Você está na página 1de 3

LEI OU NORMA PENAL?

 Lei é a regra jurídica escrita, instituída pelo legislador, no cumprimento de um mandato outorgado pela comunidade de cidadãos.
 Norma é uma regra proibitiva não escrita, que se extrai do espírito dos membros da sociedade, isto é, do senso de justiça do povo.

NORMA PENAL
 tipo de norma jurídica com a função específica de definir os crimes com suas respectivas sanções.

CARACTERES DA NORMA PENAL


Exclusividade: Somente a Norma Penal define os crimes e impõe sanções;
Anterioridade: A Norma Penal somente alcança os fatos cometidos após o início da sua vigência, não incidindo sobre os fatos ocorridos
anteriormente, isto é, somente alcança os fatos futuros;
Imperatividade: É imposta para todos, pois, a violação de seu preceito acarreta a aplicação de sanção;
Generalidade: Possui eficácia erga omnes, ou seja, todas as pessoas são seus destinatários;
Impessoalidade: Via de regra não se destina a determinada categoria de pessoas ou indivíduos, porém, dirige-se indistintamente a todos.

CLASSIFICAÇÃO DA NORMA PENAL


Norma Penal Incriminadora [Normas Repressivas ou Normas Sancionadoras]
- é representada pelas normas que definem as inúmeras condutas que, uma vez praticadas, sujeitam seus autores a uma sanção
criminal.
- Preceito primário e secundário.

CLASSIFICAÇÃO DA NORMA PENAL


Norma Penal Não Incriminadora [Normas Permissivas ou Normas Penais de Aplicação Geral]
- são aquelas que descrevem ou permitem certas situações ou circunstâncias relacionadas com a aplicação concreta das normas
incriminadoras.

CLASSIFICAÇÃO DA NORMA PENAL


Norma Penal Em Branco
- são as de conteúdo incompleto, vago, exigindo complementação por outra norma jurídica (lei, decreto, regulamento, portaria etc) para que
possam ser aplicadas ao fato concreto.

Norma Penal Em Branco


Art. 66 da Lei n. 11.343/06 - denominam-se drogas substâncias entorpecentes, psicotrópicas, precursoras e outras sob controle especial, da
Portaria SVS/MS no 344, de 12 de maio de 1998.
- Atualmente atualizado pela Resolução da Diretoria Colegiada - RDC nº 40 de 15 de julho de 2009 (anvisa.org.br).

FONTES DO DIREITO PENAL


• FONTE IMEDIATA (Lei complementar)
• Art. 22, I, CRFB/88;
• CRFB/88, art. 62, § 1º, inciso I, alínea “b”;
• CRFB/88, art. 22, parágrafo único.

FONTE MEDIATA (ANALOGIA, COSTUME, PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO, DOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA)


Analogia – em caso de lacuna da lei;
Código Criminal de 1830, art. 33: Nenhum crime será punido com penas que não estejam estabelecidas para punir o crime no grau máximo,
médio ou mínimo, salvo o caso em que aos juízes se permitir arbítrio.
- Código de 1890, art. 1º, segunda parte: A interpretação extensiva, por analogia ou paridade, não é admissível para qualificar crimes ou aplicar-
lhes penas.

• COSTUME - conjunto de normas de comportamento a que pessoas obedecem de maneira uniforme e constante pela convicção de
sua obrigatoriedade.
• Costume contra legem – proibição: o sistema jurídico brasileiro não admite possa uma lei perecer pelo desuso, porquanto, assentado
no princípio da supremacia da lei escrita (fonte principal do direito), sua obrigatoriedade só termina com sua revogação por outra lei.
• Noutros termos, significa que não pode ter existência jurídica o costume "contra legem".
• “Jogo do bicho”, máquina caça-níquel etc.

• Princípios gerais de direito: premissas éticas extraídas da legislação, do ordenamento jurídico.


• Doutrina: trabalho científico, racional e interpretativo dos experts.

• Jurisprudência: conjunto de decisões dos tribunais sobre determinada categoria de casos concretos.

A analogia, o costume, os princípios gerais de direito, jurisprudência e doutrina não podem criar, modificar, extinguir condutas puníveis nem
impor penas.

A INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL


Extrair da norma penal seu exato alcance e real significado.

QUANTO AO SUJEITO INTERPRETAÇÃO AUTÊNTICA [Interpretação Legislativa]

INTERPRETAÇÃO DOUTRINÁRIA [Interpretação Científica]


JUDICIAL
QUANTO AOS MEIOS GRAMATICAL, LITERAL OU SINTÁTICA
EMPREGADOS
LÓGICA OU TELEOLÓGICA
SISTÊMICO
HISTÓRICO
QUANTO AO RESULTADO INTERPRETAÇÃO DECLARATÓRIA
INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA

INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA

LEI PENAL NO TEMPO E NO ESPAÇO


TEMPUS REGIT ACTUM
DECRETO-LEI Nº 4.657, DE 4 DE SETEMBRO DE 1942 (Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro – antiga nomenclatura:
LICC)
Art. 1o  Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada.

DECRETO-LEI Nº 4.657/42
Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue.
§ 1o A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule
inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.
§ 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.
§ 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência.
• Lei Complementar nº 95/98, art. 9° (cláusula de revogação);
• Decreto nº 4.176/02, art. 21 (cláusula de revogação)
• Art. 9º A cláusula de revogação deverá enumerar, expressamente, as leis ou disposições legais revogadas.
• Art. 21.  A cláusula de revogação relacionará, de forma expressa, todas as disposições que serão revogadas com a entrada em vigor
do ato normativo proposto.

PRINCÍPIOS DA LEI PENAL NO TEMPO


Tempus regit actum
Novatio legis in pejus Novatio legis in melius
Princípio da Irretroatividade Princípio da Retroatividade
Art. 2º, Parágrafo único, CP: A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos
fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.

Inciso XL, art. 5.º, da CRFB/88: a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu

PRINCÍPIOS DA LEI PENAL NO TEMPO


Abolitio criminis
Art. 2º, CP - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime,
cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.

LEI TEMPORÁRIA OU EXCEPCIONAL


A temporária é aquela que traz em seu A excepcional é aquela que tem sua vigência condicionada a algum evento,
bojo o tempo de vigência. como por exemplo, um período de guerra, uma seca prolongada, um período
de calamidade pública.
Ultratividade = aplicação da lei mesmo após a sua revogação, ou, dizendo a mesma coisa de outro modo, aplicação a fatos
ocorridos posteriormente ao fim de sua vigência.

Art. 3º, CP: A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias
que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.

TEMPO DO CRIME
TEORIA DA AÇÃO OU ATIVIDADE: Crime = momento da conduta (ação ou omissão).
CÓDIGO PENAL, Art. 4.º: Considera-se praticado o crime no momento da ação ou
omissão, ainda que outro seja o momento do resultado

TERRITÓRIO
Solo, subsolo, lagos, rios e mares interiores, mar territorial, plataforma
continental e espaço aéreo.

TERRITORIALIDADE TEMPERADA
Art. 5º, CP: Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito
internacional, ao crime cometido no território nacional.

TERRITÓRIO POR FICÇÃO


- embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que
se encontrem;
- aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem,
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar;
- aeronaves estrangeiras de propriedade privada em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo
correspondente;
- embarcações estrangeiras de propriedade privada em porto ou mar territorial do Brasil.
LEI PENAL NO ESPAÇO
LUGAR DO CRIME
TEORIA DA UBIQÜIDADE - Lugar do crime é tanto aquele em que os atos executórios foram praticados,
quanto aquele em que somente o resultado ocorreu.

O Código Penal adotou a TEORIA DA UBIQÜIDADE em seu art. 6.º (considera-se praticado o crime no lugar
em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-
se o resultado).

EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA
Aplica-se, por ficção jurídica e por força da soberania, a lei penal brasileira fora do território brasileiro
aos crimes cometidos:
- contra a vida ou liberdade do Presidente da República (homicídio; Induzimento, instigação ou auxílio a
suicídio; aborto; Constrangimento ilegal; Ameaça; Seqüestro e cárcere privado; etc)

- contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de


Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo
Poder Público (furto; roubo; estelionato etc);
- contra a administração pública, por quem está a seu serviço (peculato; corrupção passiva;
prevaricação etc);
- de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil (Lei nº 2.889, de 1 de outubro de
1956).

EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA
Ficam sujeitos à lei penal brasileira, embora cometidos no estrangeiro os crimes:
- que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
- praticados por brasileiro;
- praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território
estrangeiro e aí não sejam julgados.

PARA ISSO OCORRER, a aplicação da lei penal brasileira depende do concurso das seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei
mais favorável.

A lei penal brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora
do Brasil, se, reunidas as condições previstas no slide anterior:

a) não foi pedida ou foi negada a extradição;


b) houve requisição do Ministro da Justiça.

Você também pode gostar