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É Proibido Julgar?

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É Proibido Julgar?

Postado por Augustus Nicodemus Lopes

Ainda recentemente participei de uma discussão no Facebook com vários de meus amigos
onde uma moça aborreceu-se com alguns comentários feitos a um terceiro (não por mim,
garanto!) e retirou-se zangada, dizendo que Jesus havia ensinado que não se devia julgar os
outros.

Eu sei que existem situações em que julgar é realmente errado, mas aquela não era uma
destas situações. A pessoa que estava sendo "julgada" tinha feito declarações e expressado
suas opiniões e os outros simplesmente estavam avaliando e rejeitando as mesmas. A atitude
da mocinha, que ficou sentida, ofendida e magoada, é infelizmente comum demais no meio
evangélico moderno, onde as pessoas usam as famosas palavras de Jesus de maneira errada
como argumento em favor de que devemos aceitar tudo o que os outros dizem e fazem, sem
pronunciarmos qualquer juízo de valor que seja contrário.

Mas, foi isto mesmo que Jesus ensinou? A passagem toda vai assim:

"Não julgueis, para que não sejais julgados.

Pois, com o critério com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes
medido, vos medirão também.

Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu
próprio?

Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu?

Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro do
olho de teu irmão.

Não deis o que é santo aos cães Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis ante os porcos as
vossas pérolas, para que não as pisem com os pés e, voltando-se, vos dilacerem." (Mateus 7:1-
6)
Alguns pontos ficam claros da passagem.

1) O que Jesus está proibindo é o julgamento hipócrita, que consiste em vermos os defeitos
dos outros sem olharmos os nossos. O Senhor determina que primeiro nos examinemos e nos
submetamos humildemente ao mesmo crivo que queremos usar para medir e avaliar o
procedimento e as palavras dos outros. E que, então, removamos a trave do nosso olho, isto
é, que emendemos nossos caminhos e reformemos nossa conduta.

2) Em seguida, uma vez que enxerguemos com clareza, o próprio Senhor determina que
tiremos o argueiro do olho do nosso irmão. O que ele quer evitar é que alguém quase cego
com um tronco de árvore no olho tente tirar um cisco no olho de outro. Mas, uma vez que
estejamos enxergando claramente, após termos removido o entrave da nossa compreensão e
percepção, devemos proceder à remoção do cisco do olho de outrem.

3) Jesus faz ainda uma outra determinação no versículo final da passagem (verso 6) que só
pode ser obedecida se de fato julgarmos. Pois, como poderemos evitar dar nossas coisas
preciosas aos cães e aos porcos sem primeiro chegarmos a uma conclusão sobre quem se
enquadra nesta categoria? Visto que é evidente que Jesus se refere a pessoas que se
comportam como porcos e cães, que não vêem qualquer valor no que temos de mais precioso,
que são as coisas de Deus. Para que eu evite profanar as coisas de Deus preciso avaliar,
analisar, examinar e decidir - ou seja, julgar - a vida, o comportamento e as declarações das
pessoas ao meu redor.

Fica claro, então, que o Senhor nunca proibiu que julgássemos os outros, e sim que o
fizéssemos de maneira hipócrita, maldosa e arrogante. Julgar faz parte essencial da vida cristã.
Somos diariamente chamados a exercer o papel de juízes movidos por amor pelas pessoas e
zelo pelas coisas de Deus.

Quem nunca julga contribui para que o erro se propague, para que as pessoas continuem no
erro. São pessoas sem convicções. Elas se tornam coniventes e cúmplices das mentiras,
heresias e atos imorais e anti-éticos dos que estão ao seu redor. Paulo disse a Timóteo, "A
ninguém imponhas precipitadamente as mãos. Não te tornes cúmplice de pecados de outrem.
Conserva-te a ti mesmo puro" (1Tim 5:22). Não consigo imaginar de que maneira Timóteo
poderia cumprir tal orientação sem exercer julgamento sobre outros.

Em resumo, julgar não é errado, cumpridas estas condições: a) que primeiro nos examinemos;
b) que nos coloquemos sob o mesmo juízo e estejamos prontos para admitirmos que nós
mesmos estamos sujeitos a errar, pecar e dizer bobagem; c) que nosso alvo seja ajudar os
outros a acertar e consertar o que porventura fizeram ou disseram.

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