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Hamilton Roberto Santos Jr

Professor de Direito Civil-Parte Geral

Advogado
Especialista em Direito e Processo Civil

@hamiltonrsjadvogado

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hamilton.r.junior@educadores.net.br

AULA 02
A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro

PRELIMINARMENTE, CABE DESTACAR QUE A LINDB, QUE JÁ FOI


CONHECIDA COMO LEI DE INTRODUÇÃO AO CÓDIGO CIVIL (LICC), FOI
PROMULGADA PELO DECRETO-LEI N° 4.657 DE 1942.

SENDO POSTERIORMENTE RECEPCIONADA PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL


DE 1988 COMO LEI ORDINÁRIA. NA ÉPOCA, ESSA LEI TRATAVA DE UM
CONJUNTO DE NORMAS DE INTRODUÇÃO AO DIREITO PRIVADO OU
CIVIL, MAS NÃO SE RESTRINGIA A ESSE RAMO DO DIREITO.

A LEI 12.376/2010 ALTEROU O NOME DA LICC PARA “LEI DE INTRODUÇÃO


ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO”, DEIXANDO CLARO QUE SUA
FUNÇÃO É REGULAR TODAS AS DEMAIS NORMAS E NÃO APENAS O
DIREITO CIVIL, SENDO ENTÃO UMA NORMA DE “SOBREDIREITO” OU
“SUPRADIREITO”.
A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro

*DO ART. 1º AO 6º, TRATA DO DIREITO PRIVADO, SÃO O QUE NOS VAMOS
VER COM MAIS ATENÇÃO E É TAMBÉM O QUE MAIS CAI EM PROVAS,
CONCURSOS.

*DO ART. 7º AO 19, TRATA DO DTO. INTERNACIONAL PRIVADO.

LEI 13.655/18.
*DO ART. 20 AO 30, TRATA DO DTO. ADMINISTRATIVO E SEGURANÇA
JURÍDICA.
A principais características da LINDB:

CONJUNTO DE NORMAS SOBRE NORMAS;

DISCIPLINA OUTRAS NORMAS JURÍDICAS;

LEI DAS LEIS (LEX LEGUM);

É APLICÁVEL A TODOS OS RAMOS DO DIREITO;

CONTEM NORMAS DE SOBREDIREITO OU SUPRADIREITO; E

NÃO É PARTE INTEGRANTE DO CÓDIGO CIVIL


• A LINDB disciplina os seguintes assuntos:

Vigência e eficácia das normas jurídicas;


Conflito de leis no tempo;
Conflito de leis no espaço;
Critérios de hermenêutica jurídica (interpretação);
Critérios de integração do ordenamento jurídico; e
Normas de direito internacional público, privado e segurança
jurídica.
Vacatio Legis

“Art.1o Salvo disposição contrária, a lei


começa a vigorar em todo o país quarenta
e cinco dias depois de oficialmente
publicada.”
§ 1o Nos Estados, estrangeiros, a
obrigatoriedade da lei brasileira, quando
admitida, se inicia três meses depois de
oficialmente publicada.
§ 2º (Revogado pela Lei nº 12.036, de
2009).
Quando ocorre uma nova Publicação:

§ 3o Se, antes de entrar a lei em vigor,


ocorrer nova publicação de seu texto,
destinada a correção, o prazo deste artigo
e dos parágrafos anteriores começará a
correr da nova publicação.

§ 4o As correções a texto de lei já em vigor


consideram-se lei nova.
Revogação na LINDB - Cessa , expressa, tácita,
total(abrrogação) parcial(derrogação)

Art.2º Não se destinando à vigência temporária,


a lei terá vigor até que outra a modifique ou
revogue.
§ 1º A lei posterior revoga a anterior quando
expressamente o declare, quando seja com ela
incompatível ou quando regule inteiramente a
matéria de que tratava a lei anterior.
§ 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais
ou especiais a par das já existentes, não revoga
nem modifica a lei anterior.
O artigo 2° materializa o princípio da continuidade
normativa. Esse princípio só não se aplica às leis
temporárias, as quais têm vigência por prazo certo, isto é,
exceto nos casos de leis temporárias, a lei terá vigor até
que outra a modifique ou revogue.

Para a Lei posterior revogar a anterior ela precisa:


1-Declarar expressamente,
2-Ser incompatível com a anterior ou
3-Regular inteiramente a matéria de que tratava a
anterior.
O § 2o enuncia que a publicação de uma nova lei não
implica em revogação da outra que disponha sobre a
mesma matéria, mas com disposições a par das
existentes. Principio da conciliação

§ 3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não


se restaura por ter a lei revogadora perdido vigência.

Represtinação? (restauração) L1(revogada),


L2(revogadora), L3(expressa)
Diferente de efeito represtinatório.
Inconstitucionalidade de lei revogadora.
Antinomia real(revoga) ou aparente

Critérios para solução de uma antinomia aparente

1- Hierárquico (regulamento não revoga lei)


2- Especialidade (normas gerais não revogam especiais)
3- Cronológico (posterior revoga a anterior)
Princípio da obrigatoriedade da Lei.

Art. 3o Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a


conhece.

A Lei de Introdução proíbe o descumprimento da lei alegando o


seu desconhecimento, ou seja, presume-se que todos
conhecemos as leis e, por isso, não podemos alegar o contrário
para justificar condutas ilegais.

Não é um princípio absoluto, hipótese de mitigação no art. 8º da


Lei de Contravenções Penais. “No caso de ignorância ou de
errada compreensão da lei, quando escusáveis, a pena pode
deixar de ser aplicada”.
Integração das Normas Jurídicas pela LINDB

“Art. 4o Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso


de acordo com a analogia, os costumes e os princípios
gerais de direito.”

Existem lacunas nas leis, isto é, situações não


reguladas. A fim de suprimir essas lacunas e solucionar
os casos não previstos em lei, existem mecanismos de
integração do direito, visto que o ordenamento jurídico
brasileiro proíbe o juiz de deixar de julgar por alegar a
inexistência de lei.
Com isso, a LINDB apresenta institutos que o
magistrado deverá observar para solucionar os casos de
lacuna legislativa, nessa ordem:

Analogia: Estende a uma hipótese não prevista na lei


uma solução legal dada a uma hipótese semelhante:

Analogia Legal(legis): aplica-se uma lei que regula uma


caso semelhante.

Analogia Jurídica(juris): aplica-se um conjunto de


normas.
Costumes: Prática reiterada de uma conduta que apresenta uma
convicção de sua obrigatoriedade:

Costume Secundum legem- é quando o próprio texto da lei


delega o custume. Ex: Art 569, II do CC. “a pagar pontualmente o
aluguel nos prazos ajustados, e, em falta de ajuste, segundo o
costume do lugar”

Costume contra legem ou negativo- é uma pratica contraria a às


normas legais.

Custume praeter legem ou integrativo- é o que supre a ausencia


ou lacuna da lei, EX: Cheque pré-datado.

Caracteristicas dos custumes: Continuidade, uniformidade,


moralidade e obrigatoriedade.
Princípios Gerais do Direito: Regras não escritas, mas aceitas
universalmente. Regras implícitas ou explicitas no sistema
jurídico .

Boa-fé
Legalidade
Proporcionalidade
Contraditório e ampla defesa
Função social e
Outros.
“Art. 5o Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a
que ela se dirige e às exigências do bem comum”.

A noção de equidade, a qual se destina a auxiliar na aplicação


da lei. A equidade pode ser visualizada sob dois enfoques:
a) em sentido amplo, visando atender ao ideal de justiça;
b) em sentido estrito, sendo a autorização legal para que o
juiz dê a solução mais adequada ao caso concreto.
No direito brasileiro, o juiz só pode julgar aplicando a
equidade, quando autorizado por lei.

Art. 140, parágrafo único, do CPC. “O juiz só decidirá por


equidade nos casos previstos em lei”.

Deve estar expresso na lei ou interpretado na lei?


Leitura da Lei de
Introdução às Normas
do Direito Brasileiro

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