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31/01/2020
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Aula 01 | Normas jurídicas
Objetivo da aula: Preparar o candidato ao CACD para as provas de primeira (prova objetiva) e de
segunda (prova discursiva) fases.
Leituras Obrigatórias: Caderno de aula; Código Civil; Edital do CACD; e Questões anteriores sobre o
tema da aula (bancas do CESPE/CEBRASPE e IADES).
Breve introdução
Professor muito ligado à banca; preocupação com feitura de cadernos, com a possibilidade de
responder à prova do CACD com base no caderno.
Em Direito, há muita controvérsia; o caderno traz o que a banca cobra, ele filtra o que é mais
importante.
Normas jurídicas
As normas jurídicas prescrevem deveres de condutas criados pelo Estado. Estado aqui no sentido de
legislador. A norma jurídica corresponde ao que o Estado espera que o indivíduo faça e o Estado detém
o monopólio da criação da norma jurídica.
Além das normas jurídicas, existem outras normas, a saber: normas religiosas e normas morais.
Normas jurídicas são diferentes de normas religiosas e normas religiosas são diferentes de normas
morais.
NJ → deveres de conduta prescritos pelo Estado, cujo cumprimento é obrigatório.
NR → deveres de conduta estabelecidos por ordens religiosas
NM → deveres de conduta estabelecidos pela sociedade. Logo, o que a sociedade reprova é
considerado imoral.
Conclusão → Uma norma jurídica pode ser criada pelo Estado e não obter a aceitação de ordens
religiosas e da maior parte da sociedade.
Exemplo: uma lei que autoriza o aborto. Essa norma jurídica será obrigatória, embora não obtenha
identidade com valores religiosos e valores morais de parcela significativa da sociedade.
Para ser mais preciso, pode-se afirmar que uma norma jurídica será obrigatória mesmo quando for
considerada imoral, isto é, não lograr ampla aceitação social.
A doutrina (sempre que se falar “a doutrina”, fala-se nos estudiosos, nos autores de livros) apresenta
três conceitos afins (possuem relação de proximidade, mas são diferentes entre si) na TGD, quais
sejam: norma jurídica, lei e direito.
Lei → É elemento textual da norma jurídica. Por meio da interpretação da lei, é possível extrair e
conhecer a norma jurídica (o dever de conduta).
Direito → É o conjunto formado pelas leis e normas jurídicas. Também pode ser denominado de
ordenamento jurídico.
A lei é, portanto, o veículo ou instrumento para que os indivíduos conheçam a norma jurídica (o dever
ser ou o comportamento a ser seguido). Lei é o texto escrito, publicado da norma.
Exemplo: Art. 121, Código Penal (não cai Direito Penal na prova; é só um exemplo geral):
Homicídio. Matar alguém.
Pena. Reclusão de 06 a 20 anos.
Por meio da interpretação desta lei, é possível extrair a norma jurídica (o dever de conduta): NÃO
MATE! O Estado está dizendo que, se você matar alguém, você sofrerá a pena prevista. Direito não é
lei; é lei mais interpretação.
Exemplo: Art. 5º, “caput”, CF/88
Prevê que os direitos fundamentais (direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade) são assegurados aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no Brasil.
Então um estrangeiro em trânsito pelo pais não possuiria esse direito? Se se interpretar o dispositivo
legal literalmente, não. Mas é evidente que esse não é o caso. Por meio da interpretação do art. 5º,
“caput”, CF/88, conclui-se que a norma constitucional (o dever ser) assegura direitos fundamentais a
qualquer indivíduo, inclusive aos estrangeiros não residentes ou em trânsito no Brasil. Quem tem
direito à vida é o indivíduo, não importa se ele mora ou não no Brasil. Destarte, a partir da soma entre
o texto legal e a norma jurídica, tem-se o conjunto chamado de ordenamento jurídico.
Conceitos de lei
a) conceito ou sentido “LATO” ou AMPLO → lei em conceito “lato” significa qualquer espécie
normativa criada pelo Estado e que consta no rol do art. 59 da CF/88:
Seção VIII
DO PROCESSO LEGISLATIVO
Subseção I
Disposição Geral
I - emendas à Constituição;
II - leis complementares;
III - leis ordinárias;
IV - leis delegadas;
V - medidas provisórias;
VI - decretos legislativos;
VII - resoluções.
a) LEGALIDADE PRIVADA → o particular pode fazer tudo, exceto o que a lei proibir.
b) LEGALIDADE PÚBLICA (ou administrativa) → o Estado apenas pode fazer o que a lei autoriza.
O princípio da legalidade privada e o princípio da legalidade pública empregam o termo lei em sentido
LATO ou AMPLO, o que permite o emprego de qualquer espécie normativa, para proibir o particular
de atuar ou para autorizar o Estado a agir.
O princípio da reserva legal, por sua vez, refere-se à exigência de empregar LEI FORMAL para disciplinar
determinado evento. Lei formal se refere, obrigatoriamente, à lei ordinária e à lei complementar.
Conclusão → O princípio da reserva legal possui um âmbito de abrangência mais restrito do que o
princípio da legalidade, uma vez que este admite o emprego de qualquer espécie normativa prevista
no rol do art. 59, CF/88.
Para Hans Kelsen1, a norma jurídica é um instrumento sancionador punitivo, criado pelo Estado com
o objetivo de aplicar sanções punitivas a seus transgressores. Em outras palavras, quando alguém
transgride uma norma jurídica, o Estado está pronto para lhe aplicar sanções. A obrigatoriedade da
norma jurídica, para Kelsen, possuía como fundamento o temor às sanções punitivas. Em outras
palavras, as pessoas, com medo da norma jurídica, cumpriam-na.
Hans Kelsen também apresentou outra grande contribuição para Direito Contemporâneo: a chamada
Teoria Pura do Direito. De modo resumido, a teoria tinha como pressuposto o fato de o Direito ser
uma ciência pura, ou seja, que não se comunicava com as demais ciências sociais, a exemplo de
teologia, sociologia, pedagogia, filosofia, economia e por aí vai. O Direito devia ser estudado de modo
isolado.
Segundo a teoria de Kelsen, era o próprio Direito que assegurava validade e existência para todas as
normas jurídicas do ordenamento, isto é, uma norma jurídica (dever de conduta prescrito pelo Estado)
não seria considerada válida e existente porque era adequada às normas religiosas ou morais, mas sim
porque era compatível com outras normas jurídicas de hierarquia superior. Então, o que dava validade
e existência para a norma jurídica era outra norma jurídica.
A teoria de Kelsen entendia que o ordenamento jurídico era um conjunto escalonado de normas
jurídicas de estrutura piramidal, em cujo topo se encontrava a denominada “LEI FUNDAMENTAL”.
Nessa estrutura escalonada de normas jurídicas, as normas superiores validam as inferiores e todas as
normas jurídicas obrigatoriamente devem ser compatíveis com a “Lei Fundamental”.
1Hans Kelsen (1881-1973): jurista austríaco, filósofo do direito e filósofo político, autor da Constituição Austríaca de 1920 e
criador da Teoria Pura do Direito, entre outras coisas.
“LEI FUNDAMENTAL”
• LEIS
• DECRETOS
• PORTARIAS
A Lei Fundamental dá validade para as leis. As leis validam os decretos. As portarias são validadas pelo
decreto. E por aí vai. Uma norma jurídica valida a outra, sempre a superior validando a inferior, em
relação hierárquica.
Observação: o conceito que Hans Kelsen idealizou como sendo a “Lei Fundamental” corresponde hoje
à Constituição Federal. Nenhuma lei ou ato normativo será válido se for incompatível com a
Constituição.
Existem duas teorias que explicam a validade e a existência do Direito Interno, ou seja, explicam as
razões que justificam a inclusão de uma norma jurídica no ordenamento jurídico (existência) e os
efeitos concretos produzidos pela norma jurídica, inclusive sua obrigatoriedade (validade).
Para a concepção positivista do Direito Interno, a validade e a existência de uma norma jurídica
dependem apenas de sua adequação em relação à Constituição. Em outras palavras, uma lei é
obrigatória porque ela decorre da Constituição, e ponto final. A Constituição foi criada por um órgão
constituinte e reflete os valores jurídicos de maior importância para o ordenamento jurídico.
A concepção positivista ganhou bastante destaque após o século XVIII, em especial porque ocorreram
as revoluções liberais na Europa e o povo passou a participar dos órgãos responsáveis por elaborar as
Constituições. Sob essa perspectiva, é possível afirmar, em última análise, que a Constituição reflete a
vontade do povo e que as leis criadas em conformidade com a Constituição seriam obrigatórias (válidas
e existentes, porque também refletem a vontade do povo).
Direito Natural → Conjunto de direitos inatos à pessoa humana que não poderia ser negado pelo
Estado. Exemplos: direito à vida, à liberdade, à honra, à propriedade etc. A concepção jusnaturalista
do direito teve papel relevante até o século XVIII. Embora nunca tenha sido aplicada de modo
conclusivo na prática, em virtude da dificuldade de definir o conteúdo dos Direitos Naturais inatos ao
homem, essa concepção tem inegável valor histórico. Surgiu nas universidades europeias como uma
tentativa legítima de estabelecer limites à criação de normas jurídicas por reis absolutistas. Trata-se
muito mais de um movimento acadêmico, que vigorou até o surgimento do positivismo, do que de
uma experiência concreta.
Resposta: Depende da concepção adotada. Para o positivismo, o direito natural não existe, e, portanto,
não limita o legislador. Para os jusnaturalistas, o direito natural confere validade e existência às normas
jurídicas internas, ao serem respeitadas.
Observação: Reparar que a resposta não se refere ao Brasil. Muitas pessoas, à época em que essa
questão caiu na prova discursiva de Direito Interno do CACD, responderam com base no Brasil, sendo
que isso não estava na questão.
Por fim, cumpre dizer que as quatro primeiras aulas são introdutórias. O ideal é acompanhá-las apenas
pelo material do caderno. Seu conteúdo não costuma cair muito nem em prova objetiva nem em prova
discursiva — mas é importante tê-lo em mente para formar a base para os temas posteriores, os quais,
aí sim, caem nas provas.
DIREITO INTERNACIONAL 07/02/20
Objetivo da aula: Preparar o candidato ao CACD para as provas de primeira (prova objetiva) e de
segunda (prova discursiva) fases.
Leituras Obrigatórias: Caderno de aula; Código Civil; Edital do CACD; e Questões anteriores sobre o
tema da aula (bancas do CESPE/CEBRASPE e IADES).
Em Direito, na prova do CACD, menos é mais. Mas aquilo sobre o que se deve saber, no entanto, deve
realmente ser compreendido. Outra informação importante: artigo de lei, neste caderno, é artigo a
ser decorado.
A teoria do ordenamento jurídico desenvolvida por Norberto Bobbio pode ser considerada um
complemento à Teoria Pura do Direito de Hans Kelsen. Com efeito, Bobbio reconhece o monopólio do
Estado na criação de normas jurídicas. Também admite a necessidade de observância da Lei
Fundamental (Constituição Federal) para que as normas jurídicas cri adas pelo legislador sejam válidas
e existentes.
A teoria idealizada por Norberto Bobbio tem como foco central o estudo do ordenamento jurídico, ou
seja, o conjunto de normas jurídicas e de leis criadas pelo Estado. Em outras palavras, estudar o
ordenamento jurídico é conhecer as principais interações e fenômenos jurídicos que decorrem da
interação entre as normas jurídicas e as leis produzidas pelo Estado.
Antinomias
As antinomias são caracterizadas a partir da verificação, em casos concretos, de situações em que haja
conflitos entre leis ou normas jurídicas. Ideia de antítese, contrariedade, as normas são contrárias, são
antagônicas. Em virtude do fato de o ordenamento jurídico ser considerado harmônico, existem, no
próprio ordenamento jurídico, critérios pré-determinados para solucionar essas antinomias. São três
critérios de solução de antinomias, os quais devem ser empregados na seguinte ordem:
Atenção A justificativa que é empregada para defender o emprego dos critérios de solução de
antinomias respeitando-se a seguinte ordem de emprego — critério hierárquico; critério da
especialidade; critério cronológico — pode ser resumida nos seguintes pontos:
i. Em primeiro lugar, cabe empregar o critério hierárquico, porque a lógica que orienta o
ordenamento jurídico é o fato de o ordenamento ser um conjunto de normas escalonadas, no
qual as normas superiores validam as normas inferiores.
ii. Em segundo lugar, deve-se buscar o emprego do critério da especialidade, por força do
princípio da preservação do ordenamento jurídico, uma vez que a lei especial coexiste com a
lei geral.
iii. Por último, emprega-se o critério cronológico, pois este critério irá manter no ordenamento
jurídico apenas a lei mais recente (revoga-se a lei anterior).
Lacunas
As lacunas significam situações em que se identificam ausências de leis. Por ser completo o
ordenamento jurídico, o juiz do caso concreto é obrigado a solucionar o caso concreto que lhe foi
submetido, mesmo que não exista lei específica para aquele caso concreto.
Uma vez constatada a lacuna, o juiz deverá empregar os denominados meios de colmatação ou meio
de integração do ordenamento jurídico. Os meios de integração ou colmatação estão previstos no art.
4º da LINDB (Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro). Reitera-se: artigo no caderno é artigo
decorado — tem que ser decorado. Com efeito, o art. 4º da LINBD estabelece quais são os três meios
de integração do ordenamento jurídico, os quais devem ser empregados na ordem de precedência
disposta no texto legal:
1. Analogia deve-se buscar uma lei que trate de situação assemelhada àquela objeto do caso
concreto em que se verificou a lacuna;
2. Costumes os costumes são definidos como atos reiterados no tempo e no espaço que
retratam valores importantes para determinada sociedade;
3. Princípios gerais do direito são os valores que informam a criação de normas jurídicas que
irão integrar o ordenamento jurídico. Assim, no futuro, quando uma lei for criada para
disciplinar a situação em que se verificou a lacuna, essa lei terá de refletir os princípios gerais
do direito. Esse dado permite ao juiz empregar, desde já, tais princípios para solucionar lacunas
em casos concretos. Exemplos: respeito à dignidade humana, proibição de enriquecimento
ilícito, respeito à boa-fé das relações jurídicas etc.; tudo é feito no direito para tentar
materializar esses princípios, que são muito abstratos.
Art. 4 o Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios
gerais de direito. LINDB
i. Direito Interno – O costume não cria norma jurídica, ou seja, não é fonte do Direito. Para o
Direito Interno, o costume é considerado apenas um meio de integração ou um meio de
colmatação do ordenamento jurídico. Isso significa que o costume deverá empregado apenas
diante de lacunas (ausências de leis).
ii. Direito Internacional – O costume cria norma jurídica, isto é, é fonte reconhecida de Direito
Internacional.
O art. 1º da LINDB trata do início da vigência da lei e do prazo de “vacatio legis” nos seguintes termos:
Regra Geral A própria lei irá definir o início da sua vigência, o que significa que a lei poderá
ter vigência imediata ou um período de “vacatio legis” que estará especificado em seu próprio
texto.
Exceção Se a lei for omissa quanto ao início de sua vigência, deve -se observar o período de
“vacatio legis” de 45 dias contados de sua publicação na imprensa oficial.
Atenção O art. 1º, parágrafo 1º, da LINDB, estabelece que a lei brasileira apenas poderá ser aplicada
nos Estados estrangeiros após três meses depois de oficialmente publicada.
Art. 1 o Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de
oficialmente publicada.
§ 1 o Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses
depois de oficialmente publicada. LINDB
AULA 03
14/02/20
Objetivo da aula: Preparar o candidato ao CACD para as provas de primeira (prova objetiva) e
de segunda (prova discursiva) fases.
Pontos do edital abordados: 2 Personalidade jurídica.
Leituras Obrigatórias: Caderno de aula; Código Civil; Edital do CACD; e Questões anteriores
sobre o tema da aula (bancas do CESPE/CEBRASPE e IADES).
Pontos do edital abordados: Capítulo correspondente do livro: GONÇALVES, Carlos Roberto,
Sinopses Jurídicas, Direito Civil – Parte Geral, Ed. Saraiva.
Terminando ponto da aula anterior: revogação, o que é, quais as modalidades, como interpretar
termos relacionados a esse instituto jurídico?
Revogação de lei
A revogação é o instituto jurídico que decorre da aplicação dos critérios da hierarquia e da
cronologia para solucionar antinomias. Em termos técnicos, a revogação ocasiona a retirada da
lei ou ato normativo do ordenamento jurídico, isto é, uma lei revogada é uma lei que perdeu
sua vigência, ela não tem mais aptidão para ser aplicada no caso concreto. Lembrando que não
há revogação no caso do critério da especialidade, como se viu na aula anterior.
1. Quanto à extensão → com base nesse critério, a revogação pode ser classificada em:
2. Quanto à forma → Com base nesse critério, existem dois tipos de revogação:
CUIDADO → Não se pode confundir dois termos técnicos relacionados aos efeitos temporais da
aplicação de uma lei: efeitos “ex tunc” são diferentes de efeitos “ex nunc”.
• Efeitos “ex tunc” – são efeitos retroativos, ou seja, efeitos que são desconstituídos no
tempo. Um ato com efeitos ex tunc apaga qualquer efeito anterior no tempo (ex tunc é
a testa: bate na testa e vai pra trás). Uma lei inconstitucional, quando tem sua
inconstitucionalidade reconhecida, produz efeitos ex tunc, ou seja, apaga qualquer
efeito anterior no tempo.
• Efeitos “ex nunc” – efeitos não retroativos, isto é, efeitos que são preservados no tempo
(ex nunc é a nuca: bate na nuca e vai pra frente). Um ato com efeitos ex nunc preserva
os efeitos concretos anteriormente produzidos.
Personalidade Jurídica
VIP É muito importante ler os artigos abaixo, tê-los sempre em mente. O marco jurídico, a
fundamentação para a prova do CACD está nos artigos abaixo do Código Civil. O grosso da prova
é a Constituição Federal; cai muito pouco do Código Civil.
O conceito de personalidade jurídica é definido pela doutrina como sendo a aptidão para
adquirir direitos e obrigações na ordem jurídica. O Direito Civil reconhece a existência de dois
tipos diferentes de personalidades jurídicas ou dois tipos de sujeitos de direitos:
Pessoa Natural
Obs.: Em direitos humanos, fala-se de indivíduos; no Direito Civil, de pessoa natural; e no Direito
Tributário, de pessoa física. São todos iguais, só muda a nomenclatura.
PARTE GERAL
LIVRO I
DAS PESSOAS
TÍTULO I
DAS PESSOAS NATURAIS
CAPÍTULO I
Da Personalidade e da Capacidade
O art. 1º e 2º do Código Civil são responsáveis por definir os conceitos elementares sobre a
pessoa natural. O primeiro conceito a ser analisado é a CAPACIDADE DE DIREITO ou
CAPACIDADE JURÍDICA, que está prevista no art. 1º, CC. Nos termos do art. 1º, CC, a capacidade
de direito pertence a todas as pessoas, independentemente de qualquer circunstância ou
requisito, e significa a aptidão para adquirir direitos e deveres na ordem jurídica. Quem for
considerado pessoa, então, tem capacidade de direito. Mas a partir de que momento alguém é
considerado pessoa para o Código Civil?
O art. 2º do Código Civil indica o momento em que se inicia a personalidade jurídica da pessoa
natural. O Código Civil brasileiro adota a teoria NATALISTA acerca da personalidade jurídica da
pessoa natural. Isso significa que apenas é considerado sujeito de direito — isto é, apto a adquirir
direitos e deveres — o indivíduo que nascer com vida. Alguns outros países adotam a teoria
CONCEPCIONISTA da personalidade jurídica da pessoal natural, que considera o feto como já
sendo sujeito de direito.
O critério adotado para definir se houve nascimento com vida é a certificação de que ocorreu,
após o nascimento, atividade cardiorrespiratória extrauterina. VIP Isso já foi questão de prova.
OBSERVAÇÃO → Embora o nascituro não seja considerado sujeito de direito, a parte final do
art. 2º do Código Civil prevê que a lei põe a salvo os direitos do nascituro. Na prática, um
representante poderá requerer judicialmente a proteção dos direitos do nascituro, os quais
apenas serão efetivamente adquiridos se ocorrer o nascimento com vida, uma vez que o
nascituro é mera expectativa de direito.
Capacidade Civil
Art. 3º e art. 4º, Código Civil
Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos.
(Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)
(Vigência)
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; (Redação dada pela Lei nº 13.146,
de 2015) (Vigência)
IV - os pródigos.
Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de
2015) (Vigência)
A capacidade civil é a capacidade para o EXERCÍCIO ou a ADMINISTRAÇÃO dos direitos
adquiridos pela pessoa natural. O critério adotado pelo legislador brasileiro para definir a
capacidade civil ou a capacidade de exercício é o DISCERNIMENTO. Isso significa que nem todo
sujeito de direito ou pessoa natural, que é apta a adquirir direitos, terá capacidade civil para os
exercitar. Todo mundo tem capacidade jurídica, capacidade de direito, mas nem todo mundo
possui capacidade civil.
Aqueles que não têm o discernimento necessário para exercitar os direitos que adquiriram
podem ser considerados:
Para qualquer um desses casos, é necessária uma ordem judicial atestando a incapacidade
relativa.
PEGADINHA → O índio, nos termos do art. 4, parágrafo único, do Código Civil, terá sua
capacidade civil disciplinada por legislação especial. Logo, não é considerado pelo Código Civil
nem relativamente nem absolutamente incapaz.
AULA 04 21/02/20
Objetivo da aula: Preparar o candidato ao CACD para as provas de primeira (prova objetiva) e
de segunda (prova discursiva) fases.
Pontos do edital abordados: 2 Personalidade jurídica.
Leituras Obrigatórias: Caderno de aula; Código Civil; Edital do CACD; e Questões anteriores
sobre o tema da aula (bancas do CESPE/CEBRASPE e IADES).
Leituras Complementares: Capítulo correspondente do livro: GONÇALVES, Carlos Roberto,
Sinopses Jurídicas, Direito Civil – Parte Geral, Ed. Saraiva.
Última aula de Teoria Geral do Direito antes de entrar de fato em Direito Constitucional.
▪ CAPACIDADE DE DIREITO
1) Prevista no art. 1º do Código Civil;
2) Trata-se da aptidão para adquirir direitos e deveres/obrigações na ordem jurídica.
A capacidade de direito é assegurada a qualquer pessoa que tenha nascido com
vida, isto é, que goze de personalidade jurídica no Direito Civil;
3) A capacidade de direito também pode ser chamada de capacidade jurídica de gozo.
▪ CAPACIDADE CIVIL
1) Prevista nos arts. 3º e 4º, Código Civil;
2) Trata-se da aptidão para exercer os direitos adquiridos na ordem jurídica;
3) A capacidade civil não é reconhecida, em sua plenitude, a todas as pessoas naturais
ou sujeitos de direito. O critério adotado pelo Código Civil para atribuir capacidade
civil é o DISCERNIMENTO. Por isso, o art. 3º do CC prevê os ABSOLUTAMENTE
INCAPAZES e o art. 4º do CC prevê os RELATIVAMENTE INCAPAZES.
4) A capacidade civil também pode ser chamada de capacidade de exercício ou
capacidade de fato.
▪ CONCLUSÕES
1) Os absolutamente e os relativamente incapazes são dotados de capacidade de direito.
Esses sujeitos não possuem capacidade civil plena
2) A partir da interpretação do art. 3º e do art. 4. do Código Civil, é possível extrair a
conclusão de que pessoas portadoras de deficiência mental são consideradas agentes
plenamente capazes pelo Código Civil. Isso significa que não se pode, aprioristicamente,
adotar a deficiência mental como causa de incapacidade civil. No caso concreto — não
na prova —, se uma pessoa possuir alguma doença mental e essa doença mental
ocasionar comprometimento, de modo permanente ou transitório, na hora de exprimir
a vontade, aí ela vai ser considerada relativamente incapaz. Mas não é porque tem a
doença mental que a pessoa é relativamente incapaz — é porque ela não consegue
exprimir a própria vontade.
Essa definição doutrinária é facilmente identificável com a redação do art. 40 do Código Civil,
cujo teor prevê que as pessoas jurídicas podem ser de DIREITO PÚBLICO, interno ou externo
(CENTRO DE PODERES E ATRIBUIÇÕES, e de DIREITO PRIVADO (PATRIMÔNIO DESTACADO).
1) PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO INTERNO (art. 41, CC) → As pessoas jurídicas
de Direito Público Interno ou Nacional têm aptidão para adquirir direitos e deveres no
âmbito das relações jurídicas do direito brasileiro. O art. 41 do Código Civil prevê um rol
exemplificativo das pessoas jurídicas de Direito Público Interno:
TÍTULO II
DAS PESSOAS JURÍDICAS
CAPÍTULO I
Disposições Gerais
Art. 40. As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito privado.
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:
I - a União;
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
III - os Municípios;
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; (Redação dada pela Lei nº 11.107, de 2005)
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de
direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código.
Ante o exposto, resta claro/fica evidenciado que as pessoas jurídicas de Direito Público
Interno têm sua personalidade jurídica atribuída pela lei instituidora — é a lei que dá a
personalidade; ao criar a lei, já se criou a pessoa jurídica de direito público interno1.
Desse modo, o legislador poderá prever, mediante edição de lei, novas modalidades de
pessoas jurídicas de direito público interno, além daquelas previstas no rol
exemplificativo ou enumerativo do art. 41 do Código Civil. Saber duas coisas
importantes a respeito de pessoas jurídicas de direito público interno: são criadas por lei
e, depois, podem surgir novos tipos delas.
2) PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO EXTERNO (art. 42, CC) → As pessoas jurídicas
de direito público externo ou internacional têm aptidão para adquirir direitos e deveres
no âmbito das relações jurídicas internacionais. Nos termos do art. 42 do Código Civil,
são admitidas como sendo pessoas jurídicas de direito público externo a) os Estados
estrangeiros e b) os demais sujeitos reconhecidos pelo direito internacional público,
como se pode ver na letra de lei abaixo:
Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas
pelo direito internacional público.
A literalidade do art. 21, I, CF/88, prevê que compete à União (pessoa jurídica de direito público
interno) manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais.
Ao desempenhar essa atribuição, a União não atua em nome próprio; quem tem
responsabilidade externa é a República Federativa do Brasil. A União atua representando o
Brasil. Com base na diferença entre pessoas jurídicas de direito público interno e pessoas
jurídicas de direito público externo, é possível compreender e interpretar o art. 21, I, CF/88. E
como fazer isso?
1O que estiver em itálico, a partir de agora, será referente a comentários do professor em sala que não são anotados
por ele em seu quadro de aula. Por isso, o texto adotará um registro mais informal nesses momentos, típico da fala,
que será destacado em itálico, para que isso se evidencie e contraste com o que de fato ele anota no quadro.
Tudo que ela fizer vincula todos os governos: federal, estadual e municipal. Sua atuação é no
interesse do Brasil. Por isso que se fala que a política externa não é um interesse de governo,
mas um interesse de Estado. Então, quando a União atua no plano internacional representando
a República Federativa do Brasil, na verdade ela não está lá. Quem está lá é o Brasil. A União
não é parte de organizações internacionais, o que ela faz é enviar diplomatas para OIs, e são
esses diplomatas, graças às prerrogativas jurídicas do cargo, que representam o Brasil.
Este tema cai na prova: a diferença entre União — pessoa jurídica de direito público interno — e
República Federativa do Brasil — pessoa jurídica de direito público externo. CUIDADO!
Conclui-se, portanto, que a União não tem personalidade jurídica externa, mas atuará no plano
internacional na condição de representante do Estado soberano brasileiro (República Federativa
do Brasil), que é o sujeito de Direito Internacional Público. Então quem tem a personalidade é a
República.
As pessoas jurídicas de Direito Privado têm aptidão para adquirir direitos e obrigações no âmbito
das relações jurídicas de Direito Privado (ex. contratos). O art. 44, CC, prevê exemplos de
pessoas jurídicas de Direito Privado. É importante considerar, ainda, o disposto no art. 45 do
Código Civil, cuja redação trata do início da existência legal das pessoas jurídicas de Direito
Privado: essas pessoas jurídicas adquirem personalidade com a inscrição do ato constitutivo no
registro competente.
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no
respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-
se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por
defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro.
Uma vez criada a pessoa jurídica de Direito Privado2, o patrimônio da pessoa jurídica, EM REGRA,
não se confunde com o patrimônio dos sócios. O art. 50 do Código Civil prevê, entretanto, uma
EXCEÇÃO: a chamada DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA.
2Tanto faz escrever Direito Privado em caixa alta ou baixa (direito privado). O que importa é que se mantenha um
padrão de uso na escrita.
uma confusão. Se decretada a desconsideração da personalidade jurídica, os bens particulares
dos administradores ou sócios responderão pelas obrigações contraídas pela pessoa jurídica.
Então a regra geral é a seguinte: se você fez um contrato com uma empresa e a empresa
quebrou, você não vai poder buscar o patrimônio dos sócios, porque era com a empresa que você
tinha relações jurídicas. MAS, se verificados indícios de fraude, confusão patrimonial, abuso da
personalidade, você vai pedir para o juiz desconsiderar e aí o juiz vai desconsiderar a
personalidade jurídica da empresa e você vai buscar o patrimônio dos sócios. Mas isso não é a
regra — é a exceção. Isso já caiu em prova do CACD.
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão
patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo,
desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens
particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso.
(Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019)
AULA 05
Objetivo da aula: Preparar o candidato ao CACD para as provas de primeira (prova objetiva) e
de segunda (prova discursiva) fases.
CONSTITUCIONALISMO
Assim, desde o final do século XVIII, o Direito Constitucional é entendido como sendo um ramo
do Direito fundado, em geral, em um texto escrito – a Constituição (há exceções, que serão
vistas logo mais) – e que tem dois propósitos principais:
- 3ª ETAPA – NEOCONSTITUCIONALISMO
O neoconstitucionalismo surgiu nos países europeus, após 1945, como uma resposta do
Direito Constitucional contemporâneo ao holocausto nazista. Sobretudo porque a
Alemanha empregou sua Constituição vigente à época para fundamentar o holocausto.
A essência do neoconstitucionalismo é promover a interpretação das Constituições
Nacionais à luz de valores universais, ou seja, de valores consagrados pela comunidade
internacional.
Exemplos de valores universais promovidos pelo neoconstitucionalismo:
ESTRUTURA DA CF/88
A Constituição Federal de 1988 (CF/88) está dividida em três partes bem delimitadas:
- 1ª PARTE à PREÂMBULO
- 2ª PARTE à CORPO DE TEXTO ou PARTE PERMANENTE
- 3ª PARTE à ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS (ADCT)
PREÂMBULO
O preâmbulo é a parte inicial da CF/88 e é caracterizado pelos seguintes aspectos:
Preâmbulo
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado
Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o
bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna,
pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional,
coma solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO
DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.
CF/88
VIP à O STF entende que NÃO EXISTE HIERARQUIA entre as normas constitucionais
que integram o corpo de texto ou a parte permanente da CF/88. Isso significa que todos
os 250 artigos do corpo de texto ou parte permanente da CF/88 possuem a mesma
dignidade constitucional e precisam ser empregados conjuntamente/de modo
harmônico. Trata-se da aplicação do chamado PRINCÍPIO DA UNIDADE DA
CONSTITUIÇÃO. Não posso falar que direito à vida é mais importante do que direito à
integridade; tudo é norma constitucional; se está na CF/88, tem a mesma importância.
AULA 06
Objetivo da aula: Preparar o candidato ao CACD para as provas de primeira (prova objetiva) e
de segunda (prova discursiva) fases.
CLASSIFICAÇÃO da CF/88
A doutrina majoritária adota 07 critérios principais para classificar a CF/88.
Com base neste critério, a doutrina identifica ainda outros dois tipos de
Constituição:
Ocorre, entretanto, que o STF, ao interpretar a Constituição, entendeu que o art. 60,
parágrafo 4º, da CF/88, estabelece que emendas constitucionais não podem ABOLIR
cláusulas pétreas. É possível, portanto, que essas cláusulas sofram emendas
constitucionais, desde que se lhes preserve o NÚCLEO ESSENCIAL ou INTANGÍVEL. As
emendas constitucionais, na prática, poderão ampliar ou aperfeiçoar as cláusulas
pétreas.
2) QUANTO À ORIGEM
A CF/88 foi criada pela Assembleia Nacional Constituinte, que funcionou entre os anos
de 1987-1988 e representou o povo brasileiro.
Com base no critério ORIGEM, a doutrina identifica outros dois tipos de Constituição
(não precisa se preocupar com saber onde é que tem esse tipo de Constituição):
3) QUANTO À FORMA
Com base neste critério, a CF/88 é classificada como sendo uma CONSTITUIÇÃO
ESCRITA, haja vista que as normas constitucionais estão
consagradas/plasmadas/consolidadas/consignadas em um texto escrito.
Pegadinha à nada impede que nesse tipo de Constituição existam algumas poucas
regras escritas. A Constituição costumeira, não-escrita ou consuetudinária pode ter
algumas poucas normas escritas.
Esse critério é bem técnico. Com base no critério modo de elaboração, a CF/88 é
classificada como sendo uma CONSTITUIÇÃO DOGMÁTICA. Entende-se por
Constituição dogmática aquela que é elaborada de modo consciente por um ÓRGÃO
CONSTITUINTE, que adota normas constitucionais a partir de DOGMAS DA CIÊNCIA
POLÍTICA (ex. direitos fundamentais e princípio da separação dos poderes impedem
a ascensão de regimes autoritários).
Quanto ao modo de elaboração, há ainda um outro tipo de Constituição: trata-se da
CONSTITUIÇÃO HISTÓRICA, que é aquela elaborada a partir da sedimentação das
tradições políticas de um povo, ao longo do tempo. É a Constituição “deixa a vida
me levar, vida leva eu”, como diz a música do Zeca Pagodinho.
5) QUANTO À EXTENSÃO
Com base neste critério, a CF/88 é classificada como sendo uma CONSTITUIÇÃO
ANALÍTICA, pois apresenta grande dimensão textual.
6) QUANTO AO CONTEÚDO
7) Fica para a próxima aula. Antes de começar ela, no entanto, será feita uma revisão
desses 6 critérios.
AULA 07 20/03/20
Objetivo da aula: Preparar o candidato ao CACD para as provas de primeira (prova objetiva) e de segunda
(prova discursiva) fases.
Leituras Obrigatórias: Caderno de aula; Constituição Federal de 1988; Edital do CACD e Questões anteriores
sobre o tema da aula (bancas do CESPE/CEBRASPE e IADES).
CLASSIFICAÇAO DA CF/88
A doutrina majoritária adota 7 critérios classificatórios principais para a CF/88:
CONTEÚDO NOVO
7) Quanto à FINALIDADE ➔ Com base neste critério, a CF/88 é classificada como sendo
uma CONSTITUIÇÃO DIRIGENTE. Entende-se por Constituição DIRIGENTE aquela que
prevê NORMAS PROGRAMÁTICAS, ou seja, normas que trazem direitos sociais
(exemplo: saúde, educação, moradia, previdência social etc.). As normas programáticas,
ao prever direitos sociais, estabelecem METAS GOVERNAMENTAIS para a concretização
desses direitos.
A doutrina entende que existe ainda um outro tipo de Constituição quanto à finalidade.
Trata-se da CONSTITUIÇÃO GARANTIA, que é definida como sendo a Constituição que
não prevê direitos sociais. Essa constituição tem a finalidade de apenas estabelecer
DIREITOS INDIVIDUAIS (ex.: liberdade de locomoção, liberdade religiosa, liberdade de
associação, propriedade privada etc.). Percebe-se, portanto, que, em termos práticos, é
muito mais fácil cumprir uma Constituição desse tipo, haja vista que ela estabelece
apenas deveres de ABSTENÇÃO ao Estado. Um exemplo típico dessa Constituição é a
dos EUA.
PODER CONSTITUINTE
O poder constituinte é o poder que tem duas finalidades:
Pegadinhas
a) O art. 5º, XXXVI, CF/88, prevê que a lei deverá respeitar o direito adquirido, o ato
jurídico perfeito e a coisa julgada. Essa limitação não se aplica à nova constituição.
Logo, uma nova Constituição pode desconsiderar o direito adquirido, ato jurídico
perfeito e a coisa julgada, haja vista que o poder constituinte originário é
juridicamente ilimitado.
Três exemplos ajudam a fixar o que é o poder autônomo: (i) no contexto da CF/88, para
que ela surgisse, o povo aceitou, à época, transformar o Congresso Nacional em
Assembleia Constituinte, apesar do fato de que os deputados e senadores em exercício
já estavam no fim de seus mandatos; ou seja, a autonomia do povo permitiu que isso
acontecesse, porque o povo poderia ter optado por outra solução; poderia, por exemplo,
ter pedido votações para Assembleia Constituinte; (ii) o segundo exemplo diz respeito à
questão de a Emenda Constitucional Número 1, de 1969, ser ou não ser uma
Constituição. Segundo alguns estudiosos de Direito Constitucional, ela alterou mais de
70% da Constituição de 1967 — ou seja, ela alterou muito essa Constituição —, e é por
isso que se fala que em 1969 surgiu uma nova Constituição — é por isso, inclusive, que
ela é informalmente conhecida como Constituição de 1969; (iii) o terceiro exemplo de
caráter autônomo não tem a ver com o Brasil, mas com a Islândia, e vem do fato de a
Constituição da Islândia ter sido feita a partir do Facebook: o povo resolveu usar o
Facebook, criou uma fanpage, e aí foi criada uma Constituição por meio de likes no
Facebook; criou-se um grupo de estudiosos, que fez um estudo do assunto e que
elaborava propostas de artigos para a Constituição, propostas que eram liberadas na
fanpage e recebiam likes e sugestões, até serem aperfeiçoadas e transformadas na
Constituição de fato.
Subseção II
Da Emenda à Constituição
II - do Presidente da República;
III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus
membros.
§ 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.
§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três
quintos dos votos dos respectivos membros.
§ 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.
§ 5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão
legislativa.
CF/88
Art. 11. Cada Assembleia Legislativa, com poderes constituintes, elaborará a Constituição do Estado, no prazo de um ano, contado da promulgação da
Constituição Federal, obedecidos os princípios desta.
Parágrafo único. Promulgada a Constituição do Estado, caberá à Câmara Municipal, no prazo de seis meses, votar a Lei Orgânica respectiva, em dois
turnos de discussão e votação, respeitado o disposto na Constituição Federal e na Constituição Estadual.
Art. 3º A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do
Congresso Nacional, em sessão unicameral.
Objetivo da aula: Preparar o candidato ao CACD para as provas de primeira (prova objetiva) e de segunda (prova
discursiva) fases.
Leituras Obrigatórias: Caderno de aula; Constituição Federal de 1988; Edital do CACD e Questões anteriores sobre o
tema da aula (bancas do CESPE/CEBRASPE e IADES).
Leituras Complementares: Capítulo correspondente do livro: PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo, Direito
Constitucional Descomplicado, Ed. Forense e Método.
O poder constituinte derivado é o poder que aperfeiçoa a Constituição e que, portanto, atua em
um segundo momento, isto é, após a criação da Constituição. A doutrina apresenta três tipos de
poder constituinte derivado:
Então, reformar a Constituição é criar emendas. As ECs são criadas conforme a REGRA
2235 — 02 turnos de votação, nas 02 casas do Congresso Nacional, com quórum de
aprovação de 3/5 dos respectivos membros. As ECs, criadas pelo poder constituinte
derivado reformador, representam um mecanismo de ALTERAÇÃO FORMAL da
Constituição, porque obedecem a regras específicas de criação.
PEGADINHA
Em que pese existir divergências doutrinárias, em provas de concurso, deve-se adotar a
orientação de que o poder constituinte derivado decorrente NÃO atuou na elaboração
das Leis Orgânicas Municipais. A fundamentação desse posicionamento é o art. 11,
parágrafo único, do ADCT, cujo teor, ao tratar da atuação da Câmara Municipal na
elaboração da Lei Orgânica do Município, não previu que a Câmara Municipal atuaria
com poderes constituintes. O art. 11, “caput”, do ADCT, expressamente atribuiu
poderes constituintes à Assembleia Legislativa Estadual para a elaboração da
Constituição Estadual. Ou seja, para a Assembleia Legislativa Estadual, foi atribuído
poder constituinte; para a Câmara Municipal, não.
OBS.: A Lei Orgânica Municipal foi criada pelo poder constituído, qual seja, o Poder
Legislativo do Município.
PEGADINHA
Embora a CF/88 seja uma Constituição rígida quanto à alterabilidade, as emendas de
revisão (REGRA 1112) provam que nem todos os atos que alteraram a redação da CF/88
seguiram a REGRA 2235. Em 1993, foi realizada a revisão constitucional e as emendas
de revisão foram aprovadas por procedimento mais simples de votação: turno único ou
sessão unicameral, no Congresso Nacional, por maioria absoluta.
DICA
As características próprias do poder constituinte derivado correspondem ao OPOSTO das 05
primeiras características do poder constituinte originário. Então ao aprender de modo detalhado
as características do poder constituinte originário, a gente já reconhece as características do
poder constituinte derivado, porque estas são o oposto daquelas.
Subseção II
Da Emenda à Constituição
II - do Presidente da República;
III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus
membros.
§ 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.
§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três
quintos dos votos dos respectivos membros.
§ 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.
§ 5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa
[sessão legislativa é o ano parlamentar: vai de 2 de fevereiro até 22 de dezembro].
CF/88
O art. 60 da CF/88 prevê os limites jurídicos à atuação do poder constituinte derivado
reformador, isto é, o poder constituinte responsável pela criação de emendas
constitucionais. Ao interpretar o artigo supracitado, a doutrina identificou três tipos de
limites jurídicos impostos ao poder de emenda constitucional — também chamado de poder
de reforma constitucional:
CUIDADO A CF/88 não prevê a decretação do estado de guerra como sendo um limite
circunstancial ao poder de emenda constitucional.
− Presidente da República;
− 1/3 da Câmara dos Deputados OU 1/3 do Senado Federal;
− mais da metade das Assembleias Legislativas Estaduais, cada qual com
maioria relativa.
Pegadinha
Não se pode confundir dois conceitos técnicos do Direito Constitucional: legislatura
e sessão legislativa.
Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal.
a) cláusulas pétreas explícitas ➔ estão previstas no rol do art. 60, §4, CF/88;
b) cláusulas pétreas implícitas ➔ foram reconhecidas como matérias petrificadas na
CF/88 (limites materiais ao poder emenda constitucional) pela jurisprudência do
STF.
AULA 09 03/04/20
Objetivo da aula: Preparar o candidato ao CACD para as provas de primeira (prova objetiva) e de segunda (prova
discursiva) fases.
Leituras Obrigatórias: Caderno de aula; Constituição Federal de 1988; Edital do CACD e Questões anteriores sobre o
tema da aula (bancas do CESPE/CEBRASPE e IADES).
Leituras Complementares: Capítulo correspondente do livro: PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo, Direito
Constitucional Descomplicado, Ed. Forense e Método.
a. Limites circunstanciais;
b. Limites formais ou procedimentais;
c. Limites materiais
HOJE
Revisão é a chave da aprovação. Quanto mais você rever, mais próximo você está de ser
aprovado.
Como isso pode cair em prova? Já vi questão que fala assim: a Constituição
prevê expressamente que todos os direitos fundamentais são cláusulas
pétreas? Ora, todos, não. Expressamente são os direitos individuais. Trata-
se então de uma questão quer cobrar literalidade, isto é, o que está previsto
expressamente na CF/88. Mas uma questão também pode perguntar assim:
os direitos fundamentais são cláusula pétrea? Sim, eles são, e o que os faz
serem cláusulas pétreas é o tipo de interpretação que se faz da CF/88 —
uma interpretação extensiva, segundo entendimento doutrinário, com base
no princípio da indivisibilidade, que amplia para todos os direitos
fundamentais o que está expressamente previsto na CF/88 apenas para os
direitos individuais.
OBS Isto já foi cobrado em concursos, mas nunca no CACD. O princípio da rigidez
constitucional, considerado pela jurisprudência do STF cláusula pétrea implícita da
CF/88, impede a adoção, no Brasil, da teoria portuguesa chamada de dupla revisão.
Essa teoria permitiu que o Direito Constitucional português reduzisse o rol de
cláusulas pétreas da Constituição lusitana, por meio de um processo dividido em
duas etapas: (i) uma emenda constitucional alterou o rol de cláusulas pétreas,
retirando-lhe determinados temas; (ii) outra emenda constitucional foi
posteriormente criada para abolir a matéria despetrificada da ordem constitucional
portuguesa. Essa teoria tem por finalidade simplificar o procedimento de criação de
emendas constitucionais. Ela foi criada e aplicada num contexto de necessidade de
afrouxamento das exigências constitucionais de manutenção e criação de direitos
sociais, contexto em que o Estado português se encontrava falido para levar isso
adiante.
(i) art. 5, “caput”, CF/88 → VIP Já caiu em prova objetiva do CACD. A literalidade
do texto constitucional prevê que os direitos e garantias individuais são
assegurados aos brasileiros e estrangeiros residentes no Brasil. Por mutação
constitucional, com fundamento no princípio da universalidade dos direitos
fundamentais, o STF reconheceu que os direitos e garantias individuais são
assegurados a qualquer indivíduo, independentemente da nacionalidade
(brasileiro ou estrangeiro) e do país de residência (se a residência é no Brasil ou
no exterior). Desse modo, conclui-se que estrangeiro não residente no Brasil
também é titular de direitos e garantias fundamentais.
TÍTULO II
Dos Direitos e Garantias Fundamentais
CAPÍTULO I
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
CF/88
(ii) art. 5, XI, CF/88 → a literalidade do art. 5, XI, CF/88 prevê que a “casa” é asilo
inviolável do indivíduo. Ocorre, entretanto, que, ao interpretar esse artigo, o
STF reconheceu a mutação constitucional desse dispositivo. Ou seja, não se
pode mais interpretar esse artigo na sua literalidade. Para o STF, o art. 5, XI,
CF/88, não protege a construção “casa” em que o indivíduo habita. Essa norma
constitucional protege, em verdade, a intimidade do indivíduo. Desse modo,
qualquer local fechado (que tenha barreira física para ingresso) em que o
indivíduo possa ter intimidade estará igualmente alcançado pelo art. 5, XI,
CF/88.
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador,
salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação
judicial; (Vide Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência)
CF/88
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
PEGADINHA Isso sempre cai em prova. Na Constituição flexível, não é possível realizar
o controle de constitucionalidade de leis, uma vez que lei recente altera o texto da
Constituição. Basta lembrar que a rigidez constitucional é pressuposto para a realização
do controle de constitucionalidade de leis, o que significa que somente haverá controle
de constitucionalidade de leis, se no ordenamento jurídico existir Constituição rígida ou
semirrígida.
AULA 10 10/04/20
Objetivo da aula: Preparar o candidato ao CACD para as provas de primeira (prova objetiva)
e de segunda (prova discursiva) fases.
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
Pegadinha: a Constituição flexível — aquela que é alterada por lei — não admite a
realização do controle de constitucionalidade.
HOJE
Exemplo
Um contribuinte pagou determinado imposto criado por uma lei durante três anos. Esse
contribuinte ajuizou uma ação e obteve declaração de inconstitucionalidade dessa lei, tendo a
sentença produzido efeitos “ex tunc” ou retroativos. Na prática, o contribuinte passa a ter
direito de receber de volta o dinheiro que pagou indevidamente a título do referido imposto
(repetição de indébito).
EXCEÇÃO
O artigo 27 da Lei n. 9.868/99 (não precisa saber essa lei inteira, basta saber esse artigo) prevê
a chamada modulação temporal de efeitos da sentença do controle de constitucionalidade,
que é uma técnica decisória excepcional do controle de constitucionalidade que pode ser
empregada com a finalidade de resguardar dois valores: segurança jurídica ou excepcional
interesse social.
A sentença que declara a lei inconstitucional apenas produz efeitos após seu trânsito
em julgado. Na prática, todos os efeitos concretos da lei declarada inconstitucional até
o momento em que transitou em julgado a sentença declaratória de
inconstitucionalidade serão preservados.
Exemplo
Um contribuinte pagou determinado imposto por três anos e houve a declaração de
inconstitucionalidade de lei que criou o imposto, sendo que a sentença declaratória de
inconstitucionalidade produzirá efeitos “ex nunc” ou não retroativos. Na prática, o
contribuinte não terá direito de receber de volta o valor pago a título do referido
imposto até o momento do trânsito em julgado da referida sentença.
b) EFEITOS “PRÓ-FUTURO” ou PROSPECTIVOS
A sentença que declara a inconstitucionalidade da lei fixa uma data futura para deixar
de aplicar a lei inconstitucional.
Exemplo
Um contribuinte pagou durante dois anos determinado imposto criado por uma lei. Essa
lei foi declarada inconstitucional por sentença que teve seus efeitos modulados para
que produzisse efeitos “pró-futuro”. A sentença referida determinou que a lei
inconstitucional seria aplicada por mais dois anos. Na prática, o contribuinte terá de
pagar por mais dois anos esse imposto criado pela lei declarada inconstitucional. O que
justifica a aplicação dessa lei nula são razões de segurança jurídica ou excepcional
interesse social.
Se a questão falar que uma lei foi declarada inconstitucional e não falar nada de efeitos,
aí é regra geral: efeitos “ex tunc”. Mas nem sempre a sentença de declaração de
inconstitucionalidade vai ter efeitos “ex tunc”. Ela pode ter efeitos “ex nunc” ou ainda
“pró-futuro”, ou seja, ela pode ter seus efeitos modulados, apesar de isso ser exceção.
Então não podemos afirmar que sempre a sentença declaratória de
inconstitucionalidade produzirá efeitos “ex tunc” — esse é o grande erro. Essa é apenas
a regra geral, mas não é sempre.
Exemplo
O Código Tributário Nacional (CPN) foi criado em 1966, durante a vigência da Constituição de
1946, sob a forma de lei ordinária, e trazia normas gerais sobre Direito Tributário. Ocorre,
entretanto, que a CF/88 passou a exigir lei complementar para disciplinar as normas gerais de
Direito Tributário. Tendo em vista que o conteúdo ou matéria do CTN era compatível com o
conteúdo ou matéria da CF/88, o CTN foi recepcionado com status de lei complementar.
Averiguada a compatibilidade mencionada, alterou-se, portanto, apenas seu status de lei, que
passou de lei ordinária para lei complementar.
CONCLUSÃO: Para que uma lei ou ato normativo seja declarado inconstitucional, é necessário
que a lei ou ato normativo tenha sido criado após o advento da Constituição adotada como
parâmetro para a realização do controle de constitucionalidade. Na prática, o controle de
constitucionalidade, com base na CF/88, alcança somente leis e atos normativos produzidos
após o dia 05 de outubro de 1988, data de promulgação da CF/88.
TIPOS DE INCONSTITUCIONALIDADE
1. QUANTO AO VÍCIO
Exemplos
ii) lei que institua a pena de morte no Brasil em tempo de paz (viola o art. 5,
XLVII, CF/88, que admite a pena de morte apenas em tempo de guerra).
É configurada na hipótese de lei ou ato normativo ser criado sem observar as regras
do processo legislativo previstas na CF/88 (ex. legitimados à propositura, etapas de
votação, quórum de aprovação etc.)
Exemplos
ii) lei complementar aprovada por maioria simples ou relativa (viola o art. 69
da CF/88, que exige o quórum de maioria absoluta para aprovação de lei
complementar).
AULA 11 17/04/20
Objetivo da aula: Preparar o candidato ao CACD para as provas de primeira (prova objetiva)
e de segunda (prova discursiva) fases.
1- Quanto ao vício
a) Inconstitucionalidade material ou nomoestática
b) Inconstitucionalidade formal ou nomodinâmica
HOJE
Exemplo
Podem ser empregados os mesmos exemplos já citados para ilustrar a
inconstitucionalidade material e a inconstitucionalidade formal.
Exemplo
A inércia do legislador para criar a lei específica prevista no art. 37, VII, CF/88, para
estabelecer os limites (regulamentar) do direito de greve dos servidores públicos
civis.
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o
exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e
à cidadania;
art. 5º, CF/88 decorar
(ii) Ação direta de inconstitucionalidade por omissão – ADO (art. 103, §2,
CF/88)
Cabe ajuizar ADO no âmbito do chamado controle abstrato (controle
concentrado realizado pelo STF — isso vai ser explicado melhor em outro
momento; aqui, para fins de CACD, não cabe entrar em discussão de teorias,
discussões essas que se encontram em muitos livros de Direito
Constitucional).
§ 2º Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma constitucional, será dada
ciência ao Poder competente para a adoção das providências necessárias e, em se tratando de órgão
administrativo, para fazê-lo em trinta dias.
art. 103, CF/88 decorar
É a subespécie que mais cai em concurso, é a mais importante. O art. 61, §1 da CF/88
(VIP esse artigo é muito importante, TEM que ser decorado!) prevê um rol taxativo de
temas de projeto de lei que apenas poderão ser propostos pelo Presidente da República.
Dentre os temas que constam no artigo, destacam-se os seguintes:
Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados,
do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores,
ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição.
II - disponham sobre:
a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica ou aumento de sua remuneração;
b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração dos
Territórios;
c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e
aposentadoria; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)
d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da União, bem como normas gerais para a organização do
Ministério Público e da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios;
e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública, observado o disposto no art. 84, VI; (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, provimento de cargos, promoções, estabilidade, remuneração, reforma e
transferência para a reserva. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)
CF/88
Pegadinha Ao interpretar o art. 61, §1, II, “b”, CF/88, o STF adotou a literalidade do
texto constitucional e firmou o entendimento de que apenas projetos de lei de direito
tributário DOS TERRITÓRIOS são de iniciativa privativa ou reservada do Presidente da
República. Logo, as leis tributárias, em geral, não são de iniciativa legislativa privativa do
Presidente da República (trata-se de iniciativa legislativa concorrente, ou seja, os
projetos de lei de direito tributário podem ser propostos por qualquer um dos
legitimados previstos no art. 61, “caput”, da CF/88.
Exemplos
(i) eventual emenda constitucional aprovada em turno único de votação nas duas
casas do Congresso Nacional, com quórum de 3/5 dos respectivos membros
(viola a regra 2235 prevista no art. 60, §2, CF/88);
(ii) lei complementar aprovada com quórum de maioria simples ou relativa (mais
da metade dos presentes na votação) – viola o art. 69 da CF/88 que exige
quórum de maioria absoluta para aprovação de lei complementar (mais da
metade dos membros da casa legislativa).
É configurada na hipótese de o órgão legislativo que criou a lei ou ato normativo não
possuir competência para legislar sobre o tema.
Exemplo
Haverá inconstitucionalidade orgânica na hipótese de um Município criar leis sobre o
tema nacionalidade (nacionalidade é um tema de competência legislativa privativa da
União, nos termos previstos no art. 22, XIII, CF/88).
Conclusão: haverá inconstitucionalidade formal orgânica na hipótese de inobservância
das regras da CF/88 sobre competência legislativa dos entes federados.
1. Poder Executivo
O Poder Executivo atua no controle preventivo de constitucionalidade por meio do veto
do Presidente da República no projeto de lei. A partir da interpretação do art. 66, §1,
CF/88, é possível extrair duas conclusões sobre o veto presidencial:
Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de lei ao Presidente da República, que,
aquiescendo, o sancionará.
(i) O art. 66, §1, CF/88, prevê que o projeto de lei pode ser vetado com base em
dois fundamentos: inconstitucionalidade (veto jurídico) ou falta de interesse
público (veto político). Apenas o veto jurídico configura controle preventivo de
constitucionalidade.
(ii) O art. 66, §1, CF/88, é expressivo ao prever que o veto presidencial alcança
apenas projetos de lei. Isso significa que a proposta de emenda constitucional
não sofre sanção e veto do Presidente da República. Logo, essa proposta se
submete ao controle preventivo de constitucionalidade realizado apenas pelos
Poderes Legislativo e Judiciário.
2. Poder Legislativo
O Poder Legislativo atua com destaque no controle preventivo de constitucionalidade
por meio de dois instrumentos:
3. Poder Judiciário
O Poder Judiciário realiza o controle preventivo jurisdicional por meio do ajuizamento
de uma única ação judicial, que lhe pode ser apresentada por um único legitimado.
Trata-se da impetração de MANDADO DE SEGURANÇA por PARLAMENTAR que
participa do processo legislativo (parlamentar da Casa Legislativa em que se encontra o
projeto de lei ou a proposta de emenda constitucional). Ou seja, se o projeto de lei ou a
proposta de emenda constitucional se encontrar na Câmara dos Deputados, será um
deputado federal que poderá ajuizar a ação; se se encontrar no Senado, será um
senador. O pedido formulado pelo parlamentar é uma ordem judicial que determina o
arquivamento do processo legislativo em virtude de inconstitucionalidade.
AULA 12 24/04/20
Objetivo da aula: Preparar o candidato ao CACD para as provas de primeira (prova objetiva)
e de segunda (prova discursiva) fases.
a) PROJETO DE LEI
Quanto ao projeto de lei então, só se pode questionar a sua forma, e não seu conteúdo.
Isso ocorre porque seu conteúdo pode ser corrigido mediante deliberação na devida casa
do Parlamento ou por meio do poder de veto do Presidente da República.
1. Poder Executivo
2. Poder Legislativo
Súmula 347
O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público.
CUIDADO Os Tribunais de Contas não são órgãos do Poder Judiciário. Por isso, não têm
competência para julgar ações judiciais típicas do controle de constitucionalidade, a
exemplo da Ação Direta de Inconstitucionalidade (AD) e da Ação Declaratória de
Constitucionalidade (ADC).
3. Poder Judiciário
VIP obs.: na prova do CACD é muito importante não confundir um com o outro.
É concreto, porque tem que ter caso concreto; é difuso, porque a competência
é difundida.
Exemplo
Um contribuinte não quer pagar determinado imposto porque entende que a
lei que instituiu o imposto é inconstitucional. Ao ajuizar uma ação contra o Fisco,
a questão principal (ou seja, o pedido formulado) levada ao Poder Judiciário é
obter uma ordem judicial para não mais pagar o imposto e, eventualmente,
receber de volta o valor pago indevidamente. A inconstitucionalidade da lei que
criou o imposto aparece como fundamento do pedido formulado (isto é, a causa
de pedir). É, portanto, uma questão incidental, indireta ou prejudicial apreciada
pelo Poder Judiciário.
Objetivo da aula: Preparar o candidato ao CACD para as provas de primeira (prova objetiva)
e de segunda (prova discursiva) fases.
O que vamos aprender agora, apesar de ter pouca chance de cair na prova do CACD,
faz parte da proposta pedagógica elaborada pelo professor para ensinar controle de
constitucionalidade e nos ajudará, segundo ele, a consolidar o que estamos
aprendendo.
AULA 13
Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de
dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que,
a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder
Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como
proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004) (Vide Lei nº 11.417, de 2006).
§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca
das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que
acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão
idêntica. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de
súmula poderá ser provocada por aqueles que podem propor a ação direta de
inconstitucionalidade. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente
a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato
administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem
a aplicação da súmula, conforme o caso. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial
poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público. (Vide Lei nº
13.105, de 2015) (Vigência)
CF/88
Súmula Vinculante 10
Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não
declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público, afasta sua incidência, no
todo ou em parte.
AULA 14 08/05/20
Objetivo da aula: Preparar o candidato ao CACD para as provas de primeira (prova objetiva)
e de segunda (prova discursiva) fases.
Além disso, é interessante registrar que Hans Kelsen defendia que a sentença
do controle abstrato ou concentrado que declara uma lei ou ato normativo
inconstitucional equivaleria a uma “lei negativa”, na medida em que teria como
efeito prático retirar do ordenamento jurídico leis e atos normativos
inconstitucionais. Em virtude de a sentença do controle abstrato ter a natureza
de uma “lei negativa”, Kelsen convenceu o Poder Executivo e o Poder Legislativo
da viabilidade desta modalidade ao lhes conceder a prerrogativa de decidir
quais seriam os juízes que integrariam o Tribunal Constitucional habilitado a
realizar o controle concentrado ou abstrato. Com efeito, o art. 101 da CF/88
prevê que os Ministros do STF são nomeados pelo Presidente da República e
precisam da aprovação de maioria absoluta do Senado Federal.
6. Controle por via de ação – o controle concentrado ou abstrato também recebe o nome
de controle por via de ação porque existem cinco ações judiciais típicas que devem ser
ajuizadas perante o STF para que seja possível realizar esta modalidade de controle
repressivo jurisdicional.
(i) ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) [OBS.: não se usa mais, desde 2006,
o termo ADIN; usar esse termo hoje é erro que deve ser evitado];
(ii) ADC (Ação Declaratória de Constitucionalidade);
(iii) ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental);
(iv) ADO (Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão);
(v) IF (Ação Interventiva ou Representação Interventiva).
DICA Na prova, se a questão mencionar uma dessas cinco ações judiciais típicas do
controle de constitucionalidade, a questão estará abordando o sistema de controle
concentrado ou abstrato.
Legitimados do controle concentrado ou abstrato de constitucionalidade – art. 36, III
e art. 103, CF/88
− Presidente da República;
− Mesa da Câmara dos Deputados;
− Mesa do Senado Federal;
− Procurador-Geral da República (PGR);
− Conselho Federal da OAB;
− Partido Político com representação no Congresso Federal (que tenha
deputado federal ou senador eleito e em exercício).
Objetivo da aula: Preparar o candidato ao CACD para as provas de primeira (prova objetiva)
e de segunda (prova discursiva) fases.
1. ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade – art. 102, I, “a”, primeira parte, CF/88)
DICA Estudar essas ações de acordo com a ordem em que elas aparecem aqui no
caderno. Elas são as que mais são cobradas e aparecem, aqui, em ordem decrescente de
importância.
O STF julga ADI para declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo ESTADUAL
e FEDERAL.
IMPORTANTE Lei ou ato normativo municipal NÃO sofre ADI no STF. Todavia, lei ou ato
normativo municipal poderá sofrer ADI (também chamada de representação de
inconstitucionalidade) no Tribunal de Justiça do Estado (TJ estadual), que adotará como
parâmetro ou paradigma de julgamento a respectiva Constituição Estadual (art. 125,
§2, CF/88).
PEGADINHA ➔ Lei ou ato normativo distrital pode sofrer ADI em dois Tribunais
diferentes, a depender do tema legislado pelo DF. O art. 32, §1, CF/88 prevê que o DF
tem competências legislativas próprias de Estados e de Municípios. Desse modo, uma
lei distrital poderá sofrer ADI nos seguintes Tribunais:
a) lei distrital que versa sobre tema de competência do Estado (ex. ICMS, IPVA) –
sofrerá ADI no STF, que adotará como paradigma a Constituição Federal;
b) lei distrital que versa sobre tema de competência do Município (ex. IPTU, ISS) –
sofrerá ADI no TJDF, que adotará como paradigma a Lei Orgânica do DF (DF não tem
Constituição).
Logo, não se pode afirmar que a lei distrital sempre sofrerá ADI no STF, haja vista que
eventual lei criada pelo DF sobre tema de competência dos municípios terá a ADI julgada
no TJDF (sendo que, neste caso, o TJDJ irá ter como parâmetro de julgamento a Lei
Orgânica do DF).
2. ADC (Ação Declaratória de Constitucionalidade – art. 102, I, “a”, parte final da CF/88)
O art. 102, I, “a”, parte final da CF/88 prevê que o STF tem competência para julgar ADC
e declarar a constitucionalidade apenas de lei ou ato normativo FEDERAL.
ATENÇÃO O STF não julga ADC para declarar a constitucionalidade de lei ou ato
normativo estadual e municipal.
A ADC foi introduzida na ordem constitucional brasileira pela EC 03/93. O que justificou
a criação dessa ação típica do controle concentrado ou abstrato de constitucionalidade
foi a necessidade de colocar fim a divergências que surgiam no âmbito do controle
concreto ou difuso de constitucionalidade sobre a aplicação de leis e atos normativos
federais. Desse modo, conclui-se que a ADC, ao declarar determinada lei ou ato
normativo federal constitucional, impede que os demais órgãos do Poder Judiciário
deixem de aplicar essa lei federal. Na prática, a sentença de procedência da ADC
proferida pelo STF garante a aplicação uniforme da lei federal declarada constitucional
em todo território nacional.
A ADC foi uma necessidade decorrente dos primeiros cinco anos da CF/88, quando se
percebeu que, em alguns casos, a lei federal não era aplicada de forma uniforme no
território nacional, porque, ao fazer controle concreto ou difuso, alguns tribunais
estaduais diziam que aquela lei era inconstitucional. A ADC apareceu justamente para
isto: garantir a aplicação uniforme da lei no território brasileiro.
OBSERVAÇÃO O art. 14, III, Lei 9868/99 prevê um requisito de admissibilidade para o
ajuizamento de ADC perante o STF: trata-se da exigência de comprovar a existência de
controvérsia judicial relevante sobre a aplicação de lei ou ato normativo federal
objeto da ADC. A prova da divergência sobre a constitucionalidade de lei ou ato
normativo federal é realizada por meio da apresentação de julgados de Tribunais
diferentes, na medida em que um Tribunal considera a lei federal questionada
inconstitucional e outro Tribunal a considera constitucional.
A ADPF foi criada com o objetivo de ser a ação subsidiária do controle concentrado ou
abstrato de constitucionalidade. De acordo com o princípio da subsidiariedade que rege
a ADPF, o STF apenas poderá julgar ADPF se não for possível empregar nenhuma outra
ação típica do controle concentrado ou abstrato de constitucionalidade (ADI, ADC,
ADO e IF).
Apesar de ela ser a última a ser julgada, ela veio, aqui no caderno, no meio (item 3) das
outras ações, porque ela é a terceira que mais cai na prova do CACD.
Apenas será possível ajuizar ADPF no STF se não existir outra ação típica do
controle concentrado ou abstrato que possa ser empregada para questionar,
em tese, determinada lei ou ato normativo.
(ii) Prova de violação de preceito fundamental da CF/88 – art. 3, III, da Lei 9882/99
4. ADO (Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão – art. 103, §2, CF/88)
(i) apenas dar ciência ao Poder competente, na hipótese de ausência de lei (essa
sentença não poderá criar a lei regulamentadora faltante, nem poderá fixar um
prazo para o Poder legislativo criar essa lei regulamentadora, sob pena de
violação do princípio da separação dos poderes);
(ii) poderá fixar o prazo de 30 dias para a Administração Pública editar ato
administrativo, na hipótese de ausência apenas de ato administrativo (a
sentença, nesse caso, terá concluído que já existe lei regulamentadora, mas que
ainda não é aplicada em virtude da inércia da Administração Pública).
O art. 36, III, CF/88 prevê que apenas o PGR (Procurador-Geral da República) tem
legitimidade para ajuizar a ação interventiva ou representação interventiva perante o
STF. Caso o STF julgue procedente a representação interventiva, determinará que o
Presidente da República realize a intervenção federal nos Estados ou no DF. PGR pede,
STF julga procedente e quem inicia a intervenção federal é o Presidente.
CAPÍTULO VI
DA INTERVENÇÃO
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:
(...)
c) autonomia municipal;
Objetivo da aula: Preparar o candidato ao CACD para as provas de primeira (prova objetiva)
e de segunda (prov a discursiva) fases.
(i) o art. 60, §1, CF/88 prevê que a intervenção federal é um dos limites
circunstanciais ao poder de emenda constitucional: não se admite a criação de
emendas constitucionais durante a vigência de intervenção federal, estado de
defesa e estado de sítio;
(ii) o art. 90, I; e o art. 91, §1, I, CF/88 exigem que o Presidente da República consulte
o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional para que possa decretar
a intervenção federal: a CF/88 prevê dois órgãos superiores de consulta do
Presidente da República: o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional.
Esses órgãos apenas são consultados diante de situações que tenham gravidade e
possam comprometer as instituições nacionais e a aplicação da própria CF/88. A
decretação da intervenção federal exige consulta tanto ao Conselho da República
quanto ao Conselho de Defesa Nacional.
A partir da interpretação do disposto nos arts. 34 e 35 da CF/88 pode-se concluir que a União
está autorizada a realizar intervenção federal em três tipos de entes federados:
(i) Estados;
(ii) DF;
(iii) Municípios localizados em territórios.
O Estado, por sua vez, poderá realizar intervenção estadual apenas em um (1) tipo de ente
federado:
Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios localizados em Território Federal,
exceto quando:
Trata-se da chamada intervenção jurídica, que exige ação judicial proposta pelo PGR
perante o STF e sentença de procedência do STF, determinando que o Presidente da
República realize a intervenção federal. O PGR ajuíza; o STF julga procedente; o
Presidente realiza a intervenção federal.
IMPORTANTE O art. 36, §1, CF/88 prevê que o decreto presidencial da intervenção
federal deverá especificar os seguintes aspectos:
Vale registrar que, ao longo da República Velha, ocorreram várias intervenções federais
autônomas ou espontâneas que desgastaram o Presidente da República da época frente aos
Governadores de Estado.
O art. 36, III, CF/88 prevê duas hipóteses que autorizam o ajuizamento de ação interventiva ou
representação interventiva pelo PGR perante o STF:
IMPORTANTE O art. 34, VII, CF/88 prevê o rol taxativo ou exaustivo dos princípios denominados
de princípios constitucionais sensíveis pela doutrina, que, quando violados, permitem ao PGR
ajuizar ação interventiva no STF. Esse rol de princípios constitucionais sensíveis precisa ser
decorado para a prova:
CAPÍTULO VI
DA INTERVENÇÃO
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:
(...)
CAPÍTULO VI
DA INTERVENÇÃO
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública; (hipótese utilizada por Temer para justificar a intervenção no
RJ)
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior;
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei;
(...)
Intervenção federal mediante solicitação e intervenção federal mediante requisição – art. 36,
I, II, CF/88
A doutrina aponta duas hipóteses excepcionalíssimas (quase nunca caem em provas de
concurso) de intervenção federal, a saber:
b) Intervenção Federal mediante REQUISIÇÃO – (i) art. 36, I, parte final; e (ii) art. 36, II,
CF/88