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DO DIREITO
AULA 9
ORDENAMENTO JURÍDICO:
UNIDADE, COERÊNCIA E COMPLETUDE
LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO
Artigo 1º - Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país 45 (quarenta e
cinco) dias depois de oficialmente publicada.
§ 1º - A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com
ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.
Ex.: Uma lei A trata do aluguel de um imóvel. Uma lei B também trata de tal aluguel, mas
não faz referência ao índice de correção. Nesse caso, a revogação seria tácita parcial.
§ 2º - A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não
revoga nem modifica a lei anterior.
Uma lei que melhor explique algum tema, que venha a favorecer a compreensão do sentido
desse tema, não revoga a lei anterior.
Só revoga a anterior a lei que tenha o objetivo de disciplinar o tema por ela tratado.
Princípio da continuidade ou permanência da norma
§ 3º - Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora
perdido a vigência.
OBRIGATORIEDADE GERAL E ABSTRATA DAS NORMAS
Por que a ninguém é dado o direito de descumprir a lei por não conhecê-la?
Porque a norma é publicada, sendo, portanto, presumivelmente, do
conhecimento de todos.
CRÍTICA
“A publicação não faz a lei conhecida por todos. A ideia de que todos conhecem a lei
porque esta é publicada está longe da realidade. No Brasil, por exemplo, nem mesmo os
melhores juristas conhecem todas as leis.” (Hugo de Brito Machado)
OBS: Apesar de constar no artigo que o juiz será o aplicador da norma, o uso dos
mecanismos de integração será indicado já pelos advogados, procuradores, etc.,
quando forem expor seus argumentos nas demandas de seus representados.
Artigo 6º - A lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito,
direito adquirido e a coisa julgada.
§ 1º - Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que
se efetuou.
§ 2º - Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa
exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo prefixo, ou condição
preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.
§ 3º - Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso.
NORMAS JURÍDICAS: INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO
DIREITO = ordenamento que visa regular a conduta humana de forma externa, bilateral e
coercitiva - através de um complexo de normas jurídicas gerais e abstratas.
Para aplicar a lei ao caso concreto (fato ocorrido), o juiz irá observar a hipótese de incidência.
OCORRÊNCIA DE FATO
COMPATÍVEL COM A APLICAÇÃO DOS EFEITOS
HIPÓTESE DESCRITA NA PREVISTOS PARA ESSA HIPÓTESE
NORMA
Faz parte do método de interpretação, a busca pela finalidade de uma lei, ou seja, por
descobrir:
Considerando que:
Para os que não se encaixam pela via interpretativa, surge uma falha.
A essa falha, atribui-se o nome de LACUNA
OBSERVAÇÃO:
A DOUTRINA DIVERGE SOBRE A EXISTÊNCIA DE LACUNAS OU OMISSÕES DA LEI,
NO ORDENAMENTO, E NO PRÓPRIO DIREITO.
“a completude é algo mais que uma exigência, é uma necessidade, quer dizer,
é uma condição necessária para o funcionamento do sistema.” (Bobbio)
O DIREITO BRASILEIRO ADMITE EXPRESSAMENTE A EXISTÊNCIA DE LACUNAS NA LEI
“Art. 4º - Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os
costumes e os princípios gerais de direito”. (Lei de Introdução às Normas do Direito
Brasileiro).
MéP
S é semelhante a M
SéP
Exemplo: Ex:
Os homens são mortais. Essa semelhança tem que ser Os seres vivos são mortais.
Os cavalos são semelhantes aos FUNDAMENTAL para não cair Os cavalos são seres vivos.
homens. no raciocínio lógico falso Os cavalos são mortais.
Os cavalos são mortais.
Princípio da Legalidade das Penas e Delitos (“Não há crime sem lei anterior que o defina.
Não há pena sem prévia cominação legal”. CPB, art.1º)
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à
venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar,
entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e
quinhentos) dias-multa.
§ 3º Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu
relacionamento, para juntos a consumirem:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e
quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28.
Difere o delito privilegiado do tipo básico:
- a oferta deve ser eventual e
- sem objetivo de lucro e
- direcionada a pessoa do relacionamento do agente e
- destinada ao consumo conjunto
E se ...
exemplo: namorado que oferece droga eventual e gratuitamente à sua namorada e, nesta
ocasião, por qualquer motivo, não faz o consumo da substância, é um traficante ?????
Fazer uma analogia ao que seria o tipo mais grave, para o tipo privilegiado seria em benefício da
parte.
PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO
Embora a expressão seja "Princípios Gerais do Direito", inclui-se tanto os princípios gerais
(comuns a qualquer área) quanto os específicos (relativos a uma determinada área), assim
como aqueles que surgem no ordenamento jurídico como reflexo de questões históricas,
políticas, etc. .
Dupla função:
- orientam o legislador na elaboração das normas
-orientam o aplicador do Direito, diante de uma lacuna ou omissão legal; bem como na
própria garantia do melhor critério de julgamento.
Exemplos:
Princípio da Legalidade (Ninguém será obrigado a fazer nada se não estiver previsto em lei)
A Boa-fé se presume e a má-fé se prova
Quem causa dano a outrem por dolo ou culpa deve repará-lo
Princípio da presunção de inocência
Princípio da função social da propriedade
Princípio da função social da empresa
Princípio da Moralidade
Princípio da igualdade de direitos e deveres
Reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor, do empregado, da mulher, da criança,
do idoso, dos deficientes, etc.
Proteção ao meio ambiente
ETC.
OBSERVAÇÃO:
“o preenchimento não elide a lacuna como tal, que continua a subsistir e ser
passível de constatação até que um dispositivo legal a elimine” (DINIZ, p. 461)