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Faculdade Quirinópolis

Direito Penal I
2º Período

Professor: Márcio Borges da Silva APOSTILA 02

DIREITO PENAL

Fontes do Direito Penal: Fonte significa origem, de onde provém. As fontes


do Direito Penal se subdividem em:

Fonte Material: A única fonte material do Direito Penal é o ESTADO.


Fonte Formal: Exteriorizam o direito, dividem-se em:
- Fontes diretas (imediatas): A lei (princípio da legalidade ou da Reserva
Legal – CF/88, art. 5º, XXXIX; CP, art. 1º).
- Fontes indiretas (mediatas): Art. 4º, LICC: Costumes, analogia (in bonan
partem), e os princípios gerais do direito (Equilíbrio, justiça).

LEI PENAL

A lei é a única fonte formal direta do Direito Penal. É sempre imperativa


(sua violação acarreta a pena), geral (destina-se a todos) e impessoal (vale
para todas as pessoas indistintamente). A lei regula os fatos presentes e
futuros, jamais os fatos ocorridos antes de sua entrada em vigor (Princípio
da anterioridade da lei).

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Classificação das Leis:

- Gerais/comuns/ordinárias (vigem em todo território nacional);

- Especiais (CF, art. 22, § Único). Exemplo do que poderia ser uma lei
Especial: “Desperdiçar água no sertão nordestino. Atualmente não existe lei
especial vigente.

- Excepcionais: É feita para vigorar em períodos anormais, como guerra,


calamidades, etc. (Exemplo: Sanção àquele que não apagasse as luzes de
sua residência em caso de guerra – dura enquanto durar a guerra).

- Leis temporárias: É feita para vigorar em um período de tempo


previamente fixado pelo legislador. Traz em seu bojo a data da cessação de
sua vigência. É uma lei que desde a sua entrada em vigor está marcada
para morrer.

- Leis incriminadoras: Lei penal em sentido estrito (O próprio Código Penal);

- Leis não incriminadoras: Se dividem em: Explicativas (art. 150, § 4º do


Código Penal – Explicativo de “casa”; art. 63 do Código Penal – explicativo
de “reincidência”); Permissivas (art. 23, 24 e 25 do Código Penal –
Excludentes de ilicitude);

Interpretação da lei

- Autêntica (tem força obrigatória – contextual).


- Jurisprudencial (NÃO tem força obrigatória): Decisões reiteradas dos
Tribunais, súmulas do STF e STJ;
- Doutrinária (NÃO tem força obrigatória): Interpretação dada por escritores
ou comentadores do direito.

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VIGÊNCIA DA LEI

Em princípio a lei é elaborada para viger por tempo indeterminado.

. “Vacatio legis”: Período decorrente entre a publicação e a entrada em


vigor da lei; Geralmente de 45 dias. Este prazo não é absoluto, podendo ser
menor ou maior, dependendo do que dispuser a própria Lei.

- Revogação: Somente por outra lei. (Exceção: auto-revogação).

. Revogação expressa da lei nova (art. 240 CP);


. Tácita (Lei nova dispõe sobre matéria de lei anterior);
 Derrogação: Revogação parcial;
 Ab-Rogação: Revogação total;

Princípio da legalidade:

. Lato sensu (geral): Art. 5°, II da C.F.


. Estrito sensu (Penal – Princípio da reserva legal): Art. 1° do C.P. Tipos
penais incriminadores somente podem ser criados por lei em sentido estrito,
emanada do Poder Legislativo, de acordo com o processo previsto na C.F.

A LEI PENAL NO TEMPO

Tempo do crime:

Atividade – momento da conduta (ação ou omissão) – Art. 4° do C. Penal;


Resultado – momento da consumação;
Misto – Tanto da conduta quanto do resultado.

- Crime Permanente (Ex. crime de seqüestro, art. 148 CP);


- Crime Continuado (Ex. serial killer – art. 71 CP).

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Retroatividade

Regra geral:

. Tempus regit actum (o tempo rege o ato). A lei rege, em geral, os fatos
praticados durante sua vigência. (ultratividade da lei – entre o fato e a
extinção da punibilidade).

. Novatio legis incriminadora – irretroatividade. (CF, art. 5°, XL).


. Novatio legis in pejus – irretroatividade. (CF, art. 5°, XL).

Exceção:

. Retroatividade (art. 2° do CP) – Aplicação da lei penal benéfica a fato


acontecido antes de sua vigência (art. 5°, XL da CF).

*Abolitio criminis (abolição do delito – Ex. art. 240 CP).

*Novatio legis in mellius (Lei penal mais favorável – art. 89 Lei


9099/95).

*Lei intermediária mais benéfica (nem a da época do fato, nem da


época da sentença).

Leis temporárias e excepcionais

- Temporária - elaborada para viger durante tempo específico, determinado


na própria Lei;

- Excepcionais - elaborada para viger durante enquanto durarem as


circunstâncias que lhe deram origem.

*Aplica-se a lei a fatos ocorridos durante o período de sua vigência.

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Ultratividade

Aplica-se a lei vigente na data do fato, mesmo após a sua revogação.


Leis temporárias e excepcionais são ultrativas, mesmo após a auto-
revogação.

Lei penal em branco

- Art. 237 do CP (conhecimento prévio de impedimento ao casamento) c/c


arts. 1.522, 1.524 e 1.530 C.C.

- Tipos remetidos: não são normas penais em branco (Art. 304 CP).

- Lei penal em branco homogênea: Promana da mesma fonte legislativa


(Ex. CP, CC, CF, etc).

- Lei penal heterogênea: Promana de ato normativo infralegal (Ex. Portarias


sanitárias que elencam moléstias infecciosas, cujo notificação é obrigatória;
Portaria n° 344, de 12 de maio de 1998, do Serviço de Vigilância Sanitária
do Ministério da Saúde – Lei de Drogas).

- Alteração do complemento da norma penal em branco (Ex. modificação da


lei civil, excluindo um determinado impedimento do rol do art. 1521, I a VII,
do CC).

APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO ESPAÇO

LUGAR DO CRIME

É preciso identificar o lugar do crime, observando as teorias que


disputam o seu tratamento. Três teorias têm como escopo a determinação
do lugar do crime, a saber:

a) teoria da atividade;
b) teoria do resultado;

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c) teoria mista ou da ubiqüidade;

Pela teoria da atividade, lugar do crime seria o da ação ou


omissão, ainda que outro fosse o da ocorrência do resultado. Já a teoria do
resultado despreza o lugar da conduta e defende a tese de que lugar do
crime será, tão somente, aquele em que ocorrer o resultado. A teoria da
ubiqüidade ou mista adota as duas posições anteriores e aduz que lugar do
crime será o da ação ou omissão, bem como onde se produziu ou deveria
produzir-se o resultado.

Nosso Código Penal adotou a teoria da ubiqüidade, conforme se


verifica no seu artigo 6º, assim redigido:

CP, art. 6º. Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a


ação ou a omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu
ou deveria produzir-se o resultado.

Com a adoção da teoria da ubiqüidade resolvem-se os problemas


já há muito apontados pela doutrina, como aqueles relacionados aos crimes
à distância.

Na situação clássica, suponhamos que alguém, residente na


Argentina, enviasse uma carta-bomba tendo como destinatário uma vítima
que residisse no Brasil. A carta-bomba chega a seu destino e, ao abri-la, a
vítima detona o seu mecanismo de funcionamento, fazendo-a explodir,
causando-lhe a morte. Se adotada no Brasil a teoria da atividade e na
Argentina a teoria do resultado, o agente, autor do homicídio ficaria
impune. A adoção da teoria da ubiqüidade resolve problemas de Direito
Penal internacional.

TERRITORIALIDADE E EXTRATERRITORIALIDADE

Territorialidade (Regra Geral): Aplica-se a lei penal brasileira aos delitos


cometidos dentro do território nacional (art. 5°, caput, CP).

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Extraterritorialidade (Exceção): Aplicação da lei penal brasileira a crimes
praticados no estrangeiro (art. 7° CP).

Elementos do Território Nacional:

a) o solo ocupado pela nação; b) os rios, lagos, mares interiores e


sucessivos (são os que passam pelo território de vários países); c) os
golfos, baías e portos; d) a faixa de mar exterior, que corre ao largo da
costa e que constitui o mar territorial (antigamente vigorava a regra do
alcance do tiro de canhão – hoje corresponde a 12 milhas); e) rios, lagos e
mares fronteiriços (parte que o direito atribui a cada Estado); f) navios
nacionais (Públicos ou privados); espaço aéreo correspondente ao território;
g) as aeronaves nacionais (Públicas ou privadas);

Território brasileiro por equiparação:

a) Embarcações ou aeronaves brasileiras de natureza pública ou a


serviço do governo brasileiro – onde estiverem; (Ex. o interior de um
navio militar brasileiro ancorado num porto estrangeiro);

b) Embarcações e aeronaves brasileiras, de propriedade privada, que


estiverem navegando em alto-mar ou sobrevoando águas
internacionais.

Competência para o Julgamento de crimes cometidos a bordo de


embarcações e aeronaves:

É da justiça Federal (CF, art. 109, IX), ressalvada a competência da Justiça


Militar, do local onde primeiro pousar a aeronave após o delito (ou da
Comarca de onde houver partido) – Art. 90 CPP.

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