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Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão Al-
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17 Diferenças entre
a Antiga e a Nova Aliança
Por John Owen
1
[Veja o volume 1, da Exposição da Epístola aos Hebreus, p. 446, editado e publicado pela
editora Banner of Truth.]
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a Antiga Aliança, que levou o povo à escravidão, foi dada no Monte Sinai, na
Arábia.
3. Elas diferem na maneira de sua promulgação e estabelecimento. Duas
coisas notáveis acompanharam a declaração solene da primeira aliança:
(1.) O pavor e terror da aparência externa no Monte Sinai, que se apoderou
de todo o povo, e até mesmo o próprio Moisés, que temeu e tremeu (Hebreus
12:18-21; Êxodo 19:16, 20:18-19). Por meio disso, um espírito de medo e es-
cravidão foi incutido em todas as pessoas, de modo que elas escolheram manter
distância e não se aproximarem de Deus (Deuteronômio 5:23-27).
(2.) Ela foi dada pelo ministério e “ordenação dos anjos” (Atos 7:53; Gá-
latas 3:19). Portanto, as pessoas estavam, em certo sentido, “submetidas aos an-
jos”, os quais possuíam um ministério de autoridade nessa aliança. A igreja da-
quele tempo, foi colocada em algum tipo de sujeição aos anjos, como o apóstolo
claramente sugere em Hebreus 2:5. Foi muito por causa disso que o culto ou
adoração de anjos começou a ser praticado entre esse povo (Colossenses 2:18);
o mesmo culto aos anjos, com um acréscimo à sua loucura e superstição, foi
introduzido por alguns na igreja cristã, na qual os anjos não possuem tal minis-
tério de autoridade como o faziam sob a Antiga Aliança.
As coisas são bem diferentes no que diz respeito à promulgação da Nova
Aliança. O Filho de Deus em sua própria pessoa declarou isso. Ele “falou do
céu”, como o apóstolo observa; em oposição à lei “sobre a terra” (Hebreus
12:25). No entanto, ele falou na terra também, e ele declara esse mistério acerca
de si mesmo em João 3:13. E ele realizou todas as coisas que pertenciam ao
estabelecimento dessa aliança em um espírito de mansidão e condescendência,
com a mais alta evidência de amor, graça e compaixão, encorajando e convi-
dando os cansados e sobrecarregados a virem a Ele. E por meio de seu Espírito,
ele fez com que seus discípulos continuassem a mesma obra até que a aliança
fosse plenamente declarada (Hebreus 2:3; veja João 1:17-18).
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2
{Cf. Gálatas 3:12; Romanos 10:5 citando Levítico 18:5.}
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9:11; Hebreus 10:29, 13:20). E o Senhor Jesus Cristo, ao morrer como Media-
dor e Fiador dessa aliança, comprou todas as coisas boas para a igreja; e como
um testador as legou para ela. Portanto, ele diz a respeito do cálice sacramental:
“Isto é o meu sangue, o sangue do novo testamento” (Marcos 14:24), ou seja, o
penhor de que será legado à igreja todas as promessas e misericórdias da aliança;
a qual é o Novo Testamento, ou a disposição de seus bens para seus filhos. Mas
porque o apóstolo trata expressamente dessa diferença entre as duas Alianças em
Hebreus 9:18-23, direcionamos o leitor para lá para obter uma consideração
completa desse assunto.
7. Elas são diferentes quanto aos sacerdotes que deveriam oficiar perante
Deus em favor do povo. Na Antiga Aliança, somente Arão e sua posteridade
poderiam desempenhar esse ofício; na Nova, o próprio Filho de Deus é o único
sacerdote da igreja. Lidamos amplamente com essa diferença e com a vantagem
da atual dispensação evangélica, na exposição do capítulo anterior, Hebreus 7.
8. Elas são diferentes quanto aos sacrifícios dos quais depende a paz e a
reconciliação com Deus. E isso também será tratado, se Deus permitir, no capí-
tulo seguinte, Hebreus 9.
9. Elas são diferentes em relação a forma e a maneira em que foram escritas.
Todas as alianças no passado eram solenemente escritas em placas de latão ou
tábuas de pedra, onde pudessem ser fielmente preservados para o uso das partes
interessadas. Assim, a Antiga Aliança, quanto à sua parte principal e fundamen-
tal, estava “gravada em tábuas de pedra”, que eram preservadas dentro da arca
(Êxodo 31:18; Deuteronômio 9:10; 2 Coríntios 3:7). E Deus fez isso em sua
providência, pois as primeiras tábuas foram quebradas, para dar a entender que
a aliança contida nelas não era eterna ou inalterável. Mas a Nova Aliança está
escrita nas “tábuas de carne do coração” daqueles que creem (2 Coríntios 3:3;
Jeremias 31:33).
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10. Elas são diferentes em relação aos seus fins. O principal fim da primeira
aliança era revelar o pecado, condená-lo e estabelecer limites para ele. Assim diz
o apóstolo: “Foi ordenada por causa das transgressões” (Gálatas 3:19). E isso foi
feito através de várias maneiras:
(1.) Através da convicção: porque “pela lei vem o conhecimento do pe-
cado” (Romanos 3:20); ela convenceu os pecadores e fez com que toda a boca
fosse fechada diante de Deus (Romanos 3:19).
(2.) Condenando o pecador, ao aplicar a sanção da lei à sua consciência.
(3.) Através dos juízos e castigos pelos quais, em todas as ocasiões, ela foi
acompanhada. Em tudo isso ela manifestou e representou a justiça e severidade
de Deus.
Já o fim da Nova Aliança é declarar o amor, a graça e a misericórdia de
Deus; e, portanto, conceder arrependimento, remissão de pecados e vida eterna.
11. Elas eram diferentes quanto aos seus efeitos. Pois a primeira aliança era
o “ministério da morte” e da “condenação”, e isso levou as mentes e os espíritos
dos que estavam sob ela a um espírito de servidão e escravidão; por outro lado,
o efeito imediato do Novo Testamento é a liberdade. E não há nada em que o
Espírito de Deus mais insista para nos mostrar a diferença entre essas duas ali-
anças do que nessa liberdade de uma, e na escravidão da outra (Veja Romanos
8:15; 2 Coríntios 3:17; Gálatas 4:1-7, 24, 26, 30, 31; Hebreus 2:14-15). Por-
tanto, explicaremos um pouco mais sobre isso. Para esse fim, a escravidão, que
era o efeito da Antiga Aliança, surgiu de várias causas que contribuíram para a
sua efetivação:
(1.) A renovação dos termos e sanções do Pacto de Obras contribuiu muito
para isso. Pois as pessoas não enxergavam como os mandamentos daquela ali-
ança poderiam ser observados, nem como sua maldição poderia ser evitada.
Quero dizer que elas não viram como poderiam fazer essas coisas por meio de
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algo que houvesse na aliança do Sinai; e nisso portanto, essa aliança, “gerou
filhos para a servidão” (Gálatas 4:24). Toda a perspectiva que eles tinham de se
libertarem dela vinha a partir da promessa.
(2.) Surgiu a partir da maneira como a lei foi entregue, e foi por essa razão
que Deus entrou em aliança com eles. Essa aliança foi ordenada com o propósito
de enchê-los de pavor e medo. E ela não podia deixar de fazer isso sempre que
eles recordavam dela.
(3.) Surgiu a partir da severidade das penas anexadas à transgressão da lei.
E Deus os havia convencido que onde a punição não fosse exigida de acordo
com a lei, ele mesmo agiria e os “extirparia”. Isso os mantinha sempre ansiosos
e preocupados, pois não sabiam quando estavam seguros ou protegidos.
(4.) Surgiu a partir da natureza de todo o ministério da lei, que era o “mi-
nistério da morte” e da “condenação” (2 Coríntios 3:7, 9); o qual declarou a
punição de todo pecado com a morte, e denunciou a morte a todo pecador; nem
o ministério da lei administrava, por si só, alívio para as mentes e consciências
dos homens. Assim ele se tornou a “letra que matou” os que estavam sob seu
poder.
(5.) Surgiu a partir da escuridão de suas próprias mentes, quanto aos meios,
caminhos e causas de libertação de todas essas coisas. É verdade que eles já ha-
viam recebido uma promessa de vida e salvação, que não foi abolida por essa
aliança, nem mesmo pela promessa feita a Abraão; mas isso não pertencia a essa
aliança, e o caminho de sua realização, pela encarnação e mediação do Filho de
Deus, estava muito obscuro para eles, sim, e até mesmo para os próprios profetas
que fizeram tais predições. Isso os deixava sob grande escravidão. Porque a prin-
cipal causa e meio da liberdade dos crentes sob o Evangelho surge da luz clara
que eles têm sobre o mistério do amor e da graça de Deus em Cristo. Esse co-
nhecimento de e fé em sua encarnação, humilhação, sofrimentos e sacrifícios,
de acordo com os quais ele fez expiação pelo pecado e operou uma justiça eterna,
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santos sob o Antigo Testamento acreditavam que seriam libertos pela Descen-
dência prometida, que seriam salvos por causa do Senhor, que o Anjo da aliança
os salvaria, sim, que o próprio Senhor viria ao seu templo; e diligentemente
inquiriram sobre “os sofrimentos que a Cristo haviam de vir e a glória que se
lhes havia de seguir”.3 Mas tudo isso enquanto os seus pensamentos e concep-
ções estavam extremamente no escuro quanto àquelas coisas gloriosas que são
esclarecidas na Nova Aliança, sobre a encarnação, mediação, sofrimentos e sa-
crifício do Filho de Deus, sobre o caminho de Deus em Cristo reconciliar o
mundo conSigo mesmo. Ora, assim como a escuridão gera temor, a luz gera
liberdade.
(4.) Obtemos essa liberdade pela abertura do caminho para o santo dos
santos, e a entrada que temos por esse meio com ousadia até o trono da graça.
Sobre isso também o apóstolo insiste peculiarmente em várias passagens de seus
discursos seguintes, como, por exemplo, o capítulo 9:8; 10:19-22, falaremos
mais sobre isso quando comentarmos essas passagens, se Deus permitir; porque
grande parte da liberdade do Novo Testamento consiste nisso.
(5.) Por todas as ordenanças evangélicas de culto. Já declaramos como as
ordenanças de culto sob o Antigo Testamento levavam o povo à escravidão; mas
as ordenanças do Novo Testamento, através da clareza de sua significação e de
sua conexão imediata com o Senhor Jesus Cristo, com seu uso e eficácia para
guiar os crentes em sua comunhão com Deus, em tudo nos conduzem à liber-
dade evangélica. E a nossa liberdade é de tal importância que quando os após-
tolos consideraram necessário, para evitar ofensa e escândalo, continuar a obser-
vância de uma ou duas instituições legai tais como o abster-se de algumas coisas
3
{1 Pedro 1:11.}
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4
[Veja o vol. iii. p. 125, de suas Miscellaneous Works. – Ed. {Banner Edition.}]
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3:10-11; 1 João 2:2; Apocalipse 5:9. Esse é o grande privilégio dos pobres gen-
tios errantes. Após eles terem voluntariamente caído da comunhão com Deus,
aprouve a ele, em sua santidade e severidade, deixar todos os nossos ancestrais
por muitas gerações servirem e adorarem ao Diabo. E o mistério da nossa res-
tauração estava “oculto em Deus desde o princípio do mundo” (Efésios 3:8-10).
E embora fosse assim profetizado, predito e prometido sob o Antigo Testa-
mento, contudo, tal era a soberba, a cegueira e a obstinação da maior parte da
igreja dos judeus, que a sua realização em grande parte se constituiu em uma
pedra de tropeço pelo qual eles caíram; sim, a grandeza e glória desse mistério
era tal que os próprios discípulos de Cristo não o compreenderam, até que isso
tivesse sido testificado a eles pelo derramamento do Espírito Santo, a grande
promessa da Nova Aliança, sobre alguns desses miseráveis gentios (Atos 11:18).
16. Elas diferem em sua eficácia; pois a antiga aliança “nada aperfeiçoou”
(Hebreus 7:19), ela não poderia realizar nenhuma das coisas que representava,
nem introduzir aquele estado perfeito ou completo que Deus havia projetado
para a igreja. Não nos prolongaremos aqui, pois já falamos sobre isso e já insis-
timos em nossa exposição do capítulo anterior. Por fim,
17. Elas diferem em sua duração: pois uma seria removida e a outra per-
maneceria para sempre. Falaremos mais sobre isso nos versículos seguintes.
Pode ser que outras coisas de natureza semelhante possam ser acrescentadas
à essas que mencionamos sobre em que consiste a diferença entre as duas alian-
ças; mas essas diferenças são suficientes para o nosso propósito. Pois alguns —
quando ouvem que o Pacto da Graça sempre foi um e o mesmo, da mesma
natureza e eficácia sob ambos os testamentos, que o caminho da salvação por
Cristo sempre foi o mesmo — estão prontos para pensar que não havia tão
grande diferença entre o estado deles e o nosso como aqui é pretendido. Mas
vemos que, nessa suposição, aquela aliança na qual Deus colocou as pessoas no
Sinai, e sob cujo jugo elas deveriam permanecer até que a Nova Aliança fosse
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Sola Scriptura!
Sola Gratia!
Sola Fide!
Solus Christus!
Soli Deo Gloria!
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O Estandarte de Cristo
2 Coríntios 4
1
Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos;
2
Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem
falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem,
3
na presença de Deus, pela manifestação da verdade. Mas, se ainda o nosso evangelho
4
está encoberto, para os que se perdem está encoberto. Nos quais o deus deste século
cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho
5
da glória de Cristo, que é a imagem de Deus. Porque não nos pregamos a nós mesmos,
6
mas a Cristo Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus.
Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nos-
sos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo.
7
Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de
8
Deus, e não de nós. Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não
9 10
desanimados. Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos; Tra-
zendo sempre por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a
11
vida de Jesus se manifeste também nos nossos corpos; E assim nós, que vivemos, esta-
mos sempre entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste
12
também na nossa carne mortal. De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a
13
vida. E temos portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós
14
cremos também, por isso também falamos. Sabendo que o que ressuscitou o Senhor
15
Jesus nos ressuscitará também por Jesus, e nos apresentará convosco. Porque tudo isto
é por amor de vós, para que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação
16
de graças para glória de Deus. Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem
17
exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e
18
momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; Não
atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem
são temporais, e as que se não veem são eternas.