Sua função é reger as normas, indicando como interpretá-las ou aplicá-las, determinando-lhe a vigência e a eficácia.
1- Vigência, Validade, Eficácia e C) FUNÇÃO DE RESGUARDO: é o caso de normas
que visam a assegurar uma conduta desejada. Ex.: Vigor das Normas direito autorais. - VALIDADE DA NORMA: significa sua identificação como compatível ao sistema jurídico que integra. O descumprimento das regras de validade importará ao reconhecimento da - VIGOR (FORÇA DA NORMA): diz respeito à inconstitucionalidade ou ilegalidade da norma força vinculante da norma, à impossibilidade de os estabelecida, considerando-a não pertinente ao sujeitos subtraírem-se ao seu império. É possível a sistema. A validade pode ser: norma ser válida, mas ainda não vigente (caso da vacatio legis). A) FORMAL: observância das normas referentes a seu processo de criação. 2- Aplicação de normas jurídicas - Quando determinado fato individual se B) MATERIAL: se houve observância da matéria enquadrar perfeitamente no conceito abstrato da passível de normatização por parte das entidades norma, estará o aplicador realizando o que se federativas. convencionou chamar de subsunção do fato à norma, o que impõe uma adequada interpretação - VIGÊNCIA: refere-se ao período de validade da do conteúdo normativo. norma, ou seja, ao lapso temporal que vai do momento em que ela passa a ter força vinculante até a data em - Nem sempre é possível encontrar uma norma que é revogada ou que se esgota o prazo prescrito para sua duração (leis temporárias). aplicável ao caso concreto, devendo o juiz valer-se das fontes do Direito para, nos casos de lacunas da - EFICÁCIA: qualidade da norma que se refere à lei, realizar a integração normativa. possibilidade de produção concreta de efeitos. 3- A finalidade da interpretação Obs.: A eficácia pode ser: normativa A) SOCIAL: produção concreta de efeitos, porque a) revelar o sentido da norma; presentes as condições fáticas exigíveis para seu b) fixar o seu alcance. cumprimento.
B) TÉCNICA: produção de efeitos, porque presentes 4- Formas de interpretação
as condições técnico-normativas exigíveis para sua a) Literal (gramatical): exame de cada termo utilizado aplicação. na norma, isolada ou sistematicamente, de acordo com as regras do vernáculo. Obs.: A eficácia, no sentido técnico, tem a ver com a aplicabilidade das normas no sentido de b) Lógico: utilização de raciocínios lógicos para a uma aptidão mais ou menos extensa para produzir análise metódica da norma em toda a sua extensão, efeitos. desvendando seu sentido e alcance.
c) Sistemático: análise da norma a partir do
Obs.: Para aferir o grau da eficácia, é preciso ordenamento jurídico de que é parte, relacionando-se verificar quais as funções da eficácia no plano de com todas as outras com o mesmo objeto, direta ou realização normativa (funções eficaciais): indiretamente. A) FUNÇÃO DE BLOQUEIO: é o caso das normas que visam a impedir ou cercear a ocorrência de d) Histórico: análise da norma a partindo da premissa comportamentos contrários a seu preceito. Ex.: normas dos seus antecedentes históricos, verificando-se as punitivas e proibitivas. circunstâncias fáticas e jurídicas que lhe antecederam, bem como o próprio processo legislativo B) FUNÇÃO DE PROGRAMA: é o caso de normas correspondente. que visam à realização de um objetivo do legislador. Observam um interesse público relevante. e) Finalístico (teleológico): análise da norma tomando como parâmetro a sua finalidade, adaptando-a às novas - Se uma lei for republicada, os direito adquiridos exigências sociais. com a redação anterior são respeitados, produzindo a disposição corrigida os mesmos Outra forma de classificação de efeitos de uma lei nova, levando-se em interpretação: consideração a boa-fé do agente - quanto à origem: pode ser - doutrinária, (art. 1º, LINDB - §3º: Se, antes de entrar a lei em jurisprudencial, autêntica (realizada pelo próprio vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, legislador por meio de lei interpretativa). destinada a correção, o prazo deste artigo e dos - quanto aos resultados: declarativa (declara o parágrafos anteriores começará a correr da nova alcance da norma); extensiva (estende o alcance publicação. § 4º. As correções a texto de lei já em da norma); restritiva (restringe o alcance da vigor consideram-se lei nova). norma) e ab-rogante (reconhece que o preceito Obs.: Em um ordenamento jurídico, as normas interpretado é inaplicável). podem perder a sua vigência, deixando de pertencer ao sistema, fato que é denominado revogação. Nenhum desses métodos se impõe necessariamente sobre o outro. Dispõe o art. 5º, LINDB: Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos Dispõe o art. 2º, da LINDB: fins sociais a que ela se dirige e às exigências do Art. 2º. Não se destinando à vigência temporária, a lei bem comum. terá vigor até que outra a modifique ou revogue. § 1º. A lei posterior revoga a anterior quando - Quando inexiste lei a aplicar diretamente ao expressamente o declare, quando seja com ela caso, deve o juiz se valer das outras fontes do incompatível ou quando regule inteiramente a matéria Direito para encontrar a regar que efetivamente de que tratava a lei anterior. deve disciplinar a relação jurídica submetida à sua § 2º. A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou apreciação especiais a par das já existentes, não revoga nem Art. 4º, LINDB: Quando a lei for omissa, o juiz modifica a lei anterior. decidirá o caso de acordo com a analogia, os § 3º. Salvo disposição em contrário, a lei revogada não costumes e os princípios gerais de direito. se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência Obs.: A essas fontes somam-se a doutrina, a (repristinação). jurisprudência e a eqüidade. A revogação pode ser: - Para que uma lei seja aplicada, em regra, é - quanto à forma: necessário que esteja vigente. A publicação da lei a) Expressa: quando a nova norma enuncia a no D. O. enseja a presunção de que todos a revogação dos dispositivos anteriores. conheçam b) Tácita: quando a nova norma disciplina a matéria de Art. 3º, LINDB: Ninguém se escusa de cumprir a forma diferenciada da regra original, tornando ilógica a lei, alegando que não a conhece. sua manutenção.
Art. 1º, LINDB: Salvo disposição contrária, a lei
- quanto à abrangência: começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco a) Total: ab-rogação; dias depois de oficialmente publicada. b) Parcial: derrogação. § 1º. Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada. Para que a lei Regras reguladoras da revogação: vigore de imediato é preciso que conste 1) Lex superior: a norma que dispõe forma e expressamente em sua redação. materialmente, sobre a edição de outras normas prevalece sobre estas. - A vacatio legis é o período em que a lei, embora 2) Lex posterior: se normas do mesmo escalão publicada, aguarda a data de início de seu vigor, estiverem em conflito, deve prevalecer a mais recente. em função de três hipóteses: 3) Lex specialis: a norma especial revoga a geral no I – ter sido fixada uma data posterior para o que esta dispõe especificamente. momento de início de seus feitos; Conflito de normas no tempo (Direito Intertemporal) II – deva entrar em vigor 45 dias após publicada, em face de omissão de norma explícita; Art. 6º, LINDB: A lei em vigor terá efeito III – estar pendente de regulamento, explícita ou imediato e geral, respeitados o ato jurídico implicitamente (normas de eficácia limitada). perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. § 1º. Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. § 2º. Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo prefixo, ou condição preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. § 3º. Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso. - As leis civis não têm retroatividade, uma vez que esbarram no ato jurídico perfeito, no direito adquirido e na coisa julgada (art. 5º, XXXVI, CF). - Nem mesmo o estado pode retroagir os efeitos de uma nova lei para atingir situações definitivamente constituídas.