo pode tocar o
interesse da coletividade ou do Estado, podendo ser flexibilizado, quando houver justa
motivação.

Dessa forma, o direito ao segredo pode ser mitigado quando um valor jurídico for
mais denso, em ponderação de interesses. A intimidade, entretanto, jamais manterá
correlação com terceiros, sempre se enfeixando na personalidade do seu titular. Sendo
assim, é possível concluir que nem toda informação privada é íntima, embora toda
intimidade seja privada.

Sobre as pessoas notórias existe muita controvérsia sobre o que seria protegido
pela privacidade e sobre o que estaria no âmbito público. Em razão da grande exposição
ao público, é como se a proteção ao âmbito da vida privada fosse menor, visto que
muitos acontecimentos fazem parte da vida pública. A mídia divulgar certas situações
são de abuso, caso estas não tragam nenhuma utilidade pública, servindo apenas para
saciar a curiosidade popular.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

É importante destacar, portanto, que no que tange ao direito à vida privada das
pessoas públicas, contrariamente ao que ocorre com o direito à imagem, não há uma
relativização tão intensa da proteção dedicada pelo sistema.

Se é certo, por um lado, que a privacidade das pessoas notórias se sujeita a um


parâmetro de aferição “menos rígido do que os de vida estritamente privada. Isto
decorre, naturalmente, da necessidade de autoexposição, de promoção pessoal ou do
interesse público na transparência de determinadas condutas.

Inobstante, isso não quer significar que as celebridades percam a proteção de sua
privacidade, o direito à vida privada lhes é garantido constitucionalmente e tem que ser
tutelado. Dessa forma, as pessoas públicas têm todo o direito de ter sua imagem
preservada. Não é pelo fato de adquirirem relevância social que tais pessoas não
mereçam gozar da proteção legal para excluir terceiros, inclusive a imprensa, do seu
âmbito de intimidade.

No debate entre o direito à privacidade e o direito à informação e à liberdade de


expressão, surge o interessante questionamento a respeito da publicação de biografias
não autorizadas de pessoas públicas. A questão econômica é preponderante, visto que as
editoras desejam ter o nicho de mercado e os biografados sentem-se prejudicado, visto
que as editoras lucram e os biografados restam alheios ao lucro.

Em se tratando de fatos públicos, envolvendo a vida privada de pessoas públicas,


parece razoável admitir a publicação de biografias, por conta da liberdade de expressão
– que é valor jurídico afirmado constitucionalmente. Inobstante, a falta de autorização
do biografado (ou dos seus herdeiros, no caso de uma biografia póstuma) não se mostra
um empecilho, em face do caráter público dos fatos.

No entanto, em se tratando de detalhes particulares da vida privada de uma pessoa


(inclusive das pessoas públicas), considerando que a liberdade de expressão não pode
ser absoluta, é possível pensar na incidência dos instrumentos da responsabilidade civil,
com vistas à proteção dos direitos de personalidade.

Inobstante, é importante destacar que se a violação atinge, a um só tempo, a


privacidade do titular e algum outro bem jurídico, haverá uma dupla ilicitude e, por
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

conseguinte, serão devidas tantas indenizações quantos sejam os bens jurídicos


violados.

A utilização dos instrumentos do direito indenizatório, no que diz respeito às


biografias não autorizadas, evidencia uma solução possível para a harmônica
convivência entre a liberdade de expressão e a intimidade do biografado. Sendo assim, é
preciso uma ponderação dos interesses conflitantes, conduzindo ao entendimento de que
biografar é uma descrição de coisas já acontecidas, é a atividade de quem apenas
descreve o modo pelo qual o biografado viveu e já exteriorizou a sua intimidade e a sua
vida privada.

Noutros termos, o ato de biografar não se traduz em interceptar escuras


telefônicas, teleobjetivar recintos privados ou qualquer outra forma de obstruir o direito
eu assiste à pessoa humana de desfrutar de uma vida íntima e manter relações de
natureza privada. Dessa forma, caso a biografia não autorizada descambe para o campo
da invencionice ou da distorção dos fatos, com violação da personalidade do biografado,
será cabível a utilização dos mecanismos reparatórios do Direito Civil.

É importante ressaltar que ao lado de biografias sérias e embasadas em ampla e


consistente pesquisa fática, o mercado editorial também disponibiliza trabalhos que
beiram a leviandade. Sendo assim, o que se pretende não é a aniquilação de um gênero
literário (biografias), mas a sua compatibilização com a proteção dedicada pelo Texto
Constitucional à vida privada.

O cantor Roberto Carlos obteve autorização judicial para a apreensão dos


exemplares de uma biografia não autorizada que revelava situações relativas à sua vida
e o Poder Judiciário de Sergipe suspendeu a publicação da obra referente à Lampião,
visto que levantava a hipótese sobre a sua homossexualidade.

No Supremo Tribunal Federal tramita a ADIn 4815, proposta pela ANEL que
postula a interpretação conforme a Constituição dos arts. 20 e 21 do Código Civil,
afastando do ordenamento civil brasileiro a necessidade do consentimento da pessoa
biografada para a publicação ou veiculação de obras bibliográficas referentes a “pessoas
públicas ou envolvidas em acontecimento de interesse coletivo”.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

Acerca das revistas pessoais, caso sejam utilizadas com razoabilidade, em


atividades laborativas nas quais há riscos de subtração de produtos da empresa e sem
afrontar a dignidade do trabalhador, a revista pessoal pode ser admitida.

É ainda importante destacar que constitui afronta à personalidade humana, em


virtude da violação da vida privada, a submissão do trabalhador a testes pré-
admissionais e provas grafológicas em que tenha de revelar aspectos de sua intimidade,
como aqueles ligados à sua sexualidade, ao uso de substâncias entorpecentes, doenças
na família ou outras opções pessoais.

A linha entre a vida privada e pública é tênue e ainda tendo em vista a sociedade
contemporânea, o próprio titular da personalidade pode, expressa ou tacitamente,
relativizar a sua vida privada.

DIREITO À HONRA

“Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na sua família, no seu
lar ou na sua correspondência, nem a ataques à sua honra e reputação. Toda pessoa
tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques.”

Declaração Universal dos Direitos do Homem

Honra é a dignidade pessoal e a consideração que a pessoa desfruta no meio em


que vive. É o conjunto de predicados que lhe conferem consideração social e estima
própria. É a boa reputação.

O Direito à Honra concerne ao prestígio social do seu titular, esta protege a pessoa
humana contra ataques que podem macular sua boa fama social. Sendo assim, a soma
dos conceitos positivos que cada pessoa goza na sua vida em sociedade tem como
resultado que se convencionou chamar de honra.

Em outras palavras, o direito à honra “tem pertinência com a projeção social da


respeitabilidade e estima conquistada pelo indivíduo no seu ambiente e na sociedade”.
Dessa forma, trata-se da necessária defesa da reputação da pessoa, abrangendo o seu
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

bom nome e a sua boa fama que desfruta na comunidade, em seus mais diversos
âmbitos, social, familiar, profissional, empresarial.

O código penal estabelece três crimes contra a honra. A honra no aspecto


subjetivo é a auto-estima da pessoa, conceito que a pessoa tem de si mesma, a auto-
consideração, o auto-respeito, a estima pessoal, bem como o sentimento de valorização
pessoal. No aspecto objetivo, conceito externo, o direito à honra protege o conceito que
os outros fazem daquela pessoa (reputação que terceiros dedicam a alguém), ou seja, o
que as pessoas do seu meio tem como conceito, consideração e respeito a essa pessoa.

Ao ofender uma pessoa visando abalar sua auto-estima, humilhando-a perante si


mesma, fazendo que perca o respeito que tem por si mesma, afronta-se a honra no
aspecto subjetivo, podendo ser considerada crime de injúria. Admite a exceção da
verdade (exceptios veritatis).

Na calúnia, há a acusação de que a pessoa cometeu um crime sem que haja provas
que ela tenha o cometido, acusação leviana que não se embasa em fatos, visando
modificar o que as pessoas pensam da vítima, ofendendo a sua honra objetiva. Admite a
exceção da verdade.

Na difamação, a pessoa não é acusada de crime, mas é ofendida em sua reputação


e bom conceito social que goza no seu meio, atingindo, portanto, sua honra objetiva. Na
difamação mesmo que se prove que é verdade não se admite como defesa tal fato.

Injúria
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o
decoro:
Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou
diretamente a injúria;
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por
sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes:
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa, além


da pena correspondente à violência.
§ 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a
raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa
ou portadora de deficiência:49

Calúnia
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato
definido como crime:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação,
a propala ou divulga.

§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos.

Difamação
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua
reputação:

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.

A vida em sociedade impõe limites, de ordem ética e jurídica, para que as


pessoas não sejam molestadas em sua reputação, por conta da liberdade de expressão
alheia. No plano civil tem-se o ressarcimento do dano causado ao ofendido pela injúria
e pela calúnia. A lei de imprensa que regula a liberdade de manifestação do pensamento
e de informações considera crime, na forma definida na lei, os abusos cometidos
utilizando-se os meios de informação e divulgação, com a prática de calúnia, difamação
e injúria, inclusive contra a memória dos mortos.

A indenização por danos morais tem natureza compensatória, não servindo para,
efetivamente, reparar o prejuízo sofrido, exigindo-se ainda o equilíbrio no arbitramento
do valor indenizatório, não podendo ser leve a ponto de não servir de desestímulo ao
lesante nem robusta de modo a propiciar o enriquecimento sem causa da vítima.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

Essa lei assegura o direito de resposta às pessoas naturais ou jurídicas atacadas


em sua honra, pelo mesmo jornal, emissora ou agência de notícias publicando-se a
resposta ou retificação da mesma forma que foi divulgada a publicação ofensiva.
Segundo Francisco Amaral, as pessoas jurídicas também tem o direito a reparação por
dano moral.

Em dezembro de 2013, emergiu decisão de por ser pessoa jurídica, pólo


econômico, não sofre ofensa à honra. Sendo assim, ao ter reputação abalada, a perda
revela-se econômico, aduzindo a uma companha para recuperar tal credibilidade, porém
não há violação à hora. Inobstante, a maior parte da doutrina acredita que a pessoa
jurídica é dotada de honra objetiva, dispondo também de imagem-atributo.

Animus narrandi refere-se à reportagem que apenas narra os fatos, não tecendo
ofenda à pessoa, nem mesmo julgando-a, não há, portanto, violação à honra. O Animus
jocandi é a intenção de fazer humor, podendo esconder inúmera ofensas, violando a
honra da pessoa, tal situação aplica-se a diversos programas de humor, os quais
humorizam personalidades notórias, como políticos, artistas, bem como pessoas de
conhecimento do público em geral, utilizando-se de fato público e conhecido,
caricaturando tais pessoas e situações.

Animus criticandi refere-se às resenhas, mesmo que a crítica seja desfavorável


pode não haver violação à honra. Animus Injuriandi, o jornalista passa a violar a honra.

É importante, destacar alguns artigos referentes à lei de imprensa, que regula a


atividade dos jornalistas no que tange ao respeito à honra e privacidade alheia,
equilibrando tais direitos ao direito de liberdade de manifestação do pensamento e da
informação.

Art. 1º É livre a manifestação do pensamento e a procura, o


recebimento e a difusão de informações ou ideias, por qualquer
meio, e sem dependência de censura, respondendo cada um, nos
termos da lei, pelos abusos que cometer.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

Art. 2º É livre a publicação e circulação, no território nacional,


de livros e de jornais e outros periódicos, salvo se clandestinos
ou quando atentem contra a moral e os bons costumes.

Art. 12. Aqueles que, através dos meios de informação e


divulgação, praticarem abusos no exercício da liberdade de
manifestação do pensamento e informação ficarão sujeitos às
penas desta Lei e responderão pelos prejuízos que causarem.

Art. 20. Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato


definido como crime:

Art.21. Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à


sua reputação:

Art. 22. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou


decoro:

Art. 24. São puníveis, nos termos dos arts. 20 a 22, a calúnia, a
difamação e injúria contra a memória dos mortos.

Art. 27. Não constituem abusos no exercício da liberdade de


manifestação de pensamento e de informação:

I- a opinião desfavorável da crítica, literária, artística,


científica ou desportiva, salvo quando inequívoca a intenção de
injuriar ao difamar.
II- a reprodução, integral ou resumida, desde que não
constitua matéria reservada ou sigilosa, de relatórios, pareceres,
decisões ou atos proferidos pelos órgãos competentes das Casas
Legislativas.
III- noticiar ou comentar, resumida ou amplamente, projetos e
atos do Poder Legislativo, bem como debates e críticas a seu
respeito.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

IV- a reprodução integral, parcial ou abreviada, a notícia,


crônica ou resenha dos debates escritos ou orais, perante juízes e
tribunais, bem como a divulgação de despachos e sentenças e de
tudo quanto for ordenado ou comunicado por autoridades
judiciais;
V- a divulgação de articulados, quotas ou alegações
produzidas em juízo pelas partes ou seus procuradores;
VI- a divulgação, a discussão e a crítica de atos e decisões do
Poder Executivo e seus agentes, desde que não se trate de
matéria de natureza reservada ou sigilosa;
VII- a crítica às leis e a demonstração de sua inconveniência ou
inoportunidade;
VIII- a crítica inspirada pelo interesse público;
IX- a exposição de doutrina ou ideia.

Art.29. Toda pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade


pública, que for acusado ou ofendido em publicação feita em
jornal ou periódico, ou em transmissão de radiofusão, ou a cujo
respeito os meios de informação e divulgação veicularem tal
fato inverídico ou, errôneo, tem direito à resposta ou retificação.

DIREITO AO NOME

Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos


o prenome e o sobrenome.

Considerando que o nome é uma das principais formas de identificação humana, a


sua proteção refere-se à proteção da pessoa humana, o direito ao nome reflete o
direito à identificação pessoal, integrando-se no gênero do direito à integridade
moral, no sentido de que a pessoa deve ser reconhecida em sociedade por
denominação própria, que a identifica e a diferencia.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

Nome é a expressão que distingue a pessoa, ou seja, elemento designativo da


pessoa. Sua importância reside no fato de que as relações jurídicas se estabelecem
entre pessoas, naturais ou jurídicas, cujo exercício dos respectivos direitos exige que
se saiba quem são os titulares. Dessa forma, é através do nome que se personifica,
individua e identifica exteriormente um pessoa, de forma a impor-lhe direitos e
obrigações.

“O nome é elemento individualizador da pessoa, seja física ou jurídica,


designando e distinguindo ‘todo sujeito na sociedade civil’” (Adriano Cupis)

O nome, portanto, constitui-se em interesse essencial da pessoa. O seu direito é


absoluto, produzindo efeito erga omnes, visto que todos têm o dever de respeitá-lo.
É, como os demais direitos da personalidade intransmissível, imprescritível e
irrenunciável, obrigatório, exclusivo, bem como inalienável.

Quanto à aquisição e formação do nome no sistema jurídico brasileiro, existem as


seguintes regras: adquire-se o prenome e o nome da família com o assento do
nascimento no Registro Civil de Pessoas Naturais. Teoricamente, o registrador não
deve registrar nomes suscetíveis de expor a pessoa ao ridículo, inobstante na prática
há exceções, visto que há registradores que não imputam óbices ao registro de nomes
constrangedores, inobstante muitas vezes não registram nomes normais, sem
fundamentos legais. Caso a pessoa encontre-se insatisfeita com nome constrangedor,
sendo maior de idade, pode pedir retificação do nome alegando que este não poderia
ser registrado.

Art. 1.565. Pelo casamento, homem e mulher assumem


mutuamente a condição de consortes, companheiros e
responsáveis pelos encargos da família.
§ 1º Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu o
sobrenome do outro.
§ 2º O planejamento familiar é de livre decisão do casal,
competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e
financeiros para o exercício desse direito, vedado qualquer tipo
decoerção por parte de instituições privadas ou públicas.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

Casamento e divórcio podem efetivar uma mudança de nome, embora não seja
obrigatório, sendo assim o cônjuge assume com o casamento, se quiser, o nome do
outro, podendo também conservar o seu de família. Os filhos reconhecidos assumem
o nome de família de ambos os pais.

Além disso caso filhos gêmeos tenham mesmo prenome deverão ser inscritos com
duplo prenome ou nome completo diverso, para poderem distinguir-se, o filho
adotado assume o sobrenome do adotante e, a pedido deste, ou do adotado poderá
determinar-se a modificação do prenome e sobrenomes caso a criança ainda não
reconheça o seu prenome.

Art. 1.627. A decisão confere ao adotado o sobrenome do


adotante, podendo determinar a modificação de seu prenome, se
menor, a pedido do adotante ou do adotado.

É comum que haja a identificação da criança com o padrasto, possibilitando a


solicitação jucidial a inclusão do sobrenome do padrasto no seu. Não há adoção,
porém por relação sócio afetiva consolidada reconhecida, há o entendimento de
alguns magistrados de que isto gera a obrigação dos direitos de família.

Ao se naturalizar brasileiro, o estrangeiro pode adotar nome aportuguesado, em


razão de muitas vezes dispor de nome cuja pronúncia torna-se difícil na língua
portuguesa, em razão de muitas vezes nem existir tal letra no alfabeto brasileiro. Em
caso de colaboração de pessoa em casos judiciais, causando-lhe problema de ameaça,
há a possibilidade de mudança do nome, bem como no caso de homônimo que traga-
lhe problemas.

O princípio da imutabilidade relativa do nome se refere ao fato de que o nome é


imutável, visto que por estar intimamente ligado à identidade pessoa, permitindo a
sua identificação no meio social, o nome civil só pode ser alterado em circunstâncias
excepcionais, com justa motivação e desde que não imponha prejuízos a terceiros.
Sendo assim, o prenome é definitivo, salvo no caso de evidente erro gráfico ou
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

quando, suscetível de expor ao ridículo seu portador, não tenha sido impugnado pelo
oficial registro civil no ato do registro de nascimento, ou no caso de adoção.

A lei de registro público também permitem a adoção de apelidos públicos ou


apelidos notórios. Os pseudônimos são nomes falsos adotados a fim de esconder o
verdadeiro nome, ou nomes artísticos, não são adotados a fim de enganar, ou violar o
princípio da imutabilidade dos nomes, sendo uma forma de identificação. Inobstante,
ao assinar documentos, deve utilizar o nome de registro.

O patronímico é mutável, em virtude de causas necessárias e causas voluntárias.


São causas necessárias: modificação do estado de filiação, por meio de sentença em
ação de estado, ou reconhecimento, adoção ou desligamento da adoção; casamento
ou separação; alteração do nome do pai e consequentemente, do nome do filho.

Pessoas que realizam cirurgia de mudança de sexo tendem a requerer


judicialmente a modificação dos seus nomes por equivalentes no sexo o qual
adquiriu e recentemente há uma decisão judicial autorizando o registro de novo nome
que represente o que a pessoa é, atualmente, visto que o nome serve para identificar
os indivíduos, podendo se inadequado causar problema para a representação social
da pessoa.

Tal situação é classificada como causa voluntária e segundo Maria Berenice Dias,
o direito à identidade tem assento constitucional, pois está inserido na sua norma de
maior relevância que proclama o princípio dor respeito à dignidade humana. Sendo
assim, nenhuma justificativa é cabível para negar a mudança, não se fazendo
necessária qualquer alteração de dispositivos legais para chancelar a pretensão.

O pseudônimo e os nomes têm proteção similar ao direito à imagem, sendo assim


só devem ser utilizados por terceiros mediante a autorização comercialmente. Nos
casos de interesse público, segurança pública, bem como liberdade de imprensa há a
justificação da utilização do nome. O nome de alguém, assim como a imagem não
cai em domínio público. A marca tem proteção regida pela lei de proteção industrial.

DIREITO À VIDA
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

“O direito à vida é inerente à pessoa humana. Este direito deverá ser protegido
pela lei, e ninguém poderá ser arbitrariamente privado de sua vida”.

Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos de 1996

O Direito à vida e à integridade física ocupa posição capital no sistema dos


direitos de personalidade. É a situação jurídica pessoal mais importante, visto que
sem vida não existe pessoa, inexistindo uma personalidade a realizar-se. A vida
humana, mais do que um estado, é um processo pelo qual um indivíduo nasce, cresce
e morre.

Dessa forma, para o direito é um bem jurídico fundamental, origem e suporte dos
demais direitos, protegidos por vários diplomas legais, como a Constituição da
República, o Código Civil e o Código Penal. A proteção jurídica da vida humana
visa preserva-la, desde o começo até o término, do que decorre a importância de
determinar-se o momento em que ela começa e se extingue, o que marca, aliás o
início e o fim da personalidade jurídica.

O direito subjetivo, que tem a vida humana como bem jurídico, pressupõe três
titulares do dever jurídico de respeitá-lo: o próprio indivíduo, as demais pessoas e o
Estado. O próprio indivíduo tem para consigo o direito-dever de legítima defesa que
consiste na reação contra ação injusta, atual, inevitável, não excedendo o necessário à
defesa.

A vida humana reclama, pois, especialíssima proteção, impondo a repulsa contra


todo e qualquer risco contra a degradação ou destruição de sua integridade. A ordem
jurídica assegura o direito à vida de todo e qualquer ser humano, antes mesmo do
nascimento, punindo o aborto e protegendo os direitos do nascituro.

DIREITO AO CORPO

O Direito ao corpo e o direito ao cadáver são projeções do princípio da


dignidade humana e do direito à integridade física. Considera-se o corpo humano, um
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

bem jurídico, seja o corpo humano nascido, seja apenas o concebido. O corpo humano
sem vida é cadáver, coisa fora do comércio, insuscetível de apropriação, mas passível de
disposição na forma da lei, sendo assim manifesta-se a personalidade post mortem.

Dessa forma, é vedada a destruição, subtração, ocultação ou vilipêndio do


cadáver, visto que este é tutelado juridicamente.

Destruição, subtração ou ocultação de cadáver


Art. 211 - Destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou parte dele:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.

Vilipêndio a cadáver
Art. 212 - Vilipendiar cadáver ou suas cinzas:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.

O direito ao corpo refere-se tanto a este, na sua totalidade, quanto Às partes que
dele se possam destacar e de se individualizar, e sobre as quais a pessoa exerce o direito
de disposição, desde que gratuita e com fins altruísticos ou científicos.

Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a


disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para
depois da morte.

Parágrafo único - O ato de disposição pode ser


livremente revogado a qualquer tempo.

ESTADOS DA PESSOA NATURAL

Estado, se tratando de uma pessoa natural, segundo Francisco Amaral, refere-se


à qualificação jurídica da pessoa resultante da sua posição na sociedade, hábeis a
produzir diferentes consequências. Sendo assim, os sujeitos pertencem à diversos
grupos sociais- como a família, a sociedade política, bem como o grupo profissional e
em cada um deles ocupam posições de que decorrem efeitos jurídicos.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

Ainda, de acordo com Cristiano Chaves e Nelson Rosenvaldi, estado civil é a


posição jurídica da pessoa no seu meio social. Os referidos autores ainda ressaltam que
o estado da pessoa tem natureza de atributo da personalidade- como o nome civil, a
capacidade e o domicílio, tratando-se de verdadeiro direito da personalidade.

Considerando-se que o estado civil trata-se de verdadeiro direito da


personalidade, é, portanto, indisponível (o titular não pode privar-se, ceder ou renunciar
tal direito), indivisível (apresenta-se como um só conjunto unitário), imprescritível
(não se extinguem pelo decurso do tempo nem pelo não-uso ou pela demora em
defende-lo judicialmente).

O estado político qualifica a pessoa natural a partir de sua posição frente à nação
a que pertence. Considerando o aspecto político do estado da pessoa natural, essa pode
ser qualificada como nacional- nato ou naturalizado- ou estrangeiro.

O Estado familiar denominado comumente de estado civil refere-se à situação


familiar da pessoa humana, em relação ao matrimônio, bem como ao parentesco. A
pessoa natural, tratando-se do estado familiar, pode ser qualificada, no que tange ao
matrimônio como casada, solteira, divorciada ou viúva e no que se refere ao parentesco,
como mãe, filho, irmão, sogro, nora, cunhado.

Em relação à União Estável, o estado civil restringe-se à qualificação de


companheiro e companheira. O parentesco civil normalmente aquele por adoção e por
afinidade.

O estado individual da pessoa natural diz respeito à idade, à capacidade e ao


sexo. A pessoa natural pode ser qualificada no que tange à idade como maior ou menor
de dezoito anos, no que se refere à capacidade como capaz ou incapaz, de acordo com o
art. 3º e 4º do Código Civil e conforme o sexo, masculino ou feminino. Este é
inalienável, indisponível, irrenunciável, uno e indivisível e imprescritível.

As ações de estado consistem na possibilidade de o titular defender os seus


estados em juízo, contra eventuais atentados e violações, com o fito de declarar a
existência de determinadas situações jurídicas (a exemplo da ação de investigação de
paternidade), ou ainda com o propósito de criar, modificar, substituir ou extinguir
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

relações jurídicas que dizem respeito ao seu estado (como na hipótese de ações de
separação judicial e divórcio).

Além das ações já citadas existem outras como a interdição e a redesignação de


estado sexual, o divórcio, a anulação de casamento e a investigação de paternidade, bem
como a ação de aquisição de nacionalidade brasileira. As ações de estado dispõem como
características, a indisponibilidade e a imprescritibilidade, além de serem
personalíssimas, sendo assim o titular não pode privar-se de seus direitos da
personalidade e tais direitos não se extinguem pelo decurso do tempo nem pelo não-uso
ou pela demora em defende-lo judicialmente, respectivamente.

Além disso, podem ser constitutivas caso a respectiva sentença constitua novo
estado, declaratórias, quando se limitam a reconhecer uma situação preexistente e
positivas quando se afirma um estado.

Todas as pessoas naturais tem domicílio, mesmo quem não tem casa própria,
sendo a de jurídica da pessoa, local onde esta se presume presente, praticando os atos da
vida civil. Sendo assim, a casa passa a representar “o refúgio dos refúgios” acobertada
pela inarredável característica da inviolabilidade, tornando-se um verdadeiro templo das
coisas íntimas.

Destarte, é um dos atributos da personalidade, consistindo no local onde o


sujeito, pessoa natural ou jurídica estabelece a sede de suas atividades. Para se
identificar uma pessoa não basta o nome, é preciso localizá-la no espaço.

Dessa forma, a regulamentação legal do domicílio correspondem e última


análise, à projeção constitucional da própria pessoa humana, eis que “a casa é asilo
inviolável do indivíduo”. A disciplina jurídica do domicílio, portanto, visa À
preservação da vida privada da pessoa humana, garantindo a dignidade humana
afirmada constitucionalmente.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela


podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso
de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou,
durante o dia, por determinação judicial;

Doutrinariamente, tem-se promovido a distinção entre domicílio e os conceitos


de residência e de habitação ou moradia ou estada. A moradia seria mera relação de
fato, o local em se que está acidentalmente, a residência seria o lugar em que a pessoa
habita, com intenção de permanecer mesmo que se ausente eventualmente. Já o
domicílio seria o centro habitual de negócios jurídicos da pessoa, a sua sede jurídica.

O conceito legal de domicílio, entretanto, contemplado no Código Civil,


discrepa da definição apresentada pela doutrina. Para a Lei Civil, em seu art.70,
domicílio é o lugar onde a pessoa estabelece sua residência como ânimo definitivo,
evidenciando a adoção do critério local da residência.

Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela


estabelece a sua residência com ânimo definitivo.

Sendo assim, segundo Silvio Rodrigues, domicílio “é o lugar em que a pessoa


atua na vida jurídica”. Existem vários critérios para dizer o domicílio de alguém, sendo
o primeiro critério aquele de índole objetiva, ou seja a fixação da residência e o segundo
critério, de índole subjetiva, ou seja, locus em que a pessoa vive com ânimo definitivo,
pretendendo permanecer neste local e de ali ter as sedes de suas atividades.

Em nossa ordem jurídica, admite-se o domicílio múltiplo, ou seja, o indivíduo


pode dispor de mais de uma residência, considerando-se como domiciliada a pessoa
onde for encontrada. Segundo a lei, o local em que a pessoa trabalha também é
considerado domicílio.

Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências,


onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu
qualquer delas.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

O domicílio pode ser classificado em necessário ou legal, advindo de


determinação em lei, em face de situação ou condição de certas pessoas.

Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público,


o militar, o marítimo e o preso.
Parágrafo único - O domicílio do incapaz é o do seu
representante ou assistente; o do servidor público, o lugar em
que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde
servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do
comando a que se encontrar imediatamente subordinado; o do
marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar
em que cumprir a sentença.

O domicílio voluntário pode ser geral, ou seja, aquele escolhido livremente pela
pessoa, ou especial, também dito de eleição correspondendo à indicação contratual de
um local para dirimir eventuais conflitos oriundos daquele negócio jurídico. Sendo
assim, a residência e o trabalho são denominados domicílio voluntário.

O domicílio ocasional ou aparente ocorre quando a pessoa não se fixa em


nenhum lugar. E segundo a lei, onde quer que essa pessoa for encontrada será
considerado o seu domicilio. A importância dessa disposição refere-se mais a terceiros
com os quais estabelece relações.

TÍTULO III
DO DOMICÍLIO
Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela
estabelece a sua residência com ânimo definitivo.
Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências,
onde, alternadamente, viva,
considerar-se-á domicílio seu qualquer delas.
Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às
relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

Parágrafo único - Se a pessoa exercitar profissão em lugares


diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações
que lhe corresponderem.
Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha
residência habitual, o lugar onde for encontrada.
Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a
intenção manifesta de o mudar.
Parágrafo único - A prova da intenção resultará do que declarar
a pessoa às municipalidades dos lugares, que deixa, e para onde
vai, ou, se tais declarações não fizer, da própria mudança, com
as circunstâncias que a acompanharem
Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é:
I - da União, o Distrito Federal;
II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais;
III - do Município, o lugar onde funcione a administração
municipal;
IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as
respectivas diretorias e
administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu
estatuto ou atos constitutivos.
§ 1º Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em
lugares diferentes, cada um deles
será considerado domicílio para os atos nele praticados.
§ 2º Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro,
haver-se-á por domicílio da
pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada
uma das suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no
Brasil, a que ela corresponder.
Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público,
o militar, o marítimo e o preso.
Parágrafo único - O domicílio do incapaz é o do seu
representante ou assistente; o do servidor público, o lugar em
que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do


comando a que se encontrar imediatamente subordinado; o do
marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar
em que cumprir a sentença.
Art. 77. O agente diplomático do Brasil, que, citado no
estrangeiro, alegar extraterritorialidade sem designar onde tem,
no país, o seu domicílio, poderá ser demandado no Distrito
Federal ou no último ponto do território brasileiro onde o teve.
Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes
especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e
obrigações deles resultantes.

O mais importante efeito prático da definição do domicílio consiste, como bem


percebe Paulo Nader, “na indicação do lugar onde as obrigações contraídas deverão ser
cumpridas, bem assim o foro da comarca onde eventual ação correspondente deverão ter
o seu curso”. Vale lembrar que o art. 94 do Código de Processo Civil indica o foro do
domicílio do réu como a regra geral para a fixação da competência para processar e
julgar as ações propostas.

No processo penal, se desconhecido o lugar da infração, o foro competente será


o domicílio do réu. No direito eleitoral, a inscrição do eleitor é no seu domicílio. É
importante ressaltar que o domicílio das pessoas jurídicas é o lugar sede da respetiva
administração.

Outras consequências importantes decorrentes da fixação do domicílio podem


ser lembradas, visto que este determina as regras sobre o começo e o fim da
personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família, estabelece o local onde
será aberta a sucessão hereditária e proposto o inventário, fixa o local onde a pessoa
deverá cumprir suas obrigações, sedo o lugar do pagamento.

PESSOA JURÍDICA
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

“Duas forças marcam, particularmente, a compreensão da pessoa jurídica: a


tendência humana para convívio social e as vantagens para a soma de forças”. (
Washington de Barros Monteiro)

Tendo em vista que os indivíduos não podem exercer ou realizar, por si só,
certas atividades e atingir determinadas finalidades que ultrapassam suas forças e
limites, a pessoa natural precisa se unir a outras pessoas humanas, formando grupos
com desiderato próprio, sendo induvidosa a necessidade de emprestar personalidade
jurídica a agrupamentos humanos.

Surge, então, a pessoa jurídica das próprias necessidades sociais, visto que
abarca a tendência humana ao convívios em grupos (não se podendo olvidar que o
homem é um ser gregário) e a imprescindibilidade da cooperação de mais de uma
pessoa para a consecução de determinadas atividades. É importante, pois, destacar que a
pessoa jurídica nasce como fruto de um fenômeno cultural e social.

A estas entidades o ordenamento jurídico empresta autonomia e independência,


dotando-as de estrutura própria e personalidade jurídica distinta daqueles que a
instituíram. Sendo assim, atribui também capacidade para titularizar relações jurídicas e
praticar atos da vida civil.

Além disso, não se deve olvidar dentro de uma perspectiva civil-constitucional,


que a pessoa jurídica deve curvar-se ao princípio solar da dignidade da pessoa humana,
mola de propulsão do sistema jurídico brasileiro, e desempenhar função social,
vocacionada para o cumprimento das atividades para as quais foi criada, exercendo-as
dentro dos limites da razoabilidade e proporcionalidade sob pena de incidir em abuso de
direito.

CÓDIGO CIVIL
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que,
ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo
seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons
costumes.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

A teoria da função social da empresa traz consigo a ideia do estabelecimento de


comportamentos empresariais, positivos e negativos, instrumentalizando a utilização do
capital a favor da pessoa humana. Sendo assim, segundo Marcos Alberto Sant’anna
Bittelli, “a função social da empresa no novo milênio, atribuindo pesos diferentes e
proporcionais às forças das próprias organizações empresarias, deveria migrar para um
conceito de responsabilidade social”, submetendo as suas atividades ao imperativo
protetivo da pessoa humana.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República
Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
discriminação.
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do
trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a
todos existência digna, conforme os ditames da justiça social,
observados os seguintes princípios:

Sendo assim, é possível promover um paralelo entre a função social da empresa


e a função social da propriedade. Assim como o empresário assume o compromisso de
emprestar função social ao seu empreendimento (seja ele de que natureza for), sob pena
de não contar com a proteção disponibilizada pelo ordenamento.

Exemplos da incidência da função social da empresa é a necessidade de cada


empresa, mesmo sem receber subsídios financeiros governamentais, se adaptar à
acessibilidade, cumprindo uma verdadeira finalidade social, bem como a garantir meia
entrada em espetáculos culturais em favor de estudantes, impondo ás empresas
organizadoras de eventos culturais, o atendimento de uma função nitidamente social.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

Dessa forma, a função social não se refere à obstaculizar o lucro, ou mesmo


transferir responsabilidades estatais para o particular, em caráter assistencial, mas impõe
responsabilidade social aos empresários, servindo como anteparo, barreira, para impedir
que o intuito lucrativo venha a violar direitos fundamentais da pessoa humana e
interesses coletivos.

Essa harmonia entre a atividade desenvolvida pela empresa e os valores


constitucionais, decorrente da empresarialidade responsável, deve ser observado tanto
no prisma interno da empresa quanto no ambiente exógeno. A violação da empresa pode
aplicar em limitações no exercício da atividade desenvolvida pela pessoa jurídica ou
mesmo pode gerar a sua extinção, pela perda da essência da sua atividade.

Não há referência à pessoa jurídica na Antiga Roma ou mesmo no Direito


germânico, somente podendo ser mencionada, já no Império Romano. Dessa forma,
infere-se que os contornos teóricos da pessoa jurídica, com seu significado
contemporâneo, são de construção recente na história do direito.

Os países europeus saiam em busca de mercados a serem conquistados a fim de


fazer comércio, muitas dessas aventuras empreendedoras funcionam da seguinte forma:
alguém compravam as embarcações e convocava indivíduos que quisessem se aventurar
e participar dos resultados, entretanto diversas vezes muitos indivíduos que detinham
embarcações não dispunham de renda para financiar a viagem, necessitando de gente
trabalhando e insumos para essa viagem. Sendo assim, muitos capitalistas se
vinculavam a tal esquema e caso este desse errado perderia apenas o dinheiro investido
no referido negócio.

A principal razão para a figura da pessoa jurídica é a limitação da


reponsabilidade do empreendedor, limitando os riscos do negócio. Sendo assim, começa
a se delinear a ideia de empreendedorismo. A pessoa jurídica não dispõe apenas de
caráter empresarial. Esta também é criada a fim de facilitar a atividade administrativa do
Estado, que inobstante se relacione com o governo, dispõe de alguma autonomia.

O Estado, segundo Oksandro Gonçalves, percebeu a importância das formas


associativas como elemento essencial da economia contemporânea, razão pela qual
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

resolveu dotá-la de uma estrutura jurídica que fosse própria para acompanhar o
desenvolvimento social. Assim, a pessoa jurídica é dotada de personalidade e
capacidade jurídica por concessão do Estado, como sujeito de direitos e obrigações,
como se faz com a pessoa natural.

Afirmada, então, a necessidade de personalizar agrupamentos sociais,


permitindo que a pessoa humana possa desempenhar melhor os seus papéis na
sociedade, surge a chamada pessoa jurídica, acepção utilizada pelo Direito Brasileiro.
Para Maria Helena Diniz, a pessoa jurídica é verdadeira “unidade de pessoas naturais ou
patrimônios, que visa a consecução de certos fins, reconhecida essa unidade como
sujeito de direitos e obrigações”.

Inobstante, é mister destacar que não é qualquer reunião de pessoas ou qualquer


destinação de patrimônio que caracterizará a pessoa jurídica. É mister que a unidade de
pessoas ou a afetação de bens almeje emprestar uma unidade orgânica a uma entidade a
que a ordem jurídica reconhece personalidade própria.

A pessoa jurídica poderá ser intersubjetiva ou patrimonial. Aquela


(intersubjetiva) é constituída pela união solene de duas ou mais pessoas com o escopo
de formar uma entidade autônoma e independente. Esta (patrimonial) corresponde à
afetação de um patrimônio destinado a um fim específico.

É imprescindível conhecer algumas características da pessoa jurídica: a vontade


humana criadora, a organização de pessoas ou destinação de um patrimônio afetado a
um fim específico, a licitude de seus propósitos, a capacidade jurídica reconhecida pela
norma jurídica, bem como o atendimento das formalidades legais.

Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de


direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo
registro, precedida, quando necessário, de autorização ou
aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas
as alterações por que passar o ato constitutivo.
Parágrafo único - Decai em três anos o direito de anular a
constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua


inscrição no registro.

A pessoa jurídica dispõe de algumas características: personalidade jurídica


distinta dos seus instituidores, adquirida a partir do registro de seus estatutos,
patrimônio também distinto dos seus membros (exceto em casos excepcionais, como a
fraude ou abuso de direito, configurando a chamada desconsideração da pessoa
jurídica), a existência jurídica diversa dos seus integrantes (não se confundem as
personalidades), não podem exercer atos que sejam privativos de pessoas naturais, em
razão da sua estrutura biopsicológica e podem ser sujeito passivo ou sujeito ativo em
atos civis e criminais.

Em síntese, é possível afirmar que a nota distintiva da pessoa jurídica é a


distinção entre o seu patrimônio e o dos seus instituidores, não se misturando a condição
jurídica autonomamente conferida àquela entidade com a de quem lhe organizou. A
característica da separação patrimonial, que enseja a responsabilidade limitada dos
sócios e administradores, tem sustentáculo na própria livre iniciativa, consagrada
constitucionalmente.

A pessoa jurídica, segundo critérios apresentados doutrinariamente, pode ser


classificada sob diferentes aspectos, que merecem atenção individualizada. Quanto às
funções exercidas, é possível estruturar as pessoas jurídicas em pessoas jurídicas de
direito público ou pessoas jurídicas de direito privado.

As pessoas jurídicas de direito público, marcadas pela presença preponderante


do poder público, subdividem-se, a depender do âmbito de sua atuação, em pessoas
jurídicas de direito público interno, englobando os entes da administração direta (a
União, os Estados Federados, o Distrito Federal e os Municípios) e da administração
indireta (as autarquias e fundações públicas), e de direito público externo (países
soberanos, entidades multinacionais), regidas pelo Direito Internacional Público,
exemplificadas pela UNESCO, pela UNICEF, pela OIT e pela ONU.

Sendo assim, as pessoas jurídicas de direito público podem ser classificadas


quanto à nacionalidade em pessoas jurídicas de direito interno ou pessoas jurídicas de
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

direito externo. O sentido da distinção, segundo Caio Mário da Silva Pereira é informar
que as pessoas jurídicas estrangeiras obedecem à lei nacional de sua origem, conquanto
suas agências ou filiais que estejam sob o império da lei nacional, inclusive no que
respeita à autorização para funcionamento.

Art. 40. As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou


externo, e de direito privado.
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:
I - a União;
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
III - os Municípios;
IV – as autarquias, inclusive as associações públicas;2
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas
jurídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de
direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu
funcionamento, pelas normas deste Código.
Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os
Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo
direito internacional público.

As pessoas jurídicas de direito privado, instituídas para atender aos interesses


dos particulares, abarcam as fundações, associações, sociedades, organizações
religiosas, os partidos políticos e as empresas individuais de responsabilidade limitada
(EIRELI).
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:
I - as associações;
II - as sociedades;
III - as fundações;
IV - as organizações religiosas3;
V - os partidos políticos4.
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada.5
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

§ 1º São livres a criação, a organização, a estruturação interna e


o funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao
poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos
constitutivos e necessários ao seu funcionamento6.
§ 2º As disposições concernentes às associações aplicam-se
subsidiariamente às sociedades que são objeto do Livro II da
Parte Especial deste Código7.
§ 3º Os partidos políticos serão organizados e funcionarão
conforme disposto em lei específica8.

EIRELI é uma pessoa jurídica de direito privado formada por uma determinada
pessoa natural que quer empreender, abrindo uma empresa individual. Sendo assim,
trata-se de criação que pretende estabelecer uma bifurcação do patrimônio do
empresário individual em dois diferentes campos: o patrimônio da pessoa física e o
patrimônio da pessoa jurídica.
É importante destacar que tal pessoa jurídica somente pode ser constituída por
pessoa naturais, não se tolerando uma empresa individual de responsabilidade limitada
criada por outra pessoa jurídica. Sendo que a própria concepção legislativa teve a sua
justificativa de criação no intuito de regular a situação do empreendedor individual,
proporcionando limitação nos riscos da sua atividade econômica, com a proteção do seu
patrimônio pessoal, não se justificando a participação de pessoas jurídicas.
Vale notar que a empresa individual não se trata de uma sociedade, mas de um
novo ente jurídico personificado, que figura ao lado de outras espécies de pessoas
jurídicas de direito privado, no sistema jurídico brasileiro. Essa personalidade jurídica,
todavia, somente será reconhecida após o seu registro regular em cartório. Além disso, a
pessoa natural que fundar uma EIRELI não pode participar de nenhuma outra empresa,
com esta natureza.
Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada
será constituída por uma única pessoa titular da totalidade do
capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a
100 (cem)
vezes o maior salário-mínimo vigente no País.2
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

Quanto à estrutura interna, as pessoas jurídicas podem ser percebidas em


universitas bonorum (cuja estrutura interna é composta de um patrimônio destinado a
uma finalidade específica que lhe dá unidade, como são as fundações) ou em universitas
personarum (compostas, em sua teia orgânica estrutural, por um conjunto de pessoas
que se unem ao derredor de uma finalidade comum, como nas corporações).

Sendo assim, as pessoas jurídicas podem ser corporações ou fundações. As


corporações são compostas por um grupamento de pessoas, ligadas por um sentimento
comum, tendendo a um desiderato único. São, portanto, pessoas que percebendo as
vantagens do associativismo, buscam alcançar mais facilmente determinado resultado.
As corporações subdividem-se em sociedades e associações.

CORPORAÇÕES

SOCIEDADES

Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que


reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços,
para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si,
dos resultados.
Parágrafo único - A atividade pode restringir-se à realização de
um ou mais negócios determinados.

As sociedades são pessoas jurídicas de direito privado com fins lucrativos,


almejando repartir os lucros entre os sócios, podendo ser de dois tipos: simples ou
empresária. Sociedade simples é o que o Código Civil anterior denominava sociedade
civil, referindo-se ao exercício de atividades econômicas, visando o lucro, porém o seu
objeto não diz respeito a uma atividade de empresário, a exemplo do exercício de
profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística.
Sociedades empresárias são aquelas que lidam o comércio, tendendo ao
exercício de atividade mercantil, relacionada com atividade econômica organizada para
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

a produção ou circulação de bens e serviços sendo denominadas também de sociedade


comercial.
As sociedades simples e empresárias se distinguem quase sempre pelo objeto da
atividade que desenvolvem. A atividade liberal referente à prestação de serviços e
comércio em geral refere-se à sociedade empresária, portanto, refere-se à compra e
venda excluindo o profissional liberal (prestação de serviços), referentes à sociedade
simples.
A sociedade simples é criada a partir de um contrato social redigido,
disciplinando tudo da sociedade. Esse contrato deve ser registrado no caso da sociedade
simples no cartório do registro civil de pessoa jurídica, no caso de sociedade
empresária, deverá ser registrado na junta comercial do respectivo estado- JUCEB
(Junta Comercial do Estado da Bahia).
Somente com esse registro é criada a pessoa jurídica, caso seja firmado contrato
sem registro, não houve criação de uma nova pessoa jurídica. Dessa forma, estes se
encontram em uma sociedade não personificada, incomum, irregular. Essa sociedade
não personificada traduz a referida situação, não foi criada uma nova pessoa, quem está
atuando no mercado contraindo obrigações são os sócios, que atuarão no mercado
arcando com as consequências do negócio jurídicos. A maioria das sociedades firmadas
no brasil são limitadas, visto que há a separação do patrimônio da pessoa física e da
pessoa jurídica.
ASSOCIAÇÕES
Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que
se organizem para fins não econômicos.
Parágrafo único - Não há, entre os associados, direitos e
obrigações recíprocos.

As associações, por sua vez, são corporações que não têm em mira uma
finalidade lucrativa, tais como associações estudantis, beneficentes, filantrópicas,
recreativas, esportivas, de determinadas classes ou categorias profissionais, de
moradores de bairro, etc. As associações podem ter ganho financeiro, entretanto o
eventual lucro obtido no exercício da atividade associativa será reaplicado na própria
entidade, vedando-se a partilha entre os associados.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a
permanecer associado;
A Constituição da República consagrou a liberdade associativa, estabelecendo
que ninguém pode ser compelido a se associar ou se manter associado. Sendo assim,
segundo Dirley Cunha, existe uma dupla dimensão, positiva e negativa da liberdade de
associação.
Há diferentes aspectos decorrentes da liberdade associativa, reconhecida
constitucionalmente, o livre direito de criação e manutenção de uma associação,
independentemente de autorização, o direito de se associar, não podendo ninguém ser
obrigado a tanto, o direito de desassociação, que nada mais é senão a liberdade de não
se manter associado.
Toda associação é regida, em suas relações internas, pelo estatuto social. Trata-
se de uma espécie de lei orgânica, de natureza não contratual e sim estatuária, de modo
a vincular não apenas a vincular os associados existentes, mas os futuros. Vale registrar
que os estatutos sociais tendem a regulamentar a atuação (direitos e deveres) das
pessoas na própria associação, internamente.
As associações, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para
representar os seus associados em juízo ou fora dele. Aliás, a própria legislação, em
determinados casos, legitima a associação a atuar na defesa dos interesses dos seus
filiados.
Diversamente do que ocorre nas sociedades, na associação não há entre os
associados, direitos e obrigações recíprocos, sendo que a qualidade de associado, em
regra, é intransponível, salvo se o estatuto trouxer norma diversa. Assim, de regra, a
morte de um associado não gera transmissão da sua qualidade associativa para os
herdeiros, salvo disposição contrária dos estatutos.
Ainda em respeito aos associados, convém registrar a inexistência de regra
específica, na legislação civil, sobre a responsabilidade civil dos dirigentes associativos,
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

sendo assim, não é possível aplicar a regra da responsabilidade solidária- típica das
sociedades.
Outrossim, em conformidade com o sistema jurídico brasileiro, há igualdade de
direitos entre os associados, embora o estatuto posa instituir associados com vantagens
especiais, por motivos diversos, sedo comum encontrar nas associações os associados-
proprietários, os associados- beneméritos, os associados-remidos e os associados-
honorários.
No que tange às despesas associativas, é natural que cada associado seja
compelido a colaborar proporcionalmente, na forma prevista nos estatutos sociais.
Independentemente de estar, ou não, utilizando ou se beneficiando das atividades
associativas, é obrigação do associado participar do rateio das despesa comuns, exceto
se houver disposição diversa em sede estatuária.
Em linha de princípio, é certo que a pessoa não-filiada a uma associação, não
pode ser compelida ao pagamento de taxas e dividir despesas associativas. Todavia,
nãos e pode esquecer que, em determinados casos, o proprietário ou possuidor não-
filiado se aproveita das atividades associativas, se beneficiando direta ou indiretamente.
Em razão disso, a solução mais adequada, ao nosso sentir, é aferir, em cada caso, a
existência, ou não, de benefício do proprietário ou possuidor, não-filiado.
A exclusão de associado deverá atender ao garantismo constitucional, respeitado
devido processo legal, facultando a ele o direito de se defender amplamente, produzir
prova de que as imputações que lhe são feitas são improcedentes, constituir advogado.
Sendo assim, a exclusão de associado somente será possível se provada a
existência de uma justa motivação, devidamente indicada no procedimento e
comprovada cabalmente, através de deliberação da assembleia geral, convocada
especificamente para essa finalidade, através do quórum indicado nos próprios estatutos
sociais.
Dessa forma, a possibilidade de exclusão do associado está centrada na teoria da
função social da empresa, permitindo antever que o associado que cause incômodo, ao
regular funcionamento da pessoa jurídica, pode ser excluído, por violar a harmonia
social.
No caso de dissolução da associação, o patrimônio apurado, depois de deduzir as
frações de cada associado seguirá o destino na conformidade do próprio estatuto ou, no
seu silêncio, será dirigido a outra entidade de fins não econômicos similar, de acordo
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

com deliberação dos associados. Não havendo, será recolhido o patrimônio


remanescente pela Fazenda Pública.
FUNDAÇÕES

As fundações são organizações com patrimônio afetado por uma finalidade


específica determinada pelo instituidor, com personalidade jurídica atribuída pela lei.
Sendo assim, são organizações destinadas a prosseguir um fim duradouro ao qual esteja
afetado um patrimônio, dependendo da vontade do instituidor. Resultam, pois, as
fundações da conjugação de três elementos nucleares: patrimônio, finalidade e afetação
do patrimônio a uma finalidade específica.

As fundações são, portanto, fruto da destinação patrimonial, almejando um fim


lícito. São entidades criadas com bens livres, através de escrituras públicas ou
testamento, a fim de atender uma finalidade específica, que poderá ser religiosa, moral,
cultural ou assistencial, podendo ainda assumir natureza pública ou privada. As
finalidades das fundações devem restar-se afastadas do caráter lucrativo. Dessa forma,
as fundações brasileiras devem apoiar, proteger, colaborar, amparar e prestar serviços de
relevância social, como, por exemplo, nas áreas do meio ambiente, da educação, da
saúde.

As fundações são constituídas através de ato formal, podendo ser compreendido


o seu procedimento de criação em quatro diferentes fases: a fase de dotação ou de
instituição, compreendendo a reserva de bens, por ato inter vivos ou causa mortis
(escritura pública ou testamento). Nesse momento, o instituidor, deverá atender às
mesmas restrições impostas pela Lei Civil a doação e ao testamento, não podendo
dispor de mais da metade do seu patrimônio, se tiver herdeiros necessários, bem como
não podendo dispor de volume de patrimônio que comprometa a sua própria
subsistência.

Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por
escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres,
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a


maneira de administrá-la.
Parágrafo único - A fundação somente poderá constituir-se para
fins religiosos, morais, culturais ou de assistência.

Posteriormente, há a fase de elaboração dos estatutos que poderá se realizar de


forma direta ou de modo fiduciário; a fase de aprovação dos estatutos pela autoridade
competente, competindo ao Ministério Público aprovar os estatutos fundacionais, salvo
quando elaborados por ele mesmo. Na hipótese de elaboração dos estatutos sociais pelo
promotor de justiça, é de se entender que a aprovação deverá ser feita pelo Poder
Judiciário, através de procedimento de jurisdição voluntária.
O ato de aprovação estatuária garante que a norma de regência da fundação
esteja livre de qualquer inclinação a determinados interesses. Além disso, nessa fase de
aprovação estatuária, deve o Parquet averiguar se os bens destinados são suficientes
para o cumprimento da finalidade indicada.
Art. 65. Aqueles a quem o instituidor cometer a aplicação do
patrimônio, em tendo ciência do encargo, formularão logo, de
acordo com as suas bases (art. 62), o estatuto da fundação
projetada, submetendo-o, em seguida, à aprovação da autoridade
competente, com recurso ao juiz.
Parágrafo único - Se o estatuto não for elaborado no prazo
assinado pelo instituidor, ou, não havendo prazo, em cento e
oitenta dias, a incumbência caberá ao Ministério Público.
Após as referidas fases, há a fase de registro que será realizada no Cartório de
pessoas jurídicas, caso os bens destinados à fundação não se apresentem suficientes para
o atendimento de suas finalidades serão incorporados em outra fundação que se destine
a um fim igual ou semelhante.
Art. 63. Quando insuficientes para constituir a fundação, os
bens a ela destinados serão, se de outro modo não dispuser o
instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha a
fim igual ou semelhante.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

Considerando o interesse social presente (por conta de sua finalidade), a


fiscalização da fundação competirá ao órgão do Ministério Público do Estado em que
estiver situada. Mesmo em se tratando de fundação de abrangência nacional, situada em
mais de um estado da federação, a fiscalização ficará a cargo do Promotor de Justiça de
cada um dos estados que estiver atuando. Sendo assim, deverá o Ministério Público
adotar todas as medidas judiciais ou extrajudiciais cabíveis para a proteção do ente
fundacional.
É a atuação fiscalizatória do Promotor de Justiça tendente a obstar a indevida
utilização da fundação para fins ilícitos ou desvirtuamento de seus propósitos.
Exemplos comuns que exigem a pronta e eficaz atuação ministerial podem ser
colecionados: recusa injustificada de práticas de eleições estatuárias, irregularidades
eleitorais, malversação do dinheiro fundacional, desvio de verbas.
Há a possibilidade de extinção da fundação em determinadas hipóteses: quando
se tornarem ilícitas ou inúteis à finalidade a que se destinam, quando impossível de
serem mantidas, bem como pelo vencimento de prazo de existência se previsto nos
estatutos. A extinção fundacional pode ser obtida pela via administrativa ou através da
medida judicial.
Estando legitimados para requerer, em juízo, a extinção da fundação, além do
Ministério Público, os eventuais interessados, como os administradores, os credores
prejudicados ou mesmo os sucessores do instituidor. Em qualquer caso, o patrimônio
remanescente será incorporado a outra fundação de igual ou semelhante finalidade,
designada judicialmente, salvo se os estatutos ou o ato de dotação indicarem de forma
diversa, que deverá ser obedecida.
É possível a participação de uma fundação em uma sociedade com os seus
intuitos lucrativos. Em tais casos, o lucro da empresa composta pela fundação será
revertido para a implementação de suas finalidades e não repartido entre os
administradores.
O princípio da separação ou autonomia patrimonial refere-se à separação dos
bens das pessoas físicas que compõem a pessoa jurídica e da própria pessoa jurídica. A
personificação da sociedade, o registro no cartório do contrato social gera a separação
do que a personalidade e patrimônio da pessoa jurídica do patrimônio e personalidade
dos sócios. Sendo essa a principal razão da pessoa jurídica.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que


reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços,
para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si,
dos resultados.
Parágrafo único - A atividade pode restringir-se à realização de
um ou mais negócios determinados.
Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária
a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria
de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais.
Parágrafo único - Independentemente de seu objeto, considera-
se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa.

Art. 66. São contravenções relativas à economia popular,


puníveis na forma do artigo 10 da Lei nº 1.521, de 26 de
dezembro de 1951:

I - negociar o incorporador frações ideais de terreno, sem


previamente satisfazer às exigências constantes desta Lei;

lI - omitir o incorporador, em qualquer documento de ajuste,


as indicações a que se referem os artigos 37 e 38, desta Lei;

III - deixar o incorporador, sem justa causa, no prazo do


artigo 35 e ressalvada a hipótese de seus § § 2º e 3º, de
promover a celebração do contrato relativo à fração ideal de
terreno, do contrato de construção ou da Convenção do
condomínio;

IV - (VETADO).

V - omitir o incorporador, no contrato, a indicação a que se


refere o § 5º do artigo 55, desta Lei;
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

VI - paralisar o incorporador a obra, por mais de 30 dias,


ou retardar-lhe excessivamente o andamento sem justa causa.

PENA - Multa de 5 a 20 vezes o maior salário-mínimo


legal vigente no País.

Parágrafo único. No caso de contratos relativos a


incorporações, de que não participe o incorporador, responderão
solidariamente pelas faltas capituladas neste artigo o construtor,
o corretor, o proprietário ou titular de direitos aquisitivos do
terreno, desde que figurem no contrato, com direito regressivo
sobre o incorporador, se as faltas cometidas lhe forem
imputáveis.

CÓDIGO TRIBUTÁRIO

Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos


correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos
praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato
social ou estatutos:

I - as pessoas referidas no artigo anterior;

II - os mandatários, prepostos e empregados;

III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas


jurídicas de direito privado.

CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da


sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso
de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou
violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

também será efetivada quando houver falência, estado de


insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica
provocados por má administração.

§ 1° (Vetado).

§ 2° As sociedades integrantes dos grupos societários e as


sociedades controladas, são subsidiariamente responsáveis pelas
obrigações decorrentes deste código.

§ 3° As sociedades consorciadas são solidariamente


responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código.

§ 4° As sociedades coligadas só responderão por culpa.

§ 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica


sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo
ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores.

CÓDIGO CIVIL
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica,
caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão
patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do
Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que
os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam
estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios
da pessoa jurídica.
Juízes ao perceber abusos mais nítidos passaram a determinar que o prejuízo da
pessoa jurídica deve ser pago também dos sócios, em razão destes terem se utilizado da
pessoa jurídica a fim de lesar os credores, tal situação é conhecida como
desconsideração da personalidade jurídica da pessoa jurídica. Inobstante, isso não
extingue a personalidade jurídica da pessoa jurídica.
1. Bens jurídicos
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

Em sentido:

 Amplíssimo: genérica, valores protegidos pelo ordenamento jurídico.


 Amplo: objetos de proteção dos direitos subjetivos, de personalidade,
titularizados por alguém (nome, honra, vida privada, imagem).
 Estrito: Aquele objeto de direito suscetível de apreciação econômica.

a) Bens em si mesmos

I. Bens Móveis: Pode ser transportado de um lugar para outro sem que
haja alteração da sua substância.
 São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de
remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da
destinação econômico-social.
 Consideram-se móveis para os efeitos legais: as energias que
tenham valor econômico, os direitos reais sobre objetos móveis e
as ações correspondentes, os direitos pessoais de caráter
patrimonial e respectivas ações

II. Bens Imóveis: Não pode ser transportado de um lugar para outro sem
que haja alteração da sua substância.
 São o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou
artificialmente. Os elementos naturais são imóveis pela própria
natureza (relevo). Os elementos imóveis por acessão física
decorrem de ação humana, não sendo natural (plantações e
construções).
 Também são considerados imóveis outras figuras jurídicas que às
vezes nem corporeidade física detém (herança).
.

III. Bens Divisíveis: Bem que pode ser dividido sem que haja perda da
substância ou desvalorização excessiva desse bem.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

 São os bens que se podem fracionar sem alteração na sua


substância diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a
que se destinam.
 Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por
determinação da lei ou por vontade das partes.

IV. Bens Indivisíveis: Bem que ainda que seja dividido perde utilidade e
há uma desvalorização significativa.

V. Bens Fungíveis: São fungíveis os móveis que podem substituir-se por


outros da mesma espécie, qualidade e quantidade.

VI. Bens Infungíveis: Bens insubstituíveis.

 Há uma tendência de que os bens de valores emocionais


sejam considerados infungíveis.

VII. Bens Singulares: São singulares os bens que, embora reunidos, se


consideram de per si, independentemente dos demais.
 Bem considerado em si mesmo, independentemente dos
demais.

VIII. Bens Coletivos: Reunião de bens singulares.


 Universalidade de fato: Conjunto de bens singulares
pertencentes a uma mesma pessoa e destinados ao mesmo
fim.
 Universalidade de direito: Constitui universalidade de direito
o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de
valor econômico.

IX. Bens Concretos/Corpóreos: Materialidade física, corpo físico.(coisas)


(Ex: Bolsa, Carteira).
X. Bens de Existência abstrata/Incorpóreos: Existência Imaterial.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

(Ex: Créditos, Músicas, Obras literárias).

b) Bens reciprocamente considerados


I. Bens Principais: Existe em si mesmo.
II. Bens Acessórios: Pressupõe a existência do principal.
 Alguns itens são partes integrantes, como os tipos de uma
construção, os pisos...
i. Frutos: É periódico produzido pelo bem principal
 Naturais: São aqueles produzidos por força da
natureza, mesmo que tenha uma atuação humana.
 Civis: Direitos produzidos periodicamente por um
direito principal. Ex: Aluguéis.
 Industriais: São aqueles produzidos pela indústria
 Pendentes: Já foram produzidos pelo principal,
mas ainda não foram separados deste.
 Percipiendos: Já podem ser separados do bem
principal.
 Percebidos: Já foram separados do bem principal.
 Estantes:
ii. Produtos: São produzidos apenas uma vez pelo principal.
iii. Benfeitorias: Algo que se faz em algo já existente
 Necessários: as que têm por fim conservar o bem ou
evitar que se deteriore
 Úteis: as que aumentam ou facilitam o uso do bem.
 Voluptuárias: as de mero deleite ou recreio, que não
aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem
mais agradável ou sejam de elevado valor.
iv. Pertenças: art. 93 “se destinam de modo duradouro”

c) Bens públicos (titular)


- Uso comum
-Uso especial
-Dominicais
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Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

d) Bens particulares
 Tais classificações importam na prática nos contratos de
locação, ou seja, quando o bem for devolvido.

2. Patrimônio: Complexo de relação jurídicas de alguém, relações essas dotadas de


conteúdo econômico.
 Todos tem patrimônio, considerando que não importa quanto se tem,
tudo integra apenas um patrimônio.
 Dívida integra o patrimônio de alguém.

a) Patrimônio líquido: subtrai o patrimônio das dívidas, podendo ser


negativo ou positivo.
b) Patrimônio mínimo: proposta teoria de que o direito garante a satisfação
de necessidades básicas das pessoas, em razão da dignidade.
c) Patrimônio Imaterial: Direito de personalidade ou patrimônio cultura de
uma sociedade, não são coisas concretas, mas modos de fazer algo ou de
viver.

PESSOA JURÍDICA

“Duas forças marcam, particularmente, a compreensão da pessoa jurídica:


a tendência humana para convívio social e as vantagens para a soma de
forças”. ( Washington de Barros Monteiro)

Tendo em vista que os indivíduos não podem exercer ou realizar, por si só,
certas atividades e atingir determinadas finalidades que ultrapassam suas
forças e limites, a pessoa natural precisa se unir a outras pessoas humanas,
formando grupos com desiderato próprio, sendo induvidosa a necessidade de
emprestar personalidade jurídica a agrupamentos humanos.

Surge, então, a pessoa jurídica das próprias necessidades sociais, visto que
abarca a tendência humana ao convívios em grupos (não se podendo olvidar
que o homem é um ser gregário) e a imprescindibilidade da cooperação de
mais de uma pessoa para a consecução de determinadas atividades. É
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

importante, pois, destacar que a pessoa jurídica nasce como fruto de um


fenômeno cultural e social.

A estas entidades o ordenamento jurídico empresta autonomia e


independência, dotando-as de estrutura própria e personalidade jurídica
distinta daqueles que a instituíram. Sendo assim, atribui também capacidade
para titularizar relações jurídicas e praticar atos da vida civil.

Além disso, não se deve olvidar dentro de uma perspectiva civil-


constitucional, que a pessoa jurídica deve curvar-se ao princípio solar da
dignidade da pessoa humana, mola de propulsão do sistema jurídico
brasileiro, e desempenhar função social, vocacionada para o cumprimento
das atividades para as quais foi criada, exercendo-as dentro dos limites da
razoabilidade e proporcionalidade sob pena de incidir em abuso de direito.

CÓDIGO CIVIL
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-
lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou
social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

A teoria da função social da empresa traz consigo a ideia do estabelecimento


de comportamentos empresariais, positivos e negativos, instrumentalizando a
utilização do capital a favor da pessoa humana. Sendo assim, segundo
Marcos Alberto Sant’anna Bittelli, “a função social da empresa no novo
milênio, atribuindo pesos diferentes e proporcionais às forças das próprias
organizações empresarias, deveria migrar para um conceito de
responsabilidade social”, submetendo as suas atividades ao imperativo
protetivo da pessoa humana.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do
Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais


e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,
idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e
na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme
os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:

Sendo assim, é possível promover um paralelo entre a função social da


empresa e a função social da propriedade. Assim como o empresário assume
o compromisso de emprestar função social ao seu empreendimento (seja ele
de que natureza for), sob pena de não contar com a proteção disponibilizada
pelo ordenamento.

Exemplos da incidência da função social da empresa é a necessidade de cada


empresa, mesmo sem receber subsídios financeiros governamentais, se
adaptar à acessibilidade, cumprindo uma verdadeira finalidade social, bem
como a garantir meia entrada em espetáculos culturais em favor de
estudantes, impondo ás empresas organizadoras de eventos culturais, o
atendimento de uma função nitidamente social.

Dessa forma, a função social não se refere à obstaculizar o lucro, ou


mesmo transferir responsabilidades estatais para o particular, em caráter
assistencial, mas impõe responsabilidade social aos empresários, servindo
como anteparo, barreira, para impedir que o intuito lucrativo venha a violar
direitos fundamentais da pessoa humana e interesses coletivos.

Essa harmonia entre a atividade desenvolvida pela empresa e os valores


constitucionais, decorrente da empresarialidade responsável, deve ser observado tanto
no prisma interno da empresa quanto no ambiente exógeno. A violação da empresa pode
aplicar em limitações no exercício da atividade desenvolvida pela pessoa jurídica ou
mesmo pode gerar a sua extinção, pela perda da essência da sua atividade.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

Não há referência à pessoa jurídica na Antiga Roma ou mesmo no Direito


germânico, somente podendo ser mencionada, já no Império Romano. Dessa forma,
infere-se que os contornos teóricos da pessoa jurídica, com seu significado
contemporâneo, são de construção recente na história do direito.

Os países europeus saiam em busca de mercados a serem conquistados a fim de


fazer comércio, muitas dessas aventuras empreendedoras funcionam da seguinte forma:
alguém compravam as embarcações e convocava indivíduos que quisessem se aventurar
e participar dos resultados, entretanto diversas vezes muitos indivíduos que detinham
embarcações não dispunham de renda para financiar a viagem, necessitando de gente
trabalhando e insumos para essa viagem. Sendo assim, muitos capitalistas se
vinculavam a tal esquema e caso este desse errado perderia apenas o dinheiro investido
no referido negócio.

A principal razão para a figura da pessoa jurídica é a limitação da


reponsabilidade do empreendedor, limitando os riscos do negócio. Sendo assim, começa
a se delinear a ideia de empreendedorismo. A pessoa jurídica não dispõe apenas de
caráter empresarial. Esta também é criada a fim de facilitar a atividade administrativa do
Estado, que inobstante se relacione com o governo, dispõe de alguma autonomia.

O Estado, segundo Oksandro Gonçalves, percebeu a importância das formas


associativas como elemento essencial da economia contemporânea, razão pela qual
resolveu dotá-la de uma estrutura jurídica que fosse própria para acompanhar o
desenvolvimento social. Assim, a pessoa jurídica é dotada de personalidade e
capacidade jurídica por concessão do Estado, como sujeito de direitos e obrigações,
como se faz com a pessoa natural.

Afirmada, então, a necessidade de personalizar agrupamentos sociais,


permitindo que a pessoa humana possa desempenhar melhor os seus papéis na
sociedade, surge a chamada pessoa jurídica, acepção utilizada pelo Direito Brasileiro.
Para Maria Helena Diniz, a pessoa jurídica é verdadeira “unidade de pessoas naturais ou
patrimônios, que visa a consecução de certos fins, reconhecida essa unidade como
sujeito de direitos e obrigações”.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

Inobstante, é mister destacar que não é qualquer reunião de pessoas ou qualquer


destinação de patrimônio que caracterizará a pessoa jurídica. É mister que a unidade de
pessoas ou a afetação de bens almeje emprestar uma unidade orgânica a uma entidade a
que a ordem jurídica reconhece personalidade própria.

A pessoa jurídica poderá ser intersubjetiva ou patrimonial. Aquela


(intersubjetiva) é constituída pela união solene de duas ou mais pessoas com o escopo
de formar uma entidade autônoma e independente. Esta (patrimonial) corresponde à
afetação de um patrimônio destinado a um fim específico.

É imprescindível conhecer algumas características da pessoa jurídica: a


vontade humana criadora, a organização de pessoas ou destinação de um patrimônio
afetado a um fim específico, a licitude de seus propósitos, a capacidade jurídica
reconhecida pela norma jurídica, bem como o atendimento das formalidades legais.

Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado
com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando
necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se
no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.
Parágrafo único - Decai em três anos o direito de anular a constituição das
pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o
prazo da publicação de sua inscrição no registro.

A pessoa jurídica dispõe de algumas características: personalidade jurídica


distinta dos seus instituidores, adquirida a partir do registro de seus estatutos,
patrimônio também distinto dos seus membros (exceto em casos excepcionais, como a
fraude ou abuso de direito, configurando a chamada desconsideração da pessoa
jurídica), a existência jurídica diversa dos seus integrantes (não se confundem as
personalidades), não podem exercer atos que sejam privativos de pessoas naturais, em
razão da sua estrutura biopsicológica e podem ser sujeito passivo ou sujeito ativo em
atos civis e criminais.

Em síntese, é possível afirmar que a nota distintiva da pessoa jurídica é a


distinção entre o seu patrimônio e o dos seus instituidores, não se misturando a condição
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

jurídica autonomamente conferida àquela entidade com a de quem lhe organizou. A


característica da separação patrimonial, que enseja a responsabilidade limitada dos
sócios e administradores, tem sustentáculo na própria livre iniciativa, consagrada
constitucionalmente.

A pessoa jurídica, segundo critérios apresentados doutrinariamente, pode ser


classificada sob diferentes aspectos, que merecem atenção individualizada. Quanto às
funções exercidas, é possível estruturar as pessoas jurídicas em pessoas jurídicas de
direito público ou pessoas jurídicas de direito privado.

As pessoas jurídicas de direito público, marcadas pela presença preponderante


do poder público, subdividem-se, a depender do âmbito de sua atuação, em pessoas
jurídicas de direito público interno, englobando os entes da administração direta (a
União, os Estados Federados, o Distrito Federal e os Municípios) e da administração
indireta (as autarquias e fundações públicas), e de direito público externo (países
soberanos, entidades multinacionais), regidas pelo Direito Internacional Público,
exemplificadas pela UNESCO, pela UNICEF, pela OIT e pela ONU.

Sendo assim, as pessoas jurídicas de direito público podem ser classificadas


quanto à nacionalidade em pessoas jurídicas de direito interno ou pessoas jurídicas de
direito externo. O sentido da distinção, segundo Caio Mário da Silva Pereira é informar
que as pessoas jurídicas estrangeiras obedecem à lei nacional de sua origem, conquanto
suas agências ou filiais que estejam sob o império da lei nacional, inclusive no que
respeita à autorização para funcionamento.

Art. 40. As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de


direito privado.
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:
I - a União;
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
III - os Municípios;
IV – as autarquias, inclusive as associações públicas;2
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de


direito público, a que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se,
no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código.
Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados
estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional
público.

As pessoas jurídicas de direito privado, instituídas para atender aos interesses


dos particulares, abarcam as fundações, associações, sociedades, organizações
religiosas, os partidos políticos e as empresas individuais de responsabilidade limitada
(EIRELI).
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:
I - as associações;
II - as sociedades;
III - as fundações;
IV - as organizações religiosas3;
V - os partidos políticos4.
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada.5
§ 1º São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o
funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público
negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao
seu funcionamento6.
§ 2º As disposições concernentes às associações aplicam-se subsidiariamente
às sociedades que são objeto do Livro II da Parte Especial deste Código7.
§ 3º Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme disposto
em lei específica8.

EIRELI é uma pessoa jurídica de direito privado formada por uma determinada
pessoa natural que quer empreender, abrindo uma empresa individual. Sendo assim,
trata-se de criação que pretende estabelecer uma bifurcação do patrimônio do
empresário individual em dois diferentes campos: o patrimônio da pessoa física e o
patrimônio da pessoa jurídica.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

É importante destacar que tal pessoa jurídica somente pode ser constituída por
pessoa naturais, não se tolerando uma empresa individual de responsabilidade limitada
criada por outra pessoa jurídica. Sendo que a própria concepção legislativa teve a sua
justificativa de criação no intuito de regular a situação do empreendedor individual,
proporcionando limitação nos riscos da sua atividade econômica, com a proteção do seu
patrimônio pessoal, não se justificando a participação de pessoas jurídicas.
Vale notar que a empresa individual não se trata de uma sociedade, mas de um
novo ente jurídico personificado, que figura ao lado de outras espécies de pessoas
jurídicas de direito privado, no sistema jurídico brasileiro. Essa personalidade jurídica,
todavia, somente será reconhecida após o seu registro regular em cartório. Além disso, a
pessoa natural que fundar uma EIRELI não pode participar de nenhuma outra empresa,
com esta natureza.
Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será
constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social,
devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem)
vezes o maior salário-mínimo vigente no País.

Quanto à estrutura interna, as pessoas jurídicas podem ser percebidas em


universitas bonorum (cuja estrutura interna é composta de um patrimônio destinado a
uma finalidade específica que lhe dá unidade, como são as fundações) ou em universitas
personarum (compostas, em sua teia orgânica estrutural, por um conjunto de pessoas
que se unem ao derredor de uma finalidade comum, como nas corporações).

Sendo assim, as pessoas jurídicas podem ser corporações ou fundações. As


corporações são compostas por um grupamento de pessoas, ligadas por um sentimento
comum, tendendo a um desiderato único. São, portanto, pessoas que percebendo as
vantagens do associativismo, buscam alcançar mais facilmente determinado resultado.
As corporações subdividem-se em sociedades e associações.

CORPORAÇÕES

SOCIEDADES
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se


obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade
econômica e a partilha, entre si, dos resultados.
Parágrafo único - A atividade pode restringir-se à realização de um ou mais
negócios determinados.

As sociedades são pessoas jurídicas de direito privado com fins lucrativos,


almejando repartir os lucros entre os sócios, podendo ser de dois tipos: simples ou
empresária. Sociedade simples é o que o Código Civil anterior denominava sociedade
civil, referindo-se ao exercício de atividades econômicas, visando o lucro, porém o seu
objeto não diz respeito a uma atividade de empresário, a exemplo do exercício de
profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística.
Sociedades empresárias são aquelas que lidam o comércio, tendendo ao
exercício de atividade mercantil, relacionada com atividade econômica organizada para
a produção ou circulação de bens e serviços sendo denominadas também de sociedade
comercial.
As sociedades simples e empresárias se distinguem quase sempre pelo objeto da
atividade que desenvolvem. A atividade liberal referente à prestação de serviços e
comércio em geral refere-se à sociedade empresária, portanto, refere-se à compra e
venda excluindo o profissional liberal (prestação de serviços), referentes à sociedade
simples.
A sociedade simples é criada a partir de um contrato social redigido,
disciplinando tudo da sociedade. Esse contrato deve ser registrado no caso da sociedade
simples no cartório do registro civil de pessoa jurídica, no caso de sociedade
empresária, deverá ser registrado na junta comercial do respectivo estado- JUCEB
(Junta Comercial do Estado da Bahia).
Somente com esse registro é criada a pessoa jurídica, caso seja firmado contrato
sem registro, não houve criação de uma nova pessoa jurídica. Dessa forma, estes se
encontram em uma sociedade não personificada, incomum, irregular. Essa sociedade
não personificada traduz a referida situação, não foi criada uma nova pessoa, quem está
atuando no mercado contraindo obrigações são os sócios, que atuarão no mercado
arcando com as consequências do negócio jurídicos. A maioria das sociedades firmadas
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

no brasil são limitadas, visto que há a separação do patrimônio da pessoa física e da


pessoa jurídica.
ASSOCIAÇÕES
Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se
organizem para fins não econômicos.
Parágrafo único - Não há, entre os associados, direitos e obrigações
recíprocos.

As associações, por sua vez, são corporações que não têm em mira uma
finalidade lucrativa, tais como associações estudantis, beneficentes, filantrópicas,
recreativas, esportivas, de determinadas classes ou categorias profissionais, de
moradores de bairro, etc. As associações podem ter ganho financeiro, entretanto o
eventual lucro obtido no exercício da atividade associativa será reaplicado na própria
entidade, vedando-se a partilha entre os associados.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer
associado;
A Constituição da República consagrou a liberdade associativa, estabelecendo
que ninguém pode ser compelido a se associar ou se manter associado. Sendo assim,
segundo Dirley Cunha, existe uma dupla dimensão, positiva e negativa da liberdade de
associação.
Há diferentes aspectos decorrentes da liberdade associativa, reconhecida
constitucionalmente, o livre direito de criação e manutenção de uma associação,
independentemente de autorização, o direito de se associar, não podendo ninguém ser
obrigado a tanto, o direito de desassociação, que nada mais é senão a liberdade de não
se manter associado.
Toda associação é regida, em suas relações internas, pelo estatuto social. Trata-
se de uma espécie de lei orgânica, de natureza não contratual e sim estatuária, de modo
a vincular não apenas a vincular os associados existentes, mas os futuros. Vale registrar
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

que os estatutos sociais tendem a regulamentar a atuação (direitos e deveres) das


pessoas na própria associação, internamente.
As associações, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para
representar os seus associados em juízo ou fora dele. Aliás, a própria legislação, em
determinados casos, legitima a associação a atuar na defesa dos interesses dos seus
filiados.
Diversamente do que ocorre nas sociedades, na associação não há entre os
associados, direitos e obrigações recíprocos, sendo que a qualidade de associado, em
regra, é intransponível, salvo se o estatuto trouxer norma diversa. Assim, de regra, a
morte de um associado não gera transmissão da sua qualidade associativa para os
herdeiros, salvo disposição contrária dos estatutos.
Ainda em respeito aos associados, convém registrar a inexistência de regra
específica, na legislação civil, sobre a responsabilidade civil dos dirigentes associativos,
sendo assim, não é possível aplicar a regra da responsabilidade solidária- típica das
sociedades.
Outrossim, em conformidade com o sistema jurídico brasileiro, há igualdade de
direitos entre os associados, embora o estatuto posa instituir associados com vantagens
especiais, por motivos diversos, sedo comum encontrar nas associações os associados-
proprietários, os associados- beneméritos, os associados-remidos e os associados-
honorários.
No que tange às despesas associativas, é natural que cada associado seja
compelido a colaborar proporcionalmente, na forma prevista nos estatutos sociais.
Independentemente de estar, ou não, utilizando ou se beneficiando das atividades
associativas, é obrigação do associado participar do rateio das despesa comuns, exceto
se houver disposição diversa em sede estatuária.
Em linha de princípio, é certo que a pessoa não-filiada a uma associação, não
pode ser compelida ao pagamento de taxas e dividir despesas associativas. Todavia,
nãos e pode esquecer que, em determinados casos, o proprietário ou possuidor não-
filiado se aproveita das atividades associativas, se beneficiando direta ou indiretamente.
Em razão disso, a solução mais adequada, ao nosso sentir, é aferir, em cada caso, a
existência, ou não, de benefício do proprietário ou possuidor, não-filiado.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

A exclusão de associado deverá atender ao garantismo constitucional, respeitado


devido processo legal, facultando a ele o direito de se defender amplamente, produzir
prova de que as imputações que lhe são feitas são improcedentes, constituir advogado.
Sendo assim, a exclusão de associado somente será possível se provada a
existência de uma justa motivação, devidamente indicada no procedimento e
comprovada cabalmente, através de deliberação da assembleia geral, convocada
especificamente para essa finalidade, através do quórum indicado nos próprios estatutos
sociais.
Dessa forma, a possibilidade de exclusão do associado está centrada na teoria da
função social da empresa, permitindo antever que o associado que cause incômodo, ao
regular funcionamento da pessoa jurídica, pode ser excluído, por violar a harmonia
social.
No caso de dissolução da associação, o patrimônio apurado, depois de deduzir as
frações de cada associado seguirá o destino na conformidade do próprio estatuto ou, no
seu silêncio, será dirigido a outra entidade de fins não econômicos similar, de acordo
com deliberação dos associados. Não havendo, será recolhido o patrimônio
remanescente pela Fazenda Pública.
FUNDAÇÕES

As fundações são organizações com patrimônio afetado por uma finalidade


específica determinada pelo instituidor, com personalidade jurídica atribuída pela lei.
Sendo assim, são organizações destinadas a prosseguir um fim duradouro ao qual esteja
afetado um patrimônio, dependendo da vontade do instituidor. Resultam, pois, as
fundações da conjugação de três elementos nucleares: patrimônio, finalidade e afetação
do patrimônio a uma finalidade específica.

As fundações são, portanto, fruto da destinação patrimonial, almejando um fim


lícito. São entidades criadas com bens livres, através de escrituras públicas ou
testamento, a fim de atender uma finalidade específica, que poderá ser religiosa, moral,
cultural ou assistencial, podendo ainda assumir natureza pública ou privada. As
finalidades das fundações devem restar-se afastadas do caráter lucrativo. Dessa forma,
as fundações brasileiras devem apoiar, proteger, colaborar, amparar e prestar serviços de
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

relevância social, como, por exemplo, nas áreas do meio ambiente, da educação, da
saúde.

As fundações são constituídas através de ato formal, podendo ser compreendido


o seu procedimento de criação em quatro diferentes fases: a fase de dotação ou de
instituição, compreendendo a reserva de bens, por ato inter vivos ou causa mortis
(escritura pública ou testamento). Nesse momento, o instituidor, deverá atender às
mesmas restrições impostas pela Lei Civil a doação e ao testamento, não podendo
dispor de mais da metade do seu patrimônio, se tiver herdeiros necessários, bem como
não podendo dispor de volume de patrimônio que comprometa a sua própria
subsistência.

Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública
ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se
destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la.
Parágrafo único - A fundação somente poderá constituir-se para fins
religiosos, morais, culturais ou de assistência.

Posteriormente, há a fase de elaboração dos estatutos que poderá se realizar de


forma direta ou de modo fiduciário; a fase de aprovação dos estatutos pela autoridade
competente, competindo ao Ministério Público aprovar os estatutos fundacionais, salvo
quando elaborados por ele mesmo. Na hipótese de elaboração dos estatutos sociais pelo
promotor de justiça, é de se entender que a aprovação deverá ser feita pelo Poder
Judiciário, através de procedimento de jurisdição voluntária.
O ato de aprovação estatuária garante que a norma de regência da fundação
esteja livre de qualquer inclinação a determinados interesses. Além disso, nessa fase de
aprovação estatuária, deve o Parquet averiguar se os bens destinados são suficientes
para o cumprimento da finalidade indicada.
Art. 65. Aqueles a quem o instituidor cometer a aplicação do patrimônio, em
tendo ciência do encargo, formularão logo, de acordo com as suas bases (art.
62), o estatuto da fundação projetada, submetendo-o, em seguida, à
aprovação da autoridade competente, com recurso ao juiz.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

Parágrafo único - Se o estatuto não for elaborado no prazo assinado pelo


instituidor, ou, não havendo prazo, em cento e oitenta dias, a incumbência
caberá ao Ministério Público.
Após as referidas fases, há a fase de registro que será realizada no Cartório de
pessoas jurídicas, caso os bens destinados à fundação não se apresentem suficientes para
o atendimento de suas finalidades serão incorporados em outra fundação que se destine
a um fim igual ou semelhante.
Art. 63. Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela
destinados serão, se de outro modo não dispuser o instituidor, incorporados
em outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante.

Considerando o interesse social presente (por conta de sua finalidade), a


fiscalização da fundação competirá ao órgão do Ministério Público do Estado em que
estiver situada. Mesmo em se tratando de fundação de abrangência nacional, situada em
mais de um estado da federação, a fiscalização ficará a cargo do Promotor de Justiça de
cada um dos estados que estiver atuando. Sendo assim, deverá o Ministério Público
adotar todas as medidas judiciais ou extrajudiciais cabíveis para a proteção do ente
fundacional.
É a atuação fiscalizatória do Promotor de Justiça tendente a obstar a indevida
utilização da fundação para fins ilícitos ou desvirtuamento de seus propósitos.
Exemplos comuns que exigem a pronta e eficaz atuação ministerial podem ser
colecionados: recusa injustificada de práticas de eleições estatuárias, irregularidades
eleitorais, malversação do dinheiro fundacional, desvio de verbas.
Há a possibilidade de extinção da fundação em determinadas hipóteses: quando
se tornarem ilícitas ou inúteis à finalidade a que se destinam, quando impossível de
serem mantidas, bem como pelo vencimento de prazo de existência se previsto nos
estatutos. A extinção fundacional pode ser obtida pela via administrativa ou através da
medida judicial.
Estando legitimados para requerer, em juízo, a extinção da fundação, além do
Ministério Público, os eventuais interessados, como os administradores, os credores
prejudicados ou mesmo os sucessores do instituidor. Em qualquer caso, o patrimônio
remanescente será incorporado a outra fundação de igual ou semelhante finalidade,
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

designada judicialmente, salvo se os estatutos ou o ato de dotação indicarem de forma


diversa, que deverá ser obedecida.
É possível a participação de uma fundação em uma sociedade com os seus
intuitos lucrativos. Em tais casos, o lucro da empresa composta pela fundação será
revertido para a implementação de suas finalidades e não repartido entre os
administradores.
O princípio da separação ou autonomia patrimonial refere-se à separação dos
bens das pessoas físicas que compõem a pessoa jurídica e da própria pessoa jurídica. A
personificação da sociedade, o registro no cartório do contrato social gera a separação
do que a personalidade e patrimônio da pessoa jurídica do patrimônio e personalidade
dos sócios. Sendo essa a principal razão da pessoa jurídica.

Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se


obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade
econômica e a partilha, entre si, dos resultados.
Parágrafo único - A atividade pode restringir-se à realização de um ou mais
negócios determinados.
Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade
que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a
registro (art. 967); e, simples, as demais.
Parágrafo único - Independentemente de seu objeto, considera-se empresária
a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa.

Art. 66. São contravenções relativas à economia popular, puníveis na


forma do artigo 10 da Lei nº 1.521, de 26 de dezembro de 1951:

I - negociar o incorporador frações ideais de terreno, sem previamente


satisfazer às exigências constantes desta Lei;

lI - omitir o incorporador, em qualquer documento de ajuste, as


indicações a que se referem os artigos 37 e 38, desta Lei;
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

III - deixar o incorporador, sem justa causa, no prazo do artigo 35 e


ressalvada a hipótese de seus § § 2º e 3º, de promover a celebração do
contrato relativo à fração ideal de terreno, do contrato de construção ou da
Convenção do condomínio;

IV - (VETADO).

V - omitir o incorporador, no contrato, a indicação a que se refere o § 5º


do artigo 55, desta Lei;

VI - paralisar o incorporador a obra, por mais de 30 dias, ou retardar-lhe


excessivamente o andamento sem justa causa.

PENA - Multa de 5 a 20 vezes o maior salário-mínimo legal vigente no


País.

Parágrafo único. No caso de contratos relativos a incorporações, de que


não participe o incorporador, responderão solidariamente pelas faltas
capituladas neste artigo o construtor, o corretor, o proprietário ou titular de
direitos aquisitivos do terreno, desde que figurem no contrato, com direito
regressivo sobre o incorporador, se as faltas cometidas lhe forem imputáveis.

CÓDIGO TRIBUTÁRIO

Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a


obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes
ou infração de lei, contrato social ou estatutos:

I - as pessoas referidas no artigo anterior;

II - os mandatários, prepostos e empregados;

III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de


direito privado.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade


quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de
poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato
social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência,
estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica
provocados por má administração.

§ 1° (Vetado).

§ 2° As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades


controladas, são subsidiariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes
deste código.

§ 3° As sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis pelas


obrigações decorrentes deste código.

§ 4° As sociedades coligadas só responderão por culpa.

§ 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que


sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de
prejuízos causados aos consumidores.

CÓDIGO CIVIL
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo
desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a
requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir
no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações
sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da
pessoa jurídica.

Juízes ao perceberem abusos mais nítidos passaram a determinar que o prejuízo


da pessoa jurídica deve ser pago também dos sócios, em razão destes terem se utilizado
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Roxana Borges.
Semestre: 2014.1.

da pessoa jurídica a fim de lesar os credores, tal situação é conhecida como


desconsideração da personalidade jurídica da pessoa jurídica. Inobstante, isso não
extingue a personalidade jurídica da pessoa jurídica.

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