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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

TEORIA DO DIREITO II

Profa. Dra. Ana Paula Fohrmann


Monitores: Gabriel Figueiredo e Rafael Reis
Apostila de Apoio

TABELA DE CONTEÚDOS

1……………………………………………… Teorias Positivistas da


Validade

2……………………………………………… Vigência, Eficácia,


Validade, Imperatividade
e Vigor

3……………………………………………… Revogação e Nulidade

4……………………………………………….. Caducidade, Desuso e


Costume Negativo

5……………………………………………… Lacunas

6……………………………………………… Fontes do Direito

7……………………………………………… Interpretação do Direito


UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO - APOSTILA DE APOIO - GABRIEL FIGUEIREDO E RAFAEL REIS

1. Teorias Positivistas da Validade

● Alf Ross e Hans Kelsen

Alf Ross, autor realista, considera que a aplicação da lei pelos juristas também pode ser
considerada como norma dentro de um ordenamento.

Kelsen afirma que Ross abre caminho para a discricionariedade quando a decisão do juiz
toma tanto poder dentro do Direito. Kelsen afirma que uma norma só pode ser válida a
partir de outra norma hierarquicamente superior.

Ross ataca Kelsen em seu conceito de norma fundamental, no qual é intangível. O realista
ainda afirma que o excesso de formalidade em Kelsen, com a tentativa de ter um
pensamento universalista, nada explica em relação à validade de uma norma. Para Ross, a
validade é proveniente do que os subordinados à lei consideram válida. Em outras palavras,
temos um autor zetético criticando um dogmático.

Transportando Kelsen para a realidade, poderíamos considerar que a norma fundamental


descrita na Teoria Pura do Direito é a Constituição do ordenamento jurídico brasileiro que,
por sua vez, dará validade a todas as outras normas.

● Duas questões acerca da validade das normas

1) Unidade do ordenamento como vinculante (ou jus cogens): a validade de uma norma
irá vincular apenas se esta for válida dentro de um ordenamento específico. No
Brasil, bem como na maioria dos ordenamentos jurídicos, não se pode aplicar as leis
estrangeiras dentro do território nacional, devido à soberania estatal. Contudo, há
algumas exceções para essa regra em casos que envolvam diplomatas e desvio de
dinheiro internacional.

2) Fundamento de validade: a norma fundamental é responsável pela validade de todas


as normas do ordenamento jurídico, o que atribui ao sistema validade. Kelsen afirma
que a norma fundamental confere validade aos demais dispositivos legislativos
dentro do ordenamento jurídico. Ao transpor a ideia kelseniana para a realidade,
pode-se vislumbrar a validade (ou não) das normas em consonância com as
diretrizes constitucionais.
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● A CONSTITUIÇÃO NÃO PODE SER JULGADA COMO VÁLIDA OU NÃO, POIS


ESTA CONFERE VALIDADE A TODO O ORDENAMENTO JURÍDICO, OU SEJA, É
A PRÓPRIA NORMA FUNDAMENTAL

● H.L.A Hart (Ordenamento jurídico como sistema dinâmico e unitário)

A norma de reconhecimento em Hart é a prática do jurista. Esta não pode ser considerada
válida ou inválida, pois não é lex scripta, norma escrita.

As normas primárias (normas de ação) são aquelas que se referem a uma ação. E as normas
secundárias, também chamadas de regras sobre regras, são aquelas que delegam poderes
para criação de novas normas (ex.: regra constitucional sobre o processo legislativo)

Norberto Bobbio possui o conceito de "última norma", que seria um ato de poder soberano
que confere legitimidade às normas. Um exemplo desta são as Constituições, e estas só
podem ser consideradas inválidas quando revogadas, ou seja, uma Constituição anterior.

Validade é a qualidade da norma que diz que ela pertence ao ordenamento jurídico
brasileiro. A sua pertinência ao ordenamento jurídico, assim como as condições formais e
materiais de produção para integração ao ordenamento jurídico. Há os ritos para que uma
lei seja aprovada e se uma lei existente não seja mais válida, ela será revogada.

2. Vigência, Eficácia, Validade,


Imperatividade e Vigor

Vigência é a qualidade que descreve o tempo de validade de uma norma. Em outras


palavras, é o momento a partir do qual determinada legislação é exigível. De acordo com o
artigo 1º da LINDB, em regra, uma norma após ser sancionada possui um período de vacatio
legis, em que a norma não possui efeitos jurídicos. Na maioria dos casos, o tempo de vacatio
legis é composto por 45 dias após a publicação no Diário Oficial. Contudo, este período pode
ser estendido (quando expressamente escrito na legislação em questão) ou até mesmo
extinto (em casos de vigência imediata das leis).

Eficácia é a qualidade da norma que confere a possibilidade da produção de efeitos


jurídicos. Temos a eficácia técnica (condições materiais para produzir efeitos jurídicos) e a
social (consequências jurídicas na realidade social). Podemos pensar em algumas leis
municipais que proíbem jogar lixo no chão. Contudo, a eficácia material destas leis
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tornam-se inviável pela quantidade exorbitante de guardas que seria necessário para
fiscalizar grandes áreas. Por conseguinte, a eficácia social tampouco é alcançada, pois não é
capaz de alterar o comportamento dos indivíduos.

Validade é a qualidade da norma que diz que ela pertence ao ordenamento jurídico
brasileiro. A sua pertinência ao ordenamento jurídico, assim como as condições formais e
materiais de produção para integração ao ordenamento jurídico. Há os ritos para que uma
lei seja aprovada e se uma lei existente não seja mais válida, ela será revogada.

Imperatividade é a qualidade da norma jurídica que trata da imposição, da obrigatoriedade


de um determinado ordenamento. Ela pode produzir efeitos imediatos sem verificação da
validade (Ex.: Tribunal de Nuremberg em que a norma foi imperativa, mesmo não sendo
anteriormente estabelecida). Tal qualidade indica que uma norma, mesmo sem ser válida ou
vigente, pode exercer imperatividade.

Vigor é a força vinculante ou imperativa da norma, ou seja, se esta vincula comportamentos


com efeitos jurídicos

A seguir, temos algumas sobreposições de qualidades das normas:

a) Norma válida, mas não vigente. Uma norma em vacatio legis, por exemplo, está
inserida em um ordenamento jurídico e passou por todos os ritos processuais
necessários, mas ainda não produz efeitos jurídicos, pois está fora do período de
eficácia.

b) Norma válida e vigente, mas sem eficácia. Atravessar fora da faixa, bem como jogar
lixo no chão, não possuem eficácia técnica ou social e, portanto, são ineficazes. Outro
exemplo são as normas programáticas da Constituição Federal, que necessitam de
outras normas para terem eficácia são incapazes de produzir efeito jurídico por si só.

c) Norma não é válida e nem vigente, mas tem força e vigor. O Tribunal de
Nuremberg, que ocorreu após a II Guerra Mundial, tipificou o crime de genocídio
após os atos horrendos decorridos dos regimes fascista e nazista na Europa, além de
diversos crimes de guerra do Japão. Logo, os crimes nem sequer existiam no
momento dos delitos, mas teve força e vigor por consenso internacional dos atores
internacionais, em especial a ONU e seus países-membros.
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3. Revogação e Nulidade

Primeira regra estrutural: Uma norma perde a validade se for revogada por outra

1) Lex superior (norma superior que revoga uma outra anterior)


2) Lex posterior (norma posterior a uma anteriormente estabelecida do mesmo assunto)
3) Lex specialis (norma específica para um caso concreto)

● Revogação tácita: incompatibilidade entre a norma revogada e a revogadora, mas


sem nomeá-las. A completa divergência entre a norma anterior e a posterior, por si
só, é suficiente para revogar determinado dispositivo.

● Revogação expressa: revoga-se os artigos específicos, ou toda uma lei, com


nomeação direcionada dos dispositivos.

● Revogação total (ab-rogação): ocorre quando um documento legislativo perde por


completo seus efeitos jurídicos. Ex.: Código Civil de 1916 revogado pelo Código Civil
de 2002

● Revogação parcial (derrogação): ocorre quando um documento legislativo perde


parcialmente seus efeitos jurídicos, restando alguns dispositivos válidos. Ex.: Código
Penal de 1940 e suas diversas alterações.

Segunda regra estrutural: Uma norma perde a validade por ineficácia nas três hipóteses que
serão explicadas posteriormente.

1) Caducidade: possui vigência delimitada, como exemplo da Lei da Copa ou leis que
vigem em situações de calamidade pública para que a lei não seja válida após
determinada espaço temporal

2) Desuso: Perda da eficácia diante de uma nova situação - Tércio | órgão competentes
não aplicam a norma devido à generalidade (a maioria das pessoas não seguem a lei)
e tempo (o período temporal necessário para esquecimento da norma)

3) Costume negativo: relação entre uma norma proibitiva e uma prática social comum,
ou seja, o costume e a lei se confundem pela normalidade de algumas ações. Exemplo
de fumar em bares e restaurantes, pirataria, usar celular em bancos
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NULIDADE, ANULABILIDADE E INEXISTÊNCIA DE NORMAS

Elementos essenciais: Agente (quem executa uma conduta ou celebra um contrato), Objeto
(o bem jurídico sendo negociado) e Forma (como a permuta de bens foi realizada).

● Inexistência: a fonte de direito não é aceita como legítima. Em outras palavras, há

uma ação que não é prevista no ordenamento jurídico e, portanto, não produz efeitos

legais.

● Nulidade: vício essencial de formação (ineficácia)

a) Capacidade: uma pessoa incapaz, menor de idade ou ébrio reconhecimento

depois de curatela

b) Licitude e possibilidade: se o objeto é possível de ser comercializado e se

respeita a moral

c) Legalidade: não proibida por lei (a forma com a qual o contrato foi realizado)

● Por exemplo: um menino de 14 anos não pode vender a televisão de casa, pois ainda

não possui idade suficiente para realizar nenhuma decisão, além de não ser o

proprietário de nenhum bem material de tamanho valor (agente). Outra situação

seria alguém entrar na Shopee e comprar o planeta Júpiter por $7,000,000 e,

obviamente, não receber o objeto pois esta venda é irrealizável (objeto). Por fim,

podemos pensar na venda de um imóvel formalizada em um guardanapo, mas sem o

repasse do registro da propriedade para o comprador. Nesse caso, a permuta de bens

de fato ocorreu, porém não há a documentação correta que propicie os efeitos legais

da troca.

➔ Nulidade absoluta (ex tunc): não possui efeitos jurídicos desde a sua

origem, ou seja, efeitos nulos. Em outras palavras, esta é a nulidade de

fato. Ex: contrato assinado por incapaz ou compra de imóvel sem

registro público
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➔ Nulidade relativa (ex nunc): efeitos jurídicos até a anulação. Ou seja, é

apenas um outro nome para a anulabilidade, pois há uma

possibilidade de anulação, mas não necessariamente é nulo. Ex:

casamento realizado "por engano" ou "contra a vontade" da pessoa

tem efeitos jurídicos até a anulação. Neste caso, o casamento ocorreu e

ele não é nulo. Contudo, após a constatação de um engano essencial,

pode ser requisitada a anulação do contrato.

4. Caducidade, Desuso e Costume


Negativo (Paulo Nader)

● Caducidade: é a característica da norma que se refere ao prazo final de uma

determinada parte da legislação, ou seja, a perda de eficácia da norma. Há duas

condições objetivas que determinam a caducidade: tempo (o termo final) e o fato (o

evento que desencadeia a decisão de sancionar determinada lei). Ou seja, a lei,

quando sancionada, já possui uma data de início e fim, baseado no evento

extraordinário que provocou a necessidade de tal lei. Os casos mais emblemáticos de

caducidade são as leis temporárias. A fins exemplificativos, podemos pensar na Lei

da Copa (que versava sobre a comercialização de produtos comercializados

ilegalmente) e leis que visam combater algum tipo de desastre natural ou, mais

recentemente, algumas leis que restringiam o direito de ir e vir devido à pandemia

de COVID-19. Ambas com prazo final (fim da copa e indicadores de redução do

contágio do vírus).

● Desuso: como já sugere o termo, o desuso é quando a norma não está sendo

respeitada pela sociedade de modo geral e, portanto, perde sua eficácia. Há dois

fatores objetivos a serem levados em conta: generalidade e tempo. A primeira

refere-se à quantidade expressiva de pessoas que não seguem as normas. A segunda

refere-se ao contexto em que a norma foi criada em contraste com a realidade


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hodierna de certa situação. Por exemplo, pode-se vislumbrar alguns fatos

corriqueiros como atravessar fora da faixa de pedestres, jogar lixo no chão ou dirigir

levemente embriagado, pois pensa que uma cerveja não afetaria seu discernimento

ao dirigir, apesar de ser detectável no teste do bafômetro.

● Costume Negativo: esta hipótese é muito similar à anterior, mas é necessário

compreender uma diferenciação importante: no desuso, temos um costume que é

entendido como ilegal e no costume negativo, temos um costume que é confundido

com a própria regra. Em outras palavras, o costume parece ser legal, mas não é, e

apresenta-se tão disseminado na sociedade que acaba por passar por cima da lei. Por

exemplo, não se pode utilizar celular em bancos ou fumar em bares, mas é algo que

vemos com certa frequência pela lei não ser conhecida e, na parte majoritária das

vezes, não punida.

5. Lacunas

LACUNA LEGE LATA LACUNA LEGE FERENDA LACUNA DE 2o GRAU


(AUTÊNTICA) (NÃO-AUTÊNTICA) (LACUNA DA LACUNA)

Também conhecido como CARACTERÍSTICA DO


Ocorre quando a lei não lacuna político-ideológica, DIREITO ALEMÃO!
fornece uma resposta para esta ocorre quando um É quando não há previsões
um caso concreto, ou seja, magistrado encontra uma legais para colmatação de
não é possível tomar uma solução, mas que é lacunas. No Brasil, o Art. 4
decisão a partir do direito incompatível com seus da LINDB (por analogia,
positivo valores pessoais e, logo, costume e princípios gerais
torna-se indesejável do Direito) não permite que
exista esse tipo de lacuna

LACUNA INTENCIONAL LACUNA NÃO-INTENCIONAL

Ocorre quando o legislador ou magistrado Ocorre quando o legislador não poderia


fazem omissão de normas relevantes para a prever determinado assunto no momento
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regulação de determinados assuntos histórico de elaboração da norma


Ex.: União homoafetiva Ex.: Distribuição de energia elétrica, crimes
cibernéticos

LACUNAS LATENTES LACUNAS PATENTES

São lacunas que nascem do caráter muito É aquela resultante da falta de uma norma
amplo da norma que, por não possuir que regule uma situação específica
delimitações adequadas, torna-se vaga Ex.: Marco Civil da Internet/ 2014
Ex.: Art 5 CF/88, XI, XII, XIII

LACUNAS CONSTITUCIONAIS* OMISSÕES LEGISLATIVAS*

São situações constitucionalmente São hipóteses previstas na Constituição em


relevantes que não são reguladas pela que a norma em questão necessita da
Constituição mediação do legislador infraconstitucional
para produzir efeitos jurídicos
*Definições de Daniel Sarmento

LACUNAS ORIGINÁRIAS LACUNAS POSTERIORES

São aquelas que existem desde o São as que surgem posteriormente em


nascimento da lei virtude de novas situações de fato ou
Ex.: Casamento homoafetivo sistema de valores
Ex.: Distribuição de energia elétrica

LACUNAS DA LEI LACUNAS DO DIREITO

Ocorrem quando uma omissão na lei é São constatáveis em relação à totalidade do


constatada e pode ser colmatada por um direito como um todo e não pode ser
outro sistema costumeiro, como ocorre com colmatada, como ocorre no direito alemão
o Art. 4 da LINDB com as lacunas de 2o grau
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6. Fontes do Direito

CONJUNTO DE LEIS INFRACONSTITUCIONAIS COM


LEGISLAÇÃO DELIMITAÇÕES PREVISTAS NA CF. O PROCESSO DE
(FONTE DE DIREITO)
ELABORAÇÃO DAS LEIS PAUTA-SE NA APROVAÇÃO
FORMAL POR AUTORIDADE COMPETENTE (POR FUNÇÃO
TÍPICA OU ATÍPICA)

LEI MÁXIMA QUE ORGANIZA ELEMENTOS ESSENCIAIS E


ORGANIZACIONAIS DA FORMAÇÃO DO PRÓPRIO
ESTADO. HÁ TRÊS VISÕES ACERCA DA ORIGEM DAS
CONSTITUIÇÕES:
POLÍTICA:"O ESTADO É A CONSTITUIÇÃO". A FRASE DE
SCHMITT PROPÕE QUE PARA A EXISTÊNCIA DESTE
CONSTITUIÇÃO CONJUNTO SUPREMO DE NORMAS É NECESSÁRIO
(FONTE DE DIREITO) HARMONIA ENTRE A UNIDADE POLÍTICA E A ORDEM
SOCIAL
JURÍDICA: O DIREITO POSITIVO É O MAIS ELEVADO E
ESTABELECE UMA ORDEM JURÍDICA DENTRO DO
ESTADO, INTEGRALMENTE PREVISTA NO DIREITO
SOCIOLÓGICA: SEGUINDO A PREMISSA DA FOLHA DE
PAPEL, LASALLE ARGUMENTA QUE O FATOR REAL DE
PODER DA SOCIEDADE REFLETE NAS NORMAS
POSITIVADAS

ATO DE LEGISLAÇÃO ELABORADO, POR MEIO DE RITOS


BUROCRÁTICOS, PELO PODER COMPETENTE E QUE
LEIS
OBEDECEM OS PRINCÍPIOS DO ORDENAMENTO
(FONTE DE DIREITO)
SENTIDO MATERIAL: ESTÁ EM CONFORMIDADE COM A
CONSTITUIÇÃO
SENTIDO FORMAL: PASSOU POR TODOS OS RITOS
LEGISLATIVOS NECESSÁRIOS PARA A PROMULGAÇÃO
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DECRETOS ATOS ADMINISTRATIVOS QUE CONCEDEM EFICÁCIA


REGULAMENTARES TÉCNICA A UMA LEI ANTERIOR.
(NÃO É FONTE DO DIREITO) EX.: ESPECIFICAR O ÓRGÃO COMPETENTE POR
RECOLHER UM NOVO TRIBUTO

PORTARIA ATOS ADMINISTRATIVOS QUE POSSUEM EFICÁCIA


(NÃO É FONTE DO DIREITO) APENAS DENTRO DE ÓRGÃO E ENTIDADES PÚBLICAS
EX.: PORTARIA DA UFRJ SOBRE LIMITE DE FALTAS

CONJUNTOS DE NORMAS ESTABELECIDO POR LEI QUE


CÓDIGOS IRÁ HOMOGENEIZAR UM RAMO DO DIREITO E CRIAR
(NÃO É FONTE DO DIREITO) UMA DISCIPLINA FUNDAMENTAL
EX.: CÓDIGO CIVIL, PENAL, SISTEMA TRIBUTÁRIO
NACIONAL

COMPILAÇÃO DE LEIS PRÉ-EXISTENTES, OU SEJA, NÃO É


CONSOLIDAÇÕES UMA INOVAÇÃO NO ORDENAMENTO JURÍDICO, APENAS
(NÃO É FONTE DO DIREITO) CONFIRMA A EXISTÊNCIA UNITÁRIA DA MATÉRIA
LEGAL
EX.: CLT

TRATADOS E CONVENÇÕES: ACORDO INTERNACIONAL


ENTRE ESTADOS NA FORMA ESCRITA, PODENDO SER
MULTI OU BILATERAL. POR UM LADO, UM TRATADO É
UTILIZADO DE FORMA INTEGRAL NAS LEIS NACIONAIS,

TRATADOS ENQUANTO AS CONVENÇÕES SÃO UTILIZADOS COMO


INTERNACIONAIS BASE PARA FORMULAÇÃO DE NOVAS LEIS.
(FONTE DE DIREITO) DECLARAÇÃO: SÃO CONSIDERADAS COMO SUGESTÕES
DE PRÁTICAS SOCIAIS A SEREM SEGUIDAS EM
CONFORMIDADE COM OS PRINCÍPIOS DO DIREITO
INTERNACIONAL. LOGO, NÃO SÃO CONSIDERADAS
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FONTES DO DIREITO, MAS HÁ DIVERGÊNCIAS NA


DOUTRINA.

NORMAS COSTUMEIRAS SÃO VÁLIDAS, PORÉM É


IMPOSSÍVEL DETERMINAR A VIGÊNCIA DESTAS, TENDO
EM VISTA A IMPOSSIBILIDADE DE IDENTIFICAR O TERMO
INICIAL DA NORMA
CONTRA LEGEM: RETIRA A EFICÁCIA DE
DETERMINADAS NORMAS (NÃO É FONTE DE DIREITO)
PRAETER LEGEM: É O COSTUME QUE PREENCHE UMA
COSTUME LACUNA DEIXADA PELA LEGISLAÇÃO
(FONTE DE DIREITO) EX.: CHEQUE PRÉ-DATADO, ASSINATURA DIGITAL E
PAGAMENTO ELETRÔNICO, MARCO DA INTERNET
SECUNDUM LEGEM: COSTUME SOCIAL PREVISTO EM LEI
COMO MÉTODO DE RESOLUÇÃO DE UMA LACUNA
REGIONAL
EX.: ART. 445 CÓDIGO CIVIL

DECISÕES UNIFORMES CONSOLIDADAS PELOS


TRIBUNAIS SUPERIORES E, POR VEZES, FORMAM
SÚMULAS VINCULANTES. CONTUDO, ESTAS DECISÕES
PODEM SER ALTERADAS POSTERIORMENTE PELOS
JURISPRUDÊNCIA
(FONTE DE DIREITO) TRIBUNAIS.
A PARTIR DE 2004, O BRASIL PASSOU A OPTAR POR UM
MODELO HÍBRIDO, EM QUE OFERECE MAIS PODER À
JURISPRUDÊNCIA, MAIS PRÓXIMO DO COMMON LAW
ANGLO SAXÃO.

CONSTITUI UMA ORIENTAÇÃO PARA INTERPRETAÇÃO


DOUTRINA DO DIREITO E UMA TENTATIVA DE ESTABELECER
(NÃO É FONTE DO DIREITO)
UNIFORMIDADE EM DETERMINADOS CONCEITOS,
PRINCIPALMENTE OS MAIS DÚBIOS

ANALOGIA FÓRMULA TÍPICA DE RACIOCÍNIO QUE SE PAUTA NA


(NÃO É FONTE DO DIREITO) COMPARAÇÃO A CASOS SEMELHANTES PARA OS QUAIS
NÃO HÁ PRINCÍPIOS ESTABELECIDOS QUE DECIDAM POR
SI SÓ
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PRINCÍPIOS GERAIS ENUNCIADOS GENÉRICOS QUE PROPÕE PREMISSAS DE


(NÃO É FONTE DO DIREITO) RACIOCÍNIO PARA TODO O CAMPO JURÍDICO

VALOR DE JUSTIÇA APLICADO AO CASO CONCRETO POR


EQUIDADE MEIO DE UM CONTEXTO DE VALORES OU ÉTICA
(NÃO É FONTE DO DIREITO)
APLICADOS EM JULGAMENTOS PELOS MAGISTRADOS
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7. Interpretação do Direito

QUANTO AO RESULTADO

INTERPRETAÇÃO INTERPRETAÇÃO INTERPRETAÇÃO


DECLARATIVA RESTRITIVA EXTENSIVA

Baseada no espírito da Restringe termos amplos a Abre o sentido da norma,


norma (mens legis) a fim de delimitar os objetivos EXCETO para normas
partir da leitura clara e daquele dispositivo punitivas e tributárias
objetiva do texto Ex.: Descendentes diretos Ex.: O significado de bons
normativo. referem-se apenas aos filhos costumes

QUANTO AO INTÉRPRETE

INTERPRETAÇÃO INTERPRETAÇÃO INTERPRETAÇÃO


AUTÊNTICA DOUTRINÁRIA JURISDICIONAL

Lei interpretativa que


acompanha a vigência da
norma pré-estabelecida que Pauta-se em doutrinas É baseada no preceito das
interpreta e revela o sentido acadêmicas e pareceres decisões dos magistrados
do texto interpretativo, ou jurídicos inseridos em acerca de determinados
específica alguma livros, compêndios, cursos, assuntos e que, portanto,
informação relevante dentre outros materiais atualiza uma norma jurídica
Ex.: Determinar qual órgão Ex.: Direito dos animais,
que irá receber vaquejadas
determinados tributos

❖ A interpretação quanto ao resultado é proveniente de um viés acerca da letra da lei,


ou seja, pautam e alteram os sentidos do texto normativo. Temos, portanto, a
declarativa (ressalta o teor sintático e gramatical das normas), a restritiva e a
extensiva (que, como o nome sugere, restringem e ampliam o sentido das leis,
respectivamente).
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❖ A interpretação quanto ao intérprete define como os profissionais do campo jurídico


vislumbram determinadas normas. Tanto estudiosos, como os mais diversos juristas
postulam visões distintas sobre diversas temáticas. Nos termos supramencionados
temos a representação dos legisladores na interpretação autêntica, dos acadêmicos e
estudiosos jurídicos na interpretação doutrinária e dos magistrados na interpretação
jurisdicional.

ELEMENTOS INTERPRETATIVOS DE SAVIGNY

GRAMATICAL / SISTEMÁTICO HISTÓRICO TELEOLÓGICO


FILOLÓGICA

Raízes históricas das Baseia-se no objetivo


Valor semântico dos Harmonia com o leis pautado em da lei quando foi
termos utilizados e resto do mens legislatoris criada pautado nos
a sintaxe no texto ordenamento (legislador original) interesses sociais e
legislativo jurídico e occasio legis na ratio legis
(circunstância na (significado
qual foi criada a lei) implícito)

❖ Para além dos elementos supramencionados, possuímos dois grupos de interpretação: a


interpretação originalista e a interpretação atualizadora.

➔ Interpretação atualizadora: como o nome sugere, há uma tentativa

de renovar as interpretações das normas que, em sua grande maioria,

foram elaboradas há décadas atrás. A própria Constituição de 88

atualiza dispositivos por meio de interpretação, mesmo tendo mais

de 100 emendas constitucionais no Brasil. Para tal, os elementos

principais são o sistemático e o teleológico, tendo em vista a

harmonia com outros dispositivos mais recentes e os interesses

sociais hodiernos de determinados grupos sociais.


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➔ Interpretação originalista: um viés mais conservador seria preservar

o sentido e as palavras originais utilizadas na legislação. Nesse

sentido, pode-se pensar em utilizar os elementos gramaticais (ou

filológicos) e históricos a fim de resgatar a suposta essência daquela

lei, mesmo sendo incompatível com as alterações sociais constatadas

atualmente.
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ANOTAÇÕES:

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