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Jailson Serafim da Silva

Arminianismo Proscrito, os dogmas arminianos condenados nas Escrituras e na História

“Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu
Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou a estes
também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes
também glorificou”(Rm 8:29-30 ACF)

“P.23 – ‘De que maneira podemos chegar ao Calvinismo? R. (1)Atribuindo todo bem à livre graça
de Deus. (2)Negando todo livre arbítrio natural e todo poder que antecede a graça, e (3)Excluindo
todo mérito dos homens, mesmo pelo que eles tem a fazer pela graça de Deus’”(‘Minutos de
Conversações Tardias’, 01.08.1745 [VIII,285], Coletânea da Teologia de João Wesley, pp.134-135).
Indice

Prefácio...
Introdução...
Histórico...

Capítulo 1 – A Bíblia Sagrada Rejeita o Livre Arbítrio! ...


Capítulo 2 – O Cristianismo Histórico Rejeita o Livre Arbítrio! ...
Capítulo 3 – A Bíblia Sagrada rejeita a Eleição Condicional...
Capítulo 4 – O Cristianismo Histórico Rejeita a Eleição Condicional e Ensina a Dupla Predestinação
...
Capítulo 5 – A Bíblia Sagrada Rejeita a Expiação Ilimitada....
Capítulo 6 – O Cristianismo Histórico rejeita a expiação geral...
Capítulo 7 – Refutando a Falsa Acusação Arminiana Pentecostal ...
Capítulo 8 – A Mentira Arminiana: Calvino ensinou a Expiação Ilimitada! ...
Capítulo 9 – A Bíblia Sagrada Rejeita a Graça Resistível ...
Capítulo 10 – O Cristianismo Histórico Rejeita a Graça Resistível...
Capítulo 11 – A Bíblia Sagrada Rejeita a Perda da Salvação (ou Cair da Graça) ...
Capítulo 12 – O Cristianismo Histórico Rejeita o Falso Dogma da ‘Perda da Salvação’(Ou Cair da
Graça)...
Capítulo 13 – Respondendo a Calúnia Arminiana Pentecostal Contra Arminio...
Capítulo 14 – Desmascarando a Calúnia História Contra Calvino...
Capítulo 15 – Respondendo a Calúnia Arminiana Pentecostal Contra os Reformadores Martinho
Lutero e João Calvino...
Capítulo 16 – James Armínio nega os cinco pontos do Arminianismo!
Capítulo 17 – Os Cinco Contraditórios Pontos do Arminianismo!!! ...
Capítulo 18 – O Arminianismo é o Alicerçe das Seitas Falsas!!! ...
Capítulo 19 – Os Mestres do Arminianismo Ensinaram Doutrinas Falsas, Heréticas e
Blasfemas!!! ...
Capítulo 20 – Os Arminianos proíbem que seus liderados leiam obras calvinistas!!!
Capítulo 21 – Estas “Bíblias” Arminianas!!! ...
Capítulo 22 – Os Arminianos São Salvos??? ...

Bibliografia...
Prefácio

É uma honra para mim que eu tenha a oportunidade de prefaciar este livro que fala alto acerca da
nova natureza que temos recebido em Cristo Jesus, segundo o Pacto da Redenção assinado na
Eternidade Passada entre as Três Pessoas da Santíssima Trindade, e também conforme o Pacto da
Graça entre o Único e Verdadeiro Deus, Criador dos Céus e da Terra, e o Representante dos Eleitos
de Deus antes da fundação do Mundo (Eleitos para serem Santos e Irrepreensíveis diante de Deus
em Amor — Efésios 1:4), o nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

São quarenta e quatro anos de vida passados, dos quais quarenta e dois iniciados pelo Santo
Batismo na Fé Cristã Reformada (Igreja Presbiteriana Bíblica Fundamentalista de São Bernardo do
Campo, SP, cujo Pastor na época era o Rev. Prof. WILLIAM R. LeROY, D.D., 1925-2015, Missionário
da Junta Independente de Missões Presbiterianas Estrangeiras de saudosa memória) e vinte e sete
desde a Pública Profissão de Fé (também realizada na IPBF São Bernardo do Campo, SP, e também
sob os auspícios do Pastorado do Dr. LeROY. Nesta caminhada da Vida Cristã, “nossa carne não
teve repouso algum; antes em tudo fomos atribulados: por fora combates, temores por dentro.” (II
Coríntios 7:5).

A Doutrina Calvinista, por se tratar da Genuína Doutrina Bíblica, tem sido o consolo de nossa alma,
a certeza de nossa Salvação, alicerçada na Fiel Palavra de Deus. E é esta Doutrina Bíblica que
encontramos neste opúsculo, de maneira apologética, ao proceder à investigação, à análise e, por
fim, à contestação do Arminianismo, fiel reprodução evangelicista do Semipelagianismo Romanista
e, como irmão gêmeo univitelino deste, faz com que ambos estejam a passos largos para a união
ecumênica que Roma tanto anseia, e que o legítimo Reformado, Fiel à Bíblia, deve denunciar e
abominar.

JAILSON SERAFIM DA SILVA é nosso conhecido desde os anos de 1980: adolescente de Casa
Amarela, da Igreja Presbiteriana Fundamentalista desse bairro recifense, tal qual eu, naqueles idos,
sempre morando aqui na Cidade do Rio de Janeiro; JAILSON foi aconselhado diversas vezes por
correspondência por meu pai, o Ensinador Bíblico JOSIAS MACEDO BARAÚNA, então Presbítero
Regente da IPBF de São Bernardo do Campo, SP, mesmo morando no Rio de Janeiro (éramos uma
família sob a responsabilidade desta igreja e da Sessão desta igreja), que já exercia o seu Ministério
através de PUBLICAÇÕES BÍBLICAS. JAILSON tem considerado a meu pai como seu pai na Fé; Daí a
dobrada honra de prefaciar este livro de meu Irmão na Fé e, de recebê-lo como Discente em nossa
Faculdade Evangélica Bíblica de Teologia Reformada — FAEBTER — que Deus nos deu a graça de
sermos o Reitor.

Alegria incontida no coração haverá, sem dúvida alguma, no coração dos regenerados, daqueles
que realmente nasceram de novo, ao lerem, parágrafo por parágrafo, o Santo e Bíblico Conteúdo
deste Opúsculo; transformar-se-á em regozijo ao fortalecer as suas almas, pois a tendência é, num
crescente harmonioso e melodioso, exaltar o Supremo Soberano Ser, Seus atributos e Suas ações
Salvíficas, e reduzir o ser humano, não somente à figura do despojado da Glória de Deus, mas
daquele que foi agraciado com sua retirada das trevas para a Maravilhosa Luz do Santo Evangelho.

Também terá seus olhos abertos o distinto Leitor, após uma análise histórica da Remonstrância
Holandesa, ao fato de que, qualquer tentativa de conferir trabalho e, por conseguinte, glória e
louvor ao homem por sua salvação, é fruto de um simples relaxamento do Estudo das Escrituras.
Como é sabido que as gerações presentes têm sido, de certa maneira, preguiçosas na leitura de
livros e, principalmente das Escrituras Sagradas, segue-se que, mesmo os WESLEY, bem como os
Pioneiros do Pentecostalismo e da Igreja Universal do Reino de Deus ainda possuíam lampejos da
Verdade Bíblica, da Sã Doutrina, na composição de seus hinos, como bem investigou e bem expôs
DA SILVA, para tristeza dos arminianos pentecostais e neopentecostais (parece que a Universal
“aposentou” seu hinário como “ultrapassado”), fortemente preguiçosos no Estudo Bíblico em geral
e manifestando puro fanatismo pela confirmação prática da suposta contemporaneidade dos Dons
de Sinais Apostólicos que não mais são manifestos na Igreja de Deus nos dias atuais, por
Determinação Divina, visto serem imperfeitos e incompletos, tendo sido substituídos pela Única e
Infalível Regra de Fé e Prática que aponta que toda Glória deve ser dada a Deus, principalmente
pela Salvação Monergista, efetuada pelo Eterno, Aleluia!

Deus abençoe ricamente a todos que adquirirem e crescerem na leitura de ARMINIANISMO


PROSCRITO!!! Amém!

Imbariê (Duque de Caxias), RJ, 22 de junho de 2016

Prof. Josias MacedoBaraúna Jr., D.D., Th. D.


Introdução

Esta obra não foi feita com o objetivo de desprezar ou ridicularizar a fé daqueles cristãos, que
pensam opostamente a nós. Antes, nosso objetivo, é, em amor, levá-los a examinarem suas
próprias crenças e convicções.

Todavia, como cristãos que somos, nossa função não é agradarmos aos homens, mas a Deus,
mesmo que isso possa levá-los à ira, indignação e tristeza, pois, como disse Paulo (e nós também),
"se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo"(Gl 1:10). Como cristãos de
linha reformada, somos, no tocante à salvação, o único povo que literalmente tudo atribui à graça
de Deus. E isto irrita os arminianos e aos membros de seita heréticas. Como disse Spurgeon:

"Ví homens mordendo os lábios e rangendo os dentes, quando pregava a soberania de Deus... os
doutrinadores de hoje admitem um Deus, mas Ele não pode ser um Rei... quase nenhum ministro
nos olha ou fala favoravelmente de nós; porque mantemos opiniões firmes sobre a soberania de
Deus, e sua Eleição divina e amor especial para com Seu povo"(Seaton; Os Cincos Pontos do
Calvinismo, pp.22,23).

Nesse sentido, lembramos de Paulo: "Fiz-me acaso vosso inimigo, dizendo a verdade?"(Gl 4:16).

Nos dias de hoje, ouvimos questões como: 'Possui o ímpio capacidade de escolher a Deus?' 'será
que Deus elegeu o homem por previsão de algum futuro ato deste?', 'será herética a doutrina da
dupla predestinação?, 'será que Jesus Cristo morreu por todos os homens?', 'será que a graça
especial de Deus pode ser resistida?', 'será que o cristão, depois de ter sido salvo, poderia
finalmente perder a salvação'? Nesta humilde obra, esses temas serão abordados, examinados,
estudados e comentados.

Na realidade, todos aqueles que rejeitam as antigas doutrinas da graça divina (isto é, os Cinco
Pontos do Calvinismo), estão apenas a reabilitar o herético Pelágio(354-415). Agostinho(354-430),
bispo de Hipona, certa vez disse que toda a sua doutrina era contrária aos pelagianos(O Dom da
Perseverança, 21:55). E o que ele pregava senão as antigas doutrinas da graça? Por exemplo,
Agostinho afirma que fazia parte do corpo doutrinário dos pelagianos, a rejeição às seguintes
doutrinas: a depravação total(A Graça e a Liberdade, 17:37-38); a eleição incondicional(A
Predestinação dos Santos, 18:36); a expiação limitada(O Dom da Perseverança, 8u:18).

Assim, o pai do arminianismo é o pelagianismo, e bem sabemos que os pelagianos eram


reconhecidamente heréticos e declaradamente ímpios. Por exemplo, eles negavam o pecado
original(A Predestinação dos Santos, 11:24). Ainda de acordo com Agostinho, esses indivíduos
abertamente recusavam receber os sacramentos do batismo e da Ceia do Senhor(A Graça e a
Liberdade, 22:44). Se recusavam o batismo, recusavam ser revestidos de Cristo(Gl 3:27).
Equivaliam aos escribas e fariseus no tempo de João Batista(Lc 7:30). Se recusavam a ceia do
Senhor, comprovaram não terem nenhum tipo de vida espiritual(Jo 6:53).
Desejamos que a leitura desta obra encontre guarida nos corações dos leitores.

"Abre tu os meus olhos, para que veja as maravilhas da tua lei"(Sl 119:18)

Jailson Serafim da Silva

Recife, Junho de 2016


Histórico

Em 1609, morre na Holanda, James Armínio, um professor holandês, e os seus ensinamentos (com
um acréscimo ou alteração) haviam sido elaborados pelos seus seguidores em cinco pontos
principais de doutrinas. Seus seguidores tornaram-se conhecidos como ‘arminianos’. Esta
formulação de doutrinas ocorrera em 1610. Até esse momento as igrejas da Holanda, assim como
as outras igrejas protestantes mais importantes da Europa, subscreviam a Confissão de Fé
Belga(Confissão de Fé dos Países Baixos) e o Catecismo de Heidelberg, ambas firmemente
alicerçadas nos ensinamentos da Reforma. Mas os arminianos queriam mudar essa posição, e por
isso apresentaram seus cinco pontos em forma de objeção ou protesto, denominado “A
Remonstrância”. Eles declararam que era necessária uma revisão da Confissão de Fé Belga e do
Catecismo de Heidelberg.

Os cinco pontos do arminianismo remonstrante eram os seguintes:

(1)Livre Arbítrio, ou capacidade humana – Ensinavam aqui que o homem, embora debilitado pela
Queda, não era totalmente incapaz de escolher o bem espiritual, e podia exercer fé em Deus de
forma a receber o evangelho e assim tomar posse da salvação para si mesmo.

(2)Eleição Condicional – Ensinavam que Deus impunha suas mãos sobre todos aqueles indivíduos
que sabia – ou previa – responderiam ao evangelho, o que significa dizer, que, Deus elegeu aqueles
que antevia quererem ser salvos por seu próprio arbítrio e em seu estado natural caído – que, de
acordo com o primeiro ponto do arminianismo, já não era completamente caído.

(3)Redenção Universal, ou Expiação Geral – Ensinavam aqui que o Filho de Deus morreu para
salvar a todos os homens; mas só potencialmente. A morte de Cristo permitiu a Deus perdoar os
pecadores, mas sob condições que cressem.

(4)A obra do Espírito Santo na regeneração é limitada pela vontade humana – Ensinavam que
quando o Espírito Santo iniciava a obra de trazer uma pessoa a Cristo, ela podia resistí-lo
eficazmente e frustrá-lo em seus propósitos. Não poderia dar a vida se o pecador não estivesse
disposto a receber essa vida.

(5)Cair da graça, ou Perder a Salvação – Ensinavam que o homem salvo poderia finalmente perder
a salvação. Este é sem dúvida, o resultado lógico e natural do sistema. Se o homem tem que tomar
a iniciativa em sua salvação, então tem que assumir a responsabilidade pelo resultado final! Mas,
uma coisa pode ficar bem claro: este ensino não foi um dos artigos de fé de Armínio – ele jamais o
ensinou. Este ensino é obra exclusiva de seus discípulos!

Os cinco pontos do arminianismo foram apresentados ao Estado, e um Sínodo Nacional da igreja


foi convocado para se reunir em Dort em 1618, a fim de examinar o ensinamento dos arminianos
remonstrantes à luz da Bíblia. O Sínodo de Dort reuniu-se durante 154 sessões em um período de
sete meses, mas ao seu término não encontrou campo para reconciliar o ponto de vista arminiano
com aquele exposto nas Escrituras. Reafirmando a posição tão inequivocadamente sustentada pela
Reforma, e formulada por Calvino, o Sínodo de Dort formulou seus “Cinco Pontos do Calvinismo”
para fazer frente ao sistema arminiano, como se segue abaixo:

(1)Depravação Total – Como resultado da queda de Adão, todos os homens nascem


espiritualmente ‘mortos’(Gn 2:17 comp.com Sl 58:3; 51:5; Jo 3:3; Ef 2:1,5; Gn 6:5; 8:21), e como
resultado desta morte espiritual completa, o homem não possui ‘livre-arbítrio’ para as coisas
espirituais, porque está escravizado a Satanás, pois é cativo da vontade do diabo(2 Tm 2:25-26).
Ora, se todos os homens neste mundo nascem espiritualmente mortos em ‘delitos e pecados’,
seus espíritos humanos estão mortos e irresistivelmente inclinados para o deus da morte, que é
Satanás(Ef 2:2-3). Desde que a depravação total atinge toda a raça humana(Rm 5:12), o homem
ímpio é totalmente oposto a qualquer bem espiritual(Rm 3:11-12; 1 Co 2:14).

(2)Eleição Incondicional – Deus elegeu o seu povo não pela previsão de fé, arrependimento e
santidade, mas para que esse povo tivesse a fé, o arrependimento e a santidade(At 13:48; Ef 1:4,5;
1 Pd 1:2). Nós fomos eleitos para crermos e sermos santos, e não o contrário.

(3)Expiação Limitada ou Particular – Cristo morreu apenas pelos eleitos(Is 563:10,11; t 20:28; Mc
14:24; Jo 10:11,15; 17:2, etc).

(4)Graça Irresistível ou Chamada Eficaz – Se Deus deseja que somente sejam salvos todos aqueles
que Ele escolheu e deu a seu amado Filho, então, certamente, através de sua graça soberana, traz
todos os eleitos, de forma irresistível ao Seu Filho(Mt 1:21 comp. com Jo 6:37; 17:2,6,8 6:45; At
16:14, etc).

(5)Perseverança dos Santos – A perseverança do cristão não é um produto dos esforços dos eleito,
mas é proveniente da soberana vontade de Deus(Jd 24; Ez 36:27; 11:19-20). Por estar a
perseverança final do cristão dependendo somente de Deus(2 Tm 4:18; 1 Pd 1:5; 2 Tm 1:12; Fl 1:6)
e por ser da vontade de Deus que nenhum de seus eleitos se percam(Jo 6:39), e considerando que
a vontade de Deus é sempre feita(Is 46:10), então é impossível que um filho de Deus possa perder
a salvação(Jo 10:27-29; Rm 8:37-39). A salvação do cristão é garantida por Cristo(Jo 5:24).

Como pode ser percebido de imediato, estes são completamente opostos aos cinco pontos de
arminianismo. O homem é totalmente incapaz de salvar a si mesmo devido a queda no Jardim do
Éden ter sido total. Se não pode salvar-se, então Deus tem que salvá-lo. Se Deus tem que salvar,
então tem que ser livre para salvar a quem Ele quer, então foi para estes que Cristo fez a expiação
na cruz. Se Cristo morreu por eles, então o seu Espírito Santo efetivamente chama-los-á para
aquela salvação. Se a salvação é de Deus desde o início, então o fim também será de Deus, e os
santos perseverarão em júbilo eterno.

Assim, está mais que provado, de que os arminianos, são os culpados pela divisão entre o
Cristianismo Protestante e Evangélico, uma vez que antes de Armínio, as igrejas protestantes, eram
calvinistas. E se a Bíblia não exerceu nenhuma influência sobre a doutrina arminiana, o que
influenciou a doutrina arminiana, com certeza, foi a teologia herética de Fausto Socino(1539-
1604), líder anabatistas antitrinitário, conforme revela o Rev. W. R. Inge, afirmando:

“A influência do Socinianismo foi quase inteiramente desintegrada; mas provavelmente teve


alguma influência sobre a teologia arminiana”(Protestantism, p.69).

Aliás, em suas obras, Armínio dá declarações que lembram realmente o socinianismo ou


arianismo:

“A palavra 'autoqeo' 'o próprio Deus', na medida que significaria que o Filho de Deus teria a
essência divina de si mesmo, não poderia ser atribuída ao Filho de Deus, segundo as Escrituras e
as opiniões das igrejas gregas e latinas"(Disputa 34).

“Portanto, de maneira alguma pode esta frase, ‘o Filho de Deus é autotheos’['Deus de si mesmo',
ou 'em seu próprio direito'] ser desculpada como correta, ou como tendo sido felizmente expressa.
Nem pode isso ser chamada uma forma adequada de expressão, que diz: ‘A essência de Deus é
comum às três pessoas’; mas é imprópria, uma vez que a essência divina é declarada como
sendo comunicada de um deles para o outro”(A Divindade do Filho de Deus).

E de fato, a influência do pelagianismo e do socinianismo sobre a teologia de Armínio e seus


seguidores, foi algo imprescindível para o definitivo estabelecimento desta corrente antibíblica. O
‘The Oxford Dictionary of the Christian Church”, admite que recaíram sobre Armínio “acusações
de pelagianismo e socinianismo”(p.88).

Esta mesma obra, na mesma página, faz alusão ao arminianismo dos Wesley, novamente
reconhecendo a mesma influência do pelagianismo e socinianismo também sobre eles:

“Sobre o continente a reputação do arminianismo naufragava muito profundamente no século


XVIII, devido a associação que se desenvolvia completamente entre ele e o Socinianismo”.

Também falando sobre a influência do pelagianismo e socinianismo sobre os Wesley, a


“Encyclopaedia of Religious and Ethics”(Volume I), declara:

“Com exceção dos Metodistas Calvinistas de Gales, que representavam a posição de Whitefield,
que se afastou da cooperação com os Wesley; os Metodistas, através do mundo, sobre este
fundamento, são arminianos convictos, que claramente aderem ao original Arminianismo de
Armínio e seus seguidores dos tipos primitivos antes de se aproximarem do caráter racionalista
dos Socinianos ou Latitudinarianos, ou fossem fundidos nas tendências prevalecentes da
teologia da Restauração ou Unitarismo Moderno. O tipo Wesleiano de Arminianismo com estes
não evangélicos, indica uma grande influência. Isto estendeu-se amplamente através do Império
Britânico e Americano, e é baseado sobre a convicção de que as posições calvinistas são
incompatíveis com a justiça divina e o livre arbítrio, enquanto que sua lealdade às doutrinas da
graça é a melhor proteção sobre a banal influência do Pelagianismo e Socinianismo no
Arminianismo”(p.811).

Até mesmo as autoridades arminianas reconhecem como um fato histórico a influência do


pelagianismo e socinianismo até sobre o arminianismo da Holanda. Por exemplo, a “The
Mennonite Encyclopedia”(Volume I), declara:

“Infelizmente no decorrer dos séculos o Arminianismo na Holanda inclinou-se mais para o


Socinianismo e Pelagianismo, isto é, Unitarismo e Modernismo. Isto era verdade também na
Inglaterra”(p.160).

Assim, reconhece-se imparcialmente, que a arvore genealógica espiritual do arminianismo começa


nos heréticos sistemas do pelagianismo e socinianismo!!!

De acordo com o historiador W. Walker, quando os doutrinas reformada(ou calvinistas) ecoaram


por toda a Europa, acabaram provocando uma reação por parte de alguns eruditos da Holanda,
“onde as tradições humanistas não haviam morrido e o anabatismo estava bastante
difundido”(História da Igreja Cristã, p.140). Mas, seriam os humanistas e os anabatistas os
primeiros adversários das doutrinas reformadas ou calvinistas? Os historiadores arminianos A.
Knight e W. Anglin, respondem esta indagação, negando tal coisa:

“No princípio, foram os católicos que se opuseram às doutrinas de Calvino”(História do


Cristianismo, p.322).

Nota-se que, de acordo com os próprios arminianos, não foram os pais da Reforma Protestante
(Lutero e Zuínglio) que se opuseram às doutrinas cridas e ensinadas por Calvino, mas a igreja
católica romana. Que é uma verdade histórica o fato de que Lutero e Zuínglio não se opuseram aos
cinco pontos de Calvino, atestam todas as autoridades – tanto religiosas, como seculares, e é algo
inegável. Vejamos alguns depoimentos:

“Na Reforma a posição agostiniana foi aceita por ambos Martinho Lutero e João
Calvino”(Encyclopaedia Britânnica, Volume XVIII, p.433).

“Martinho Lutero, de alguma maneira no primitivo período, e os seguidores de João Calvino,


ensinaram a absoluta predestinação”(The Oxford Dictionary of Christian Church, p.577).

“A doutrina da eleição governou o pensamento de Zuínglio”(Joel R. Beeke; A Busca da Plena


Segurança, o Legado de Calvino e seus sucessores, p.50).

“Os protestantes haviam sido ensinados por Lutero, Santo Agostinho e a Epístola aos Romanos,
que não podiam merecer o Céu, que a vida moral cristã e as suas consequências no Além deviam
ser aceitas através da fé como uma dádiva da mercê e do amor de Deus. Deus escolhia alguns e
não todos. A Escritura ensinava-o, e a observação demonstrava-o”(Owen Chadwick, A Reforma,
p.92).

“Durante a Reforma, Martinho Lutero asseverou a predestinação contra Erasmo, que foi acusado
de Pelagianismo... Assim, Ulrico Zwinglio ensinou a predestinação, como parte da soberania e da
providência de Deus”(Donald K. McKim, The Westminster Handbook to Reformed Theology,
p.180).
“Em Elencbus, Zuínglio também ensinou a mais estrita dupla predestinação”(Wolfgang Capito:
From Humanist to Reformer, p.180).

“Zuínglio ensinou a doutrina da predestinação absoluta, bem como Calvino e os outros


reformadores”(Daniel Rupp; The Religious Denominations in the United States: Their Past History,
p.301).

“Ulrico Zwinglio ensinou um determinismo geral, incluindo a dupla predestinação”(Hans J.


Hillerbrand; The Oxford Encyclopedia of the Reformation, Volume 2, p.145).

“Como Boettner mostra, eles estavam juntos em sua visão da predestinação . ‘Foi ensinado não
somente por Calvino, mas por Lutero, Zwinglio , Melanchton (embora Melancthon depois recuou
para a posição semi-pelagiana), por Bullinger, Bucer, e todos os outros célebres líderes da
Reforma’”(David N. Steele,Curtis C. Thomas; The Five Points of Calvinism: Defined, Defended,
Documented, p.21).

“Predestinação – Do ponto de vista da teologia católico-romana tradicional, a predestinação é


entendida como o ato de Deus pelo qual, na sua sabedoria, prevê a fé e os méritos dos fiéis,
predestinando-os para a salvação ou perdição eterna, de acordo com essa presciência. Mas entre
os grandes doutores da Igreja, alguns discordaram dessa tese. Tomás de Aquino, por exemplo,
afirmava que a eleição graciosa por parte de Deus de um grupo de fiéis para a salvação eterna não
dependia dos méritos que pudessem ter e, por outro lado, a condenação dos demais devia ser
entendida como ‘uma necessidade casual’, a fim de eliminar a culpa dos ímpios. Agostinho
defendia a ideia da dupla predestinação, isto é, Deus teria fixado um número específico de almas
a serem salvas, enquanto que os demais seriam condenadas ao suplício eterno.

“Mas foi entre os protestantes que essa doutrina alcançou grande relevo, porque Lutero e
especialmente Calvino desenvolveram a tese agostiniana mais profundamente, como explicação
do ordenamento providencial de toda a história, embora ressaltando tanto o aspecto da graça
divina como fundamento da eleição e negando qualquer influência ou valor das obras meritórias
dos fiéis.

“Calvino defendeu a dupla predestinação, a princípio com certa hesitação, mas o fez para
promover a gratidão, a humildade e a esperança dos cristãos. Em sua perspectiva, a predestinação
só pode ser considerada em termos da fé em Cristo, não havendo possibilidade de identificar, na
sociedade, quais os eleitos para a salvação e quais os designados para a perdição”(Enciclopédia
Mirador Internacional, Volume XVII, 1994, p.9282).

“Predestinacionismo – Doutrina teológica segundo a qual a salvação eterna e a danação de cada


indivíduo estão pré-fixadas por Deus. Contrastando esta acepção com o conceito de predestinação,
o predestinacionismo teve seu primeiro opositor em Pelágio a quem rigorosamente se opôs
Santo Agostinho. Retomado por Wycliff e Huss (séculos XIV-XV) e condenado no Concílio de
Constança, constituiu uma das ideias centrais da Reforma Protestante no pensamento de Lutero
e particularmente de Calvino. Condenado (1520) por Leão X, o predestinacionismo foi
definitivamente rejeitado pelo Concílio de Trento”(Colorama Enciclopédia Universal Ilustrada,
Volume X, p.1916).

Muitos de nossos adversários, quando indagados sobre os precursores históricos do arminianismo,


costumam dizer que entre os escritores pós-apostólicos, o calvinismo encontra guarida só em
Agostinho como uma breve refutação a esta argumentação, dentre outros escritores pós-
apostólicos, citemos o testemunho de dois deles: (a)Remígius, arcebispo de Lion; (b)O Venerável
Beda:

(a)Remígius(437), em seus “Comentários das Epístolas de Paulo”, declara:

“Não é possível que nenhuma das pessoas eleitas pereçam, ou que algum dos reprovados
possam ser salvos. O Deus Todo-Poderoso, desde o princípio, antes da fundação do mundo, e
antes dEle ter feito alguma coisa, predestinou algumas pessoas para a glória de sua própria graça.
As outras pessoas certamente ele tem predestinado para a perdição e nenhuma destas podem
ser salvas”.

(b)O Venerável Beda(672-735), teólogo do 8º século, em sua obra “Super Epistolas Catholicas
Expositio”, declara:

“Quando Pelágio afirma que nós estamos em liberdade para fazer sempre uma coisa, vendo
sempre que nós somos capazes de fazer ambas uma e outra, nisto ele contradiz o profeta, que
humildemente se dirige a Deus, dizendo: ‘ Eu caminho em teus próprios passos ’”.

Ora, se os arminianos não encontram apoio nos reformadores, poderiam então encontra-lo nos
pré-reformadores? O Dr. J. L. Neve, afirma que o conceito de predestinação agostiniana se
encontrava entre os pré-reformadores “Wycliff, Huss, Wesel e Wessell”(A History of Christian
Thought, p.,214). Os eruditos romanistas afirmam que o conceito católico de predestinação com
base no livre arbítrio do homem foi rejeitado pelos “precursores da Reforma (Wycliff, Huss,
Jerônimo de Praga, John Wesel”(The Catholic Encyclopedia, Volume XII, p.378).

Ora, uma vez que a predestinação calvinista é historicamente encontrada em Agostinho (e em


outros escritores pós-apostólicos), nos pré-reformadores e nos pais da Reforma Protestante,
perguntamos então: podem os arminianos serem considerados protestantes? Ou eles não passam
de um elo de ligação com o pelagianismo, socinianismo, semipelagianismo e romanismo? De fato,
não é o arminianismo um misto de pelagianismo, socinianismo e catolicismo romano? De fato, não
nos esqueçamos que os primeiros opositores do calvinismo foram os católicos romanos – uma vez
que estes, historicamente rejeitam os cinco pontos do Calvinismo, mas ensinam e sustentam os
cinco pontos do arminianismo, rejeitando assim as doutrinas do primitivo protestantismo, como se
segue:

(1)O Livre Arbítrio:

“Se alguém disser que, depois do pecado de Adão, o livre arbítrio humano se perdeu e foi
apagado, ou que sua existência é puramente nominal, um nome sem substância, realmente uma
ficção introduzida na Igreja por Satã: que seja anátema”(Concílio de Trento, 13.01.1547; Seção VI,
Capítulo XVI, 15º Canon).

“O pecado original... é a privação da santidade e da justiça originais, mas a natureza humana não é
totalmente corrompida... Os primeiros reformadores protestantes, ao contrário, ensinavam que o
homem estava radicalmente pervertido e sua liberdade anulada pelo pecado original:
identificavam o pecado herdado pelo homem com a tendência ao mal, que seria insuperável... Pelo
pecado dos primeiros pais, o Diabo adquiriu certa dominação sobre o homem, embora este último
permaneça livre”(Catecismo da Igreja Católica, pp.115,116).

Contra tal dogma, Lutero, o pai da Reforma Protestante, em sua obra “Da Vontade Cativa”(1525
d.C), declara:

“O livre arbítrio não passa de uma mentira”(Martinho Lutero, Obras Selecionadas, Volume 4,
p.19).

Como já descrito acima, no Catecismo da Igreja Católica, fazia parte do ensino dos pais da Reforma
Protestante a rejeição ao livre arbítrio, fato este ainda hoje reconhecido pelos papistas:

“A posição teológica de Lutero neste tempo, até onde uma formulada coesão pode ser deduzida,
conforme se segue: A natureza humana tem sido totalmente corrompida pelo pecado original, e
o homem, consequentemente é destituído do livre arbítrio”(The Catholic Encyclopedia, Volume
IX, p.445).

“Lutero tem escrito que a vontade humana é cativa seja a Deus ou Satanás, mas jamais é livre.
Melanchthon declara contra o ‘ ímpio dogma do livre arbítrio ’, adicionando anteriormente que
todas as coisas ocorrem pela necessidade da predestinação, nenhum lugar foi deixado para ele.
Isto era verdadeiramente um artigo pelo qual a Reforma Protestante permanecia ou caía. Deus é
o único agente. Portanto, criação, redenção, redenção, eleição, reprovação, são em igual sentido
Seus atos no qual o homem torna-se meramente seu veículo e ele mesmo não faz nada”(The
Catholic Encyclopedia, Volume III, p.199).

(2)Eleição Condicional e rejeição a dupla predestinação:

“Ela estabelece, portanto, seu projeto eterno de ‘predestinação’ incluindo nele a resposta livre de
cada homem a sua graça”(Catecismo da Igreja Católica, p.171).

“Predestinação – Termo usado para o conhecimento prévio que Deus tem de nosso destino.
Também significa, hereticamente, que Deus quer a danação de algumas almas e a salvação de
outras; este é o ensinamento do Calvinismo”(Nova Enciclopédia Católica, Volume XII, p.1198).

“Se alguém disser que uma pessoa regenerada e justificada é levada a crer como uma matéria de
fé que ela certamente está no número dos predestinados: que seja anátema”( Concílio de Trento,
13.01.1547; Seção VI, Capítulo XVI, 16º Canon).

Contra estas declarações, Lutero responde de duas maneiras: (a)A eleição é incondicional; (b)Deus,
sim, predestinou uns para o Céu, outros para o inferno:

(a)Lutero e a Eleição Incondicional

Em sua obra “Da Vontade Cativa”(1525 d.C), faz alusão a eleição de Jacó e a rejeição de Esaú,
afirmando:

“Paulo debate se aqueles dois acaso chegaram ao que se diz sobre eles por meio do poder ou dos
méritos do livre arbítrio, e prova que não, mas que Jacó chegou àquilo e que Esaú não chegou
apenas pela graça do que chama. Prova isso, porém, com palavras invencíveis das Escrituras, a
saber: que ainda não eram nascidos e também não haviam feito nada de bom ou de mau...Pois
que teria para ganir contra Paulo em prol do livre arbítrio? Em que o livre arbítrio ajudou a Jacó?
Em que serviu de obstáculo a Esaú, uma vez que pela presciência e destinação de Deus, quando
ainda nenhum dos dois havia nascido e não haviam feito nada, já estava definido o que cada um
haveria de receber, a saber, que aquele serviria e este seria senhor?

“Além disso, prova-se a partir do próprio texto que Moisés não discorre apenas sobre a servidão
daqueles, e que também nisso Paulo age corretamente ao compreender a passagem como algo
concernente à salvação eterna. Pois assim reza o oráculo em Moisés: ‘Dois povos de dividirão de
teu ventre; um povo será superior ao outro povo, e o mais velho servirá ao mais moço’(Gn 25:23).
Aqui são claramente distinguidos dois povos. Um é recebido na graça de Deus – embora seja
mais moço – para vencer o mais velho, seguramente não por suas próprias forças, mas pelo
favorecimento de Deus. De outro modo, como o mais moço pode vencer o mais velho se Deus
não está com ele? Por conseguinte, visto que o mais moço há de ser o povo de Deus, não se trata
apenas do senhorio ou da servidão externa, mas de todas as coisas pertinentes ao povo de Deus,
isto é, da benção, da Palavra, do Espírito, da promessa de Cristo e do reino eterno, o que a
Escritura posteriormente confirma de maneira ainda mais ampla quando descreve que Jacó é
bendito e recebe as promessas e o reino... Mas ela (a Diatribe de Erasmo) distorce como tríplice
engenho aquela mensagem de Malaquias acrescentada por Paulo, a saber: ‘Amei a Jacó, mas
tive ódio de Esaú’(Rm 9:13; Ml 1:2)... Sabemos muito bem que Deus não ama ou odeia como nós,
pois nós amamos e odiamos de modo mutável, ao passo que Ele ama e odeia de acordo com sua
natureza eterna imutável, a tal ponto que não lhe cabem acidentes e afetos. E é isso mesmo que
demonstra de modo concludente que o livre arbítrio é nulo, pois o amor de Deus é eterno e
imutável e seu ódio contra os homens é eterno antes que se fizesse o mundo, não só
anteriormente ao mérito e à obra do livre arbítrio; e tudo acontecesse em nós necessariamente,
dependendo se Ele ama ou não ama desde a eternidade... Logo, Paulo fica de pé ao introduzir
muito bem a Malaquias em favor da opinião de Moisés, a saber: que Deus chamou a Jacó antes
que nascesse, por tê-lo amado, mas que não foi amado primeiro por Jacó.

“Ele, porém, prova que amou tanto por meio da Escritura como por meio da obra, a saber: embora
Jacó e Esaú fossem irmãos, como Moisés escreve em Gn 25, Ele elegeu a Jacó antes que nascesse,
como já foi dito há pouco, mas odiou a Esaú a tal ponto que reduziu seu território a lugar ermo. A
seguir, odeia e prossegue com tal pertinácia que, enquanto reconduz a Jacó do cativeiro e o
restabelece, todavia não permite que os idumeus sejam restabelecidos, mas, ainda que tenham
dito que querem construir, Ele mesmo os ameaça de destruição. Que todo o mundo me acuse de
mentiroso se o próprio texto manifesto do profeta não contém isso! Por conseguinte, não se
repreende aqui a temeridade dos idumeus, mas, sim, (como eu disse) a ingratidão dos filhos de
Jacó, que não vêem o que Ele lhes confere e o que retira de seus irmãos idumeus sem qualquer
motivo, a não ser porque aqui odeia e ali ama. Como ficará de pé agora aquilo que o profeta fala
sobre a aflição temporária, já que ele testemunha com palavras evidentes que se fala acerca de
dois povos nascidos de dois patriarcas, aquele que aceito como povo e conservado, este porém
abandonado e finalmente destruído?”(Martinho Lutero, Obras Selecionadas, Volume 4, pp.143-
146).

Mas adiante, falando sobre o mesmo assunto, em seu “Comentário de Romanos 9:17”, Lutero
declara:

“A sua exposição obedece a uma sequência belíssima, pois antes ele havia dito que todas as coisas
acontecem de acordo com a eleição de Deus. Jacó foi amado por Deus por ter sido eleito, e
obteve misericórdia porque assim aprouve a Deus desde a eternidade”( Martinho Lutero, Obras
Selecionadas, Volume 8, p.319).

Assim, destas primeiras declarações de Lutero, vê-se claramente que a eleição e a vocação de Jacó
para a salvação, não foram feitas por Deus, baseadas em alguma coisa prevista em Jacó, antes,
como disse o reformador alemão, “Jacó chegou àquilo que Esaú não chegou apenas pela graça do
que chama”. Em outras palavras, a eleição de Jacó para a salvação, estava baseada, desde a
eternidade, no amor e na vontade de Deus, como afirmara o monge alemão, em seu comentário
de Romanos. Isto, nada mais é do que a eleição incondicional!!!

(b)Lutero e a Dupla Predestinação

O reformador alemão era um monge agostiniano, e como tal, fazia parte de suas crenças a
doutrina da dupla predestinação: de alguns para a vida eterna, e dos demais para a perdição
eterna. Por exemplo, em sua obra “Da Vontade Cativa”(1525 d.C), Lutero declara:

“Dizes: Quem crerá que é amado por Deus? Respondo: nenhum ser humano crerá e nem poderá
crêr. Os eleitos, porém, crerão. Os demais perecerão sem crer, indignando-se e blasfemando,
como tu fazes aqui. Portanto, haverá alguns que crerão... Assim, pois, estas coisas são divulgadas
por causa dos eleitos, para que, deste modo humilhados e reduzidos a nada, sejam salvos. Os
demais resistem a essa humilhação... Desta maneira, a partir de todas as circunstâncias das
palavras de Paulo vês que ele estatui sobre a diversidade e o uso dos vasos, de sorte que o sentido
é: visto que tantos renunciam a fé, não há para nós nenhum consolo exceto o de estarmos certos
de que ‘o fundamento de Deus está firme tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus, e
aparte-se da iniquidade todo o que invoca o nome do Senhor’(2 Tm 2:20). Até aqui trata-se da
causa e da força comprobatória da analogia, a saber: que há vasos diferentes, uns para a honra e
outros para a repreensão. Com isso encerra-se a doutrina de que os vasos não preparam a si
mesmos, mas são preparados pelo dono. Isso também pretende Rm 9: que oleiro tem poder,
etc... E não se expõe a analogia mediante palavras subjuntivas, mas, sim, mediante palavras
indicativas: como há eleitos e réprobos, assim há vasos de honra e de ignomia”(Martinho Lutero,
Obras Selecionadas, Volume 4, pp.46-47,149).

E em seu “Comentários de Romanos”, Lutero ainda diz:

“Em consequência, ele diz primeiramente: Os que são chamados segundo o seu propósito. Por
conseguinte, conclui-se claramente que há outros que não são chamados segundo o propósito.
Pois ‘propósito’ significa aqui a predestinação ou a eleição e deliberação livres ou o conselho de
Deus.

Em segundo lugar, no capítulo seguinte, (ele trata do primeiro ponto) a partir de duas histórias, a
saber, a de Isaque e Ismael e, semelhantemente, a de Jacó e Esaú, quando diz expressamente que
Deus não os distinguiu a não ser pela eleição.

Em terceiro lugar, no mesmo capítulo, ele trata do mesmo tema em duas passagens, sendo que na
primeira fala a respeito dos eleitos: ‘ Terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia ’(Rm 9:15)
e a segunda, a respeito dos réprobos: ‘Visto que para isto mesmo te levantei, etc ’(Rm 9:17).
Segue-se que ‘ele endurece o coração de quem lhe apraz, e tem misericórdia de quem ele
quer’(Rm 9:18). De forma semelhante, ele faz as mesmas coisas nos capítulos 10 e 11, como fica
suficientemente claro”( Martinho Lutero, Obras Selecionadas, Volume 8, p.307).

Portanto, enquanto a igreja romana ensinava (e ensina) que “Deus não predestinou ninguém para
o inferno”(Catecismo da Igreja Católica, p.292), Lutero ensinava que Deus predestinara alguns para
o Céu e outros para o inferno, chamando aos primeiros de “eleitos”, e aos demais como
“reprovados”. Como exemplo daqueles que integrantes do grupo dos eleitos, cita Jacó; enquanto
que com relação ao grupo dos reprovados, cita o Faraó do Egito.

(3)Expiação Geral ou Ilimitada

“Se alguém disser que a graça da justificação é uma sorte apenas daqueles predestinados à vida,
mas que todos os demais que são realmente chamados, mas não podem receber a graça à medida
que são predestinados ao mal pelo poder de Deus: que seja anátema”(Concílio de Trento,
13.01.1547, Secção VI; Capítulo 16, 15º Canon).

“Ao entregar seu Filho por nossos pecados, Deus manifesta que seu desígnio sobre nós é um
desígnio de amor... Este amor não exclui ninguém... não é restritivo... A Igreja, no seguimento dos
apóstolos, ensina que Cristo morreu por todos os homens sem exceção: ‘Não há, não houve e
não haverá nenhum homem pelo qual Cristo não tenha sofrido”(Catecismo da Igreja Católica,
pp.172,173).

“Graça, diz o dogma católico, foi oferecida a todos os homens, nenhum foi excluído dela... Cristo
morreu por toda a raça humana”(The Catholic Encyclopedia, Volume III, p.199).

Refutando todas estas declarações papistas, em seu “Comentário de Romanos 8:28”, Lutero diz:
“O segundo argumento é que: ‘Deus deseja que todos os homens sejam salvos’(1 Tm 2:4) e que
entregou seu Filho em favor de nós seres humanos, os quais Ele criou por causa da vida eterna. E,
de maneira semelhante: todas as coisas existem por causa do ser humano, mas ele próprio existe
por causa de Deus, de sorte que nEle pode deleitar-se, etc. Esses, com também outros argumentos
são tão fracos quanto o primeiro. Essas sentenças só podem ser compreendidas com referência
aos eleitos, como diz o apóstolo em 2 Tm 2:10: ‘Tudo sofro por causa dos eleitos’. Pois, num
sentido absoluto, Cristo não morreu por todos, visto que Ele diz: ‘ Esse é o sangue que é
derramado por vós’(Mc 14:24) e ‘por muitos’(Mt 26:28) – Ele não diz: por todos – para a
remissão dos pecados’”(Martinho Lutero, Obras Selecionadas, Volume 8, p.309).

(4)Graça Resistível [A obra do Espírito Santo é limitada pela vontade humana]:

“Mas a ideia de que esta vontade não pode ser resistida (graça irresistível) foi marcada como
heresia por Inocêncio X em 31 de maio de 1653”(The Catholic Encyclopedia, Volume VI, p.710).

“Quando Deus toca o coração do homem pela iluminação do Espírito Santo, o homem não é
insensível a tal inspiração, que pode, aliás, rejeitar”(Catecismo da Igreja Católica, p.526).

“Podemos resistir à graça de Deus? Sim; podemos resistir à graça de Deus”(Segundo Catecismo da
Doutrina Cristã, p.63).

Lutero rejeita tal pensamento papista, afirmando, em sua obra “Da Vontade Cativa”:

“O ímpio, porém não vem, nem mesmo depois de ter ouvido a Palavra, se o Pai não o atrair por
dentro, o que faz dando-lhe o Espírito. Aí existe uma força de atração daquela que acontece
exteriormente. Aí é mostrado Cristo por meio da iluminação do Espírito Santo, por meio do qual o
homem é arrastado para junto de Cristo por uma atração extremamente agradável e prefere
antes consentir com o Mestre que ensina e com o Deus que atrai”(Martinho Lutero, Obras
Selecionadas, Volume 4, p.420).

Todavia, ainda no dizer de Lutero, encontramos o contexto de toda a doutrina da irresistibilidade


da graça divina: (a)Aqueles que internamente ouvirão o chamado do Espírito Santo – isto é, serão
salvos, devido ao fato de terem sido eleitos na eternidade por Deus; (b)Aqueles que desejarão a
salvação de Deus, terão esta vontade, não oriunda de sua própria força, mas de Deus; (c)Apenas os
eleitos serão chamados à graça da salvação de Deus:

(a) Aqueles que internamente ouvirão o chamado do Espírito Santo – isto é, serão salvos,
devido ao fato de terem sido eleitos na eternidade por Deus

“Embora esse assunto seja extremamente desagradável para o gosto da ‘sabedoria’, que por isso,
fica ainda mais indignada, a ponto de se deixar levar para a blasfêmia; pois aqui ela é
completamente estrangulada e reduzida a absolutamente nada, quando ela compreende que sua
salvação, de modo algum, está baseada nela própria, mas exclusivamente em algo que vem fora
dela, a saber, no Deus que elege”(Comentário de Romanos 8:28, Martinho Lutero, Obras
Selecionadas, Volume 8, p.310).
(b) Aqueles que desejarão a salvação de Deus, terão essa vontade, não oriunda de sua
própria força, mas de Deus:

Pois, o fato de alguém querer ou correr não se deve a sua própria força, mas sim, à misericórdia
de Deus que concebeu essa força para querer e fazer; sem ela, por si mesmo, o ser humano não
pode querer nem correr... Assim, também aqui ‘não depende de quem corre’, isto é, da sua
corrida, nem ‘depende de quem quer’, ou seja, de sua vontade. Isto é fantástico! A vontade não é
daquele que quer e a corrida não é daquele que corre, mas sim, de Deus, que a concede e
cria”(Comentário de Romanos 8:28, Martinho Lutero, Obras Selecionadas, Volume 8, p.317).

(c )Apenas os eleitos serão chamados à graça da salvação de Deus:

“Em consequência, ele diz primeiramente: Os que são chamados segundo o seu propósito. Por
conseguinte, conclui-se claramente que outros que não são chamados segundo o
propósito”(Comentário de Romanos 8:28, Martinho Lutero, Obras Selecionadas, Volume 8, p.307).

Até mesmo as autoridades romanistas reconhecem que Lutero ensinou de fato a doutrina da
irresistibilidade da graça divina. Por exemplo, em seu “Manual de Catequese Teórica e Prática”, o
Pe Miguel Meier, declara:

“Lutero diz: a graça de Deus atua irresistivelmente no homem. Todos os seus atos são atos de
Deus”(pp.174,175).

(5) Cair da Graça (ou Perder a Salvação):

“Se alguém disser com absoluta certeza (sem que tenha recebido uma revelação especial) que
certamente ele recebeu o grande dom da perseverança final: que seja anátema”(Concílio de
Trento, 13.01.1547, Secção VI; Capítulo 16, 16º Canon).

“Pelo pecado mortal o homem perde o Espírito Santo; o pecado é a profanação desse templo, do
qual Deus é expulso para dar lugar ao demônio... É apenas um pecado venial, mas se ele continua
deste modo, em breve, o demônio entrará no seu coração... Recusar a confissão é, quase sempre,
viver em pecado mortal e perder a alma... Quem se tornar culpado de fazer o próximo cair em
pecados graves e em vícios, levando-o a perder a bem aventurança eterna,. É pior que um
homicida... Pelo pecado mortal desapareceu a beleza celestial da vossa alma, perdestes o tesouro
da graça santificante. Pobre menino, já não és mais filho de Deus. Como é terrível o pecado
mortal! Esse céu, com toda a sua felicidade, o perdí por um curto prazer pecaminoso... Viver em
pecado é arriscar a salvação... O homem que perde pelo pecado mortal a graça santificante;
perde a coroa do céu, perde as riquezas dos dons do Espírito Santo; perde a dignidade de filho
de Deus e passa a ser escravo do demônio, perde a Deus e ganha o inferno”(Pe. Miguel Meier,
Manual de Catequese Teórica e Prática, pp.169, 236,248,265,266,292,370).

“A graça com as boas obras, e contrariamente à doutrina protestante, perde-se pelo pecado:
longe, portanto, de termos essa confiança imperturbável na nossa salvação, não podemos,
enquanto dura esta vida mortal, presumir da nossa predestinação para a salvação, pois ninguém
está certo da sua perseverança final”(Monsenhor Cauly; Curso de Instrução Religiosa, p.554).

“O pecado mortal é uma possibilidade radical da liberdade humana, como o próprio amor.
Acarreta a perda da caridade e a privação da graça santificante”(Catecismo da Igreja Católica,
p.498).

Em resposta à este dogma, Lutero, em sua obra “Da Vontade Cativa”, declara:

“Agora, porém, que Deus tirou minha salvação de meu arbítrio e a inclui no seu, e prometeu-me
salvar-me não por meio de minha obra e corrida, mas por sua graça e misericórdia, estou seguro e
certo que Ele é fiel e que não me mentirá, e que, além disso, é forte e poderoso de modo que
nenhum demônio, nenhuma adversidade poderá vencê-lo ou arrebatar-me dele. Ele diz:
‘Ninguém os arrebatará da minha mão, porque o Pai, que os deu, é maior do que todos’”(Martinho
Lutero, Obras Selecionadas, Volume 4, p.212).

De acordo com Lutero, apenas os eleitos perseverarão até o fim, e farão isto, porque serão
preservados por Deus:

“E se os ímpios, escandalizados, se retirarem em grande número (Jo 6:66), ainda assim os eleitos
permanecerão”(‘Da Vontade Cativa’, Martinho Lutero, Obras Selecionadas, Volume 4, p.131).

“Segundo, pelo fato de Deus expor os seus santos a tantos males, todos semelhantes a mãos
vorazes e, assim mesmo, não os deixa cair. Demonstra com isso sobejamente a firmeza de sua
escolha e que ela não pode ser impedida por nenhuma criatura, embora toda a criação se mobilize
contra a escolha, como mostra o exemplo de Faraó...

“Da mesma forma, Deus também age hoje. A fim de humilhar seus eleitos e ensiná-los a confiar
somente em sua misericórdia, colocando de lado toda a presunção de sua vontade e de suas obras,
ele permite que sejam desesperadamente afligidos e perseguidos pelo diabo, pelo mundo ou pela
carne, os quais Ele mesmo atiça contra eles. Sim, com maior frequência, sobretudo em nossa
época Ele suscita o diabo para que este faça os seus eleitos cair em pecados horríveis e domine
sobre eles por um tempo ou, ao menos, sempre impeça os seus bons propósitos, levando-os a
praticar coisas opostas ao que queriam praticar, de sorte que podem até apalpar a razão de não
serem eles os que querem ou correm bem. Não obstante, por meio de todas essas coisas, Deus os
conduz para fora e, por fim, os liberta de forma inesperada, enquanto eles próprios gemem como
pessoas desesperadas, queixando-se do fato de quererem e fazerem tantas coisas más, e de não
poderem nem fazerem tantas coisas boas que desejariam fazer”(Comentários de Romanos 8:28;
9:17; Martinho Lutero, Obras Selecionadas, Volume 8, pp.307,319,320).

De formas que Lutero aqui declara que ao eleito crer, é impossível que este perca a salvação – Uma
vez salvo, para sempre salvo! Aleluia! Sola Deo Gloria!!!

Sendo assim, comprovamos que os cinco pontos do calvinismo representam a posição, o elo e o
compromisso histórico com o primitivo protestantismo, explanado pelo pai da Reforma
Protestante - Martinho Lutero. No entanto, os cinco pontos do arminianismo representam a
posição, o elo e o compromisso histórico com o catolicismo romano e papal. Neste sentido,
perguntaríamos mais uma vez: podem os arminianos serem legitimamente chamados ou
considerados ‘protestantes’? Afinal, é um fato inconteste, que, hoje em dia, muitos arminianos,
com suas bocas escancaradas se denominam como ‘protestantes’ e como sabem que isto lhes dá
um certo status, eles se denominam como tal, como também se identificam com as figuras
proeminentes da Pré-Reforma (Wyliff, Huss, Jerônimo de Praga, Savonarola) e como isto lhes
convém, se identificam com o pai da Reforma Protestante – Martinho Lutero. Mas que eles (os
arminianos) ‘tirem o cavalinho da chuva’, pois nenhum deles tem qualquer parentesco espiritual
com tais homens, e, portanto, não tem qualquer direito de se situarem rente à esta renomada
galeria de heróis da fé, antes todos eles tem haver mesmo com Pelágio, Socino e Roma!!!

Representam a crença nos cinco pontos do calvinismo: os reformados, os presbiterianos, muitos


batistas de língua inglesa; os anglicanos; os congregacionais de língua inglesa, a Igreja Moraviana;
os valdenses, os metodistas calvinistas de Gales e a Igreja Pentecostal de Nova Vida:

(a)As Igrejas Reformadas – Adotam como símbolos de fé a Confissão de Fé Belga(1560); o


Catecismo de Heidelberg(1563) e os Cânones de Dort(1618-1619).

(b)As Igrejas Presbiterianas – Adotam como símbolos de fé os Catecismos Maior(1648) e


Menor(1649) e a Confissão de Fé de Westminster(16434-1649).

(c)Os Batistas de língua inglesa – Adotam como símbolos de fé a Confissão de Fé Batista de 1644,
bem como a Confissão de Fé Batista de 1689. No Brasil, as igrejas batistas independentes seguem
tais símbolos de fé. A Editora Fiel, é pertencente a este grupo de Igrejas.

(d)A Comunhão Batista Reformada no Brasil – Fundado em 2004, subscreve a Confissão de Fé


Batista de 1689.

(e)A Igreja Metodista Calvinista de Gales, que teve como seu primeiro moderador George
Whitefield(1814-1770). Quanto fundada no século XIX, esta igreja escreveu sua própria confissão
de fé, chamada ‘Confissão de Fé Metodista Calvinista de Gales’(1823), que nós chamamos de
Confissão de Fé da Igreja Metodista Calvinista de Gales.

(f)A Igreja Anglicana – Adota os seguintes os seguintes símbolos de fé: (1)Os Artigos de Fé da Igreja
da Inglaterra(1563) e (2)Os Artigos Irlandeses de Religião(1611).

(g)Os Congregacionais Ingleses – As igrejas congregacionais inglesas, de acordo com o historiador


batista Dr. W. J. McGlothin, foram fundadas no século XVI, na Inglaterra, pelo ministro anglicano
Robert Browne(1550-1633), que segundo McGlothin, foi “o fundador do Congregacionalismo”(A
Prática do Batismo Infantil, p.95). O mesmo historiador ainda declara:

“O calvinismo, com o nome de ‘puritanismo’, produziu uma impressão profunda no Cristianismo


inglês, durante a última parte do século XVI. Deste partido puritano originaram-se os
congregacionalistas”(Ibidem, p.95).
Da mesma forma, o historiador congregacional inglês Erick Routley, declara:

“O Congregacionalismo é uma ordem pactual de cristãos historicamente derivados do


Movimento Puritano da Reforma Inglesa”(The Story of Congregationalism, p.9).

Os primitivos congregacionais, como John Owen(1616-1683) e Jonathan Edwards(1703-1758),


junto com todas as igrejas congregacionais inglesas, adotaram como símbolo de fé a “Declaração
de Fé e Ordem da Savoy(1658). Sobre este primitivo símbolo de fé congregacional, declara
historiador congregacional inglês Erick Routley:

“...este documento é uma parte da literatura que pode em qualquer sentido ser considerado uma
fonte clássica da crença congregacionalista e ordem da Igreja”(Ibidem, p.38).

Na Declaração de Fé e Ordem da Savoy, encontramos as doutrinas distintivas do calvinismo:


(1)Total Depravação(Capítulos VI;IX); (2)Eleição Incondicional(III:5), e dupla predestinação(III:3);
(3)Expiação Particular(III:6; VIII:1); (4)Graça Irresistível(X) e Perseverança dos Santos(XVII).

(h)A Igreja Moraviana – Composta pelos seguidores de John Huss, embora fundada em 1457, “a
igreja moraviana chegou na América em 1734”(Frank Mead, Handbook of Denominations in the
United States, p.140). Sobre o conteúdo de suas doutrinas ou crenças, Mead afirma:

“Sua interpretação das Escrituras, concordam com o Credo dos Apóstolos, as Confissões de
Westminster e de Augsburgo e os Artigos de Religião da Igreja da Inglaterra”(Ibidem, p.155)

Evidentemente, estas confissões de fé endossadas pela igreja moraviana nos Estados Unidos,
repudiam o arminianismo e endossam o calvinismo. Os historiadores arminianos A. Knight e W.
Anglin afirmam que a data de fundação da primitiva igreja moraviana, ou ‘Units Fratrum’(Irmãos
Reunidos), como eram mais conhecidos no século XV “teve lugar no ano de 1451”(História do
Cristianismo, p.200).

Os Valdenses – Um grupo originado a partir do século XII, mas particularmente, como declara o
ministro e historiador valdense Giorgio Tourn, “surgiram por volta do ano 1170”(You Are My
Witness, The Waldensians Across 800 Years, p.11). Dentro do Cristianismo há muitos que não tem
um perfeito entendimento ou conhecimento a respeito dos valdenses, como por exemplo, o
historiador menonita Cornelius J. Dyck, que chega a afirmar que “os valdenses não eram
protestantes antes da Reforma”(An Introduction To Mennonite History, p.16), até porque a crença
nas doutrinas agostinianas-protestantes-reformadas ou calvinistas, já fazia parte dos ensinos dos
valdenses muito antes da Reforma. Por exemplo, a Confissão de Fé Valdense de 1508, declara:

“É manifesto que tão somente os eleitos para a glória tornam-se portadores da verdadeira fé”.

Ao que tudo indica, este conceito de predestinação calvinista entre os valdenses, deve-se ao
trabalho do homem de quem lhes é derivado o nome, isto é, Pedro Valdo(1140-1218), o qual,
segundo o testemunho do historiador valdense Giorgio Tourn, traduziu para a língua comum do
povo “alguns textos de Santo Agostinho”(You Are My Witness, The Waldensians Across 800 Years,
p.11). Podemos absolutamente crer que este seja o motivo de que, segundo outro historiador
valdense o Rev. Ernesto Tron, os valdenses declararam “sua adesão à Reforma sob a doutrina da
predestinação”(Historia de Los Valdenses, p.23), fato ocorrido em 1532. Da mesma forma,
ocorrera no século XVII, como admite o historiador valdense Giorgio Tourn:

“Os assaltos da Contra-Reforma antes do décimo sétimo século tiveram o efeito de endurecer as
posições teológicas nas igrejas reformadas, incluindo naquelas dos Valles. A Holanda, no combate
mortal com a Espanha, foi a fonte de uma rigorosa ortodoxia calvinista que se separou do
arminianismo prevalecente nas paróquias arminianas holandesas. Estava em discussão a doutrina
da predestinação. No Sínodo de Dordrecht, os conservadores ganharam o dia, que teve uma
considerável influência não somente sobre os Valdenses mas sobre todos os Protestantes nos
países latinos. Segundo um holandês em Dordrecht, ceder até em um só ponto seria se arriscar a
ser esmagado pela Contra Reforma”(You Are My Witness, The Waldensians Across 800 Years,
p.108).

A expressão “naquelas dos Valles”, é uma referência as igrejas valdenses – que mostra ser um fato
histórico a rejeição das doutrinas arminianas entre os seguidores de Pedro Waldo, fato que
persistiu durante o século XVII, quando a rejeição e condenação feita pelos Canônes de Dordrecht
ao arminianismo foi aceita pelos valdenses como uma decisão correta, coerente e bíblica!

(i)A Igreja Pentecostal de Nova Vida – Fundada em 1960, em seu site, disponível na internet, exibe
sua “Declaração de Fé e Prática”, declarando:

“A salvação é um ato de misericórdia e eleição divina que se manifesta necessariamente na vida


de quem for por ela alcançada”.

Por falar em igrejas pentecostais, vale a pena salientar que até mesmo a Assembleia de Deus em
Cabo Frio(RJ), então liderada pelo Pr. Elienai Batista, juntamente com seu pastor, abraçaram
inteiramente o calvinismo, vindo posteriormente a se transformar em uma igreja reformada. Na
internet temos também um grupo chamado “Assembleianos Reformados” e ‘Assembleianos
Puritanos”, onde se subscreve a soteriologia reformada.

Representam o conceito híbrido de soteriologia(um mistura de arminianismo-calvinismo) as


seguintes igrejas:

(1)As igrejas batistas da Convenção Batista Brasileira(CBB).


(2)As igrejas batistas da Convenção Batista Nacional – Grupo ‘Renovado’(Pentecostalista)
(3)As igrejas ‘congregacionais’ da UIECB(União das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil)
(4)Os Modernos Luteranos.

(1)As Igrejas Batistas da CBB – As igrejas da CBB representam a primitiva denominação batista
brasileira, fundada em 15.10.1882, por William Bagby, um missionário da Convenção Batista do Sul
dos Estados Unidos, a parte calvinista da denominação batista norte-americana. Pois bem, as
primitivas igrejas batistas, oriundas de Bagby, em 1916, elaboraram a “A Declaração de Fé das
Igrejas do Brasil”, na qual professavam a crença nos cinco pontos do calvinismo(Artigos III,VII-IX,XI).
Da mesma forma, o Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, elaborou sua própria confissão de
fé, denominada “Declaração de Fé do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil”(1955),
igualmente professando sua crença nos cinco pontos do calvinismo(Artigos V,VI,VIII, XII). Todavia,
mais tarde, na 67ª Assembleia da CBB(em 1985), estas duas antigas confissões foram substituídas
por uma confissão híbrida(arminiana-calvinista), a Declaração Doutrinária da Convenção Batista
Brasileira. Nela encontramos as doutrinas calvinistas da “Depravação Total”(4º Artigo); e da
“Perseverança dos Santos”(6º Artigo), ao mesmo tempo que encontramos os dogmas arminianos
do “livre-arbítrio”, “eleição condicional”(6º Artigo) e da “expiação geral”(5º Artigo)(J. Reis Pereira;
Breve História dos Batistas, pp.91,104-106).

(2)As Igrejas Batistas Renovadas(CBN), fundadas a partir de 1958; em sua “Declaração de Fé da


Convenção Batista Nacional”, subscrevem as doutrinas da “Depravação Total”(4º Artigo); “Graça
Irresistível”(3º Artigo) e “Perseverança dos Santos”(12º Artigo), ao mesmo tempo que também
subscrevem os dogmas arminianos da “eleição condicional” e do “livre arbítrio”(10º Artigo).

(3) As igrejas ‘congregacionais’ da UIECB, apesar de indevidamente usaram o rótulo de


“congregacionais”, nada tem haver com os primitivos congregacionais ingleses dos séculos XVI-
XVII, que eram 100% calvinistas. Tais igrejas sequer foram fundadas com tal rótulo, o qual, segundo
seus líderes, só foi adotado em 1916(Manoel Porto Filho; Congregacionalismo Brasileiro p.19). Não
foram fundadas por um legítimo ministro congregacional, mas pelo Rev. Robert R. Kalley,
missionário da Igreja Presbiteriana Livre da Escócia. As igrejas da UIECB, são arminianas, mas, no
entanto, defendem a crença no 5º ponto do calvinismo. Nos demais pontos, são arminianos.

(4)Os Modernos Luteranos – As modernas igrejas luteranas de hoje se encontram na contra-mão


da história e prestam um desserviço a todo o trabalho desenvolvido por Lutero. Apesar da grande
maioria deles ainda negar o livre arbítrio, no entanto, tem negado uma parte do 2º ponto do
calvinismo: a doutrina da predestinação para a condenação, afirmando:

“A Bíblia nada sabe a respeito de uma predestinação à morte eterna”(Edward W. Koehler;


Sumário da Doutrina Cristã, p.139).

Tal expressão ou doutrina contradiz a própria doutrina da eleição ensinada e difundida pelos neo-
luteranos, bem como contraria todo o conceito secular ou bíblico de “eleger” ou “escolher”. Veja
a definição que o Dicionário Aurélio dá destes termos:

a. “Eleger - Escolher, preferir entre dois ou mais”

b. “Escolher – Dar preferência à; eleger, preferir. Fazer seleção de; joeirar. Optar (entre duas
ou mais pessoas ou coisas)”.

Ora, se é verdade que, na eternidade, Deus escolheu um grupo de pessoas para a salvação(Ef
1:4,5), o que ocorreu então com outro grupo não eleito? Quando alguém escolhe (ou opta por)
uma coisa ou pessoa, automaticamente rejeita a outra coisa ou pessoa. Da mesma forma, quando
Deus, na eternidade, escolheu um determinado número de pessoas, automaticamente rejeitou as
demais pessoas. Ora, se Ele as rejeitou na eternidade, não há nenhuma possibilidade delas serem
aceitas por Ele dentro do tempo, isto é, de serem salvas dentro do tempo, o que indica que elas
estão de antemão predestinadas à perdição eterna, uma vez que desde a eternidade já foram
excluídas do amor de Deus, pois como Lutero disse, “tudo acontece em nós necessariamente,
dependendo se Ele ama ou não ama desde a eternidade”(Martinho Lutero, Obras Selecionadas,
Volume 4, p.144). Ainda de acordo com Lutero, quando Deus ama ou odeia na eternidade a
alguém, seu amor e seu ódio por este alguém não poderá jamais sofrer qualquer tipo de mudança:

“Sabemos muito bem que Deus não ama ou odeia como nós, pois nós amamos e odiamos de
modo mutável, ao passo que Ele ama e odeia de acordo com sua natureza eterna imutável, a tal
ponto que não lhe cabem acidentes e afetos... pois o amor de Deus é eterno e imutável e seu
ódio contra os homens é eterno antes que se fizesse o mundo...”(Ibidem, p.144).

Neste sentido, aqueles a quem Ele amou(‘elegeu’) e aqueles a quem Ele odiou(‘rejeitou’), não
poderão jamais terem seus destinos modificados – isto é, os eleitos estão predestinados a vida
eterna, enquanto que os reprovados, estão predestinados à morte eterna. Justamente por isso,
Lutero denomina os eleitos e os reprovados como “vasos de honra e da ignomina”(Ibidem,
p.179). Sendo assim, perguntamos aos neo-luteranos: Desde quando estas pessoas foram feitas
como vasos de honra e de desonra? E quem as fez vasos de honra e desonra? Um vaso feito para a
honra ou desonra pode ter seu destino modificado? Contraditoriamente, até mesmo os neo-
luteranos admitem uma predestinação para a condenação, quando afirmam que o papa de Roma é
“o Anticristo, o homem do pecado e o filho da perdição”(John Theodore Mueller; Dogmática
Cristã, p.543). Se de fato, o papa é o Anticristo, então ele é de antemão um predestinado à
perdição, pois a Bíblia diz que o Anticristo está de antemão destinado a ser morto e condenado por
Cristo ao Lago de Fogo(Is 11:4; 2 Ts 2:8; Ap 19:20; 20:10).

O Dr. Mar Lienhard (teólogo luterano, ex-presidente da Igreja Luterana da Alsácia-Lorena, ex-
presidente da Aliança Nacional de Igrejas luteranas da França), afirma que os neo-luteranos não
endossaram o conceito de predestinação agostiniano endossado por Lutero:

“Pode-se, ademais, observar igualmente que os posicionamentos de Lutero, em particular suas


concepções relativas à dupla predestinação, não seriam adotadas literalmente no
luteranismo”(Martim Lutero, Tempo, Vida e Mensagem, p.143).

Até o próprio Arminio, reconhece que os neo-luteranos, em companhia dos papistas e anabatistas,
rejeitaram essa visão agostiniana:

“Finalmente, esta doutrina da predestinação foi duplamente rejeitada tanto nos tempos antigos
quanto em nossos dias, pela maioria dos professores do cristianismo. Omitindo todas as menções
dos períodos que ocorreram em outras eras, os fatos por si declaram que as igrejas luteranas e
anabatistas, assim como as de Roma, dão conta que esta foi uma doutrina errônea... Igualmente,
não há pontos na doutrina nos quais os papistas, anabatistas e luteranos se opunham com mais
veemência do que este, e por esses lados eles criaram uma opinião pior de nossas igrejas ou
adquiriram para si uma parcela maior de ódio, que traz a desgraça para todas as doutrinas que
professamos. Da mesma maneira, eles afirmam ‘que dentre todas as blasfêmias contra Deus que a
mente humana pode conceber ou sua língua pode expressar, não há nenhuma tão vulgar, e cujas
consequências não tenham sido razoavelmente analisadas pelos nossos doutores”(Declaração de
Sentimentos, II; 20:5).

Além de negarem a doutrina da dupla predestinação, eivados de argumentos de natureza


insustentável, negam (conscientes da veracidade bíblica da expiação particular)a expiação limitada,
nos seguintes termos:

“Quando Paulo escreve: ‘Cristo amou a Igreja, e a si mesmo se entregou por ela’(Ef 5:25), não quer
dizer que a redenção se limitava à igreja, aos crentes, aos eleitos. Pois, embora seja verdade que
apenas estes recebem o benefício de sua redenção, a Bíblia declara muito explicitamente que
Cristo redimiu todos os seres humanos”(Edward W. Koehler; Sumário da Doutrina Cristã, p.90).

Em resposta a este contraditório e insustentável argumento, façamos nossas as palavras de John


Owen(1616-1683):

“Cristo amou a Igreja e isso é um exemplo de como um homem deve amar a sua esposa. Ora, se
Cristo amou outros tanto quanto a Sua Igreja, até ao ponto de morrer por eles, então os homens
podem certamente amar outras mulheres além de suas esposas”(Por Quem Cristo Morreu?,
p.58).

Mas, prosseguindo em sua desenfreada apostasia da primitiva doutrina de Lutero, os modernos


luteranos chegam ao cúmulo de dizer que é possível que um verdadeiro cristão possa perder a sua
salvação. Por exemplo, a Hora Luterana – A Voz da Cruz, um ministério da Igreja Evangélica
Luterana do Brasil, em muitos de seus programas de rádio, oferecia cursos bíblicos por
correspondência, gratuitos. Um deles, denominava-se “Doutrinas Fundamentais da Fé Cristã”. Na
“Lição 17” deste curso(Pergunta nº 2), lemos:

“É possível o cristão cair da fé e afinal perder-se? É possível. Nós o sabemos porque a Bíblia, antes
de mais nada, nos adverte contra este perigo em passagens como estas: 1 Co 10:12; Hb 3:12.
Quando um cristão negligenciar ou deixar de ler a Bíblia, não frequentar mais os cultos, não fizer
mais oração, e passar a frequentar lugares pecaminosos em companhias não recomendadas,
facilmente ele cairá da fé. Além disto a Escritura nos cita exemplo de cristãos que caíram da fé e
se perderam, como por exemplo, Saul e Demas”.

Com relação aos argumentos usados acima, faz-se mister tecermos as seguintes considerações:

(a)1 Co 10:12 fala apenas em desviar-se temporariamente do Senhor, mas não final ou
definitivamente, pois o v.13 fala-nos que Deus nos dará o escape, para que possamos suportar tais
tentações, o que demonstra que a nossa perseverança é certa e infalível porque o Senhor nos
capacitará para escaparmos delas. Ademais, Paulo afirma a imperdibilidade de nossa salvação,
quando nos afirma que Cristo nos “confirmará até o fim”(1 Co 1:8).

(b)Da mesma forma, o uso da expressão “se apartar do Deus vivo”, feita pelo escritor aos Hebreus,
denota não um afastamento total ou definitivo, da parte do cristão, mas antes algo temporário,
visto que o mesmo escritor nega a total possibilidade de uma queda total e definitiva por parte do
cristão, pelos seguintes motivos: (1)Quando um filho de Deus cai em pecado, é alvo da disciplina
do Senhor, e como resultado, ele é restabelecido(Hb 12:4-11); (2)O escritor da epístola aos
Hebreus nega a possibilidade de um cristão se afastar para sempre de Deus(Hb 10:39). (3)O autor
da epístola aos Hebreus nega que o cristão possa cair total ou definitiva e finalmente da fé, pois
afirma que Jesus é “o consumador da fé”(Hb 12:4).

(c)Em sua obra “Da Vontade Cativa”(1525 d.C), Lutero reprova esta doutrina, afirmando que
aqueles que se retiram para sempre do grupo dos seguidores de Jesus, não são crentes reais, mas
“ímpios”, que não fazem parte dos eleitos de Deus, pois “os eleitos permanecerão”.

(d)Os neo-luteranos estão tão embriagados com o vinho da apostasia, que confundem as duas
dispensações, chamando Saul (um rei que viveu do AT) de “cristão”. A atitude dos neo-luteranos,
representa não a reafirmação das doutrinas de Lutero, mas a disseminação das doutrinas
romanistas, confirmadas nos anátemas do Concílio de Trento. A atitude dos neo-luteranos é uma
vergonha para a Reforma!

Representam a crença (em toda a sua inteireza) no arminianismo remonstrante, as seguintes


igrejas: as igrejas metodistas wesleyanas (e sua divisão – A Igreja do Nazareno); as igrejas
menonitas; as Assembleias de Deus e muitos grupos neo-pentecostais, acompanhados por todos
os grupos heréticos (católicos romanos, espíritas, testemunhas de jeová, adventistas, moonitas,
mórmons, racionalistas cristãos, etc e etc):

(1)As Igrejas Metodistas Wesleyanas – É preciso entender que Wesley, a princípio, não era um
arminiano, mas um calvinista (em sua condição de membro da Igreja da Inglaterra, a Igreja
Anglicana, que era 100% calvinista), pois W. H. Fithchett, ministro metodista arminiano, afirma
que, enquanto membro da igreja inglesa, Wesley era de fato “um crente em suas
doutrinas”(Wesley e Seu Século, Volume II, p.17). Até mesmo as autoridades papistas reconhecem
este fato, declarando:

“Wesley abandonou a severa visão de Calvino”(The Catholic Encyclopedia, Volume III, p.203).

Mas, apesar de ser arminiano, Wesley, sendo sincero e imparcial, em seus escritos e comentários
do Novo Testamento, acaba reconhecendo os Cinco Pontos do Calvinismo. E os metodistas
arminianos, obrigatoriamente, em muitos de seus hinos e até na hora de sepultarem os seus
mortos, cantam, falam e oram como calvinistas, não como arminianos. Afinal, quem pode fazer
alguma coisa contra a própria verdade? Quem pode derrota-la?

(2)As Igrejas Menonitas – Pelo que temos conhecimento, os menonitas se encontram entre os que
negam os cinco pontos do calvinismo(Vivian L. Stoppel; Se... É de Deus, pp.26-31). Mas, embora
neguem doutrinas como a eleição incondicional(Paul Erb; We Believe, p.96), muitas vezes, devido a
inconsistência e insustentabilidade do ensinamento arminiano, tem dado certas declarações
contrárias a alguns pontos do arminianismo remonstrante, como o dogma do livre arbítrio e da
perda da salvação. Vejamos alguns depoimentos:
(a)Declarações Contrárias ao dogma do Livre Arbítrio:

Em “O Fundamento Doutrinário da Igreja de Deus em Cristo – Menonita”(2006), lemos:

“Satanás veio e tentou Adão e Eva no Jardim. Eles comeram do fruto proibido e morreram
espiritualmente... Por conta própria, o homem é incapaz de tornar justo”(p.17).

“A conversão, ou seja, o novo nascimento, é a obra do Espírito Santo de Deus. Ele convence o
pecador de seu pecado, fazendo com que se sinta culpado e necessitado. Quando o pecador
penitente confessa seu pecado e em fé olha para Jesus, Deus lhe perdoa e o aceita como seu filho.
O homem não pode fazer isso por conta própria. Seus pecados não são perdoados devido a suas
boas obras, mas por causa da misericórdia e graça de Deus”(p.20).

“Por que muitas pessoas escolhem ir para o inferno e não para o céu? É porque foram enganadas
e seus olhos cegados pelo deus deste século”(p.54).

“Cremos e confessamos, de acordo com as Sagradas Escrituras, que os nossos primeiros pais, Adão
e Eva... foram seduzidos pela sutileza e engano da serpente, e pela inveja do diabo... tornaram-se
desobedientes ao seu Criador... trazendo sobre si a ira e a condenação de Deus... de maneira que,
por um pecado, foram contaminados, separados e afastados de Deus, não sendo possível que eles
por conta própria... se livrassem do pecado, se remissem, ou se reconciliassem com Deus; antes
estariam perdidos eternamente, caso Deus não se compadecesse de suas criaturas, abrindo uma
saída através de seu amor e misericórdia”(p.77).

“Cremos e confessamos, que, sendo a imaginação do coração do homem perversa desde a sua
juventude, e portanto, sujeita a toda injustiça, pecado e impiedade...”(p.82).

“Adão e Eva... foram seduzidos e afastados de Deus, e enganados por Satanás; e assim
desobedeceram e voluntariamente transgrediram o mandamento de seu Criador... e assim foram
destituídos da virtude divina, que é a justiça e verdadeira santidade, e se tornaram
pecaminosos... mas Deus o Senhor impôs em Adão e Eva diversos castigos temporais, os quais
também continuamente se estendem a todas as suas gerações, as quais são tão corruptas por
causa de Adão, que todas elas desde a sua juventude, por natureza, são inclinadas ao pecado e
ao mal...”(p.116).

“Visto que os nossos primeiros pais, Adão e Eva, através de sua transgressão se separaram de Deus
e caíram na morte temporal e eterna com toda a sua posteridade, e consequentemente
perderam a imagem de Deus, que é a justiça e verdadeira santidade; tornaram-se depravados
em sua natureza e inclinados para o pecado e a maldade desde a sua juventude...”(p.135).

E em seu livro “A Igreja e a Fé”, declara a Igreja de Deus em Cristo – Menonita”:

“O homem foi criado puro, santo e imortal... O homem perdeu sua pureza, santidade e
imortalidade quando caiu no pecado no Jardim do Éden. Perdeu sua comunhão com Deus e seu
direito de ser filho dEle, tornando-se assim uma criatura depravada. Esta depravação que vemos
hoje no ser humano é a corrupção inerente que veio em consequência do pecado original. Em
sua queda, o homem deixou seu estado original de pureza e conformidade às leis de seu Criador.

“Devido a sua depravação, o coração do homem é lugar de conflitos entre desejos, emoções e
paixões. Sua mente é carnal, totalmente corrupta.

“...O homem escolhe o caminho da indulgência e egoísmo, um espirito de exaltar a si mesmo... Não
quer que ninguém domine sobre ele. Embora ele pense que está fazendo o que bem quiser, na
realidade está na escravidão de Satanás... Devido a sua depravação, o homem deseja ser como
Deus, ou pelo menos, em escala reduzida, ser um pequeno deus para poder agradar a sua
própria carne”(p.345).

E em “Uma Declaração das Doutrinas Cristãs da Igreja de Deus em Cristo – Menonita”, lemos:

“Que o homem foi criado um ser inteligente por um ato deliberado de Deus. No seu estado
original, ele era semelhante ao seu Criador em justiça e santidade. Foi pela sua transgressão que
caiu em pecado e ficou separado de Deus. O resultado é que dentro do homem ‘não habita bem
nenhum’. Ele é incapaz por si mesmo de retornar à sua condição anterior de santidade, pois tem
até a mente e a consciência corrompidas. Leia Gn 1:27, 31; Rm 7:8; Tt 1:15; Cl 3:10; Mt 19:4.”(6º
Artigo)

A Confissão de Fé Menonita de 1963, declara:

“Como uma criatura caída o homem é egoísta, obstinado, rebelde a Deus, sem vontade própria
para se render a Cristo, incapaz de romper com o pecado, e debaixo do juízo divino”(4º Artigo).

A Confissão de Fé dos Irmãos Menonitas (Edição Revisada em 1999 pelo Conselho Pastoral e
aprovada pela Assembleia Geral da Convenção Brasileira das Igrejas Evangélicas Imãos Menonitas
em 2000), declara:

“Procurando ser iguais a Deus, Adão e Eva desencadearam o poder do pecado no mundo. O
pecado produziu morte física e espiritual. Consequentemente, todos os humanos estão sob o
domínio do pecado e não são capazes de triunfar sobre o seu poder. No pecado, cada um procura
satisfazer sua própria vontade. Dispostos a satisfazer os seus próprios desejos, as pessoas
procuram viver como se fossem Deus”(4º Artigo).

“Através do poder do Espírito Santo, eles nascem na família de Deus e recebem a segurança da
salvação”(5º Artigo).

O ministro menonita Paul Erb(1894-1984), em sua obra “We Believe”(Nós Cremos), declara:

“Paulo explica em Romanos 5 que foi o pecado de Adão que mergulhou a raça humana na
desgraça da depravação. Mas a culpa que carregamos é propriamente nossa, já que abrimos
nossos corações ao mal, e os fechamos contra o bem. A menos que Deus consiga nos salvar, não
temos nenhuma esperança”(p.22).
A Confissão de Fé em Uma Perspectiva Menonita(1995), endossada pela Igreja Menonita dos
Estados Unidos e Canadá, declara:

“Nós confessamos que, começando por Adão e Eva, a humanidade desobedeceu a Deus, dando
lugar ao tentador, escolhendo pecar. Devido ao pecado, prontamente todos caíram do propósito
do Criador, e corromperam a imagem de Deus na qual eles foram criados, despedaçaram a ordem
no mundo, e limitaram o seu amor pelos outros... Por causa do pecado, a humanidade tem sido
completamente entregue à escravidão dos poderes do mal e da morte... Pecar é desviar-se de
Deus e fazer deuses da criação e de nós mesmos... Através do pecado, os poderes da tirania,
separação, destruição e morte foram lançados sobre a humanidade e sobre toda a Criação... Pelo
nosso pecado abrimo-nos à escravidão dos poderes demoníacos. Por causa do pecado e suas
consequências, os esforços dos seres humanos para fazer o bem e conhecer a verdade são
constantemente corrompidos”(7º Artigo).

(b)Declarações Contrárias ao Dogma da Perda da Salvação:

Em “O Fundamento Doutrinário da Igreja de Deus em Cristo – Menonita”, lemos:

“Ele (Jesus) prometeu que Sua presença divina os acompanharia até o fim do mundo”(p.9).

“A Igreja também é chamada de aprisco. Jesus é a porta de entrada e é o verdadeiro Pastor. As


pessoas realmente nascidas de novo são as ovelhas. Assim como o aprisco é um lugar seguro para
as ovelhas, a Igreja é um lugar seguro para os seus membros. Jesus guiará suas ovelhas à vida
eterna...”(p.24).

“Esta igreja do Deus vivo, que ele adquiriu, comprou e remiu com seu próprio sangue precioso,
com a qual, de acordo com a sua promessa, ele estará e permanecerá para sempre, até o fim do
mundo, para consolação e proteção, sim, ele habitará e os preservará, de forma que nenhum
dilúvio ou tempestade, e nem as próprias portas do inferno terão qualquer poder sobre
ela”(p.84).

“Todos os que são guiados por este Espírito são os filhos de Deus. Quem não tem este Espírito não
pertence a Deus. Ele é chamado de o verdadeiro penhor de todos os verdadeiros filhos de
Deus”(p.108).

“Portanto, todos os verdadeiros fiéis alegres e obedientemente se submetem à todos os


mandamentos de Deus que são contidos nas Escrituras Sagradas, e, quando necessário, testificam
deles e os confessam com a boca perante reis, príncipes, lordes e todos os homens, sendo por isso
que o dinheiro, as propriedades, o corpo e a vida sejam sacrificados para o confisco, a água e o
fogo. Pois o poder de Deus que os preserva em sua fé, os fortalece, de maneira que consideram
como breves e leves todos os sofrimentos deste tempo, não se vingando, mas orando por seus
perseguidores, sofrendo com alegria pelo nome do Senhor aquilo que lhes é imposto, por causa de
sua fé, esperança e amor que tem por seu Criador e suas riquezas celestiais”(p.131).

“Mas todos os piedosos que assim demonstram virtude divina por sua fé, e procuram se exercitar
em boas obras, não devem presumir que sejam capazes de merecer a salvação por suas boas
obras, ou que Deus lhes deva alguma coisa; mas todos os verdadeiros cristãos devem se
considerar como servos inúteis, mas por conta própria não são capazes de fazer nada; mas que o
Deus Todo-Poderoso, por sua graça opera neles ambos o querer e o efetuar naquilo que é bom, e
que são envoltos num corpo de pecado”(p.177).

O ministro menonita Paul Erb, declara:

“Nós cremos que o Espírito Santo convence do pecado, efetua o novo nascimento, dá orientação
na vida, habilita para o serviço, e capacita para a perseverança na fé e santidade”(We Believe,
p.,31).

A Confissão de Fé Menonita de 1963, declara:

“É privilégio de cada crente ter a garantia da salvação. O Deus que salva é também capaz de
preservar cada crente para um final feliz com Cristo”(6º Artigo).

A Confissão de Fé dos Irmãos Menonitas, declara:

“Através do poder do Espírito Santo, eles nascem na família de Deus e recebem a segurança da
salvação”(5º Artigo).

(4)As Assembleias de Deus – Este grupo trava uma batalha contra as doutrinas reformadas ou
calvinistas. Contudo, escondem de seus membros que os seus primitivos fundadores (Daniel Berg e
Gunnar Vingren) eram batistas de linha calvinista, desde que se formaram em teologia no
Seminário Teológico Batista Sueco([Ivar Vingren; Diário do Pioneiro Gunnar Vingren, p.24/], [David
Berg; Daniel Berg, Enviado por Deus, p.51]), uma vez que a Confissão de Fé Batista Sueca(1856),
rejeitava o arminianismo(Artigos 3º e 6º). Neste sentido, devido a inconsistência e a
insustentabilidade do arminianismo, primitivos e modernos líderes das AD tem dado declarações
favoráveis aos cinco pontos do calvinismo, como se segue.

(a) Depravação Total

O falecido teólogo das AD, Severino Pedro da Silva, em sua obra “A Doutrina da Predestinação”,
declara:

“Na regeneração, a alma é passiva... Na salvação de cada pessoa há uma autêntica operação do
poder divino, mediante o qual o pecador morto é vivificado; o pecador indisposto, o pecador
recalcitrante e obstinado tem a consciência abrandada, e aquele que anteriormente rejeitava a
Deus e desprezava o oferecimento do evangelho é levado a lançar-se aos pés de Jesus... A
conversão, além disso, é um ato produzido e consumado pela influência do Espírito Santo, que não
pode suceder sem esse poder... A alma humana se acha num estado de servidão sob o pecado,
até que é restaurada definitivamente por Deus”(pp.119,121-122,139,163).

Jefferson Magno Costa, em sua memorável obra “Porque Deus Condena o Espiritismo”, declara:
“Para muita gente, pode parecer dura esta afirmação, mas não podemos deixar de denunciar aos
próprios umbandistas as artimanhas que o Diabo utiliza, a fim de mantê-los no engano, na
escravidão espiritual, na cegueira e ignorância quanto ao maravilhoso plano da salvação... Ó Deus,
tende misericórdia dos umbandistas, e de todos que Satanás tem mantido presos até agora nas
diversas correntes do Espiritismo... e nascer do Espírito é ser transformado pelo Espírito Santo,
que atua poderosamente no interior do velho homem (da velha natureza pecaminosa, inclinada
para o mal)... Essas pessoas não passam de pobres seres humanos enganados e escravizados pelo
diabo”(pp.63,65,156-157,237-238).

As declarações de Severino Pedro são de uma importância muito maior do que as de Jefferson M.
Costa, pois Severino, neste livro, se dedica a combater o calvinismo, e no entanto, sendo imparcial,
dá-nos estas preciosas declarações. Esmigalhando o dogma do livre arbítrio(depravação parcial),
Severino categoricamente diz que o ímpio é um escravo do pecado, é indisposto às coisas
espirituais, rejeita a Deus; o que indica que em sua regeneração, sua vontade não é ativa, ou seja,
ela sofre a ação(‘o pecador morto é vivificado... é levado a lançar-se aos pés de Jesus... a alma é
passiva’). Já Magno Costa, afirma que a natureza do ímpio é “inclinada para o mal”, pois este é
espiritualmente “ignorante” e é um escravo de Satã, dependendo da misericórdia de Deus para
sair deste estado.

(b)Eleição Incondicional

Severino Pedro, novamente em sua obra “A Doutrina da Predestinação”, declara:

“Nesta passagem e em outras que a Bíblia encerra, vemos que a nossa eleição visa um objetivo
em cada cristão. No presente texto, somos salvos ‘...para uma santa vocação’. Na passagem de 1
Pd 1:1, somos eleitos ‘...para a obediência’. E na passagem de João 15:16, eleitos para ‘...produzir
frutos’. E em qualquer seção da Bíblia, onde esta palavra ‘eleição’ está presente, visa, sempre, a
um objetivo divino para com suas criaturas.

“Como já tivemos ocasião de afirmar em outras notas expositivas, a eleição que a Bíblia revela é ‘a
eleição da graça’(Rm 11:5), e graça, como já sabemos, quer dizer ‘favor não merecido’. Fomos
escolhidos e predestinados ‘para que fossemos santos e irrepreensíveis’ diante dele em
caridade”(pp.55).

Note que aqui, Severino Pedro usa linguagem calvinista, não arminiana, ao falar sobre eleição e
predestinação. Ele diz que ‘a nossa eleição visa a um objetivo em cada cristão’. Ele não diz que
‘nossa eleição visa uma causa em cada cristão’. Segundo ele, o cristão foi eleito ‘para a obediência’
(não por causa da obediência); para ‘produzir frutos’ (não porque produziria frutos) e que cada um
dos cristãos foi eleito para que fosse santo e irrepreensível (e não porque seria santo e
irrepreensível). Isto é eleição incondicional!!!

Até mesmo a doutrina da dupla predestinação está implícita (ou talvez explícita) no próprio hinário
das AD – a Harpa Cristã. Em seu “Hino 458”(Estrofes 2-4), lemos:

“Tuas ovelhas fiéis conduz


Por vales, vergéis em flor,
Ao Teu aprisco, Senhor Jesus…
Jesus, nosso bom Pastor.

“Na larga estrada vai triste e só


O filho de Belial…
Triste, faminto, envolto em pó,
Escravo infeliz do mal.

“Senhor dos simples, Senhor Jesus,


Oh! Glorioso Deus de amor!
A ovelha errante atrai, conduz
Ao Teu redil, bom Pastor”.

Pelo que vemos aqui, temos descritos os seguintes grupos:

(1)As ovelhas fiéis de Jesus – Os cristãos que permanecem na Igreja;

(2)A ovelha errante – Os cristãos desviados;

(3)O filho de Belial

O autor do hino, Severino Silva, ao falar da ação de Jesus como Pastor de suas ovelhas, pede que
Ele guie as ovelhas fiéis e traga de volta as ovelhas errantes (isto é, quando o cristão se desvia do
caminho do Senhor, ele não deixa de ser ovelha, não se torna uma ex-ovelha, ou seja, embora
longe do aprisco, ela ainda é uma ovelha do Senhor). Mas com relação ao ‘filho de Belial’, não há
nenhuma menção da ação pastoral de Jesus sobre este, uma vez que ‘o Bom Pastor dá a vida pelas
suas ovelhas”(Jo 10:11). A descrição do autor do hino, indica o filho do diabo indo para o inferno
(‘na larga estrada vai triste e só o filho de Belial’. [Larga estrada nos lembra que ‘larga é a porta, e
espaçoso o caminho que conduz à perdição’ – Mt 7:13]). Neste sentido, o filho de Belial é excluído
das ações amorosas do Bom Pastor, o que indica que o filho do diabo está destinado ao inferno!

(c)Expíação Particular

A própria “Harpa Cristã”, em seu hino nº 135:3, declara:

“Por Ele abençoada é toda a nação,


Que foi predestinada à grande vocação”.

É evidente que, uma vez que muitas nações, em algum tempo da história da humanidade, foram
privadas da obtenção da mensagem de salvação(Sl 146:19,20; Dt 4:8; At 16:6-7), conclui-se que
apenas os povos que foram predestinados por Deus para ouvirem a mensagem cristã, é que serão
alvos da benção da redenção – o que implica reconhecer que Cristo não poderia ter morrido por
cada um dos seres humanos, sem exceção!

(d)Graça Irresistível
Severino Pedro, novamente, em sua obra “A Doutrina da Predestinação”, declara:

“Esta vontade soberana da parte de Deus, opera de conformidade com o propósito de Deus pelo
seu Espírito, o qual atua no tempo apropriado, tendo em mira: que pela graça, obedeçam a essa
vocação”(p.38).

E a ‘Harpa Cristã”, em seu hino nº n 238:4, declara:

“Vem a Jesus, teu Salvador.


O Seu amor é irresistível”.

Evidentemente, as declarações de Severino Pedro e da Harpa Cristã, indicam que quando o amor
de Deus é pregado no coração humano (através da mensagem do evangelho), o efeito é
irresistível!

(e)Perseverança dos Santos

“Jesus pra sempre me salvou!”(Otto Nelson, Harpa Cristã, Hino 424).

Gunnar Vingren, um dos fundadores das Assembleias de Deus, disse:

“Eu tenho corrido perigo de vida várias vezes, mas o Senhor tem-me guardado de tudo até agora.
Ele também me guardará e me conservará para o seu reino celestial. Aleluia!”(Diário do Pioneiro
Gunnar Vingren, p.200).

As declarações do missionário Otto Nelson e do fundador das AD, Gunnar Vingren, indicam que
somos “salvos para sempre” por Jesus, porque é Ele que nos guardará e conservará para o seu
reino celestial!

De fato, como já dissemos que o arminianismo representa o compromisso histórico com o


romanismo papal, não estamos mentindo. O fato é que a figura do próprio Armínio parece atestar
nossa asserção, uma vez que na sua época, não era visto pelos católicos e por outros religiosos
como um homem de firmes convicções protestantes. Por exemplo, falando dele, a “The Catholic
Enciclopedia”(Volume I), declara:

“Em 1586, ele fez uma viagem longa à Itália, que serviu para ampliar o seu horizonte mental.
Rumores começaram a se espalhar de que ele havia caído sob a influência dos jesuítas Suarez e
Belarmino”(p.741).

Fazendo alusão ao mesmo fato, até mesmo os arminianos John McClitock(1814-1870) e James
Strong(1822-1894), declaram:

“Ele (Armínio) havia feito uma viagem sem o seu consentimento (de Beza), e os rumores se
espalharam fora do país de que ele tinha beijado o chinelo do papa, mantendo comunicação com
os jesuítas, e especialmente com o cardeal Belarmino – e que, em resumo, ele havia se tornado
um católico romano”(Cyclopedia of Biblical, Theological, and Ecclesiastical Literature, Volume 1,
p.413).

Até mesmo a insuspeita “The Columbia Enciclopedia”(Edição de 2001 – Online), reconhece isto,
afirmando de Armínio:

“Neste sentido, seus ensinamentos se parecem com aqueles do Concílio de Trento Católico
Romano”.

Era tão evidente a falta de convicção e firmeza nas doutrinas ensinadas e divulgadas pela Reforma
Protestante do Século XVI, que ele (Armínio), mudara de posição após ler um livro escrito por um
semipelagiano, por um católico, humanista e burguês holandês, Dirk Koornhert(1522-1590),
conforme testemunho da “Enciclopédia e Dicionário Internacional”(Volume II):

“Um burguês de Amsterdam, Koornhert, que reclamava a tolerância para todos os cultos, publicou
um livro contra as doutrinas de Teodoro de Beza sobre a predestinação, que Armínio foi
encarregado de refutar. Mas depois de um exame profundo, adotou e desenvolveu as teorias que
tinha por missão combater”(p.803).

O holandês Dirk Koornhert, sustentava ideias heréticas, conforme lemos no “Manual da História
da Literatura Holandesa”:

“Coornhert compreendia a vida e a suas virtudes, sob a orientação da razão. Assim como
enfaticamente ele rejeitava o pecado original, ele negava a incapacidade do homem para o bem,
e sua inclinação para o mal, como o Catecismo de Heidelberg ensinava“(p.100).

Desta forma, torna-se inegável a influencia pelagiana sobre o pensamento de Armínio, levando-o a
negar as doutrinas reformadas. Realmente, pelagianismo e arminianismo tem tudo em comum.

Ora, é neste sentido que perguntamos: podem os arminianos serem de fato, considerados ou
chamados de ‘protestantes’? Na realidade, há muitas similariedades entre Armínio e outros líderes
heréticos. Por exemplo, Charles Taze Russell(1852-1916), o pai da seita dos testemunhas de jeová,
enquanto membro da igreja congregacional norte-americana, fora encarregado de provar a
existência do inferno a um homem cético, mas ao invés de convencer, foi ele ‘convencido’ pelo
cético, e passou a negar a doutrina que antes tinha por missão defender(Ezequias Soares da Silva;
Provas Documentais, p.120). É tão evidente e insofismável o fato de que o arminianismo mantêm
laços históricos com o catolicismo romano, que um dos motivos que levaram os jesuítas (e dentre
eles ‘São José de Anchieta’) a matarem os autores da Confissão de Fé da Guanabara(1558), foi a
crença nos cinco pontos do Calvinismo, descritos nesta Confissão, e segundo os eruditos
arminianos John McClitock(1814-1870) e James Strong(1822-1894), teologicamente, “os jesuítas
eram arminianos”( Cyclopedia of Biblical, Theological, and Ecclesiastical Literature, Volume 1,
p.413).

É um fato indiscutível e inegável, que, teologicamente falando, os arminianos são herdeiros da


Contra Reforma; enquanto que os calvinistas são os legítimos herdeiros da Reforma, e os únicos a
terem o inquestionável direito de serem considerados e chamados de protestantes.
Augusto Toplady, não se enganou ao denominar “Arminianismo – O Caminho Para Roma”, o que
todos os reformadores jamais cogitavam. Defender o arminianismo é dizer a Wycliff, Huss, Lutero,
Zuínglio, Bucer, Bullinger: “Todos vocês estão errado, porém seus inimigos [os romanistas] estão
certos!”. Defender o arminianismo é insultar a história da Reforma. É dizer ao papa Bento
XIII(1012-1024) e ao Concílio de Constança (assassinos de John Huss): “Vocês estavam certos, e
Huss estava errado!”. Defender o arminianismo é roubar toda a glória de Deus e dá-la ao homem.
Defender o arminianismo é dizer aos grandes hereges (Pelágio, Socino, Kardec, Joseph Smith, Ellen
White, Charles Taze Russell, Rev. Moon): “Meus amigos, vocês estão todos de parabéns, pois todos
vocês estão certos e tem toda a razão!”.

Graças a Deus, não somos arminianos. Jamais teremos a obrigação, o desprazer e o


constrangimento de estender as mãos para todos estes hereges, concordando com eles. Graças a
Deus, estamos ao lado da elite do Cristianismo, ao lado de excelente companhia, de um verdadeiro
exército dos mais eminentes ministros de Cristo: Huss, Wycliff, Lutero, Zuínglio, Calvino, Tyndale,
Latimer, Ridley, Bucer, Whitefield, Edwards, Spurgeon e muitos outros. Quando pensamos sobre o
que foram e o que fizeram estes homens, ficamos bastante emocionados e tão somente olhamos
para a cruz de nosso Senhor, dirigindo-lhe as seguintes palavras:

“Companheiro sou de todos os que te temem e dos que guardam os teus preceitos”(Sl 119:63).

“Ó tu, que habitas nos jardins, os companheiros estão atentos para ouvir a tua voz; faze-me,
pois, também ouvi-la”(Ct 8:13).

Olhando para estes homens, podemos contemplar aquele grande exército de piedosos servos de
Deus, de ministros de Deus, formando a grande pátria celestial, composta daqueles homens “dos
quais o mundo não era digno”(Hb 11:38). Sola Deo Gloria!!!

Capítulo 1 – A Bíblia Sagrada Rejeita o Livre Arbítrio!


Desde o século XVII, os seguidores de Armínio, em clara oposição a doutrina reformada da “Total
Depravação”(ou Incapacidade Total) do homem, apresentando o dogma que ficou conhecido como
‘Livre-Arbítrio’ ou ‘Capacidade Humana’. De acordo com o novo dogma, o homem, embora
debilitado pela Queda, não era totalmente incapaz de escolher o bem espiritual, e podia exercer fé
em Deus, de forma a receber o evangelho e assim tomar posse da salvação para si mesmo.

Como bases “bíblicas” do dogma, os arminianos, atualmente, citam os seguintes textos bíblicos:
Gn 4:6-7; Dt 30:129; Js 24:15; Is 1:19-20; 55:1; Pv 1:23; Mt 11:28; 23:37; Ap 3:20; 22:17. Todavia,
quando estes textos são comentados à luz dos princípios fundamentais de interpretação bíblica,
todos os argumentos caem por terra. Examinemos e comentemos tais textos.

1. “E o Senhor disse a Caim: Por que te iraste? E por que descaiu o teu semblante? Se bem
fizeres, não é certo que serás aceito? E se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e
sobre ti será o seu desejo, mas sobre ele deves dominar”(Gn 4:6-7)

Comentário: Nenhuma das expressões ocorridas no v.7 comprova o dogma do livre arbítrio. Um
exame minucioso de todas as expressões contidas neste verso, à luz do contexto, facilmente
comprova que o texto sagrado repudia o dogma arminiano. Pondere conosco o texto, examinando
estas expressões:

(a)“Se bem fizeres, não é certo que serás aceito?” – É evidente que aqui Deus não estava exortando
Caim a escolhê-lo, antes o exortava à prática do bem. A palavra hebraica que aqui é traduzida por
“se bem fizeres” é a palavra ‫( תֵּ יטִ י ֙ב‬yatab), que, segundo o “AHebrew and English Lexicon of the
Old Testament” de Francis Brown, S. R. Driver e C. A. Briggs, significa “eticamente”,
“corretamente”(p.406). De acordo com William L. Holladay, esta palavra hebraica ֙‫( תֵּ יטִ יב‬yatab),
significa “comportar-se bem”(Léxico Hebraico e Aramaico do Antigo Testamento, p.189). Nesse
sentido, a expressão ‘se fizeres bem’, refere-se simplesmente a uma exortação a boa conduta,
nunca a uma expressão de referência ao poder de escolha espiritual de Caim, no sentido de poder
escolher o bem espiritual, isto é, crer em Deus, temer a Ele, etc. Isto mostra que Caim era
ativamente, um ser moral, mas não ativamente espiritual, visto que espiritualmente, o homem
nasce morto(Jo 3:3). Justamente por isso, os ímpios, apesar de estarem mortos espiritualmente,
podem fazer o bem para alguns de seus semelhantes (Mt 7:9-11; Lc 18:2-5). Ainda hoje não
contemplamos tudo isto entre os adeptos do Espiritismo e do Romanismo? Na realidade, o
contexto do verso mostra a total incapacidade de Caim, no sentido de poder escolher a Deus:

“Mas para Caim e para a sua oferta não atentou. E irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o
semblante. E o Senhor disse a Caim: Por que te iraste? E por que descaiu o teu semblante?”(Gn
4:5,6).

Aqui temos um quadro explícito da total depravação do homem:


(I)Quando o Senhor rejeitou Caim e a sua oferta, este homem, ao invés de buscar ao Senhor e
saber o porque desta rejeição, ficou tomado pela ira. Tudo isto comprova a morte espiritual de
Caim, pois, ele agiu como seus pais Adão e Eva, que, invés de procurarem a face de Deus, pedindo
perdão pela transgressão cometida no Éden, fugiram da presença de Deus(Gn 3:8-10). No Jardim
do Éden, após pecarem contra o Senhor e morrerem espiritualmente (Gn 2:17), eles não
procuraram o Senhor imediatamente. Pelo contrário, foi Deus quem os procurou. Assim também
ocorreu com Caim – após ser rejeitado por Deus, ele não procurou imediatamente o Senhor, mas
“irou-se fortemente”. Sim, por trás de sua ira, Caim fugiu e se escondeu da face do Senhor. Foi o
Senhor que procurou a Caim, não o contrário.

(II)Como os seus pais, Caim também não reconheceu os seus pecados, e teve (pelo que o contexto
indica) como culpado, pela rejeição divina, o próprio irmão, irando-se contra ele (vv.5-6 comp. com
o v.,8), e uma pessoa absorvida totalmente pela ira, não pode herdar a vida eterna(Gl 5:19-21).

Mas, talvez alguém pergunte: Por que razão Deus rejeitou Caim e a sua oferta? A resposta está na
própria Bíblia, e esta nos revela:

“Não como Caim, que era do maligno, e matou a seu irmão. E por que causa o matou? Porque as
suas obras eram más e as de seu irmão justas”(1 Jo 3:12).

O próprio Deus já havia falado anteriormente da aversão que os filhos do diabo tem contra os
filhos de Deus(Gn 3:15), e Caim era parte desta descendência espiritual maligna, sendo portanto
um filho do diabo, um não eleito, um reprovado, alguém predestinado à perdição eterna. Esta
verdade é realçada por um dos apóstolos, pois, quando este fala daqueles que estavam de
antemão destinados à perdição, os associa a Caim (Jd 4,11-19). Caim era um ímpio, e sendo tal
coisa, como poderia ter a sua oferta aceita por Deus? As Escrituras são bem claras, quando dizem:

“O sacrifício dos ímpios é abominável ao Senhor, mas a oração dos retos é o seu
contentamento”(Pv 15:8).

“O sacrifício dos ímpios já é abominação; quanto mais oferecendo-o com má intenção!”(Pv


21:27).

Caim era um ímpio, e vivia na prática das más obras, e se assim vivia, como queria que Deus o
aceitasse e a sua oferta? A prática das más obras, era uma constante em sua vida. Não há
nenhuma menção nem de seu arrependimento, por ter matado seu irmão, nem de seu
reconhecimento pelo pecado (vv.8-9), o que comprova que ele era um ímpio. Este conceito era
mantido, mesmo após o fim da igreja apostólica. Por exemplo, Agostinho(354-430), em sua
monumental obra “A Cidade de Deus”, citando e comentando Gn 4:7, declara:

“Será que ele (Caim)não cumpriu a sua ímpia intenção de matar seu irmão, mesmo depois de ter
sido avisado verbalmente por Deus? Porque, quando Deus fez uma distinção entre os seus
sacrifícios, desprezando o de Caim, a respeito de Abel , que tinha, sem dúvida, internamente
algum sinal visível para o efeito, e quando Deus tinha feito isso, porque as obras dele eram boas,
mas as de seu irmão más, Caim estava muito irado, em seu semblante. Porque assim está escrito:
‘E o Senhor disse a Caim: Por que você está irado, e por que descaiu o teu semblante? Se você não
sacrificar corretamente, e não distinguir com justiça, você não pecou? Não se ire, porque em
direção a você virá a inclinação, e você deve dominá-la’(Gn 4:6-7). Nesta admoestação feita por
Deus a Caim, essa sentença de fato, ‘Se você não sacrificar corretamente, não distinguir com
justiça, você não pecou?’. É obscuro, na medida em que não é aparente para que razão ou
finalidade foi falado, e muitos significados foram colocados sobre isto, como cada um que discute
tenta interpretá-lo de acordo com a regra de fé. A verdade é que um sacrifício é justamente
oferecido quando é oferecido ao verdadeiro Deus, a quem só devemos sacrificar. E é justamente
quando não se diferencia corretamente os locais ou épocas ou materiais da oferta, ou a pessoa
que oferece, ou a pessoa a quem é apresentada, ou aqueles a quem é distribuído para comerem
após a oblação. Distinção é aqui utilizada para discriminar-se quando uma oferta é feita em um
lugar onde não deve estar ou com um material que não deve ser oferecido, mas em outro lugar, ou
quando uma oferta é feita em um mau momento, ou posteriormente com um material
inadequado, mas em algum outro momento, ou quando isso é oferecido, que, em nenhum lugar,
nem qualquer tempo deve ser oferecido, ou quando um homem permanece escolhendo espécies
menores do mesmo tipo, das quais ele oferece a Deus, ou quando ele ou qualquer outro que não
pode legitimamente participar, profanamente come da oblação. Em qual destas coisas Caim
desagradou a Deus, é difícil de determinar. Mas o apóstolo João, falando desses ímpios, disse:
‘Não como Caim, que era do malígno, e matou seu irmão. E por que o matou? Porque as suas
obras eram más, e as de seu irmão justas’”(XV:7).

Da mesma forma o insuspeito ministro luterano Paul E. Kretzmann, em seu “Comentário de


Gênesis 4:7”, declara:

“A culpa era completamente do próprio Caim, porque se ele tivesse feito o bem, se tivesse fé e
mostrado essa fé verdadeiramente em boas obras, em ofertas aceitáveis, então ele teria
experimentado a valorização para o qual ele parecia ansioso, e poderia ter levantado seu
semblante em sinal de uma boa consciência. Se, por outro lado, o seu sacrifício não foi
apresentado com verdadeira fé e agora ele estava irado com sua rejeição, então o pecado, assim
como, uma besta predatória selvagem, estava aviltado na porta do seu coração, ansioso para a
mínima oportunidade de entrar e moldar sua vontade”.

E o Dr. Petter Pett, ministro batista, em seu “Comentário de Gênesis 4:7”, declara:

“Nós não sabemos como Deus se comunicava com Caim. Possivelmente ele estava em seu coração.
Mas bem sabia Caim, como tantas vezes, o que Deus estava tentando dizer-lhe. O problema dele
estava em não 'fazer o bem'. Havia algo errado com sua atitude e comportamento, e ele sabia
disso. Note como 'fazer o bem' é comparado com o valor de culto em Is 1:17 e Jr 7:5. Se um
homem não faz 'o bem' , o sacrifício dele é inaceitável”.

Daniel Wheldon(1808-1885), ministro metodista , em seu “Comentário de Gênesis 4:7”, declara:

“Em vez disso, é que não há uma elevação, ou seja, do semblante. O olhar cabisbaixo, mal-
humorado, é um sinal de que ele não fazia o bem“.
Da mesma forma, Arno C. Gaebelein(1861-1945), ministro metodista, em seu “Comentário de
Gênesis 4:7”, declara:

“A oferta e da adoração de Caim foi a de um homem natural e hipócrita, que não precisa de
sangue, mas confia em seu caráter e boas obras. Caim não creu no que o Senhor Deus havia dito
sobre o pecado, a pena do pecado, e ele não acreditou na previsão de Gênesis 3:15. Deus
amaldiçoou a terra, mas Caim trouxe do fruto da terra. Hoje as massas de cristãos professos ‘vão
pelo caminho de Caim’(Jd 10-11). A oferta de Abel consistiu dos primogênitos do rebanho. Cria que
um pecador merecia a morte. Ele cria no sacrifício substitutivo(Hb 11:4). Abel é um tipo de Cristo.
Abel foi pastor de ovelhas. Não há relato de mal sobre ele. Ele foi odiado por seu irmão sem uma
causa. Abel morreu por causa do pecado de seu irmão. Caim, que odiava o seu irmão Abel,
prefigurava os judeus, que rejeitaram a Cristo e o entregaram nas mãos dos gentios e
derramaram sangue inocente”.

Mas talvez alguém ainda pergunte: ‘Se é verdade que ele era mesmo um ímpio e alguém
totalmente impossibilitado para as coisas espirituais, por que então Deus disse que se ele fizesse o
bem seria aceito? Em que sentido então ele seria aceito?’. A grande verdade é que, o texto fala que
o ímpio não está totalmente impossibilitado de fazer o bem a seus semelhantes, e que se assim o
fizer, tem o reconhecimento de Deus(Sl 41:1). A Vulgata Latina (Versão do Pe Matos Soares), reza
4:7ª desta forma:

“Porventura, se tu obrares bem, não receberás (por isso galardão)...?”.

De forma semelhante, outras traduções rezam:

“Portanto, se fizeres bem, não serás elevado?”(Statenvertaling, 1618-1619 [Bíblia Holandesa]).

“Não é assim? Se você for piedoso, você será agradável”(Lutero, 1522 [Bíblia Alemã]).

“Se agires corretamente, não haverá exaltação?”(Diodatti, 1602 [Biblia Italiana]).

“Certamente, se agires bem, você vai ver de novo o seu rosto” (Louis Second [Bíblia Francesa]).

“Se fizeres bem, não serás enaltecido?”(Reina/Valera [Espanhola]).

A palavra hebraica que aparece aqui como “serás aceito”, no hebraico, ‫( ׂשְ אֵ ת‬seh-ayth), que de
acordo com “A Hebrew and English Lexicon of the Old Testament”, de Francis Brown, S. R. Driver e
C. A. Briggs, tem o significado de “exaltação”(p.673). William L. Holladay afirma que esta palavra
hebraica tem o significado de “dignidade, nobreza, exaltação”(Léxico Hebraico e Aramaico do
Antigo Testamento, p.495). Evidentemente, isto significa meramente uma evolução moral, não
espiritual. É como disse o ministro batista John Gill(1697-1771), em seu “Comentário de Gênesis
4:7”:

“Se Caim tivesse feito o bem, seu semblante não estaria caído, mas estaria levantado, e alegre
como antes”.
(b)” E se não fizeres bem, o pecado jaz à porta...” – Se um ímpio não faz o bem, certamente o
pecado e a maldade o rodearão e o envolverão.

(c) “e sobre ti será o seu desejo...” – A não prática do bem não só acarretaria no envolvimento de
Caim no pecado, mas em ter sua vida totalmente dominada pelo pecado. Isto significa dizer, que o
reprovado “respira o pecado”, ou como melhor exprimiu Pedro, ao falar dos filhos do maligno,
afirmando que estes estão “deleitando-se em seus enganos... não cessando de pecar”(2 Pd
2:13,14).

(d)”... mas sobre ele deves dominar” – O ímpio Caim foi aqui exortado a não pecar, a não dar lugar
a ira, pois uma pessoa irada, está propensa a fazer coisas muito tolas(Ec 7:9; Pv 14:17).

Agora podemos entender o porque do Senhor ter dito a Caim que o pecado jazia à sua porta. Ora,
Caim não estava tão grandemente irado, com o semblante caído?(vv.5-6). O pecado (o desejo do
fratricídio) começou a rodeá-lo e a envolvê-lo a partir do momento que a ira tomou conta de seu
coração. Ao dar lugar a ira, não dominando tal sentimento, Caim pecou contra Deus e contra seu
irmão!

2. “Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho proposto a
vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe pois a vida, para que vivas, tu e a tua
descendência”(Dt 30:19).

Comentário: Pelo contexto, este texto se refere ao povo de Deus no AT (Dt 30:20), não aos ímpios
(pagãos, gentios), até porque a Lei não fora dada aos tais (Sl 147:19,20; Dt 4:8). O próprio contexto
de Dt 30:19, mostra que Deus estava falando direta e unicamente para Israel(vv.10,16,18-20). O v.
20 diz: “para que fiques na terra que o Senhor jurou a teus pais, a Abraão, a Isaque, e a Jacó, que
lhes havia de dar”. Deus estava, falando para um povo remido por Ele(2 Sm 7:23), e, obviamente,
um povo remido pode fazer escolhas espirituais, coisa nula nos ímpios ainda não remidos, que
estão totalmente impossibilitados de fazer escolhas espirituais que agradem a Deus(Rm 3:9-18).
Contudo, mesmo a escolha de coisas espirituais, por parte de um homem remido, não é um
produto de sua vontade ou natureza corrupta, totalmente avessa e insujeita à lei de Deus(Rm 8:7),
e é algo que vem do próprio Deus, visto que, é Ele, segundo o contexto de Dt 30:19, que capacita o
homem remido a fazer esse tipo de escolha que agrade a Deus, e viver:

“E o Senhor teu Deus circuncidará o teu coração, e o coração de tua descendência, para amares
ao Senhor teu Deus com todo o coração, e com toda a tua alma, para que vivas”(Dt 30:6).

Esse texto de Dt 30:6 corresponde ao texto de Sl 25:12, que diz:

“Qual é o homem que teme ao Senhor? Ele o ensinará no caminho que deve escolher”.

Portanto, o uso deste texto(Dt 30:19), é uma prova da desonestidade intelectual dos arminianos,
sendo uma violação dos princípios fundamentais de interpretação bíblica. Aliás, vários
comentaristas das Escrituras tem dado sua posição nesse sentido, de que o texto não fornece
prova em prol do livre arbítrio, como se segue:
“Ele apela para o céu e a terra por sua fidelidade, e exorta-os a escolher o caminho da obediência,
como o caminho da vida. Aqueles que morrem terão apenas que culparem a si próprios; eles não
recebem o conhecimento da verdade, para que eles possam ser salvos: ao mesmo tempo que,
quem ouve e o escolhe, o faz, não por si próprio, mas pelo dom de Deus. Aquele que é salvo,
deve isto a graça de Deus, todo homem que é maldito deve culpar a si próprio”(Thomas
Coke[1747-1814], Ministro Metodista , Comentário de Deuteronômio 30:19).

“Ou seja, amar e obedecer a Deus, o que não está no poder do homem, mas o Espírito de Deus só
opera isto em seus eleitos”(Biblia de Genebra [1590], Comentário de Deuteronômio 30:19).

“Contudo, o homem, como um cadáver morto, de maneira alguma, pode por si mesmo, se
levantar. Foi, por conseguinte, um discurso deficiente e repugnante daquele que disse, Quod
vivamus, Dei munus est, quod bene vivamus, nostrum: que se vivemos, é de Deus; mas se vivemos
bem, é de nós mesmos”(John Trapp[1601-1669], Ministro Anglicano, Comentário de
Deuteronômio 30:19).

“A alternativa de uma vida boa e feliz, ou uma desobediente e miserável. O amor de Deus e o
cumprimento de Sua vontade são as únicas formas de garantir as bênçãos e evitar os males
descritos. A escolha foi deixada para eles, e, exortando-lhes os incentivos para uma escolha sábia,
o próprio Moisés começou animadamente em um tom de seriedade solene e impressionante
semelhante ao de Paulo aos anciãos de Éfeso [At 20:26,27]”(Robert Jamieson [1802-1880],
Andrew R. Fausset[1821–1910], e David Brown[1803-1897], Ministros Anglicanos, Comentário de
Deuteronômio 30:19).

“A escolha diante dos israelitas foi, em última análise, de vida ou morte(Dt 30:15-18; Cf Gn 1:28;
2:9,17; 3:8,22-24; 5:22-24; Gn 6:9; 17:1). Moisés chamou imutável e permanentemente o céu e a
terra como testemunhas da realização deste pacto (Dt 30:19). Aqueles que fizeram antigos
tratados do Oriente Próximo comumente chamado de testemunhas para atestar eles, como Deus
fez aqui. Deus também instou o povo a olhar para as consequências da sua escolha e escolher a
vida e obediência deliberadamente (Dt 30:19-20 ). O motivo maior, o amor a Deus, permitiria
que os israelitas obedecessem ao Senhor com firmeza. Eles deveriam, consequentemente, ‘viver
na terra’ que Deus havia prometido aos patriarcas(Dt 30:20)”(Thomas Constable, Notas Expositivas
sobre Deuteronômio 30:19).

“Prosseguindo, Moisés lembrou ao povo da glória suprema da nação. Para eles, a lei de Deus não
era algo a ser buscada. Estava perto deles, sim, em seus corações. Como o discurso chegou ao seu
fim, Moisés lembrou o povo de sua fidelidade ao entregar-lhes a mensagem de Deus. Por sua
fidelidade ele chamou o céu e a terra como testemunhas, e, reconhecendo que tudo dependia de
seu exercício desse poder, exortou-os a escolher a vida”(George Campbell Morgan[1863-1945],
Ministro Congregacional Inglês, Comentário de Deuteronômio 30:19).

“Ao mesmo tempo, embora a escolha pertencesse a Israel, Deus se preocupava com o que eles
escolheriam. Quando Moisés rogou a Israel, clamando-o a escolher a vida, sabemos que ele reflete
o coração de Deus em relação a Israel. Como Deus foi glorificado através de Israel, Ele foi até
eles, mas era obvio que o próprio Deus preferia ser glorificado por meio de um obediente,
abençoando Israel. Então Ele confessou, escolha a vida!”(David Guzik, Ministro Presbiteriano,
Comentário de Deuteronômio 30:19).

“Deus, tendo, portanto, colocado a salvação ao alcance do judeu, depois de ter fornecido
expiação por seu pecado e graça suficiente para a obediência, por outro lado ele poderia mais
justamente chamar o céu e a terra para registrar que havia posto diante deles a vida e a morte, a
bênção e uma maldição. Ele poderia chamá-los a escolher a vida, pois ele não tem prazer na morte
do ímpio”(Joseph Sutcliffe[1786- 1856], Ministro Metodista, Comentário de Deuteronômio 30:19).

3. “Porém, se vos parece mal aos vossos olhos servir ao Senhor, escolhei hoje a quem
sirvais; se aos deuses a quem serviram vossos pais, que estavam além do rio, ou aos
deuses dos amorreus, em cuja terra habitais; porém eu e a minha casa serviremos ao
Senhor”(Js 24:15).

Comentário: (a)Pelo próprio texto de Js 24:15 e contexto, este texto se refere ao povo de Deus no
AT (Js 24:1-11,16-17), não aos ímpios (pagãos, gentios), até porque a Lei não fora dada aos tais (Sl
147:19,20; Dt 4:8). Note que a própria expressão do texto se refere aos judeus daquela época:

“...se aos deuses a quem serviram vossos pais, que estavam além do rio, ou aos deuses dos
amorreus, em cuja terra habitais...”.

Josué menciona a idolatria dos judeus, que moravam do outro lado do Jordão e na terra dos
amorreus. Mas note uma coisa. Deus fala para os judeus que moravam na terra dos amorreus, não
para os próprios amorreus. Se esta expressão de Js 24:15 tivesse sido aplicada aos pagãos
amorreus, aí sim estaria provado o dogma do livre arbítrio, mas não foi isso que aconteceu.
Portanto, o uso deste texto, é uma prova da desonestidade intelectual dos arminianos, sendo uma
violação dos princípios fundamentais de interpretação bíblica. O texto não apresenta o dogma do
livre arbítrio. Aliás, vários comentaristas das Escrituras tem dado sua posição nesse sentido, como
se segue:

“Com esse propósito, Josué, por meio da experiência, emancipa consideravelmente os Judeus,
tornando-os, por assim dizer, os seus próprios mestres, e livres para escolher a que Deus eles
estavam dispostos a servir, e não com o propósito de retirá-los de sua verdadeira religião, uma vez
que já estavam inclinados a fazê-lo, mas para evitar que eles imprudentemente fizessem
promessas, para logo após violá-las. Pois o objeto real de Josué foi, como veremos, renovar e
confirmar a aliança que já havia sido feita com Deus”(João Calvino[1509-1564], Reformador de
Genebra, Comentário de Josué 24:15).

“Que eles agora fossem sinceros, não pode ser razoavelmente colocado em dúvida, pois serviram
ao Senhor todos os dias de Josué e dos anciãos que viveram depois deles(Js 24:31), mas depois
eles se voltaram para o lado contrário e serviram outros deuses”(Adam Clark [1760-1832], Ministro
Metodista, Comentário de Josué 24:15).

“Seja a sua escolha, uma vez que podem ser: esta foi a resolução de Josué, e até onde ele sabia
que o sentido de sua família, ou tinha influência sobre ela, poderia e fez falar por eles, e que ele
observa como um exemplo dado aos israelitas para que seguissem posteriormente, ele muito
bem sabendo que os exemplos de grandes personagens, como governantes, superiores e
subordinados, têm grande influência sobre aqueles que estavam sob seu comando”(John
Gill[1697-1771], Ministro Batista, Comentário de Josué 24:15).

“Ciente de que os israelitas, como uma nação, estavam muito longe de caírem no ateísmo, ou
que fossem contrários em servir a Deus, Josué não poderia imaginá-los tão cegos e ingratos com o
desejo de servir a qualquer outro Deus além de Jeová. Isto, e nada mais, é o seu significado neste
lugar. Ele fala como um orador, ele convida-os a escolher, simplesmente porque ele supõe que a
escolha já fora feita. Assim ele se dirigiu aos israelitas deste modo”(Thomas Coke[1747-1814],
Ministro Metodista, Comentário de Josué 24:15).

“Com base nos grandes atos de Deus para eles (Js 24:14), Josué apelou para os israelitas a se
comprometerem com Ele de novo (Rm 12:1-2). Apesar de Israel não ter sido tão culpado de
idolatria, nesta fase da sua história como ele foi mais tarde, este pecado existia no país em algum
grau(Lv 17:7)”(Thomas Constable, Comentário de Josué 24:15).

“Essas referências muito concretas para a idolatria implica que as advertências anteriores haviam
sido insuficientes com relação a seu efeito. De fato, podemos aprender com os seguintes livros
históricos que não foi até o cativeiro que Israel abandonou completamente a adoração de falsos
deuses”(John R. Dummelow, Comentário de Josué 24:15).

4. “Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei
em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo”(Ap 3:20)

Comentário: Pelo contexto do verso, o texto se refere diretamente ao pastor da igreja de


Laodicéia(Ap 3:14), e indiretamente a igreja de Laodicéia(Ap 3:20,21), não aos ímpios. O próprio
verso 21, menciona que o vencedor está reinando com Cristo, e o própria ideia geral do Apocalipse
é que é a Igreja que está reinando com Cristo(Ap 1:6) e que vence, liderada por Ele(Ap 17:14). E
que todo esse texto é uma referência aos cristãos, confirma-o o v.22: “Quem tem ouvidos, ouça o
que o Espírito diz às igrejas”. Portanto, o texto se refere unicamente a Igreja. Alguns comentaristas
das Escrituras têm chegado a esta conclusão:

“Vemos a passagem como proporcionando uma imagem impressionante das características,


causa e cura de uma experiência cristã insatisfatória. A causa desta condição lamentável. Nem
sempre se percebe a posição que Cristo ocupa em relação à Igreja. Ele é externo a ela. ‘Eis que
estou à porta e bato’ (Ap 3:20)”(James Nisbet[1823-1874]; Ministro Presbiteriano, Comentário de
Apocalipse 3:20).

“O estado espiritual da noiva ali, entre a vigília e o sono, lento para abrir a porta de seu amante
divino, respostas para a morna Laodicéia aqui”(Robert Jamieson[1802-1880], Andrew Robert
Fausset e David Brown[1803-1897], Ministros Anglicanos, Comentário de Apocalipse 3:20).

“É uma referência clara a essa parábola. O Filho do Homem, que João viu em pé no meio dos
candeeiros, é retratado como tendo chegado e, como de pé e batendo na porta da igreja para que
Ele possa entrar e cear com eles. 'Eu estou aqui ', diz Ele, 'batendo' . Mas a inferência é que eles
não estão prontos para ouvir. Então em seguida, Ele faz seu apelo às pessoas na igreja. Se alguém
vai ouvir a Sua voz e abrir a porta Ele virá em sua casa e eles vão cear juntos. Em outras palavras,
Ele deseja que a igreja o veja como na iminência de sua vinda na glória, e para que esteja
sensível com relação a esse título”(Peter Pett, Ministro Batista, Comentário de Apocalipse 3:20).

“É característico de João notar as palavras de Cristo, que expressam as relações recíprocas de si


mesmo e seus seguidores”(Marvin R. Vincent [1834-1922],Ministro Anglicano, Comentário de
Apocalipse 3:20).

“A Igreja de Laodicéia é representada pela noiva negligente em cuja porta o noivo bate, mas ela é
tão negligente que ela abre a porta tarde demais, pois ele se foi. Ela diz: ‘É a voz do meu amado
que bate , dizendo: Abre-me , meu amor. Porque a minha cabeça está cheia de orvalho, os meus
cabelos das gotas da noite’. A alusão representa a Laodicéia e o amor entre Salvador e a Igreja,
mas o perigo com medo de uma recepção diferida para ele”(Cambridge Greek Testament for
Schools and Colleges; Comentário de Apocalipse 3:20).

“A linguagem lembra Cantares de Salomão 5:2 (φωνὴ ἀδελφιδοῦ μου κρούει ἐπὶ τὴν θύραν ·
ἄνοιξον μοι, por evidência contemporânea do uso alegórico dos Cânticos (ver nota de Gunkel em 4
Esdras. 05:20 f. E da Bacher Agada d. Tannaiten, i . 109, 285 f. 425, etc) interpretado no sentido
escatológico (γινώσκετε ὅτι ἐγγύς ἐστιν ἐπὶ θύραις Mc 13:29; Mt 24:33) do logion em Lc 12:35-38
sobre os servos que esperam o seu Senhor , ἵνα ἐλθόντος καὶ κρούσαντος εὐθέως ἀνοίξωσιν
αὐτῷ (depois do que, como aqui, ele lhes concede comunhão íntima com ele mesmo e assume a
liderança no assunto)”(William Robertson Nicoll[1851-1923], Ministro Presbiteriano, Comentário
de Apocalipse 3:20).

“E se assim for, a interpretação deve ser fundamentada sob a relação conjugal entre Cristo e a
Igreja, Cristo e da alma, - de que esse misterioso livro é expressivo”(Henry Alford[1810 -1871],
Ministro Anglicano, Comentário de Apocalipse 3:20).

“Sua vinda está próxima, ele já está à porta. E ele deseja que a igreja de Laodicéia também esteja
preparada para recebê-lo, a fim de que ele não chegue no juízo, no qual não entrará, e permaneça
com Ele na festa da bendita comunhão”(Heinrich Meyer[1800 -1873], Ministro Luterano,
Comentário de Apocalipse 3:20).

“Aparentemente esta mensagem se refere a Igreja de Laodicéia, que, não obstante a grande
massa do povo, que professava estar à parte da Igreja visível, estava neste estado terrível, e sobre
quem Jesus declarou, que ele iria vomitá-los da sua boca, e contudo o Senhor tinha um povo entre
eles, para quem ele enviou esta carta, e para quem ele deu um conselho, para comprar dele ouro e
vestes brancas, e colírio”(Robert Hawker [1753-1827], Ministro Anglicano, Comentário de
Apocalipse 3:20).

“A figura não se destina a transmitir à Igreja o pensamento da presença constante do Senhor, mas
sim a certeza de que Ele assumiu uma nova posição, que Ele está transmitindo o julgamento, e que
Ele vai admitir imediatamente o seu povo para o pleno gozo de sua bem-aventurança
prometida”(Philip Schaff [1819-1893], Ministro Presbiteriano, Comentário de Apocalipse 3:20).

“Enquanto é dirigida a toda a assembleia na pessoa de seu anjo, todos nós instintivamente
sentimos e sabemos que as palavras são pessoais para nós, sim, para o coração mais íntimo de
cada um de nós, de você, de mim”(William Newell[1868-1956], Ministro Congregacional,
Comentário de Apocalipse 3:20).

“Assim, afinal vemos o Senhor de pé fora da porta da professa igreja e dizendo tão ternamente:
‘Eis que estou à porta, e bato: se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e
com ele cearei, e ele comigo ‘(v.20). Amados amigos, está ficando tarde, na dispensação. O Senhor,
que, no início, estava no meio de Sua Igreja, está fora desse sistema morno que se chama pelo seu
nome, e ele bate infrutiferamente no lugar da entrada”(Henry Ironside[1876-1951],Ministro da
Igreja dos Irmãos de Plymouth, Comentário de Apocalipse 3:20).

“Este foi realmente um fundamento, expressado em uma rejeição, julgada pelo Senhor, que
deveria estar assentado no trono desta Igreja, congratulou-se, em cada reunião, o chefe do
pensamento de cada oração e sermão. Pense sobre o recado do lado de fora da porta! Ali Ele é um
esquecido, um Senhor negligenciado! Ele não disse isso para o desprezo da Igreja? Não totalmente
assim, porque Ele disse: ‘Eis que estou à porta, e bato!’. Ele não disse que Ele estava ali como um
exilado, embora Ele estivesse exilado . Ele disse que estava do lado de fora querendo entrar. O
Senhor dificilmente esperava que ele fosse bem acolhido pela Igreja como um todo. Ele havia
falado de vomitar a Igreja da sua boca, e eles evidentemente o tinham expelindo para fora deles.
Ele ficou na porta, dirigindo, e não toda a Igreja tanto quanto individualmente. Ele disse: ‘Se
alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele
comigo’”(Robert E. Neighbour[1815-1859], Ministro Batista, Comentário de Apocalipse 3:20).

5. Até quando, ó simples, amareis a simplicidade? E vós escarnecedores, desejareis o


escárnio? E vós insensatos, odiareis o conhecimento? Atentai para a minha
repreensão; pois eis que vos derramarei abundantemente do meu espírito e vos farei
saber as minhas palavras. Entretanto, porque eu clamei e recusastes; e estendi a
minha mão e não houve quem desse atenção. Antes rejeitastes todo o meu conselho, e
não quisestes a minha repreensão. Também de minha parte eu me rirei na vossa
perdição e zombarei, em vindo o vosso temor. Vindo o vosso temor como a assolação,
e vindo a vossa perdição como uma tormenta, sobrevirá a vós aperto e angústia. Então
clamarão a mim, mas eu não responderei; de madrugada me buscarão, porém não me
acharão. Porquanto odiaram o conhecimento; e não preferiram o temor do Senhor.
Não aceitaram o meu conselho, e desprezaram toda a minha repreensão. Portanto
comerão do fruto do seu caminho, e fartar-se-ão dos seus próprios conselhos. Porque o
erro dos simples os matará, e o desvario dos insensatos os destruirá. Mas o que me der
ouvidos habitará em segurança, e estará livre do temor do mal”(Pv 1:22-33).
Comentário: Estes textos também são usado pelos arminianos, em defesa do dogma da ‘graça
resistível’. Mas, o contexto do capítulo, mostra que estes textos são mais uma exortação ao
povo de Israel(vv.1-4). Temos aqui uma descrição de dois tipos de filhos de Deus – o
desobediente(vv.22-32) e o obediente(v.33). De início, o Senhor exorta o povo ao
arrependimento(v.22) e a refletir no castigo divino:

“Atentai para a minha repreensão; pois eis que vos derramarei abundantemente do meu
espírito e vos farei saber as minhas palavras”(Pv 1:23).

Note que, com a expressão “vos derramarei abundantemente do meu espírito”, Deus está
prometendo que vai enchê-los de seu Espírito, até que transbordem.

Neste sentido, perguntamos: A quem Deus destina o enchimento de seu Espírito? Aos ímpios e
descrentes? Se formos olhar o AT e o NT, veremos que essa graça era prometida e conferida
apenas aos crentes(Ex 35:30-35; 31:1-5; At 2:1-4; Ef 5:18), nunca a descrentes.

De acordo com o próprio autor do livro [Salomão], a quem está destinado especificamente a
repreensão, visando a correção e a obtenção da sabedoria? De acordo com Salomão, tais
coisas estão destinadas aos filhos de Deus(Pv 3:11-12), até porque o próprio contexto geral do
capítulo é muito claro, ao se dirigir aos objetos do convite como “Filho meu...”(Pv 1:8,11,15). E
com certeza, a repreensão do Senhor, faz com que os seus filhos abandonem o caminho do
erro, e voltem a guardar a palavra do Senhor e venham a entendê-la em toda a sua
plenitude(Sl 118:18; 119:67,71).

Nos vv.24-27, o Senhor afirma, que, mesmo diante da repreensão, o povo de Deus não se
arrepende, se “perde” e é envolvido pelo medo e consumido pelo aperto e angústia. Isto é
relatado também por Davi:

“Quando a ira de Deus desceu sobre eles, e matou os mais robustos deles, e feriu os escolhidos
de Israel. Com tudo isto ainda pecaram, e não deram crédito às suas maravilhas. Por isso
consumiu os seus dias na vaidade e os seus anos na angústia”(Sl 78:31-33).

Em que sentido, então Deus menciona a “perdição” de Israel(Pv 1:27), quando diz “eu me rirei
na vossa perdição”? A palavra hebraica que aqui é traduzida por “perdição”, é a palavra ‫בְּאֵ ידְ ֶ ֣כם‬
(bəêḏəḵem), que de acordo com o “A Hebrew and English Lexicon of the Old Testament”, de
Francis Brown, S. R. Driver e C. A. Briggs, significa “angústia, calamidade; calamidade nacional por
causa da apostasia de Israel”(p.15). É como se Deus estivesse dizendo: “Eu rirei, quando vocês
estiverem angustiados”. Então, Deus menciona a “perdição” de Israel, não no sentido dado pelos
arminianos, mas no sentido dado pelas Escrituras: O povo de Deus, os israelitas, seria assolado
com aperto e angústia(Pv 1:27).E é somente depois de todo este sofrimento, que o povo rebelde
procura a Deus(Pv 1:27-28 comp. com Sl 78:34-35), mas não o acha, isto é, Deus recusa-se a
respondê-lo, como mais um castigo por seus pecados(Pv 1:28-32). Isto é descrito profeticamente,
pela própria mão de Salomão, quando registrou o sentimento do povo de Deus diante da recusa
divina em responder a este povo:
“Eu abri ao meu amado, mas já o meu amado tinha se retirado, e tinha ido; a minha alma
desfaleceu quando ele falou; busquei-o e não o achei, chamei-o e não me respondeu”(Ct 5:6).

Nos vv.31-32, o Senhor revela que, diante de sua recusa em respondê-los, eles (os israelitas) iriam
colher o que plantaram, sendo alvos do castigo do próprio Senhor:

“Sim, fizeram os seus corações como pedra de diamante, para que não ouvissem a lei, nem as
palavras que o Senhor dos Exércitos enviara pelo seu Espírito por intermédio dos primeiros
profetas; daí veio a grande ira do Senhor dos Exércitos. E aconteceu que, assim como ele clamou e
eles não ouviram, também eles clamaram, e eu não ouvi, diz o Senhor dos Exércitos. Assim os
espalhei com um turbilhão por entre todas as nações, que eles não conheceram...”(Zc 7:12-14).

O último verso(v.32) demonstra que o resultado da obediência ou da desobediência é a aquisição


das “bênçãos temporais” ou dos “castigos temporais”, o que realça mais ainda a crença de que os
objetos do convite da Sabedoria, são aos filhos de Deus, o próprio povo de Deus, não os ímpios,
pois os justos são as pessoas que, como resultado de seus pecados, recebem como punição os
‘castigos temporais’ de Deus(Dt 32:48-52; 1 Co 5:1-5,13), enquanto que os ímpios, filhos do diabo,
recebem, pela sua desobediência, o castigo eterno(2 Ts 1:7-9; Sl 9:17). Outro fato que mostra que
Deus não podia estar falando para os pagãos ou gentios, era que estes foram excluídos do
conhecimento da lei de Deus(Sl 147:19,20; Dt 4:8), de forma, que nunca poderiam ser alvos da
promessa divina de Pv 1:23 - “e vos farei saber as minhas palavras”.

Justamente por todas estas evidências, muitos comentaristas das Escrituras, tem endossado
também da mesma opinião, como se segue:

“E tais foram as primeiras pessoas que foram chamadas por Cristo através do ministério da
Palavra, mesmo efetivamente, pois eles eram infantes e crianças de peito, em comparação com os
outros, por quem foram desprezados como iletrados e ignorantes da lei(Mt 11:25); que geralmente
respeitavam os judeus, que eram externamente chamados por Cristo, e eram um povo simples e
insensato, entregue a usos e costumes tolos, às tradições dos anciãos , e amavam a loucura e as
suas trevas, e permaneciam nas mesmas, invés da luz do Evangelho(Jo 3:19)”(John Gill[1697-
1771], Ministro Batista, Comentário de Provérbios 1:22).

E em seu “Comentário de Provérbios 1:23”, Gill declara:

“As doutrinas do Evangelho, palavras de graça e sabedoria, e como nunca homem algum falou
como fez Cristo, seus inimigos se tornaram testemunhas, das palavras de paz e de reconciliação, da
vida e da justiça, e da salvação eterna, que foram feitas em uma conhecida maneira ministerial por
Cristo e seus apóstolos, mas os judeus eram tão tolos a ponto de odiarem e desprezarem o
conhecimento dessas coisas”.

E um ministro anglicano, diz:

“Provérbios 1:24-32 oferece uma oportunidade para pregar sobre a misericórdia de Deus a um
povo rebelde. Ele chama, estende Suas mãos, aconselha, e administra a reprovação. Por outro
lado, os homens recusam, desrespeitam, aviltam, e rejeitam. A consequência natural segue;
semeando a desobediência eles colhem juízo. Este juízo consistiu em clamar a Deus e não receber
nenhuma resposta, buscando-o diligentemente e não encontrando-o. A passagem termina com
uma promessa de que eles finalmente presenciarão a libertação da morte, e por último, e
liberdade do medo agora”(James Gray[1851-1935], Comentário de Provérbios 1:24-32).

6. “Se quiserdes, e obedecerdes, comereis o bem desta terra. Mas se recusardes, e fordes
rebeldes, sereis devorados à espada; porque a boca do Senhor o disse”(Is 1:19-20).

Comentário: Novamente, um outro texto dirigido ao povo de Deus no AT, não aos pagãos ou
gentios da época. De fato, o contexto geral do texto, mostra que Isaías estava se referindo a “Judá
e Jerusalém, nos dias de Uzias”(v.1).Neste texto, temos meramente um relato dos pecados e
sofrimentos do povo de Deus. Tão grande era o pecado desse povo, que o Senhor o chama
espiritualmente de “Sodoma” e “Gomorra”(v.10).(Estas duas cidades tinham sido destruídas mais
de 2000 anos antes de Isaías escrever seu livro – Gn 19:12-25; Lc 1&:268-29; 2 Pd 2:6; Jd 7). Neste
sentido, o Senhor a chama ‘nação pecadora”(v.4), a “prostituta”(v.21). Ao mesmo tempo que o
Senhor descreve os pecados(vv.2-6,10-16) e os sofrimentos do povo de Israel(v.7), Ele chama o
povo para ser remido, isto é, para ser purificado de seu pecado(v.18). Em toda a Bíblia, somente,
somente um único povo é chamado por Deus para ser remido. Quem é este povo? R: Os eleitos!
(Rm 8:30). Mesmo no AT, apenas um único povo, foi chamado e escolhido para ser remido e
receber o perdão dos pecados – Israel(1 Cr 17:21-23; 2 Sm 7:23), enquanto que todos os pagãos ou
gentios, foram excluídos da possibilidade do conhecimento e da obtenção desta redenção(Sl
147:19-20; Am 3:2).

É um fato inconteste de que ambos os textos se referem ao próprio povo de Deus no AT, não aos
ímpios pagãos ou gentios, conforme atestam vários comentaristas das Escrituras:

“Isso estava de acordo com as promessas que Deus fez a seus pais, e os motivos para a
obediência colocados diante deles, que foram tirados do fato, que eles devem possuir uma terra
de distinta fertilidade, e que a obediência deve ser atendida com prosperidade nacional
eminente“(Albert Barnes [1798-1870], Ministro Presbiteriano, Comentário de Isaías 1:19).

“O Senhor agora desafiou Israel a um julgamento formal. À luz do estado de Israel (Is 1:2-17),
houve apenas um curso razoável de ação. Os israelitas poderiam continuar como estavam e
serem destruídos, ou se submeterem a vontade de Deus e serem abençoados. Se eles estavam
dispostos a concordar e obedecer, Deus iria abençoá-los novamente com a fertilidade (cf. Is 1:3). Se
eles decidissem se recusar e se rebelar, Ele permitiria que seus inimigos os derrotassem e os
destruíssem. A mudança de comportamento, fruto do arrependimento, necessária para
demonstrar uma atitude de arrependimento. É sempre assim”(Thomas Constable, Notas
Expositivas Sobre Isaías 1:18-20).

“Como os judeus obtiveram a posse daquela terra, antes dos tempos de Cristo, pela sua
obediência às leis de Deus, que foram dadas a eles como um corpo político, e que, desde que as
observassem, eles teriam permanecido usufruindo de tranquilidade e cheios de todas as bênçãos
de que, por isso, quando Cristo veio, se o tivessem recebido, se o abraçassem, e reconhecessem
como o Messias, e tivessem sido obedientes à sua vontade, mas não apenas externamente, eles
teriam permanecido na sua própria terra, e usufruído de todas as coisas boas invés de serem
perturbados pelos inimigos”(John Gill[1697-1771], Ministro Batista, Comentário de Isaías 1:19).

“Bênçãos temporais na ‘terra de sua posse’ eram proeminentes nas promessas do Antigo
Testamento, como adequadas à infância da Igreja (Ex 3:17). As promessas espirituais do Novo
Testamento derivam seu imaginário do Antigo(Mt 5:5)”(Robert Jamieson [1802-1880], Andrew R.
Fausset e David Brown[1803-1897], Ministros Anglicanos, Comentário de Isaías 1:19-20).

“Aqui, Deus oferece a Judá uma escolha. Eles podem encontrar esperança no meio de seu
castigo, libertados de ritual religioso vazio, e purificados de seus pecados. Mas eles deveriam
entregar o coração diante de Deus, e não se recusarem e serem rebeldes. Em vez disso, eles
deveriam estar dispostos e obedientes”(David Guzik, Ministro Presbiteriano, Comentário Sobre
Isaías 1:16-20).

7. “Ó vós, todos os que tendes sede, vinde às águas, e os que não tendes dinheiro, vinde,
comprai, e comei; sim, vinde, comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite”(Is 55:1)

Comentário: Mas uma vez, o contexto revela que o Senhor está fazendo o “convite” a sua igreja do
AT, ao povo de Deus, de Israel, não aos ímpios pagãos(vv.3-5). O v. 3 diz que este povo receberia as
“as firmes beneficências de Davi”. A palavra hebraica aqui traduzida por “beneficências” é a
palavra ‫( ַחֽסְ ֵ ֥די‬ḥas·ḏê), que ), que de acordo com o “A Hebrew and English Lexicon of the Old
Testament”, de Francis Brown, S. R. Driver e C. A. Briggs, significa “misericórdias, atos de bondade,
as exibições históricas de benignidade para Israel”(p.338), e evidentemente, os povos pagãos
estavam diretamente excluídos dessas bênçãos, visto terem sido privados de receberem a
mensagem de salvação dada a Israel(Sl 147:19,20).Diversos comentaristas das Escrituras tem
chegado a esta conclusão:

“Cristo, ao propor suas graças e dons à sua Igreja, dispensa os hipócritas que estão cheios de suas
obras imaginárias, e os epicuristas que estão cheios com as suas paixões mundanas, e por isso não
têm sede, depois destas águas”(Bíblia de Estudo de Genebra [1590], Comentário de Isaías 55:1).

“Todo o recurso sendo enquadrado em conformidade. Quando o Senhor convoca os sedentos de


Seu povo para vir para a água, o convite deve se referir a algo mais do que a água para que um
pastor conduza seu rebanho”(Karl Fredreich Keil [1807-1888], Franz Delitzsch [1813-1890],
Ministros Luteranos, Comentário de Isaías 55:1).

“Temos aqui uma continuação do mesmo bendito assunto como antes. À medida que o Profeta
tinha realizado diante pessoa de Cristo, e, em seguida, a sua Igreja, assim aqui esses assuntos
benditos são seguidos com convites de graça, promessas e garantias de misericórdia nele”(Robert
Hawker [1753-1827], Ministro Anglicano, Comentário de Isaías 55:1).

“Para encorajar a Israel, durante o cativeiro babilônico e da dispersão Romana, a contar com
essas promessas, o Senhor promete um pleno desenvolvimento, que eles possam crer na
grandeza das suas misericórdias. Como o céu está elevado acima da terra, por isso a sua
providência, a sua misericórdia, e seu amor estão acima de todas as nossas visões escassas da
graça. Mas, oh minha alma, não abuses das riquezas da sua bondade: a promessa é para o que
abandona abertamente a maldade de sua vida, e a concupiscência secreta do seu coração”(Joseph
Sutcliffe[1865-1931], Ministro Metodista, Comentário de Isaías 55:1).

8. “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei”(Mt 11:28).

Comentário: O contexto do verso mostra que os “cansados” e os “oprimidos” mencionados por


Jesus, são aqueles “pequeninos”, aos quais o Pai revelara a sua vontade!(vv.25-26). Ademais, todo
o contexto do verso aponta realmente para a negação do livre arbítrio do ímpio, visto que mostra
que Deus não concedeu a oportunidade dos pagãos de Tiro, Sidom e Sodoma se arrependerem de
seus pecados, ainda que prevendo que os mesmos se arrependeriam, caso vissem os milagres de
Cristo (Mt 11:20-23). Isso mostra que o que determina a salvação do homem não é a sua decisão,
mas a decisão divina. Não há nada neste verso, que se possa ser usado para comprovar o dogma
ímpio do livre arbítrio. Aliás, grande parte dos comentaristas das Escrituras compartilha da mesma
opinião:

“Ele convida gentilmente para si os que ele reconhece estarem aptos para tornarem-se seus
discípulos. Apesar de que ele está pronto para revelar o Pai a todos, mas a maior parte é desatenta
com relação a vinda dele, porque eles não foram afetados por uma convicção de suas
necessidades. Hipócritas não demonstram nenhuma preocupação a respeito de Cristo, porque
estão embriagados com sua própria justiça, e nem tem fome e nem sede (Mt 5:6), por sua graça.
Aqueles que se dedicam ao mundo nenhum valor estabelecem sobre a vida celestial. Seria em vão,
pois, Cristo convidar qualquer um destas classes e, portanto, ele se vira para o miserável e
oprimido. Ele fala de seus labores, ou gemidos sob um fardo, e não significa, geralmente aqueles
que são oprimidos pela dor e dissabores, mas aqueles que são oprimidos por seus pecados, que
estão completamente debaixo do aviso da ira de Deus, e estão propensos a afundar sob tão
pesado fardo. Existem vários métodos, de fato, pelo qual Deus humilha seus eleitos, mas como a
maior parte daqueles que são carregados com aflições ainda permanece obstinada e rebelde.
Por pessoas cansadas e sobrecarregadas Cristo quer dizer, aqueles cujas consciências estão
angustiadas por sua exposição à morte eterna, e que estão interiormente tão oprimidas por suas
misérias que eles esmorecem, por causa deste esmorecimento se preparam para receber a sua
graça”(João Calvino[1509-1564], Reformador de Genebra, Comentário de Mateus 11:28).

“As pessoas convidadas, não são ‘todos’ os indivíduos da humanidade, mas com uma
restrição”(John Gill[1697-1771], Ministro Batista, Comentário de Mateus 11:28).

“Os homens não desejarão Cristo, até serem impulsionados”(John Trapp[1601-1669], Ministro
Anglicano, Comentário de Mateus 11:28).

“Longe de separar-nos do amor de Deus em Cristo Jesus, a tribulação da vida presente, a cruz que
carregamos por causa de nosso Senhor, nos une mais intimamente a Ele como um elo da rocha
eterna. Os crentes olham para o invisível e não apenas sobre o visível, eles simplesmente seguem
com pura fé, com a Palavra. E é verdade também no que diz respeito às coisas temporais, como
dissemos acima, que os bens que temos de Deus são mais importantes e mais excelentes do que
infelicidade temporal, pode ser. Mas quanto mais isso é verdade na Igreja, onde esta palavra soa:
meu fardo é leve, ou seja, para aqueles que creem nas minhas palavras, e meu jugo é suave, ou
seja, se olharmos para Cristo, que prometeu nos conceder descanso, como Ele mesmo diz: ‘e
achareis descanso para as vossas almas’ por estas palavras: ‘achareis’ , indicam que os piedosos
estão temporariamente sem descanso. Mas tal momento turbulento é curto, o descanso das
almas, no entanto, que os crentes encontrarão, será essencialmente eterno . Isso é o conforto final
do Evangelho - promessa : ‘resta ainda um repouso para o povo de Deus’(Hb 4:9)”(Paul Edward
Kretzmann, Ministro Luterano, Comentário de Mateus 11:28).

“Vinde a mim - Aqui ele mostra a quem tem o prazer de revelar essas coisas para os cansados e
oprimidos; que estais - Após descanso em Deus: cansados e oprimidos - Com a culpa e do poder do
pecado, e eu lhe darei descanso- eu sozinho (pois ninguém mais pode) irei livremente dar-lhe (o
que não podeis comprar) descanso da culpa do pecado pela justificação, e do poder do pecado
pela santificação”(John Wesley[1703-1791], Ministro Metodista, Comentário de Mateus 11:28).

“Ele diz: ‘Vinde a mim todos os que estão cansados’. Seu convite é para aqueles que estão
exaustos com a busca da verdade”(William Barclay[1907-1978], Comentário de Mateus 11:28).

9. “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados!


quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos
debaixo das asas, e tu não quiseste!”(Mt 23:37)

Comentário: (a)A quem Ele se refere quando diz “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e
apedrejas os que te são enviados”? O contexto do verso mostra que Ele se refere aos escribas e
fariseus(Mt 23:14-36). Quem são as pessoas mencionadas na expressão “quantas vezes quis eu
ajuntar os teus filhos”? Quem são estes “filhos”? São aqueles que são liderados por estes escribas
e fariseus. Nesse sentido, os escribas e fariseus não desejavam que o povo simples fosse reunido
sob a vontade divina-messiânica. Eles, além de não quererem entrar no acesso à essa porta da
divina reunião, também queriam impedir que os outros (os membros do povo comum) entrassem
também, conforme descrito por nosso Senhor nos seguintes termos: “vós mesmos não entrastes,
e impedistes os que entravam”(Lc 11:52).

A expressão “quantas vezes” é um tipo de linguagem antropopática, uma linguagem humana,


usada por Deus, para atribuir a si mesmo palavras ou sentimentos humanos(Vide o Comentário de
Calvino). Tal expressão significa tão somente que sempre foi plano de Deus unir os filhos da
Jerusalém Sacerdotal. Embora, este fosse um plano eterno de Deus, contudo, Ele marcou um
tempo para que este desígnio fosse cumprido(Ez 36:19,24-27). O dia marcado para o começo do
cumprimento deste plano, iniciou-se no dia de Pentecoste(At 2:5-11). Todavia, Jerusalém
sacerdotal, não “quis”, e continuou a pecar contra Deus(isto é, matando, apedrejando, etc).

Os arminianos querem interpretar literalmente a expressão “quantas vezes”. Usando um pouco da


terminologia arminiana, perguntaríamos: Ora, será mesmo que Deus, que sabia de antemão que
eles não iriam atentar para isso(isto é, não iriam ‘querer’), iria realmente perder tempo e dizer
todos os dias: “Por favor, Jerusalém (escribas e fariseus), deixem eu salvar os teus filhos”? Isto não
seria ausência de sabedoria? Não seria Deus onisciente e presciente? E além do mais,
perguntaríamos: Deus é onipotente? Se Ele é realmente todo poderoso, que coisa desejou fazer e
não realizou?(Jó 42:2; Sl 115:3; 135:6; Is 43:13; 46:10; Dn 4:35). Portanto, fica bem claro que tal
expressão é uma figura de linguagem, tal como vemos em outras passagens que dizem que o
Senhor ‘aparentemente’ não sabia de certas coisas(Gn 3:9; 11:5; 18:21; 22:11-12; Jo 6:5-6).
Todavia, outros interpretam a expressão “quantas vezes” como se referindo a Cristo falar, não
como Deus, mas como homem, e que a “Jerusalém” mencionada por ele(os escribas e fariseus),
apenas foram alvos da chamada externa de Deus, não da chamada interna, e que rejeitaram essa
chamada externa. Esse modo de ver o texto, também deve ser apreciado como interessante. O
próprio João Calvino, em seu “Comentário de Mateus 23:37”, comentando a expressão “e tu não
quiseste”, declara:

“Isto pode supostamente se referir a toda a nação, bem como os escribas. Mas eu prefiro
interpretá-lo em referência ao último, por quem a reunião juntamente, foi principalmente
impedida. Por isso foi contra eles que Cristo investiu em toda a passagem; e agora, após ter
comunicado a Jerusalém no número singular, parece não sem razão, que ele imediatamente usou
o número plural. Há um contraste enfático entre Deus ter disposto e não disposto; para expressar a
ira diabólica dos homens, que não hesitam em contradizer a Deus”.

Ademais, a expressão “quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus
pintos debaixo das asas” não tem nenhuma relação com a graça salvífica de Deus, mas meramente
ao desejo de Deus de proteger Jerusalém da ruína e desolação, que de acordo com o contexto,
adviria sobre Jerusalém(Mt 23:38).

De fato, Jerusalém só iria atentar para isso (para a promessa do ajuntamento de Sião, sob a crença
no Cristo) quando fosse aspergida com o Espírito Santo(Zc 12:10). No contexto de Mt 23:37, Jesus
nos revela que esta ‘Jerusalém’ mataria muitos de seus enviados(v.34) e nesta ‘Jerusalém’ estava
incluída Saulo(Paulo), o qual, mesmo ouvindo a pregação de um dos enviados de Jesus –
Estevão(At 6:8-15; 7:1-58) – consentiu em sua morte por apedrejamento!(At 8:1; 22:10).

Veja que mesmo diante do chamado exterior de Deus (pregação de Estevão), o perseguidor e
ímpio Saulo, não se continha, e continuava perseguindo e matando os cristãos(At 7:58; 8:1-3; 9:1-
2). E como Saulo foi convertido? Ora, será que Saulo estava procurando a Deus? A Bíblia diz que
enquanto se preparava para perseguir os cristãos, Jesus lhe apareceu, e que foi isto(a aparição do
Senhor) a causa de sua conversão(At 9:1-6; 26:10-18). Foi Jesus que procurou a Paulo, e não Paulo
que procurou a Jesus. É como o próprio Paulo define a questão:

“E Isaías ousadamente diz: Fui achado pelos que não me buscavam, fui manifestado aos que por
mim não perguntavam”(Rm 10:20).

É como dizia Irineu(130-200), bispo de Lião:


“Ou como o homem irá a Deus se Deus não vir ao homem?”(Contra Heresias, IV; 33:4).

Se bem, que o pecado mencionado por Jesus em Mt 23:37(‘Jerusalém que matas os profetas’), se
referem aos escribas, não propriamente ao próprio povo de Israel, como admitido por alguns
comentaristas das Escrituras.

Tudo isto depõe contra o dogma do livre arbítrio. Assim, o texto de Mt 23:37, invés de provar o
dogma do livre arbítrio, refuta-o. E por que? Simples, porque o texto simplesmente comprova que
o ímpio, em seu estado de morte espiritual completa, não tem nenhum desejo de ir até Deus(Rm
3:9-12; 8:7-8). Neste sentido, a regeneração do homem ímpio, não depende de sua própria
vontade, mas é um ato soberano e exclusivo da graça de Deus(Jo 1:12-13; 6:44-45,65).

De fato, o dogma do livre arbítrio é rejeitado explicitamente pelas Escrituras Sagradas, pois elas
nos dizem, que, quando todos os homens pecaram em Adão(Rm 3:23; 5:12), todos morreram
espiritualmente(Gn 2:17; 8:21; Ef 2:1), e como resultado desta morte espiritual
completa(depravação total), todos os homens são descritos como estando espiritualmente:

(a)Mortos(Ef 2:1)
(b)Cegos(Mt 13:15; 2 Co 4:4).
(c)Surdos(Mt 14:14).
(d)Presos(2 Tm 2:26).
(e)Ignorantes(1 co 2:14).
(f)Pecaminosos por natureza(Gn 6:5; Sl 51:5).

Sendo assim, perguntamos: Podem os mortos se levantarem? Podem os cegos dar visão a si
mesmos? Podem os surdos dar audição a si mesmos? Podem os presos se libertar a si mesmos?
Podem os ignorantes ensinar a si mesmos? Podem os pecaminosos por natureza mudar a si
mesmos? Se os arminianos responderem “não”, então o ímpio nunca teve livre arbítrio. Afinal,
que liberdade ou vontade tem um defunto? Agora, se os arminianos responderem “sim”, então
fica claro, que eles negam explicitamente as consequências do pecado original, professando assim,
a heresia do semipelagianismo.

(b)Outra coisa, note a expressão “e tu não quiseste”. O verbo grego que foi traduzido aqui por
“quiseste”, é ἠθελήσατε(ēthelēsate), que vem de ἐθέλω(theló), que de acordo com o “A Greek
English Lexicon of New Testament” de J. H. Thayer, tem o significado de “estar resolvido ou
determinado, a um propósito, desejar”(p.285). O que indica que aqueles homens ímpios a quem
Cristo se dirigiu em seu discurso, não possuíam, espiritualmente falando, nenhum desejo,
nenhuma resolução ou determinação com relação ao propósito de serem de verem unidos os seus
liderados judeus sob as asas de nosso Senhor. Isso confirma mais ainda a aversão espiritual deles
às coisas espirituais. Na realidade, todo o contexto do v. 37 comprova o estado de total depravação
e morte espiritual deles, visto que nosso Senhor os denomina como “insensatos”(v.17),
“cegos”(v.24), possuindo tanto ódio a Cristo e ao seu Evangelho, a ponto de matarem que ousar
anunciá-lo(v.34).
Deste modo, entende-se que o texto de Mt 23:37, nega o dogma do livre arbítrio, por mostrar que
o homem ímpio, espiritualmente morto, não quer ser unido espiritualmente sob a crença em
Cristo, por ser espiritualmente inimigo de Deus(Jo 3:20; Rm 5:10; Cl 1:21; Tg 4:4), e sendo inimigo
de Deus, sequer pode estar sujeito a lei de Deus!(Rm 8:7). Sob estes prismas, vários comentaristas
tem negado qualquer evidência de base bíblica para o dogma do livre arbítrio em Mt 23:37, como
se segue:

“Mais uma vez, quando os sofistas se aproveitam desta passagem, para provar o livre-arbítrio, e
deixar de lado a predestinação secreta de Deus, a resposta é fácil. ‘Deus quer reunir todos os
homens’, dizem eles, ‘e, portanto, todos têm a liberdade de vir, e sua vontade não depende da
eleição de Deus’. Eu respondo: A vontade de Deus, que é aqui mencionada, deve ser julgada a
partir do resultado. Porque, assim como por sua Palavra, ele chama todos os homens
indiscriminadamente para a salvação, e uma vez que o propósito da pregação é, que todos devem
se valer à sua tutela e proteção, pode ser dito justamente isso que queria reunir todos para si
mesmo. Não é, portanto, o propósito secreto de Deus, mas a sua vontade, que se manifesta pela
natureza da Palavra, que é aqui descrito, pois, sem dúvida, quem ele eficazmente quer para
congregar, ele chama internamente pelo seu Espírito, e não se limita a convidar pela voz externa
do homem.

Se se objetar, que é absurdo supor a existência de duas vontades em Deus, eu respondo cremos
plenamente que a vontade dele é simples e uma, mas como nossas mentes não entendem o
profundo abismo de eleição secreta, para adaptar a capacidade da nossa fraqueza, a vontade de
Deus se manifesta a nós de duas maneiras. E eu estou espantado com a obstinação de algumas
pessoas, que, quando em muitas passagens da Escritura onde eles se deparam com a figura de
linguagem (ἀνθρωποπάθεια ), que atribui a Deus sentimentos humanos, não ficam de maneira
alguma ofendidos, mas somente neste caso se recusam a admiti-lo. Mas, como já tratei totalmente
em outros lugares sobre este assunto, para que eu não seja desnecessariamente cansativo, eu só
indicaria resumidamente que, sempre que a doutrina, que é o padrão de união, é trazida adiante, a
vontade de Deus para reunir todos, de modo que todos não possam estar indesculpáveis “(João
Calvino[1509-1564], Reformador de Genebra, Comentário de Mateus 23:37).

“Nosso Senhor é para ser entendido não com relação a sua vontade divina, como Deus, para reunir
o povo dos judeus internamente, pelo seu Espírito e graça, para si mesmo, porque todos aqueles a
quem Cristo reuniu, neste sentido, foram recolhidos, apesar de toda a oposição feita pelos
governantes do povo, mas de sua afeição humana e, como um homem, e um ministro, para
reuni-los a ele externamente, e, sob o ministério da sua Palavra, para ouvi-lo pregar, assim como
eles poderiam ser levados a uma convicção do reconhecimento dele como o Messias, e que,
embora pudessem crer nele, teria sido suficiente para preservá-los da ameaça da ruína temporal
sobre sua cidade e seu templo, no verso seguinte. Instâncias do afeto humano, e vontade de
Cristo, pode ser observada em Mc 10:21 que será dele, mas não contrariamente a vontade divina,
mas subordinado a ela, pois não é imutável, nem sempre cumprida: enquanto sua vontade divina,
ou sua vontade, como Deus, é sempre cumprida: ‘quem tem resistido à sua vontade?’ Isso não
pode ser impedido, e anulado, ele faz tudo que lhe apraz, e ainda, que esta vontade de Cristo para
reunir os judeus para si mesmo, deve ser entendido com relação a sua vontade humana, e não a
vontade divina, manifesta-se a partir daí, que esta vontade existia nele, e expressa por ele em
determinadas vezes, por intervalos, e por isso ele diz: ‘Quantas vezes quis eu ajuntar’, ao passo
que a vontade divina é contínua, invariável e imutável vontade, e é sempre a mesma, e nunca
começa ou deixa de ser, e que tal expressão é inaplicável, e, portanto, estas palavras não
contradizem a vontade absoluta e soberana de Deus, nos atos que o distinguem, com relação a
escolher algumas pessoas, e deixar outras. E isso deve ser observado, que as pessoas que Cristo
queria reunir, não são representadas como estando dispostas a serem recolhidas, mas os seus
governantes não desejavam que eles estivessem dispostos, e que fossem seus seguidores, e sob
suas asas. Não é dito: ’quantas vezes quis eu ajuntar, e vós não o quisestes!’, nem, ‘Eu teria
reunido Jerusalém, e ela não quis’, nem ‘eu quis ajuntar os teus filhos, e eles não quiseram’; mas
‘quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, e vós não o quisestes’. Esta observação por si só é
suficiente para destruir o argumento alicerçado sobre esta passagem em favor do livre-arbítrio.
Tivesse Cristo expressado seu desejo de ter recolhido os cabeças do povo com ele, os membros do
Sinédrio judaico, os governantes civis e eclesiásticos dos judeus: ou ele teria expressado o quanto
ele desejava, e sinceramente procurado, e tentado reunir Jerusalém, os filhos, os seus moradores
em comum, e não nenhum deles, e isto seria aparentemente uma implicação da doutrina do livre-
arbítrio, o que aparentemente seria aprovado, tendo atribuído o não-ajuntamento deles à sua
própria vontade: todavia ele não disse, ‘eles não quiseram’, em vez de, ‘tu não quisestes’, tendo
ele apenas fornecido mais um triste exemplo da perversidade da vontade do homem, que
secularmente muitas vezes se opõe ao seu bem espiritual, e preferem demonstrar que são
escravos do que é mau, do que livres para aquilo que é bom, e seria uma prova disso, e não em
apenas uma única pessoa, mas em um corpo de homens. As pessoas comuns pareciam inclinadas a
participar de seu ministério, como se aparenta nas grandes multidões, o que, em diferentes
tempos e lugares, o seguiram, mas os principais sacerdotes e governantes, fizeram todo o possível
para impedir o ajuntamento deles a Cristo, e sua crença em Jesus como o Messias; difamando seu
caráter, milagres e doutrinas, e ameaçando as pessoas com as maldições e excomunhões, fazendo
uma lei, de que quem o confessasse deveria ser expulso da sinagoga. Assim que o sentido literal do
texto é o mesmo com o de Mateus 23:13 e, consequentemente, não há nenhuma prova da
resistência dos homens às operações do Espírito e da graça de Deus, mas só mostra o que as
obstruções e desânimos se aplicam de uma maneira ao ministério externo da palavra. Para
anular, e destruir a doutrina da graça, da eleição e redenção particular, e a chamada eficaz, isto
eles teriam que provar que Cristo, como Deus, poderia ter ajuntado, não Jerusalém, e somente os
habitantes dela, mas toda a humanidade, até mesmo, os que não são eventualmente salvos, e que
de uma forma espiritual, salvo a maneira e forma, por si mesmo, de que não há a menor
insinuação neste texto: para fundamentar que a graça de Deus é resistível, através da ímpia
vontade do homem, de modo a torná-la sem efeito, devendo ser demonstrado que Cristo teria
salvo e convertido pessoas, e elas não foram convertidas, e que a mesma graça que ele concedeu
sobre elas, ele concede a outras pessoas, que são convertidas: enquanto o resultado dessa
passagem reside nestas poucas palavras, que Cristo, como homem, a partir de uma relação de
compaixão pelo povo judeu, a quem, ele foi enviado como o ministro da circuncisão, querendo
ajuntá-lo sob seu ministério, e instruí-lo no conhecimento de si mesmo, como o Messias, o que se
tivessem apenas teoricamente recebido, que os teria protegido, como pintinhos sob a galinha, dos
julgamentos iminentes, que depois caíram sobre eles, mas os seus governadores, e não eles, não
queriam, ou seja, não desejavam que eles o recebessem e o abraçassem como o Messias. Assim
que a partir do todo que parece, que esta passagem da Escritura, falada tanto pelos arminianos,
e tantas vezes citada por eles, não tem nada a ver com a controvérsia sobre as doutrinas da
eleição e reprovação, redenção particular, graça eficaz em conversão, e o poder do livre arbítrio
do homem. Esta observação é suficiente para destruir o argumento fundado sobre esta
passagem, em favor do livre-arbítrio”(John Gil[1697-1771], Ministro Batista, Comentário de
Mateus 23:37).

“O significado literal de que é: ‘Quantas vezes eu quis tomar os teus cidadãos sob minha
proteção amorosa como o Messias!’"(Heinrich August Wilhelm Meyer [1800-1873], Ministro
Luterano, Comentário de Mateus 23:37).

“’Quantas vezes quis eu ajuntar?’ isto é (dizem alguns), pelo ministério externo dos profetas ,
enviados a ti (Mt 23:34-35). Não pela operação regeneradora interior do Espírito”(John
Trapp[1601-1669], Ministro Anglicano, Comentário de de Mateus 23:37).

“Esse, o sentimento mais terno da natureza, dá a entender que Cristo havia recitado todos os
esforços dos antigos profetas para salvar e recuperar o seu país da ruína, mas que a obstinação
dos seus corações, e sua cegueira como sacerdotes, haviam frustrado a amorosa atenção”(Joseph
Sutcliffe[1865-1931], Ministro Metodista, Comentário de de Mateus 23:37).

“Há algo nessa declaração que merece a nossa atenção especial. Ela projeta luz sobre um assunto
misterioso, e que geralmente é obscurecido pelas explicações humanas. É uma declaração que nos
mostra como Cristo tem sentimentos de piedade e misericórdia por muitos, que não são salvos; e
mostra-nos que o grande segredo da ruína de um homem é a sua própria falta de vontade.
Impotente como é por natureza, incapaz de ter de si mesmo sequer um bom pensamento, e sem
poder em si mesmo para crer e invocar a Deus, ainda assim o homem parece ter uma poderosa
habilidade para arruinar a sua própria alma. Incapacitado de praticar o bem, ele continua um
poderoso praticante do mal. Dizemos, e com razão, que uma pessoa nada pode por si mesma; mas
sempre devemos lembrar que a sede dessa incapacidade é a sua própria vontade. Ninguém pode
despertar em si mesmo a vontade de se arrepender e crer; mas, todo homem possui, por
natureza, a vontade para rejeitar a Cristo e seguir o seu próprio caminho desviado; e se, por fim,
não for salvo, tão somente ficará provado que essa vontade foi a causa de sua perdição. Jesus
Cristo disse: ‘E não quereis vir a mim para terdes vida’(Jo 5:40). Deixemos esse assunto com a
confiante reflexão de que, para Cristo, nada é impossível. Mesmo o coração mais empedernecido
pode ser transformado. Sem dúvida, a graça divina é irresistível”(J. C. Ryle[1816-1900], Ministro
Anglicano, Comentário de Mateus 23:37).

10. “E o Espírito e a esposa dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem. E quem tem sede, venha;
e quem quiser, tome de graça da água da vida”(Ap 22:17)

Comentário: Neste texto, o Espírito Santo está chamando alguém. Quem Ele está chamando?
Todos os homens? O texto diz que alguém vai ouvir a voz do Espírito: ‘E o Espírito e a esposa
dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem”. A palavra grega que aqui é traduzida por “ouve” é o verbo
grego ἀκούων(akouōn), que de acordo com o “A Greek English Lexicon of New Testamento” de J. H.
Thayer, significa “ser dotado com a faculdade da audição”(p.22). Portanto, essa “audição” ou esse
“ouvir” dele, não é algo que ele obterá de si mesmo, ou que venha propriamente dele. Ele foi
dotado por Deus para ter essa faculdade, exatamente como ocorreu com um dos eleitos de Deus –
Lídia(At 16:13-15). Nesse sentido, quem vai ouvir a voz do Espírito, senão as ovelhas do Senhor,
seus eleitos?(Jo 10:16,27). Depois, o texto diz que alguém terá sede de Deus. Quem terá sede de
Deus? Os eleitos(Is 44:1-5). É deles que se diz que o Senhor “abre” o coração, para que estejam
atentos a sua Palavra e creiam(At 16:14,15). Os não eleitos estão privados e impossibilitados de
terem essa sede(Jo 8:43-47), e, portanto, jamais terão tal sede.

De fato, de acordo com o próprio autor do livro, o próprio contexto geral do livro, mostra que há
pessoas que jamais desejarão ir até Cristo (Ap 13:2-4,8; 17:8,17). De acordo com o próprio
contexto do versículo, há pessoas que estão descritas como excluídas deste chamado salvífico, uma
vez que estão descritas como estando de fora da vida eterna – cães, feiticeiros, praticantes de
prostituição, homicidas, idólatras e mentirosos(Ap 22:15). No contexto do verso, estas pessoas tem
uma tendência irrevogável para a impenitência, e, portanto, para a permanência em seus pecados,
no dizer de Deus: “Quem é injusto, seja injusto ainda; e quem é sujo, seja sujo ainda”(Ap 22:11).
De fato, se há alguém que Deus chama para a salvação e que desejará esta salvação, esse alguém é
um dos eleitos (Rm 8:30), pois apenas estes ouvirão o chamado divino(Jo 10:16,27).No entanto, os
eleitos virão a Cristo, não por um exercício do ato do livre arbítrio da parte deles, mas pela vontade
soberana de Deus(Jo 6:44 comp.com Fl 2:13; Tg 1:18; Jo 1:12-13). A salvação do homem, é um ato
exclusivo da graça de Deus, e não procede do homem em nenhum sentido(Ef 2:8,9).

“Nós o amamos a ele porque ele nos amou primeiro”(1 Jo 4:19).

“E Isaías ousadamente diz: Fui achado pelos que não me buscavam. Fui manifestado aos que por
mim não perguntavam”(Rm 10:20).

Se dependesse do homem, por que razão Jesus teve que aparecer a Saulo(Paulo)? Por que então
Saulo (Paulo), não procurou a Jesus?

Na realidade, a expressão “e quem quiser, tome de graça da água da vida”, de forma alguma,
subscreve apoio ao dogma arminiano do livre arbítrio, visto que indica que a vontade para se
tomar da água da vida, está atrelada a graça de Deus, o que indica que as pessoas que serão
salvas, o farão porque serão impulsionadas por tal graça.

De fato, esta conclusão também é endossada pelos comentaristas das Escrituras, como se segue:

“A água da vida projeta a livre graça do amor de Deus, e as comunicações e exposições de que no
novo estado de Jerusalém, até mesmo o conforto, refrigério, e glórias daquele estado: ‘tomar’ é
para usufruir, para participar do mesmo, sendo conduzido a isto, e que está sendo dado a eles por
Cristo, o Cordeiro que está no meio do trono (Ap 7:17) e que é considerado ‘livremente’ , sem
dinheiro e sem preço , como em Is 55:1 o que parece ser referido, pois a felicidade deste estado,
bem como a vida eterna, é o dom gratuito de Deus por meio de Cristo, e as pessoas incentivadas a
participar dela são ‘quem quiser ‘, isto é, quem tem vontade para as coisas divinas e espirituais,
feito nele por Deus, pois nenhum homem tem uma tal vontade por si mesmo(Fl 2:13) embora
isso não considere o caráter da pessoa que pode tomar a água da vida, como a livre maneira pela
qual ela pode tomá-la: assim os judeus têm o costume de se expressar, quando eles exprimem a
liberdade que pode ser usada, ou o caminho livre em que qualquer coisa possa ser feita,
principalmente quando se fala da lei, e as coisas dela, ‫ חרוצה ליטול יבא ויטול כל‬, ‘todo aquele que
tem desejo de beber, venha e beba’, como é dito : ‘vós , todos os que tendes sede’(Is 55:1), ou
seja, ele é livre para beber, ele é bem-vindo a isto, que a passagem se refere, é, portanto,
parafraseada pelo targumista , ‘ho, ‫ ‘ כל דצבי‬quem ‘vai’ aprender , venha e aprenda , & c“(John
Gill[1697-1771], Ministro Batista, Comentário de Apocalipse 22:17).

“A quem o Senhor colocou uma sede de Cristo no coração, e uma vontade na alma para receber
Jesus, todos se unem no grito fervoroso “(Robert Hawker [1753-1827[, Ministro Anglicano,
Comentário de Apocalipse 22:17).

“Devemos entender estas palavras no mesmo sentido em que em que temos entendido as
palavras similares de Ap 21:6. A sede referida não é a primeira sede do pecador depois da
salvação. É o desejo constante de alguém que já foi reanimado profunda e completamente, e
para cada um que assim tem sede o Senhor diz ‘Vem’. Assim também com a última cláusula do
versículo. As pessoas referidas já são crentes, dentro da cidade, dentro do alcance da água da
vida, e para eles o Senhor diz: Deixe-os beberem 'livremente', sem hesitação e sem
restrição”(Philip Schaff [1819-1893], Ministro Presbiteriano, Comentário de Apocalipse 22:17).

“Você verá os homens pagando caro pela sua condenação, que não terão salvação porque é um
dom e não têm nada a fazer. Eu creio que grandes multidões de pessoas preferem, como os
Hindus, furar ganchos nos músculos de suas costas e finalmente se pendurar em uma corda se
com isso pudessem escolher o paraíso para eles, do que simplesmente se contentar em entrar lá
de uma forma simples e dever tudo a graça de Cristo, e nada pelas suas próprias
obras”(Alexander MacLaren[1826-1910], Ministro Batista, Comentário de Apocalipse 22:17).

“É para ‘quem quiser’, e podemos estar certos de que até o fim não serão encontrados alguns
que por obra do Espírito de Deus não forem habilitados a tomá-lo”(Frank Binford Hole [1874-
1964], Ministro da Igreja dos Irmãos de Plymouth, Comentário de Apocalipse 22:17).

“Quem pode vir? Aquele que puder ouvir a Jesus, mas eles não podem vir a menos que eles
ouçam. Aquele que tem sede pode vir a Jesus, mas eles não podem vir a menos que sintam a sua
sede. Quem quiser pode vir, mas eles não podem vir a não ser que Deus opere em seu coração
que ele o deseje”(David Guzik, Ministro Presbiteriano, Comentário de Apocalipse 22:17).

“As pessoas dizem: ‘Eu quero ser seu. Quero agir. Eu desejo agir consecutivamente’ .Muitos
escolhem o caminho errado para fazê-lo. Eles pensam que isso é tudo para eles. A única
mensagem da Palavra de Deus é que você não pode encontrar o seu próprio caminho. Tente
encher-se de si mesmo e você vai cair”(Raymond Charles Stedman [1917-1992], Ministro da
Peninsula Bible Church em Palo Alto, California, Comentário de Apocalipse 22:17).

I.2 – Textos Bíblicos Que Rechaçam o Livre Arbítrio

a. Lc 7:11-17

O texto da ressurreição do filho da viúva de Naim demonstra a inexistência do livre arbítrio. Nele
vemos que o Senhor é quem se dirige a ela(vv.11-12), ressuscita seu filho(v.14), operando uma
conversão em massa(vv.16,17).

a. Lc 13:10-17

Este contem a narrativa da cura de uma enferma, escravizada por Satanás, indicando ser ela uma
ímpia(v.16). No entanto, é Jesus quem a procura, cura-a e efetua nela a regeneração(v.16), e faz
tudo isto por ser ela uma filha de Abraão – isto é, uma eleita.

b. At 3:1-10

Este contém a narrativa da cura de um coxo. Nela vemos que o coxo, ao ver os apóstolos, pede-
lhes uma esmola (vv.1-5), mas em momento algum demonstra algum interesse por Jesus. De
repente, ele é alvo da graça de Deus, recebendo simultaneamente a cura do corpo e da alma(vv.6-
9).

c. At 9:1-5

A narrativa da conversão de Saulo (Paulo) é até hoje a pedra no sapato do arminianismo. Nela
vemos que Paulo não está em nenhum momento procurando ou desejando a Cristo, antes
demonstrava ser um inimigo de Deus, prendendo, perseguindo e consentindo na morte dos
cristãos (At 8:1; 9:1-2; 22:5; 26:10-11). É tão evidente o estado de total depravação de Paulo, que
ele, como um ímpio, era de fato um inimigo declarado de Deus e de Cristo – ele na verdade odiava
verdadeiramente a Cristo, o qual, disse-lhe: “Eu sou Jesus, a quem tu persegues”(At 9:5). O
próprio Paulo confirma isto, declarando:

“Bem tinha eu imaginado que contra o nome de Jesus Nazareno devia eu praticar muitos
atos”(At 26:9).

Como um ímpio, o homem espiritualmente morto, é um perseguidor de Jesus, devotando-lhe seu


ódio (Jo 3:20). O homem espiritualmente morto, achega-se a Cristo, unicamente pela graça e
vontade de Deus, não por sua própria vontade(Sl 65:4).

Capítulo 2 – O Cristianismo Histórico Rejeita o Livre Arbítrio!

Citamos agora abaixo, o testemunho de inúmeros cristãos, de várias correntes teológicas, muitos
deles, são reverenciados até pelos arminianos. O testemunho destes inúmeros cristãos, credos e
confissões, tende a negar o dogma do livre arbítrio, como se segue:

(a)Os Pais da Igreja:

1. Clemente de Roma(30-100), bispo de Roma, declara:

“A igreja de Deus que habita em Roma, para a igreja de Deus que habita em Corinto, para os
chamados e santificados pela vontade de Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo... não por si ou suas
próprias obras de ações justas, não por nós mesmos, nem por nossa sabedoria, ou
entendimento, ou piedade, ou as obras que temos feito em santidade de coração, mas pela fé,
pela qual o Deus todo-poderoso tem justificado todos desde o princípio, ao qual seja glória para
todo o sempre. Amém”(Epístola aos Coríntios, Prefácio & 32:3).

2. Na “Epístola de Barnabé”(120 d.C), lemos:

“Acho pois que existe um templo. Como ele será construído em nome do Senhor? Saiba, antes de
crermos em Deus, a morada do nosso coração era corrupta e fraca, como um templo
verdadeiramente construído com as mãos, pois era uma casa cheia de idolatria, e a idolatria era a
casa de demônios, pela qual fazíamos o que era contrário a Deus. Deve ser construído em nome
do Senhor. De modo que, o templo do Senhor possa ser construído em glória. Como? Aprenda;
recebendo a remissão dos pecados, e esperando em nome do Senhor, nós nos tornamos novas
criaturas”(XVI:7).

3. Inácio(30-107), bispo de Antioquia, declara:

“À igreja santificada e iluminada, pela vontade daquele que quer todas as coisas que estão de
acordo com o amor de Jesus Cristo, nosso Deus”(Epístola aos Romanos, Saudação).

“Guarda-te de antemão dessas bestas em forma de homens, os quais você não só não deve
receber, mas, se for possível, nem mesmo encontrar-se com eles, apenas você deve orar a Deus
por eles, se, por qualquer meio que podem ser levados ao arrependimento, que, no entanto, será
muito difícil. No entanto, Jesus Cristo, que é a nossa verdadeira vida, tem o poder de efetuar
isso”(Epístola a Igreja de Esmirna, IV).

“Os que são carnais, não podem fazer as coisas que são espirituais, nem os que são espirituais
fazer coisas que são carnais, da mesma forma que a fé não pode operar nas coisas da
incredulidade, nem a incredulidade nas coisas de fé”(Epístola aos Efésios, VIII:2).

4. Quadrato(120 d.C):

“Quando Deus dispôs tudo em si mesmo juntamente com seu Filho, no tempo passado, ele
permitiu que nós, conforme a nossa vontade, nos deixássemos arrastar por nossos impulsos
desordenados, levados por prazeres e concupiscências. Ele não se comprazia com os nossos
pecados, mas apenas os suportava. Também não aprovava aquele tempo de injustiça, mas
preparava o tempo atual de justiça, para que nos convencêssemos de que naquele tempo, por
causa de nossas obras, éramos indignos da vida, e agora, só pela bondade de Deus, somos aptos
para ela. Também para que ficasse claro que por nossas próprias forças era impossível entrar no
Reino de Deus, e que somente pelo seu poder nos tornamos capazes disso”(Epístola a Diogneto,
IX:1).

5. Hermas(150 d.C)

“De fato, antes do homem levar o nome do Filho de Deus, o homem está morto”(O Pastor, 93)

6. Justino de Roma(89-165), apologista cristão do século II, declara:

“De antemão vos avisamos que tenhais cuidado, para não serdes enganados por esses demônios
que acabamos de acusar e assim eles vos impeçam totalmente de ler e entender o que dizemos,
pois eles lutam para tê-los como seus escravos e servidores. Depois de crer no Verbo, nós nos
afastamos deles e, por meio do Filho, seguimos o único Deus unigênito. Antes, nós nos
comprazíamos na dissolução; agora abraçamos apenas a temperança; antes, nos entregávamos a
feitiçaria; agora, nos consagramos ao Deus bom e ingênito; antes, amávamos, acima de tudo, o
dinheiro e as rendas de nossos bens; agora, colocamos em comum o que possuímos e disso
damos uma parte para aquele que está necessitado; antes nós nos odiávamos e nos matávamos
mutuamente e não compartilhávamos o lar com aqueles que não pertenciam à nossa raça pela
diferença de costumes; agora, depois da aparição de Cristo, vivemos todos juntos, oramos por
nossos inimigos e tratamos de persuadir os que nos aborrecem injustamente, a fim de que,
vivendo conforme os bons conselhos, tenham boas esperanças de alcançar conosco os mesmos
bens que esperamos de Deus, soberano de todas as coisas”(Primeira Apologia, XIV:1-3).

“Mas por causa da raça humana, que a partir de Adão havia caído sob o poder da morte e da
astúcia da serpente, e cada um dos quais tinha cometido pessoal transgressão”(Diálogo com Trifo,
88)

“Eu citei de propósito as Escrituras para vocês, não que eu estou ansioso para fazer apenas uma
mera exibição artística de palavras, porque eu não possuo tal poder, mas a graça de Deus só foi
concedida a mim para a compreensão de Suas Escrituras”(Ibidem, 58).

“Devo necessariamente lembrá-lo de uma forma: a partir do qual você pode entender, como que
para aqueles desprovidos de conhecimento de Deus, quero dizer, os gentios, que, ‘tendo olhos,
não viram, e tendo um coração, não compreenderam ’, adorando as imagens de
madeira”(Ibidem, 69).

“Sei muito bem que, como diz a Palavra de Deus, essa grande sabedoria do Criador do universo e
Deus onipotente está oculta para vós”(Ibidem, 38:2).

“Mas oro para que, acima de todas as coisas, os portões de luz possam ser abertos para você;
porque estas coisas não podem ser percebidas ou compreendidas por todos, mas apenas pelo
homem a quem Deus e Seu Cristo deram sabedoria”(Diálogo com Trifo, 7:3)

“Pois nem pela natureza, nem pela compreensão humana, é possível para os homens adquirirem
o conhecimento de coisas tão grandes e tão divinas, mas por um dom gratuito descido do céu
sobre os homens santos, que não tinham necessidade da arte das palavras, nem da maneira
controversa e presunçosa de falar, exceto que sejam expostas propriamente através do poder do
Espírito divino”(Discurso aos Gregos, 8).

“Nascemos pecadores e somos inteiramente carne, e nenhuma coisa boa habita em nós; ele
afirma a fraqueza e incapacidade dos homens, quer para compreender ou realizar coisas
espirituais, e nega que o homem, pela nitidez natural de sua sagacidade, possa alcançar o
conhecimento das coisas divinas, ou por qualquer poder inato nele para salvar a si mesmo, e
adquirir vida eterna”(Epístola a Zenão).

7. Taciano(170 d.C):

“Contudo, as doutrinas de nossa ciência estão além da compreensão humana”(Discurso Contra os


Gregos, 12)

“São os demônios aqueles que, por sua maldade, se enfurecem contra os homens e, com variadas
e enganosas representações desviam os pensamentos dos homens, já por si inclinados para baixo,
a fim de torna-los incapazes de empreender sua marcha de ascensão para os céus. Mas nem a nós
ficam ocultas as coisas do mundo nem a vós será difícil compreender as divinas, contanto que
chegue até vós o poder do Verbo que imortaliza a alma”(Ibidem, 16)

“De fato, o mundo ainda nos arrasta para baixo, e por causa de minha fraqueza busco a matéria. As
asas da alma são o espírito perfeito, e quando o pecado tirou-lhe o espírito, a alma ficou pairando
como um pássaro implume, veio arrastar-se por terra e, por ter saído da convivência celeste,
desejou a convivência das coisas inferiores. Com efeito, os demônios foram arrancados de sua
morada, e nossos primeiros pais foram desterrados... Aqueles que compuseram geografias ou
descrições da Terra nos deram a descrição dos diversos lugares, segundo a possibilidade do
homem. Contudo, como não eram capazes de explicar os lugares além do céu... Nós porém,
aprendemos dos profetas o que antes ignorávamos...”(Ibidem, 20).

8. Irineu(130-200), bispo de Lião, em sua obra “Contra Heresias”, declara:

“Nós erámos os móveis e a casa do diabo quando estávamos na apostasia, porque se servia de
nós como queria e o espírito imundo habitava em nós”(III; 8:2).

“Este é o motivo pelo qual o Senhor deu o Emanuel, nascido da Virgem, como sinal da nossa
salvação, porque era o próprio Senhor que salvava aqueles que não se podiam salvar sozinhos. É
neste sentido que Paulo afirma a fraqueza do homem: ‘Sei que na minha carne não habita o
bem’(Rm 7:18,24-25), indicando que o bem de nossa salvação não vem de nós, e sim de
Deus”(III; 20:3).

“Como podem os homens se salvar se Deus não operar a sua salvação na Terra? Ou como o
homem irá a Deus se Deus não for ao homem? Como poderão eles abandonar a geração da
morte, se não for pelo novo nascimento dado por Deus de maneira inesperada e maravilhosa em
sinal de salvação, aquele que aconteceu no seio da Virgem, e serem regenerados pela fé? Ou como
receberão de Deus a adoção, permanecendo neste nascimento que é segundo o homem neste
mundo?”(IV; 33:4).

“Por isso também ele deve ser justamente condenado, porque, tendo sido criado um ser racional,
ele perdeu a verdadeira racionalidade, e vive irracionalmente, opondo-se a justiça de Deus,
abandonando-se o todo o espírito terrestre, e atendendo a todos os desejos, como diz o profeta,
o homem, embora esteja em honra, não entende: ele foi assimilado a bestas sem sentido, e
tornou-se como elas”(IV; 4:3).

“Portanto cabia ao Mediador entre Deus e os homens, por sua relação com ambos, trazer tanto a
amizade e concórdia, e apresentar o homem a Deus, enquanto Ele revelou Deus ao homem. Pois,
de que forma poderíamos ser usufruído a adoção de filhos, a não ser que havia recebido dele
através do Filho que a comunhão que se refere a si mesmo, a não ser que a Sua Palavra, tendo
sido feito carne, tinha entrado em comunhão conosco? Por isso também Ele passou por todas as
fases da vida, restaurando a todos a comunhão com Deus”(III; 18:7).

“Por esta razão, portanto, o próprio Senhor, que é o Emanuel da Virgem(Is 7:14) é o sinal de nossa
salvação, uma vez que foi o próprio Senhor que os salvou, porque eles não podiam ser salvos por
sua própria instrumentalidade e portanto, quando Paulo apresenta fraqueza humana, ele diz:
Porque eu sei que lá habita na minha carne, não habita bem nenhum(Rm 7:18) mostrando que a
coisa boa da nossa salvação não vem de nós, mas de Deus”(III: 20:3).

“Porque nem de uma forma ambígua, nem arrogante, nem prepotente, que Ele diz essas coisas,
mas, uma vez que era impossível, sem Deus, chegar ao conhecimento de Deus, Ele ensina os
homens, através de Sua Palavra, conhecer a Deus. Para aqueles, portanto, que ignoram esses
assuntos, e por esse motivo imaginar que eles descobriram um outro Pai, justamente se diz, você
erra, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus”(IV; 5:1).

“E de fato ele justamente levou cativo, o que havia levado os homens injustamente em cativeiro,
enquanto o homem, que tinha sido levado cativo em tempos passados, foi resgatado das garras
de seu possuidor, de acordo com a misericórdia de Deus Pai, que teve compaixão em sua própria
obra, e deu-lhe a salvação, restaurando-o por meio da palavra, isto é, por Cristo, a fim de que os
homens de si mesmos possam aprender com a prova real de que eles recebem incorruptibilidade
não de si mesmos, mas pelo dom gratuito de Deus ”(V; 21:1,3).

9. Hipólito(169-215), presbítero de Roma, declara:

“Ele fez amizade com os mortos em transgressões; o mesmo do Céu, Ele suportou grandemente
os da Terra; por causa de sua própria grandeza, Ele escolheu, por Sua própria sujeição, determinar
o escravo livre e fazer o homem, que se transforma em pó, e em alimento para a serpente,
invencível como inflexível, e que, também, quando pendurado no madeiro, Ele se declarou Senhor
de seu vencedor, e é, portanto, propriamente provado conquistador pelo madeiro”(Comentário
Sobre o Salmo 109 ou 110).
10. Clemente de Alexandria(155-225), teólogo grego dos séculos II-III:

“Para por estes casos, é mostrado que as boas coisas e os dons são fornecidos por Deus, e que nós,
ao nos tornarmos ministros da graça divina, devemos semear os dons de Deus, e tornar aqueles
que se aproximam de nós puros e justos, de modo que, na medida do possível, o homem
temperado possa ganhar os outros continentes, aquele que é forte pode torná-los puros, aquele
que é sábio pode torná-los inteligentes, e os justos podem torná-los apenas justos”(Stromata,
II:18).

“Por isso também Moisés diz, ‘mostra-te a mim’(Ex 33:18) - insinuando claramente que Deus não é
capaz de ser ensinado pelo homem, ou expresso em palavras, mas para ser conhecido apenas
pelo seu próprio poder”(Stromata, V:11).

“Resta que entendemos, então, o Desconhecido, pela graça divina, e pela palavra que sai só dEle;
como Lucas nos Atos dos Apóstolos relata que Paulo disse: ‘Homens de Atenas, eu percebo que em
todas as coisas que vocês são muito supersticiosos. Pois andando, e vendo os objetos do vosso
culto, encontrei também um altar em que estava escrito: AO DEUS DESCONHECIDO. A quem,
portanto, vocês ignorantemente adoram, Dele que eu vos anuncio’”(At 17:22-23)”(Stromata, V:12).

“Tudo, então, o que cai sob um nome, é originado, se eles vão ou não. Se, então, o próprio Pai
atrai a Si todos que tem levado uma vida pura, e atingiu a concepção da natureza abençoada e
incorruptível, ou se a nossa vontade, que está em nós, alcança o conhecimento da bondade, salta
sobre as valas e barrancos, como as ginastas dizem, no entanto, não é sem graça eminente que a
alma é elevada, e ferida, e é levantada acima das esferas superiores”(Stromata, V: 13).

“A sabedoria que é dada por Deus, como sendo o poder do Pai, desperta realmente nosso livre-
arbítrio, e consente a fé, e recompensa a súplica dos eleitos coroando-os em sua
comunhão”(Stromata, V:13).

11.Tertuliano(160-230), teólogo da igreja nos séculos II-III, declara:

“Ao expressar desgosto, desprezo ou aversão, você tem Satanás constantemente em seus lábios, o
mesmo que temos como sendo o anjo do mal, a fonte do erro, o corruptor de todo o mundo, por
quem, no princípio o homem foi preso em seu interior, quebrando o mandamento de Deus. E (o
homem ) foi entregue à morte por causa de seu pecado, e toda a raça humana, caindo com ele,
se tornou um canal para a transmissão de sua condenação”(Testemunho da Alma, 3).

“Todos estes dons da alma que foram concedidos nela no momento do nascimento, ainda são
obscurecidos e depravados pelo ser maligno, que, no início, os considerava com inveja nos olhos,
de modo que eles nunca são vistos em sua ação espontânea, nem eles são utilizados como
deveriam ser. Pois cada pessoa da raça humana não deseja transpassar o espírito do mal,
inclinado a prender suas almas desde o portal do seu nascimento, no qual ele é atraído a estar
presente em todos os supersticiosos processos que acompanham a gravidez? Assim, acontece que
todos os homens são trazidos para o nascimento com a idolatria pela parteira, enquanto os
próprios ventres onde eles são carregados, ainda amarrados com os laços que foram cobertos ante
os ídolos, declarando a sua prole como consagrada a demônios“(Da Alma, 39).

“A imagem de Deus foi destruída pelo pecado de nossos primeiros pais”(De Cultu Feminari, I:1).

“Que crime antes que de impaciência foi cometido, é imputado ao homem? Ele era inocente, o
amigo mais próximo de Deus, e o lavrador do paraíso? Mas quando ele uma vez deu lugar à
impaciência, ele deixou de ser sábio para Deus, ele deixou de ser capaz de suportar as coisas
celestiais”(De Patientia, c. 5).

12. Orígenes(182-254), teólogo grego do século III, declara:

“Nisto é mostrado, que a vontade de vir após Jesus e segui-lo, não surge de qualquer ação
heroica feita por homens, e que ninguém que não negou a si mesmo pode vir após
Jesus”(Comentário ao Evangelho de Mateus, XII:24).

“E como nossa livre determinação não é o suficiente para nos dar um coração inteiramente puro,
mas temos necessidade de Deus que assim o cria, por isso o homem que ora com inteligência, diz:
‘Ó Deus, cria em mim um coração puro’”(Contra Celso, VII:33).

“Com efeito, nós afirmamos que é impossível um homem em sua força original erguer os seus
olhos para Deus. Pois a malícia existe necessariamente no homem, como afirma Paulo”(Ibidem,
III:62)

“Se Celso tivesse conhecido os que pertencem a Deus, e não existem outros senão os sábios, se
tivesse conhecido os que não lhe são estranhos, e são todos os homens maus que não tem
nenhuma preocupação em adquirir a virtude”(Ibidem, VIII:10).

“Quantos outros, atualmente presos a Satanás, estão encurvados e não podem de modo algum
se endireitar, porque ele quer lhe obrigar a olhar para baixo! E não existe ninguém que possa
endireita-los a não ser o Verbo que veio habitar em Jesus e antes tinha inspirado os profetas.
Sim, Jesus veio libertar os que estavam subjugados ao diabo”(Ibidem, VIII:54)

“Eis o que lhe mostrarei bem como a quem quiser saber: a cidade em que o povo judeu condenou
Jesus a ser crucificado clamando: ‘Crucifica-o, crucifica-o’(Lc 23:21) – pois eles preferiram que
fosse libertado aquele ladrão lançado na prisão por causa de sedição e homicídio e que Jesus que
tinha sido entregue por inveja fosse crucificado – esta cidade pouco tempo depois foi atacada e
sofreu cerco tão prolongado que foi arrasada até os alicerces e devastada, pois Deus julgava
indignos de participar da vida em comum os que moravam nestes lugares. E ele até os poupava, se
posso usar esta expressão estranha, quando, vendo-os incapazes de uma mudança e destinados a
crescer de dia a dia na onda de sua malícia, os entregou a seus inimigos”(Ibidem, VIII:42).

“Se é Deus quem, quando quer, retira os corações de pedra, e no seu lugar põe os corações de
carne para nos permitir cumprir as suas ordens e respeitar seus mandamentos, não é em nós que
está o poder de afastar a maldade... Se é Deus que promete fazê-lo, se, antes que ele retire os
corações de pedra, nós não podemos pô-los de lado, é evidente que não está em nós o afastar a
maldade; e se não somos nós que agimos para colocar em nós um coração de carne, mas se é
obra de Deus, não depende de nós viver virtuosamente, mas será inteiramente uma graça de
Deus”(De Princípios, III, 1:15)

“Com efeito, se o homem natural não se apercebe do que concerne ao Espírito de Deus, e se,
porque é natural, não pode receber a compreensão de uma natureza superior, ou seja, a
divina”(Ibidem, III, 8:2).

“Estou certo de que o modo pelo qual tão grande variedade de coisas e tanta diversidade, com tão
perfeita justiça e equidade, não se pode entender pela inteligência humana”(Ibidem, 2:4).

13. Gregório Taumaturgo(213-270), bispo de Neocesaréia, declara:

“É verdade, de fato que, em consequência de nossa natureza entorpecida e morta, ela ainda não
conseguiu fazer-nos justos, e prudentes, e moderados, ou fortes, embora ela tenha trabalhado
com cuidado de nós. Pois não temos realmente qualquer virtude alguma, humana ou divina, nem
temos já feito qualquer abordagem próximo a ela, mas ainda estamos longe disso. E essas
virtudes são muito grandes e nobres, e nenhuma delas podem ser assumidas por qualquer pessoa
comum, mas apenas por aquele que Deus anima com o poder. Também não são de forma tão
favoravelmente constituídas por eles, por natureza, nem que nós ainda professamos sermos
dignos de alcançá-los, pois através da nossa apatia e fraqueza que não fizemos tudo aquilo que
deve ser feito por aqueles que aspiram depois o que é mais nobre, e visam o que é perfeito. Nós
ainda não somos, portanto, justos ou moderados, ou dotados de qualquer uma das outras
virtudes”(Oração e Panegírico Dirigido a Orígenes, XII).

14.Cipriano(200-258), bispo de Cartago, declara:

“Sim, Adão ao pecar, perdeu a imagem e semelhança de Deus e, consequentemente, a liberdade


moral da vontade, que era uma parte da imagem, que foi perdida, e é o que nós disputamos. A
fraqueza e incapacidade do homem é frequentemente inculcada por ela, e que toda a nossa
força e poder para fazer o que é bom vem de Deus, e que deve ser aplicado a Ele”(Bono
Patientiae)

“Você mesmo seguramente sabe e lembra, e me lembro bem quanto ao que foi tirado de nós, e o
que foi dado a nós através do mal da morte, no lugar da vida de virtude. Você mesmo sabe disso
sem a minha informação. Qualquer coisa que se eleva em seu próprio louvor é odiosa, embora não
se possa, na realidade, se vangloriar, mas apenas ser grata por tudo o que nós não atribuímos à
virtude do homem, mas declaramos ser o dom de Deus, de modo que agora não pecar é o início
do trabalho de fé, enquanto que nosso pecado foi antes o resultado de erro humano. Todo nosso
poder vem de Deus, eu digo, de Deus. A partir dele temos vida, de quem temos a força, pelo
poder derivado e concebido dele, agimos, enquanto ainda neste mundo, sabemos de antemão as
indicações de coisas que virão. Apenas deixando que o medo seja o detentor de inocência, que o
Senhor, que através de Sua misericórdia fluiu em nossos corações no acesso da graça celestial,
possamos ser mantidos por submissão justa no descanso de uma mente grata, que a garantia
adquirida não possa gerar descuido, e através disso a fluência do velho inimigo sobre nós de
novo”(Epistola 1 [Carta a Donato],v.4).

“E ainda assim Ele não os repreendeu quando eles foram embora, nem mesmo os ameaçou
severamente, mas sim, voltando-se para seus apóstolos, Ele disse: ‘Será que você também querem
ir?’(Jo 6:67). Manifestamente, observando a lei como um homem que deixou a sua própria
liberdade, baseada em sua própria escolha, se deseja para si mesmo a morte ou a
salvação”(Epístola 54 [A Cornélio], v.7).

15. Arnóbio(+ 330 d.C), apologista cristão, declara:

“Vocês colocam a salvação das vossas almas em vós mesmos, e estão certos de que por seus
próprios esforços sozinhos vocês se tornarão deuses, mas nós, pelo contrário, estamos certos
que não temos nenhuma esperança para nós mesmos a partir de nossa própria fraqueza, pois
vemos que a nossa natureza não tem força, e é superada por suas próprias paixões em todos os
conflitos para qualquer coisa. Vocês acham que, assim que você partirem, livres das amarras dos
seus membros carnais, vocês vão encontrar asas com as quais vocês poderão subir ao céu e voar
para as estrelas. Nós abandonamos tal presunção e não achamos que isto está em nosso poder
para alcançar as moradas superiores, já que não temos certeza quanto a isto mesmo, se nós
somos aptos a receber a vida e libertação da lei da morte. Vocês supõem que sem a ajuda de
outras pessoas vocês podem voltar para o palácio do mestre como se fossem as suas próprias
casas, sem impedimento de ninguém, mas nós, pelo contrário, nem temos qualquer expectativa
de que isto possa ocorrer, a menos que, seja pela vontade do Senhor de todos, nem pensamos
que tanto poder e permissão são indicados para qualquer homem”(Contra os Gentios, II:33).

“E, portanto, Cristo, o divino, - embora vocês não estejam dispostos a aceitar isto - Cristo o divino,
repito, pois isso deve ser dito muitas vezes, que os ouvidos dos incrédulos podem ser abertos e
feito em pedaços, falando como o homem é modelado pela autoridade do Deus Supremo, porque
Ele sabia que os homens são naturalmente cegos, e não podem compreender plenamente a
verdade”(Contra os Gentios, II:60).

16. Lactâncio(240-320), teólogo do século IV, declara:

“Nós, portanto, que vivíamos em tempos passados, como cegos, e éramos prisioneiros da
ignorância, estávamos assentados na escuridão, ignorantes de Deus e da verdade, fomos
iluminados por Deus, o qual nos adotou em sua aliança, e nos libertou dos laços do mal, e nos
trouxe para a luz da sabedoria, e nos levou para a herança do reino celestial”(Divinas Institutas,
IV:20).

“O homem não pode prosseguir além deste passo, e, assim, muitos dos filósofos têm levado as
instituições religiosas, como já demonstrado, mas conhecer a verdade é a parte da sabedoria
divina. Mas o homem sozinho não pode alcançar esse conhecimento, a menos que ele seja
ensinado por Deus”(Divinas Institutas, II:3).

“E eles permaneceram fixos na mesma lama, como o escritor de quadrinhos diz que, desde a sua
conclusão não corresponde com os seus pressupostos; na medida em que tinha assumido as coisas
destinadas a ser verdade, que não podem ser afirmadas e provadas, sem o conhecimento da
verdade e das coisas celestiais. E esse conhecimento, como eu já disse muitas vezes, não pode
existir em um homem a menos que isto seja oriundo do ensinamento de Deus”(Divinas Institutas,
VII:2)

“Em que consideremos que temos necessidade de um pouco de luz para dissipar a escuridão,
que foi difundida na imagem do homem, uma vez que, enquanto vivemos na carne mortal, não
somos capazes de conhecer por nossos sentidos. Mas a luz da mente humana é Deus, e quem o
conhece e o recebeu em seu coração vai compreender o mistério da verdade com um coração
iluminado, mas quando estão distantes de Deus e de sua instrução celestial, todas as coisas
estarão cheias de erros”(Sobre o Anjo de Deus, I).

17. Eusébio de Cesaréia(263-339), declara:

“Mas somente Ele, depois de alcançar a corrupção deplorável de nossa raça, somente Ele tomando
sobre si nossos labores e suportando o castigo de nossas iniquidades, redimindo-nos, não apenas
meio mortos, mas completamente fétidos e repugnantes em tumbas e sepulcros, tanto velhos
como novos, pelo seu amor gracioso nos salva muito além da esperança e expectativa dos outros,
e até de nós mesmos, e liberalmente nos dá a abundância das bênçãos do seu Pai”(História
Eclesiástica, X:4).

“E esta é a mente perfeita e purificada, havendo sido feita assim desde o princípio no que tange a
trazer a imagem da Palavra celestial. Contudo, pela inveja e ciúme do demônio maligno, por
própria escolha, começou a gostar muito dos prazeres do mal, e retirando-se dela a Divindade,
como alguém desprovido de protetor, tornou-se cativa fácil e sem dificuldade exposta às
maquinações insidiosas daqueles que há muito tinham invejado sua felicidade. E assim atacada
por baterias e máquinas de seus inimigos invisíveis e espirituais, virou uma carcaça horrorosa. De
modo que nenhuma pedra de sua virtude permaneceu intocável e jazeu completamente morta
na Terra, totalmente despojada e destituída de suas habituais e naturais ideias de Deus”(Ibidem).

18. Macário(+391 d.C), o egípcio:

“Por ele (Adão) a morte reinou sobre toda a alma, e destruiu toda a imagem de Adão através da
desobediência do homem, de modo que os homens desviaram-se, e se desviaram para a
adoração de demônios”(Homília 11)

“Somos todos os filhos dessa geração das trevas, e todos participamos do mesmo mau cheiro,
por isso o mesmo sofrimento que o homem (Adão) suportou”(Homília 30).

“Na transgressão do primeiro homem, a maldade entrou na alma, e a escureceu”(Homília 45).

“Sem esse fermento celeste, que é o poder do Espírito divino, é impossível que uma alma seja
fermentada com a bondade de Deus, e alcance a vida”(Homília 24).
“O corpo sem a alma é morto, e não pode fazer qualquer coisa, então a alma, sem o Espírito
divino, está morta para o reino, nem pode fazer qualquer uma das coisas de Deus”(Homília 30).

19. Atanásio(263-373), presbítero de Alexandria, declara:

“E o Filho está no Pai, como Seu próprio Verbo e Luz, mas nós, sem o Espírito Santo, somos
estranhos e distantes de Deus, e pela participação do Espírito estamos unidos a Divindade, de
modo que a nossa natureza no Pai não é nossa, mas é o Espírito que está em nós e permanece em
nós”(Discurso Contra os Arianos, III:24).

“Que vantagem tem as criaturas se elas não conhecem o seu Criador? Ou como poderiam ser
racionais sem conhecer o Verbo do Pai, de quem elas receberam sua própria existência? Por que
não haveria nada para diferenciá-las mesmo de criaturas irracionais se elas não tem nenhum
conhecimento, exceto das coisas terrenas. Ou melhor, por que Deus criou-as completamente,
embora não houvesse nelas o desejo de conhece-lo? Pois, se isto ocorresse assim, seria bom, ele
lhes concederia que partilhassem de sua própria imagem, nosso Senhor Jesus Cristo os faria
posteriormente segundo sua imagem e semelhança: para que por tal graça, conhecendo a
imagem, ou seja, o Verbo do Pai, eles pudessem através dele conhecer o Pai, e conhecendo o seu
Criador, tivessem uma vida feliz e bendita. Mas homens mais uma vez, na sua perversidade, apesar
de tudo isto, da graça dada, eles então rejeitaram totalmente a Deus e então escureceram sua
alma, como não apenas perderam o conhecimento de Deus, mas também criaram para si uma
mentira após a outra. Pois não só eles esculpiram ídolos para si, ao invés da verdade, e a honra
que até então era para o Deus vivo, agora servem a criatura ao invés do Criador, mas, pior de
tudo, transferiram a honra de Deus até aos animais irracionais e pedras e a cada objeto material
e aos homens e foram ainda mais longe do que isso, como já dissemos no antigo tratado. Até
agora, de fato, sua impiedade avançou, de modo que eles prosseguiram adorando demônios e
proclamando-os como deuses, satisfazendo suas próprias concupiscências. Pois eles fizeram, como
foi dito acima, ofertas de animais irracionais e sacrifícios de homens, como era próprio entre eles,
estando todos eles rapidamente presos sob suas estúpidas ideias”(Da Encarnação do Verbo, XI).

20. Hilário de Poitiers(300-368), bispo de Poitiers, declara:

“Ele sabia que ele nasceu sob o pecado original, e sob a lei do pecado. Portanto, ele representa o
homem como em um estado de grande ignorância, e tão incapaz de conhecer as coisas divinas
sem ensinamentos divinos”(Homília Sobre o Salmo 119 Tau).

“O teu acanhado senso, ó herege, é incapaz do divino Espírito e não se abre às palavras
celestes”(Da Trindade, IX:35).

“A natureza inferior não compreende a razão de ser da natureza superior, nem está ao alcance
do pensamento humano o desígnio celeste”(Da Trindade, X:53).

“A força da mente humana não alcança a ciência das coisas celestiais”(Da Trindade, X:69).

“Sem que entenda, nasço de novo, e é eficaz o meu renascer”(Da Trindade, 12:56).
“É preciso que ninguém duvide que, para o conhecimento das coisas divinas, devem ser
empregadas as doutrinas divinas. Pois a fraqueza humana não obterá por si mesma a ciência das
coisas celestes, e a inteligência das coisas corpóreas não poderá adquirir o conhecimento do que
é invisível”(Da Trindade, IV:14).

21. Vitorino(281-365 d.C), bispo de Petóvio, declara:

“Porque a memória de si mesmos, e de Deus dos homens, é, destruída ou amaldiçoada, e precisa


do Espírito Santo, se é certo que o conhecimento possa vir, para entender qual é a bondade, etc ,
pois a vida foi a primeira a ser dada para que homens mortos pelo pecado pudessem ser
levantados para Deus pela fé”(Contra Arianos, I:4).

22. Optato de Mileve(365 d.C), bispo de Milevis, declara:

“Todo homem que nasce, embora ele possa ter nascido de pais cristãos, não pode ficar sem um
espírito imundo"(Contra Parmênio, I:4).

23. Cirilo de Jerusalém(332-386), bispo de Jerusalém, declara:

“A ferida da natureza humana é muito grande, que dos pés à cabeça não há nele coisa
sã”(Leituras Catequéticas, 12:7).

“Jesus, então, significa que de acordo com o hebraico ‘Salvador’, mas na língua grega ‘o Médico’, já
que Ele é o médico das almas e dos corpos, curador dos espíritos, curador dos cegos de corpo, e
conduzindo as mentes para a luz, a cura do coxo visível, e dirigindo os passos dos pecadores ao
arrependimento, dizendo ao paralítico, ‘não peques mais’, e, ‘Toma o teu leito e anda’”(Leituras
Catequéticas, 10:13).

“Que Jesus dá a vontade, e consente a fé, e concede o dom livremente”(Catequeses Mistagógicas


5, c. 16).

24. Basílio Magno(330-379), bispo de Cesareia, declara:

“Eu era realmente justo por natureza, mas agora estou fraco, porque eu estou morto no pecado,
para que beleza possa vir para a alma, e uma potência efetivamente perfeita, daquelas coisas que
são necessárias para isso, precisamos da graça divina”(Homília Sobre o Salmo 29)

“Podemos entender essas palavras, ‘os que confiam em seu poder, e se orgulham da multidão das
suas riquezas, das potências da alma, não exprimem suficiente salvação para si próprios”(Homília
Sobre o Salmo 29).

“Sabe quão impossível é, por sua própria força, superar a oposição do maligno, mas pelo poder
insuperável de Deus”(De Libero Arbitrio)

“A natureza humana, sem toda a armadura do Espírito Santo, não pode resistir aos ardis do
diabo”(De Libero Arbitrio).
25. Gregório Naziazeno(330-390), bispo de Nazianzo, declara:

“Eu caí no paraíso, estou inclinado para a terra para onde fui levado, visto que tenho que me
alimentar de uma única coisa, a fim de conhecer meus próprios males, e por um pouco de prazer, e
seja condenado à tristeza sem cessar, e obrigado a lutar pelo mal, contra aquele que era meu
amigo, e por meio do paladar, fui atraído ao pecado, estes são os castigos do pecado sobre mim,
daí eu nasci para trabalhar, viver e morrer: isto é a mãe das misérias, desejo de cobiça, desejo de
guerras”(Oração, IX).

“Mas quando por malícia do diabo e capricho da mulher(Sb 2:24) de modo que ela sucumbiu como
a mais macia, e que ela exerceu sobre o homem, como ela era o mais apto a convencê-lo, para a
minha fraqueza , para que do meu primeiro pai fosse meu , ele esqueceu o mandamento que havia
sido dado a ele, e se rendeu ao fruto do mal, e por seu pecado foi banido de uma só vez da árvore
da vida, e do paraíso, e de Deus, e colocado nos casacos de peles, que é, talvez, a carne grosseira,
tanto mortal como contraditória”(Oração, 45:8).

“Visivelmente atraente foi o fruto e bom para ser comido, o que me matou”(Oração, 43).

“Tal é a grosseria do corpo material, e a escravidão da mente, que eu, a menos que seja ajudado,
não posso ter outra forma qualquer de compreender a Deus "(Oração 16).

26. Gregório de Nissa(335-394), bispo de Nissa, declara:

“Não tem lugar nele, e que a natureza humana, sendo má por causa do pecado, está
propriamente excluída da influência do bem”(Contra Eunomio, 1:10).

“A primitiva liberdade do homem era boa, e um dom de Deus, mas que ela é o instrumento do
pecado”(De Beatitude 5).

“E tem, em vez da liberdade da vontade, a impiedade e a escravidão total do pecado”(Orat.


Dominic. orat. 5).

27. Ambrósio de Milão(337-397), bispo de Milão, declara:

“Eu estou caído em Adão, fui expulso do paraíso, em Adão, estou morto em Adão; como ele
poderia me chamar de volta, a menos que ele tivesse me encontrado em Adão, culpado quando eu
estava nele. Estou agora isso justificado em Cristo”(Da Morte de Sátiro, 6)

“Somos todos gerados em cativeiro. Por que tu assumes a arrogância de liberdade em uma
condição servil? Por que tu usurpas os títulos de nobreza, ó herança servil? Tu não sabes que a
culpa de Adão e Eva te obrigaram à servidão”(De Jacob. 1. 1, c. 3).

“Quem pode ascender das coisas terrenas para a celeste, da sombra para a clareza, a partir do
modelo para o centro da verdade, por decisões humanas, sem a orientação divina?”(Enarr. No
Salmo 119).
“Porque a natureza humana sem o auxílio divino é ineficaz, isto requer uma ajuda divina para
curá-la"(Exposição Sobre o profeta Isaías)

“Ninguém pode dizer, que o homem pode adquirir mais para si mesmo do que o que é dado a ele
por um dom divino”(De Paradiso, c. 5).

“A alma é presa como com pregos pelos prazeres corporais, e quando é uma vez imersa em
paixões terrenas, ela adere rapidamente, de modo que é difícil, voar de volta para o alto, diante
da qual ela sucumbe, sem a graça de Deus”(Homília em Lucas, I:4).

“Aquele que está em pecado não pode ser descrito como livre, mas como um escravo,
gravemente agarrado pelos opressivos laços do pecado”(Comentário do Salmo 36).

28. Epifânio(310-403), bispo de Salamina, declara:

“A todos quantos são contabilizados para a morte, estes são chamados de naturais ou carnais; por
isso ele nos ordena a rejeitar as obras da carne, como sendo as munições do pecado, e mortificar
os membros da morte por sua graça, e receber o Espírito Santo, que ele não tinha, quando me
vivificou quando antes estava morto, de quem se eu não tivesse recebido eu deveria estar morto,
pois sem o seu Espírito, cada um é morto”(Lib. Ancoratus s. 66).

“Nossa vida, chegou, e mais uma vez mostrou luz para nós, quando ele nos encontrou vagando,
pois estávamos imersos em orgulho e blasfêmias, pelas imagens de ídolos e impiedades dos
espíritos, sob o governo de todos os males”(Lib. Ancoratus. s. 64).

29. Crisóstomo(347-407), arcebispo de Constantinopla, comentarista das Escrituras:

“Quando o pecado entrou, destruiu a liberdade e corrompeu o privilégio da natureza, que foi
dada, e introduziu a escravidão”(Homília 29 Sobre Genesis)

“Pois quando o corpo tinha se tornado mortal, então era necessário que ele recebesse a
concupiscência, e ira e dor, e todas as outras paixões, o que se requeria uma grande dose de
sabedoria (φιλοσοφίας) para nos impedir de ficarmos imersos, e com a razão naufragando na
profundidade do pecado”(Homília 13 Sobre Romanos).

“Pois por estas ele mostra que eram grandes males dos quais foram libertados, e isso não por
quaisquer esforços seus, e que as coisas a partir de agora seriam mais controláveis. Assim como
alguém que tenha sido resgatado cativo de um cruel tirano, e os aconselha novamente a fugir dele,
lembrando-lhe de sua penosa escravidão, portanto, Paulo define os males que passaram mais
enfaticamente diante de nós, dando graças a Deus. Não foi nenhum poder humano que pode nos
libertar de todos os males, mas a graça de Deus, que estava disposta e capaz de fazer grandes
coisas. E, para que saibais que tudo isso não vem apenas de sua boa vontade, mas que tudo é
feito pela graça de Deus”(Homília 11 Sobre Romanos).

“Você não foi o autor da salvação para si mesmo, mas estavas destruindo a si mesmo, você é o
autor da salvação para os outros? Certamente que não, e, portanto, ele acrescenta, a salvação
que está em Cristo Jesus, o que é verdadeiramente a salvação, com glória eterna”(Homília 4 Sobre
2 Timóteo).

30. Jerônimo(347-420), teólogo dos séculos IV-V, declara:

“Todos os homens transgrediram no paraíso, com relação ao pecado são odiosos e castigados
devido ao pecado de Adão, e no paraíso, caíram com ele, dentro da escravidão deste
mundo”(Comentário de Oséias).

“Se em determinadas ações, devemos ter a ajuda de Deus, segue-se que não somos capazes de
fazer uma caneta, ou consertá-la quando isto é feito? Será que não podemos formar as letras,
ficarmos em silêncio ou falar, sentar, levantar, caminhar ou correr, comer, ou rapidamente, chorar
ou rir, e assim por diante, sem a ajuda de Deus? Do meu ponto de vista, é claramente impossível.
Como, então, temos livre-arbítrio, e como podemos preservar a graça de Deus em relação a nós,
se não podemos fazer mesmo essas coisas sem Deus?”(Contra Pelagianos, I:3).

“’O mundo jaz no maligno’, e o coração do homem desde a sua juventude é inclinado para o que
é mal, nem tampouco o estado humano existe, sem pecar, um dia, desde o início do seu
nascimento, daí Davi confessa nos Salmos: ‘Eis estou concebido em iniquidade, e em pecado me
concebeu minha mãe’, não nos erros da minha mãe, ou verdadeiramente em meu próprio, mas
pela iniquidade da condição humana. Por isso, o apóstolo diz: ‘A morte reinou desde Adão até
Moisés, mesmo sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de
Adão’”(Comentário de Ezequiel).

“Maldito, quem não só coloca a sua esperança no homem, mas aquele que faz da carne o seu
braço, ou seja, sua própria força e tudo o que ele faz, não achando que isso é devido à clemência
do Senhor, mas ao seu próprio poder"(Comentários em Jeremias).

“A abertura da boca, não está no poder do homem, mas de Deus, como diz Paulo. A porta grande
e eficaz se me abriu; e há muitos adversários; pelo que também Deus é chamado aquele que
abre”(Comentário em Joel).

“E não pode levantar-se, porque ele é escravizado pelo diabo”(Comentário de Isaías)Citando o


exemplo o homem no mesmo sentido da pobre mulher , a quem Satanás tinha presa 18 anos, de
modo que ela não podia olhar para o céu, mas sempre sobre a terra.

“Isto é como a do apóstolo: ‘Deus é o que opera em vós tanto o querer como o fazer’ não só para
as nossas obras, mas a nossa vontade, depende da ajuda de Deus. ‘E sobre essas palavras", volta-
te para mim, e eu serei transformado ‘"(Comentário em Jeremias).

“Não podemos cumprir isto, nos arrependermos, a menos que estejamos apoiados sob a ajuda de
Deus, porque depois que tu me converteres, e eu irei a ti, então eu saberei que tu és o Senhor
meu Deus, e que os meus erros e pecados não me matariam, vendo como é grande a ajuda de
Deus, e quão frágil a condição do homem, que não podemos, por qualquer meio fazer isto, que é
nos arrependermos, a menos que o Senhor em primeiro lugar nos converta”(Comentário em
Jeremias).

“Quando ele diz, ‘ ninguém pode vir a mim’, ele quebra a liberdade orgulhosa do livre arbítrio,
pois se alguma vez ele viria a Cristo, a menos que seja feito o que se segue, ‘exceto se meu Pai
celestial não o trouxer’, ele não pode desejar nada, e em vão ele se esforça"(Contra Pelagianos
1:3).

“Se o pensamento e o sentimento são dados por Deus, e o entendimento do poder do Senhor
daquele que é para ser conhecido, onde está a jactância orgulhosa de livre arbítrio?"(Contra
Pelagianos I:2).

“Pois se a graça de Deus encontra-se no fato de que ele nos fez dotados de livre arbítrio, com o
qual possuímos capacidade, também não precisaríamos de sua ajuda, com receio de que se
necessitássemos, o nosso livre arbítrio seria destruído; então de maneira alguma deveríamos orar
por mais tempo, e, assim, participarmos da bondade de Deus, para que pudéssemos receber
diariamente, o que, sendo uma vez recebida, estando em nosso poder, pois oramos em vão, se
estivesse em nossa vontade fazer o que quisermos. Por que os homens devem orar ao Senhor, se
eles propriamente tem livre-arbítrio?"(Contra Pelagianos I:2).

“Onde há graça e misericórdia, o livre arbítrio, em parte, cessa: é apenas por que nós ganhamos,
desejo e damos um assentimento às coisas que são apreciadas, mas é no poder do Senhor, que o
que nós desejamos, trabalhamos para, e após esforço, somos capazes de cumprir”(Contra
Pelagianos, I:1).

“Se não um, nem poucos, nem muitos, mas todos, são governados por sua própria vontade, onde
estará a ajuda de Deus?’. Então, como é que você explica Salmo 37:23; Jeremias 10:23, João 3:27,
1 Coríntios 4:7, etc?”(Contra Pelagianos, I:1).

“Onde estão os que dizem que o homem pode ser governado por sua própria vontade? De modo
que se o poder do livre-arbítrio é concedido, de tal modo a misericórdia e justiça de Deus não
são jogadas para longe?”(Comentário em Jeremias).

“O livre arbítrio é tirado do homem, pela graça de Deus, mas a própria liberdade, deve ter Deus
como seu ajudante”(Comentário em Ezequiel).

31. Agostinho(354-430), bispo de Hipona, declara:

“Sem a graça, o livre arbítrio de nada serve, senão para pecar”(Do Espírito e da Letra, 3:5).

“Chamais de livre o arbítrio, mas em verdade ele é um escravo”(Contra Juliano, II, 8:23).

32. Marcos, o Eremita(+451 d.C), declara:

“O pecado de Adão não pode ser removido por nossos esforços, ou até mesmo os nossos
próprios pecados, que nos acontecem depois do batismo, a não ser por Cristo, pois como
poderíamos, nós que estávamos mortos em pecados, fazer alguma coisa boa de nós mesmos, a
menos que o Senhor nos tivesse vivificado pelo banho da regeneração, e que tinha derramado
sobre nós a graça do Espírito Santo? "(De Batismo)

“Que nenhum daqueles que examinam a virtude, acham que eles têm, apenas por seu próprio
poder, feito alguma coisa boa”(De Batismo)

“Nós, que somos adornados com o livre arbítrio acima de todos os animais, somos mais selvagens
do que as bestas selvagens e parecemos menos racionais do que os animais irracionais”(De
Poenitentia).

(b)Os Pré-Reformadores:

1. John Wycliff(1324-1384), a estrela da alva da Reforma, em sua obra “De Causa Dei Adversus
Pelagium”, declara:

“Estas multidões, Oh Senhor, neste dia juntam suas mãos com Pelágio em defesa do livre arbítrio
e na luta contra tua livre e absoluta graça. A vontade de Deus é universal, eficaz e invencível. Ela
não pode ser impedida, muito menos derrotada”.

E em outra obra sua, “Da Igreja”, ele novamente ataca o dogma do livre arbítrio, declarando:

“É apenas pelo poder da graciosa eleição de Deus que o indivíduo virá a pertencer ao número
dos salvos, e é um membro do Corpo de Cristo, um filho da Santa Mãe Igreja, da qual Cristo é o
Esposo”(p.289).

Era tão clara a posição de Wycliff contra o dogma do livre arbítrio, que até os romanistas
reconhecem, como por exemplo, Dom Jaime de Barros, que declara:

“Wyclif ensinava que a Igreja se compunha só dos predestinados. Atacou o livre


arbítrio”(Apontamentos de História Eclesiástica, p.216).

O reformador Martinho Lutero, tendo conhecimento da oposição de Wycliff ao dogma do livre


arbítrio, em sua obra “Da Vontade Cativa”(1525 d.C), declara:

“A terceira opinião, a mais dura, é a de Wyclif e de Lutero. Ela diz que o livre arbítrio é um termo
vazio”(Martinho Lutero, Obras Selecionadas, Volume 4, p.83).

2. John Huss(1369-1415), professor da Universidade de Praga, e capelão da corte de Belém, era


também discípulo de Wyclif. Huss, em sua obra “Da Igreja”(1414 d.C), declara:

“Além disso, é importante afirmar que nenhuma escolha humana faz a pessoa um membro da
Igreja Universal, mas a predestinação divina”(III).

Os romanistas também tem conhecimento da rejeição de Huss ao dogma do livre arbítrio, haja
visto, que, ao ironicamente chamar os que negam o dogma do livre arbítrio de “fatalistas”,
nomeiam entre estes, Huss. O Pe W. Devivier, em sua obra “Curso de Apologética Cristã”, ao fazer
alusão aos inimigos do dogma do livre arbítrio, enumera entre eles Huss:
“Os fatalistas negam a liberdade humana em nome de um princípio superior e único, que
segundo as diversas formas, que o próprio fatalismo toma, se chama destino(antigos gregos),
vontade divina(maometanos), natureza(Spinoza e panteístas) e mesmo graça divina(João Huss,
Lutero, Calvino, Jansenio, Baio)”(p.74).

3. Jerônimo Savonarola(1452-1498), foi o famoso pregador do mosteiro de São Marcos, Florença,


Itália, sendo um dos maiores adversários do papa Alexandre VI, e de outras autoridades italianas,
tudo devido as suas denúncias públicas contra os mesmos. Em seu sermão “Miserere”(Sermão
Sobre o Salmo 51), declara:

“Dai-me um espírito novo, renova este que se corrompeu. Minha alma e espíritos foram criados
por Ti para a retidão. Sua primeira inclinação natural era te amar mais do que a ele mesmo e de
desejar todas as coisas para Ti. Porquanto, a afeição de caráter, vinda de Ti, era reta, mas a
perversão da vontade a corrompeu. Reformaste este espírito e este amor por vossa
graça”(Dernière Méditation, p.50).

“Minha mãe carnal me concebeu em cobiça, e nela contraí o pecado original. O que é isto senão a
privação da justiça original e da retidão de todo o homem? O homem concebido e nascido em
pecado é torto e desviado”(Ibidem, p.34).

(c)Os Reformadores:

1. Martinho Lutero(1483-1546), o pai da Reforma Protestante, em sua renomada obra “Da


Vontade Cativa”(1525 d.C), declara:

“Todos os argumentos que falam de Cristo combaterão o livre arbítrio. E esses são incontáveis,
ou melhor, toda a Escritura. Por isso, se tratarmos desse assunto perante o tribunal da Escritura,
serei vencedor em toda a linha, de sorte que não sobrará um único jota ou til que não condene o
dogma do livre arbítrio”(Martinho Lutero, Obras Selecionadas, Volume 4, p.210).

2. Úlrico Zuínglio(1484-1531), sendo o pastor e pregador da Catedral de Zurique, foi o responsável


pela Reforma em Zurique. Em sua obra “Confissão de Fé ao Imperador Carlos V”(1530 d.C),
destinada ao rei Francisco I, declara:

“Todos sabemos que a carne é inútil, incapaz, e não pratica nada de bom; e que todos nós somos
apenas carne, segue-se que, por natureza, nada podemos fazer que seja bom e reto. Nossas
inclinações nos levam ao mal, à mesma condição de Adão, porque Deus disse que: ‘todo desígnio
dos pensamentos do coração dos homens, era continuamente e somente mau’(Gn 6:5). Depois
disse: ‘a imaginação do coração do homem é má desde a sua infância’(Gb 8:21). Se o homem é
mau desde sua infância, é porque tem herdado de Adão. Este é o verdadeiro pecado original; a
queda, a transgressão, a separação de Deus, a imperfeição, o pecado, ou qualquer nome
semelhante com o queiram revestí-lo. É, pois, claro, que todos somos, por natureza, filhos da ira(Ef
2:3), que todos temos pecado(Rm 3:12-23), que todos somos inúteis e incapazes de fazer algum
bem(Sl 14:1). Filhos de Adão, todos nós estamos do lado dos transgressores da Lei. Em virtude de
tua natureza, nada podes fazer de bom, ou que sirva para a reconciliação com Deus, seja em teu
próprio benefício ou dos demais, porque todos somos pecadores”.

3. João Calvino(1509-1564), o reformador de Genebra, em sua obra “Breve Instrução


Cristã”(1537), declara:

“As Escrituras atestam que o homem é escravo do pecado; o que significa que seu espírito é tão
estranho a justiça de Deus que não concebe, deseja nem empreende coisa alguma que não seja
má, perversa, iníqua e impura; pois o coração, completamente cheio do veneno do pecado, não
pode produzir senão os frutos do pecado. Não pensamos, entretanto, que o homem peca como
que impelido por uma necessidade incontrolável; pois peca com o consentimento de sua própria
vontade continuamente e segundo sua inclinação. Mas, visto que, por causa da corrupção de seu
coração, odeia profundamente a justiça de Deus; e, por outro lado, atrai para si toda sorte de
maldade, por isso afirmamos que o homem não tem o poder de eleger o bem ou o mal – que é o
que chamamos livre-arbítrio”(5).

(d)As Antigas Confissões de Fé Protestantes:

1. A Confissão de Fé de Augsburgo (1530)(Luterana), declara:

“Todavia, sem a graça, o auxílio e a operação do Espírito Santo, o homem é incapaz de ser
agradável a Deus, teme-lo de coração, ou crer, ou expulsar do coração as más concupiscências
inatas. Isso, ao contrário, é feito pelo Espírito Santo, que é dado pela Palavra de Deus. Pois Paulo
diz em 2 Co 2: ‘O homem natural não nada entende do Espírito de Deus’”(XVII:2-3).

2. A Apologia da Confissão de Fé de Augsburgo (1531)(Luterana), declara:

“Por isso, ainda que concedemos ao livre arbítrio a liberdade e faculdade de produzir as obras
externas da lei; não lhe atribuímos, contudo aquelas coisas espirituais, a saber: temer A Deus
verdadeiramente, crer verdadeiramente”(XVIII).

3. A Confissão de Fé da Basiléia(1536), declara:

“Confessamos que, em princípio o homem foi criado por Deus, em verdadeira justiça e santidade,
segundo a verdadeira imagem de Deus(Gn 1:27. 5: 1,2) mas ele caiu em pecado por sua própria
vontade:(Gn 3:6). Através da Queda, toda a humanidade se tornou corrupta(Gn 6: 1-7.; Rm. 3:9-18;
5:12.; Ef 2:1-3) e vos submeteu à condenação(Sl 118:2). Por isso, é que a nossa natureza é
profanada, e tornou-se tão inclinada para o pecado, que, a menos que seja renovada pelo
Espírito Santo, o homem por si mesmo não pode não fazer nada(Jo 3:3)”(II).

4. A Primeira Confissão Helvética(1536)(Reformada), declara:

“O homem sendo a mais perfeita imagem de Deus na Terra, e tornando-se de todas as criaturas
visíveis (Gn 1:27,29), a composta de alma e corpo; do qual este é mortal, e de tal modo imortal; e
depois que ele foi feito santo pelo Senhor, ele, por sua própria culpa, caindo em pecado, atraiu
toda a humanidade com ele para a mesma queda, e tornou-a sujeito a mesma maldição. E esta
mácula, que ocorre entre os homens, tem invadido toda a sua descendência, que tornou-se filho
da ira e inimigo de Deus, de modo que ninguém pode por nenhuma outra maneira, ser curado,
senão pela ajuda divina de Cristo. Diante disso, atribuímos livre-arbítrio ao homem, como isso,
conhecer e ter uma vontade de fazer o bem e o mal, encontramos não obstante pela experiência, a
da nossa própria vontade, podemos fazer o mal, mas também não podemos receber nem seguir
nenhuma coisa boa, exceto, se formos iluminados pela graça de Cristo, se formos movidos pelo
alto e para isso eficazmente movidos”(VIII, IX).

5. A Confissão de Fé de Genebra (1536), declara:

“Reconhecemos que o homem por natureza é cego, escurecido na compreensão e cheio de


corrupção e perversidade no coração, de modo que de si mesmo ele não tem poder para ser
capaz de compreender o verdadeiro conhecimento de Deus como é adequado, nem para aplicar-
se às boas obras. Mas, pelo contrário, se ele for deixado por Deus naquilo que ele é, por natureza,
ele só é capaz de viver na ignorância e ser abandonado de toda iniquidade. Daí, ele tem
necessidade ser iluminado por Deus, para que ele venha para o conhecimento certo da sua
salvação e, portanto, para ser redirecionado em suas afeições e reformado para a obediência da
justiça de Deus”(IV).

6. O Catecismo de Genebra(1537), declara:

“Nosso entendimento é fraco demais para compreender a sabedoria de Deus, que nos é revelada
pela fé; e nossos corações são tão inclinados a desconfiança, ou a perversa confiança em nós
mesmos, ou em criaturas, que não podemos confiar nem sermos libertados por Deus; mas o
Espírito Santo por sua iluminação nos torna capazes de entender as coisas que de outra forma
nos são incompreensíveis, e nos firma e fortalece nossa certeza, imprimindo e selando em nossos
corações as promessas da salvação”(Resposta a Pergunta nº 113).

7. A Confissão de Fé Saxônica(1551)(Luterana), declara:

“Mas o homem por sua força natural não é capaz de libertar-se do pecado e da morte eterna;
mas essa liberdade e conversão do homem para Deus e esta novidade espiritual é operada pelo
Filho de Deus, vivificando-nos através de seu Santo Espírito; como se diz, ‘Se alguém não tem o
Espírito de Cristo, o mesmo não é dele’(Rm 8:9). E a vontade, tendo recebida o Espírito Santo, não
é ociosa. E damos graças a Deus por este benefício indizível, que, por causa de seu Filho, e por
meio dEle, Ele nos dá o Espírito Santo, e nos governa pelo seu Espírito. E nós condenamos os
pelagianos e os maniqueus, como temos amplamente declarado em outro lugar”(IV).

8. A Confissão de Fé de Wurtenberg(1552)(Luterana), declara:

“Cremos e confessamos que, no princípio, o homem foi criado de Deus, justo, sábio, dotado de
livre-arbítrio, adornado com o Espírito Santo, e feliz; mas que depois, por sua desobediência, ele
foi privado do Espírito Santo, e tornou-se escravo de Satanás, e sujeito à condenação corporal e
eterna, e que o mal não permaneceu somente sobre Adão, mas foi adquirido por toda a sua
posteridade. E considerando que alguns têm afirmado que a integridade da mente foi deixada ao
homem depois de sua queda, que por sua força natural e boas obras ele é capaz de se converter e
preparar-se para a fé e a invocação de Deus, sendo isto terminantemente contrário à doutrina
apostólica, e a verdadeira aprovação da Igreja Universal”(XI)

9. A Confissão de Fé da Guanabara (1558)(Reformada), declara:

“Quanto ao livre arbítrio, cremos que, se o primeiro homem, criado à imagem de Deus, teve
liberdade e vontade, tanto para o bem como para o mal, só ele conheceu o que era livre arbítrio,
estando em sua integridade. Ora, ele nem apenas guardou este dom de Deus, assim como dele
foi privado por seu pecado, e todos os que descendem dele, de sorte que nenhum da semente
de Adão tem uma centelha do bem”(X).

10. A Confissão de Fé Francesa (1559)(Reformada), declara:

“Cremos que o homem, tendo sido criado puro e íntegro, conforme a imagem de Deus, decaiu por
sua própria culpa da graça que lhe foi dada, alienando-se assim do Deus que é a fonte de justiça e
de todo o bem. A natureza do homem foi, portanto, corrompida em seu todo, e ele se tornou
cego em seu espírito e depravado em seu coração, não havendo nele mais resquícios da antiga
integridade. E, ainda que possui alguma capacidade de distinguir entre bem e mal, afirmamos que
a clareza que lhe resta se converte em trevas quando se trata de buscar a Deus, pois não pode
alguém se aproximar dEle por Inteligência ou razão. Mesmo que estimulado a fazer algo, toda a
sua vontade é cativa do pecado, de modo que ele não possui liberdade para o bem, senão aquela
que Deus lhe proporciona”(IX).

11. A Confissão de Fé Escocesa(1560)(Reformada), declara:

“Por essa transgressão, geralmente conhecida como pecado original, a imagem de Deus foi
totalmente deformada no homem, e ele e seus filhos se tornaram, por natureza, inimigos de
Deus, escravos de Satanás e servos do pecado, de modo que a morte eterna tem tido e terá poder
e domínio sobre todos os que não foram, não são e não forem regenerados do alto”(III).

12. A Confissão de Fé dos Países Baixos (1561)(Reformada), declara:

“Cremos que Deus criou o homem do pó da terra, e o fez e formou conforme sua imagem e
semelhança: bom, justo e santo, capaz de concordar, em tudo, com a vontade de Deus. Mas,
quando o homem estava naquela posição excelente, ele não a valorizou e não a reconheceu.
Dando ouvidos às palavras do diabo, submeteu-se por livre vontade ao pecado e assim à morte e à
maldição. Pois transgrediu o mandamento da vida, que tinha recebido e, pelo pecado, separou-se
de Deus, que era sua verdadeira vida. Assim ele corrompeu toda a sua natureza e mereceu a
morte corporal e espiritual.

“Tornando-se ímpio, perverso e corrupto em todas as suas práticas, ele perdeu todos os dons
excelentes, que tinha recebido de Deus. Nada lhe sobrou destes dons... Pois toda a luz em nós se
tornou em trevas como nos ensina a Escritura: ‘A luz resplandece nas trevas, e as trevas não
prevaleceram contra ela’(Jo 1:5). Aqui o apóstolo João chama os homens ‘trevas’. Por isso,
rejeitamos todo o ensino contrário, sobre o livre arbítrio do homem, porque o homem somente
é escravo do pecado e ‘não pode receber coisa alguma se do céu não lhe for dada’(Jo 3:27)”(XIV).

13. A Confissão de Fé da Inglaterra(1562), declara:

“Dizemos também, que cada pessoa nasce no pecado, e leva sua vida em pecado: e de que
ninguém é capaz de dizer verdadeiramente que o seu coração está limpo(Pv 20:9), que a pessoa
mais reta, ainda é um servo inútil(Lc 17:10). Portanto, a lei de Deus é perfeita, e exige de nós
perfeita e plena obediência: que de maneira alguma somos capazes para cumprir essa lei nesta
vida mundana, de modo que não há nenhuma criatura mortal que possa ser justificada por seus
próprios merecimentos aos olhos de Deus”(VI).

14. O Catecismo de Heidelberg (1563)(Reformado), declara:

“P. 7 - De onde vem, então, esta natureza corrompida do homem? R. Da queda e desobediência de
nossos primeiros pais, Adão e Eva, no paraíso. Ali, nossa natureza tornou-se tão envenenada, que
todos nós somos concebidos e nascidos em pecado... P. 8 - Mas nós somos tão corrompidos que
não podemos fazer bem algum e que somos inclinados a todo mal? R. Somos sim, se não
nascermos de novo pelo Espírito de Deus”

15. A Segunda Confissão Helvética (1566)(Reformada), declara:

“Por pecado entendemos a corrupção inata do homem, que se comunicou ou propagou de nossos
primeiros pais, a todos nós, pela qual nós - mergulhados em más concupiscências, avessos a todo
o bem, inclinados a todo o mal, cheios de toda impiedade, de descrenças, de desprezo e de ódio
a Deus - nada de bom podemos fazer... Depois, importa considerar qual se tornou o homem
depois da queda. Sem dúvida, seu entendimento não lhe foi retirado, nem foi ele privado de
vontade, nem foi transformado inteiramente numa pedra ou árvore; mas seu entendimento e sua
vontade foram de tal sorte alterados e enfraquecidos que não podem mais fazer o que podiam
antes da queda. O entendimento se obscureceu, e a vontade, que era livre, tornou-se uma
vontade escrava”(VIII, IX).

16. Os Artigos de Fé da Igreja da Inglaterra (1571)(Anglicanos), declaram:

“A condição do homem depois da queda de Adão é tal que ele não pode converter-se e preparar-
se a si mesmo, por sua própria força natural e boas obras, para a fé e invocação a Deus. Portanto,
não temos o poder de fazer boas obras agradáveis e aceitáveis a Deus, sem que a graça de Deus
por Cristo nos preceda, para que tenhamos boa vontade, e trabalhe em nós enquanto temos essa
boa vontade”(X).

17. A Confissão de Fé da Boemia (1575), declara:

“A segunda parte do próprio conhecimento de um homem (ou seja, antes da justificação)


permanece nisto: Que o homem reconheça corretamente o estado da própria queda, o pecado e a
morte. Porque a liberdade da livre escolha, que Deus concedeu a vontade do homem, ele abusou,
e não guardou a lei de sua justiça, mas desviou-se disso, e de tal modo transgrediu o mandamento
de Deus, de maneira que ele obedeceu ao diabo e aqueles seus discursos mentirosos, e creu nisto
e praticamente honrou ao diabo com tal fé e obediência, que era devida somente a Deus: pelo
qual ele se despiu e despojou a si e sua posteridade do estado de perfeição e bondade da
natureza; e da graça de Deus, e desses benditos dons de justiça, e da imagem de Deus, que em
sua criação fora enxertada nele, e ele, separou-se, se perdeu, e em seus membros corrompidos e
contaminados, como um horrível veneno que corrompe um vinho puro ; e, desta forma, ele se
lançou e a todos os seus descendentes, a todos os seus filhos, no pecado, na morte, nas misérias
nesta vida, e em punições eternas depois desta vida.

Portanto, o originador e o principal autor de todo o mal, que é o cruel e odioso diabo, o tentador,
mentiroso e homicida: e ao lado, o livre-arbítrio do homem, que, não obstante, está sendo
convertido para o mal, através da luxúria e desejos impertinentes, e pela concupiscência
perversa, escolhe o que é mau...

Deixemos a força desta destruição hereditária ser reconhecida e julgada através de nossa culpa,
pela nossa inclinação, por nossa natureza maligna, e pelo o castigo que é posta sobre ela...

Eles também ensinam que nós devemos reconhecer a nossa fraqueza, e que grande miséria que é
formada em nós, como também as dificuldades a partir do qual nenhum homem jamais pode
remir-se ou livrar-se por qualquer meio, ou justificar a si mesmo (isto é, adquirir ou obter justiça
para si mesmo) por qualquer tipo de obras, ações, ou esforços, dando a impressão de que eles
jamais poderão ser agradáveis. Porque a vontade do homem, que antes era livre, agora está tão
corrompida, perturbada, e enfraquecida, que a partir de agora, doravante, de si mesma, e sem a
graça de Deus, ela não pode escolher, julgar, ou desejar totalmente; não, ela não tem desejo,
nem inclinação, muito menos qualquer capacidade, para que escolherá aquilo que é bom, de
acordo com a vontade de Deus. Porque ainda que tenha caído voluntariamente e por sua própria
vontade, mas, por si mesma, e por sua própria força, não pode se levantar novamente ou se
recuperar desta queda; até hoje, sem a graciosa ajuda de Deus, que é capaz de fazer qualquer
coisa em todos”(IV).

18. A Fórmula de Concórdia (1577)(Luterana), declara:

“Cremos, ensinamos e confessamos, outrossim, que a vontade irregenerada do homem não só


está alheada, mas também se tornou inimiga de Deus, de modo que ela só deseja o mal e que se
opõe a Deus, conforme está escrito: ‘Porque é mau o desígnio íntimo do homem desde a sua
mocidade’(Gn 8:21). Da mesma forma: ‘Por isso o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois
não está sujeita a lei de Deus, nem mesmo pode estar’(Rm 8:7). Sim, tão pouco como um corpo
morto pode vivificar a si mesmo para a vida corpórea, terrestre, tampouco o homem, que pelo
pecado está espiritualmente morto, pode erguer-se a si mesmo para a vida espiritual... Sendo
assim convertidos exclusivamente pela graça e poder do Espírito Santo, de quem dele só é a obra
da conversão do homem... Como disse Cristo: ‘Sem mim nada podeis fazer’(Jo 15:5). Com essas
palavras nega os poderes do livre arbítrio e atribui tudo à graça de Deus”(III:2-3).
19. Os Artigos Irlandeses de Religião(1611)(Anglicanos), declaram:

“A condição do homem depois da queda de Adão é tal que ele não pode converter-se e preparar-
se a si mesmo, por sua própria força natural e boas obras, para a fé e invocação a Deus. Portanto,
não temos o poder de fazer boas obras agradáveis e aceitáveis a Deus, sem que a graça de Deus
por Cristo nos preceda, para que tenhamos boa vontade, e trabalhe em nós enquanto temos essa
boa vontade”(X).

20. Os Cânones de Dort(1618-1619)(Reformados), declaram:

“No princípio o homem foi criado à imagem de Deus. Foi adornado em seu entendimento com o
verdadeiro e salutar conhecimento de Deus e de todas as coisas espirituais. Sua vontade e seu
coração eram retos, todos os seus afetos puros; portanto, era o homem completamente santo.
Mas, desviando-se de Deus sob instigação do diabo e pela sua própria livre vontade, ele se privou
destes dons excelentes. Em lugar disso trouxe sobre si cegueira, trevas terríveis, leviano e perverso
juízo em seu entendimento; malícia, rebeldia e dureza em sua vontade e seu coração; também
impureza em todos os seus afetos. Depois da queda, o homem corrompido gerou filhos
corrompidos. Então a corrupção, de acordo com o justo julgamento de Deus, passou de Adão até
todos os seus descendentes, com exceção de Cristo somente... Portanto, todos os homens são
concebidos em pecado e nascem como filhos da ira, incapazes de qualquer ação que o salve,
inclinados para o mal, mortos em pecados e escravos do pecado. Sem a graça do Espírito Santo
regenerador nem desejam nem tampouco podem retornar a Deus, corrigir suas naturezas
corrompidas ou ao menos estar dispostos para esta correção”(I,II,III).

21. A Confissão de Fé de Cyril Lucar(1572-1637), patriarca da Igreja Ortodoxa Grega, convertido ao


Cristianismo Reformado, datada de 1632, declara:

“Nós cremos que o livre arbítrio é morto no irregenerado, porque ele não faz nada bom, e tudo
aquilo que ele deseja é pecar; mas no regenerado, pela graça do Espírito Santo, a vontade e as
boas obras são animadas, mas não sem a assistência da graça”(XIV).

22. A Confissão de Fé Batista de 1644, declara:

“No princípio Deus fez todas as coisas muito boas; criou o homem segundo sua própria imagem,
cheio de todas as perfeições de seu caráter, e livre de todo pecado; mas o homem não durou
muito nesta honra. Satanás usou a engenhosidade da serpente para persuadir primeiro a Eva e
logo por meio dela seduziu também a Adão; o qual sem ser coagido por ninguém, ao comer o fruto
proibido, desobedeceu ao mandamento de Deus e caiu do estado no qual foi criado. Portanto, a
morte veio sobre toda a sua descendência; que agora são procriados em pecado, e por natureza
são filhos da ira, servos do pecado, súditos da morte, e sofrem outras adversidades neste
mundo, e isto para sempre a menos que o Senhor Jesus Cristo os liberte”(IV).

23. A Confissão de Fé de Westminster(1643-1649), declara:

“Por este pecado eles decaíram da sua retidão original e da comunhão com Deus, e assim se
tornaram mortos em pecado e inteiramente corrompidos em todas as suas faculdades e partes
do corpo e da alma... O homem, caindo em um estado de pecado, perdeu totalmente todo o
poder de vontade quanto a qualquer bem espiritual que acompanhe a salvação, de sorte que um
homem natural, inteiramente adverso a esse bem e morto no pecado, é incapaz de, pelo seu
próprio poder, converter-se ou mesmo preparar-se para isso”(VI:2; IX:3).

24. A Confissão de Fé dos Valdenses (1655), declara:

“Cremos que o homem pela sua transgressão perdeu aquela justiça e santidade que tinha
recebido, e por conseguinte incorrendo na ira de Deus, tornou-se sujeito à morte e à escravidão,
sob o domínio daquele que tem o poder da morte, que é o diabo, de tal forma que o nosso livre
arbítrio tornou-se um escravo do pecado, e todos os homens, ambos, judeus e gentios, são por
natureza filhos da ira, e todos estão mortos em seus delitos e pecados, e consequentemente
incapazes do menor movimento bom à qualquer coisa que diz respeito a salvação deles: sim,
incapazes de um só pensamento bom sem a graça de Deus, todas as suas imaginações são
totalmente más, e isso continuamente”(IX).

25. A Declaração de Fé e Ordem de Savoy (1658)(Congregacional), declara:

“Por este pecado eles decaíram da sua retidão original e da comunhão com Deus, e assim se
tornaram mortos em pecado e inteiramente corrompidos em todas as suas faculdades e partes
do corpo e da alma... O homem, caindo em um estado de pecado, perdeu totalmente todo o
poder de vontade quanto a qualquer bem espiritual que acompanhe a salvação, de sorte que um
homem natural, inteiramente adverso a esse bem e morto no pecado, é incapaz de, pelo seu
próprio poder, converter-se ou mesmo preparar-se para isso”(VI:2; IX:3).

26. A Fórmula Consensus Helvética (1675)(Reformada), declara:

“Antes de cometer qualquer pecado atual, o homem, e por isso, sua descendência, por causa do
pecado, estão expostos à ira e a maldição de Deus, por estas duas razões; primeiro, considerando a
transgressão e a desobediência que Ele encerrou sobre os lombos de Adão; e, segundo,
considerando a consequente corrupção hereditária implantada em sua concepção, pelo que toda a
sua natureza é depravada e espiritualmente morta; desta maneira o pecado original pode ser
considerado como propagado, pecado imputado e inerentemente pecado hereditário”(11º Canon).

27. A Confissão de Fé Batista de 1689, declara:

“Com a queda no pecado, o homem perdeu completamente toda a sua habilidade volitiva para
aquele bem espiritual que acompanha a salvação. Por isso, o homem natural é inteiramente
adverso a esse bem, e está morto em pecados. Ele não é capaz de se converter por seu próprio
esforço, e nem mesmo de se dispor a isso... Da corrupção natural procedem todas as atuais
transgressões, porque ela nos torna completamente indispostos, incapacitados e contrários a
todo bem, e totalmente inclinados para todo o mal”(IX:2-3; VI:4).

28. Os Artigos Metodistas de Religião (1784), declaram:


“A condição do homem depois da queda de Adão é tal que ele não pode converter-se e preparar-
se a si mesmo, por sua própria força natural e boas obras, para a fé e invocação a Deus. Portanto,
não temos o poder de fazer boas obras agradáveis e aceitáveis a Deus, sem que a graça de Deus
por Cristo nos preceda, para que tenhamos boa vontade, e trabalhe em nós enquanto temos essa
boa vontade”(X).

29. O Catecismo Maior de Westminster (1648), declara:

“P.25. Em que consiste o pecado desse estado em que o homem caiu? O pecado desse estado em
que o homem caiu consiste na culpa do primeiro pecado de Adão, na falta de retidão na qual este
foi criado e na corrupção da sua natureza pela qual se tornou inteiramente indisposto, incapaz e
oposto a todo o bem espiritual e inclinado a todo o mal, e isso continuamente: o que geralmente
se chama pecado original, do qual precedem todas as transgressões atuais”.

30. A Confissão de Fé Metodista Calvinista(1823), declara:

"Embora o homem, quando Deus fez o pacto de obras com ele, tivesse o poder para obedecer e
preencher as condições do pacto, todavia ele desobedeceu a Deus, e quebrou o pacto. A serpente
enganou a Eva, e Adão deu ouvido à voz da sua esposa e deliberadamente transgrediu os
mandamentos de seu Criador, comendo do fruto proibido; e por esse meio ele quebrou o pacto de
Deus, tornou-se sujeito à ameaça da morte, perdeu sua retidão original e comunhão com Deus, e
se tornou totamente corrupto na alma e no corpo. Como ele era o cabeça e o representante da
humanidade, seu primeiro pecado é imputado neles, e sua corrupção floresceu em toda sua
semente, que procede dele por geração natural. Em consequência desta corrupção natural, a
humanidade tornou-se incapaz da bondade e está inclinada à toda maldade, e da sua natureza
depravada procedem todos os pecados existentes. O pecado original e todos os pecados
existentes na alma e no corpo, são transgressões da santa lei de Deus, trazendo uma maldição ao
pecador e expondo-o à ira de Deus, e à miséria espiritual, temporal e eterna"(X)

31. A Confissão de Fé Congregacional(Declaração de Fé da Aliança das Igrejas Evangélicas


Congregacionais do Brasil[2014]), declara:

“O homem com sua queda num estado de pecado, perdeu toda a capacidade de vontade a
desejar qualquer bem espiritual que acompanha a salvação, de tal maneira que o homem
natural, sendo totalmente avesso àquele bem, e morto em seu pecado, não é capaz por sua
própria força, de se converter nem de se preparar para isso”(X:3).

(e)O testemunho de várias igrejas:

1. As Igrejas Reformadas do Brasil

Em seu hinário “Salmos e Hinos”, lemos:

“Nada mereço, eu só recebí,


Só pela graça eu me convertí”(63:1).
“Pode um morto se levantar,
Pode um escravo se libertar,
Pode um cego se dar visão,
Ou se escolhe a salvação?”(79:1).

2 – Os Batistas

Roger Williams(1603-1684), foi o primeiro e o mais importante vulto entre todos os batistas da
América do Norte. O historiador batista P. E. Burroughs afirma que Williams “em 1639
estabeleceu em Providence (EUA) uma organização que tem sido considerada a primeira igreja
batista do Novo Continente”(O Povo Batista, p.97). Pois bem, o pai dos batistas norte-americanos,
fazendo alusão ao dogma do livre arbítrio, declara:

“Uma alma incrédula, estando morta em pecados, embora possa ser mudada de uma religião
para outra (como a roupa de um morto pode ser trocada várias vezes) não pode agradar a Deus.
Em consequência, qualquer ato de adoração religiosa praticado por uma pessoa incrédula e não
regenerada, é pecado... Penso que podemos discernir uma tríplice culpa das autoridades civis que
se impõem e forçam as consciências dos homens. Elas ou querem fazer os homens se desviarem
da religião em que não acreditam. Em primeiro lugar, existe a culpa de sustentarem a doutrina
arminiana e papista do livre arbítrio, como se o homem tivesse o poder e a habilidade de
crer...”(Os Batistas e a Doutrina da Eleição, p.24).

No Brasil, a CBB (Convenção Batista Brasileira), até 1984, endossava a “Declaração de Fé das
Igrejas Batistas do Brasil”(1916), que dizia:

“Cremos que o homem foi criado em santidade, sob a lei de seu Criador; mas por transgressão
voluntária caiu daquele santo e feliz estado; em consequência do que todos os homens são agora
pecadores, não por constrangimento, mas por escolha; sendo por natureza completamente
destituídos daquela santidade requerida pela Lei de Deus, inegavelmente inclinado para o mal, e
por isso sob justa condenação à ruína eterna, sem defesa ou desculpa”(III).

E em uma antiga confissão de fé de um de seus seminários – “A Declaração de Fé do Seminário


Teológico Batista do Sul do Brasil”(1955), declara:

“Deus originalmente criou o homem à sua própria imagem e livre do pecado, mas, pela tentação
de Satanás, o homem transgrediu o mandamento de Deus, caiu de sua santidade e justiça original,
sendo que sua posteridade, tendo herdado sua natureza corrompida e totalmente oposta a Deus
e a sua Lei, está debaixo de condenação; e tão logo os filhos de Adão sejam capazes de ação moral,
tornam-se transgressores efetivos pela prática do mal”(VI).

Em 1985, a CBB substituiu a sua antiga confissão de fé(que era 100% calvinista), por uma confissão
de fé híbrida(calvinista-arminiana) – a Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira. No
4º Artigo desta confissão, lemos:

“No princípio o homem vivia em estado de inocência e mantinha perfeita comunhão com Deus.
Mas, cedendo à tentação de Satanás, num ato livre de desobediência contra seu Criador, o homem
caiu no pecado e assim perdeu a comunhão com Deus e dele ficou separado. Em consequência
da queda de nossos primeiros pais, todos somos, por natureza, pecadores e inclinados à prática
do mal. Todo pecado é cometido contra Deus, sua pessoa, sua vontade e sua lei. Mas o mal
praticado pelo homem atinge também o seu próximo. O pecado maior consiste em não crer na
pessoa de Jesus Cristo, o Filho de Deus, como salvador pessoal. Como resultado do pecado, da
incredulidade e da desobediência do homem contra Deus, ele está sujeito à morte e à
condenação eterna, além de se tornar inimigo do próximo e da própria criação de Deus.
Separado de Deus, o homem é absolutamente incapaz de salvar-se a si mesmo e assim depende
da graça de Deus para ser salvo”.

Até o hinário da CBB, o Cantor Cristão, entoa a doce melodia da total depravação do homem, como
se segue:

“Do Salvador o nome traz recordação que a mim me apraz


Dos vis grilhões me libertou, e deu-me fé que me salvou”(58:1)

“Glória a Jesus, sim, ao Filho de Deus,


O bom Salvador que nos veio dos céus!
Estávamos mortos, mas ele chegou,
E do pecado nos ressuscitou.

“Na corrupção não podia viver,


A vida era assim um constante sofrer,
Até que num dia Jesus me encontrou,
E ele minha alma de novo gerou”(373:1-2).

O Dr. E. C. Dargan, em seu livro “As Doutrinas de Nossa Fé”(Casa Publicadora Batista, RJ, 3ª edição,
1952), declarava:

“Como vimos, quando se tratou da total da total depravação do homem, este afastamento de
Deus, por parte do homem penetra em todo o seu ser e existência. Nos seus pensamentos e
desejos, nas suas intenções e atos acha-se totalmente desviado de Deus. Tremenda é esta
sentença escritural (Rm 3:23). O homem, matéria, moral e espiritual, acha-se profundamente
afetado pelo mal que resulta da separação de seu Deus. Isto é manifesto pela sua irreligião, pela
sua tendência para o mal, pela sua aversão às coisas espirituais, e muitas vezes pelo seu ateísmo
e até ódio a Deus... Cada homem, no todo, está desviado de Deus ao invés de estar inclinado
para Deus, que, finalmente, toda a natureza do homem como é em si mesma, está pervertida e
contaminada pelo pecado... Como vimos, as Escrituras declaram ser o homem um pecador diante
de Deus, e como tal não pode estar em relações de amizade com um Deus santo”(pp.70,80,91).

Uma divisão da CBB, a CBN (Convenção Batista Nacional), na “Declaração de Fé das Igrejas Batistas
da Convenção Batista Nacional”, declara:

“Cremos que o homem foi criado em santidade, sob a lei do seu Criador, mas caiu desse estado
santo e feliz, por transgressão voluntária, em consequência da qual toda a humanidade tornou-se
pecadora, não por constrangimento, mas por livre escolha, sendo por natureza destituída
completamente daquela santidade que a Lei de Deus requer, e positivamente inclinada à prática
do mal, estando, sem defesa nem excusa, condenada com justiça à ruína eterna”(IV).

E no “Manual Básico dos Batistas Nacionais”, lemos:

“O pecado cometido pelo homem quebrou o relacionamento com Deus em dois níveis: Criador/
criatura e criatura/criatura. Então Deus tomou a iniciativa de reatar este relacionamento e definiu
a estrutura, o modelo, e a forma de como isto seria realizado. A este trabalho denominamos de
MISSIO DEI, ou seja, A MISSÃO DE DEUS. O próprio Deus está trabalhando para libertar o homem,
escravo de si mesmo, do pecado e de Satanás, trazendo-o de volta à verdadeira comunhão com
Deus e com o próximo”(Parte II [Eclesiologia],1).

E no mesmo Manual (Parte I [Os Elementos Fundamentais da Nossa Fé]), lemos:

“A graça é a provisão misericordiosa de Deus para a condição do homem perdido. O homem no


seu estado natural é egoísta e orgulhoso, está na escravidão de Satanás e espiritualmente morto
em transgressões e pecados. Devido à sua natureza pecaminosa, o homem não pode salvar-se a
si mesmo. Mas Deus tem uma atitude benevolente em relação a todos, apesar da corrupção moral
e da rebelião. A salvação não é o resultado dos méritos humanos, antes emana de propósito e
iniciativa divina”(III,1)

3 - Os Anglicanos

John Newton (1725-1807), ministro anglicano, declara:

“Sabemos que o Senhor nos viu de antemão (exatamente como estávamos), totalmente incapazes
de crer e obedecer, a não ser que Ele se dispusesse a efetuar em nós tanto o querer quanto o
realizar, segundo a sua boa vontade”(The Works of The Rev. John Newton, p.55).

4- Os Congregacionais

John Owen (1616-1683), teólogo congregacional, declara:

“...todos os homens estão irremediavelmente perdidos no pecado e em si mesmos não tem poder
para se chegarem a Cristo”(Por Quem Cristo Morreu? P.14).

As chamadas “igrejas evangélicas congregacionais” da UIECB, oriundas de Kalley, que não são
legitimamente congregacionais, (por não descenderem espiritualmente dos primitivos
congregacionais ingleses) embora sejam arminianas, endossando o dogma do livre arbítrio(Rev.
Vanderli Lima Barreto, Nossa Doutrina, p.120), contudo, em seu hinário – ‘Salmos e Hinos’,
endossam a doutrina bíblica da depravação total, quando cantam:

“Eu nas trevas vagueava;


Sem o sol da religião
A minha alma estava morta,
E sem fé meu coração”(329:1).

5 – Os Metodistas

George Whitefield(1714-1770), segundo Arnold A. Dallimore, era “o fundador dos metodistas”(


George Whitefield, the life and times of the great evangelist of the eighteenth-century revival,
Volume I, p.44). Segundo o Rev. Paul Eugene Buyers, ministro metodista e lente da Faculdade ele
Teologia da Igreja Metodista do Brasil, “George Whitefield foi o maior orador do seu tempo.
Whitefield iniciou o movimento metodista. Em certo sentido, foi o João Batista que preparou o
caminho para os Wesleys”(História do Metodismo, p.42). O pai do metodismo, Whitefield, declara:

“O homem nada é, ele tem livre arbítrio para ir para o inferno, não para ir para o Céu, a menos
que Deus opere nele tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade”(Epístola 94)

“Até convencido de suas verdades, você não deve nada ao livre-arbítrio do homem, que é
diretamente contrário às Escrituras Sagradas, e os artigos de nossa igreja”(Epístola 100).

John Wesley(1703-1791), o có-fundador do Metodismo inglês, contrariando o sistema arminiano,


deu declarações contrárias ao dogma do livre arbítrio:

“Quando Deus abre os nossos olhos, nós vemos que antes estávamos sem Deus - ateus no
mundo. Não tínhamos, por natureza, nenhum conhecimento de Deus e nenhuma relação com
Ele... Na verdade não o podíamos por nenhuma das nossas faculdades naturais. Não podíamos
atingir o conhecimento de Deus através de nenhuma delas. Por nosso entendimento natural não
podíamos percebê-lo mais do que vê-lo com os nossos olhos. Pois ‘ninguém conhece o Pai senão
o Filho e aquele a quem ele o quiser revelar’”(Sermões: "Pecado Original", II, 3 [SI, 216]).

“Faça à razão tudo que ela pode; usai-a até onde ela possa ir. Mas reconhecei ao mesmo tempo
que ela é totalmente incapaz de dar fé, esperança ou amor, e, consequentemente, de produzir
quer a verdadeira virtude quer a felicidade substancial. Esperai estas coisas de fonte mais alta,
do Pai dos espíritos de toda carne. Procurai e recebei-as não como vossa própria aquisição, mas
como dádiva de Deus. Levantai o vosso coração para Ele ‘que dá a todos os homens liberalmente
e não lhes lança em rosto’. Somente ele pode dar aquela fé que é a ‘evidência’ e a convicção ‘das
coisas não vistas’. Somente ele pode fazer-vos gozar ‘a esperança viva’ de uma herança eterna
nos céus, e só ele pode ‘derramar o seu amor no vosso coração pelo Espírito Santo que vos é
dado’”(Sermão ‘O Caso da Razão Imparcialmente Considerado’, II, 10).

"Do mesmo modo ele respira e vive de maneira inteiramente diversa da anterior. Como é
verdadeiro o paralelo em todos esses exemplos! Enquanto o homem está num estado meramente
natural, antes de nascer de Deus, tem, no sentido espiritual, olhos, mas não vê, e um véu espesso
e impenetrável paira sobre eles; tem ouvidos mas, não ouve, é totalmente surdo ao que ele mais
devia ouvir. Todos os outros sentidos estão fechados; está na mesma condição que estaria se não
os tivesse. Daí o não ter ele nenhum conhecimento de Deus, nenhuma relação com Ele; não tem
amizade com Ele. Não tem conhecimento verdadeiro das coisas de Deus nem das coisas
espirituais ou eternas; embora seja, portanto, um homem vivo, é um cristão morto"(Sermão ‘O
novo nascimento’, II, 4).

"Creio firmemente, no sentido mais literal, que sem Deus nada podemos fazer, que não podemos
pensar, falar, mover uma mão ou um olho sem a concorrência da vontade divina e que todas as
nossas faculdades naturais são dons de Deus e que as menores coisas não podem ser executadas
sem a assistência de seu Espírito... Um poder provindo de Deus é indispensavelmente necessário
ao homem antes que ele chegue ao mais baixo degrau da fé, da esperança e do amor
cristãos"(Epístola a João Smith, 7).

"Pergunta n. 15: em que sentido é o pecado de Adão imputado a toda a humanidade? Resposta:
em Adão todos morrem, isto é: (1)Nosso corpo tornou-se então mortal. (2)Nossa alma morreu,
isto é, separou-se de Deus, e daí (3)todos nós nascemos com uma natureza pecadora e diabólica.
Por esta razão 4) somos filhos da ira, sujeitos à morte eterna(Rom. 5:18; Ef. 2:3)”(Minutos de
Conversações Tardias).

"Na verdade já estamos de pés e mãos amarrados pelas cadeias de nossos próprios pecados.
Estes são, considerados com referência a nós mesmos, cadeias de ferro e algemas de bronze. São
feridas que o mundo, a carne e o diabo abriram em todos nós. São doenças que bebem o nosso
sangue e o nosso espírito e que nos levam à sepultura"(O Sermão do Monte, VI; 3:13).

"O homem desobedeceu a Deus. "Comeu do fruto da árvore da qual Deus havia ordenado dizendo:
dela não comerás". Naquele dia ele foi condenado pelo justo julgamento de Deus. A sentença a
respeito da qual ele tinha sido avisado antes começou, também, a realizar-se na sua vida. Pois ele
morreu no momento em que provou aquele fruto. A sua alma morreu, foi separada de Deus;
separada daquele de quem a alma não tem mais vida do que o corpo quando separado da alma.
Do mesmo modo o seu corpo tornou-se corruptível e mortal, de maneira que a morte dominou
também a este. E já sendo morto no espírito, morto para Deus, morto no pecado, apressou-se à
morte eterna, à destruição do corpo e da alma no fogo que nunca se apaga"(Sermão ‘Justificação
pela fé’, I, 5 ).

"Nosso velho homem - coexistente com o nosso ser e tão velho quanto a queda, a nossa natureza
má, uma forte e bela expressão para a depravação e corrupção completas que, por natureza, se
espalha sobre todo o homem não ficando parte alguma sem ser afetada"(Nota Sobre Romanos
6:6).

"Deves saber que és um pecador e que tipo de pecador és. Conheces a corrupção da tua natureza
íntima pela qual te afastaste tanto da retidão original, pela qual ‘a carne sempre cobiça contra o
espírito’, através da ‘mente carnal’ que ‘é inimizade contra Deus’, que ‘não está sujeita à lei de
Deus nem pode realmente estar’. Sabes que estás corrompido em todas as tuas forças e em todas
as faculdades de tua alma, e todos os teus alicerces estão fora do alinhamento. Os olhos do teu
entendimento estão obscurecidos, de modo que não podem discernir a Deus ou as coisas de
Deus. As nuvens da ignorância e do erro descansam sobre ti e te cobrem com a sombra da
morte. Nada sabes daquilo que devias conhecer - Deus, o mundo, a ti mesmo. A tua vontade não
é mais a vontade de Deus, mas é totalmente perversa e transviada de todo o bem, de tudo
aquilo que Deus ama e se inclina a todo mal, a toda abominação que Deus odeia. As tuas
afeições foram alienadas de Deus e se espalharam por sobre toda a terra. Todas as tuas paixões -
os teus desejos e as tuas aversões, tuas alegrias e tristezas, as tuas esperanças e temores estão
transviados, sem equilíbrio ou postos sobre objetos impróprios. De modo que não há saúde na
tua alma; mas usando-se a expressão forte do profeta, ‘do alto da cabeça à sola do pé só há
contusões e feridas em putrefação’"(Sermão ‘O caminho do reino’, II, 1.)

“’Deus que é rico em misericórdia, ainda que quando estávamos mortos em pecados, deu-nos
vida em Cristo (pela graça sois salvos) a fim de que Ele pudesse mostrar a excelente riqueza de sua
graça em sua bondade através de Cristo. Pela graça sois salvos mediante a fé e isto não vem de vós
mesmos’. De vós mesmos não vem nem a vossa fé nem a vossa salvação, mas são o dom de
Deus; dom livre e imerecido; a fé pela qual sois salvos e a salvação que Ele vos dá, sendo isto de
seu próprio agrado, um simples favor seu. O fato de crerdes é um exemplo de sua graça; o de
serdes salvos porque credes é um outro”(Sermão ‘Salvação pela fé’, III, 3).

“O autor da fé e da salvação é só Deus. É ele que opera em nós o querer e o fazer. É o único
doador de todo o dom perfeito e o único autor de toda a boa obra... Todo mérito está no Filho de
Deus, pelo que Ele fez e sofreu por nós, assim todo o poder está no Espírito de Deus. Portanto,
todo o homem para crer para a salvação, precisa receber o Espírito Santo... No entanto, não
importa o modo pelo qual isto seja expresso, a verdade é que toda verdadeira fé e toda a obra da
salvação, todo bom pensamento, toda boa obra, vem pela operação do Espírito de Deus”(Outro
Apelo aos Homens Sensatos e Religiosos, I,6).

“Creio firmemente, no sentido mais literal, que sem Deus nada podemos fazer, que não
podemos pensar, falar, mover uma mão ou um olho sem a concorrência da vontade divina e que
todas as nossas faculdades naturais são dons de Deus e que as menores coisas não podem ser
executadas sem a assistência de seu Espírito. Que quero, então significar com o dizer que a fé, a
esperança e o amor não são efeitos de qualquer ou de todas as nossas faculdades naturais? Quero
dizer o seguinte: o homem que agora está destituído de fé, esperança e amor, não pode efetuar
qualquer grau destas virtudes em si mesmo por qualquer atividade pessoal de sua mente e de
qualquer uma ou de todas as suas faculdades naturais ... Um poder provindo de Deus é
indispensavelmente necessário ao homem antes que ele chegue ao mais baixo degrau da fé, da
esperança e do amor cristãos. Para ter qualquer destas (as quais, considerando-as deste modo,
suponho que S. Paulo as chamou de frutos do espírito) ele precisa ser criado de novo, completa e
internamente mudado pela operação do Espírito de Deus, por um poder equivalente àquele que
levanta os mortos e que chama as coisas que não são como se fossem”(Epístola a João Smith, 7).

“Mas não há razão para contenda sobre o fato de não serem escriturísticos os termos
representante e cabeça federal. Eu quero dizer o seguinte: o estado de toda a humanidade
dependia tanto de Adão, que, pela sua queda, todos se entristeceram, sofreram, começaram a
morrer temporal e espiritualmente”(A doutrina do pecado original, III, 6-7).
“Que poderemos responder quando Ele disser: ‘Paga-me o que me deves’. Somos totalmente
insolventes; nada temos com que pagar; perdemos todos os nossos recursos. Portanto, se Ele
tratar-nos segundo o rigor de sua lei, se Ele fizer o que pode com razão, Ele terá que mandar
amarrar-nos de ‘pés e mãos e entregar-nos aos atormentadores’. Na verdade já estamos de pés e
mãos amarrados pelas cadeias de nossos próprios pecados. Estes são, considerados com
referência a nós mesmos, cadeias de ferro e algemas de bronze. São feridas que o mundo, a
carne e o diabo abriram em todos nós. São doenças que bebem o nosso sangue e o nosso
espírito e que nos levam à sepultura”(Sobre o Sermão do Monte: VI; III,13).

“Conhece-te a ti mesmo pela graça de Deus. Sabe e sente que foste formado em iniquidade e que
em pecado a tua mãe concebeu e que tu mesmo tens estado amontoando pecado sobre pecado
desde que podias distinguir o bem do mal. Reconhece-te culpado da morte eterna e renuncias a
toda a esperança de seres capaz de salvar-te”(Sobre o Sermão do Monte: XIII; III, 6).

“A Escritura representa o estado do homem natural como o do sono. A voz de Deus para ele é
‘Desperta, tu que dormes’. A sua alma está num profundo sono; os seus sentidos espirituais não
estão acordados, eles não discernem o bem espiritual do mal. Os olhos do seu entendimento
estão fechados, estão selados e não vêem. As nuvens e as trevas estão continuamente sobre ele
pois está no vale da sombra da morte. Daí não haver entrada para o conhecimento das coisas
espirituais; estando fechadas todas as avenidas da sua alma ele está numa ignorância grosseira e
estúpida de tudo aquilo que deve conhecer. É totalmente ignorante a respeito de Deus, nada
sabendo daquilo que deveria conhecer. É totalmente estranho a lei de Deus, bem como ao seu
sentido espiritual, verdadeiro e interno. Não tem concepção da santidade evangélica sem a qual
nenhum homem verá o Senhor, nem da felicidade que somente aqueles que têm ‘a sua vida
escondida com Cristo em Deus’ podem possuir... As trevas que o cobrem por todos os lados... Ele
não vê que está à beira do abismo... Durante todo este tempo, é servo do pecado. Comete
pecado, mais ou menos, todos dos dias... Deste modo permanece como servo voluntário do
pecado, contente com as amarras da corrupção, impuro externa e internamente, satisfeito com
isso...”(Sermões “O espírito de escravidão e de adoção", I, 1-8).

“Todos os homens são ‘ateus no mundo’. Mas o próprio ateísmo não nos isenta da idolatria. No
seu estado natural, todo homem nascido no mundo é idólatra... Nós temos posto ídolos no nosso
coração; a eles nos curvamos e os cultuamos; cultuamos a nós mesmos, atribuindo-nos a honra
que pertence só a Deus. Por isso todo o orgulho é idolatria, é atribuirmos a nós mesmos o que só
a Deus é devido... Satanás estampou a sua imagem no nosso coração também com referência à
obstinação... Assim trazemos a imagem do diabo e andamos nos seus passos, mas no passo
seguinte nós o deixamos para trás... Mas nenhum deles sabia da queda do homem de modo que
nenhum conhecia a sua corrupção total. Não sabiam que os homens estão vazios de todo bem e
cheios de toda espécie de mal. Ignoravam totalmente a completa depravação de toda a natureza
humana, de todo o homem nascido no mundo, de todas as faculdades de sua alma”(Sermão
‘Pecado original’, II, 7-111).

“Creio que Adão antes da Queda, era totalmente livre para escolher o bem e o mal, mas que,
desde a sua queda, nenhum filho dos homens tem poder natural para escolher qualquer coisa
que seja realmente boa”(Algumas Notas Sobre a Reivindicação de Uma Defesa do prefácio da
edição de Edinburg, de Aspasio, 5 [X,350]).

“Tanto o Sr. Fletcher como o Sr. Wesley negam absolutamente o livre arbítrio natural. Nós
também afirmamos firmemente que a vontade do homem, é por natureza, livre apenas para o
mal”(Algumas Notas Sobre a Revisão de Todas as Doutrinas Ensinadas pelo Sr. João Wesley, 64 [X,
392])”.

“Uma árvore corrupta produz apenas frutos corruptos. E o coração do homem é corrupto e
abominável, ‘destituído da glória de Deus’, e da gloriosa justiça impressa a princípio em sua alma
segundo a imagem do seu grande Criador. A sua boca se cala totalmente perante Deus, pois que
nada tem para apresentar, nem justiça nem obras”( Sermão ‘Salvação pela fé’, introdução, 1-3).

“A graça de Deus da qual nos vem a salvação é gratuita em tudo e para todos. É gratuita em todos
a quem é concedida. Não depende do poder e nenhum mérito no homem, em nenhum grau,
nem no todo nem em parte. Do mesmo modo ela não depende das boas obras ou da retidão
daquele que recebe. Não depende dos seus esforços, dos seus bons sentimentos, bons desejos,
bons propósitos ou intenções, pois todos estes fluem da graça gratuita de Deus; são apenas a
corrente, não a fonte. São os frutos da graça gratuita e não a raiz. Não são a causa, mas os efeitos
da mesma. Seja o que for de bom que haja no homem ou que seja feito por ele, é Deus o autor e
quem o faz. Assim é a sua graça gratuita em tudo, isto é, não depende de nenhum poder ou
mérito no homem, mas somente de Deus que nos deu gratuitamente o seu próprio filho, e ‘com
Ele deu-nos gratuitamente todas as coisas’”(Graça gratuita, 2-3).

“Sim, é impossível a qualquer homem, a qualquer nascido de mulher, a menos que Deus opere
nele. Visto que todos os homens são, por natureza, não somente doentes, mas ‘mortos em
transgressões e pecados’. Não lhes é possível fazer qualquer coisa boa enquanto Deus não os
levantar dos mortos. Foi impossível para Lázaro sair da sepultura, enquanto o Senhor não lhe deu
vida. E é, do mesmo modo, impossível a nós sairmos dos nossos pecados ou realizarmos
qualquer movimento nesse sentido, até que aquele que tem todo poder no céu e na terra chame
nossas almas mortas para a vida”(Sobre a realização da nossa própria salvação, I,1).

“O homem natural não somente vê, mas sente em si mesmo, por uma emoção da alma, que não
pode descrever que, por causa dos pecados do seu coração, a sua vida não é imaculada nem pode
ser vista, pois a ‘árvore má não pode dar bom fruto", e que merece ser lançado no fogo que
nunca se apaga... Descobre que o pecado na alma (seja o orgulho, a ira, os maus desejos, a
obstinação, a malícia, a inveja, a vingança ou qualquer outro) é perfeita miséria... ele justamente
merece e que vê pendendo-se sobre a sua cabeça; medo da morte que é para ele os portões do
inferno, a entrada da morte eterna... Mas embora o faça com todas as suas forças, não pode
vencê-lo; o pecado é mais forte do que ele... continua pecando... A sua razão orgulhosa muito faz
para aumentar a sua culpa e a sua miséria! Tal é liberdade da sua vontade, livre apenas para o
mal, para ‘beber a iniquidade como água’”(O espírito de escravidão e de adoção, II, 4-8).
“A fé, portanto, é a condição necessária da justificação, sim, e a única condição necessária. Este é o
segundo ponto a ser observado cuidadosamente: no momento exato em que Deus concede a fé
(pois ela é dom de Deus) ao ‘ímpio que não age’, essa ‘fé lhe é imputada para
justiça’”(Justificação pela fé, IV, 4-6).

“Porque tudo isto nada mais é do que fé morta. A fé verdadeira; viva e cristã, sendo nascidos de
Deus todos que a possuem não é apenas um assentimento, um ato do entendimento, mas uma
disposição que Deus operou em seu coração, uma ‘confiança segura em Deus que, pelos méritos
de Cristo, os seus pecados são perdoados e ele é reconciliado ao favor de Deus’”(Sermão ‘As
marcas doo novo nascimento", I, 2-3).

“Em Adão todos morreram, toda a raça humana, todos os filhos dos homens que estavam nos
lombos dele. A consequência natural disto é que todos os descendentes de Adão vêm ao mundo
espiritualmente mortos, mortos para Deus, completamente mortos em pecado; inteiramente
vazios da vida de Deus, vazios da imagem de Deus, de toda aquela justiça e santidade em que
Adão foi criado. Ao invés disso, todo homem que nasce neste mundo traz a imagem da besta, em
apetites e desejos sensuais. Este é pois o fundamento do novo nascimento: a total depravação de
nossa natureza”(Sermão ‘O Novo Nascimento’).

“A nossa justificação vem gratuitamente da misericórdia de Deus, pois, enquanto todo o mundo
não é capaz de pagar qualquer parte de sua redenção, foi de seu agrado, sem que tivéssemos
nenhum merecimento, preparar-nos o corpo e o sangue de Cristo pelos quais o nosso rasgaste
pudesse ser pago e a sua justiça ser satisfeita... Portanto, estritamente, nem a nossa fé nem as
nossas obras nos justificam, isto é, merecem a remissão dos nossos pecados. Mas Deus somente,
através da sua misericórdia e pelos méritos de seu Filho nos justifica... E porque recebemos a fé
somente pelos méritos de Cristo e não através dos méritos e virtudes que tenhamos ou
praticamos, nesse sentido renunciamos de novo a fé, às obras e a todas as outras virtudes. Pois a
nossa corrupção pelo pecado original é tão grande que toda a nossa fé, caridade e obras não
podem merecer qualquer parte da justificação que nos é concedida. Portanto, assim falamos,
humilhando-nos perante Deus, e dando a Cristo toda a glória da nossa justificação”(Os Princípios
de um Metodista, 3-7).

“Por último, a fé que é a única condição da justificação é a fé que existe em nós pela graça de
Deus”(Diário: Quinta-feira, 13 de dezembro de 1739).

“Agripa havia falado em se tornar cristão, como se isto dependesse completamente dele. Paulo
educadamente corrige este erro, sugerindo que se trata de um dom e obra de Deus”(Nota Sobre
Atos 26:29).

“Ninguém pode crer em Cristo a menos que Deus lhe dê o poder para fazê-lo”(Nota Sobre João
6:44).

“Neste solene discurso, nosso Senhor nos mostra que nenhuma profissão externa de fé, nenhuma
ordenança cerimonial, nem privilégios de nascimento poder dar direito a alguém participar das
bênçãos do reino do Messias: que para isso é necessário uma transformação total de coração e de
vida; que esta transformação só pode ser realizada no ser humano pelo poder onipotente de
Deus; e que todo o que nasce neste mundo está por natureza em estado de pecado, condenação
e miséria; que a graça gratuita de Deus tem dado a seu Filho para livrá-lo dessa condição e elevá-
lo a uma bem-aventurada imortalidade”(Notas Sobre João 3:3).

“De vocês mesmos vieram nem sua fé, nem sua salvação. ‘Isso é um dom de Deus’, o livre,
imerecido presente; a fé, através do qual vocês são salvos, tanto quanto a salvação pela qual ele,
de seu próprio prazer, seu mero favor, anexa, além disso. Que acreditemos, é uma instância de Sua
graça; que acreditando seremos salvos. ‘Não pelas obras, para que não qualquer homem possa se
vangloriar’. Todas as nossas obras, e nossa retidão, antes da nossa crença, tinham mérito
nenhum, perante Deus, mas condenação. Tão longe estávamos de merecermos fé, que, quando
dada, não era pelas obras. Nem é salvação das obras o que fazemos, quando acreditamos, uma
vez que é Deus que trabalha em nós; dessa forma, ele nos deu uma recompensa por aquilo que ele
mesmo realizou, não só, confiando as riquezas de sua misericórdia, mas não nos deixando do que
nos gloriarmos”(Salvação Pela Fé).

“Esta é uma outra característica daquele que dorme, e de quem se fala aqui. Ele habita na morte,
embora ele não saiba disto. Ele está morto para Deus, 'morto nas transgressões e pecados'. Uma
vez que, 'estar carnalmente inclinado é estar morto'. Assim como está escrito, 'Através de um
homem, o pecado entrou no mundo, e a morte, através do pecado; e então, a morte passou para
todos os homens'; não apenas a morte temporal, mas, igualmente, a morte espiritual e eterna.
'No dia que tu comeres', disse Deus a Adão, 'tu certamente morrerás'; não fisicamente (exceto
quando ele, então, se tornara imortal), mas espiritualmente: tu perderás a vida de tua alma; tu
deverás morrer para Deus: tua vida, e felicidade essencial estarão separadas Dele... E, assim, não
tendo sentidos espirituais; não tendo aberturas para o conhecimento espiritual, o homem
natural não recebe as coisas do Espírito de Deus; mais do que isto, ele está tão longe de recebê-
las, que quem quer que seja espiritualmente preocupado é um mero tolo para ele. Ele não está
satisfeito de ser extremamente ignorante das coisas espirituais, mas nega a existência delas. E a
própria sensação espiritual é para ele a tolice do tolo”(Sermão ‘Acorda, Tu que Dormes!’).

“Não é, pois, loucura das loucuras, procurar o homem decaído alcançar a vida através dessa
justiça; o homem, que foi ‘concebido em iniquidade e em pecado o concebeu sua mãe’; o homem,
que é, por natureza, inteiramente ‘terreno, sensual e diabólico’, a par de ‘ corrupto e
abominável’, em quem, até que encontre a graça, ‘não habita nenhum bem’, nem pode de si
mesmo nutrir nenhum pensamento bom; o homem, que é, na verdade, todo pecado, um simples
amontoado de iniquidade e que comete impiedade a cada respirar; o homem, cujas
transgressões atuais, em palavras e obras, são em número maior que o de seus cabelos?! Que
obtusidade, que insensatez é necessária para que um tal verme impuro, culpado, desamparado,
ouse buscar aceitação por sua própria justiça, ouse viver pela ‘justiça’ que é da ‘lei’!’”(Sermão ‘A
Justiça da Fé’).

“As Escrituras asseveram que ‘pela desobediência de um homem todos os homens foram
constituídos pecadores’; que ‘em Adão todos morreram’, morreram espiritualmente, perderam a
vida e a imagem de Deus: que, pecador decaído, Adão então ‘gerou um filho à sua própria
semelhança’ — e nem era possível que o gerasse segundo outra qualquer imagem, porque, ‘quem
pode tirar uma coisa pura de uma coisa impura?’ — que, consequentemente, nós, como
quaisquer outros homens, estamos por natureza ‘mortos em delitos e pecados’, ‘sem esperança
e sem Deus no mundo’, e, portanto, somos ‘filhos da ira’; que todo homem pode dizer: ‘Fui gerado
em iniquidade e em pecado minha mãe me concebeu’; que ‘não há diferença’, visto que ‘todos
pecaram e foram destituídos da glória de Deus’, daquela gloriosa imagem de Deus segundo a
qual o homem fora originariamente criado. E daí, quando ‘o Senhor olhou do alto para os filhos
dos homens, viu que todos se desviaram; que eles se tornaram todos abomináveis, não havendo
‘nenhum justo, nem sequer um’, ninguém que verdadeiramente busque a Deus, concordando
isto com o que é declarado pelo Espírito Santo nas palavras acima citadas: ‘Deus viu’, quando olhou
dos céus, ‘que a maldade do homem era grande na terra’; tão grande que ‘toda imaginação dos
pensamentos de seu coração era somente má, e isto continuamente’. Este é o conceito de Deus
acerca do homem, conceito que nos dará oportunidade de: primeiro, mostrar, o que todos Os
homens eram antes do dilúvio; segundo, inquirir se eles não são os mesmos hoje; e, terceiro,
acrescentar algumas inferências... Porque Deus, que “viu toda a imaginação dos pensamentos de
seu coração ser somente má”, viu igualmente que ela era sempre a mesma, que ‘era somente má
continuamente’; cada ano, cada dia, cada hora, cada momento. Nunca retrocedia para o bem...
Este conceito do presente estado do homem é confirmado pela experiência diária. É verdade que o
homem natural o não discerne; e nisto não há motivo de espanto. Enquanto o homem que nasceu
cego continuar nesta condição, dificilmente se mostrará sensível ao que lhe falta: muito menos
poderíamos supor que, num lugar em que todos os homens nascessem sem vista, pudessem eles
ser sensíveis à falta de visão. Do mesmo modo, enquanto os homens permanecem em sua
natural cegueira de entendimento, não são sensíveis às próprias necessidades espirituais, e
daquela falta em particular. Mas tão logo Deus lhes abre os olhos do entendimento, eles vêem o
estado em que se achavam antes; são convencidos então de que ‘todo homem que vive’, e eles
com especialidade, são por natureza ‘inteiramente vaidade’, isto é, loucura e ignorância, pecado e
maldade... Não tendo conhecimento de Deus, não podemos ter amor a Ele: não podemos amar
àquele a quem não conhecemos. Os homens falam, na verdade, de amar a Deus, e talvez
imaginam que o façam; pelo menos são poucos os que reconhecerão que não o amam; mas o fato
é demasiadamente claro para ser negado. Ninguém por natureza ama a Deus mais do que ama a
uma pedra ou à terra que ele pisa. Deleitamo-nos naquilo que amamos: mas homem algum se
deleita naturalmente em Deus. Em nosso estado natural não podemos conceber como alguém
poderia ter prazer em Deus. Nele não temos prazer de espécie alguma; Ele nos é absolutamente
insípido. Amar a Deus! Isto se acha muito acima, muito fora de nossas vistas. Não podemos,
naturalmente, alcançá-lo”(Sermão ‘O Pecado Original’).

Evidentemente, qualquer leitor que examinar estas declarações de Wesley, chegará a conclusão de
que o mesmo negou o dogma do livre arbítrio. Por exemplo, comentando o sermão ‘O Caminho
do Reino”(escrito por Wesley), o ministro metodista William Jones, declara:
“(A pessoa)descobre também que todas as faculdades de sua alma estão completamente
corruptas e mutiladas. Estas raízes produzem ramos ruins e frutos maus e amargos. A pessoa
descobre igualmente que o salário do pecado é a morte, tanto temporal como eterna, e que não
há nada que possa fazer por si mesmo para conseguir a paz com Deus. Se dá conta que sua
vontade está inclinada para o mal e que não tem poder para modificar a situação. Se sente
completamente indefesa”(Guia de Estudio Para Las Obras de Wesley, p.73).

Da mesma forma, comentando sobre o sermão de Wesley - ‘Um Retrato da Morte Espiritual” –
declara o Rev. William Jones:

“Toda pessoa que nasce neste mundo é um idólatra por natureza, sendo ele próprio o centro de
sua existência. Nós nos idolatramos a nós mesmos. E deste orgulho nascem todos os tipos de
violência contra outras pessoas. O louvor de si mesmo e a busca de lisonja vão roubando de Deus a
glória que lhe pertence. A vontade humana se converte em escrava do ego e a alma quer ser
independente: ‘Farei a minha vontade e o que me dá desejo... o que me dá apetite’. Fazer a
vontade de Deus não está no pensamento da pessoa, ao contrário, o que deseja é fazer aquilo
que está contra a vontade de Deus. A vontade perde sua liberdade sob o poder do pecado, no
sentido que não é livre para fazer o que é correto, somente é livre para fazer o mal”(Ibidem,
p.49).

Ainda no mesmo comentário, William Jones declara:

“...Todas as pessoas que vem a este mundo nascem cegas. Como diz Paulo em 1 Co 2:14, ‘o
homem natural não compreende as coisas que são do Espírito de Deus, porque para ele são
loucura, e não pode entender, porque elas se discernem espiritualmente’... Quando se fala da
vontade dos seres humanos encontramos que a tem usado para tomar a imagem do diabo invés
da imagem de Deus. As palavras que representam isto são o ‘orgulho’ e ‘vontade própria’... Os
afetos ou os sentimentos dos seres humanos tem se transformado em imagem dos animais, com
seus próprios desejos e apetites sensuais... O resultado de tudo isto é que a natureza humana se
corrompe e isto inclui todas as faculdades da alma”(Ibidem, pp.48,49).

Posteriormente comentando sobre o sermão de Wesley - Outro Apelo aos Homens Sensatos e
Religiosos – declara o Rev. William Jones:

“Graça quer dizer que é Deus quem sempre toma a iniciativa no processo da salvação e que esta
é um presente de Deus e que se reclama através da fé... Todas as bênçãos que Deus tem conferido
ao ser humano vem unicamente de sua graça, liberalidade e favor. Vêm de seu favor imerecido,
totalmente imerecido, posto que não temos direito algum a mais mínima de suas
misericórdias”(Ibidem, p.68).

E mais adiante, o Rev. William Jones é mais claro, quando afirma:

“Os seres humanos em seu estado natural tem perdido seu livre arbítrio quanto as coisas
espirituais e morais”(Ibidem, p.70).
Da mesma forma, outro ministro metodista, o Dr. Richard Watson, em sua obra “Theological
Institutes”(Parte II, Capítulo XVIII), declara:

“Por natureza o homem é totalmente corrompido e degenerado; por si mesmo é incapaz de


qualquer bem... todos nascem num estado de morte espiritual”.

Por fim, até o hinário metodista – ‘Hinário Evangélico’ - nega o dogma do livre arbítrio, afirmando:

“Vem, consola
Os remidos;
Os perdidos
Torna-os crentes
E renova suas mentes”(49:1).

“Fonte da celeste vida,


Vem descobre o teu poder!
Vivifica os sem-alento,
Faze os mortos reviver”(140:1).

6. A Igreja do Nazareno

Em seu hinário ‘Louvor e Adoração”, esta igreja canta:

“Tempos houve em que vivi sem Deus;


Não andei nos bons caminhos Seus,
Nem quis dirigir os passos meus ao Salvador”(325:1)

"Eu vagava pela senda de terror,


Sem pensar no grande amor do Salvador;
Eu vagava sem ter luz,
Longe do Senhor Jesus,
Mas liberto agora canto a Deus louvor”(323:3)

7 – Os Presbiterianos

O Rev. Duane E. Spencer, ministro presbiteriano, declara:

“A Depravação Total significa que o homem não tem ‘vontade livre’, no sentido de ser livre para
confiar em Jesus Cristo, como seu Senhor e Salvador. Este primeiro ponto, como resposta aos
Cinco Pontos do Arminianismo, sustenta que as Escrituras ensinam que o homem é escravo do
pecado, que ele está espiritualmente morto, que ele ama as trevas mais do que a luz, e que ele
só pode ouvir a voz de Satanás – a menos que Deus lhe dê ouvidos para ouvir e olhos para ver,
porque lhe agrade agir assim”(TULIP, Os Cinco Pontos do Calvinismo, p.34).

É como diz o hinário presbiteriano – Novo Cântico:


“A minha alma está manchada,
De pecado e corrupção,
Pois em mim não há justiça,
Santidade e retidão”(72:1).

8 – Os Luteranos

Karl Kretzmar, ministro luterano, em sua obra “O Que Ensinam os Luteranos”, afirma:

“Os luteranos ensinam que o homem foi feito por Deus por meio de um ato direto da criação; que
lhe foi dada uma alma imortal, dotada de perfeita santidade e criada para a vida eterna; que,
entretanto, ele pecou, rompeu sua comunhão amorosa com Deus e tornou-se depravado e sujeito
à morte; que, em seu estado natural, ele não pode, por qualquer poder ou força de sua parte,
restabelecer as corretas relações com Deus”(pp.5-6).

No “Hinário Evangélico Luterano”(1956),lemos:

“Que amor o Pai mostrou!


Seu Filho nos salvou.
Mortos estivemos
Em vício e corrupção,
Mas agora temos
Em mira a salvação"(26:3)

“Nascidos já malditos
E sem podermos ver”(91:2)

“Transpõe a minha porta,


Conviva meu vem ser
Nesta alma que, antes morta,
Fizeste renascer,
Ó bom Consolador,
Bendito e poderoso
Tal como o Pai bondoso
E o Filho Redentor"(97:1).

“Os surdos faze, ó Deus, ouvir,


Os mudos sua boca abrir
Em boa confissão de fé,
E passo firme dê seu pé"(138:4)

9 – Os Pentecostais(Assembléia de Deus):

“Conforme o ensino das Escrituras Sagradas, todo homem está afastado de Deus pela corrupção
do pecado. Essa natureza consiste na perda da justiça original que o homem tinha, antes de pecar.
Por conseguinte, todo homem está corrompido, e essa corrupção manifesta-se em uma aversão a
todo o bem espiritual, uma inimizade contra Deus e uma inclinação positiva para o mal...

“Agora, para sustentarmos a doutrina bíblica do pecado original, temos que estabelecer três
pontos, a saber:

“’1. Todos os homens, descendentes de Adão por geração ordinária, estão destituídos da justiça
original e sujeitos a corrupção da natureza.

“’2. A corrupção original afeta todos os homens, não somente no corpo, mas também as
faculdades da alma.

“’3. Sua natureza é tal que antes da regeneração os homens estão completamente indispostos e
espiritualmente incapazes e contrários a tudo que é bom’”(Manual de Doutrina das Assembléias
de Deus no Brasil, pp.31,32).

“As Escrituras revelam que Deus está em inimizade contra os pecadores, e que as pessoas, nos
seus pecados, também estão em inimizade contra Deus... Resumindo, os escritores retratam a
humanidade a perverter o conhecimento de Deus, em rebelião contra a sua lei... Os não salvos
vivem em morte espiritual... O ensino bíblico a respeito da natureza pecaminosa do ser humano
caído é que todo ele está afetado, não apenas uma parte... Precisamos notar a ênfase de Paulo.
Uma delas é que ser filho de Deus depende da livre e soberana expressão de sua misericórdia, e
não de algo que desejamos ou façamos”(Teologia Sistemática, Uma Perspectiva Pentecostal,
pp.179,243,297,251,362).

“Cada uma destas três pessoas é o ‘ autor do novo nascimento’”(Ezequias Soares da Silva,
Testemunhas de Jeová , Comentário Exegético e Explicativo, Volume 1, p.153).

“Os pecadores são alienados de Deus”(Ibidem, pp.263,264).

“Para o incrédulo e para o néscio e cego espiritual, a doutrina dum inferno ardente pode parecer
irracional, pois está escrito: ‘Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus,
porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente’(1
Co 2:14), razão pela qual a STV as considera irracional”(Ibidem, p.251).

“Nossa regeneração é um ato soberano da vontade de Deus. Em João 1:13 são excluídas a
vontade da carne e a vontade do varão e apontada unicamente a vontade de Deus. Somente em
consequência dessa vontade maravilhosa e benigna, ‘os filhos dos homens se acolhem à sombra
das tuas asas ’”(Pr. Geziel Homes; Lições Bíblicas nº 22 – Maturidade Cristã - 6ª Lição, p.24).

“O arrependimento é um sentimento que nasce no coração humano por inspiração de


Deus”(Geziel Gomes, Lições Bíblicas, 2º Trimestre de 1990, p.15).

“A tendência humana é para a autojustificação, isto é, para se desculpar e lançar sobre outra
pessoa a culpa. Veja-se o exemplo de Adão, que culpou a esposa; e Eva culpou a serpente.
Nenhum deles jamais disse: ‘Eu pequei’”(Ibidem, p.16).
“A verdadeira fé é operada em nosso coração mediante a ação do Espírito Santo... Cristo é o
autor e consumador da fé. Hoje a fé chega a nós pelo Espírito Santo”(Ibidem, p.17).

“A fé é um dom de Deus... Nenhum cérebro humano ou laboratório de pesquisa pode produzir


esta fé. Ela emana de Cristo. Ninguém pode cria-lo a não ser Ele mesmo”(Ibidem, p.18).

“Porque todos somos pecadores, todos nos tornamos, por isso, inimigos de Deus. Porque todos
estamos espiritualmente mortos, todos precisamos renascer”(Ibidem, p.23).

“Seu amor pelos homens é sempre imerecido, pois a despeito do oferecimento gratuitamente, o
homem prefere rejeitá-lo como coisa de nenhum valor”(Pr. Raimundo F. de Oliveira, Lições
Bíblicas, 4º Trimestre de 1987, p.35).

“Enquanto Jesus salva, recriando o homem que estava morto em delitos e pecados...”(Antônio
Gilberto, Lições Bíblicas, 4º Trimestre de 1992, p.17).

“Jesus ensinou que o homem tem um grave problema, o pecado, estando incapacitado de resolvê-
lo por si mesmo. Disse ainda que o homem é mau por natureza... Como pecadores – o que a
Bíblia ressalta do início ao fim - , somos incapazes de fazer o bem e nos garantir uma salvação
particular... Se o homem pode salvar-se, só nos resta dizer que Deus errou – e há quanto tempo!
– entregando seu Filho à morte de cruz em nosso lugar...”(Natanael Rinaldo & Paulo Romeiro,
Desmascarando as Seitas, pp.155,161).

“O NT mostra que o ser humano está alienado de Deus, sob o domínio de Satanás, escravizado
pelo pecado e necessitando de livramento e culpa, da condenação e do poder do pecado”(Bíblia
de Estudo Pentecostal, p.1696).

E até em seu hinário – Harpa Cristã – as Assembleias de Deus apregoam, cantando, a doutrina
bíblica da total depravação:

“Eu vagava pela senda de horror.


Não pensando no amor do Salvador;
Eu vagava sem ter luz,
Longe do Senhor Jesus,
Mas liberto, hoje canto a Deus louvor”(116:2).

“Nunca podia saber,


Qual é o grande prazer,
Dum que perdido, arrependido,
A graça vem receber”(121:2).

“Por Adão, o pecado no mundo entrou;


Ninguém dessa lei se podia libertar;
Mas o Filho do homem por nós triunfou,
NEle podemos do mal ressuscitar”(139:2).
“Longe do Senhor, andava,
No caminho de horror,
Por Jesus não perguntava,
Nem queria o Seu amor.

“No juízo não pensava,


Nem na minha perdição,
Nem minha alma desejava
A eterna Salvação”(169:1,2).

10 – Neo-Pentecostais

Igreja Universal do Reino de Deus

Embora esta seita seja 100% arminiana, não conseguiu se desvencilhar por completo do
calvinismo, pois em seu hinário “Louvores do Reino”, lemos:

“Ao perdido no pecado,


Seu perigo faze-os ver,
Chama os pobres enganados,
Faze-os Tua voz ouvir”(153:2).

“Foi então ao renascer,


Que pude para sempre entender,
Que havia um poderoso Ser,
Que causou a renovação do meu viver”(162:3).

Capítulo 3 – A Bíblia Sagrada rejeita a Eleição Condicional


Desde o século XVII, os seguidores de Armínio, em clara oposição a doutrina bíblica-reformada da
“Eleição Incondicional”, afirmam que Deus elegeu e predestinou à vida eterna aqueles que Ele
previu que iriam crer nEle. A única “base” bíblica para o dogma é o texto de Rm 8:29, que diz:

“Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu
Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos”.

Comentário: O texto de Rm 8:29 fala na presciência de Deus. Todavia, a presciência de Deus


refere-se a um povo eleito, não a qualquer obra desenvolvida por este povo(Am 3:2; Rm 11:2; 1 Pd
1:2). De fato, a nossa fé e nossa obediência são produtos de nossa eleição(At 13:48; 1 Pd 1:2), não
a sua causa. Nos textos de At 13:48; 1 Pd 1:2, Lucas e Pedro afirmam que nós cremos e
obedecemos porque fomos eleitos, não que fomos eleitos porque creríamos e obedeceríamos. Da
mesma forma, Paulo diz que fomos eleitos para sermos santos(Ef 1:4,5), e não porque seríamos
santos.

Se a presciência divina do arrependimento e da fé fosse o alicerce da eleição, Deus teria oferecido


uma oportunidade às cidades pagãs de Tiro, Sidom e Sodoma, as quais, conforme Jesus disse (Mt
11:20-245), ter-se-iam arrependido se tivessem presenciado seus milagres. Deus previu que elas se
arrependeriam e, apesar disso, não lhes deu uma oportunidade de verem as obras de Cristo e de
se arrependerem. Portanto, a eleição não depende de Deus conhecer previamente o
arrependimento e a fé dos homens, mas depende unicamente de sua vontade divina e soberana.
Portanto, a expressão ‘Porque os que dantes conheceu ’, tem o significado de conhecer, no sentido
de os amar, e de tê-los como objetos desse seu amor. A maioria dos comentaristas das Escrituras,
tem chegado a esta conclusão com relação a Rm 8:29, como se segue:

“O conhecimento antecipado de Deus, mencionado aqui pelo apóstolo, não significa mera
presciência, como alguns neófitos tolamente imaginam, mas significa, sim, a adoção, pela qual o
Senhor sempre distingue seus filhos dos réprobos. Neste sentido, Pedro diz que os crentes foram
eleitos para a santificação do Espírito segundo a presciência divina (1 Pd 1:2). Aqueles, pois, quem
me refiro aqui, tolamente concluem que Deus não elegeu a ninguém, senão aqueles a quem
previu que seriam dignos de sua graça. Pedro não incensa os crentes como se fossem todos
eleitos segundo seus méritos pessoais, senão que, ao remetê-los ao eterno conselho de Deus,
declara que estão todos inteiramente privados de qualquer dignidade”(João Calvino [1509-1564],
Comentário de Romanos 8:29).

“Pois conhecer de antemão, aqui significa destinar de antemão, ou na primeira forma do


propósito; para conceder o favor e privilégio de ser o povo de Deus sobre algum grupo de
homens (Rm 11:2). Este é o fundamento ou o primeiro passo da nossa salvação; ou seja, o
propósito e graça de Deus, ‘que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos’(2 Tm 1:9).
Portanto, Ele sabia ou nos favorecia; pois, nesse sentido, a palavra ‘saber’ é tomada em uma
grande variedade de lugares, tanto no Antigo como no Novo Testamento”(Adam Clark[1760-
1832], Ministro Metodista, Comentário de Romanos 8:29).

“Esta passagem não afirma porque, ou como, ou ‘por que razão’ Deus previu que alguns da
família humana seriam salvos. Ela simplesmente afirma o fato; e a maneira pela qual aqueles que
creram foram designados, devendo ser determinado a partir de outras fontes. Essa passagem
simplesmente ensina que ele conheceu; que seu olho foi fixado sobre eles; que ele os considerava
como sendo destinados a serem conforme ao seu Filho; e que, conhecendo -os, ele designou-os
para a vida eterna”(Albert Barnes[1798-1870], Ministro Presbiteriano, Comentário de Romanos
8:29).

“Ele não simplesmente sabia de antemão que eles seriam o seu povo, mas a sua presciência deles
como seu povo incluía o propósito gracioso de trazê-los a um estado de salvação, como o
apóstolo prossegue imediatamente mostrando”(Justin Edwards[1787-1853], Ministro
Congregacional, Comentário de Romanos 8:29).

“A presciência de Deus aqui, não significa sua presciência de todas as coisas futuras; pelo qual ele
conhece de antemão e prediz as coisas futuras, o que o distingue de todos os outros deuses; e é
assim chamado, e não em relação a Si próprio, no qual todas as coisas estão presentes, mas em
relação a nós, e que é eterna, universal, certa e infalível; pois, nesse sentido, ele conhece de
antemão todos os homens, e se este fosse o significado aqui, então todos os homens seriam
predestinados, conformes à imagem de Cristo, chamados pela graça, justificados e glorificados; ao
passo que eles são um povo especial, a quem Deus tem conhecido de antemão: nem deve esta
presciência ser entendida como alguma disposição ou previsão das boas obras, santidade, fé e
perseverança dos homens nele, sobre a qual Deus os predestinou para a felicidade; uma vez que
isto seria fazer algo fora de Deus, e não pela sua boa vontade, a causa da predestinação; que fora
feita antes, e sem qualquer consideração do bem ou do mal, e é inteiramente devido à livre graça
de Deus, e é a base e o fundamento de boas obras, fé, santidade e perseverança nelas, mas esta
diz respeito ao amor eterno de Deus para o seu povo, o seu prazer neles, e aprovação dos
mesmos. Neste sentido, ele os conhecia, que de antemão conheceu -os desde a eternidade,
amando-os afetuosamente, e teve prazer infinito neles; e este é o fundamento da sua
predestinação e eleição, da sua conformidade com Cristo, da sua vocação, justificação e
glorificação: para estes”(John Gill[1697-1771], Ministro Batista, Comentário de Romanos 8:29).

“Em que sentido devemos entender a palavra ‘presciência’ aqui? ‘Aqueles que de antemão sabia
que se arrependeriam e creriam’, dizem os pelagianos de todas as idades e todos as matizes. Mas
isto é introduzir no texto o que é contrário a todo o pensamento, e até mesmo a epístola, do
ensino do apóstolo (veja Rm 9:11, 2 Tm 1:9). Em Rm 11:2, e Sl 1:6, o ‘conhecimento’ de Deus
sobre o Seu povo não pode se restringir a uma mera previsão de eventos futuros, ou
conhecimento do que está ocorrendo aqui embaixo. Será que ‘os que dantes conheceu’, então,
significa ‘aos que predestinou?’ Dificilmente , porque ambas ‘presciência’ e ‘predestinação’,
são aqui mencionadas, e uma como a causa da outra. É realmente difícil para nossas mentes
limitadas distingui-las como estados da mente divina para com os homens ; especialmente porque
em At 2:23 ‘conselho’ é colocado antes de ‘a presciência de Deus’, enquanto em 1 Pd 1:2
‘eleição’ é dita como sendo, ‘segundo a presciência de Deus’. Mas provavelmente presciência de
Deus de seu próprio povo significa sua ‘peculiar, graciosa, a complacência em Si’, enquanto sua
‘predestinação’ ou ‘pre-ordenação’ significa o Seu firme propósito, fluindo a partir disto, para
‘salvá-los e chamá-los com uma santa vocação’(2 Tm 1:9)”(Robert Jamieson [1802-1880], Andrew
R. Fausset[1821-1910], David Brown[1803-1897], Ministros Anglicanos, Comentário de Romanos
8:29).

“Mas a palavra aqui utilizadas significa mais do que uma mera presciência, e inclui uma relação
afetuosa com as pessoas conhecidas de antemão. Neste sentido, ela é usada em outros lugares
[Nota: Jo 10:14; Rm 11:02 e em 1 Pd 1:20, a mesma palavra é traduzida, por um termo muito mais
forte, ‘preordenado’]; e neste sentido deve ser entendido na passagem diante de nós. É
equivalente à expressão do profeta Jeremias: ‘ Ele nos amou com um amor eterno’ [Nota: Jr 31:3].
E se investigarmos a razão desse amor, podemos atribuir nenhuma outra do que aquela que
nosso bendito Senhor atribuiu, ‘Sim, ó Pai, porque assim pareceu bem aos teus olhos’[Nota: Mt
11:26]’”(Charles Simeon[1759-1836], Ministro Anglicano, Comentário de Romanos 8:29).

“Em seguida Paulo explica o chamado de Deus em termos de sua presciência e predestinação. É
um erro concluir que Deus sabia de antemão quem iria crer em Seu Filho e, em seguida,
predestinar estes indivíduos para a salvação. Presciência é um termo que descreve
especificamente a decisão de Deus de eleger, de escolher para abençoar alguém(Rm 9; 1 Pd 1:20).
Note que apenas aqueles que Ele conheceu de antemão que Ele predestina, nem todo mundo é.
Isso indica que uma ‘limitada’ presciência é considerada, não apenas o conhecimento geral de
todos e de tudo, que Deus possui. Presciência aqui não significa simplesmente conhecimento que
precede um evento. Se Deus sabe que algo vai acontecer antes que Ele faça, Ele é, de certa forma
responsável por fazer isso acontecer uma vez que Ele é soberano (Rm 11:02 ; At 2:23 ; 1 Pd 1:2).
No entanto, como mencionado acima, a Bíblia não a considerada como a causa direta de tudo o
que acontece ou condenável porque coisas ruins acontecem. A razão para a escolha dos eleitos de
Deus não era mérito humano(Ef 1:4), ou até mesmo a fé dos eleitos, mas o amor e o propósito
de Deus”(Dr. Thomas Constable, Notas Expositivas Sobre Romanos 8:29).

“A palavra 'os que de antemão conheceu’ foi traduzida por alguns como significando que Deus
previu quem iria crer; mas a palavra(como em 1 Pd 1:2 ) é pré-ordenar, ser designado de antemão
por Deus desde toda a eternidade(At 13:48 ; 2 Ts 2:13 ; Ef 1:3-4 ). Há um sentido em que Deus
conhece todos os homens. Ele sabe tudo sobre eles(seu nascimento, vida, morte e destino); mas
no amor eterno e graça, que ele conhece apenas as suas ovelhas (Jo 10:14-16; Mt 7:23)”(Henry
Mahan[1947-1998], Ministro Batista, Comentário de Romanos 8:29).

“Ele os conhecia de antemão como a Si próprio, foi uma presciência eterna juntamente com o
amor eficaz; Ele fixou sua mente sobre eles na graça, Ele os escolheu com antecedência, como
tais, a quem Ele iria, com o tempo, preparar para si próprio. E de acordo com esta presciência, o
chamado de Deus foi emitido para eles e foi eficaz neles quando eles ouviram a Palavra do
Evangelho”(Paul E. Kretzmann, Ministro Luterano, Comentário de Romanos 8:29).

“Os conselhos e decretos de Deus não são sujeitos à vontade frágil e inconstante dos homens, a
presciência sobre os santos de Deus é o mesmo que o amor eterno com que se diz que os amava.
Deus conhecer o seu povo é a mesma coisa que possuí-lo”(Matthew Henry[1662-1714], Ministro
Presbiteriano, Comentário de Romanos 8:29).

“Esta presciência de Deus - Que é isso? Ao procurar o seu significado não ousamos andar em torno
das ideias dos homens, mas apenas da Escritura. É importante observar que o apóstolo não fala de
uma presciência passiva, ou nua, como se Deus só visse de antemão o que alguns poderiam ser, e
fazer, ou crer. Sua presciência é de pessoas, não de seu estado ou conduta”(William Newell [1868-
1891], Ministro Congregacional, Comentário de Romanos 8:29).

“Ele já conheceu de antemão os seus filhos, Ele os predestinou a uma certa glória, uma certa
benção maravilhosa, ou seja, para serem conforme a imagem de seu Filho. Ele os chamou. Ele os
justificou. Ele glorificou-os. Deus fez tudo isso. Ele é perfeito e estável, como Ele é e deseja, e que
tenha feito tudo isso. Vinculando a sequência desejou tudo que era necessário a fim de vincular
suas almas para a glória de acordo com os conselhos de Deus”(John Darby[1800 1882], Ministros
dos Irmãos de Plymouth, Comentário de Romanos 8:29).

“Em seguida, vem a predestinação: um ato da mente divina, que destinando aqueles que de
antemão conheceu para um determinado lugar glorioso, muito antes deles existirem no
tempo”(Frank Binford Hole[1874-1964], Ministro dos Irmãos de Plymouth, Comentário de
Romanos 8:29).

“...eu prefiro tomar a palavra no sentido comum da dantes conheceu , especialmente porque ela é
guardada de ser uma presciência nua pelo que se segue (Gl 4:9), Ele também preordenou (Sua
presciência não era meramente um conhecimento prévio de uma série de eventos que
aconteceriam: mas, estaria coordenando, inseparavelmente, sua preordenação de todas as
coisas)”(Henry Alford[1810-1871], Ministro Anglicano, Comentário de Romanos 8:29).

“Deus conheceu de antemão certos indivíduos de nossa raça, e aqueles que Ele destinou de
antemão, etc. A presciência precede a predestinação, é o seu fundamento, por assim dizer
(embora estritamente falando, não há antes nem depois do Deus eterno). Por isso, não devemos
confundir os dois, nem aplicá-la diferentemente senão a mesma coisa individualmente; nem
devemos afastar-se do sentido óbvio de ‘dantes conheceu’, explicando-a como significando
'aprovar' (introduzindo a ideia de fé prevista). Tal pensamento é, aliás, inteiramente estranho ao
contexto”(Philip Schaff [1819-1893], Ministro Presbiteriano, Comentário de Romanos 8:29).

“Neste versículo, conhecer de antemão é o equivalente a amar de antemão e é usado no sentido


de ‘ter como objeto de estima afetiva’ e ‘optar por amar desde a eternidade’”(Bíblia de Estudo
Pentecostal, Nota Sobre Romanos 8:29).
Capítulo 4 – O Cristianismo Histórico Rejeita a Eleição Condicional e Ensina a Dupla
Predestinação

Citamos agora abaixo, o testemunho de inúmeros cristãos, de várias correntes teológicas, muitos
deles, são reverenciados até pelos arminianos. O testemunho destes inúmeros cristãos, credos e
confissões, tende a negar o dogma da eleição condicional, como se segue:

(a)Os Pais da Igreja

1. Irineu de Lião(130-200), bispo de Lião, declara:

“...Dele, que é perfeito desde antes da criação, recebêssemos nós, criados há pouco, o
crescimento; dele que é o único bom e excelente, recebêssemos a semelhança com Ele; daquele
que possui a incorruptibilidade, recebêssemos este dom, depois de sermos predestinados a ter a
semelhança com Ele”(Contra Heresias, V:1).

2. Clemente de Alexandria (155-225), teólogo da igreja grega, nos séculos II-III, declara:

"Pois não eram mais decentes que o amigo de Deus, que Deus, antes da fundação do mundo(Ef
1:4-5) tem preordenado para ser inscrito na mais alta adoção pré-ordenada, caso caísse em
prazeres ou medos, e fosse tomado pela repressão das paixões. Pois atrevo-me a afirmar que,
assim como ele está completamente predestinado sobre o ele deve fazer e o que ele deve obter,
por isso também Ele está propriamente predestinado em razão de que Ele o conheceu e o amou;
não tendo o futuro incerto, como a maioria das pessoas conjecturam isto, mas tendo apreendido
pela fé gnóstica que está oculta aos outros. E através do amor, o futuro dele já está presente. Pois
ele crê, através da profecia e o advento, no Deus, que não mente. E ele crê que tem, e toma posse
da promessa. E aquele que prometeu é verdadeiro. E através da confiança daquele que prometeu,
ele tem se apegado firmemente pelo conhecimento ao propósito da promessa"(Stromata, VI:9).

E posteriormente alude a predestinação para a perdição, declarando:

“Estes o Pai criou para seu próprio prazer. O bastardo, que é um filho da perdição, fadado a ser
escravo de Mamom”(Exortação aos Gentios, X).

3. Justino de Roma(89-155), apologista do século II, declara, aluindo a predestinação para a


perdição:

“Eu não apresentarei essas provas, Trifo, pelo que tenho conhecimento aqueles que adoram estes
[ídolos], e tal como estão condenados, mas outras provas que ninguém poderia encontrar
contradizer. Elas vão parecer estranhas para você, embora você as leia todos os dias, de modo que
até mesmo a partir deste fato, entendemos que, por causa de tua maldade, Deus vos ocultou a
sabedoria contida em suas palavras, com exceção de alguns, aos quais, pela graça de sua grande
misericórdia, como disse Isaías, deixou como semente para a salvação, como Sodoma e
Gomorra”(Diálogo com Trifo, 55).

4. Tertuliano(160-230), teólogo dos séculos II-III, declara:


“Agora, quem é tão sem pecado entre os homens, para que Deus sempre possa tê-lo em sua
escolha, e nunca será capaz de rejeitá-lo? Ou quem, por outro lado, é tão vazio de qualquer boa
obra, que Deus poderia rejeitá-lo para sempre, e nunca será capaz de escolhê-lo? Mostre-me,
então, o homem que é sempre bom, e ele não será rejeitado; me mostre, também, aquele que é
sempre mau, e ele nunca vai ser escolhido”(Contra Marcião, II:23).

E posteriormente alude a predestinação para a perdição, declarando:

“O profeta Joel diz que, uma vez que toda a esperança dos judeus, para não dizer dos gentios
também, foi fixada na manifestação de Cristo, foi demonstrado que, por eles terem sido privados
de tais poderes de conhecimento e compreensão, sabedoria e prudência, não seria suficiente
para conhecer e compreender o que se havia previsto, o Cristo, enquanto líder dos seus sábios,
errariam com relação a Ele – isto significa que quando os escribas e os cautelosos fariseus
errassem, e quando as pessoas, como eles, ouvissem, não entenderiam Cristo ao ensinar-lhes, e
veriam com os olhos e não perceberiam Cristo, embora dando-lhes sinais”(Contra Marcião, III:6).

5. Orígenes(182-254), teólogo do século III, declara:

“A presciência não é a causa das coisas futuras, mas a verdade é que, para que uma coisa ser
futura, é a causa da presciência de que de Deus propriamente nela, não porque Ele sabe o que é
futura, mas porque será, portanto, é conhecido"(Comentário de Genesis).

“Portanto nenhuma coisa ocorrerá porque Deus sabe que é futura, mas porque é futura é
conhecida por Deus antes que venha a acontecer”(Comentário de Romanos 1:7).

E posteriormente faz alusão a uma dupla predestinação, declarando:

“As palavras, além disso, usadas pelo apóstolo Paulo, que é ‘não do que quiser, nem daquele que
corre, mas de Deus que mostra misericórdia;’ em outra passagem também, que ‘o querer e o fazer
são de Deus’; e novamente, em outro lugar,’ portanto ele tem misericórdia de quem ele quer, e
que ‘endurece a quem quer’. Você vai dizer então para mim, ‘por que ele ainda encontra culpa?
‘Pois quem devem resistir a vontade dele? Ó homem, quem és tu que Deus Replicas? A coisa
formada dirá àquele que a formou, por que você me fez assim? Não tem o poder de fazer do
mesmo barro, um vaso para honra e outro para desonra?’. Estas e outras declarações semelhantes
parecem não ter pequena influência em prevenir muitos de crerem que cada um deve ser
considerado como tendo liberdade sobre a sua própria vontade, e em aparentemente tornando
isto uma consequência da vontade de Deus, quando um homem é de modo idêntico ou salvo ou
perdido”(De Principios, III; 1:7).

“Deus, conhecendo os desejos de todos os que criticam a sua providência, e que não crêem nela
porque não lhes foi dado ver a visão que concedeu a outros, e porque ela não se de dispõe a lhes
fazer entender o que os outros entenderam para seu bem, quis convencê-los que a resposta deles
não era convincente, e lhes deu o que eles queriam, ao reprovar sua maneira de governar. Mas,
depois de terem recebido a reprovação, nem por isso ficaram menos contumazes na extrema
impiedade, porque mesmo assim eles não se entregaram ao que poderia lhes ser benefício. Não
deixam de lado sua ousadia, mas, alertados por esse fato, aprenderão que, por vezes, no interesse
de alguns, Deus tarda e adia, não concedendo que vejam nem ouçam o que a visão e a audição
manifestariam ainda mais: a gravidade e o peso do pecado daqueles que não creram depois de
revelações tão grandes”(Ibidem, III, 1:17).

“Mas a incapacidade de sabedoria desses hereges impede-os de não só expor com coerência o
que é exato, mas, ainda, de prestar ouvidos ao que nós dizemos; pensam da divindade do Espírito
Santo coisas inferiores à sua dignidade, e entregam-se ao erro e engano, mais corrompidos por
espíritos errados do que instruídos pelos ensinamentos do Espírito Santo”(De Princípios, II, 7:3).

6. Hilário de Poitiers(300-368), declara;

“O apóstolo não diz, ele nos escolheu, antes da fundação do mundo; quando éramos santos e
irrepreensíveis, mas, ele nos elegeu, para que pudéssemos ser santos e irrepreensíveis, isto é;
nós, que antes não éramos santos e irrepreensíveis, pudéssemos nos tornar depois. Paulo, e os
que são como ele, não são escolhidos, porque eles eram santos e irrepreensíveis, mas eles são
escolhidos e predestinados, que em suas vidas após eles se tornassem santos e irrepreensíveis
em relação a suas obras e virtudes”(Comentário em Efésios 1:11).

E posteriormente alude a predestinação para a perdição, declarando:

“Em relação aos incrédulos, não devemos lamentar muito, porque eles não são predestinados
para a vida; pois a presciência de Deus tem, desde a antiguidade, decretado, que eles não devem
ser salvos"(Comentário em Romanos).

“Pelo resumo da lei, o remanescente dos judeus são salvos, mas o resto não pode ser salvo,
porque, pelo decreto de Deus, eles são rejeitados, no qual ele decretou para salvar a
humanidade”( Comentário em Romanos).

7. Atanásio(296-373), o bispo de Alexandria, e campeão da ortodoxia de Nicéia, declara:

“Como, então, se Ele nos escolheu, antes que viéssemos à existência, mas que, como ele mesmo
diz: ‘Nele fomos representados de antemão’? E como em tudo, antes da criação dos homens, que
Ele nos predestinou para a adoção, mas que o próprio Filho existia ‘antes da fundação do mundo’,
tendo nele que a economia que era por nossa causa? Ou como, como o Apóstolo continua a dizer,
temos 'uma herança predestinada’, mas que o próprio Senhor estabeleceu ‘antes da fundação do
mundo’, para tantos quanto que Ele tinha um propósito, por nossa causa, para assumir através da
carne, toda a herança do julgamento que estava contra nós, e daí em diante, fomos feitos filhos
nele? E como é que nós a recebemos ‘antes que o mundo existisse ‘, quando ainda não existíamos,
mas depois com o tempo, em Cristo foi guardada a graça que chegou até nós? Por isso também no
Juízo Final, quando cada um deve receber de acordo com sua conduta, Ele diz: ‘Vinde, benditos de
meu Pai , possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo’(Mt
25:34). Como, então, ou para quem, se preparou antes de existirmos, salvação no Senhor ‘antes da
fundação do mundo’ sendo estabelecida para este propósito; para que nós, alicerçados sobre ela,
pudéssemos participar, como pedras firmes, bem juntas, da vida e de graça que é Dele? E isso
aconteceu, como sugere naturalmente a mente religiosa, que, como eu disse, nós, nascendo
novamente depois de nossa breve morte, pudéssemos ser capazes de uma vida eterna, da qual
não tínhamos sido capazes, homens como nós somos , formados da terra, mas que ‘antes da
fundação do mundo’ tinha sido preparadas para nós em Cristo a esperança de vida e salvação.
Portanto, a razão pela qual o Verbo, vindo em nossa carne, e sendo exposto nela, visto que ‘no
princípio de suas obras mais antigas’, é colocado como uma base do propósito com a vontade do
Pai que estava nele antes da fundação do mundo, como tem sido dito, e antes que a terra
existisse, e antes que os montes fossem firmados, e antes que as fontes surgissem, para que, ainda
que a terra e as montanhas e as formas da natureza visível passassem na plenitude da era
presente, nós, pelo contrário, não podemos envelhecer segundo o seu padrão, mas podemos ser
capazes de viver posteriormente a elas, tendo a vida espiritual e bênção, que antes dessas coisas
foram preparadas para nós em Si mesmo, pelo Verbo , segundo a eleição . Pois assim seremos
capazes de uma vida não temporária, mas depois sempre temer e permanecer em Cristo, uma vez
que antes mesmo desta nossa vida, tinha sido estabelecida e preparada em Cristo Jesus”(Discurso
Contra os Arianos, II:22).

“Nem deixe as palavras 'antes da fundação do mundo' e 'antes dele criar a Terra' e 'antes das
montanhas montes serem firmadas' perturbar qualquer um; para elas estão muito bem de acordo
com 'fundado' e 'criado;' e aqui novamente uma alusão feita à economia segundo a carne. Pois
embora a graça tivesse chegado para nós pela aparição do Salvador, como o Apóstolo diz, só agora,
e chegou quando ele permaneceu entre nós; ainda esta graça tinha sido preparada, mesmo antes
de virmos a existir, ou melhor, antes da fundação do mundo, e a razão é porque ele é bondoso e
maravilhoso. Não que fosse o caso de Deus ter decidido sobre nós posteriormente, como se ele
fosse aparentemente ignorante sobre o nosso destino”(Discurso Contra os Arianos, II; 22:75).

“Pois mesmo Paulo não foi o primeiro, embora mais tarde ele se tornou um apóstolo pela vontade
de Deus; por isso a nossa vocação, o que por vezes não foi, e agora é, tem uma vontade anterior,
pois, como o próprio Paulo diz mais uma vez, ele foi feito um apóstolo, segundo o beneplácito de
sua vontade”(Discurso Contra os Arianos, III; 30:61).

8. Gregório Naziazeno(330-390), patriarca de Constantinopla, declara

“É por nada deles, mas de acordo com alguns pela eleição do destino, para que Jeremias foi
santificado, e outros foram afastados desde o ventre?”(Oração, 37:14).

9. Ambrósio de Milão(337-397), bispo de Milão, declara

“Porque você deve saber, que na predestinação a igreja de Deus sempre existiu, e que a
fecundidade da fé está preparada, e quando desejar o Senhor ordenará que a revele, mas pela
vontade do Senhor que está reservada para um certo tempo”(De Abraham).

10. Crisóstomo(347-407), comentarista das Escrituras, declara:

“O que, então, é isto que ele está dizendo, ‘em quem também fomos feitos herança, havendo sido
predestinados?’. Acima ele usou a palavra ‘Ele nos escolheu’, aqui diz que ele, ‘fomos feitos
herança’ . Mas na medida em que muito é uma questão de destino, não de escolha deliberada,
nem da virtude, (porque está intimamente ligada à ignorância e ao mal, e muitas vezes passando
por cima da virtude, antecipando previamente a incapacidade), observando como ele corrige
este ponto: havendo sido predestinados, diz ele, de acordo com o propósito daquele que faz
todas as coisas”(Homília 2 Sobre Efésios).

“De acordo com a fé dos eleitos de Deus. E por que você creu, ou melhor, por que te foi dado? Eu
acho que ele quis dizer, que lhe foi confiado aos eleitos de Deus, isto é, não por qualquer uma de
minhas realizações, nem dos minhas obras e fadigas, que eu recebi essa honra. Isto foi
totalmente o efeito da sua bondade confiada por Ele a mim. No entanto, para que a graça não
possa parecer sem razão (pois ainda se todos não eram Dele, pois, por que Ele não confiá-la a
outros?). Portanto, ele acrescenta: ‘E o conhecimento da verdade que é segundo a piedade’. Pois
foi para esse reconhecimento que me foi confiado, ou melhor, que era de Sua graça que isso
também fosse confiado a mim, pois Ele era o autor disto também. De onde o próprio Cristo disse:
‘Você não me escolhestes a mim mas eu vos escolhi a vós’(Jo 15:16). E em outra parte deste
mesma bendita Escritura, ‘eu sei, como também sou conhecido’(1 Co 13:12). E, novamente, ‘Se me
permite apreender que, para o que também fui conquistado por Cristo Jesus’(Fl 3:12). Primeiro,
nós aprendemos e, posteriormente, nós conhecemos: primeiro somos conhecidos, e então
apreendemos : primeiro fomos chamados , e então nós obedecemos. Mas, ao dizer, segundo a fé
dos eleitos, tudo é estimado em relação a eles, porque por causa deles eu sou um apóstolo, e não
para o meu merecimento, mas por causa dos escolhidos. Como ele diz em outro lugar, tudo é
vosso, seja Paulo, ou Apolo ‘(1 Co 3:21)”(Homília 1 Sobre Tito).

11. Jerônimo(347-420), aludindo a predestinação para a perdição, falando daqueles que nunca
ouviram o evangelho, declara:

“O homem sem a lei é um incrédulo que perecerá para sempre”(Contra os Pelagianos, I:28).

12. Teodoreto(350-428), bispo de Mopsuéstia, declara:

“’Aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a estes também justificou, e
aos que justificou, a esses também glorificou’ . Aqueles cuja finalidade, ele havia conhecido de
antemão, os que no início Ele predestinou, e predestinando-os, também os chamou, e chamando-
os, justificando-os pelo batismo, e justificando-os, os glorificou, designando-os filhos, e dotando-os
com a graça do Espírito Santo. Mas ninguém diga que tal presciência é a causa destas coisas, pois
presciência não torna as tais como elas são, mas Deus como Deus, previu desde os tempos
antigos tudo o que seria”(Comentário Sobre Romanos, Livro 3, VIII).

13. Agostinho(354-430), bispo de Hipona, declara:

“Malaquias 1:2 Porque ele disse que a eleição, e neste Deus não encontra-a feita por outro o que
Ele pode escolher, mas Ele próprio faz o que Ele pode achar, apenas, como está escrito do
remanescente de Israel : ‘Não é feito por um remanescente a eleição da graça, mas, se é pela
graça, não é pelas obras , caso contrário, a graça já não é graça’(Rm 11:5) em que você é
certamente insensato, que, quando a Verdade declara: ‘Não vem das obras , mas por aquele que
chama’, dizia-se que Jacó era amado por conta de trabalhos futuros que Deus previu que ele iria
fazer, e, portanto, em contradição com o apóstolo quando ele diz: ‘não vem das obras’, não
obstante ele não pudesse ter dito, não de presentes, mesmo que fosse trabalhos futuros. Mas ele
diz: ‘Não vem das obras’ , para que pudesse elogiar a graça, mas se a graça, agora já não é pelas
obras, caso contrário, a graça já não é graça”(Contra as Duas Cartas dos Pelagianos, II:15).

“Procuramos entender bem esta vocação, com que são chamados os eleitos; não que sejam
eleitos porque antes creriam, senão que são eleitos para que cheguem a crer... Deus nos elegeu,
portanto, antes da criação do mundo, predestinando-os para a adoção de filhos; não porque
haveríamos de ser santos e imaculados por nossos próprios méritos, senão que nos elegeu e
predestinou para que o fôssemos”(A Predestinação dos Santos, XVII,XIX).

E posteriormente, aludindo a dupla predestinação, declara:

“Dividí a humanidade em dois grupos: um, o dos que vivem segundo o homem; o outro; o
daqueles que vivem segundo Deus. Misticamente, damos aos dois grupos o nome de cidades, que
é o mesmo que dizer sociedade de homens. Uma delas está predestinada a reinar com Deus; a
outra, a sofrer eterno suplício com o diabo”(A Cidade de Deus, XV:1).

14. Cirilo de Alexandria(378-444), patriarca de Alexandria, declara, aludindo a predestinação para a


perdição:

“Pois não era por causa de qualquer profecia da Escritura que o traidor estava perdido, e tornou-se
tão vil uma vez que trocou por algumas moedas o precioso sangue de Cristo, mas sim, como
através de sua própria maldade inata ele traiu o seu Senhor, e foi infalivelmente destinado à
destruição por conta disso, a Escritura, que não pode mentir, predisse que isso
ocorreria”(Comentário do Evangelho de João, Livro XI; Sobre Jo 17:12,13).

15. Fulgêncio(468-533), bispo de Ruspe(norte da África), ensinou explicitamente “a dupla


predestinação; a dos eleitos à glória e a dos ímpios ao castigo eterno”(Da Verdadeira
Predestinação e da Graça, III). A mesma doutrina é repetida em outras obras dele(Contra
Monimum, I, 11:3; Epístola XV).

16. Isidoro(560-630), bispo de Sevilha, declara:

“A predestinação é dupla, a dos eleitos ao descanso celestial e a dos perversos à morte


eterna”(Sententiarum Libri III, 2:6).

17. Godescalco de Orbais(805-868), téologo do 9

º século, declara:

“Assim como o Deus imutável predestinou imutavelmente a todos os seus eleitos a vida eterna
desde antes da fundação do mundo por sua graça, assim este mesmo Deus imutável, predestinou
imutavelmente por seu justo juízo à morte justamente eterna a todos os réprobos, que no dia do
juízo serão condenados”(Da Predestinação, V).

(b)Predecessores da Pré-Reforma

Thomas Bradwardine(1290-1349), foi o teólogo que influenciou poderosamente a teologia de


Wycliff, sendo seu tutor na Universidade de Oxford. Em sua obra “De Causa Dei Adversus
Pelagium”, declara:

“Os efeitos da predestinação são a comunicação da graça no presente, a justificação do pecado,


as boas obras e a perseverança final”(Lvro I, p.442).

Na mesma obra, ele ainda afirma:

“Há uma dupla predestinação!”(Ibidem, p.45).

(c)Os Pré-Reformadores

Falando sobre a doutrina da predestinação, fazendo alusão aos mestres dos precursores da
Reforma, bem como aos próprios pré-reformadores, o Dr. J. L. Neve, Professor Emérito do Hamma
Divinity Scholl Colege, em sua obra “A History of Christian Thought”(Uma História do Pensamento
Cristão) declara:

“Consequentemente, a doutrina da predestinação recebeu uma nova ênfase, e a definição


agostiniana como congregação dos predestinados é renovada. A maior parte deste grupo é
distinguida pelo erudito inglês Thomas Bradwardine e o monge agostiniano Gregório de Rimini. A
esta escola de pensamento também pertencem os assim chamados precursores da Reforma
Wycliff, Goch, Wesel e Wessell”(p.214).

Uma vez declinados estes nomes, estudemos um pouco de suas opiniões:

1.John Wycliff(1324-1384), a estrela da alva da Reforma, em sua famosa obra “Trialogus”(1380


d.C), declara:

“Deus precisa de criaturas individuais ativas para qualquer ação que Ele deseje realizar e por isso
predestina alguns, destinando-os à glória, e conhecendo os outros de antemão, destinando-os
ao castigo eterno”(p.122).

Em sua obra “De Fide Catholica”(1379 d.C), declara:

“Da mesma forma, nenhum fiel ou pagão duvida que Deus na eternidade predestinou alguns para
a glória e alguns que ele conheceu de antemão, para o inferno”.

E em sua obra “Responsiones ad Arguments”(1375 d.C), falando dos predestinados à condenação,


alude ao fato de que a condenação destes não era meramente baseada na presciência divina, mas
na ordenação de Deus:

“A primeira causa da condenação de todos aqueles conhecidos de antemão é a ordenação de


Deus”.

2. John Huss(1369-1415), professor da Universidade de Praga, era também um discípulo de Wycliff.


Em sua obra “Da Igreja”, Huss, aludindo a eleição incondicional, afirma:

“A unidade da Igreja Universal reside no vínculo da predestinação, e na meta da benção, visto


que todos os seus filhos estão, no fundo unidos em benção”(Da Igreja, II).

Aqui, a idéia de Huss é clara: o homem é unido a Igreja de Cristo por ser um predestinado, e não o
contrário(‘o homem é predestinado por ter se unido a Igreja de Cristo’). A unidade é consequência
da eleição, não a causa!

Mas, Huss não se esquiva de ensinar a dupla predestinação, declarando:

“Como para a 5º prova do Evangelho: ‘Ele vos batizará com o Espírito Santo’, Ele admite que é o
Senhor da colheita na Santa Igreja, na qual, em virtude da fé, estão juntamente misturados os bons
e os maus, predestinados e réprobos. O predestinado como o trigo; e o reprovado como o joio. O
primeiro deve ser recolhido para o celeiro celestial; o resto queimado com fogo ardente, como
diz o Evangelho e a exposição de Agostinho”(Da Igreja, V).

“E consequentemente, ele (Judas) não era um predestinado e nem uma parte da Igreja, a noiva
de Cristo”(Da Igreja, V).

“Mesmo assim, Paulo nunca foi um membro do diabo, porém ele cometeu alguns atos que eram
semelhantes aos atos da igreja dos ímpios”(Da Igreja, III).

3. Jerônimo Savonarola(1452-1598), o pregador do mosteiro de Florença, em seu sermão “In Te


Domini Speravi”, afirma:

“Sião é vossa Igreja... Agistes bondosamente com Sião em vossa benevolência, a fim de que surjam
reconstrutores dos muros de Jerusalém. Jerusalém, a visão da paz, o que é senão a cidade dos
bem-aventurados, nossa mãe? Seus muros se tornaram ruínas quando Lucífer e seus anjos foram
precipitados. Os homens justos são chamados e suceder-lhes. Procedestes benignamente com
Sião, a fim de que se completem o número dos eleitos sem tardar, e que se levantem os muros
de Jerusalém feitos de novas pedras, destinadas a te louvar sem cessar e a viver
eternamente”(Derniere Meditation, pp.78,80).

Aqui temos uma definição puramente agostiniana:

(a)Ele afirma que a Igreja é a Sião espiritual, invisível.


(b)Ele afirma que o número dos eleitos é um só.
(c)Ele afirma que cada eleito, após ter sido convertido a adentrar na Igreja, deve trabalhar para que
os demais eleitos se cheguem a ela. E por que ele diz que os eleitos tem que se levantar e
completar os muros de Jerusalém, isto é, a Igreja? Porque, para ele, o papa Alexandre VI e seus
bispos, aos que Savonarola chama ‘Lucífer e seus anjos’, deixaram a verdadeira igreja em ruínas, e
os homens verdadeiramente justos , isto é, verdadeiramente cristãos, devem reforma-la.
(d)Ele afirma que os muros da Jerusalém espiritual, são feitos de novas pedras, isto é, de novos
cristãos, e que estas pedras foram destinadas ao louvor a Deus e a vida eterna. Note que ele não
diz que estas pedras foram destinadas porque louvariam a Deus e porque teriam a vida eterna,
mas para que louvassem a Deus e tivessem a vida eterna. Isto é eleição condicional.

Da mesma forma, em seu sermão VIII(‘No Pasto’), Savonarola declara:

“É mentira que a graça de Deus é obtida por obras preexistentes do mérito assim como as obras
sejam a causa da predestinação. Pelo contrário, estas são o resultado da predestinação. Diga-me
Pedro, diga-me oh Madalena, por que vocês estão no Paraíso? Confesso que não pelos seus
próprios méritos eles tinham alcançado a salvação, mas pela bondade de Deus”(Citado pelo
teólogo luterano Andreas Gottlob Rudelbach, em sua obra ‘Hieronymus Savonarole Und Seine
Zeit’, Hamburgo, 1835).

A frase acima demonstra o repúdio de Savonarola ao dogma da eleição condicional. Mas, como os
demais pre-reformadores, ele também não se esquivou de uma doutrina da dupla predestinação.
Em seu sermão “Miserere”, afirma agostinianamente:

“Considere o número dos infiéis condenados, a multidão dos maus cristãos, o próprio número
daqueles que vivem retamente, e evidentemente tu verás que os vasos de justiça excedem muito
os vasos de misericórdia: os vasos de misericórdia, estes são os eleitos, e os vasos de justiça, os
réprobos”(Derniére Meditation, p.112).

(d)Os Reformadores:

1. Martinho Lutero(1483-1546), o pai da Reforma Protestante, em sua obra “Disputatio Contra


Scholasticum Theologiam”(1517 d.C), declara:

“A excelente, a infalível, a única preparação à graça, é a eleição e a predestinação eterna de Deus.


Da parte do homem são nada há que preceda a graça a não ser a insuficiência e a rebelião”.

E em sua obra “Da Vontade Cativa”(1525 d.C), declara:

“Considero isto suficientemente firmado a partir daquele único dito de Cristo em Mt 25:34, que
citei a pouco: ‘Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do reino que vos está preparado desde a
fundação do mundo’. De que modo poderiam merecer aquilo que já lhes pertence e lhes está
preparado antes mesmo de serem criados?”(Martinho Lutero, Obras Selecionadas, volume 4,
p.111).

“Pois se a graça procede do propósito ou da predestinação, necessariamente não procede de


nosso empenho ou esforço”(Ibidem, p.199).

E na mesma obra “Da Vontade Cativa”, não se esquiva em falar de uma dupla predestinação,
afirmando:

“Dizes: Quem crerá que é amado por Deus? Respondo: Nenhum ser humano crerá e nem poderá
crer. Os eleitos, porém, crerão. Os demais perecerão sem crer, indignando-se e blasfemando,
como tu fazes aqui. Portanto, haverá alguns que crerão... Como há eleitos e réprobos, assim há
vasos de honra e de ignomia”(Ibidem, pp.46,149).

E em seu “Comentário de Romanos 9:17”, declara:

“...este poder não se refere à salvação mas à perdição dos outros, para que o significado do
começo seja devido a um Deus misericordioso e não a quem quer ou corre”.

2. Úlrico Zuínglio(1484-1531), o reformador de Zurique, em sua obra “Uma Exposição da Fé


Cristã”(1531), declara:

“Isto está claro: a eleição de Deus é independente e graciosa. Porque Ele nos elegeu antes da
fundação do mundo, antes mesmos de nós nascermos. Consequentemente Deus não nos elegeu
por causa das obras, pois realizou nossa eleição antes da fundação do mundo. Logo, as obras não
são meritórias. Portanto, elas seguem a eternal salvação, que é apenas pela graça e favor de Deus,
que abundantemente transbordou sobre nós em Cristo”.

Falando sobre a dupla predestinação, em sua obra “De Providentia Dei”, declara:

“De modo que a eleição somente se atribui aos que hão de ser salvos, porém daqueles que hão de
se perder não se diz que sejam eleitos, ainda que também a vontade divina tem determinado a
respeito deles, porém para repeli-los, rechaçá-los e repudiá-los, para que sejam exemplos da
justiça”(Livro IV, p.115).

3. João Calvino (1509-1564), o reformador de Genebra, em sua renomada obra “As Institutas da
Religião Cristã”(1536 d.C), declara:

“Ao que se acrescenta que foram eleitos para que fossem santos (Ef 1:4), refutando abertamente o
erro que deduz da eleição da presciência, uma vez que Paulo protesta que tudo quanto de
virtude aparece nos homens é efeito da eleição”(III; 22:2).

E na mesma obra, não se esquiva da doutrina da dupla predestinação, afirmando:

“Chamamos predestinação ao eterno decreto de Deus, pelo qual determinou em si mesmo o que
Ele quis que todo o indivíduo do gênero humano viesse a ser. Porque eles não são criados todos
com o mesmo destino; mas para alguns é preordenada a vida eterna, e para outros, a
condenação eterna. Portanto, sendo criada cada pessoa para um ou outro destes fins, dizemos
que é predestinada ou para a vida ou para a morte”(III; 21:5).

4. Martin Bucer(1491-1551), reformador luterano, declara:

“A má-compreensão dos Santos Pais, por vezes, tem dado origem à idéia errônea de que nossas
boas obras são em algum sentido, a causa da nossa predestinação, alegando que Deus prevê que
seu povo abraçará a oferta da sua graça e fará uso digno de sua dádiva, e por esta razão os
predestina e predetermina para a salvação. Mas isso é um erro que até mesmo São Tomás
corretamente refuta, dizendo que nada de bom em nós é a causa da predestinação. O que,
entretanto, Deus pode prever em nós, que venha a existir do nada, exceto aquilo que Ele
determinou em sua bondade nos dar? Não há absolutamente nada em nós, portanto, que Deus
poderia levar em conta ao nos predeterminar à salvação futura; Seu próprio prazer decide tudo o
que Ele faz e nos dá”(‘Predestinação’ , em “Common Places of Martin Bucer, trans., and ed., D.F.
Wright [England: Sutton Courtenay Press, 1972], 96-105).

E na mesma obra, também alude a predestinação para a perdição, afirmando:

“Há em adição uma predestinação geral. Proorismos significa simplesmente ‘pré-determinação’, e


Deus faz todas as coisas pelo seu predeterminado conselho, atribuindo cada e toda coisa a seu
próprio uso, e assim separando elas das outras coisas na medida em que seu uso é definido. Se
você requisitar uma definição desta predeterminação geral, ela é a atribuição de cada coisa a seu
próprio propósito, segundo a qual Deus, antes de as criar, destinou todas as coisas solidariamente
da eternidade para algum uso fixo. Neste sentido, há ainda uma predestinação dos ímpios, pois
assim como Deus os formou também a partir do nada, assim Ele também os formou para um fim
definido.

Deus faz tudo com sabedoria, sem excetuar o predeterminado e bom uso dos maus, porque até
mesmo os ímpios são skeuē ferramentas e instrumentos de Deus, e ‘Deus fez todas as coisas para
seu próprio propósito, até mesmo o ímpio para o dia do mal’. Os teólogos, entretanto, recusam-se
a chamar isso de ‘predestinação’, preferindo, ao invés, ‘reprovação’. No entanto, Deus faz todas
as coisas bem e sabiamente, e assim não faz nada exceto pelo desígnio escolhido. Ele deu a Faraó
uma mente depravada e levantou ele com o propósito de demonstrar o seu poder ao puni-lo. E
também odiou Esaú antes que ele tivesse feito qualquer coisa má”.

5. Erasmus Sarcerius(1597-1563), reformador luterano, declara:

“A razão para alistar as várias causas de nossa eleição é para que saibamos que é certa, o que não
aconteceria se fosse baseadas em nossas obras ou méritos. Do mesmo modo, nem a
predestinação, nem a justificação e nem nossa redenção seriam certas se as causas de tudo isso
estivessem em nós. As obras sempre tem uma dúvida atrelada a si, de modo que aqueles que
baseiam nelas sua salvação nunca podem ter certeza em sua mente . Os sinais certos da nossa
eleição devem ser vistos na Palavra de Deus e não em nossas habilidades, obras ou
méritos”(Anotações Sobre Efésios).

6. Lancelot Ridley(+ 1555), mártir e reformador anglicano, declara:

“A eleição de Deus foi feita somente pela graça, pela vontade e pelo beneplácito de
Deus”(Comentário de Efésios).

7. Hugo Latimer(1487-1555), mártir e reformador anglicano, declara:

“Aqui está agora te ensinando, como provares a tua eleição, bem como para provar nossa eleição,
isto é, em Cristo; pois Cristo é o livro da causa de Deus e registro de Deus, mesmo no mesmo livro,
isto é, Cristo, são escritos os nomes de todos os eleitos. Portanto, não podemos encontrar nossa
eleição em nós mesmos, ainda mais quando os decretos de Deus são inescrutáveis. Onde devo,
em seguida, achar a minha eleição? No livro do registro de Deus, que é Cristo”(Sermão pregado
no Setuagésimo Domingo).

8. Thomas Cranmer(1489-1556)mártir e reformador anglicano, declara:

“Mas certo é que a nossa eleição vem única e totalmente do dom e da graça de Deus, pelos
méritos do amor de Cristo, e por nenhuma parte dos nossos méritos e boas obras: como São
Paulo contesta e vos prova longamente na epístola aos Romanos e aos Gálatas, e vários outros
lugares"(Correções das ‘Instituições’ de Henrique VIII Com Anotações).

(e)As Antigas Confissões de Fé Protestantes:

1. A Confissão de Fé Francesa(1559)(Reformada), declara:

“Cremos que, dessa corrupção e condenação geral em que todos os homens se encontram
imersos, Deus retira aqueles que, em seu conselho eterno e imutável, elegeu por sua bondade e
misericórdia em nosso Senhor Jesus Cristo, sem considerar suas obras, mantendo os outros na
mesma corrupção e condenação, como aos primeiros faz luzir as riquezas de sua misericórdia. Isto,
não porque uns sejam melhores que os outros, pois Deus os discerne segundo o seu conselho
imutável, que determinou em Jesus Cristo antes da fundação do mundo; além disso, ninguém
podia se acercar de tal bem por sua própria natureza, não somos capazes de uma só boa ação,
nem afeição, nem pensamento, antes que Deus os tenha preparado e disposto para nós”(XII).

2. A Confissão de Fé Escocesa (1560)(Reformada), declara:

“O mesmo eterno Deus e Pai, que somente pela graça nos escolheu em seu Filho, Jesus Cristo,
antes que fossem lançados os fundamentos do mundo, designou-o para ser nosso chefe, nosso
irmão, nosso pastor e o grande bispo de nossas almas... assim também confessamos que o Espírito
Santo nos santificou e regenerou, sem qualquer respeito a qualquer mérito nosso - seja anterior
seja posterior à nossa regeneração”(VIII, XII).

3. A Confissão de Fé Belga(1561)(Reformada), declara:

“Cremos que Deus, quando o pecado do primeiro homem lançou Adão e toda a sua descendência
na perdição, mostrou-se como Ele é, a saber: misericordioso e justo. Misericordioso, porque Ele
livra e salva da perdição aqueles que Ele em seu eterno e imutável conselho, somente pela
bondade, elegeu em Jesus Cristo nosso Senhor, sem levar em consideração obra alguma deles.
Justo, porque Ele deixa os demais na queda e perdição, em que eles mesmos se lançaram”(XVI).

4. A Segunda Confissão Helvética(1566)(Reformada), declara:

“Deus, desde a eternidade, livremente e movido apenas pela sua graça, sem qualquer respeito
humano, predestinou ou elegeu os santos que ele quer salvar em Cristo...”(X:1).
5. A Fórmula de Concórdia (1577)(Luterana), declara:

“É falso e errado, por isso, ensinar que não somente a misericórdia de Deus e o mérito
santíssimo de Cristo é a causa da eleição, mas que também há em nós uma causa da eleição de
Deus em virtude da qual Deus nos elegeu para a vida eterna”(Declaração Sólida, XI:88).

6. Os Artigos Irlandeses de Religião (1611)(Anglicanos), declaram:

“A causa que levou Deus a predestinar para a vida não é a previsão de fé ou perseverança, ou
boas obras, ou de nenhuma coisa na pessoa predestinada, mas somente a boa vontade de
Deus”(XIII).

Mas os primitivos anglicanos não se esquivaram de uma doutrina da dupla predestinação,


afirmando:

“Pelo mesmo e eterno decreto Deus tem predestinado alguns para a vida, e reprovado outros
para a morte; de ambos os quais existe um número certo, conhecido somente por Deus, que não
pode ser nem aumentado nem diminuído”(XII).

7. Os Cânones de Dort (1618-1619)(Reformados), declaram:

“Esta eleição não é baseada em fé prevista, em obediência de fé, santidade ou qualquer boa
qualidade ou disposição, que seria uma causa ou condição previamente requerida ao homem
para ser escolhido. Mas a eleição é para fé, obediência de fé, santidade, etc. Eleição, portanto, é a
fonte de todos os bens da salvação, de onde procedem a fé, a santidade e os outros dons da
salvação”(I:9).

Mais adiante, os teólogos reformados, fazendo alusão a dupla predestinação, declaram:

“A Escritura Sagrada mostra e recomenda a nós esta graça eterna e imerecida sobre nossa eleição,
especialmente quando, além disso, testifica que nem todos os homens são eleitos, mas que alguns
não o são, ou seja, são preteridos na eleição eterna de Deus. De acordo com seu soberano, justo,
irrepreensível e imutável bom propósito, Deus decidiu deixá-los na miséria comum em que se
lançaram por sua própria culpa, não lhes concedendo a fé salvadora e a graça de conversão. Para
mostrar sua justiça, decidiu deixá-los em seus próprios caminhos e debaixo do seu justo
julgamento, e finalmente condená-los e puni-los eternamente, não apenas por causa de sua
incredulidade, mas também por todos os seus pecados, para mostrar sua justiça. Este é o decreto
da reprovação...”(I:15).

8. A Confissão de Fé Batista de 1644, declara:

“Deus antes da fundação do mundo, predestinou a alguns homens para a vida eterna, por meio
de Jesus Cristo, para o louvor e glória da sua graça; havendo destinado e abandonado os demais
em seu pecado para sua justa condenação, e para o louvor de seu justo veredito... E esta
promessa é que Cristo deveria fazer um sacrifício pelo pecado; que Ele veria sua semente e
prolongaria seus dias, e a vontade do Senhor prosperaria em sua mão; tudo isto sendo da graça
absoluta e livre de Deus para os eleitos, e sem nenhuma condição prevista neles para que
pudessem conseguí-la”(III, XII).

9. No “Catecismo Maior”(1645) de John Owen, ministro congregacional puritano, lemos:

“P. 6. Há Porventura qualquer coisa em nós que moveu o Senhor, portanto, a nos escolher entre
os outros? R. Não, de modo algum; estamos na mesma massa com outros rejeitados, quando
separados pela sua graça imerecida”(IV).

10. A Confissão de Fé de Westminster (1643-1649), declara:

“Segundo o seu eterno e imutável propósito e segundo o santo conselho e beneplácito da sua
vontade, Deus antes que fosse o mundo criado, escolheu em Cristo para a glória eterna os homens
que são predestinados para a vida; para o louvor da sua gloriosa graça, ele os escolheu de sua
mera e livre graça e amor, e não por previsão de fé, ou de boas obras e perseverança nelas, ou
de qualquer outra coisa na criatura que a isso o movesse, como condição ou causa”(III:5).

Além de descrever a eleição incondicional, os 151 teólogos desta confissão também subscreveram
a dupla predestinação, declarando:

“Pelo decreto de Deus e para manifestação da sua glória, alguns homens e alguns anjos são
predestinados para a vida eterna e outros preordenados para a morte eterna. Esses homens e
esses anjos, assim predestinados e preordenados, são particular e imutavelmente designados; o
seu número é tão certo e definido, que não pode ser nem aumentado nem diminuído”(III:3,4).

11. A Confissão de Fé dos Valdenses(1655), declara:

“Que Deus salva da corrupção e da condenação aqueles a quem escolheu desde antes da fundação
do mundo, não por causa de qualquer disposição, fé ou santidade que Ele tenha previsto neles,
mas por motivo de pura misericórdia, em Cristo Jesus, Seu Filho, rejeitando todos os demais, de
acordo com a razão irrepreensível de sua livre vontade e justiça”(XI).

12. A Declaração de Fé e Ordem de Savoy(1658)(Congregacional), declara:

“Segundo o seu eterno e imutável propósito e segundo o santo conselho e beneplácito da sua
vontade, Deus antes que fosse o mundo criado, escolheu em Cristo para a glória eterna os homens
que são predestinados para a vida; para o louvor da sua gloriosa graça, ele os escolheu de sua
mera e livre graça e amor, e não por previsão de fé, ou de boas obras e perseverança nelas, ou de
qualquer outra coisa na criatura que a isso o movesse, como condição ou causa”(III:5).

Além de descrever a eleição incondicional, esta primitiva confissão congregacional também


subscreve a dupla predestinação, declarando:

“Pelo decreto de Deus e para manifestação da sua glória, alguns homens e alguns anjos são
predestinados para a vida eterna e outros preordenados para a morte eterna. Esses homens e
esses anjos, assim predestinados e preordenados, são particular e imutavelmente designados; o
seu número é tão certo e definido, que não pode ser nem aumentado nem diminuído”(III:3,4).

13. A Confissão de Fé Batista de 1689, declara:

“Dentre a humanidade, aqueles que são predestinados para a vida, Deus os escolheu em Cristo
para glória eterna; e isto de acordo com o seu propósito eterno e imutável, pelo conselho secreto e
pelo beneplácito da sua vontade, antes da fundação do mundo, apenas por sua livre graça e amor,
nada havendo em suas criaturas que servisse como causa ou condição para essa escolha”(III:5).

Além de ensinarem a doutrina da eleição incondicional, os primitivos batistas também não se


esquivaram de ensinar a dupla predestinação:

“Pelo decreto, e para manifestação da glória de Deus, alguns homens e alguns anjos são
predestinados (ou preordenados) para a vida eterna através de Jesus Cristo, para louvor da sua
graça gloriosa. Os demais são deixados em seu pecado, agindo para sua própria e justa
condenação; e isto para louvor da justiça gloriosa de Deus”(III:3).

14. A Confissão de Fé Metodista Calvinista de 1823, declara:

“Desde a eternidade, Deus escolheu e designou Cristo para ser o Cabeça do pacto, Mediador e
Fiador de sua Igreja, para redimi-la e salvá-la. Deus escolheu também em Cristo uma grande
multidão, que nenhum homem pode contar, de toda tribo, e língua, e povo, e nação, para a
santificação e vida eterna, e decretou todos os meios necessários para executar este propósito.
Este eleição é eterna, justa, soberana, incondicional, particular ou pessoal"(Capítulo 12).

15. A Confissão de Fé Congregacional(Declaração de Fé da Aliança das Igrejas Evangélicas


Congregacionais do Brasil[2014]), declara:

“Aqueles dentre a humanidade que são predestinados para a vida, Deus, antes que fossem
lançados os fundamentos do mundo, segundo seu eterno e imutável propósito, e o secreto e
beneplácito de Sua vontade, escolheu em Cristo para a glória eterna, simplesmente por Sua livre
graça e amor, sem qualquer previsão de fé ou de boas obras ou de perseverança em qualquer
um deles, ou de qualquer outra cosia na criatura, como condição ou causa que a isso o
movessem; e tudo para o louvor de Sua gloriosa graça”(III:3)

(f) O testemunho de eruditos de várias Igrejas:

1. As Igrejas Reformadas do Brasil

Em seu hinário “Salmos e Hinos”, lemos:

“Não existia razão em mim,


Para o Deus santo escolher-me,
Sem exigência elegeu a mim,
Pois nunca ia querer-lhe”(79:2).
2. Os Luteranos

O Dr. John T. Mueller(1885-1967), em sua obra “Dogmática Cristã”, declara:

“O cristão não é, por conseguinte, eleito por causa de sua fé prevista. Ao contrário, tornou-se
crente no tempo por causa de sua eleição eterna através para a salvação. A pessoa é conduzida à
fé salvadora no tempo precisamente porque Deus, desde a eternidade, a elegeu precisamente
para a salvação”(p.547).

3. Os Presbiterianos

Duane E. Spencer, ministro presbiteriano, em sua obra “TULIP – Os Cinco Pontos do Calvinismo à
Luz das Escrituras”, declara:

“O apóstolo declara que a base da eleição está em Deus mesmo, ou seja, está na vontade e
propósito de Deus, e não no ato de fé ou de alguma outra condição (como diria Arminius)
existente na criatura humana, condição tanto para o bem quanto para o mal. A eleição é
incondicional. O homem nada faz para merecê-la!”(p.37).

No hinário presbiteriano ‘Novo Cântico’, no hino “Segurança do Crente”(Hino nº 146), lemos:

“’Inda que indigno, foste escolhido”(3ª Estrofe).

4. Os Batistas

Charles Spurgeon(1834-1892), o príncipe dos pregadores, em seu sermão “Eleição”, declara:

“Mas eis que alguns outros insistem: ‘Deus escolheu os Seus eleitos com base na fé prevista que
eles haveriam de ter!’. Ora, Deus é quem nos outorga a fé, o que significa que Ele não pode ter
selecionado os Seus eleitos com base na fé que Ele previu que eles teriam”(p.19).

A Declaração de Fé das Igrejas Batistas do Brasil(1916), declara:

“Cremos que a eleição é eterno propósito de Deus, segundo o qual Ele graciosamente regenera,
santifica e salva pecadores; que sendo perfeitamente consistente com a livre agência do homem,
abrange todos os meios em conexão com o fim; que é uma demonstração gloriosíssima da
bondade soberana de Deus, sendo infinitamente livre, sábia, santa, e imutável; que ela exclui
completamente a vanglória, e promove humildade, amor, oração, louvor, confiança em Deus, e
ativa imitação de sua livre misericórdia; que ela encoraja o uso dos meios no mais alto grau; que
ela pode ser percebida pelos seus efeitos em todo aquele que verdadeiramente crê no evangelho;
que é o alicerce da segurança cristã; e que verificá-la com respeito a nós mesmos demanda e
merece a máxima diligência”(IX).

O polemista batista, William Carey Talyor, ministro entre os batistas brasileiros, declara:

“É fútil dizer que Deus meramente escolheu aos que o tivessem escolhido, ou que faz sua
escolha depois da escolha humana de salvação. Isto reduz o Deus da eternidade a um deus de
palanque e nega a veracidade de muitas Escrituras. Deus não é mero carimbo para o apoio de
decisões humanas”(O Jornal Batista, 25.12.1947 & 08.01.1948).

O Dr. E. C. Dargan, em seu livro “As Doutrinas da Nossa Fé”, declara:

“Quando é que Deus faz a sua escolha? Depois que o homem escolhe a Deus? Isso seria fazer o
homem superior a Deus. Paulo ensina que Deus escolheu aqueles que determinou salvar ‘antes
da fundação do mundo’(Ef 1:4). Existem algumas condições sob as quais Deus fez a sua escolha?
Escolhe Ele o homem porque previu que esse havia de se arrepender? Não. No escolher e salvar
homens, Deus é Deus soberano, livre e age por sua própria iniciativa”(p.98).

E no hinário da Convenção Batista Brasileira – ‘Cantor Cristão’ -, no hino “Amor Perene”(Hino nº


20), lemos:

“Amavas-me, Senhor, não tenho a luz ainda


Surgindo lá nos céus, ao mando criador;
Nem mesmo o sol, na aurora esplendorosa e linda,
À terra dava força fecundante, infinita.
Meu Deus, que amor!
Meu Deus, que antigo amor!”(1ª Estrofe).

5. Os Anglicanos

O Rev. John Newton(1725-1807), em sua “Epístola IX”(Sobre as Doutrinas da Eleição e


Perseverança Final), declara:

“Aqueles que acreditam que existe no homem algum poder, pelo qual ele pode voltar-se para
Deus, esses podem contender a favor de uma eleição condicionada à previsão de fé e
obediência; porém, enquanto outros discutem, que eu e você nos quedemos admirados, pois
sabemos que o Senhor nos viu de antemão, (exatamente como éramos), no estado em que
estávamos, totalmente incapazes de crer e obedecer, a não ser que Ele se dispusesse a efetuar
em nós tanto o querer quanto o realizar, segundo a sua boa vontade”(The Works of the Rev. John
Newton, Volume I, p.129).

6. Os Metodistas

a. George Whitefield(1714-1770), o pai do metodismo, em sua “Epístola 138”, dirigida ao Rev. R.


E., declara:

“Bendito seja Deus, pois seu Espírito me convenceu de nossa eterna eleição pelo Pai, através do
Filho; de nossa justificação gratuita através da fé em seu sangue; de nossa santificação como
consequência disso, e de nossa perseverança final e glorificação como resultado de tudo. Estas
coisas, estou persuadido, foram conjugadas entre si, pelo próprio Deus, e nem homens nem
demônios poderão separá-las. Havia alguma aptidão prevista em nós, que não para a
condenação? Creio que não”(Letters of George Whitefield, for the Period 1734-1742, p.129).
b. John Wesley(1703-1791), declara:

“Em sua "Nota Sobre Romanos 9:11", Wesley comentando frase por frase, diz:

"Para que o propósito de Deus conforme a eleição permanecesse: o propósito de escolher ou


eleger a semente prometida. Não pelas obras: por algum mérito precedente a sua eleição. Senão
por aquele que chama: segundo o seu beneplácito, que elege para esse privilégio a quem quer ".

Nessa nota de Wesley, o mesmo está dizendo que a eleição do homem não depende de sua
vontade, mas unicamente da vontade de Deus, que sendo soberano, elege a quem quer. Neste
sentido, Wesley repete esta mesma opinião, quando em sua "Nota sobre Romanos 9:14", indaga:
"É Deus injusto ao dar a benção a Jacó e não a Esaú?". E mais adiante, falando sobre o mesmo
assunto, mostra que esta é a regra geral e não apenas um caso restrito apenas a Jacó:

"Assim que a benção, não depende do que quer, nem do que corre: não resulta nem da vontade
nem das obras humanas senão da graça e do poder de Deus. A vontade humana se opõe aqui a
vontade de Deus e o ‘correr’ do homem à ação divina. E esta declaração geral não se refere
exclusivamente a Isaque e Jacó ou aos israelitas nos tempos de Moisés, senão também a todos
os filhos espirituais de Abraão, até o fim do mundo"(Nota Sobre Romanos 9:16).

E no hinário metodista – ‘Hinário Evangélico’ – lemos no hino “Segurança do Crente”(Hino nº


362), lemos:

“’Inda que indigno, foste escolhido”(3ª Estrofe).

E no hino “Amor Perene”(hino nº 139), lemos:

“Amavas-me, Senhor, não tenho a luz ainda


Surgindo lá nos céus, ao mando criador;
Nem ainda o sol surgira, altivo no levante,
Calor trazendo à terra e força fecundante!
Meu Deus, que amor!
Meu Deus, que antigo amor!”(1ª Estrofe).

7. A Igreja do Nazareno

Em seu hinário “Louvor e Adoração”, esta igreja canta:

"Inda que indigno, eu escolhi-te,


Não temas, pois, Eu já te salvei!”(400:4)

8. Os Congregacionais

O Rev. Gordon T. Booth, em sua obra “The Principles of the Congregational Independents”(1981),
registra que “ele os escolheu de sua mera e livre graça e amor, e não por previsão de fé, ou de
boas obras e perseverança nelas, ou de qualquer outra coisa na criatura que a isso o movesse,
como condição ou causa”(p.45). E na “The Congregational Magazine”[Revista Congregacional]
(23.02.1843), lemos: “Eu confesso uma firme crença na grande doutrina da eleição incondicional
e eterna”(p.344). Os pseudos congregacionais da UIECB, embora neguem a doutrina da eleição
condicional(Ismael da Silva Jr., Notas Sobre a ‘Breve Exposição das Doutrinas Fundamentais do
Cristianismo’”, p.117 & Vanderli Barreto, Nossa Doutrina, p.209), não conseguiram extirpá-la de
todas as suas obras. Por exemplo, em seu hinário – ‘Salmos e Hinos’, no hino “Amor Sublime”,
lemos:

“Amor, que com amor seguias


A mim, que sem amor Tu vias!
Oh! Quanto amor por mim sentias.
Eterno Deus, Senhor Jesus”(134:2).

Em seu hino “Salva os Filhos de Israel”, lemos:

“Tu os escolhestes, ó Deus,


Para serem filhos teus”(532:3).

E em seu hino “Amor e Providência de Deus”, lemos:

“Não era o mundo ainda


Surgido à Tua voz,
E todo Te abrasavas De imenso amor por nós;
E nesse amor eterno Se fez, então, Jesus,
O santo e imaculado,
Cordeiro sobre a cruz”(399:2).

9. Os Pentecostais

Daniel B. Pecota, ministro das Assembleias de Deus, declara:

“Se a Bíblia ensina que a bondade de Deus o levou a salvar a humanidade perdida, ensina também
que nada fora dEle mesmo o compeliu a fazer assim. A redenção tem a sua origem no amor e na
vontade de Deus. É espontânea, Ele não se vê obrigado a isso. Em Deuteronômio 7:7-8, Moisés
ressalta este fato, afirmando que o Senhor não escolheu Israel pelo que eram os israelitas, mas
porque Ele os amava e era fiel à sua promessa. O caráter do próprio Deus, isto é, o seu amor e
fidelidade, consignou-se quando Ele os escolheu e redimiu, embora fossem teimosos”(Teolologia
Sistemática, Uma Perspectiva Pentecostal, p.346).

Em seu hinário “Harpa Cristã”, no hino “Já Nos Lavou”(Hino nº 236), lemos:

“Fomos nós predestinados,


“Para crermos em Jesus”(3ª Estrofe).

E em seu hino “Resgatados Fomos”(Hino nº 266),lemos:


“Nós fomos já eleitos,
“O céu, p'ra desfrutar”(2ª Estrofe).

E em seu hino “No Rol do Livro”(Hino nº 133), lemos:

“Nós criaturas, somos remidas por Jesus,


“No qual eleitos fomos, pra desfrutar a luz”(4ª Estrofe).

10. Os Neo-Pentecostais

A IURD, em seu hinário “Louvores do Reino”, declara:

“Olha o novo Israel,


Pela fá descendente de Abraão,
Um povo remido na terra,
Eleito pra morar em Sião”(140:1).
Capítulo 5 – A Bíblia Sagrada Rejeita a Expiação Ilimitada

Desde o século XVII, os seguidores de Armínio, em clara oposição à doutrina bíblica-reformada da


expiação limitada ou particular, apresentaram o dogma conhecido como ‘redenção universal’ ou
‘expiação geral’ ou ainda ‘expiação geral’. De acordo com este dogma, Cristo havia morrido por
todos os homens, sem exceção, por cada indivíduo. Como bases “bíblicas” deste dogma, os
arminianos citam os seguintes textos bíblicos: Jo 3:16; At 17:30; 2 Co 5:15; 1 Tm 2:4,6; Tt 2:11; 2 Pd
3:9; 1 Jo 2:2; Lc 19:10; Hb 2:9; 1 Tm 4:10. Examinemos cada um destes textos!

a. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo
aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”(Jo 3:16)

Comentário: (a)A palavra ‘mundo’ é usada aqui, simplesmente para mostrar ao teólogo judeu
Nicodemos, que o conceito de expiação, não era mais como no AT, onde apenas Israel fora
contemplado para receber os benefícios da expiação(2 Sm 7:23), mas que esse amor salvifico de
Deus estava dirigido a todas as nações – tanto judeus quanto gentios – ‘Deus amou o mundo’, não
apenas aos judeus. Assim, a palavra “mundo” aqui, não significa “toda a raça humana”, todos os
homens, sem exceção, como pensam os arminianos. Por exemplo, em Jo 17:9, Jesus diz:

“Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus”(ACF).

Perguntamos: Quem é este “mundo” por quem Cristo não roga? Seria aquele mesmo mundo que
o Pai tanto amou?(Jo 3:16). Note que Cristo faz uma distinção entre este “mundo” e “aqueles
que me deste” – aqueles que o Pai lhe deu. É evidente que o “mundo” em Jo 17:9, na realidade,
refere-se aos não eleitos, aos reprovados, os filhos do diabo. Da mesma forma, em 1 Jo 5:19 lemos:

“Sabemos que somos de Deus, e que todo o mundo está no maligno”(ACF).

Perguntamos: Quem é este “mundo” que está no maligno? Seria toda a raça humana, cada
indivíduo, sem exceção? É evidente que o “mundo” em 1 Jo 5:19 se refere aos não cristãos, aos
ímpios. Há outros textos onde “mundo” não pode se referir a “toda a raça humana”, mas sim aos
não eleitos, os reprovados, os vasos de desonra(Jo 1:10; 7:7; 14:17; 15:18-19; 1Co 1:21; 2 Pd 2:5;
Hb 11:7,38; 1 Jo 2:15; 3:1,13; 4:4-5; Lc 16:8; At 17:6; 19:27; Ap 12:9). Mais uma vez perguntamos
aos arminianos: Em todos estes textos, a palavra “mundo” se refere a toda a raça humana, sem
exceção, a cada indivíduo?

Há ainda outros textos, onde a palavra “mundo” aparece com outro significado: o planeta Terra(Ef
1:4; At 17:24).

Assim, fica mais do que provado, de que “mundo” em Jo 3:16 não pode se referir a toda a raça
humana, a cada indivíduo, sem exceção, mas apenas aos eleitos. Vários comentaristas das
Escrituras, tem chegado a esta conclusão, como se segue:

“Devemos nos lembrar, por outro lado, que enquanto a vida é prometida universalmente para
todos os que crêem em Cristo, ainda que a fé não é comum a todos. Enquanto Cristo seja
conhecido e transmitido à vista de todos, mas Deus só abre os olhos dos eleitos, para que eles
possam procurá-lo pela fé”(João Calvino [1509-1564], Reformador de Genebra, Comentário de
João 3:16).

“A versão Persa lê ‘homens’ , mas aqui não significa todos os homens, ou todos os indivíduos da
natureza humana; porque todos não são os objetos do amor especial de Deus, coisa que está
aqui designada , como se aparenta do caso e as provas dele, o dom de seu Filho: nem é o dom de
Cristo de Deus para cada um; mas para quem Ele dá ao seu Filho, ele dá todas as coisas
livremente com ele; que não é o caso de todos os homens”(John Gill [1697-1771], Ministro
Batista, Comentário de João 3:16).

“Amou o mundo, isto é, gentios e judeus... Nem, admitindo que o mundo deva significar aqui
cada alma vivente no lugar chamado mundo, qualquer coisa seguirá com isso. É bastante
apropriado dizer, um homem amava esta família a tal ponto que ele deu a sua propriedade,
embora nunca pretendesse dar uma coisa para cada criança ou membro da mesma”(Matthew
Poole [1624-1679], Ministro Congregacional Puritano, Comentário de João 3:16).

b. “Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os
homens, e em todo o lugar, que se arrependam”(At 17:30).

Comentário: O texto é uma parte da pregação de Paulo. Contudo, faz-se mister fazermos as
seguintes perguntas:

(1)Onde Paulo estava no exato momento desta pregação? R: No Areópago, dentro da cidade de
Atenas, na Grécia, em companhia de dois de seus mais famosos discípulos, Silas e Timóteo(vv.15-
16).

(2)Quem estava ouvindo a pregação de Paulo? R: Os judeus e os religiosos gregos(estoicos e


epicureus)(vv.17-18). Os estoicos endossavam panteísmo, enquanto que os epicureus, negavam a
imortalidade da alma. Havia ainda outros estrangeiros morando em Atenas, os quais também
foram ouvintes da pregação de Paulo(vv.19-22).

(3)O texto diz que “Deus... anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se
arrependam”. Daí podemos entender, que, com a expressão “todos os homens”, Paulo refere-se
ali a tanto judeus quanto aos gentios, desde que estavam ali ouvindo a sua mensagem os judeus,
os gregos e outros estrangeiros. Assim, pois, quando ele usa a expressão “em todo o lugar”, o
apóstolo está se referindo a ‘todos os lugares’ da cidade de Atenas. Por isso, quando Paulo diz
““Deus... anuncia agora a todos os homens”, a expressão tem de ser entendida no sentido de que
Paulo estava “naquela hora anunciando a Palavra de Deus” a toda a raça humana, sem exceção,
isto é, a cada indivíduo? Não, de maneira alguma, pois Deus estava anunciando (por meio de
Paulo) a sua palavra aos que estavam alí: judeus, gregos e outros estrangeiros. Assim, a expressão
“todos os homens” em At 17:30, significa tão somente “todo tipo de pessoas” – tanto judeus
quanto gentios!

Esse parecer também é endossado por muitos comentaristas da Palavra de Deus, como se segue:
“Isto é muito parecido com o ensinamento que Paulo deu antes os pagãos de Listra(At 14:16-18),
mostrando que os homens cultos em Atenas estavam em pé de igualdade diante de Deus, como
os pagãos ignorantes das províncias exteriores. Há um número de pontos em que o discurso de
Paulo em Listra e aqui correspondem um ao outro”(James Burton Coffman[1906-2006],
Comentário de Atos 17:30).

“Não apenas os judeus, que haviam sido favorecidos com privilégios especiais, mas todas as
nações. A barreira foi quebrada, e a chamada ao arrependimento foi enviada amplamente para
toda a terra”(Albert Barnes [1798-187], Ministro Presbiteriano, Comentário de Atos 17:30).

“Ou seja, ele deu ordens, que a doutrina do arrependimento, assim como a remissão dos pecados,
fosse pregada a todas as nações, para gentios, bem como judeus; e que se sejam levados a se
arrependerem de suas idolatrias e se afastarem de seus ídolos e adorarem o Deus único, vivo e
verdadeiro; e embora por muitas centenas de anos Deus os tivesse abandonado, não enviando
nem mensagens para eles, para familiarizá-los com sua vontade e mostrar-lhes suas loucuras e
erros. Mas agora ele enviou seus Apóstolos para expor-lhes os seus pecados e chamá-los ao
arrependimento; e para conduzi-los a isso, o Apóstolo anunciando-lhes o juízo futuro no seguinte
versículo. Arrependimento, sendo representado como uma exigência, não supondo que esteja no
poder dos homens, ou contradizendo o arrependimento evangélico, sendo um dom da livre graça
de Deus, mas só mostrando diante dos homens o que é necessário; e quando é dito como sendo
uma exigência para todos, isso não destrói que esta seja uma bênção especial do pacto da graça
para alguns; mas chama a atenção para a condição triste que todos os homens estão como
pecadores, e que sem arrependimento eles devem perecer: e de fato, todos os homens são
naturalmente obrigados ao arrependimento pelo pecado, apesar de que a graça do
arrependimento evangélico não é dado a todos os homens”(John Gill(1697-1771), Ministro
Batista, Comentário de Atos 17:30).

“E todos os homens, em todos os lugares, sem exceção de tempo ou lugar, estão sob a exigência
do arrependimento; e serão amaldiçoados pelo fato de não observá-lo”(Matthew Poole[1624-
1679], Ministro Congregacional Puritano, Comentário de Atos 17:30).

“Agora a dica na parte anterior feita mais simplesmente. A exigência do arrependimento implica
pecado. Então a 'ignorância' não era inevitável ou inofensiva. Havia um elemento de culpa que os
homens não se sentem a despeito de Deus e o pecado é universal, pois 'todos os homens em
todos os lugares' são convocados para arrepender-se. Artistas, filósofos e levianos e sinceros
adoradores de Pallas e Zeus e todas as pessoas dos 'bárbaros', são iguais aqui. Isso iria irritar o
orgulho ateniense, como isso irrita agora o nosso”(Alexander MacLaren [1826-1910], Ministro
Batista, Comentário de Atos 17:30).

“Aos apóstolos a missão de pregar está em todo lugar. Os profetas foram enviados para
ordenarem que os judeus se arrependessem, mas os apóstolos foram enviados a pregar o
arrependimento e a remissão dos pecados a todas as nações”(Matthew Henry[1662-1714],
Ministro Presbiteriano, Comentário de Atos 17:30).
“Ele visa a sua consciência para despertá-los para o sentido da necessidade de afastar-se dos ídolos
para o Deus verdadeiro. Deus envia a todos uma mensagem, sejam eles judeus ou gentios, gregos
ou bárbaros, para se arrependerem”(Arno C. Gaebelein[1861-1945], Ministro Metodista,
Comentário de Atos 17:30).

“Paulo não estava pregando um evangelho ‘soft’. Ele corajosamente confrontou as ideias erradas
que os atenienses tinham a respeito de Deus, e os confrontou com a realidade do juízo
vindouro”(David Guzik, Comentário de Atos 17:30).

c. “E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele
que por eles morreu e ressuscitou”(2 Co 5:15)

Comentário: O contexto do verso é muito claro, mostrando que a expressão “todos”, refere-se a
um grupo particular – os eleitos:

“Porque o amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim: que, se um morreu por todos, logo
todos morreram”(2 Co 5:14).

O texto, portanto, é muito claro: “o amor de Cristo nos constrange” - não “o amor de Cristo
constrange a todos os homens”. Outra coisa é inegável. Aqueles por quem Cristo morreu, devem
deixar de viver para si mesmos, para viver para Deus. Dizer isso, é reconhecer que estes por quem
Cristo morreu, “morreram para si mesmos”(foram regenerados). A frase do próprio texto não deixa
nenhuma dúvida, nesse sentido: “para que os que vivem não vivam mais para si, mas para
aquele que por eles morreu e ressuscitou”. Nesse sentido, perguntamos: Desde que Cristo
morreu, toda a raça humana, sem exceção, ‘deixou de viver para si mesma e vive agora para
Cristo?’. Bem, se a resposta dos arminianos for “não”, então Cristo não morreu por todos os
homens sem exceção. E é justamente isto que o contexto mostra, quando afirma que aqueles que
“deixaram de viver para si mesmos” e “que vivem para Cristo” somos nós(os eleitos):

“Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se
fez novo... Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos
justiça de Deus”(2 Co 5:17,21).

E mais adiante, diz:

“Porque já sabeis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo rico, por amor de vós se fez
pobre; para que pela sua pobreza enriquecêsseis”(2 Co 8:9).

Note, “por amor de vós”, não por amor de todos os homens.

Posteriormente, Paulo mostra que a essência espiritual que vem de Cristo, não visa a salvação de
todos os homens:

“Porque para Deus somos o bom perfume de Cristo, nos que se salvam e nos que se perdem. Para
estes certamente cheiro de morte para morte; mas para aqueles cheiro de vida para vida. E para
estas coisas quem é idôneo?”(2 Co 2:15-16).
“Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto.

Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não
resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus”(2 Co 4:3-4).

Por fim, o sentido da expressão “todos” neste texto é ainda mais explicitamente entendida como
se referindo aos eleitos, haja visto a declaração de Paulo nos versos 18-19:

“E tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo, e nos deu o
ministério da reconciliação. Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes
imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação”(2 Co 5:18-19).

Primeiro, Paulo diz que Deus nos reconciliou através de Cristo. Segundo, afirma que na morte de
Cristo, Deus reconciliou o mundo consigo mesmo. Quem seria este “mundo” reconciliado com
Deus, pela morte de Cristo? Todos os homens, sem exceção? Cada indivíduo? Não, em hipótese
alguma. Antes, Paulo mostra, em outro livro seu, que aqueles que foram reconciliados com Deus
em Cristo, eram os eleitos de Deus, posteriormente regenerados (Rm 5:10,11; 9:23-26; Ef 1:4-5;
2:12-19; Cl 1:21,22). Cremos ser este o entendimento de muitos comentaristas das Escrituras, no
tocante a 2 Co 5:15, como se segue:

“Esta terceira posição que ele tira do anterior: se todos estavam mortos e em perigo de perdição
sem fim; e se ele morreu por todos, para salvá-los da perdição; então justamente segue-se que
eles pertenciam propriamente a Ele, que são comprados pelo seu sangue; e não devem viver
para si mesmos, pois este é o caminho para a ruína final. Mas para quem morreu por eles e assim,
fez uma expiação por seus pecados e ressuscitou para sua justificação”(Adam Clark [1760-1832],
Ministro Metodista, Comentário de 2 Coríntios 5:15).

“Eles que são verdadeiros cristãos, que são feitos vivos para Deus como o resultado do amor
vicário do Redentor. Os pecadores estão mortos em pecados. Os cristãos estão vivos para a
excelência da alma, a presença de Deus, a importância da religião, as solenidades da eternidade;
ou seja, eles agem e sentem como se estas coisas tivessem uma existência real e como se deve
exercer uma influência constante sobre o coração e a vida... O primeiro é, o fato de que Cristo
morreu por ele, e por todo o seu povo”(Albert Barnes [1798-1870], Ministro Presbiteriano,
Comentário de 2 Coríntios 5:15).

“Isto é, para eles, para sua justificação; para todos aqueles por quem Cristo morreu, para eles ele
ressuscitou; e por quem foram justificados, absolvidos e perdoados, no qual ele foi; que não pode
ser dito de toda a humanidade; e que tais pessoas tem a obrigação de viverem para Cristo, para
toda a sua salvação, atribuímos a Ele receber glória no final de todas as suas ações”(John Gill[1697-
1771], Ministro Batista, Comentário de 2 Coríntios 5:15).

“Os redimidos entre os romanos foram observar e honrar aquele que os resgatou, como Pai,
todos os dias”(John Trapp[1601-1669], Ministro Anglicano, Comentário de 2 Coríntios 5:15).

“Esta é uma maneira pela qual um crente encontra força a partir da morte de Cristo para morrer
para o pecado, e da sua ressurreição para viver para a novidade de vida; ele concluindo: ‘Se Cristo
morreu e ressuscitou por ele, que, em seguida, ele já esteve morto em delitos e pecados’; e,
portanto, julga-se obrigado, agora que ele foi feito espiritualmente vivo, a não viver para si mesmo,
ou servir a seus próprios fins, ego, renome, cobiças, ou paixões, mas viver em obediência a ele, e
para a honra e glória dele, que morreu para redimi-lo da culpa e do poder do pecado, e ressuscitou
para ativar a novidade de vida e pensamento, para a honra e glória de seu Redentor”(Matthew
Poole[1624-1679], Ministro Congregacional Puritano, Comentário de2 Coríntios 5:15).

“Tendo Cristo morrido apenas por nós, a graça tinha sido inexprimível e irrevogável, exigindo que
nós vivamos para o seu nome e glória; mas quando ele não só morreu por nós, mas ressuscitou e
vive para sempre no céu, derramando puros benefícios sobre nós, e para ministrar diariamente
por nós, como cativante são as nossas obrigações para amá-lo, e viver para Ele!”(William
Burkitt[1650-1703], Ministro Anglicano, Comentário de 2 Coríntios 5:15).

“E ele morreu por todos para este propósito, a fim de que aqueles que vivem por meio de sua
morte devam consagrar a vida a Ele”(Daniel Whedon[1808-1885], Ministro Metodista,
Comentário de2 Coríntios 5:15).

“Para que os que vivem não mais (agora que eles morreram em Cristo como seu representante)
vivem para si mesmos. Cristo morreu por todos, para que eles devam morrer para si e viver para
ele”(Cambridge Greek Testament for Schools and Colleges, Comentário de2 Coríntios 5:15).

“O fim do sacrifício de Cristo foi para nos redimir do pecado e nos fazer santos (Ef 1:3-5, Tt 2:14).
Não é razoável sugerir que uma pessoa escolhida pelo Pai, redimida pelo Filho e regenerada pelo
Espírito irá ignorar os mandamentos do seu Senhor e viver uma vida pecaminosa, mundana e
egoísta”(Henry Mahan[1947-1998], Ministro Batista, Comentário de2 Coríntios 5:15).

d. “Que quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade. Porque
há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem. O qual se
deu a si mesmo em preço de redenção por todos, para servir de testemunho a seu
tempo”(1 Tm 2:4-6).

Comentário: O contexto do v.4 mostra que a expressão “todos os homens” significa


simplesmente, sem distinção de classe social:

“Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões, e ações de
graças, por todos os homens. Pelos reis, e por todos os que estão em eminência, para que
tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade”(vv.1-2).

Da mesma forma, o contexto do v.6, mostra que para Paulo, a redenção não estava restrita apenas
aos judeus:

“Para o que (digo a verdade em Cristo, não minto) fui constituído pregador, e apóstolo, e doutor
dos gentios na fé e na verdade”(v.7).
Nesse sentido, para Paulo, o fato de Cristo ter morrido por “todos”, fez com que ele próprio fosse,
pelo próprio Cristo, constituído “pregador”, “apóstolo” e “doutor” de quem? R: Dos gentios.
Isto indica, que para o apóstolo, a expressão “redenção por todos” significa “redenção por todo
tipo de pessoas” – tanto judeus, quanto gentios!!!

E ele tinha mesmo razão em pensar assim, pois o próprio Senhor afirmou a Ananias, que Paulo iria
levar o Seu nome “diante dos gentios, e dos reis e dos filhos de Israel”(At 9:15).

É um verdadeiro delírio arminiano dizer que a expressão “todos” significa aqui “toda a raça
humana”, “todos os homens, sem exceção”, “cada pessoa humana”. Se olharmos outros textos,
onde aparece a palavra “todos”, facilmente entenderemos que a palavra é usada no sentido de
“todo o tipo de pessoas”. Considere comigo alguns casos:

1. “E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim”(Jo 12:32).

Perguntamos aos arminianos: Será mesmo que após a ressurreição de Cristo, toda a raça humana
foi atraída a Ele? Ora, no mesmo dia em que ressuscitou, ele foi rejeitado pelos guardas e
escribas(Mt 28:11-15). Mesmo depois da ascensão, ele foi rejeitado pelos sacerdotes infiéis(AT 4:1-
3,16-21). Ora, no dia em que Jesus pronunciou tal declaração, estavam ali presentes gentios que
criam nEle(Jo 12:20-22). Claramente, Jesus estava se referindo, naquela ocasião, a todo tipo de
pessoas, tanto judeus quanto gentios(Mt 28:19; Mc 16:15; Lc 24:47; At 1:8).

2. “E de todos sereis odiados por causa do meu nome”(Lc 21:17).

Perguntamos aos arminianos: Pode este texto se referir a “todas as pessoas”, sem exceção? Pode
este texto se referir a toda a raça humana?

3. “Este é o homem que por todas as partes ensina a todos contra o povo e contra a lei”(At
21:28)

O texto aqui diz respeito a Paulo. Nesse sentido, perguntamos aos arminianos: Estava Paulo
pregando a toda a raça humana naquele momento? Não. A referência ali é que Paulo influenciava
tanto a judeus quanto a gentios, persuadindo-os a não seguirem a lei de Moisés!

4. “Porque hás de ser sua testemunha para com todos os homens do que tens visto e
ouvido”(At 22:15).

Perguntamos aos arminianos: Será que Paulo pregou a toda a raça humana? A Bíblia diz que não,
pois declara que nem todas as pessoas ouviram a pregação de Paulo(At 13:44; 16:6-7). Na
realidade, tal expressão indica que Paulo pregaria a todo o tipo de pessoas, isto é, tanto a judeus
quanto a gentios(At 17:15-22,34; 21:28; 13:50-52; 14:1; Rm 1:16).

5. “E adoraram-na todos os que habitam sobre a terra...”(Ap 13:8).

Perguntamos aos arminianos: Será que “toda a raça humana, sem exceção” vai adorar a Besta e
receber o seu sinal? Não, mil vezes não. Na realidade, todo tipo de pessoas(Ap 13:16), homens de
toda a nacionalidade, irão adorar a Besta e receber o seu sinal, mas não todos os homens, sem
exceção(Ap 13:15; 20:4).

6. “Se o deixamos assim, todos crerão nele...”(Jo 11:48).

Perguntamos: Estariam os escribas e fariseus afirmando que toda a raça humana, sem exceção,
creria em Jesus? Não. A declaração deles dizia respeito ao fato de que apenas os judeus, mas até
os gentios poderiam crer nEle(Jo 11:49-52).

Assim, a expressão “todos” aqui(em 1 Tm 2:4-6), tem o sentido de “todo tipo de pessoas”, isto é,
tanto judeus quanto gentios. E este é o sentido entendido por muitos comentaristas das Escrituras
sobre este texto, como se segue:

“Por fim, ele demonstra que Deus tem no coração a salvação de todos, porque ele convida a todos
para o reconhecimento da sua verdade. Isto pertence a esse tipo de argumento em que a causa é
provado a partir do efeito; porque, se ‘o evangelho é o poder de Deus para salvação de todo
aquele que crê’(Rm 1:16 ), é certo que todos aqueles a quem o evangelho é dirigido são
convidados para a esperança da vida eterna . Em suma, como o chamado é uma prova da eleição
secreta, de modo que quem Deus faz participantes do seu evangelho são admitidos por ele para
herdar a salvação; porque o evangelho nos revela a justiça de Deus, que é uma certeza de entrada
na vida. Daí, vemos a tolice infantil daqueles que representam essa passagem para se oporem a
predestinação. ‘Se Deus’, dizem eles , ‘deseja que todos os homens indiscriminadamente sejam
salvos, é falso que alguns são predestinados por seu propósito eterno para a salvação e outros
para a perdição’. Eles podem ter tido algum motivo para dizer isso, se Paulo estivesse falando aqui
sobre os homens individualmente; embora, mesmo assim, não devemos querer os meios de
responder a seus argumentos; pois, embora a vontade de Deus não deveria ser julgada a partir de
seus decretos secretos, quando ele nos revela por sinais externos, mas não por isso segue que ele
não determinou consigo mesmo o que ele pretende fazer a respeito de cada homem
individualmente. Mas eu não digo nada sobre o assunto, porque não tem nada a ver com esta
passagem; para o Apóstolo significa simplesmente, que não há nenhum povo e nenhuma classe
no mundo, que é excluída da salvação; porque Deus quer que o evangelho deva ser anunciado a
todos, sem exceção. Agora, a pregação do evangelho dá a vida; e, portanto, ele justamente conclui
que Deus convida todos igualmente a participar da salvação. Mas o presente discurso se relaciona
com as classes de homens, e não a pessoas individualmente; por seu único objetivo é, incluir
neste número príncipes e nações estrangeiras. Que Deus deseja a doutrina da salvação seja
apreciada por eles, assim como os outros, é evidente a partir das passagens já citadas, e de outras
passagens de natureza semelhante”(João Calvino[1509-1564], Reformador de Genebra,
Comentário de 1 Timóteo 2:4).

“Ele, portanto, quer que isto deva ser pregado a toda criatura, e que seu povo deve orar para que
todos possam adotá-la”(Justin Edwards [1787-1853], Ministro Congregacional, Comentário de 1
Timóteo 2:4).

“Daí por todos os homens, a quem Deus teria salvo, não pode ser destinado a cada indivíduo da
humanidade, uma vez que não é a sua vontade que todos os homens, neste sentido amplo, devam
ser salvos, a menos que há duas vontades contrárias em Deus; pois existem alguns que foram
antes ordenados por ele para condenação, e são os vasos da ira, preparados para a destruição; e é
a sua vontade em relação a alguns, para que creiam na mentira, que todos o que possam ser
condenados; nem é fato de que todos são salvos, como seriam, se fosse a sua vontade que o
fossem; pois quem tem resistido à sua vontade?”(John Gill[1697-1771], Ministro Batista,
Comentário de 1 Timóteo 2:4).

“Conforme o evangelho da graça então sairá a todos os homens, e Deus quer que todos os
homens sejam salvos, por isso devemos orar por todos os homens. Especialmente são reis e todos
os que estão em autoridade a ser mencionado nas orações de intercessão. Esta é a verdadeira
graça do Espírito; o judeu de espírito de lei judaica não sabia nada de amor para com todos os
homens. Gentios e reis gentios eram considerados como excluídos, e não considerados como
objetos do amor divino. A dispensação da graça de Deus que veio, a salvação pela graça é
oferecido a todo o mundo”(Arno C. Gaebelein[1861-1945], Ministro Metodista, Comentário de 1
Timóteo 2:4).

“Nestes versos, Paulo dá razões pelas quais devemos orar por aqueles mencionados acima: 1. Isto
é bom e aceitável diante de Deus, nosso Salvador, que é o Salvador de todos os homens no
caminho da providência e o Salvador dos eleitos no caminho da graça especial. 2. É a vontade de
Deus que todos os tipos de homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento de Cristo. Nosso
Senhor tem um povo em cada nação, língua e tribo. Você vê que a igreja primitiva orou por Saulo
de Tarso? Foi a vontade de Deus salvá-lo. 3. Há um só Deus vivo e verdadeiro que, se alguém está
para ser salvo, ele sabe. Não há senão um só Mediador por quem, se alguém deverá se aproximar
de Deus por misericórdia, ele deve vir (Jo 14:6). 4. Quando o Senhor Jesus morreu na cruz e fez
expiação pelo pecado, este sacrifício e a expiação foi feita por todos os tipos de homens, para os
homens de todas as nações, para os gentios e judeus, para ricos e pobres (1 Jo 2:2)”(Henry
Mahan[1947-1998], Ministro Batista, Comentário de 1 Timóteo 2:4).

e. “Porque a graça salvadora de Deus se há manifestado a todos os homens”(Tt 2:11)

Comentário: O texto em apreço, contraria todo o sistema arminiano, já que afirma que quando a
graça de Deus se manifestou, trouxe salvação a todos os homens.. Este verso comprova mais uma
vez, que a morte de Cristo efetivamente alcançou o que se propunha, salvando aqueles a quem se
propôs fazê-lo através de seu sangue. E quem são estes? Seriam todos os homens? Será que a
manifestação da graça de Deus (através da morte de Cristo) trouxe salvação a “toda a raça
humana”? Não. E justamente por isso, precisamos ler o contexto do verso 11, o qual, mostra-nos
os reais objetos da manifestação da graça divina:

“Ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste


presente século sóbria, e justa, e piamente. Aguardando a bem-aventurada esperança e o
aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo. O qual se deu a si mesmo por
nós para nos remir de toda a iniquidade, e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas
obras”(vv. 12-14).

Sendo assim, perguntamos: Quem Deus está ensinando a renunciar a impiedade e a viver
piedosamente? Será que é a toda a raça humana? E quem está aguardando a vinda de Cristo? E
por quem Cristo se deu a si mesmo, para purificação de pecados? E a quem, Cristo, pela sua morte,
purificou para tornar seu povo? Seria todos os homens, sem exceção? Não, mil vezes não. O
contexto simplesmente responde: “Nós”!!!

E o próprio contexto mostra que Paulo está afirmando que nenhuma classe social está excluída do
benefício salvífico da morte de Cristo:

“Exorta os servos a que se sujeitem a seus senhores, e em tudo agradem, não contradizendo. Não
defraudando, antes mostrando toda a boa lealdade, para que em tudo sejam ornamento da
doutrina de Deus, nosso Salvador”(vv.9-10).

Assim, no dizer de Paulo, a graça salvífica de Deus, não exclui nenhuma classe social, sejam
senhores, escravos, homens, mulheres(Gl 3:27).

É justamente por isso, que Paulo, logo de início de sua epístola, ao saudar a Tito, falando naqueles
que receberiam a fé e a verdade com base na piedade, declara:

“Paulo, servo de Deus, e apóstolo de Jesus Cristo, segundo a fé dos eleitos de Deus, e o
conhecimento da verdade, que é segundo a piedade. Em esperança da vida eterna, a qual Deus,
que não pode mentir, prometeu antes dos tempos dos séculos”(Tt 1:1-2).

Assim, fica claro, que a graça salvadora de Deus se tornou notoriamente eficaz para todos os
eleitos de Deus, não para todos os homens. Este é também o parecer dos comentaristas das
Escrituras concernente a Tito 2:11, como se segue:

“Que é comum a todos é expressamente testemunhado por ele por causa dos escravos de quem
ele havia falado. No entanto, isto não significa os homens individualmente, mas sim descreve
classes individuais ou várias categorias de criaturas vivas. E isso não é menos enfático, que a
graça de Deus seja obstruída por alguma raça, mesmo porque se refere a classe dos escravos;
pois, uma vez que Deus não despreza os homens de condição mais baixa e mais degradada, seria
muito irracional que nós sejamos negligentes e ociosos para abraçar a sua bondade”(João
Calvino[1509-1564], Reformador de Genebra, Comentário de Tito 2:11).

“Se o que está no texto é adotado, isso significa que o plano de salvação foi revelado a todas as
classes de homens; isto é, que é anunciado ou revelado a toda a raça que eles podem ser salvos.
Se a outra interpretação for aceita, isso significa que esse plano foi montado para garantir a
salvação de todos os homens; que nenhum fora excluído da oferta; essa disposição foi feita para
todos, e todos podem vir e serem salvos. Qualquer que seja a ser adotada interpretação, o sentido
aqui não será essencialmente variado. É, que o evangelho foi adaptado ao homem como homem e,
portanto, pode incluir servos, bem como mestres; súditos, bem como reis; os pobres, bem como
os ricos; os ignorantes, bem como os cultos”(Albert Barnes [1798-1870], Ministro Presbiteriano,
Comentário de Tito 2:11).

“Porque se entende, e não o amor e livre graça de Deus, que se encontra em seu próprio coração;
pois, embora que seja gerado pela salvação, e é a fonte e origem da mesma, e que traz para frente,
e está longe de incentivar a licenciosidade, mas instrui na piedade real, e constrange à obediência
à vontade de Deus; no entanto, esta não aparenta, nem foi, nem é manifesto a todos os homens,
mas é peculiar ao próprio povo do Senhor; nem isto designa que a graça de Deus operada no
coração dos crentes foi forjada; pois, embora a salvação é estritamente ligado a ele, e ele
poderosamente influencia a vida e a mente destes, que são partícipes dela; ainda não surgiu para,
nem em todos os homens; todos os homens não têm fé, nem esperança, nem amor, nem
quaisquer outras graças do Espírito, mas pela graça de Deus destina-se a doutrina da graça, o
Evangelho da graça de Deus; chamado assim, porque é uma declaração da graça de Deus e da
salvação através dEle, e é o meio, no poder do Espírito, de transmitir graça para o coração, e
implantá-lo no mesmo; em que sentido a frase é usada em At 20:24 e isso é chamado o Evangelho
da salvação, a palavra da salvação, e a própria salvação, e assim pode ser dito para trazê-la; ele traz
e anuncia a boa notícia de que; Ele mostra aos homens o caminho da salvação; ele relata sobre o
próprio Salvador, que Ele é o grande Deus, e assim apto para ser um Salvador; que foi designado
por Deus Pai para ser a sua salvação; que ele foi enviado, e veio para operar internamente a
salvação; e que ele tornou-se o autor da mesma; e que ele é o único Salvador, e o único capaz,
solícito e completamente capaz: ela dá a própria salvação; que é a salvação da alma; que é
grandiosa, e inclui tanto graça e glória; que é eterna, e exclusivamente devido a livre graça; e
designa as pessoas que terão interesse nele, e terão prazer nEle, sim, todos os que são
escolhidos para isso, e são redimidos, reconciliados e justificados pelo sangue de Cristo, e são
levados a crer nele, e o Evangelho não só traz a mensagem de tudo isso para o ouvido, no
ministério externo da mesma; mas leva para o coração, e é o poder de Deus para a salvação,
quando se trata, não apenas em palavras, mas em poder, e no Espírito Santo; ou quando se trata
sob as influências poderosas e aplicação do Espírito de Deus. Alguns lêem esta cláusula, portanto,
‘que traz salvação a todos os homens’; para o qual concorda a versão siríaca, que torna, ‫" מחית כל‬,
‘que vivifica’ ou ‘salva todos’ ; e assim a versão árabe: mas então isso não pode ser entendido
com relação a cada pessoa individualmente; pois o Evangelho não trouxe a salvação para todos ,
em qualquer sentido, nem mesmo no ministério externo da mesma; houve multidões que nunca
sequer ouviram o tom externo da salvação por Jesus Cristo, e menos ainda que isso tivesse sido
aplicado em suas almas pelo Espírito de Deus; para muitos para os quais ele veio, o Evangelho tem
sido isto, tem se tornado ocultado, e cheiro de morte para a morte... que supõe que possa ter sido
escondido, como foi, nos pensamentos, propósitos e desígnios de Deus; e em Jesus Cristo, em
quem todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos; e no pacto da graça, da
qual o Evangelho é uma transcrição; e nos tipos e sombras da lei cerimonial. Foi em alguma
medida ocultado dos anjos que desejam atentar para ele, e para os santos do Antigo Testamento, a
quem não se sabe como é agora, pelos apóstolos e profetas; e foi totalmente oculto aos gentios, os
tempos da ignorância, cujo Deus desconhecido, e ele sugere, que agora apareceu ou brilhou mais
claramente, e mais amplamente. O Evangelho tinha sido como uma vela acesa em uma parte do
mundo, só na Judéia, mas agora ele brilhou como o sol em sua glória meridiana, e apareceu a
todos os homens; não a cada pessoa individualmente. Não tem nem brilhado sobre, nem em
todos: isso não aconteceu no tempo dos apóstolos, quando apareceu mais distintamente e brilhou
mais extensivamente, assim como mais claramente; nem tem em épocas desde então, nem no
nosso; existem multidões que não sabem nada sobre isso, e não estão nem sob sua forma nem
influência, mas isto deve ser entendido em referência a todos os tipos de homens, de todas as
nações, de todas as idades e sexo, de cada estado e condição, alto e baixo, ricos e pobres,
escravo e livre, senhores e servos; que sentido bem concorda com o contexto, Tt 2:2 e as
palavras são uma razão pela qual o apóstolo teria dever incitado sobre todos os tipos de
pessoas, porque o Evangelho foi pregado agora a todos; e que tinha chegado ao coração de todos
os tipos de homens; particularmente pode ser destinado aos gentios, a quem o Evangelho estava
antes oculto, e que estavam nas trevas e na sombra da morte; mas agora a grande luz brilhou
sobre eles, e o Evangelho não mais se limita a apenas um povo, mas foi pregado a toda criatura
debaixo do céu, ou para toda a criação; ou seja, para os gentios, de acordo com a comissão em
Marcos 16:15”(John Gill[1697-1771], Ministro Batista, Comentário de Tito 2:11).

“Diferentes classes são mencionadas (Tt 2:2-9) até mesmo para os servos, mesmo para os
gentios”(Johann Albrecht Bengel[1693-1752], Ministro Luterano, Comentário de Tito 2:11).

“Dos quais ele enumerou as diferentes classes (Tt 2:2-9): mesmo para os servos; para nós,
gentios, uma vez que éramos inimigos de Deus. Daí surge a nosso dever para com todos os
homens (Tt 3:2)”(Robert Jamieson [1802-1880], Andrew R. Fausset e David Brown[1803-1897],
Ministros Anglicanos, Comentário de Tito 2:11).

“Isto é apresentado como uma razão para que os servos sejam fiéis, porque a eles pertence
também a promessa de salvação, sim, a recompensa da herança, como se fossem filhos, e para
eles o evangelho é pregado, bem como para os outros”(John Trapp[1601-1669], Ministro
Anglicano, Comentário de Tito 2:11).

“O evangelho de nosso Senhor Jesus, que continha as boas novas de salvação, não foi agora dado
oculto e obscuro, como nos tempos do Antigo Testamento; mas se levantou como o sol, ou alguma
estrela brilhante, direcionando todos os homens em suas funções e posições, ou seja, todos os
tipos de homens entre os quais vier”(Matthew Poole[1624-1679], Ministro Congregacional
Puritano, Comentário de Tito 2:11).

“Podemos tanto ler, ‘a graça que salva todos os homens apareceram’, isto é, os homens de todas
as raças e condições; ou, ‘graça a todos os homens, trazendo a salvação’”(Philip Schaff [1819-
1893], Ministro Presbiteriano, Comentário de Tito 2:11).

“Como se o apóstolo dissesse, divulgou-o a todos os tipos de homens, servos e senhores, filhos e
pais, velhos e jovens, desempenhando as suas funções com fidelidade a Deus e uns aos
outros”(William Burkitt[1650-1703], Ministro Anglicano, Comentário de Tito 2:11).

“Quer servos (Tt 2:9-10) ou senhores”(Daniel Whedon[1808-1885], Ministro Metodista,


Comentário de Tito 2:11).
“Nenhuma classe ou tipo de homens está fora da influência salvadora da graça de Deus”(William
Robertson Nicoll[1851-1923], Ministro Presbiteriano, Comentário de Tito 2:11).

“Não somente dos judeus, onde a glória de Deus apareceu no monte Sinai para as pessoas em
particular, e fora da vista de todos os outros, mas a graça do evangelho é aberta a todos, e todos
estão convidados a vir e participar do benefício do mesmo, gentios e judeus. A proclamação é
gratuita e geral: ‘discípulos de todas as nações’, ‘pregai o evangelho a toda criatura’. Acerca da
barreira divisora não existe agora tal como antigamente. A pregação de Jesus Cristo, que foi
mantida em oculto desde a fundação do mundo, agora manifesta e, por meio das Escrituras
profética segundo o mandamento do Deus eterno, dado a conhecer a todas as nações para
obediência da fé(Rm 16:25,26). A doutrina da graça e da salvação por meio do evangelho é para
todas as classes e condições de homens (escravos e servos, assim como mestres), portanto, atrai
e encoraja todos a receber e crer nisto, e andar adequadamente em direção a Ele, alegrando-o em
todas as coisas”(Matthew Henry[1662-1714], Ministro Presbiteriano, Comentário de Tito 2:11).

“Diz respeito a todas as pessoas, em qualquer situação ou condição, e, especialmente, todos os


membros da igreja visível, para realizar suas várias tarefas fielmente e com diligência, porque a
doutrina do evangelho, (que é o efeito da graça de Deus , e de uma maneira peculiar apresenta ,
oferece e convida os homens a recebê-lo, e é o meio pelo qual a graça é comunicada, e pelo qual
ele salva os homens ), é anunciada indiferentemente a todas as nações, assim como os judeus, e
nesse lugar em referência a pessoas de todas as classes e condições. Ou, se esta interpretação
não pode ser considerada plenamente como uma resposta em direção à universalidade da
declaração por parte do apóstolo, a graça de Deus a todos os homens , não há razão suficiente
para que não possamos entendê-lo como falando dessa graça e amor imerecido que ele tem
manifestado pelas obras da criação, (que mostrar a sua bondade, bem como sua sabedoria e
poder, para todo o universo), e pela dispensação de sua providência, e àqueles iluminando,
despertando, convencendo, vivificando, e chamando-o devido as influências do Espírito da graça, o
que certamente não é totalmente negado a qualquer filho do homem”(Joseph Benson[1748-1821,
Ministro Metodista, Comentário de Tito 2:11).

f.”Vemos, porém, coroado de glória e de honra aquele Jesus que fora feito um pouco menor do
que os anjos, por causa da paixão da morte, para que, pela graça de Deus, provasse a morte
por todos”(Hb 2:9).

Comentário: O texto diz , que “pela graça de Deus”, Jesus provou “a morte por todos”(ACF).
Prova a expressão “todos”, aqui no texto, que o escritor sacro referia-se a “todos os seres
humanos”? Não, em hipótese alguma, já que o contexto diz que esses “todos” são descritos como
“muitos filhos”(v.10), “santificados”(v.11), e “os filhos que Deus me deu”(v.13) e “povo”(bv.18).
Assim, pelo contexto, por aqueles que o Pai lhe deu, como diz o versículo 11, foi que Cristo morreu.
Foi somente por estes que Cristo provou a morte na cruz. O próprio Jesus corroborou esta mesma
verdade, várias vezes, e uma delas, durante uma oração ao Pai:

“Assim como lhe deste poder sobre toda a carne, para que dê a vida eterna a todos quantos lhe
deste... Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste; eram teus, e tu mos deste, e
guardaram a tua palavra”(Jo 17:2,6).

Quando o escritor aos Hebreus, usou a expressão “provasse a morte por todos”, jamais quis
insinuar que o Filho de Deus havia morrido por “todos e cada um dos homens”, até porque, desde
o início da epístola, o escritor sacro afirma que, ao morrer, nosso Senhor fez por si mesmo “a
purificação de nossos pecados” (Hb 1:3), e mais adiante, o mesmo escritor afirma que nosso
Senhor fez-se sacrifício “para tirar o pecado de muitos”(Hb 9:28). Vários comentaristas das
Escrituras endossam o mesmo parecer, como se segue:

“Cristo morreu, e não apenas como um exemplo, ou para o bem dos homens, mas como uma
garantia, em sua capacidade e serviço, e não por cada indivíduo da humanidade; pois há alguns
com quem Ele não está relacionado; alguns por quem ele não ora; e há alguns que não serão
salvos. A palavra ‘homem’ não está no texto original, é apenas υπερ παντος, o que pode ser
tomado em conjunto, e ser traduzida como ‘por todo’; ou seja, todo o corpo, a igreja por quem
Cristo se deu a si mesmo, e é o Salvador desta; ou separadamente, e sendo traduzida, ‘por todos’;
para todos os filhos de Deus traz a glória(Hb 2:10) para todos os ‘irmãos’, a quem Cristo santifica, e
ele não se envergonha de ter, e para quem ele declara o nome de Deus(Hb 2:11) para todos dos
membros da ‘igreja’, no meio da qual ele cantou louvores (Hb 2:12)para cada um dos ‘filhos’ que
Deus lhe deu, e por quem ele participou de carne e sangue(Hb 2: 13)e para todos da ‘semente’ de
Abraão, em um sentido espiritual, cuja natureza ele assumiu(Hb 2:16)”(John Gill[1697-1771],
Ministro Batista, Comentário de Hebreus 2:9).

“Neste existe a força do argumento: porque nós não poderíamos, eventualmente, sermos
glorificados com ele, a menos que ele tivesse sido humilhado por nós, propriamente por todos os
eleitos”(Bíblia de Estudo de Genebra[1590], Comentário de Hebreus 2:9).

“Quando isto é acrescentado, por todo homem, não é de se supor, que a sua morte foi destinada
como resgate para cada indivíduo da raça humana; mas para cada um de seus irmãos, os
herdeiros da salvação, como são chamados (Hb 1:14). E os versos seguinte , dos ‘muitos filhos que
ele trouxe para a glória’; as pessoas a quem ‘ele não se envergonha de chamar irmãos’; e ‘os filhos
que Deus lhe deu’; esta expressão muito claramente limita estas pessoas, por quem Cristo
provou a morte”(Robert Hawker [1753-1827], Ministro Anglicano, Comentário de Hebreus 2:9).

“O alcance, o desígnio, e a eficácia da morte de Cristo tem sido, como é bem conhecido, os sujeitos
de grande controvérsia. Alguns sustentam que Ele então morreu por todos, que todos serão salvos
por Ele; outros, que Ele morreu só para todos aqueles que o Pai lhe deu; e outros, que ele morreu
por todos, na medida em que Seus sofrimentos e morte removem os obstáculos para o perdão dos
pecadores que são criados pelo caráter e governo de Deus. A questão é, em parte, verbal, e pode
ser levantada em relação a todos os dons de Deus: a Bíblia, os meios de graça, as bênçãos de todo
tipo. A única coisa que pode ser seguramente afirmado aqui é que o ensino explícito desta
epístola torna impossível aceitar estas palavras no primeiro sentido. Aqueles que são salvos pela
Sua morte são ‘os santificados', 'irmãos', ‘os muitos filhos'; não aqueles que rejeitam o Evangelho
e morrem na incredulidade; e ainda assim a tão grande corporação foi feita herdeira de bênçãos,
além disso, tão numerosas, tão variadas e tão duradouras, que, se a dignidade de sua pessoa dá
valor ao seu sacrifício, a eficácia do Seu sacrifício reflete de volta a luz gloriosa sobre a dignidade
da Sua pessoa”(Philip Schaff [1819-1893], Ministro Presbiteriano, Comentário de Hebreus 2:9).

“Ao mesmo tempo que ele provou a morte para o propósito especial de entregar os filhos a
quem Deus traria à glória, tendo a sua natureza e reunindo-os como os santificados em torno de
si mesmo, ele não tem vergonha de chamá-los de irmãos. Mas foi assim que ele deverá
apresentar-lhes agora diante de Deus, de acordo com a eficácia do trabalho que ele tinha feito
para eles”(John Nelson Darby[1800-1882], Ministro dos Irmãos de Plymouth, Comentário de
Hebreus 2:9).

“O Senhor Jesus provou a morte por ‘todos’ e não apenas para os judeus”(Frank Binford Hole
[1874-1964], Ministro dos Irmãos de Plymouth, Comentário de Hebreus 2:9).

g. “O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo
para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se”(2 Pd
3:9).

Comentário: Neste verso, Pedro está explicando que a aparente demora na volta de Cristo é a
prova de sua longanimidade para “convosco”, isto, seus leitores, os cristãos. As expressões “não
querendo que alguns se percam” e “todos venham a arrepender-se” estão interligados a um só
sujeito determinado no próprio verso = “convosco”, isto é, aos destinatários da epístola. Quem são
estes destinatários? Nesta epístola são descritos como os “que conosco alcançaram fé igualmente
preciosa pela justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo”(2 Pd 1:1). E na primeira epístola, eles
são chamados de “estrangeiros dispersos”(1 Pd 1:1), que foram “eleitos... para a aspersão de
Jesus Cristo”(1 Pd 1:1-2).

O que Pedro está afirmando é que a aparente demora de Cristo é prova de sua longanimidade
para com os eleitos, pois, como prometera ainda antes de sua morte, não pode permitir que
nenhum se perca(Jo 6:39,40). Pelo contrário, a vontade de Deus é que todos aqueles que Ele
escolheu antes da fundação do mundo, tenham – como inegavelmente terão, a oportunidade para
que o Espírito Santo opere em seus corações a fé e o arrependimento. Enquanto não se
completarem o número dos eleitos de Deus, isto é, enquanto todos aqueles que foram escolhidos
por Ele não forem alcançados pelo Evangelho e pela ação soberana de seu Espírito, o Senhor Deus
será paciente, e Cristo não retornará. Que a expressão “todos” aqui neste texto, refere-se aos
eleitos, e não a todos os homens, atestam muitos comentaristas das Escrituras, como se segue:

“Um ponto de vista neste versículo (incluindo 2 Pd 3:12), que é antiga, atingindo todo o caminho
de volta para Ecumenius, foi citado por Macknight assim: ‘O tempo do fim é diferido, para que o
número dos que serão salvos possa ser preenchido’”(James Burton Coffman[1906-2006],
Comentário de 2 Pedro 3:9).

“Não qualquer um dos nós, mas a quem ele amou com um amor eterno, a quem ele escolheu em
seu Filho, e deu a ele, e por quem ele morreu, e que são levados a crer nele. Estes, apesar de
estarem perdidos em Adão, não perecem; e embora em suas próprias apreensões, quando
despertados e convencidos, que estão prestes a perecer; e embora a sua paz, alegria e conforto,
podem perecer por um tempo, e eles podem temer perecerem final e totalmente; ainda que
nunca perecerão como ocorre com os outros, ou serem punidos com a destruição eterna, e que
esta é a vontade de Deus, surgindo por Sua escolha deles para a salvação; pelas disposições da
graça para eles em uma aliança eterna; pela segurança de suas pessoas nas mãos de Cristo;
enviando seu Filho para obter a salvação para eles, e seu Espírito para aplicá-la a eles; e por sua
vez mantê-los pelo seu poder, através da fé, para a salvação”(John Gill[1697-1771], Ministro
Batista, Comentário de 2 Pedro 3:9).

“A razão pela qual o último dia não vem cedo demais, é porque Deus espera pacientemente até
que todos os eleitos sejam trazidos ao arrependimento, que nenhum deles possam
perecer”(Bíblia de Estudo de Genebra [1590], Comentário de 2 Pedro 3:9).

“Por esta razão, Ele espera, até que o número dos que serão salvos se complete”(Johann Albrecht
Bengel[1693-1752], Ministro Luterano, Comentário de 2 Pedro 3:9).

“Esperando até que o número total de pessoas que foram designadas para a ‘salvação’ (2 Pd
3:15) seja preenchido”(Robert Jamieson [1802-1880], Andrew Robert Fausset[1821-1910], David
Brown[1803-1897], Ministros Anglicanos, Comentário de 2 Pedro 3:9).

“Todos a quem ele escolheu; Ele deseja preencher o número inteiro deles e adia o dia do juízo,
até que assim ocorra”(Matthew Poole[1624-1679], Ministro Congregacional Puritano, Comentário
de 2 Pedro 3:9).

“É dar mais tempo para o seu próprio povo, que ele escolheu antes da fundação do mundo,
muitos dos quais não são ainda convertidos; e aqueles que estão em um estado de graça e favor de
Deus estão para avançar no conhecimento e santidade, e no exercício da fé e da paciência, para
abundar em boas obras, trabalhando e sofrendo para o qual eles foram chamados, para que
possam dar glória a Deus, e se aperfeiçoar na reunião para o céu; porque Deus não quer que
nenhum destes se perca, senão que todos cheguem ao arrependimento... e, se os homens
continuam impenitentes quando Deus lhes dá espaço para se arrepender, ele vai lidar mais
seriamente com eles, embora a grande razão pela qual ele não apressa a sua vinda é porque não
tinha completado o número de seus eleitos”(Matthew Henry[1662-1714], Ministro Presbiteriano,
Comentário de 2 Pedro 3:9).

“Além disso, a razão de sua vinda está sendo adiada é a longanimidade de Deus para com os seus
eleitos ('para convosco’). Ele não deseja mesmo que alguém pereça, pois todos eles serão levados
ao arrependimento e fé (Jo 6:37-39)”(Henry Mahan[1947-1998], Ministro Batista, Comentário de 2
Pedro 3:9).

h. “Porque para isto trabalhamos e somos injuriados, pois esperamos no Deus vivo, que é o
Salvador de todos os homens, principalmente dos fiéis”(1 Tm 4:10).
Comentário: (a)A palavra grega para ‘Salvador’ aqui mencionada, Σωτὴρ(Sōtēr), de acordo com ‘A
Greek English Lexicon on the New Testament”, de J. H. Thayer, tem como um de seus significados
‘preservador’(p.612), e pode ser esse o sentido de 1 Tm 4:10, porque o contexto menciona coisas
ligadas a preservação da espécie humana, como o casamento, a ingestão de comidas e a prática de
exercício corporal(1 Tm 4:3-4), e ele também menciona “o exercício corporal para pouco
aproveita”(1 Tm 4:8), usando a palavra grega γυμνασία (gymnasia), que de acordo com o Léxico
Grego do Novo Testamento de Edward Robinson, significa “exercício de ginástica”(p.191), está
também, como apóstolo, afirmando que esse tipo de prática é também útil para o cristão, ainda
que não tão útil quanto a própria piedade cristã(1 Tm 4:7). Estas três coisas (casamento, comida e
exercício físico)foram todas estas destinadas pelo próprio Deus para o bem estar físico do
homem(Gn 1:29-30).

(b)Ou também, em minha modesta opinião, a expressão “que é o Salvador de todos os homens,
principalmente dos fiéis” pode ter o mesmo sentido de Jo 17:20, onde se fala naqueles que já
foram salvos por Cristo, e nos que serão salvos por Ele. Não há nenhuma conotação de redenção
geral no texto. Alguns comentaristas das Escrituras, tem chegado a esta conclusão, sobre 1 Tm
4:10, como se segue:

“Isto deve ser entendido como denotando que ele é o Salvador de todos os povos em algum
sentido que difere do que é imediatamente dito - ‘particularmente dos que crêem’. Há algo
relacionado com ‘eles’ com relação à salvação, que não diz respeito a ‘todos os homens’. Isso
não pode significar que ele traz todas as pessoas para o céu, acima de tudo ‘aqueles que crêem’ -
pois isso seria um absurdo”(Albert Barnes [1798-1870], Ministro Presbiteriano, Comentário de 1
Timóteo 4:10).

“A quem que ele salva com uma salvação eterna; ainda não deste, mas de uma salvação física, são
as palavras para ser compreendidas: ou porque não há uma providência geral, que atende toda a
humanidade, há uma especial que se relaciona com os eleitos de Deus; estes são considerados,
na divina providência, e são particularmente salvos e preservados antes da conversão, a fim de
serem chamados; e depois da conversão, depois de serem levados a crer em Cristo, eles são
preservados de muitos inimigos, e são entregues fora de muitas aflições e tentações; e são os
cuidados e queridinhos da providência peculiar, sendo a Deus como a menina dos seus olhos”(John
Gill[1697-1771], Ministro Batista, Comentário de 1 Timóteo 4:10).

“Isto parece bastante ser o sentido do texto, do que para entender de salvação eterna, então Deus
não é o real Salvador de todos”(Matthew Poole[1624-1679], Ministro Congregacional Puritano,
Comentário de 1 Timóteo 4:10).

“Nosso Deus é o Deus vivo. Nada escapa à Sua atenção e Ele é ‘o Salvador [ou preservador] de
todos os homens, particularmente dos que crêem’. Os pobres pagãos desfrutando de um
livramento maravilhoso pode atribuir a sua fuga para a potência do charme que lhe foi dada pelo
curandeiro. O automobilista britânico, um cristão nominal, apenas escapa de um terrível acidente,
pode declarar que ele nunca chega a qualquer dano, desde que ele tem seu mascote gato preto a
bordo, ele sempre soube que isto nunca falha. Eles estão ambos errados, embora este último é
muito mais culpado. Ambos são vítimas das fábulas velhas e profanas. A verdade é que os seus
livramentos vieram, seja direta ou indiretamente, da mão de Deus”(Frank Binford [1874-1964],
Ministro dos Irmãos de Plymouth, Comentário de 1 Timóteo 4:10).

“E por esta doutrina, o apóstolo trabalhou e sofreu censura; mas ele tinha fé no Deus vivo, que
como Salvador - Deus, por seu poder e providência, sustenta todos os homens. Ele é o
preservador de todos os homens, mas especialmente dos que crêem”(Arno Gaebelein[1861-
1945], Ministro Metodista, Comentário de 1 Timóteo 4:10).

i.“Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido”(Lc 19:10)

Comentário: (a)O argumento do arminianismo é este: já que todos os homens se perderam,


através do pecado de Adão, e se Cristo veio buscar e salvar o que se havia perdido, logo Cristo
morreu por todos os homens. Ora, ao invés de provar o dogma arminiano, este texto o repele,
pelos seguintes motivos:

(1)Este texto mostra que Cristo veio com o propósito de eficazmente salvar (note a expressão ‘o
Filho do homem veio buscar’), e não de tornar possível a salvação. Se o Filho do homem veio para
buscar alguém, é porque esse alguém será eficazmente chamado, e crerá nEle. Então de fato, Ele
viria realmente para salvar e eficazmente salvará o seu povo:

“E dará à luz um filho e chamarás o seu nome JESUS; porque ele salvará o seu povo dos seus
pecados”(Mt 1:21).

(2)O próprio contexto explica que estes a quem Cristo certamente virá buscar e salvar, não podem
ser todos os homens, mas apenas os eleitos:

“E disse-lhe Jesus: Hoje veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão”(v.9).

Assim, cremos que os comentaristas das Escrituras entendem assim este texto, como se segue:

“Como todos os seus eleitos estavam em Adão, e por suas próprias transgressões atuais; e são
considerados como tais, enquanto em estado de irregeneração: e, particularmente, às ovelhas
perdidas da casa de Israel são destinadas, um dos quais era Zaqueu; e assim as palavras são um
motivo de Cristo olhando-o e chamando-o pela sua graça, e encontrando-o, aplica a salvação para
ele”(John Gill[1697-1771], Ministro Batista, Comentário de Lucas 19:10).

“Jesus, desde a eternidade, estava de olho sobre este homem. A Igreja em cada indivíduo foi
escolhida em Cristo(Ef 1:4). Os seus nomes escritos no Livro da Vida(Ap 13:8; Lc 10:20). Todos
ovelhas de Cristo foram dadas a ele pelo Pai(Jo 10:27-29). E cada um deles tem de voltar a passar
sob a mão do que lhes faz saber (Jr 33:13)”(Robert Hawker [1753-1827], Ministro Anglicano,
Comentário de Lucas 19:10).

“Eram 'as ovelhas perdidas da casa de Israel', a quem o Senhor foi enviado (Mt 15:24). Zaqueu era
uma dessas, e reconhecendo-se como tal, recebeu o Mestre que andava à procura dele”(Philip
Schaff [1819-1893], Ministro Presbiteriano, Comentário de Lucas 19:10).

j. “E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de
todo o mundo”(1 Jo 2:2).

Comentário: Ao afirmar “não somente pelos nossos”, João, que era um apóstolo aos judeus(Gl
2:9), e escrevendo para aqueles que previamente ouviram a Palavra de Deus(v.7), isto é, os judeus,
visto que a Palavra de Deus era “primeiro ao judeu”(Mt 10:5,6; 15:24; Lc 24:47; At 1:8; Rm 1:16),
faz referência aos judeus crentes como ele, afirmando que a remissão dos pecados, não era mais
como antigamente – apenas aos judeus(2 Sm 7:23; 1 Cr 17:21) – mas tanto a eles quanto aos
gentios. Daí, a expressão “mas também pelos de todo o mundo”, segundo o próprio João, indica
que Cristo Jesus morrera, para com o seu sangue, comprar para Deus “homens de toda a tribo, e
língua, e povo, e nação”(Ap 5:9), não todos os homens de toda a tribo, e língua, e povo, e nação,
visto que segundo o próprio João, em seus livros, há pessoas que jamais poderiam ou poderão
serem alvos ou objetos da expiação em Cristo(Jo 6:70,71; 8:43,44; 13:10,11; 14:17; 17:10; 13:8,14-
17; 17:8,11,13-14,17; 19:19-21; 20:10).

Muitos comentaristas das Escrituras tem chegado a este conclusão, em seus comentários de 1 João
2:2, como se segue:

“Portanto, sob a palavra ‘todos’ ou inteiro, ele não inclui os réprobos, mas designa aqueles que
creriam, assim como aqueles que estavam espalhados por várias partes do mundo”(João
Calvino[1509-1564], Reformador de Genebra, Comentário de 1 João 2:2).

“Isto é, não somente para os judeus, para João era um judeu, e por isso foram para aqueles que
ele escreveu, mas para os gentios também... de modo que esta passagem não pode fornecer
qualquer argumento para a redenção universal”(John Gill[1697-1771], Ministro Batista,
Comentário de 1 João 2:2).

“Para os homens de todos os tipos, de todas as idades e todos os lugares, de modo que esse
benefício não era para os judeus somente, de quem ele fala como aparece em(1 Jo 2:7), mas
também para outras nações”(Bíblia de Estudo de Genebra [1590], Comentário de 1 João 2:2).

“Ou seja, de todos os fiéis, tanto de judeus e gentios, dos quais o mundo não é digno(Hb
11:38)”(John Trapp[1601-1669], Ministro Anglicano, Comentário de 1 João 2:2).

“Ele é a propiciação (oferta pelo pecado) não apenas para os judeus, mas para judeus e gentios
crentes, não apenas para esta geração, mas para os crentes de todas as gerações, e não apenas
para aqueles que lerem esta carta, mas para todos os crentes em todo o mundo. Nosso Senhor
tem um povo de toda tribo, língua e nação. Como ele não é o advogado ou mediador para os
incrédulos, nem tampouco é a propiciação para eles (Jo 17:9)”(Henry Mahan[1947-1998],
Ministro Batista, Comentário de 1 João 2:2).

“Ele não se limita a uma nação; e nem particularmente para o antigo Israel de Deus: Ele a
propiciação pelos nossos pecados; e não apenas para os nossos (não só para os nossos pecados,
de nós, judeus, nós que somos descendentes de Abraão segundo a carne), mas também para os
de todo o mundo, não só para os do passado, ou nos crentes de hoje, mas para os pecados de
todos os que devem crer nele ou venham a Deus por ele. O alcance e o objetivo da morte do
Mediador alcançam a todas as tribos, nações e países”(Matthew Henry[1662-1714], Ministro
Presbiteriano, Comentário de 1 João 2:2).
Capítulo 6 – O Cristianismo Histórico rejeita a expiação geral

(a)Os Pais da Igreja

1. Clemente de Roma(30-100), bispo de Roma, declara:

“Pelo amor todo os eleitos de Deus foram feitos perfeitos, sem amor nada é agradável a Deus. No
amor que o Senhor tem por nós, nos atraiu a Si. Por causa de seu amor para conosco, que Jesus
Cristo nosso Senhor deu o Seu sangue por nós, pela vontade de Deus, sua carne pela nossa carne,
e Sua alma para nossas almas”(Epístola aos Coríntios, 49).

2. Epístola de Barnabé(120 d.C):

“E, além disso, meus irmãos: se o Senhor suportou sofrer por nossa alma, sendo ele Senhor de
todo o mundo...”(V:5).

“Se, pois, o Filho de Deus, que é o Senhor, e julgará os vivos e os mortos, sofreu para nos dar a vida
por meio de seus ferimentos, cremos que o Filho de Deus não podia sofrer, a não ser por causa de
nós”(VII:2)

3. Inácio de Antioquia(30-107), bispo de Antioquia, declara:

“Agora, Ele sofreu tudo isso por nós, para que sejamos salvos”(Epístola a Igreja de Esmirna,2:1).

4. Hermas(140 d.C), declara:

“Porque Deus plantou a vinha, isto é, criou o seu povo e o entregou ao seu Filho, e o Filho
estabeleceu os anjos sobre eles para guarda-los individualmente. Ele próprio purificou os pecados
deles, trabalhando muito e suportando muitas fadigas, pois ninguém pode campinar uma vinha
sem trabalho e fadiga. Ele, portanto, tendo purificado os pecados do povo, ensinou os caminhos
da vida, dando-lhes a lei, que recebera de seu Pai”(O Pastor, 59).

5. Justino Mártir(89-165), apologista cristão, declara:

“Contudo, em todos os meus raciocínios eu parto das Escrituras proféticas, que são santas para
vós, e apoiado nelas eu vos apresento as minhas demonstrações, esperando que alguém de vós
possa encontrar-se no número dos que foram reservados pela graça do Senhor dos exércitos,
para a salvação”(Diálogo com Trifo, 32:2).

“Portanto, é evidente que nessa profecia ele também fala sobre o pão que nosso Cristo nos
mandou celebrar como memória dEle ter se feito homem por amor dos seus crentes – pelos quais
também sofreu – e do cálice que, em memória do seu sangue, nos mandou igualmente consagrar
com ação de graças. A mesma profecia deixa claro que veremos este mesmo como rei glorioso, e
suas próprias palavras estão dizendo aos gritos que o povo que foi de antemão conhecido como
seus crentes, também foi conhecido como prosseguindo diligentemente no temor do
Senhor”(Diálogo com Trifo, 70:4).

“Para o sinal do escarlate, que os espiões, enviados para Jericó por Josué, filho de Nave (Nun), deu
a Raabe, a meretriz, dizendo-lhe que a pendurasse na janela por onde se fizera descer para escapar
de seus inimigos, foi também símbolo do sangue de Cristo, pela qual aqueles que eram ao
mesmo tempo prostitutas e pessoas injustas de todas as nações são salvas, recebendo a
remissão dos pecados, e não mais permanecendo em pecado”(Diálogo com Trifo, 111:4).

“Jacó serviu Labão em troca de muitas ovelhas salpicadas com manchas. Também Cristo serviu,
até mesmo se submetendo a cruz, em favor de várias raças e muitas raças da humanidade,
adquirindo-as pelo seu sangue e mistério da cruz”(Diálogo com Trifo, 134:5).

“Entre nós, o príncipe dos maus demônios se chama serpente, satanás, diabo ou caluniador, como
podeis ver, caso desejardes averiguar isso, através de nossas Escrituras. Ele e todo o seu exército,
juntamente com os homens que o seguem, será enviado ao fogo para ser castigado pela
eternidade sem fim, coisa que foi de antemão anunciada por Cristo. Na verdade, a paciência que
Deus mostra em não fazê-lo imediatamente, tem como causa o seu amor pelo gênero humano,
pois ele prevê que alguns se salvarão através do arrependimento, entre os quais alguns que
talvez ainda não tenham nascido”(Primeira Apologia, 28:1-2).

6. Irineu(130-200), bispo de Lião, declara:

“Ele veio para salvar a todos por si mesmo, todos, eu digo, que por ele renascem em Deus, as
crianças, e os pequeninos, e os jovens, e os velhos”(Contra Heresias, II; 22:4)

“Jacó fazia tudo por amor da mais jovem, dos olhos bonitos, Raquel, que simbolizava a Igreja
pela qual sofreu”(Contra Heresias, IV; 21:3).

“A fé em Cristo, caminho da justiça surgido no deserto e os rios do Espírito Santo brotados na


terra seca para matar a sede do povo eleito de Deus, que Ele adquiriu para que contasse os seus
prodígios e não para insultar a Deus que faz estas coisas”(Contra Heresias, IV; 33:14).

“E por isso, quando for completado o número que ele preestabeleceu, todos os inscritos na vida
ressurgirão com seu corpo, sua alma e seu espírito, com os quais agradaram a Deus”(Contra
Heresias, II; 33:5).

7. Tertuliano(160-230), apologista cristão dos séculos II-III, declara:

“Ele não foi, claro, designado como um mero unicórnio como seu chifre, ou um minotauro com
dois. Mas Cristo foi indicado nele - um boi em relação a ambas as suas características: para alguns
tão severo como um juiz, para outros é gentil como um Salvador, cujos chifres eram as
extremidades de sua cruz. Porque a verga, é uma parte de uma cruz, cujas extremidades são
chamadas chifres; enquanto a estaca da estrutura no ponto intermediário de todo o quadro é o
unicórnio. Por este poder, então, da sua cruz, e desta forma com chifres, Ele está ao mesmo
tempo agora impulsionando todas as nações por meio da fé, trazendo-as longe da terra para o
céu; e, em seguida, levando-as através do juízo, lançando-as do céu para a terra”(Contra Marcião,
III:18).

“Sim, em que o corpo em que ele poderia morrer pela carne, que ele morreu, não por meio da
igreja, mas, na verdade, pela igreja, alterando o corpo para o corpo, e o que é carnal para o
espiritual”(Contra os Judeus)

“Lamentável é você também, assim como as pessoas, uma vez que não conhecem a Cristo,
prefigurado na pessoa de Moisés como o juiz do Pai, e do ofertante de Sua própria vida pela
salvação do povo. É o suficiente, no entanto, que a nação foi no instante realmente dada a
Moisés. Aquilo que ele, como um servo, foi capaz de pedir ao Senhor, o Senhor exigia de si mesmo.
Para este propósito que Ele disse ao seu servo: ‘Deixe-me em paz, para que eu possa consumi-los,
a fim de que pela sua súplica, e pela oferta de si mesmo, ele pode impedir (o julgamento
ameaçado), e que você pode por tal instância aprender quanto privilégio é concedido com Deus
para um homem fiel e um profeta’”(Contra Marcião, II:26).

“São as questões dos homens, e não as suas substâncias, que ele distingue. Mas quem não
sustenta que o juízo de Deus consiste na dupla sentença, de salvação e de punição? Por isso é que
toda a carne é erva, que é destinada ao fogo, e toda a carne verá a salvação de Deus, os quais são
os ordenados para a vida eterna”(Da Ressurreição da carne, 59).

8. Hipólito(170-236), presbítero de Roma, declara:

“Para Ele apareceu nos últimos tempos, depois que a companhia gloriosa e honrosa dos santos
profetas, e simplesmente uma vez, depois de todos aqueles que, anterior ao tempo de sua
permanência, foram contados no número de filhos por motivo de excelência”(Comentário Sobre
Genesis 49:21-26).

9. Clemente de Alexandria(155-225), teólogo grego dos séculos II-III, declara:

“Mas por meio da harmonia concedida a cada um, Ele tem dispensado sua beneficência tanto aos
gregos quanto aos bárbaros, precisamente para aqueles deles que foram predestinados, e no
devido tempo chamados, os eleitos e fiéis”(Stromata, VII:2).

“Portanto, em substância e ideia, em sua origem, em preeminência, dizemos que a antiga Igreja
Católica é uma só, reunida na unidade de uma fé que resulta dos singulares Testamentos, ou
melhor, o Testamento em diferentes momentos, pela vontade de um único Deus, por meio de um
só Senhor os que Ele tem ordenado, a quem Deus predestinou que haviam de ser santos,
sabendo antes da fundação do mundo que eles seriam justos"(Stromata, VII:17).

10. Orígenes(182-254), teólogo do século III, declara:

“Os sofrimentos de Cristo, de fato, conferem a vida aos que creem, mas a morte dos que não
creem: para que os gentios tenham salvação e justificação pela sua cruz, mas é destruição e
condenação para os judeus, porque assim está escrito no Evangelho: ‘Esta criança nasce para
queda e elevação de muitos’”(Homília 3 sobre Levítico)

“Se qualquer um seria salvo, venha para a casa’, diz ele, ‘em que o sangue de Cristo é um sinal de
redenção’, pois com eles, que disse: ‘O seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos’, o sangue
de Cristo é para condenação’, ‘pois Jesus foi posto para queda e elevação de muitos, e, portanto,
para os que falam contra o seu sinal, 'seu sangue é para a punição, ‘mas para os que crêem, para
a salvação’”(Homília 3 sobre Josué)

“...Então veremos como a concepção está de acordo com a bondade do Deus de todos, uma vez
que é a do Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. Contudo não é o pecado de todos os
homens, que é levado pelo Cordeiro de Deus”(Comentário do Evangelho de João, IV:37)

“Agora, os Evangelhos são quatro. Estes quatro são, por assim dizer, os elementos da fé da Igreja,
dos quais os elementos de todo o mundo que se reconciliem com Deus em Cristo é colocada em
conjunto, como diz Paulo: ‘Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo a si mesmo’(2 Co
5:19), de que mundo Jesus levou o pecado, pois é do mundo da Igreja, que a palavra está escrita:
‘Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo’[Jo 1:29]”(Comentário do Evangelho de João,
I:6)

“A igreja de Cristo é fortalecida pela graça daquele que foi crucificado por ela”(In Genesis homil.
3).

“’Mundo’ aqui deve ser entendido do nosso mundo acima da Terra, com relação ao mundo dos
homens que o Pai deu ao Filho, pelo qual só o Salvador ora ao Pai, e não por todo o mundo dos
homens”(Comentário em Mateus).

“Jesus Cristo, árbitro de todas as coisas, contempla estas profundidades e as comunica a uns
poucos”(Contra Celso, 3:37).

“Jesus não queria que todos os seus aspectos fossem conhecidos por todos, por qualquer
pessoa, nem que tudo o que lhe diz respeito permanecesse oculto. Em outro caso, a voz do céu
proclamando-o Filho de Deus: ‘Este é meu Filho amado, em quem me comprazo’(Mt 3:17), como
atesta a Escritura, não foi dita de modo que pudesse ser ouvida pela multidão, como supõe o
judeu Celso. Além do mais, a voz que vinha da nuvem, no alto da montanha, foi ouvida só pelos
que tinham feito a ascensão com ele; pois é próprio da voz divina ser ouvida somente por
aqueles a quem Ele ‘quer’ que sua voz seja ouvida... E como Deus que fala não quer que sua voz
seja ouvida por todos, quem tem ouvidos superiores ouve a Deus, mas quem é surdo dos ouvidos
da alma é insensível à Palavra de Deus”(Ibidem, II:72).

11. Novaciano(200-258), presbítero de Roma, declara:

“Um considerável número de homens foi destinado a glória... Adão será visto ter sido
predestinado, e Abel, e Enoque, e Noé, e Abraão, e muitos outros”(Da Trindade, XV).

12. Cipriano(200-258), bispo de Cartago, declara:


“Apesar de muitos pastores, ainda alimentamos um só rebanho, e deve reunir e valorizar todas as
ovelhas que Cristo tem buscado por seu sangue e sofrimentos”(Epístola 66, v.4).

“Cristo é a vida de pão, e este pão não pertence a todos os homens, mas é nosso ', e como
dizemos ‘nosso Pai’, porque Ele é o Pai dos que compreendem e crêem, por isso chamamos de
Cristo ‘nosso pão’, porque Cristo é o pão daqueles que estão em união com o Seu corpo”([Da
Oração do Senhor]Tratado 4, v.18)

13. Lactâncio(240-320), conselheiro do primeiro imperador romano cristão, Constantino I , declara:

“Os judeus fazem uso do Velho, que do Novo, mas eles ainda não são discordantes, pois o Novo é o
cumprimento do Velho, e em ambos há o mesmo testador, mesmo Cristo, que, tendo sofrido a
morte por nós, nos fez herdeiros de Seu reino eterno, sendo os judeus privados e deserdados. Os
judeus usam o Antigo Testamento, e o Novo, mas ainda assim eles não são diferentes, pois o Novo
é o cumprimento do Velho, e em ambos o mesmo testador é Cristo, que tendo sofrido a morte por
nós, nos fez herdeiros do reino eterno, tendo abdicado e deserdado o povo dos judeus. Pois o que
Ele disse acima, que Ele iria fazer uma nova aliança para a casa de Judá, mostra que a antiga
aliança, que foi dada por Moisés não era perfeita, mas a que seria dada por Cristo seria perfeita.
Mas é claro que a casa de Judá, não significa os judeus, a quem Ele lança fora, mas nós, que
fomos chamados por Ele dentre os gentios, e em seu lugar temos a adoção, e somos chamados de
filhos de judeus”(Divinas Institutas, IV:20).

14. Eusébio de Cesareia(263-339), bispo de Cesaréia, declara:

“Com estas palavras do Apóstolo se aparta claramente da apostasia de todo o povo judeu, ele e os
Apóstolos e os Evangelistas de nosso Salvador, como Ele e todos os judeus que agora crêem em
Cristo, como a semente designada pelo profeta nas palavras: ‘Se o Senhor dos Exércitos tinha
deixado para nós uma semente’. E ele implica que eles também são aquilo que é denominado em
outras profecias de ‘o remanescente’, que ele diz que foi preservado pela eleição da graça. E com
referência a este remanescente agora vou voltar para os profetas e explicar o que eles dizem, de
modo que o argumento pode ser baseado em mais evidências, de que Deus não prometeu
absolutamente a toda a nação judaica que a vinda de Cristo seria para a sua salvação, mas
apenas a um número pequeno e bastante escasso que creria em nosso Senhor e Salvador, como
realmente ocorreu, de acordo com as previsões”(Demonstração da Pregação Evangélica, II:3).

“Apenas eles que são tomados por Cristo de todas as nações, para a bênção feita a Abraão a
respeito da harmonia de todas as nações”(Demonstração da Pregação Evangélica, I:1)

“Alguns deles crêem no Salvador e Senhor nosso, e assim obtem a redenção espiritual prometida,
porque Deus não prometeu, que a vinda de Cristo seria salutar para toda a nação dos judeus,
sem distinção, todos, mas para alguns, e de fato, muitos poucos, mesmo para os que podem crer
no Salvador e nosso Senhor”(Demonstração da Pregação Evangélica, III).

“A causa da vinda de Cristo é a redenção daqueles que eram para ser salvos por
ele"(Demonstração da Pregação Evangélica, I:7).
“Pela igreja, dentre os gentios, visto que, Cristo suportou todas as coisas para que, ele, com
razão, acrescenta, depois dele haver predito a respeito dele”(Demonstração da Pregação
Evangélica, I:6).

“Que o Pai tem prometido gerar e levantar não todos eles, mas apenas aqueles que temem o seu
nome”(Demonstração da Pregação Evangélica, I:5).

“E mais uma vez Deus disse: ‘”Devo esconder de Abraão, meu servo, que devo fazer? Pois Abraão
deve tornar-se uma grande e numerosa nação, e nele todas as nações da terra serão benditas’.
‘Como poderia todas as nações e famílias da terra serem benditas em Abraão, se não havia
nenhuma conexão entre ele e eles, seja de caráter espiritual ou parentesco físico? Não houve
certamente nenhum parentesco físico entre Abraão e os citas, ou os egípcios, ou os etíopes, ou os
índios, ou os britânicos, ou os espanhóis: essas nações e outras mais separadas deles não
poderiam certamente esperar receber alguma bênção por causa de qualquer parentesco físico
de Abraão. Era tão improvável que todas as nações tivessem qualquer reivindicação comum para
compartilhar as bênçãos espirituais de Abraão’”(Demonstração da Pregação Evangélica, 1:2).

“Mas, se a 'política de Moisés não era aplicável às outras nações, mas apenas para os judeus, e
não a todos eles, mas apenas para os habitantes da Judéia, então era absolutamente necessário
configurar outro tipo de religião diferente da lei de Moisés, que todas as nações do mundo podem
tomá-lo como seu guia com Abraão, e receber uma parte igual de bênção com ele”(Demonstração
da Pregação Evangélica, 1:2).

“Que os mandamentos de Moisés, como eu disse, eram aplicáveis apenas aos judeus, mas não
para todos eles, e certamente não para os dispersos (entre os gentios), apenas no fato com
referência aos habitantes da Palestina, seria claro para você, se você refletir assim”(Demonstração
da Pregação Evangélica, I:3)

“Eu já provei que a antiga aliança e a lei dada por Moisés era aplicável apenas para a raça judaica,
e só para, dentre eles, que viviam em sua própria terra. Não se aplica a outras nações do mundo,
nem para os judeus habitando em solo estrangeiro”(Demonstração da Pregação Evangélica, I:5).

15. Hilário de Poitiers(300-368), bispo de Poitiers, declara:

“Então disse o Verbo que se fez carne, por isso, ensinou o homem Jesus Cristo, o Senhor de
majestade foi constituído mediador na Sua própria pessoa para a salvação da Igreja, e estar
naquele mesmo mistério de mediação entre os homens e Deus, ele próprio em pessoa,
juntamente homem e Deus”(Da Trindade, IX:3).

“Encontrou a morte, e segurou-a, de modo que tudo que brota dela é dissolvido; assim também
Cristo não pecou, e por meio disto vencendo a morte, adquiriu a vida, para todos os que são de
seu corpo”(Comentário de 1 Corintios).

“Deus de sua própria graça, decretou salvar os pecadores (por Deus sabia de antemão o que
ocorreria com o homem que Ele o fez, e que ele pecaria) e predestinou também como ele deveria
ser restaurado; em que tempo e por quem e de que forma eles poderiam ser salvos: para que
aqueles que são salvos, não são salvos por seu próprio mérito, por meio de ou por quem eles são
chamados, exceto que pela graça de Deus; obviamente o dom seja dado através da fé em
Cristo”(Comentário sobre 2 Timóteo)

“O apóstolo Paulo, para que pudesse, por sua pregação, salvar homens predestinados para a vida,
sendo sujeito a perigos, sabendo que ele teria resultado em seu pedido com relação a
salvação”(Comentário em 2 Timóteo).

“Com relação aos incrédulos, não devemos lamentar muito, porque eles não são predestinados
para a vida; porque a presciência de Deus tem, desde a antiguidade, decretado, que eles não
devem ser salvos"(Comentário em Romanos).

“As palavras de louvor expressam o poder da redenção, porque ‘Hosana’ na língua hebraica,
significa a redenção da casa de Davi"(Comentário do Evangelho de Mateus, XXI).

16. Atanásio(296-373), bispo de Alexandria, o campeão da ortodoxia de Nicéia, declara:

“O que é o fruto da morte do Senhor! Que o lucro da conspiração dos judeus? A morte do Salvador
fez o mundo, livre, para que os gentios glorifiquem a Deus, e a ira para com os judeus tem
destruído a cidade com eles, e cegou-lhes, no que diz respeito ao conhecimento de Deus. A morte
do Senhor acelerou os mortos, mas a conspiração dos judeus os privou da vida, pois agora eles
estão sem o Senhor, e a cruz do Salvador tornou, a Igreja dos gentios, que era um deserto,
habitável"(In Passion. et Crucem Dom)

“Porque este dia (Ml 4:2) não pertence a todos, mas para os que morrem para o pecado, e vivem
para o Senhor”(Do Sábado e da Circuncisão).

“Como, então, se Ele nos escolheu, antes de virmos à existência, mas que, como ele mesmo diz:
‘Nele fomos representados de antemão’? E como em tudo, antes da criação dos homens, que Ele
nos predestinou até a adoção, mas que o próprio Filho existia ‘antes da fundação do mundo’,
tendo nele que a economia que era por nossa causa? Ou como, o Apóstolo continua a dizer,
temos 'uma herança predestinada’, mas que o próprio Senhor estabeleceu ‘antes da fundação
do mundo’, para tantos quanto Ele tinha um propósito, por nossa causa, para assumir através da
carne, toda a herança do julgamento que estava contra nós, e daí em diante, fomos feitos filhos
nele? E como é que nós a recebemos ‘antes que o mundo existisse ‘, quando ainda não existíamos,
mas depois com o tempo, em Cristo foi guardada a graça que chegou até nós? Por isso também no
Juízo Final, quando cada um deve receber de acordo com sua conduta, Ele diz: ‘Vinde, benditos de
meu Pai , possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo’(Mt
25:34). Como, então, ou em quem, se preparou antes de existirmos, salvação no Senhor que
‘antes da fundação do mundo’ foi estabelecida para este propósito; que nós, alicerçados sobre
ela, pudéssemos participar, como pedras firmes, bem juntas, da vida e de graça que é Dele? E
isso aconteceu, como sugere-se naturalmente a mente religiosa, que, como eu disse, nós,
nascendo novamente depois de nossa breve morte, pudéssemos ser capazes de uma vida eterna,
da qual não tínhamos sido capazes, homens como nós somos, formados da terra, mas que ‘antes
da fundação do mundo’ tinha sido preparada para nós em Cristo a esperança de vida e salvação.
Portanto, a razão pela qual o Verbo, vindo em nossa carne, e sendo exposto nela, visto que ‘no
princípio de suas obras mais antigas’, é colocado como uma base do propósito com a vontade do
Pai que estava nele antes da fundação do mundo, como tem sido dito, e antes que a terra existisse,
e antes que os montes fossem firmados, e antes que as fontes surgissem, para que, ainda que a
terra e as montanhas e as formas da natureza visível passassem na plenitude da era presente, nós,
pelo contrário, não podemos envelhecer segundo o seu padrão, mas podemos ser capazes de viver
posteriormente a elas, tendo a vida espiritual e bênção, que antes dessas coisas foram
preparadas para nós em Si mesmo, pelo Verbo, segundo a eleição. Pois assim seremos capazes de
uma vida não temporária, mas depois sempre temer e permanecer em Cristo, uma vez que antes
mesmo desta nossa vida, tinha sido estabelecida e preparada em Cristo Jesus”(Discurso Contra os
Arianos, II:22).

17. Macário, o Egípcio(300-391), monge cristão eremita, declara:

“Devemos pois trabalhar e nos esforçar muito, pois não é justo que o noivo viesse e sofresse e
fosse crucificado por ti, e a noiva por cuja causa o Esposo veio, pudesse se alegrar e
dançar”(Homília 27).

18. Basílio de Cesareia(330-379), bispo de Cesaréia, declara:

“Onde os homens espirituais são os autores de conselhos, e o povo do Senhor os seguem com
unanimidade, quem pode duvidar que isto é pela palavra de nosso Senhor Jesus Cristo, que
derramou seu sangue pela igreja"(De Batismo, II).

19. Cirilo de Jerusalém (313-386), bispo de Jerusalém, declara:

“Ele veio por ter misericórdia deles, e foi crucificado e ressuscitou, dando o seu próprio sangue
precioso tanto para judeus e gentios"(Catequeses. 14:10)

20. Gregório Nanziazeno(330-390), patriarca de Constantinopla, teólogo e escritor cristão, bispo de


Nazianzo, declara:

“Tua ira se despertou contra as ovelhas do teu pasto, lembra-te da tua congregação, que tens
possuído desde o princípio, que tens comprado pelos sofrimentos do teu unigênito
Verbo”(Oração 4 ou 32, Epístola a Juliano).

“Ó Deus, tu os tem rejeitado para sempre? Tua ira se despertou contra as ovelhas do teu pasto;
lembra-te da tua congregação, que desde o princípio pertencia a Ti e que tens comprado pelos
sofrimentos do teu Verbo Unigênito, porque tu concedeste a tua grande aliança, e do céu os tens
designado para um novo mistério e penhor do Espírito”(Oração 9, Epístola a Juliano)

“Ó sacerdotes, da retidão, ou para falar mais corretamente, vamos expressar, não vamos nos
dispersar e destruir as ovelhas do pasto, por quem o bom Pastor deu a sua vida, que conhece
propriamente os seus, e é conhecido pelos seus, os chama pelo nome, e os leva da incredulidade à
fé, e desta vida para um descanso no futuro”(Oração 5)

“Ou os servos de Abraão, que quase não excederam em número, com os muitos reis e do exército
de dezenas de milhares que, poucos que fossem, eles surpreenderam e derrotaram?(Gn 14:14). Ou
como você entende a passagem que, embora o número dos filhos de Israel seja como a areia do
mar, o remanescente será salvo? E mais uma vez, eu reservei sete mil homens, que não dobraram
os joelhos diante de Baal? Este não é o caso, não é? Deus não tomou prazer em números”(Oração,
42:7).

“Deus não tem prazer na multidão; mas Deus, naqueles que devem ser salvos; através da poeira
imensurável;. Somente eu, os vasos de eleição"(Oração 32)

21. Gaudêncio de Brescia (390 d.C), bispo de Brixia, a cidade de Veneza, declara:

“Devemos, de acordo com o mandamento de Deus, primeiro mortificar os desejos da carne, e


assim receber o corpo de Cristo, que foi sacrificado por nós, que servíamos no Egito”(De Exodo,
tratado II).

“Eles (os judeus), não só não poderiam recebê-lo, mas o crucificaram, que, portanto, não obstante
deu-se o corpo que foi assumido para morrer, que pelo aumento de novo, através de seu próprio
poder, ele pode tanto mostrar a onipotência de sua majestade; removendo e vencendo a
morte”(Tratado 7).

“Ele poderia chamar de todas as idades a fé em si mesmo, portanto, como ele diz, chamando
mentes fechadas, ‘todas as coisas para mim mesmo’, e não todos os homens; por isso, eu acho
significa, que todos os tipos de criaturas, que tanto foram sacrificadas ou dedicadas a ídolos,
Cristo prometeu restaurar para sua bênção, e consagrar ao seu nome”(Tratado 12, Sobre João
12:32).

22. Paciano de Barcelona(310-391), bispo de Barcelona, declara:

“Vou, no entanto, falar mais claramente, as últimas pessoas, os pobres, os pequenos, a alma
humilde e modesta, a alma entregue por Cristo, é uma imagem da igreja, e a estes o Senhor veio
para salvar, estes ele não tem deixado no inferno”(Contra Novacianos, 3 & Ep 3).

23. Gregório de Nissa(335-394), teólogo do século IV, declara:

“Como devo não te amar, tu que tanto me amastes, embora tão negro, visto que entregastes a tua
vida, pelas ovelhas que tu apascentas?”(Homília 2 sobre Cantares).

24. Ambrósio de Milão(337-397), bispo de Milão, declara:

“Quanto mais deve ser dito, o que é realmente verdade, ou seja, que hoje a árvore da cruz livrou
todos os tipos de homens, do perigo da morte”(Serm. 50, in Feria 6, Hebdom. Sanct)
“O Senhor Jesus Cristo foi pendurado na cruz para que pudesse livrar todos os tipos de homens, a
partir do naufrágio do mundo. E quando ele diz que Cristo morreu, e redimiu o mundo, essas
frases são facilmente contabilizadas, uma vez que é bastante evidente que o mundo por ele
frequentemente significa a igreja”(Sermão 53, in Feria 6, Hebdom. Sanct.)

“A Igreja é chamada ambos o céu e o mundo, porque tem santos comparáveis aos anjos e
arcanjos, também ele tem a maior parte terrestre, que é chamado também ‘o mundo’, que é
fundada sobre os mares, e preparou sobre os rios. Além disso, como o mundo (a igreja), diz: ‘não
olheis para mim, porque eu sou morena’”(Homília sobre o Salmo 119. Lamed)

“Pois desde que Cristo sofreu pela Igreja, e a Igreja é o corpo de Cristo, parece que a fé em Cristo
não é demonstrada por aqueles por quem Sua paixão não tem nenhuma eficácia, e seu corpo é
dividido”(Sobre a Morte de Sátiro, I:47).

“Através da mulher o mistério celeste está cumprido, sendo prefigurada nela a graça da igreja,
para a qual Cristo desceu, e concluiu o trabalho eterno de redenção do homem”(De Institutioni
Virginis, 4).

“Pois um menino nos nasceu(Is 9:6); para nós que cremos, não para os judeus, que não creram,
mas para nós, não para os hereges, mas para nós, não para os maniqueístas"(Comentário do
Evangelho de Lucas, 1:6).

“Se tu não crês, ele não desceu para ti, ele não sofreu por ti”(De Fide 1. 4, c. 1).

“O Senhor Jesus estava sozinho quando ele redimiu o mundo, pois não um legado, nem um
mensageiro, mas o próprio Senhor sozinho, salvou o seu próprio povo”(Epist. 1.4, ep. 31).

“Todos os homens podem ouvir, mas nem todos podem entender com os ouvidos, somente os
eleitos de Deus, portanto, o Salvador diz: Quem tem ouvidos para ouvir, nem todos os homens
têm aquelas orelhas”(Comentário do Salmo 48)

“O remanescente, será salvo, não por suas próprias obras, mas pela eleição da graça”(Comentário
do Salmo 43).

“Não devemos desesperar, que os membros podem unir-se a sua própria cabeça, especialmente
porque, estamos predestinados desde o início, para a adoção de filhos de Deus, por Jesus Cristo,
em si mesmo, que ele tem provado a predestinação, afirmando o que desde o início é antes
declarado”(In Dominicæ Sacramento)

25. Dídimo de Alexandria(313-398), teólogo da igreja do século IV, declara:

“Para eles, de quem o Senhor diz que não são filhos de meu povo? E eles não vão prevaricar, pois,
porque não prevaricarão, nem têm desprezado o Pai, ele é feito salvação para eles. Ou porque
eles são chamados de filhos, ele é feito a causa de salvação para eles "(Do Espírito Santo, 1:3).

26. Epifânio(310-413), bispo de Salamina, declara:


“Se, pois, foram comprados por sangue, não és do número dos que são comprados, Oh Manes,
porquanto negastes o sangue"(Contra as Heresias, 66).

27. Crisóstomo(347-407), teólogo dos séculos IV-V, e comentarista das Escrituras, declara:

“Cristo foi oferecido uma vez para tirar os pecados de muitos”(Homília 4 Sobre Hebreus)

“Para que a morte foi equivalente à destruição de tudo ', mas ele não suportou, ou tirou o pecado
de todos, porque não estavam propensos"(Homilia 17 Sobre Hebreus).

“Observe a precisão do Profeta, e o julgamento do Apóstolo, o que é um testemunho que ele citou,
como extremamente pertinente! Pois não só nos mostra que aqueles a serem salvos são alguns e
não todos, mas também acrescenta a forma como eles devem ser salvos”(Homília 16 Sobre
Romanos).

“’Eu suporto essas coisas’, diz ele, não por causa de mim, mas para a salvação dos outros. Se
tivesse em meu poder viver livre de perigo; não sofrer nenhuma dessas coisas, se eu tivesse
consultado o meu próprio interesse. De maneira que, nessa altura, então eu sofreria essas coisas?
Para o bem dos outros, para que os outros possam obter a vida eterna. O que, então, você
promete a si mesmo? Ele não disse, simplesmente por causa dessas pessoas em particular, mas
por causa dos eleitos. Se Deus os escolheu, ele nos faz sofrer tudo por causa deles, para que
também eles alcancem a salvação. Ao dizer, também, que ele quer dizer, assim como nós. Porque
Deus nos escolheu também, e como Deus sofreu por nós, por isso devemos sofrer por causa
deles”(Homília 4 Sobre 2 Timóteo).

“Além disso, Ele realmente veio para a salvação das ovelhas, para que tenham vida, e que elas
possam em maior grau alcançar a abundância(Jo 10:10), mas os outros, propriamente os privou
do dom da vida”(Homília 59 Sobre o Evangelho de João).

“A todos quantos estavam ordenados para a vida eterna, isto é, os que foram separados por
Deus”(Homília 30 Sobre Atos dos Apóstolos).

29. Jerônimo(347-420), o primeiro tradutor das Escrituras, declara:

“Nem todos serão resgatados, nem todos serão salvos, mas o resto, como é dito
acima”(Comentário em Isaías 1:9).

“’Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra’, ‘e eu vou pagar os votos que fiz para o Senhor’,
para a salvação de todos, para que todos os que me deste não pereçam para
sempre”(Comentário em João).

“A cidade ilustre e redimida pelo sangue de Cristo, de acordo com o que se disse acima,
claramente significa a igreja, que é chamada de uma pomba, por causa da simplicidade da
multidão de crentes na mesma"(Comentário em Sofonias).

29. Teodoro de Mopsuéstia(350-428), bispo de Mopsuéstia, declara:


“E é uma Igreja, que abraça a todos, por causa daqueles que crêem em todos os países e esperam
receber a vida celeste, como o bem-aventurado Paulo disse: ‘A Igreja celeste em que estão
inscritos, os primogênito de Deus’. Ele os chamou de ‘os primogênitos’, porque eles receberão a
maravilhosa adoção de filhos em uma simples predestinação, não como a dos judeus que era de
um personagem mutável, mas uma imortalidade inefável e imutabilidade do bem, o que é
garantido para aqueles que estão aptos para ela. Chamou-os também ‘escritos no céu’, porque é lá
que eles vão morar”(Comentário do Credo Niceno).

30. Agostinho (354-430), bispo de Hipona, declara:

“Consequentemente, foram escolhidos antes da criação do mundo mediante a predestinação...


mas são retirados do mundo com a vocação com que Deus cumpriu o que predestinou. Pois, os
que predestinou, também os chamou com a vocação segundo o seu desígnio. Chamou os que
predestinou e não a outros, justificou os que assim chamou e não a outros, predestinou os que
chamou, justificou e glorificou e não a outros, com a vocação daquele propósito que não tem
fim”(A Predestinação dos Santos, VII:34).

“Consequentemente, tanto a fé inicial como a perfeita, são dons de Deus. E quem não quiser
contradizer aos evidentes testemunhos das divinas letras, de maneira nenhuma pode negar que
este dom é concedido a uns e negado a outros”(Ibidem, X:16).

31. Cirilo de Alexandria(378- 444), arcebispo de Alexandria, declara:

“Mas quando Cristo foi anunciado como o Bom Pastor, acima de tudo, na luta com este par de
bestas selvagens e terríveis, Cristo deu a sua vida por nós. Ele suportou a cruz por amor de nós
para que, por sua morte, destruísse a morte, e foi condenado por nós para que pudesse remir
todos os homens da condenação pelo pecado, a abolição da tirania do pecado por meio da fé, e
pregar na Sua cruz ‘a cédula que era contra nós’, como está escrito. Assim, o pai do pecado foi
usado para nos colocar no Hades como ovelhas, entregando-nos à morte como nosso pastor, de
acordo com o que é dito nos Salmos, mas realmente o Bom Pastor morreu por nós, a fim de que
Ele pudesse nos tirar do poço escuro da morte e se preparar para envolver-nos entre as
organizações do céu, e dar a nós mansões acima, mesmo com o Pai, em vez de nos situar nas
profundezas do abismo ou recessos do mar. Por isso também ele diz em algum lugar para nós: ‘Não
temais, pequeno rebanho, porque aprouve ao vosso Pai dar- vos o reino’. Estas palavras aplicam-
se as ovelhas guardadas por Cristo”(Comentário do Evangelho de João, Livro VI, Sobre João 10:11-
13).

32. Gregório Magno(560-604), bispo de Roma, declara:

“Pois a Sagrada Escritura é frequentemente acostumada a colocar a juventude para novidade de


vida. De onde se diz que o noivo em sua abordagem, as jovens donzelas têm Salomão. ‘Te amei’,
ou seja, as almas dos eleitos, renovados pela graça do Batismo, que não cederão às práticas da
velha vida, mas são adornados com a conversa do homem novo”(Moralia in Job, XXIV,55).

“Pois o que são todos os eleitos, senão o trigo de Deus, para serem entesourados nos celeiros
celestiais?”(Moralia in Job, XXVII:54).

“Aprendi que Ele ilumina os Eleitos pela Sua encarnação, vamos nós agora ouvir como Ele
condena os réprobos”(Moralia in Job, XXIX).

“Cristo desceu ao inferno, pela morte da carne, que restaura o eleito para reservar a sua luz, tira
sua luz do réprobo”(Moralia in Job, XXIX).

“Como se disse, como eu, que não só procurei o mar, que é este mundo, ao assumir a carne e a
alma de um homem, mas também descí por aquela carne voluntariamente submetida à morte,
para o fundo do poço, como se para as profundezas do mar. Porque, se o ‘mar’ deve ser entendido
como o mundo após a forma de linguagem da Escritura, nada impede das profundezas do mar
significarem ‘os ferrolhos do inferno’. Mas o Senhor procurou essa profundidade do mar, quando
Ele entrou na menor parte do poço, a fim de resgatar as almas dos seus eleitos”(Moralia in Job,
XXIX).

33. Fulgêncio(468-533), bispo de Ruspe:

“É pensar indignamente da graça, supondo que ela é dada a todos os homens"(Contra


Monimum).

(b)Precursores da Pré-Reforma:

Thomas Bradwardine(1290-1349), foi o teólogo que influenciou poderosamente a teologia de


Wycliff, sendo seu tutor na Universidade de Oxford. Em sua obra “De Causa Dei Adversus
Pelagium”, declara:

“Os efeitos da predestinação são a comunicação da graça no presente, a justificação do pecado,


as boas obras e a perseverança final”(Lvro I, p.442).

(c)Pré-Reformadores:

1.John Wycliff(1324-1384), a estrela da alva da Reforma, em sua famosa obra “Trialogus”(1380


d.C), declara:

“Deus precisa de criaturas individuais ativas para qualquer ação que Ele deseje realizar e por isso
predestina alguns, destinando-os à glória, e conhecendo os outros de antemão, destinando-os ao
castigo eterno”(p.122).

Em sua obra “De Fide Catholica”(1379 d.C), declara:

“Da mesma forma, nenhum fiel ou pagão duvida que Deus na eternidade predestinou alguns para
a glória e alguns que ele conheceu de antemão, para o inferno”.

2. John Huss(1369-1415), professor da Universidade de Praga, e capelão da corte de Belém, era


também discípulo de Wyclif. Huss, em sua obra “Da Igreja”(1414 d.C), declara:
“Estas citações dos santos mostram que a Santa Igreja Universal é o número de todos os
predestinados e o corpo místico de Cristo – sendo Ele próprio o cabeça – e a noiva de Cristo, a
quem Ele por seu grande amor resgatou com seu sangue”(I).

“E neste sentido, todos os virtuosos agora vivem sob a norma de Cristo na cidade de Praga, mas
particularmente os predestinados, são os santos da Igreja de Praga. Mas, a Santa Igreja Católica –
isto é, a Igreja Universal – é o conjunto dos predestinados, ou todos os predestinados no
presente, passado e futuro. Esta definição resulta em Santo Agostinho, que mostra que há uma
única e imutável Igreja dos predestinados, começando desde o começo do mundo, indo até os
apóstolos, e daí para o dia do juízo. A partir desta afirmação, crê-se que se a Igreja é santa e
universal, que é o conjunto dos predestinados, incluindo todos, desde o primeiro homem justo
até o último a ser salvo no futuro. Pois o Deus onisciente que a todas as coisas deu peso, medida e
número, tem predestinado quantos devem ser finalmente salvos”(I).

E em suas cartas, diz:

“O Rei do mundo, o Sumo Pontífice, veio realizar, por suas obras, a lei de Deus. Ele entrou em o
mundo, não para governar sobre o mundo, mas para dar a sua vida para a redenção de um
grande número. Ele veio, não como um agiota, para engolir as riquezas do mundo, mas para
redimir, pelo seu sangue, aqueles a quem o pecado tinha vendido ao diabo. Ele veio, onipotente
como ele é, para sofrer uma morte sangrenta e ignominiosa de acordo com os fariseus sob Pôncio
Pilatos, a fim de nos libertar do poder de Satanás. Ele veio não para destruir os eleitos, mas para
salvá-los; como ele próprio disse: ‘Eu vim para que tenham vida'. Disso eles podem ter vida aqui
pela sua graça, e ainda mais abundantemente na eternidade; que a vida eterna, reservada para
todos os eleitos, que é inatingível para o orgulhoso, o lascivo, o avarento, o violento, o ambicioso,
o destemperado, o efeminado - todos, na verdade, que se opõem às suas palavras; mas que estas
devem ser apreciadas unicamente pelos eleitos, que ouvem a sua lei, que aperfeiçoam isso por
suas obras, e que sofrem perseguição"(Epístola 10)

"Na verdade é difícil de se alegrar, assim, com o coração inabalável, e considerar todos ensaios
como sujeitos de alegria: é fácil de dizer, mas difícil fazê-lo. Ele que era o mais paciente e do mais
intrépidos, que sabiam que ele deve ressurgir novamente ao terceiro dia, deveria derrotar seus
inimigos com a sua morte, e resgatar seus eleitos da condenação, foi, no entanto, com o espírito
perturbado após a Última Ceia, e clamou: 'Minha alma está triste até a morte'"(Epístola 42).

3. Jerônimo Savonarola(1452-1498), foi o famoso pregador do mosteiro de São Marcos, Florença,


Itália, sendo um dos maiores adversários do papa Alexandre VI, e de outras autoridades italianas,
tudo devido as suas denúncias públicas contra os mesmos. Em seu sermão “In Te Domini Speravi”,
declara:

“Portanto, esta misericórdia não é para os restringidos, estes são os reprovados”(Dernière


Meditation, p.130).
(d)Os Reformadores:

1. Martinho Lutero(1483-1546), o pai da Reforma Protestante, em seu “Comentário de Romanos


8:28”, diz:

“O segundo argumento é que: ‘Deus deseja que todos os homens sejam salvos’(1 Tm 2:4) e que
entregou seu Filho em favor de nós seres humanos, os quais Ele criou por causa da vida eterna. E,
de maneira semelhante: todas as coisas existem por causa do ser humano, mas ele próprio existe
por causa de Deus, de sorte que nEle pode deleitar-se, etc. Esses, com também outros argumentos
são tão fracos quanto o primeiro. Essas sentenças só podem ser compreendidas com referência
aos eleitos, como diz o apóstolo em 2 Tm 2:10: ‘Tudo sofro por causa dos eleitos’. Pois, num
sentido absoluto, Cristo não morreu por todos, visto que Ele diz: ‘ Esse é o sangue que é
derramado por vós’(Mc 14:24) e ‘por muitos’(Mt 26:28) – Ele não diz: por todos – para a remissão
dos pecados’”(Martinho Lutero, Obras Selecionadas, Volume 8, p.309).

E em seu “Comentário de 1 Pedro 1:2”, ele diz:

“São Pedro declara que eles são escolhidos. Como? Não por eles mesmos, mas segundo a
ordenação divina. Porque nós não poderemos nos levar ao Céu ou criar em nós mesmos a fé. Deus
não admitirá todos os homens no Céu. Ele contará os seus precisamente. Agora, a doutrina
humana do livre arbítrio e de nossos poderes não significam mais nada. Nossa vontade não é
importante; a vontade e a escolha de Deus são decisivas”.

2. Martin Bucer(1491-1551), reformador de Strasburgo, em sua obra “Do Reino de Cristo”(1547


d.C)(, declara:

“O Reino de nosso Senhor Jesus Cristo é uma continuação e administração da salvação eterna aos
eleitos de Deus, pelo qual, Ele mesmo, Senhor nosso e Rei do céu, por sua doutrina e disciplina
administra mediante ministros especificamente ordenados com este fim... reúne consigo os seus
eleitos e os incorpora em Si mesmo e em sua Igreja e os governa nela de modo que, purificados
cada dia mais plenamente de seus pecados, podem viver melhor e mais bem-aventuradamente”.

Em outro lugar, ele diz:

“Portanto, o primeiro dever que você deve a Deus é crer que você foi predestinado por ele,
porque a menos que você creia nisso, você representá-lo como fazendo uma brincadeira com você
quando Ele te chama para a salvação através do evangelho. Porque pelo evangelho Ele convoca
você à justificação e à compartilhar da Sua glória, mas essas coisas só podem ser
experimentadas por aqueles que foram predestinados, conhecidos de antemão e eleitos para
fazê-lo”(Martin Bucer, ‘Predestination’, in Common Places of Martin Bucer, trans., and ed., D.F.
Wright [England: Sutton Courtenay Press, 1972], 96-105.)

3. Úlrico Zuínglio(1484-1531), sendo o pastor e pregador da Catedral de Zurique, foi o responsável


pela Reforma em Zurique. Em um de seus “Artigos de Fé”(1522 d.C), declara:
“Enquanto a Igreja, nós pensamos o que se segue: Nas Escrituras, a palavra se estende em diversos
sentidos, em primeiro, refere-se aos eleitos que foram predestinados pela vontade de Deus à
vida eterna”(6º Artigo).

4. João Calvino(1509-1564), o reformador de Genebra, em sua obra “As Institutas da Religião


Cristã”(1536), declara:

“A explicação deste mistério deve ser baseada no primeiro capítulo da Epístola aos Efésios(1:4,5),
onde Paulo, depois que ensinou que fomos eleitos em Cristo, acrescenta, ao mesmo tempo, que
no mesmo Cristo temos recebido favor divino. Como começou Deus a abraçar com seu favor
aqueles a quem havia amado antes de haver criado o mundo, senão no fato de haver revelado
seu amor quando foi reconciliado pelo sangue de Cristo”(II; 17:2).

“É notório que pela vontade de Deus sucede que a salvação é oferecida gratuitamente a uns,
enquanto que outros são impedidos de seu acesso”(III; 21:2).

5. Hugo Latimer(1487-1555), mártir e reformador anglicano, declara:

“No livro do registro de Deus, que é Cristo, porque assim está escrito, isto é, 'Deus tem tão
completamente amado o mundo que deu o seu Filho unigênito, para todo aquele que nele crê não
pereça, mas tenha da vida eterna'. Pelas quais se torna mais explícito, que Cristo é o livro da vida e
que todos os que crêem nele estão no mesmo livro, e assim são escolhidos para a vida eterna
apenas aqueles que são ordenados para crerem”(Sermão pregado sobre o Setuagésimo Domingo)

6. Thomas Ridley(+ 1555), mártir e reformador anglicano, declara:

“Pois o grande e insuportável insulto a Cristo, nosso Salvador, sua morte e paixão, que unicamente
era e é eternamente um sacrifício suficiente e útil, satisfatório para todos os eleitos de Deus,
desde Adão o primeiro ao último que deve nascer no fim do mundo"(Uma Lamentação
Comovente Sobre a Igreja).

(e)As Antigas Confissões de Fé Protestantes

1. A Confissão de Fé Valdense (1508), declara:

“É manifesto que tão somente os que são eleitos para a glória tornam-se portadores da
verdadeira fé”.

2. As Decisões de Chanforan (1532)(Valdense), declaram:

“Todos aqueles que tem sido e serão salvos foram eleitos por Deus antes da fundação do
mundo”(XIX).

3. A Confissão de Fé de Basiléia (1534)(Luterana), declara:

“Portanto nós confessamos que antes de criar o mundo, Deus escolheu todos aqueles que Ele
determinou conceder a herança da eterna salvação”(I).
4. O Catecismo de Genebra (1537), declara:

“P.96. Professor: Em que sentido chamais santa a Igreja? Aluno: Porque a todos os que Deus
elegeu, os justifica e os renova para a santidade e inocência de vida, para que nelas resplandeça
sua glória”.

5. A Confissão de Fé Saxônica (1551)(Luterana), declara:

“Deus nos faz entender, que a humanidade não nasceu por acaso, mas foi criada por Deus; e a
criou, não para a destruição eterna, mas que, da humanidade ele pudesse reunir para si uma
Igreja, para a qual, em toda a eternidade, ele possa comunicar sua sabedoria, bondade e alegria. E
ele terá seu Filho para ser visto, por quem e através de quem, com a sua sabedoria indizível, e
infinita misericórdia, ele tem reparado desta natureza miserável dos homens. Portanto, entre os
homens ele em todos os momentos tem um povo, para a qual ele entregou a doutrina acerca de
seu Filho, e no qual o próprio Filho cria mandamentos e preserva um ministério para manter e
estendeu essa doutrina; pelo que ele tem sido, é e será eficaz, e converterá muitos a si mesmo,
como Paulo manifestamente ensina... Além disso, este é um conforto doce, que os herdeiros da
vida eterna não são encontrados em outros lugares, exceto na companhia daqueles que são
chamados; de acordo com essa expressão, ‘quem ele escolheu , eles ele tem também
chamou’(Rm 8:30)”(XI).

6. A Confissão de Fé Escocesa (1560)(Reformada), declara:

“O mesmo eterno Deus e Pai, que somente pela graça nos escolheu em seu Filho, Jesus Cristo,
antes que fossem lançados os fundamentos do mundo, designou-o para ser nosso chefe, nosso
irmão, nosso pastor e o grande bispo de nossas almas... Por meio desta santíssima fraternidade,
tudo o que perdemos em Adão nos é de novo restituído, e por isso não tememos chamar a Deus
nosso Pai, não tanto por nos ter ele criado - o que temos em comum com os próprios réprobos –
como por nos ter dado o seu Filho unigênito para ser nosso irmão, e por nos ter concedido graça
para reconhecê-lo e abraçá-lo como nosso único Mediador...

“Assim também firmemente cremos que houve desde o princípio, há agora e haverá até o fim do
mundo uma só Igreja, isto é, uma sociedade e multidão de homens escolhidos por Deus, que
corretamente o adoram e aceitam, pela verdadeira fé em Jesus Cristo, o qual, só, é a Cabeça da
Igreja, assim como é ela o corpo e a esposa de Jesus Cristo. Essa Igreja é católica, isto é, universal,
porque compreende os escolhidos de todos os tempos, de todos os reinos, nações e línguas, ou
dos judeus ou dos gentios, que tenham comunhão e associação com Deus o Pai, e com seu Filho,
Jesus Cristo...”(V, XVI).

7. A Confissão de Fé Belga (1561)(Reformada), declara:

“Agora, aqueles que nasceram de novo têm duas vidas diferentes. Uma é corporal e temporária:
eles a trouxeram de seu primeiro nascimento e todos os homens a tem. A outra é espiritual e
celestial: ela lhes é dada no segundo nascimento que se realiza pela palavra do Evangelho, na
comunhão com o corpo de Cristo. Esta vida apenas os eleitos de Deus possuem”(XXXV).
8. O Catecismo de Heidelberg (1563)(Reformado), declara:

“P.54. O que você crê sobre ‘a santa igreja universal de Cristo’? R. Creio que o Filho de Deus reúne,
protege e conserva, dentre todo o gênero humano, sua comunidade eleita para a vida eterna.
Isto Ele fez por seu Espírito e sua Palavra, na unidade da verdadeira fé, desde o princípio do mundo
até o fim. Creio que sou membro vivo dessa igreja, agora e para sempre”.

9. A Segunda Confissão Helvética (1566)(Reformada), declara:

“Pois, como não havia salvação fora da arca de Noé, quando o mundo perecia no dilúvio,
igualmente cremos que não há salvação certa e segura fora de Cristo, que se oferece para o bem
dos eleitos na Igreja...”(XVII).

10. A Fórmula de Concórdia (1577)(Luterana), declara:

“Para mais ampla aceitação e para uso salutar da doutrina da ordenação de Deus para a salvação
também é pertinente o que se segue: desde que são salvos apenas os eleitos”(Declaração Sólida,
Capítulo XI, Parágrafo 25).

11. Os Artigos de Fé da Igreja da Inglaterra(1571)(Anglicanos) declaram:

“A predestinação para a vida é o eterno propósito de Deus, pelo qual (antes de lançados os
fundamentos do mundo) tem constantemente decretado por seu conselho, a nós oculto, livrar da
maldição e condenação os que elegeu em Cristo dentre o gênero humano, e conduzi-los por
Cristo à salvação eterna, como vasos feitos para a honra”(XVII).

12. Os Artigos Irlandeses de Religião (1611)(Anglicanos), declaram:

“Aqueles que são chamados para a vida são chamados segundo o propósito de Deus (seu Espírito
opera neles no devido tempo) e pela graça obedecem a vocação, são justificados gratuitamente;
são feitos filhos de Deus por adoção... Mas aqueles que não são predestinados à salvação são
finalmente condenados por seus pecados”(XV).

13. Os Cânones de Dort (1618-1619)(Reformados), declaram:

“Pois este foi o soberano conselho, a vontade graciosa e o propósito de Deus o Pai, que a eficácia
vivificante e salvífica da preciosíssima morte de seu Filho fosse estendida a todos os eleitos. Pois
este foi o soberano conselho, a vontade graciosa e o propósito de Deus o Pai, que a eficácia
vivificante e salvífica da preciosíssima morte de seu Filho fosse estendida a todos os
eleitos”(Capítulo II, Artigo VIII).

14. A Confissão de Fé de Cyril Lucar(1572-1637), patriarca da Igreja Ortodoxa Grega (convertido ao


evangelho mediante a pregação bíblica do Cristianismo Reformado), datada de 1632, declara:

“Nós cremos que os membros da Igreja Universal são santos, escolhidos para a vida eterna, do
número e da união dos quais os hipócritas estão excluídos, ainda que em particular o joio possa ser
encontrado no meio das igrejas visíveis”(XI).

15. A Confissão de Fé Batista de 1644, declara:

“Cristo Jesus, por sua morte, produziu a salvação e a reconciliação somente para os eleitos; os
quais são aqueles a quem Deus o Pai lhe deu”(XXI).

16. O Catecismo Menor de Westminster(1647)(Reformado), declara:

“P. 20. Deixou Deus todo o gênero humano perecer no estado de pecado e miséria? R. Tendo Deus,
unicamente pela sua boa vontade desde toda a eternidade, escolhido alguns para a vida eterna,
entrou com eles em um pacto de graça, para os livrar do estado de pecado e miséria, e trazer a um
estado de salvação por meio de um Redentor”.

17. O Catecismo Maior de Westminster (1648)(Reformado), declara:

“P. 30. Deixa Deus todo o gênero humano perecer no estado de pecado e miséria? R. Deus não
deixa todos os homens perecer no estado de pecado e miséria, em que caíram pela violação do
primeiro pacto comumente chamado o pacto das obras; mas, por puro amor e misericórdia livra
os escolhidos desse estado e os introduz num estado de salvação pelo segundo pacto
comumente chamado o pacto da graça”.

18. A Confissão de Fé de Westminster (1643-1649)(Reformada), declara:

“Assim como Deus destinou os eleitos para a glória, assim também, pelo eterno e mui livre
propósito da sua vontade, preordenou todos os meios conducentes a esse fim; os que, portanto,
são eleitos, achando-se caídos em Adão, são remidos por Cristo...”(III:6).

19. A Confissão de Fé dos Valdenses (1655), declara:

“Cremos que Deus amou tanto o mundo, isto é, aqueles a quem Ele escolheu do mundo, que Ele
deu seu próprio Filho para nos salvar pela sua mais perfeita obediência (especialmente aquela
obediência que Ele manifestou ao sofrer a maldita morte de cruz), e também pela Sua vitória sobre
o diabo, o pecado e a morte... Cremos que esta Igreja é a companhia dos fiéis que, havendo sido
eleitos por Deus antes da fundação do mundo, e chamados com uma santa vocação, unem-se a
seguir a Palavra de Deus, crendo em tudo que Ele lhes ensina nEle, e vivendo em Seu temor”(XIV;
XXV).

20. A Declaração de Fé e Ordem de Savoy(1658)(Congregacional), declara:

“Além dos eleitos não há nenhum outro que seja remido por Cristo, eficazmente chamado,
justificado, adotado, santificado e salvo”(III:6).

21. A Fórmula Consensus Helvética(1675)(Reformada), declara:

“Ele (Deus) elegeu um número certo e definido (de pecadores) para conduzí-los, no tempo, para
a salvação em Cristo, seu Fiador e único Mediador. E conforme o seu mérito, pelo grande poder
regenerador do Espírito Santo, Ele decretou que estes eleitos sejam eficazmente chamados,
regenerados e adotados através da fé e arrependimento”(Canon IV).

22. A Confissão de Fé Batista de 1689, declara:

“Desde a eternidade, Deus decretou justificar a todos os eleitos. Vindo a plenitude do tempo,
Cristo morreu pelos pecados e ressuscitou pela justificação deles”(XI:4).

22. A Confissão de Fé Metodista Calvinista de Gales(1823), declara:

“Desde a eternidade, Deus criou um misericordioso plano ou pacto, ordenado em todas as coisas e
infalível. As partes deste pacto são as benditas pessoas da Trindade... O Filho, como cabeça e
fiador do pacto, representa e se coloca no lugar de todos aqueles da raça humana são eleitos e
crêem nEle para a salvação... A causa original dessa redenção é o infinito amor e a graça da
Trindade. No eterno decreto e conselho entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo, para a redenção dos
pecadores, o Filho foi escolhido para ser o Redentor e foi determinado que Ele assumiria a
natureza humana, para que fosse nosso parente, com o direito de redimir seus irmãos. E foi
determinado que sua Pessoa deveria se colocar no lugar dessas pessoas (e somente dessas), que
foram dadas a Ele para serem redimidas. Na plenitude dos tempos, Ele nasceu de uma mulher,
nascido debaixo da lei, que, pela imputação dos pecados deles sobre Si, Ele podia redimir esses
que foram dados a Ele. Ele portanto redimiu uma incontável multidão, realizando uma expiação
completa por todos os pecados deles"(Capítulos 13 e 18).

23. A Confissão de Fé Congregacional(Declaração de Fé da Aliança das Igrejas Evangélicas


Congregacionais do Brasil[2014]), declara:

“Deus, desde a eternidade, decretou justificar todos os eleitos, e Cristo, na plenitude do tempo,
morreu pelos pecados deles e ressuscitou para sua justificação”(XII:4).

(f) O testemunho de várias Igrejas:

1. As Igrejas Reformadas do Brasil

Em seu hinário - ‘Salmos e Hinos’ – afirmam:

“Na morte de Cristo o Salvador,


A morte nos foi derrotada,
Nem uma gota do sangue eficaz,
Em vão foi na cruz derramada”(79:3).

2. Os Luteranos:

O Dr. Heinrich Meyer(1800-1873), declara:

“Lucas atenta para a concepção de Paulo, que cria que aqueles gentios estavam se comportando
em conformidade com o destino deles, já ordenado por Deus (a saber), para participarem da vida
eterna. Nem todos em geral se tornaram crentes, mas todos aqueles que foram divinamente
destinados a isso; e não os demais”(Comentário de Atos 13:48).

E no “Hinário Evangélico Luterano”(1956), lemos:

“Ó escolhida geração
Do bom, eterno Pai,
Ao grande Autor da salvação
Com glória coroai!"(16:2)

"É pão dos escolhidos


O corpo do Senhor"(159:1)

“Sejam graça e amor pregados


Para dar aos povos luz;
Dos caminhos e valados
Chama-os junto a ti, Jesus.
Livra os que predestinastes,
Do poder de Satanás
Pois para eles preparaste
Moradia em plena paz"(139:6)

“Celestes companhias,
De cima, envia Deus.
Num carro, qual Elias,
Minha alma sobe aos céus.

Que povos vêm ali? Pasmado estou!


Seus escolhidos são,
Que Deus por graça em Cristo destinou
Para a feliz mansão”(329:3,4)

3. Os Presbiterianos.

O Rev. Duane E. Spencer, declara:

“Cristo não morreu por todos! A expiação é limitada! A redenção é particular! Só a noiva eleita
de Cristo (a igreja) é o objeto do amor de Deus... Quando Cristo deu sua vida na cruz do Calvário,
deu-a por suas ovelhas, os eleitos do Pai!”(TULIP – Os Cinco Pontos do Calvinismo à Luz das
Escrituras, pp.47,49).

4. Os Anglicanos

O Bispo J. C. Ryle(1816-1900), declara:

“Aprendemos destas palavras a grande e profunda verdade da eleição de Deus e da chamada de


um povo deste mundo para a vida eterna. O Pai desde a eternidade deu a seu Filho um povo
para ser sua propriedade particular. Aprendemos destas palavras o grande sinal dos eleitos de
Deus, os quais Ele deu a Cristo – todos eles vem a Cristo pela fé”(Comentário de João 6:37).

5. Os Congregacionais

John Owen(1616-1683), declara:

“Cristo morreu somente pelos eleitos de Deus”(Por Quem Cristo Morreu? p.91).

Os ‘congregacionais’ da UIECB são contrários a doutrina bíblica-reformada da expiação


limitada(Vanderli Carrero, Nossa Doutrina, p.131). Mas, mesmo em seu hinário – ‘Salmos e Hinos’
– encontramos a expiação limitada, como se segue. Por exemplo, no hino “Oração por Israel”,
lemos:

“Misericórdia mostrará,
Ao povo que escolheu;
Das almas cegas romperá,
Em Cristo, o escuro véu”(533:3).

E no hino “Clara Luz”, lemos:

“És eleito – me declara -


Tens em Cristo redenção”(561:2).

E no hino “Pão dos Escolhidos”, lemos:

“O Pão dos escolhidos,


O corpo do Senhor,
É vida dos remidos,
É graça, paz e amor”(547:1).

6. Os Batistas

John Bunyan(1628-1688), em sua obra “Reprovação Assegurada”(1674 d.C), declara:

“Ora, quanto aos eleitos, mediante esse decreto eles são confinados ao número limitado que
formarão a plenitude do corpo místico de Cristo; de tal maneira foram confinados, por esse
propósito eterno, que nada poderá aumentar ou diminuir esse número... Se os eleitos fossem
deixados entregues a si mesmos, eles, pela iniquidade de seus próprios corações, pareceriam
como os demais. Tampouco poderiam, todos os argumentos razoáveis e persuasivos do evangelho
de Deus em Cristo prevalecer, para fazer uma pessoa receber o evangelho e viver... vemos, pois,
que também existe a graça da eleição, e essa graça predomina e vence o espírito dos escolhidos.
Há um remanescente que recebe esta graça; eles são destinados a isso, desde antes da fundação
do mundo. Em seu tempo de vida, eles são preservados daquilo que iria arruiná-los, e recebem o
poder de abraçar o glorioso evangelho da graça, e paz, e vida”.
A CBB (Convenção Batista Brasileira), apesar de negar a expiação particular de seu credo, não a
extinguiu totalmente de seu hinário - ‘Cantor Cristão’ – que canta:

“Ó escolhida geração,
Do bom, eterno Pai, (bis)
O grande Autor da salvação,
Com glória coroai!”(60:2).

O Dr. E. C. Dargan, no livro publicado pela Casa Publicadora Batista em 1952, afirma:

“Deus dá da salvação aqueles que Ele escolhe e predestina”(As Doutrinas de Nossa Fé, p.99).

7. Os Metodistas

a. George Whitefield(1714-1770), o pai do metodismo, em seu sermão “Cristo: Sabedoria, Justiça,


Santificação e Redenção do Crente”, declara:

“A esse concerto nosso Senhor se refere naquela ocasião gloriosa registrada no capítulo 17 de
João, e por isso ora pedindo, ou mesmo reivindicando com plena segurança, todos aqueles que
Lhe foram dados pelo Pai: ‘Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os
que me deste’. Por esta mesma razão o apóstolo irrompe em louvores a Deus, ao Pai de nosso
Senhor Jesus Cristo, pois Ele amou os eleitos com um amor eterno, ou, como nosso Senhor o
expressou: ‘antes da fundação do mundo’”(p.4).

b. John Wesley[1703-1791, có-fundador do metodismo, e apesar de arminiano, afirma que todos


os papas de Roma estão destinados a morte eterna. Em sua "Nota sobre 2 Tessalonicenses 2:3",
ele declara:

"Sem dúvida, em muitos sentidos, é inegável que o Papa tem direito a estes títulos. É
manifestadamente o homem do pecado posto que seu pecado aumenta de forma desmedida. E é
também correto chama-lo filho da perdição porque tem provocado a morte de multidões de
pessoas, tanto entre opositores como seguidores, destruindo inúmeras almas, de modo que ele
mesmo morrerá para sempre”.

Posteriormente, falando sobre aqueles que serão destruídos por Cristo, durante a sua segunda
vinda, diz que estes não tem nenhuma condição de antes disso, serem convertidos ou de ouvirem
o evangelho. Em sua “Nota Sobre 2 Tessalonicenses 1:9”, diz:

“Portanto, devem ser afastados de qualquer manifestação do bem, e de qualquer possibilidade


de ceder a ele”.

Wesley, explicitamente reconhecia que, pelo ensino de nosso Senhor, os beneficiados pela sua
morte expiatória, não seriam todos os homens, mas apenas alguns deles:

“O que, em primeiro lugar, se propõe mostrar é que muitos dos judeus serão rejeitados e muitos
dos gentios seriam”(Nota Sobre Mateus 20:1).
“Também Isaías testifica que (assim como muitos gentios seriam aceitos), muitos judeus serão
rejeitados: de todos os milhares de israelitas, somente o remanescente será salvo”(Nota Sobre
Romanos 9:27).

“Podiam ter sabido pela boca de Moisés e Isaías, que muitos gentios seriam aceitos e muitos
judeus rejeitados”(Nota Sobre Romanos 10:19).

Assim, de acordo com Wesley, o ensino dos profetas indicava de antemão que Cristo morreria, não
por todos, mas por alguns.

Por fim, em sua “Nota Sobre Mateus 23:33”, Wesley afirma explícitamente que nosso Senhor
havia deliberadamente excluído alguns de serem objetos de sua morte expiatória:

“Havendo perdido toda a esperança de recuperar a estes, nosso Senhor fala com o propósito de
atemorizar à outros para que não cometam os mesmos pecados”.

Apesar dos metodistas brasileiros serem arminianos e rejeitarem a expiação limitada(José


Goncalves Salvador; Arminianismo e Metodismo, pp.39,46,105-106), não conseguiram extirpar a
doutrina da expiação limitada de seu hinário, visto que o seu hinário - ‘Hinário Evangélico’ –
declara:

“O Pão dos escolhidos,


O corpo do Senhor,
É vida dos remidos”(192:1).

“És eleito – me declara -


Tens em Cristo redenção”(353:2).

8.A Igreja do Nazareno

Em seu hinário “Louvor e Adoração”, esta igreja canta:

“Ó escolhida geração,
Do bom, eterno Pai,
Do bom, eterno Pai,
O grande Autor da salvação,
Com glória coroai!

Ó perdoados, cujo amor,


Bem triunfante vai;
Bem triunfante vai;
O Deus-Varão, Conquistador"(44:2-3)

"Outras ovelhas ainda estão


Longe de Deus, sem salvação;
Nunca o Pastor deseja ver
Qualquer ovelha se perder”(304:3)

9. Os Pentecostais (Assembleias de Deus)

Apesar de serem oficialmente contrárias a doutrina bíblica-reformada da expiação


particular(Mensageiro da Paz, Abril de 1997, p.11), algumas autoridades das AD se quedaram
diante da veracidade desta doutrina, afirmando:

“Atos 13:48 diz: ‘E os gentios, ouvindo isto, alegraram-se, e glorificavam a palavra do Senhor; e
creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna’. O versículo faz uma declaração
marcante a respeito da ordenação de alguns para a vida eterna. Embora o fato não seja
diretamente mencionado aqui, é Deus quem assim ordenou. Aqueles que entre nós que não temos
fortes convicções calvinistas não devemos enfraquecer essa declaração, a fim de adequá-la à nossa
posição teológica”(Stanley Horton., Teologia Sistemática, Uma Perspectiva Pentecostal, p.726).

E mesmo no hinário das AD – ‘Harpa Cristã’ – a doutrina da expiação particular não foi totalmente
extirpada. Por exemplo, no hino “Em Belém”, lemos:

“Só mesmo o tão profundo amor,


Do nosso bendito Deus,
Mandava ao mundo de horror,
O Seu Filho, pra salvar os Seus”(475:4).

E no hino “O Amor do Criador”, lemos:

“Já dantes desta criação,


Jesus me preparava,
A mais perfeita salvação;
Oh! Quanto a mim amava!”(219:2).

E no hino “O Nome Precioso”, declara:

“Por Ele abençoada é toda a nação,


Que foi predestinada à grande vocação”(135:3).

10 – Os Neo-Pentecostais

A IURD, em seu hinário - ‘Louvores do Reino’, declara:

“Olha o novo Israel,


Pela fé descendente de Abrãao,
Um povo remido na Terra,
Eleito pra morar em Sião”(140:1).

“’Vem cear’, o Mestre chama, ‘Vem cear’,


Mesmo hoje tu te podes saciar,
Poucos pães multiplicou,
Vem faminto, a Jesus, ‘Vem cear’”(221).

Capítulo 7 – Refutando a Acusação Arminiana Pentecostal

O Sr. Antônio Gilberto, ministro das Assembléias de Deus, em sua “refutação” à doutrina bíblica-
reformada da expiação particular(ou limitada), em uma das revistas de escola dominical de sua
igreja, afirma:

“Não cremos no ensino que afirma quer ‘Cristo morreu apenas pelos eleitos’. Isto conduz ao
relaxamento espiritual de quem é crente, e, no desinteresse pela evangelização, uma vez que
Deus já escolheu (segundo dizem) os que estão destinados à perdição”(Lições Bíblicas nº 32,
[Maturidade Cristã], Jovens e Adultos, Revista do Aluno, 4º Trimestre de 1992, p.39).

Evidentemente, a afirmação arminiana pentecostal, sem dúvida alguma, põe em dúvida a


integridade da grande maioria dos homens mais usados por Deus, e muitos destes, são
reverenciados até pelos arminianos pentecostais. Por isso, é necessário ouvir o testemunho dos
escritores arminianos, sobre a vida de muitos eminentes homens usados por Deus, apologistas da
expiação limitada. Pondere conosco:

a. Justino de Roma(89-165)

Sobre esse homem, N. L. Olson, ministro arminiano pentecostal, declara:

“Este pastor converteu-se aos 30 anos de idade, cerca do ano 130, e foi martirizado no ano 165
d.C”(O Batismo Bíblico e a Trindade, pp.66,67)

A revista “Defesa da Fé”(Ano 7, nº 51, Dezembro de 2002), de maioria arminiana, diz que Justino
“dedicou sua vida à difusão e ao ensino do Cristianismo”(p.18).

Os historiadores racinianos A. Knight e W. Anglin chamam-no “o mártir Justino”(História do


Cristianismo, p.27).

b. Irineu(130-200)

Falando desse homem, N. L. Olson declara:

“Um dos líderes da igreja durante o segundo século foi Irineu, cerca o ano 180 d.C. Ele era bispo
de Lyon, na Gália (hoje França), tendo sido discípulo de Policarpo que, por sua vez, foi discípulo e
contemporâneo do apóstolo João. No seu segundo livro ‘Contra as Heresias’(180 d.C), ele expôs
qual a crença ou posição doutrinária da Igreja Apostólica. Foi o primeiro teólogo sistemático da
Igreja e conhecedor da sua teologia”(O Batismo Bíblico e a Trindade, p.91)

Os historiadores arminianos A. Knight e W. Anglin dizem sobre ele:

“No mesmo ano morreu Irineu, bispo de Lyon, um amigo sincero das almas, e zeloso defensor da
verdade. Resistiu a Vitor, que era então bispo de Roma, homem de muita arrogância e pouca
piedade; e escreveu-lhe uma carta sinódica em nome das igrejas galicanas... Irineu teve muitas
contendas com os falsos ensinadores do seu tempo cujo número ía, infelizmente, aumentando
com grande rapidez; e o seu zelo em pouco tempo fez cair sobre ele o ressentimento do
imperador. Foi conduzido ao cume de um monte, juntamente com mais alguns cristãos, e tendo se
recusado a oferecer sacrifícios, foi degolado”(História do Cristianismo, pp.33,34).
A revista “Defesa da Fé”(Ano 7, nº 51, Dezembro de 2002), falando dele, diz:

“Irineu contribuiu na refutação contra as heresias e na exposição do cristianismo


apostólico”(p.18).

c. Clemente de Alexandria(155-255)

Falando sobre ele, Claudionor Correa de Andrade, ministro arminiano, diz que Clemente “era
inteirado de forma mais completa na doutrina cristã”(Dicionário Teológico, Edição de 2001,
p.306).

d. Origenes(185-254)

Falando desse homem, o escritor arminiano Philip Wesley disse:

“O eminente nome cristão do século III é Orígenes. Primoroso erudito e exegeta...”(A Orígem da
Bíblia, p.108).

e. Agostinho(354-430)

Claudionor Correa de Andrade, ministro arminiano pentecostal, se refere a Agostinho como “o


maior teólogo da Igreja Primitiva”(Dicionário Teológico, Edição de 2001, p.297). Já os historiadores
arminianos A. Knight e A. Anglin, declaram:

“Mas Deus que vê o fim desde o princípio, já tinha preparado um homem para combater esse povo
inimigo (os pelagianos). Este homem foi Agostinho, bispo de Hipo; ele foi uma das luzes mais
resplandecentes que jamais brilharam na igreja... Estudou as Escrituras Sagradas com muito
aproveitamento. Quando tornou a aparecer em público foi ordenado presbítero e foi um pregador
célebre em Fippo Rígio, onde alguns anos mais tarde foi elevado a bispo. Por todo o resto de sua
vida continuou sempre a ser um fiel ministro da verdade, e distinguiu-se principalmente pela
habilidade e energia com que combatia as doutrinas de um herege, Mani, e as de Pelágio... Este
bispo fiel morreu em Hipo, no ano 430...”(História do Cristianismo, pp.66-68).

Michael Palmer, falando de Agostinho, se refere a ele como “o indivíduo mais importante na
história da Igreja depois do período apostólico”(Panorama do Pensamento Cristão, CPAD, p.118).

E a revista “Defesa da Fé”(Ano 7 – nº 51 – Dezembro de 2002), declara, também falando dele:

“(Agostinho)ficou conhecido como o filósofo e teólogo de Hipona. Polemista capaz, pregador de


talento, administrador episcopal competente e teólogo notável, criou uma filosofia cristã da
história que continua válida até hoje”(p.210).

Será que estas definições caem bem para alguém ‘espiritualmente relaxado’?

f. Thomas Bradwardine(1290-1349)

Os historiadores arminianos A. Knight e W. Anglin o definem como “o piedoso e sábio”(História


do Cristianismo, p.181). Uma definição estranha para alguém ‘espiritualmente relaxado’?!

g. John Wyclif(1324-1384)

Sobre este pre-reformador, os historiadores arminianos A. Knight e W. Anglin afirmam:

“Era Wycliff nesse tempo professor da Universidade, mas isso não o impediu de continuar no seu
trabalho pelo Senhor, e, aos domingos, despia sua toga de professor e pregava ao povo o
Evangelho simples na linguagem do povo... A classe popular estimava-o porque ele se interessava
pela sua causa e lhes explicava as Sagradas Escrituras em linguagem que podiam compreender;
os fidalgos eram seus amigos porque ajudava a resistir ao claro; e em Oxford não era menos
estimado pela sua piedade do que respeitado pelo seu saber”(História do Cristianismo,
pp.184,185).

Outro escritor arminiano, Abraão de Almeida, falando de Wyclif, declara:

“John Wycliff, o primeiro precursor da Reforma, era professor de Oxford. Conhecendo a Palavra de
Deus e desejando salvar o seu povo da tirania papal, ele escreveu tratados em defesa da
verdadeira fé e também traduziu toda a Bíblia para a língua inglesa...”(Lições da História Que Não
Podemos Esquecer, p.139)

Uma definição estranha para alguém ‘espiritualmente relaxado’?! Pode alguém ser mais
interessado pela evangelização de seu povo, do que alguém que coloca a Bíblia nas mãos de seu
próprio povo?

h. John Huss(1369-1415)

Sobre este, os historiadores arminianos A. Knight e W. Anglin afirmam:

“Era homem de saber profundo, de um entendimento claro... As suas maneiras eram claras e
dignas; a sua moral austera e irrepreensível. Assim, como Wycliff, pregava sempre ao povo na sua
própria língua...”(História do Cristianismo, p.190,191).

Outro escritor arminiano, Claudionor Correa de Andrade, afirmava que Huss “pregava à volta ao
Cristianismo singelo e puro do Novo Testamento”(Dicionário Teológico, Edição de 2001, p.316).

Abraão de Almeida, outro escritor arminiano, afirma que Huss “arrebatava as multidões com seus
sermões genuinamente bíblicos... Um grande homem de Deus... zeloso”(A Reforma Protestante,
pp.20,35).

A revista “Defesa da Fé”(Ano 7 – nº 51 – Dezembro de 2002), de maioria arminiana, afirma que


Huss “pregou a Bíblia como autoridade... Com o movimento, Huss pôde dar impulso à Reforma
que pregava de púlpito... Huss morreu entoando salmos”(p.31).

Que definições estranhas para alguém ‘espiritualmente relaxado’?!

i. Jerônimo Savonarola(1452-1498)
Orlando Boyer, ministro arminiano pentecostal, falando de Savonarola, afirma:

“O pregador Jerônimo Savonarola, abrasado com o fogo do Espírito Santo e sentindo a iminência
do julgamento de Deus, trovejava contra o vício, o crime e a corrupção desenfreada na própria
igreja... Alimentava continuamente a alma com a Palavra de Deus.... Passava noites inteiras em
oração...”(Heróis da Fé, pp.15,19,20,16).

Os historiadores arminianos A. Knight e W. Anglin afirmam dele:

“Mas o que chamou a atenção de Roma a ele foi a sua fama como pregador e, fora do seu
convento, as suas inexoráveis denúncias contra o papa; os seus ataques aos vícios do clero; as
suas lamentações pelo torpor das coisas espirituais naquele tempo”(História do Cristianismo,
p.201)

A revista “Defesa da Fé”(Ano 7 – nº 51 – Dezembro de 2002), declara:

“...pregava, como um dos profetas hebreus, para vastas multidões que enchiam a catedral. Seus
sermões eram contra a sensualidade e o pecado da cidade e os vícios do papa... Esse homem de
Deus nos ensinou o que é fervor verdadeiro diante de uma sociedade corrompida!”(p.31).

Que definições estranhas para alguém ‘espiritualmente relaxado’?!

j. Martinho Lutero(1483-1546)

Sobre ele, declaram os historiadores arminianos A. Knight e W. Anglin:

“(Lutero)começou a sua obra favorita, e talvez a maior de todas – a tradução da Bíblia... o povo
alemão tinha agora uma Bíblia completa na sua própria língua, e isto contribuiu para a
consolidação e propagação das doutrinas reformadas do que todos os escritos de Lutero
juntos.... e quando Lutero pregou o seu primeiro sermão em Leipzig, aquela grande multidão de
gente caiu de joelhos e bendisse a Deus pela Palavra que seu servo tinha o privilégio de
falar”(História do Cristianismo, pp.229-230).

Orlando Boyer, outro ministro arminiano pentecostal, falando de Lutero, declara:

“...ele conhecia a Bíblia, como ninguém podia conhece-la... Lutero conhecia intimamente e amava
o autor do Livro. O resultado foi que o seu coração abrasou-se com o fogo e poder do Espírito
Santo... era pregador de grande porte. Considerava-se como sendo nada; a mensagem saia-lhe do
íntimo do coração: o povo sentia a presença de Deus. Em Zwickau pregou a um auditório de vinte
e cinco mil pessoas na praça pública.

Os homens geralmente querem atribuir o grande êxito de Lutero à sua extraordinária inteligência e
aos seus destacados dons. O fato é que Lutero também tinha o costume de orar horas a fio...
Contudo, este homem que perseverou em oração, deixou gravadas, não no metal que perece,
mas em centenas de milhões de almas imortais, a Palavra de Deus que dará frutos para toda a
eternidade”(Heróis da Fé, pp.36,38-39).
Que definições estranhas para alguém ‘espiritualmente relaxado’?! Pode alguém ser mais
interessado pela evangelização de seu povo, do que alguém que coloca a Bíblia nas mãos de seu
próprio povo? Que obra maior de evangelização do que a própria tradução da Bíblia, e o coloca-la
nas mãos do povo?

l. Úlrico Zuínglio(1484-1531)

Sobre este reformador, os historiadores arminianos A. Knight e W. Anglin, declaram:

“...seu zelo na obra da Reforma foi estimulado pelas descobertas que ali fez. Os seus trabalhos na
Ermitagem foram abençoados, e o administrador Gerodseck e vários monges foram convertidos...
Depois de um ministério fiel de três anos em Einsiedelnb, o reitor e os cônegos da igreja catedral
de Zurique convidaram-no para ser seu pastor e pregador, sendo este convite aceito....

“Quando ele pregava na catedral, reuniram-se milhares de pessoas para o ouvir... e muitos foram
os que obtiveram bênçãos eternas por meio do Evangelho puro e claro, enquanto que todos
admiraram-se do que ouviam. Era grande a sua fé no poder da Palavra de Deus para converter as
almas sem explicações humanas... No púlpito, diz Myconius, não poupava ninguém. Nem papa,
nem prelados, nem reis, nem duques, nem príncipes, nem senhores, nem pessoa alguma. Nunca
tinham ouvido um homem falar com tanta autoridade...

O poder da sua pregação aumentava sempre, e seguiu-se um tempo de muitas bençãos,


convertendo-se centenas de pessoas; e por este motivo os padres ficavam encolerizados e
indignados... e o reformador recebia constantes incentivos para a obra e as mais agradáveis provas
de que Deus estava com ele...

Mais tarde ainda, chegou a notícia da conversão das freiras do poderoso convento de
Konisgsfeldt, onde os escritos de Zuínglio tinham entrado; e o coração do reformador exultou
quando recebeu uma carta que lhe tinha sido dirigida por uma dessas convertidas”(História do
Cristianismo, pp.221-225).

A revista “Defesa da Fé”(Ano 7 – nº 51 – Dezembro de 2002), o define como “erudito,


democrático e sincero”(p.40).

Que definições estranhas para alguém ‘espiritualmente relaxado’ e ‘desinteressado pela


evangelização’!!!

m. João Calvino(1509-1564)

Falando sobre Calvino, o ministro arminiano pentecostal N. Lawrence Olson, declara:

“Este grande reformador viveu entre 1509 a 1564 e foi grandemente usado por Deus para trazer
novamente a luz do Evangelho ao mundo, após tantos séculos de obscurantismo. Suas opiniões
teológicas são estudadas até hoje por todos que exercem liderança espiritual”(O Batismo Bíblico e
a Trindade,p.71).
O escritor arminiano pentecostal Abraão de Almeida, também declara, falando de Calvino:

“Instado por Farelk, João Calvino aceitou liderar a Reforma naquela cidade e pôs mãos à obra...
Vai para Estrasburgo, mas em 1541 retorna a Genebra e leva adiante a tarefa de fazer daquela
cidade turbulenta e dissoluta um modelo de um centro protestante para a difusão da Palavra de
Deus.

Trabalhando diuturnamente durante o seu longo ministério de vinte e quatro anos, Calvino
praticamente conseguiu o seu intento. A Igreja, bem organizada, possuía um presbitério que
vigiava a conduta do povo e dos ministros; um serviço de assistência social, a cargo dos diáconos, e
uma academia onde se ensinava teologia e preparavam-se obreiros para a evangelização de
outros povos. Enfim, Genebra tornou-se uma cidade notável, pela ordem, pela cultura e pelo
cristianismo bíblico que era ali ardorosamente vivido...

Por sua obra em Genebra, Calvino alcançou três benefícios para o protestantismo em geral. A vida
moral da cidade foi um exemplo do que a fé reformada podia realizar, e daí o poder de sua
propaganda. Genebra foi a cidadela de refúgio para os perseguidos por causa da Reforma. Para
esta cidade livre, veio gente da França, Holanda, Alemanha, Escócia e Inglaterra. Os refugiados
nela encontraram um lar apropriado e foi também um lugar de preparo para os líderes do
Protestantismo. Em sua Academia e no ambiente da cidade foram preparados ministros
devotados, instruídos e destemidos, que se espalharam como missionários da Reforma, pelos
países onde esta ainda não havia entrado"(A Reforma Protestante [CPAD], pp.107,108).

Severino Pedro da Silva, outro ministro arminiano pentecostal, declara, falando de Calvino:

“João Calvino, o maior teólogo do Cristianismo depois de Agostinho, bispo de Hipona... Na casa
dele, Calvino discursava sobre o Evangelho de Cristo com extraordinário fervor, para um grupo de
crentes. Abandonando seus estudos, consagrou a plenitude de suas forças a propagar a fé de
Cristo, segundo se revela nas Escrituras Sagradas... O vemos completamente desvinculado da
Igreja Romana e sendo o principal cérebro da Reforma na França. Sua luz não pode ser
escondida... Por fim Calvino foi se refugiar em Basiléia, na Suiça, onde aos 25 anos de idade, deu
ao mundo o seu famoso livro 'As Institutas da Religião Cristã', isto é, Instrução Básica na Religião
Cristã', escrito em latim, e no qual delineou as grandes doutrinas cristãs fundamentais, era um
sistema completo de teologia, lógico e contundente, e exerceu uma profunda influência no
pensamento da humanidade"(A Doutrina da Predestinação, [CPAD], pp.16-18).

Os historiadores arminianos A. Knight e W. Anglin falando sobre a primeira influência de Calvino


sobre Genebra, diz:

"...firmou-se em Genebra. Foi nomeado professor de teologia e começou um árduo ministério de


vinte e oito anos, como pastor de uma das mais importantes igrejas da cidade; e aqui estendeu
logo a sua influência a todos os países da Europa... Foi ele considerado o inimigo mais perigoso e
implacável de Roma do que Lutero... Mas o povo de Genebra não podia desde logo habituar-se às
medidas de Reforma que Calvino introduziu. Toda a cidade havia caído no vício e no papismo, e os
seus novecentos padres governavam a consciência do povo, que não gostava das restrições que
Calvino impunha aos seus cantos, às suas danças, e a outros divertimentos mundanos nem
tampouco tolerava as suas censuras severas aos pecados menos públicos e que muitos não eram
estranhos; e quando por fim os proibiu de virem ao altar, e os mandou embora com palavras de
censura, o povo levantou-se em massa e expulsou-o da cidade

Mas em breve quiseram que ele voltasse outra vez. A cidade estava em desordem, devido aos
encolerizados bandos de papistas, e libertinos, e a sua presença era ali muito necessária. Os
próprios que o tinham expulsado começaram a clamar em altos brados pela sua volta.
'Chamemos de novo o homem que queria reformar a nossa fé, a nossa moral e as nossas
liberdades’, diziam eles. E assim no ano de 1540, foi resolvido pelo Conselho dos Duzentos que,
com o fim de promover a glória de Deus, se procurassem todos os meios para que Calvino
voltassem como pregador"(História do Cristianismo, pp.253,254).

A revista “Defesa da Fé”( Ano 7 – nº 51 – Dezembro de 2002), diz dele:

“(Calvino)foi considerado o maior teólogo da cristandade... João Calvino envia ao Brasil um


grupo de colonos e pastores reformados, que fixam na ‘França Antártica1, uma das ilhas da baía
da Guanabara no Rio de Janeiro. Os evangélicos franceses realizaram o primeiro culto protestante
do Brasil e, possivelmente, no Novo Mundo. Também foram os autores da bela ‘Confissão de Fé da
Guanabara’”(pp.42,43).

Claudionor Correa de Andrade, ministro arminiano pentecostal, declara:

“Conhecido como o grande sistematizador dos postulados cristãos, Calvino ostentava como texto-
áureo de seu labor teológico esta oração latina 'Sola Scriptura'. Tendo em vista este
princípio(Somente a Escritura), Calvino pode ser considerado um teólogo essencialmente
bíblico"(Dicionário Teológico, edição de 1996, p.65).

O teólogo metodista arminiano David S. Schaff, declara:

“Os comentários de Calvino são um monumento de exposição crítica dos livros bíblicos”(Nossa
Crença e a de Nossos Pais, p.56).

Por fim, outro ministro arminiano pentecostal, Abraão de Almeida, diz:

“Podemos melhor aprender o conteúdo da doutrina de Calvino através das palavras da Confissão
de Fé de Westminster, de 1647”(Lições da História Que Não Podemos Esquecer, p.234).

n. Os Moravianos

A revista “Defesa da Fé”( Ano 7 – nº 51 – Dezembro de 2002), falando deste movimento, declara:

“Sob o impacto da frase acima, nascia, em 1727, o maior avivamento missionário da história cristã.
Desde a igreja primitiva até nossos dias, nada mais surgiu com a mesma força e intensidade com
que os Irmãos Moravianos evangelizaram o mundo... Nicolas Ludwing Von Zinzendorf...
conseguiu, em 1732, cartas junto ao rei para evangelizar povos não-alcançados. Com isso,
organizou o movimento missionário que se tornou um dos principais de todos os tempos: os
morávios. O nome é justificado por tratar-se de um projeto missionário nascido na pequena
comunidade cristã da Morávia, república tcheca. No início do movimento, as reuniões de oração,
os cânticos e/ou estudos bíblicos, realizados diariamente, passaram a ser permanentes... Durante
24 horas, todos os dias, havia oração e os irmãos se revezavam em rodízio. Foi a reunião de oração
mais longa da história cristã, pois durou mais de um século”(pp.44.45).

Fazendo alusão a este grupo, os historiadores arminianos A. Knight e W. Anglin declaram:

“Esta igreja foi composta de taboritas (hussitas), valdenses, e crentes da Alemanha, e foi desta
igreja que o bom Zinzendorf escolheu o grupo com que formou a sua sociedade em Hernhut que
depois mandou tantos missionários pioneiros para terras estrangeiras”(História do Cristianismo,
pp.335-336).

Este fato mostra os que mesmo os que criam na expiação limitada, como os hussitas e os
valdenses, eram os grandes evangelizadores do século XVIII. Segundo os historiadores arminianos
A. Knight e W. Anglin, apesar dos moravianos e Zinzendorf serem calvinistas levaram tão a sério a
obra de evangelização, e tiveram tanto êxito, que até John Wesley, o maioral do arminianismo, fora
convertido em destas pregações calvinistas:

“Os moravianos tomaram o nome de ‘Irmãos Unidos’. Zinzendorf queria que eles se associassem à
Igreja Luteraana e aceitassem o seu ritual, mas os Irmãos não queriam, e a sua congregação
tomou uma forma mais calvinista. Os Irmãos tornaram-se uma sociedade missionária, e muitos
deles foram evangelizar como missionários pioneiros em diversas partes do mundo. As despesas
eram pagas pelo conde, até que veio a ficar empobrecido...

“João Wesley encontrou os missionários moravianos em viagem para a América, e ficou


impressionado com o procedimento deste povo, especialmente com a calma que eles
demonstraram durante uma tempestade. No seu regresso à Inglaterra, Wesley assistiu às reuniões
dos moravianos em Londres, e ali foi convertido. Wesley visitou Hernhut, a aldeia dos Irmãos
Unidos na Alemanha e ficou muito impressionado; mas mais tarde encontrando alguns deles com
idéias extravagantes, separou-se deste povo. A doutrina principal que os separou foi a
predestinação, pois Zinzendorf era calvinista e Wesley era arminiano”(Ibidem, pp.307-308).

Que definições estranhas para pessoas ‘espiritualmente relaxadas’ e ‘desinteressadas pela


evangelização’!!!

o. John Bunyan(1628-1688)

Orlando Boyer, falando deste eminente calvinista, declara:

“Como se explica o êxito de John Bunyan? A única explicação do seu êxito é que ‘ele era um
homem em constante comunhão com Deus’... Sem contestação, o grande fenômeno da vida de
John Bunyan consistia no seu conhecimento íntimo das Escrituras, as quais amava; e na
perseverança em oração a Deus que ele adorava”(Herós da Fé, pp.48,49).

A revista “Defesa da Fé”( Ano 7 – nº 51 – Dezembro de 2002), falando dele, declara:

“Um dia John Bunyan estava orando em sua igreja e, inspirado por Deus, resolveu que deveria
orar e anunciar o evangelho em praças, ruas, casas particulares e outros locais. Em 1660,
começou a ser perseguido por pregar o evangelho em locais públicos... Bunyan foi fiel a Cristo e
nunca deixou de anunciar o evangelho que amava”(p.51).

Que definições estranhas para alguém ‘espiritualmente relaxado’ e ‘desinteressado pela


evangelização’!!!

p. Jonathan Edwards(1703-1758)

Sobre este puritano calvinista, declara Orlando Boyer:

“Sua vida é um exemplo destacado de consagração ao Senhor... Amava a Deus, não somente de
coração e alma, mas também de todo o entendimento... Sua alma era, de fato, um santuário do
Espírito Santo. Sob aparente calma exterior, ardia nele o fogo divino, como um vulcão. Os crentes
atuais devem a esse herói, graças a sua perseverança em orar e estudar sob a direção do Espírito,
a volta às várias doutrinas e práticas da igreja primitiva”(Heróis da Fé, pp.51,52).

A revista “Defesa da Fé”( Ano 7 – nº 51 – Dezembro de 2002), falando dele, declara:

“Em todo o mundo onde se fala o inglês, era considerado o maior erudito desde os dias de Paulo
e Agostinho... Apesar de ter o hábito de ler seus sermões, sua vida de oração teve grande impacto
sobre seu povo. Costumava ficar até treze horas por dia orando e estudando. Era muito comum
entrar na floresta e ali ficar durante duas ou três oras com o rosto em terra, clamando a
Deus”(p.46).

Que definições estranhas para alguém ‘espiritualmente relaxado’ e ‘desinteressado pela


evangelização’!

q. George Whitefield(1714-1770)

Sobre esse eminente calvinista, declara o ministro arminiano pentecostal Orlando Boyer:

“Havia nele fogo ardente encerrado nos ossos. Ardia nele um zelo santo de ver todas as pessoas
libertas da escravidão do pecado. Durante o período de vinte e oito dias fez façanha de pregar a
dez mil pessoas diariamente... Whitefield merece o título de príncipe dos pregadores ao ar livre...
Se quisermos os mesmos frutos de ver milhares salvos, como George Whitefield os teve, temos
de seguir o seu exemplo de oração e dedicação”(Heróis da Fé, pp.73-74,78).

A revista “Defesa da Fé”( Ano 7 – nº 51 – Dezembro de 2002), falando dele, declara:

“Pregador por excelência, não havia prédio onde coubessem os auditórios e, por isso, sempre
armava seu púlpito nos campos, fora da cidade. Algumas vezes também pregou ao ar livre...
Viajava intensamente para pregar o evangelho. Atravessou trezes vezes o Atlântico para pregar
nos Estados Unidos... Foi o profeta do movimento metodista”(p.47).

O Rev. W. H. Fitchett, ministro metodista arminiano, reconhece:

“Whitefield, se julgarmos os seus sermões, pelos estudos imediatos, foi, talvez, o maior pregador
que a raça inglesa jamais produziu”(Wesley e Seu Século, Volume II, p.17).

r. Charles H. Spurgeon(1834-1892)

Sobre este eminente calvinista, declara o ministro arminiano Orlando Boyer:

“Aceitou convites para pregar em cidades da Inglaterra, Escócia, Irlanda, Gales, Holanda e França.
Pregava ao ar livre e nos maiores edifícios, em média, oito a doze vezes por semana. Pregava ao ar
livre e nos maiores edifícios, em média, oito a doze vezes por semana... Todavia, não se deve
julgar que era somente no púlpito que a sua alma ardia pela salvação dos perdidos. Também se
ocupava grandemente no evangelismo individual.

Reconhecendo a necessidade de instruir os jovens chamados por Deus para proclamar o


Evangelho, e, assim, alcançar muito maior número de perdidos, fundou e dirigiu o Colégio dos
Pastores.... Acerca de tão estupendo êxito na vida de Spurgeon, convém notar o seguinte: Nenhum
dos seus antepassados alcançou fama. Sua voz podia pregar às maiores multidões... O Príncipe dos
Pregadores era, antes de tudo, o Príncipe de Joelhos... a oração fervorosa era um hábito na sua
vida.

Convicto do grande poder da oração, Spurgeon designou o mês de fevereiro, de cada ano, no
Grande Tabernáculo, para realizar a convenção anual e fazer súplicas por um avivamento na obra
de Deus. Nessas ocasiões, passavam dias inteiros em jejum e oração, oração que se tornava mais e
mais fervorosa.

Charles Haddon Spurgeon recebia o fogo do Céu, estudando a Bíblia, horas a fio, em comunhão
com Deus. Cristo era o segredo do seu poder. Cristo era o centro de tudo, para ele; sempre e
unicamente Cristo... Quando Spurgeon orava, parecia que Jesus estava em pé ao seu lado”(Heróis
da Fé, pp.211,215-218).

A revista “Defesa da Fé”( Ano 7 – nº 51 – Dezembro de 2002), falando dele, declara:

“Por quarenta anos pregou para imensas audiências e ganhou cerca de dez mil almas para
Cristo”(p.45).

s. David Brainerd(1718-1714).

Falando sobre este missionário presbiteriano, declara o ministro arminiano pentecostal Orlando
Boyer:

“No dia seguinte, o moço, não sabendo o que acontecera em redor, enquanto orava no ermo, foi
recebido na vila de uma maneira não esperada. No espaço aberto entre as ‘wigwams’ (barracas de
peles) os índios o cercaram e o moço, com o amor de Deus ardendo na alma, leu o capítulo 53 de
Isaías. Enquanto pregava, Deus respondeu a sua oração da noite anterior e os silvícolas ouviram
o sermão, com lágrimas nos olhos. Esse cara-pálida chamava-se Davi Brainerd...

“Assim revestido, Brainerd, pela manhã, voltou da mata para enfrentar os índios, certo de que
Deus estava com ele, como estivera com Elias no monte Carmelo. Ao insistir com os índios para
que abandonassem a dança, eles, em vez de matá-lo, desistiram da orgia e ouviram a sua
pregação, de manhã e à tarde. Depois de sofrer como poucos sofrem, depois de se esforçar de
noite e de dia, depois de passar horas inumeráveis em jejum e oração, depois de pregar a Palavra
‘a tempo e fora de tempo’, por fim, abriram-se os céus e caiu o fogo...

“É difícil reconhecer a magnitude da obra de Davi Brainerd entre as diversas tribos de índios, nas
profundezas das florestas; ele não entendia os seus idiomas. Se lhes transmitia a mensagem de
Deus ao coração, deveria achar alguém que pudesse servir como intérprete. Passava dias inteiros
simplesmente orando para que viesse sobre ele o poder do Espírito Santo com tanto poder, que
esse povo não pudesse resistir à mensagem. Certa vez teve que pregar por meio de um intérprete
tão bêbado, que quase não podia ficar em pé, contudo, vintenas de almas foram convertidas por
esse sermão”(Heróis da Fé, pp.86,90,92).

A revista “Defesa da Fé”( Ano 7 – nº 51 – Dezembro de 2002), falando dele, declara:

“Em 8 de novembro de 1742, David aceita o convite de John Sergeant para trabalhar com os
índios norte-americanos e dedica sua vida ao propósito de evangélizá-los. Suas realizações em
prol dos índios americanos foram realmente singulares e sua história inspirou centenas de
missionários em todo o mundo”(p.52).

t. Wiliam Carey(1761-1834)

Falando sobre este missionário batista calvinista, declara a revista “Defesa da Fé”( Ano 7 – nº 51 –
Dezembro de 2002):

“Em 1º de junho de 1793, Carey embarca no navio ‘Kron Princess Mary’ com destino a Índia e
nunca mais retorna para a Inglaterra. Seus feitos nunca serão esquecidos. Foi professor de
milhares de seminaristas na Índia e o primeiro missionário a batizar um hindu à fé cristã... e
fundou muitas escolas e seminários por toda a Índia. Respeitado como o pai das missões
orientais, Carey morreu em 1834, aos 73 anos”(p.53).

E o ministro arminiano pentecostal Orlando Boyer, também fala dele, dizendo:

“Deixou o Senhor utilizar-se de sua vida, não somente para evangelizar durante um período de
quarenta e um anos no estrangeiro, mas também para traduzir as Sagradas Escrituras em mais de
trinta línguas”(Heróis da Fé, p.99).

u. David Livingstone(1913-1873)
Falando sobre este missionário presbiteriano, declara o ministro arminiano pentecostal Orlando
Boyer:

“Comovido, ao ouvir falar em tantas aldeias sem o Evangelho e sabendo que não podia mais ir à
China por causa de guerra que havia naquele país, Livingstone respondeu: ‘Irei imediatamente
para a África’...

Estabeleceu a sua primeira missão no lindo vale de Mabotsa, na terra de Bacarla. Em uma carta,
escrita de Curumã, Livingstone assim descreveu o local que escolhera para centro de
evangelização... Livingstone continuou a pregar o Evangelho constantemente, às vezes a
auditórios de mais de mil indígenas... Livingstone podia voltar e descansar entre amigos, com todo
o conforto, mas preferiu ficar e realizar seu anelo de abrir o continente africano ao Evangelho. A
sua última viagem foi feita para explorar o Luapula, a fim de verificar se esse rio era a nascente do
Nilo ou do Congo. Nessa região chovia incessantemente. Livingstone sofria dores atrozes; dia após
dia tornava-se-lhe mais e mais difícil caminhar. Foi então carregado, pela primeira vez, pelos fiéis
companheiros: Susi, Chuman e Jacó Wainwright, todos indígenas.

No seu diário, as últimas notas que escreveu dizem: ‘Cansadíssimo, fico... Recuperada a saúde...
Estamos nas margens do Mililamo’.Chegaram à aldeia de Chitambo, em Ilala onde Susi fez uma
cabana para ele. Nessa cabana, a 1º de maio de 1873, fiel Susi achou seu bondoso mestre de
joelhos, ao lado da cama - morto. Orou enquanto viveu e partiu deste mundo orando!”(Heróis da
Fé, pp.153,162,166).

A revista “Defesa da Fé”( Ano 7 – nº 51 – Dezembro de 2002), falando dele, declara:

“De família calvinista humilde... Em 1834, decidiu tornar-se médico e missionário... Em 1840,
embarcou para a cidade do Cabo a serviço da Sociedade das Missões e seguiu até Kuruman
pregando o cristianismo e ensinando os nativos que deveriam dar continuidade a seu esforço
evangelizador”(p.53).

v. John Paton(1824-1907)

Falando sobre esse eminente missionário presbiteriano, declara o ministro arminiano pentecostal
Orlando Boyer:

“Durante os três anos de estudos em Glasgow, apesar de trabalhar com as próprias mãos para se
sustentar, João Paton, no gozo do Espírito Santo, fez uma grande obra na seara do Senhor.
Contudo, soava-lhe constantemente aos ouvidos o clamor dos selvagens nas ilhas do Pacífico e
isso foi, antes de tudo, o assunto que ocupava as suas meditações e orações diárias...

Desde esse momento, João Paton não mais duvidou da vontade de Deus, e assentou no seu
coração gastar a vida servindo aos indígenas das ilhas do Pacífico... (Paton e a sua
esposa)anelavam falar de Jesus e do amor de Deus a esses seres que adoravam árvores, pedras,
fontes, riachos, insetos, espíritos dos homens falecidos, relíquias de cabelos e unhas, astros,
vulcões, etc... esse herói permaneceu orando e trabalhando fielmente no posto onde Deus o
colocara.

Um templo foi construído e um bom número se congregava para ouvir a mensagem divina.
Paton não somente conseguiu reduzir a língua dos tanianos à forma escrita, mas também
traduziu uma parte das Escrituras, a qual imprimiu, apesar de não conhecer a arte tipográfica...

Depois de todos olharem, um por um, o chefe dirigiu-se a Paton e disse: ‘Missi, a obra de seu
Deus Jeová é admirável, é maravilhosa! Nenhum dos deuses de Aniwa jamais nos abençoou tão
maravilhosamente.

Num domingo, depois que Paton alcançou água do poço, o chefe Namakei convocou o povo da
ilha. Fazendo seus gestos com a machadinha na mão, dirigiu-se aos ouvintes da seguinte
maneira: - ‘Amigos de Nakamei, todos os poderes do mundo não podiam obrigar-nos a crer que
fosse possível receber chuva das entranhas da terra, se não a tivéssemos visto com os próprios
olhos e provado com a boca... Desde já, meu povo, devo adorar o Deus que nos abriu o poço e
nos dá chuva debaixo. Os deuses de Aniwa não podem socorrer-nos como o Deus de Missi. Para
todo o sempre sou um seguidor de Deus Jeová. Todos vós que quiserdes fazer o mesmo, tomai os
ídolos de Aniwa, os deuses que nossos pais temiam e lançai-os aos pés de Missi... Vamos a Missi
para ele nos ensinar como devemos servir a Jeová... que enviou seu Filho Jesus para morrer por
nós e nos levar aos céus’. Durante os dias que se seguiram, grupo após grupo, alguns dos
silvícolas com lágrimas e soluços, outros aos gritos de louvor a Jeová, levaram seus ídolos de pau
e pedra, os quais lançaram em montes perante o missionário. Os ídolos de pau foram queimados,
os de pedra enterrados em covas de quatro a cinco metros de profundidade e alguns, de maior
superstição, foram lançados no fundo do mar, longe da terra”(Heróis da Fé, pp.175,176,178,179).

x. Adoniram Judson(1788-1850)

Sobre este eminente missionário batista calvinista, declara o ministro arminiano pentecostal
Orlando Boyer:

“Por fim, dezessete longos meses depois de partirem da América, chegaram a Rangun, na
Birmânia... No mesmo ano batizaram o primeiro convertido apesar de cientes da ordem do rei de
que ninguém podia mudar de crença sem ser condenado à morte... Recusou o emprego de
intérprete do governo, com salário elevado, escolhendo antes sofrer as maiores privações e o
opróbio, para ganhar as almas dos pobres birmaneses para Cristo”(Heróis da Fé, pp.117-118).

z. Christmas Evans(1766-1838)

Os historiadores arminianos A. Knight e W. Anglin, claramente definem este homem como


pregador calvinista:

“Outros pregadores continuaram o trabalho da geração seguinte, como Chrstmas Evans, Henrique
Rees e João Hones. Todos esses pertenciam à igreja estabelecida, mas tiveram de formar uma
sociedade metodista calvinista”(História do Cristianismo, p.346).
Falando sobre este ministro metodista calvinista, declara o ministro arminiano pentecostal Orlando
Boyer:

“Foi chamado, também ‘O João Bunyan de Gales’, porque era o pregador que, na história desse
país, desfrutava mais do poder do Espírito Santo. Em todo o lugar onde pregava, havia grande
número de conversões... Evans sempre tinha um alvo quando lutava em oração...”(Heróis da Fé,
p.103).

y. Henry Martin(1781-1812)

Sobre esse missionário presbiteriano, declara o ministro arminiano pentecostal Orlando Boyer:

“Tinha por costume levantar-se cedo, de madrugada, e andar sozinho pelos campos para desfrutar
de comunhão íntima com Deus... O desejo de levar a mensagem de salvação aos povos que não
conheciam a Cristo, tornou-se como um fogo inextinguível na sua alma... Por fim, Henry Martyn,
também, ganhou a vitória, obedecendo à chamada para sacrificar-se à salvação dos perdidos. Ao
embarcar para a Índia, em 1805, escreveu: ‘Se eu viver ou morrer, que Cristo seja magnificado pela
colheita de multidões para Ele’.

A chegada de Henry Martyn à Índia, no mês de abril de 1806, foi também em resposta à oração de
outros. A necessidade era tão grande nesse país, que os poucos obreiros concordaram em se
reunirem em Calcutá, de oito em oito dias, para pedirem a Deus que enviasse um homem cheio do
Espírito Santo e poder à Índia. Martyn, logo ao desembarcar, foi recebido alegremente por eles
como a resposta às suas orações.

Como a sua alma ardia no firme propósito de dar a Bíblia ao povo... Para alcançar esse alvo, de dar
as Escrituras aos povos da Índia e da Pérsia, Martin aplicou-se à obra de tradução de dia e de
noite, até mesmo quando descansava e quando em viagem... Era grande o ânimo, a perseverança,
o amor, a dedicação com que trabalhava na seara do seu Senhor! O zelo ardeu até ele se
consumir neste curto espaço de seis anos e meio. É-nos impossível apreciar quão grande foi a sua
obra feita em tão poucos anos. Além de pregar, conseguiu traduzir porções das Sagradas Escrituras
para as línguas de uma quarta parte de todos os habitantes do mundo. O Novo Testamento em
hindu, hindustão e persa e os Evangelhos em judaico-persa são apenas uma parte das suas obras.

Se Henry Martin, que entregou tudo para o serviço do Rei dos reis, pudesse visitar a Índia, e a
Pérsia, hoje, quão grande seria a obra que encontraria, obra feita por tão grande número de fiéis
filhos de Deus nos quais ardeu o mesmo fogo pela leitura da biografia desse pioneiro”(Heróis da
Fé, pop.110-113).

Na realidade, esse argumento arminiano pentecostal, de que a doutrina da eleição leva o cristão a
ser desinteressado pela evangelização, fora apontado como argumento pelagiano, por
Agostinho(354-430), bispo de Hipona:

“Mas alguns dizem: ‘A doutrina da predestinação é prejudicial à utilidade da pregação’. Como se


fosse contrária à pregação do apóstolo. O Doutor dos gentios não proclamou tantas vezes a
predestinação na fé e na verdade e por acaso desistiu de pregar a Palavra de Deus? Por ter dito:
‘É Deus quem opera em vós o querer e o realizar, segundo a sua vontade’(Fl 2:13), não exortou a
querermos e a fazermos o que é do agrado de Deus? Ou por ter dito: ‘Aquele que começou em
vós a boa obra há de leva-la à perfeição até o dia de Cristo’(Fl 1:6), deixou de aconselhar as
pessoas a começar e a perseverar até o fim?

E o próprio Senhor ordenou aos homens que cressem, quando disse: ‘Crede em Deus, crede
também em mim’(Jo 14:1), e nem por isso é falsa a sentença nem vã a afirmação, quando diz:
‘Ninguém pode vir a mim, ou seja, ninguém pode crer em mim, se isto não lhe for concedido pelo
Pai’(Jo 6:65). Visto ser verdadeira esta afirmação, não é vão aquele preceito.

Portanto, por que julgaríamos a doutrina da predestinação, que a Escritura divina proclama,
como prejudicial à pregação, aos mandamentos, à exortação e à correção, que aparecem tantas
vezes na mesma Escritura?

A pregação da fé perseverante e crescente não é inutilizada pela pregação da predestinação, pois


aquele a quem é dado ouçam o que é mister ouvir e obedeçam. ‘E como poderão ouvir sem
pregador?’(Rm 10:14). Além disso, pela pregação da fé perseverante até o fim, não será anulada
a pregação da predestinação, e assim, o que vive na fé e na obediência, não se orgulha da mesma
obediência, como se fosse um dom não recebido, mas ‘aquele que se gloria, se glorie no Senhor’(1
Co 1:31)”(O Dom da Perseverança, 34:16).

Da mesma forma, as primitivas confissões de fé protestantes, mostram que a doutrina da eleição


não leva o cristão a viver uma vida espiritualmente relaxada, como se segue:

“Assim como a pia consideração da Predestinação, e da nossa Eleição em Cristo, é cheia de um


doce, suave, e inexplicável conforto para as pessoas devotas, e os que sentem em si mesmos a
operação do Espírito de Cristo, mortificando as obras da carne, e seus membros terrenos, e
levantando o seu pensamento às coisas altas e celestiais, não só porque muito estabelece e
confirma a sua fé na salvação eterna que hão de gozar por meio de Cristo, mas porque veemente
acende o seu amor para com Deus; assim para as pessoas curiosas e carnais, destituídas do
Espírito de Cristo, o ter de contínuo diante dos seus olhos a sentença da Predestinação de Deus,
é um princípio muitíssimo perigoso, por onde o Diabo as arrasta ao desespero, ou a que vivam
numa segurança de vida impuríssima, não menos perigosa que a desesperação”(Artigos de Fé da
Igreja da Inglaterra, 1571, XVII).

“Com essa breve explicação da eterna eleição de Deus dá-se a Deus sua honra inteira e
plenamente, que Ele, somente por pura misericórdia, sem qualquer respeito mérito humano
nosso, nos salva ‘segundo o propósito’ da sua vontade. Além disso, também não dá a ninguém
causa para pusilanimidade ou vida rude, desenfreada”(Fórmula de Concórdia [Luterana], 1577,
11:5).

“A doutrina deste alto mistério de predestinação deve ser tratada com especial prudência e
cuidado, a fim de que os homens, atendendo à vontade revelada em sua palavra e prestando
obediência a ela, possam, pela evidência da sua vocação eficaz, certificar-se da sua eterna eleição.
Assim, a todos os que sinceramente obedecem ao Evangelho esta doutrina fornece motivo de
louvor, reverência e admiração de Deus, bem como de humildade diligência e abundante
consolação”(Confissão de Fé de Westminster [1643-1649], III:8).

“Este alto mistério da predestinação deve ser tratado com especial prudência e cuidado, para que
os homens, atentando para a vontade de Deus revelada em sua Palavra, e prestando-lhe
obediência, possam assegurar-se de sua eleição eterna, pela comprovação de sua chamada eficaz.
Será desse modo que a doutrina da predestinação promoverá louvor, reverência e admiração a
Deus, bem como humildade, diligência e consolação abundante para todos os que obedecem
sinceramente ao evangelho”( III:8).

Capítulo 8 – A Mentira Arminiana: Calvino ensinou a Expiação Ilimitada!

É impressionante a má fé dos arminianos. Na ausência de argumentos bíblicos para apoio de seu


dogma da ‘expiação ilimitada’ ou geral, se valém até de mentiras, como ocorre com o teólogo
arminiano pentecostal Daniel B. Pecota, ministro das Assembléias de Deus nos EUA, que declara:

“Por exemplo, Calvino diz... a respeito de Marcos 14:24, ‘que por muitos é derramado’, Com a
palavra ‘muitos’, Marcos quer dizer, não uma mera parte do mundo, mas a raça humana
inteira’”(Teologia Sistemática, Uma Perspecitva Pentecostal, p.360).

Esta citação truncada desse comentário de Calvino, pode levar o leitor a crer que Calvino tenha
ensinado que Cristo morreu por todos os homens sem exceção. Agora vejamos a citação por
completo de Calvino sobre Marcos 14:24 =

“A palavra muitos não significa uma parte do mundo apenas, mas a raça humana inteira. Ele
contrasta ‘muitos’ com um, como se dissesse que ele não será o Redentor de um homem só,
morrerá para livrar muitos da condenação. Ao mesmo tempo deve ser observado, contudo, que
pelas palavras ‘por vós’ – conforme relatado por Lucas – Cristo se dirige diretamente aos
discípulos, e exorta cada crente a aplicar o derramamento de sangue em seu próprio benefício.
Por isso, quando nos aproximamos da sagrada mesa, nos é permitido não apenas nos lembrarmos
em geral que o mundo tem sido redimido pelo sangue de Cristo, mas também cada um refletir por
si mesmo que seus próprios pecados são expiados”(Commentary or aHarmony of the Evangelists
Matthew, Mark and Lukle, Volume III, p.214).

Comentando esta declaração de Calvino, o teólogo presbiteriano Leandro A. de Lima, declara:

“A preocupação de Calvino nesse texto é não limitar a salvação a um povo apenas, mas estendê-la
a todos os povos. Esta é no entendimento de Calvino a similariedade entre ‘muitos’ e ‘todos’.
Novamente ele faz questão de contrastar a diferença entre ‘uma parte do mundo’ e a ‘raça
humana inteira’, sendo que sua intenção primordial é tornar a graça de Jesus Cristo acessível ‘para
um grande número’, e não restrita a um povo, como seria o caso do povo judeu”(Fides Reformata,
Volume IX, nº 1, 2004, p.91).

Da mesma forma, o “Comentário de Galátas 5:12”, de Calvino, tem sido usado para afirmar que o
mesmo defendera a expiação geral. Mas, se lermos com cuidado esse comentário, veremos que
ele não tem nenhuma vírgula a favor do dogma da expiação geral:

“Sua indignação aumenta e ora pela destruição dos impostores por quem os gálatas haviam sido
enganados. A palavra ‘mutilar’ parece uma alusão à circuncisão que eles impunham. Crisóstomo
se inclina para este ponto de vista: ‘Eles mutilam a Igreja por causa da circuncisão; por isso desejo
que sejam totalmente excluídos’. Mas tal maldição não parece adequar-se a indulgência de um
apóstolo que naturalmente anela pela salvação de todos, e não que alguém pereça. Minha
resposta é que tal conceito procede quando temos os homens em vista; porquanto Deus
recomenda que busquemos a salvação de todos sem exceção, mesmo porque Cristo sofreu pelos
pecados do mundo inteiro . Mas as mentes pias são as vezes levadas para além da além da
consideração dos homens, buscando fixar sua vista na glória de Deus e no reino de Cristo. Pois à
medida que a glória de Deus se nos divisa mais excelente que a salvação dos homens, que sejam
arrebatados por um amor e respeito correspondentes. Os crentes, profundamente estimulados a
promoverem a glória de Deus, esquecem os homens e o mundo, preferindo que o mundo inteiro
pereça antes que alguma parte da glória de Deus se perca.

Lembremo-nos que essa oração é o resultado da completa omissão dos homens de buscar e olhar
somente para Deus. Paulo não pode ser acusado de crueldade, como se fosse um homem
contrário ao amor. Além disso, se compararmos um único homem ou umas poucas pessoas com a
Igreja, quão mais importante ela deva ser. É uma cruel piedade alguém preferir uma só pessoa em
detrimento de toda a Igreja. De um lado, eu vejo o rebanho de Deus em perigo; do outro, eu vejo
um lobo pronto para o ataque, incitado por Satanás. Não deve toda a solicitude pela Igreja
absorver todos os meus pensamentos, de forma tal que o meu desejo seja assegurar sua
salvação com a destruição do lobo? E ainda que eu não deva desejar que alguém pereça com isso,
o amor e a ansiedade pela Igreja me transportam a um certo êxtase, de tal forma que não cuido
nada demais. Que cada genuíno pastor da Igreja se abrase com essa sorte de zelo. O termo grego
que traduz quem vos perturba significa remover de uma certa classe ou posição. Com o fim de
enfatizar isso ele adiciona também, desejando não só que fossem degradados, mas inteiramente
separados e excluídos”(João Calvino, Gálatas, Edições Parakletos, pp.161,162).

Os arminianos tendem a citar a expressão:

“Minha resposta é que tal conceito procede quando temos os homens em vista; porquanto Deus
recomenda que busquemos a salvação de todos sem exceção, mesmo porque Cristo sofreu pelos
pecados do mundo inteiro”.

Segundo eles, na expressão “porquanto Deus recomenda que busquemos a salvação de todos
sem exceção”, Calvino está se referindo a expiação geral. Mas, pelo contexto de todo o comentário
deste verso, não vemos esta visão arminiana. Calvino, com a expressão “porquanto Deus
recomenda que busquemos a salvação de todos sem exceção”, está se referindo aos membros da
Igreja de Cristo, endossando, a rigor de 2 Pd 3:9; Jo 6:39-40, que Deus não quer que nenhum dos
seus eleitos se perca, mas que todos sejam salvos. Calvino está falando de seu zelo pela Igreja, por
cada membro dela, afirmando que o seu desejo era “assegurar sua salvação”, preferindo que, se
fosse o caso, que o herege (o lobo) morresse.

Capítulo 9 – A Bíblia Sagrada Rejeita a Graça Resistível

Desde o século XVII, os seguidores de Armínio, em clara oposição a doutrina bíblica-reformada da


graça irresistível, ou chamada eficaz, apresentaram uma nova doutrina, afirmando que a obra do
Espírito tanto na regeneração é limitada pela vontade humana. Essa doutrina é conhecida como
‘graça resistível’. Como bases “bíblicas” do dogma, os arminianos costumam citar Mc 10:21,22; At
7:51; 2 Tm 3:8. Examinando cada um destes textos, verifica-se não haver neles uma única sílaba
em favor do dogma arminiano. Examinemo-os!

a. “E Jesus, olhando para ele, o amou e lhe disse: Falta-te uma coisa: vai, vende tudo quanto
tens, e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, toma a cruz, e segue-me. Mas
ele, pesaroso desta palavra, retirou-se triste; porque possuía muitas propriedades”(Mc
10:21-22).

Comentário: No dizer do arminianismo, Jesus amou salvificamente o jovem rico, e este o resistiu.
Nada tão longe da verdade. Todavia, a palavra grega que é traduzida por “o amou” é a palavra
ἠγάπησεν (ēgapēsen), que de acordo com Edward Robinson, inclui a ideia de “amar nosso
próximo”(Léxico Grego do Novo Testamento,p.5), incluindo entre outras coisas a ideia de
“respeito” e “simpatia”(Ibidem). Na realidade, aqui temos apenas uma referência a graça comum
do Espírito Santo, não a sua graça especial. Jesus o amou, não como Salvador ou Deus, mas como
um pregador do Evangelho, como um homem de Deus que ama seu semelhante, pregando o
evangelho para ele, como exatamente fez com outros réprobos judeus(Mc 14:49), que eram
incapazes de ouvirem salvificamente sua palavra, por serem filhos do diabo, e não eleitos(Jo
8:43,44,47). A pregação externa do evangelho é uma evidência da graça comum do Espírito, mas
não garante eficácia, sem ser acompanhada pela chamada interna. O jovem rico foi alvo apenas da
graça comum do Espírito, da mera chamada externa, feita pelo pregador, e só isso, sem nenhuma
eficácia, visto não ser acompanhada da chamada interna do Espírito. Até porque, segundo o
próprio Jesus, Ele viria para buscar mesmo e salvar os filhos de Abraão(Lc 19:10,11), não para
tentar buscar e salvar, o que significa que o propósito de sua missão obteria êxito e sucesso total:
“E dará à luz um filho e chamarás o seu nome JESUS; porque ele salvará o seu povo dos seus
pecados”(Mt 1:21). Muitos comentaristas das Escrituras tem chegado a esta conclusão, em seus
comentários de Marcos 10:21,22, como se segue:

“Então, Jesus, vendo -o, o amou ... não como Deus, com esse amor especial, com o qual ele ama o
seu povo, que lhe fora dado pelo Pai, redimido por seu sangue, a quem ele chama pela sua graça,
justifica por sua justiça, perdoa suas iniquidades, e, finalmente, glorifica, mas como homem, ele
tinha um afeto humano por ele; na medida em que não havendo qualquer aparência de boa moral
nele, era agradável para ele, que ama a justiça e odeia a iniquidade; e embora o jovem revelasse
muita vanglória, orgulho e vaidade, ele não se utilizou de aspereza, mas gentilmente, e
ternamente; ele contemplou-o, ele olhou atentamente para ele, quando ele disse as palavras
acima; que vendo-o intimamente, que ele não podia crer que ele não tinha perfeita, e
completamente guardado todos os mandamentos; no entanto, ele não escolheu rejeitá-lo por
causa da mentira, e acusá-lo de orgulho e arrogância, mas deu-lhe boas palavras, e falou
amigavelmente com ele; e, tanto quanto pôde, o elogiou por sua diligência em observar os
mandamentos: neste sentido, a palavra é observada para ser usada pelos intérpretes da LXX, como
quando se diz de Acabe (2 Cr 18:2), que ele ‘persuadiu-o ‘ (Josafá), eles retribuíram isto, ηγαπα‘,
‘ele amava ir até Ramote-Gileade’: deu-lhe boas palavras, falou amigável com ele, e em reação
das preponderantes lisonjas sobre ele, e por isso, ele disse dos israelitas: ‘Eles o elogiaram’(Sl
78:36), (Deus), que retribuiu-lhes, ηγαπησαν ‘, eles amavam -no com a boca’; falou muito bem
para ele, e dele, elogiou-o, e suas obras, e, desta forma expressou afeto a ele, embora fosse
apenas com sua boca. Além disso, Cristo pode não só ter falado gentilmente a este jovem, mas
ele pode ter feito uso de algum gesto externo: que mostrou um carinho humano para ele, e
respeito por ele”(John Gill[1697-1771], Ministro Batista, Comentário de Marcos 10:21,22).

“[O amou] Isto é, ele manifesta-se por algum gesto externo que este homem lhe agradou, tanto
na sua pergunta e na sua resposta: quando ele perguntou tão seriamente sobre alcançar a vida
eterna; e seriamente professou que ele mesmo tinha dedicado nos mandamentos de Deus com
todo o cuidado e cautela”(John Lightfoot[1602- 1675], Ministro Anglicano, Comentário de Marcos
10:21,22).

“[O amou] Como um homem manso, e apto para viver em uma sociedade civil. Ou ele o amava,
ou seja, ele tinha pena dele, como um auto-enganador, assim como nós temos pena dos papistas
moderados”(John Trapp[1601-1669], Ministro Anglicano, Comentário de Marcos 10:21).

“Cristo tinha uma compaixão humana tão pública como uma pessoa, mas mostrou-lhe, que o
amor era o cumprimento da lei, e que o amor é visto em uma resolução para produzir uma
obediência universal à vontade de Deus. Nosso Salvador impõe um preceito especial sobre ele,
unida com dois preceitos gerais sobre todos os discípulos de Cristo, a fim de que ao não produzir
sua obediência demonstrou que ele estava errado em sua noção, de que ele tinha desde a sua
juventude guardado os mandamentos, embora possa ser verdadeiro de acordo com essa
interpretação da lei deles dada pelos fariseus”(Matthew Poole[1624-1679], Ministro
Congregacional Puritano, Comentário de Marcos 10:21).

“Observe aqui, 1. Compaixão de Cristo para com este jovem. Ele o amava com um amor de
piedade e compaixão, com um amor de cortesia e respeito”(William Burkitt[1650-1703], Ministro
Anglicano, Comentário de Marcos 10:21).

“Cristo viu nele a realização de um belo caráter e um discípulo valioso, e Ele o amava pelo que ele
era e pelo que ele podia se tornar. Este é o único lugar nos sinóticos em que o amor é atribuído a
nosso Senhor, enquanto que a compaixão é muitas vezes atribuída a ele. Em João a compaixão
nunca é atribuída a Ele, o amor muitas vezes , e(com exceção de Jo 19:31) sempre o amor ao
homem. Ἀγαπάωχ é o verbo usado no sentido de afeto de Cristo pela família de Betânia(Jo 11:5) e
do discípulo amado(Jo 13:23; 19:26; 21:20). Veja em Jo 11:5; 21:15 . Ambos Mateus e Lucas
omitem esta marca da perfeita humanidade de Cristo; e Marcos indica mais tarde esse alguém
que estava presente, que era íntimo de Cristo, e que sabia por experiência própria como era
penetrante um olhar de Cristo(Lc 22:61)”(Cambridge Greek Testament for Schools and Colleges,
Comentário de Marcos 10:21).

“Ἠγάπησεν αὐτόν] significa nada mais do que: ele amava, sentiu um amor (dilectio) de estima por
ele, concebeu uma afeição por ele, que impressão ele derivou do αὐτῷ de ἐμβλέπειν”(Heinrich
Meyer[1800 -1873], Ministro Luterano, Comentário de Marcos 10:21).
“Ele ficou satisfeito ao descobrir que ele tinha vivido irrepreensivelmente, e satisfeito por ver que
ele estava curioso como viver melhor do que isso. Cristo particularmente gosta de ver os jovens, e
pessoas ricas, perguntando o caminho para o céu, com os seus rostos voltados para aquela
direção”(Matthew Henry[1662-1714], Ministro Presbiteriano, Comentário de Marcos 10:21).

“O jovem estava sem resposta imediata a esse amor. Então, como poderia Jesus tê-lo amado em
sua justiça própria e mundanismo? A frase 'olhando para ele’, indica que o amor foi considerado
pela amabilidade do jovem governante. Apesar de todos os seus erros, havia nele algo gracioso.
Para esta amabilidade, houve uma resposta no coração dele que compartilhou nossa
humanidade tão inteiramente”(Philip Schaff [1819-1893], Ministro Presbiteriano, Comentário de
Marcos 10:21).

“Jesus, cheio de compaixão amorosa para este homem, porque sua vida estava tão vazia“(David
Guzik, Ministro Presbiteriano, Comentário de Marcos 10:21).

b. “Homens de dura cerviz, e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito
Santo; assim vós sois como vossos pais”(At 7:51)

Comentário: (1)O próprio contexto nos revela quem são aqueles que resistem “sempre” ao
Espírito Santo. Eram judeus da “sinagoga chamada dos libertinos, e dos cireneus e dos
alexandrinos, e dos que eram da Cilícia e da Asia”(At 6:9). Estes homens não tinham como
responder aos argumentos de Estevão(At 6:10). E como não tinham argumentos, subornaram
homens para levantarem falso testemunho contra Estevão (At 6:11-15). Eram homens que,
segundo Estevão, deliberadamente não guardavam a lei de Deus(At 7:53). Eles “excitaram o povo,
os anciãos e os escribas; e, investindo contra ele, o arrebataram e o levaram ao conselho”(At
6:12). Estes personagens “enfureciam-se em seus corações, e rangiam os dentes contra ele”(At
7:54), e diante da afirmação de Estevão, de haver declarado ter visto Cristo à destra de Deus(At
7:55-56), “eles gritaram com grande voz, taparam os seus ouvidos, e arremeteram unânimes
contra ele. E, expulsando-o da cidade, o apedrejavam”(At 7:57-58).

(2)Existem dois tipos de chamados do Espírito Santo – o externo (a palavra do ministro do


Evangelho) e o interno(a voz do Espírito Santo no coração do homem). O chamado externo,
quando ocorre, pode operar de modos diferentes em diferentes corações, produzindo uma série
de resultados. Uma coisa, não fará: a operação da obra da salvação. Os não eleitos são alvos
apenas do chamado externo do Espírito (e dentre eles, os oponentes de Estevão), não do interno,
pois para que seja efetuada a obra da regeneração, a chamada externa precisa ser acompanhada
da chamada interna do Espírito, pois é Ele quem convence “do pecado, da justiça e do juízo”(Jo
16:8).

(3)Nesse sentido, recusaram ouvir a mensagem externa, apregoada por Estevão, tapando os seus
ouvidos. Nesse sentido, aqueles que sempre resistem ao Espírito (isto é, ao chamado externo do
Espírito), são os filhos do diabo, os réprobos, os não eleitos, conforme revelam abundantemente
as Escrituras(Jo 8:43-44,47; 10:26; 1 Jo 4:6). Contudo, os eleitos não resistirão ao chamado interno
do Espírito, mas serão convencidos por Ele(Jo 16:8), e virão a Deus(Jo 6:37.45), e terão seus
corações abertos pelo Pai(At 16:13,14). Vários comentaristas das Escrituras tem chegado a mesma
conclusão, em seus comentários sobre Atos 7:51, como se segue:

“Eles estavam resistindo ao Espírito Santo, em vez de permitir que Ele controlasse (preenchesse)
eles. Eles foram semelhantes aos apóstatas no passado de Israel (cf. Lv 26:41,Dt 10:16) a quem os
profetas antigos tinha repreendido (cf Jr 4:4; 9:26)”(Thomas Constable, Notas Expositivas sobre
Atos 7:51).

“A resistência feita por estas pessoas não era ao Espírito de Deus neles, do qual eles estavam
desamparados, mas com o Espírito de Deus em seus ministros, em seus apóstolos, e
particularmente em Estevão; nem a qualquer operação interna da sua graça, mas para o
ministério externo da palavra, e tudo o que a luz objetiva, o conhecimento, evidência e convicção
de que ele teve de Jesus de ser o Messias: e tal que resistem aos ministros de Cristo, resistem a
ele, e tal que lhe resiste, pode-se dizer que resiste a seu Santo Espírito; e a palavra aqui usada
significa um correndo contra, e caindo em cima, de uma forma rude e hostil, e apropriadamente
expressa suas agressões contra Cristo e seus ministros, ao cair sobre eles e colocá-los à morte: o
que é a resistência aqui concebida, como parece pelo seguinte verso: de modo que esta passagem
não é prova da resistência do Espírito Santo, e as operações de sua graça em conversão, quando
ele está nos homens, e age com um propósito e vontade de convertê-los; uma vez que não é visível
que ele estava nestas pessoas, e estivesse atuando nelas, com um propósito de convertê-las; e se
ele estivesse, seria difícil provar que eles assim o resistiram e continuaram a resistir, visto que eles
não foram posteriormente convertidos; de modo que é certo que um deles, Saulo, foi realmente e
verdadeiramente convertido, e quantos mais não sabemos. Mas isso é admitido, que o Espírito
Santo nas operações de sua graça no coração, em conversão pode ser resistido, ou seja,
combatido; mas não de forma a ser superado ou ser impedido de, ou ser obrigado a cessar o
trabalho de conversão de modo que nada possa ocorrer”(John Gill[1697-1771], Ministro Batista,
Comentário de Atos 7:51).

“Resistir’ é um termo de guerra. Ele sugere uma cidade sitiada, rigorosamente fechada contra o
inimigo. Ele fala de teimosia. Um coração que resiste, uma vontade que é ininterrupta. Ele
descreve uma porta bem fechada, a porta fechada e trancada contra Deus”(Robert Edward
Neighbour[1815-1859], Ministro Batista, Comentário de Atos 7:51).

“Não é que em nossos corações pecaminosos que sempre resistem o Espírito Santo, a carne que
cobiça contra o Espírito, e guerreia contra seus movimentos, mas nos corações dos eleitos de Deus,
quando a plenitude dos tempos vem, essa resistência é vencida, e depois de uma luta do trono de
Cristo estar configurada na alma, e cada pensamento que havia se exaltado contra ele é levado
cativo a ele(2 Co 10:4,5). Essa graça, portanto, que os efeitos dessa mudança pode mais
apropriadamente ser chamada de graça vitoriosa ou irresistível”(Matthew Henry[1662-1714],
Ministro Presbiteriano, Comentário de Atos 7:51).

“Esses judeus iriam entender estes termos. ‘Dura cerviz’ - orgulhoso, teimoso, que não iria abaixar
a cabeça em tudo. "Incircuncisos de coração" - o prepúcio de seu coração nunca foi removido;
suas vidas não foram expostas à graça e a glória de Deus. Eles se contaminaram, mas se recusam
a arrepender-se”(Raymond Charles Stedman[1917 -1992], Comentário de Atos 7:51).

c. “E, como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim também estes resistem à verdade,
sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé”(2 Timóteo 3:8).

Comentário: (a)O contexto do verso mostra que estes indivíduos que resistem a verdade, são os
reprovados, os não eleitos, os filhos do diabo. E estes resistem a verdade, porque jamais poderão
chegar ao conhecimento dela:

“Que aprendem sempre, e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade”(2 Tm 3:7).

(b)Outra prova de que o texto se refere aos réprobos, é a citação destes dois magos egípcios (Janes
e Jambres) que resistiram a Moisés. Sendo membros do povo do Egito, e sendo Israel a única
nação escolhida por Deus para ser alvo da expiação(2 Sm 7:23; 1 Cr 17:21), e a única nação
escolhida para ter conhecimento da lei de Deus no AT(Dt 4:8), indicando que todas as demais
nações foram excluídas deste privilégio(Sl 147:19,20), não era de se esperar que pessoas excluídas
da expiação e da obtenção do conhecimento de Deus, possam ser salvas.

(c)Outra explicação para a sua resistência a verdade, é que estes indivíduos são “corruptos de
entendimento”. Por “corrupto no entendimento” entendemos que os ímpios, em seu estado de
morte espiritual completa, estão totalmente impossibilitados de, por si mesmos, entenderem as
coisas espirituais, por não terem o Espírito Santo(1 Co 2:12-15), e por serem mentalmente
“inimigos no entendimento”(Cl 1:21), visto, que desde a queda de Adão, “toda a imaginação dos
pensamentos de seu coração era só má continuamente”(Gn 6:5), e o homem, portanto, em seu
estado de queda e morte espiritual completa, é em seu coração averso a todas as coisas
espirituais, “porque a imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice”(Gn 8:21).

(d)E por “réprobo quanto a fé”, entendemos alguém que foi excluído da posse da fé salvífica, visto
que o termo “réprobo”, na primeira acepção do termo, em linguagem mais vulgar, significa “Que
foi excluído”(Dicionário Online de Português), “Banido”(Dicionário de Português Online
Michaelis). Desta maneira, entende-se que os indivíduos mencionados por Paulo, são identificados
por ele como crentes nominais(2 Tm 3:1-6), como “homens maus e enganadores”(2 Tm 3:13), que
não terão êxito em suas práticas ímpias, sendo revelado posteriormente o seu caráter através de
suas obras(2 Tm 3:9). Portanto, o texto se refere aos apóstatas, ao joio no meio do trigo, que
“aprendem sempre”, isto é, recebem a influência da graça comum do Espírito, vivendo no meio dos
eleitos, ouvindo a pregação do evangelho, mas por serem vasos de ira e filhos do diabo, jamais
poderão obter conhecimento salvífico, ou como diz o texto – “Que aprendem sempre, e nunca
podem chegar ao conhecimento da verdade”(2 Tm 3:7). E segundo João, estes que se retiram para
sempre do meio da Igreja de Cristo, jamais pertencerem ao verdadeiro grupo de crente eleitos e
regenerados(1 Jo 2:18,19). Portanto, como já dissemos, o texto se refere aos não eleitos, vasos de
ira, filhos do diabo, crentes nominais. Vários comentaristas das Escrituras tem chegado a esta
conclusão, como se segue:
“Isto indica que os homens maus que Paulo falou que uma vez tinham estado na fé, mas tinham
caído longe dela”(James Burton Coffman[1906-2006], Comentário de 2 Timóteo 3:8).

“O ponto de partida da observação do apóstolo aqui, é que eles resistiram a Moisés, tentando
imitar os seus milagres, neutralizando assim a evidência de que ele foi enviado por Deus. Da
mesma maneira, as pessoas aqui referidas, se opõem ao progresso do evangelho através da
criação de uma reivindicação semelhante à dos apóstolos; fingindo ter a mesma autoridade que
eles tinham; e neutralizando assim as reivindicações da verdadeira religião, e que conduzem as
pessoas fracas de espírito. Isso é muitas vezes o tipo mais perigoso de oposição que se faz à
religião”(Albert Barnes [1798-1870], Ministro Presbiteriano, Comentário de 2 Timóteo 3:8).

“Descrição mais detalhada dos hereges. Paulo aqui compara os hereges com os Magos egípcios
que são mencionados em Êx 7, mas não nomeados. Possivelmente, por conseguinte, os hereges
são comparados com estes feiticeiros apenas porque ambos resistiram a verdade. Possivelmente,
também, é porque a semelhança estava nos hereges pregando a mesma coisa que Timóteo, assim
como os magos fizeram a mesma coisa que Moisés, os hereges e os feiticeiros que têm o mesmo
objetivo de lutar contra a verdade”(Heinrich Meyer[1800 -1873], Ministro Luterano, Comentário
de 2 Timóteo 3:8).

“Assim, os falsos mestres devem se apresentar jazendo em maravilhas nos últimos dias.
Réprobos: Incapazes de experimentar a verdade”(Robert Jamieson [1802-1880], Andrew Robert
Fausset[1821-1910], David Brown[1803-1897], Ministros Anglicanos, Comentário de 2 Timóteo
3:8).

“Réprobo. Em seu sentido estrito, como ‘testado, achado em falta, e rejeitado’"(Philip Schaff
[1819-1893], Ministro Presbiteriano, Comentário de 2 Timóteo 3:8).

“Como estes feiticeiros, os falsos mestres se opuseram a verdade revelada de Deus, dotados de
mentes corruptas e estavam fora do rebanho dos fiéis. Eles estariam procedendo somente assim,
como fizeram seus antecessores egípcios. Sua insensatez se tornaria comumente conhecida
quando seu poder se revelasse insuficiente”(Dr. Thomas Constable, Comentário de 2 Timóteo 3:8).

“Falsos mestres têm mentes corruptas, mas nem a glória de Deus, nem o bem dos homens como
seu objetivo, mas são falsificadas e não têm nenhuma compreensão das doutrinas da fé
salvadora!”(Henry Mahan[1947-1998], Ministro Batista, Comentário de 2 Timóteo 3:8).

“A razão para suas ações é encontrado na condição de seus corações: Homens corruptos em sua
mente, não aprovados no que diz respeito à sua fé. Homens desse tipo, têm não só estragado suas
mentes para o reconhecimento da verdade, mas também tem endurecido as suas consciências.
Qualquer tentativa de mudar essa corrupção parece condenada ao fracasso desde o início. Eles
podem ter uma mente - conhecimento da doutrina cristã, mas são vazios de todo bom senso nos
assuntos da verdadeira religião cristã; se eles são submetidos a um teste, eles são
lamentavelmente reprovados no exame. Uma vez que o conhecimento da verdade cristã inclui o
arrependimento e a fé, abnegação e amor, eles não são de todos satisfeitos com a observação.
Mas o seu principal perigo reside no fato de que os homens deste tipo são geralmente muito
inteligentes em esconder seus sentimentos reais”(Paul E. Kretzmann, Ministro Luterano,
Comentário de 2 Timóteo 3:8).

“Esse tipo de corrupto, a fé falsificada é o que nos deparamos em momentos de tensão, como a
que estamos vivendo hoje. As seitas oferecem para fazer o que somente Deus em Cristo pode
fazer - dar paz de espírito, um coração despreocupado, o perdão dos pecados, um senso de
propósito na vida”(Raymond Stedman [1917-1992], Comentário de 2 Timóteo 3:8).

“O ponto principal da comparação entre os dois casos parece ser a oposição à verdade. Mas há
talvez mais nela do que isso. Os magos resistiram a Moisés, professando a fazer as mesmas
maravilhas que ele fez; e os hereges resistiram a Timóteo professando pregar o mesmo evangelho
como ele fez. Este foi frequentemente a linha seguida pelos mestres heréticos; pois assumem toda
a intenção de ensinar nada de novo, e de professar substancialmente, se não completo, em
concordância com aqueles a quem eles se opuseram. Eles afirmaram que o ensino era apenas a
velha verdade olhada de outro ponto de vista. Eles usaram a mesma fraseologia que Apóstolos
tinham usado: eles simplesmente deram-lhe uma forma mais abrangente (ou, como seria agora,
disse mais um católico,) significada. Desta forma, foram os incautos mais facilmente seduzidos, e as
suspeitas dos simples eram menos facilmente despertadas. Mas essas pessoas se traem antes do
tempo. Sua mente é encontrada maculada; e quando eles são colocados à prova em relação a fé,
eles não podem resistir ao teste”( William Robertson Nicoll[1851-1923], Ministro Presbiteriano,
Comentário de 2 Timóteo 3:8).

“O líder cristão nunca ficará sem seus oponentes. Sempre haverá aqueles que têm suas próprias
ideias distorcidas da fé cristã, e que desejam ganhar outros para suas crenças erradas. Mas de
uma coisa que Paulo tinha certeza..--os dias dos enganadores estavam contados. Poderia ser
demonstrada sua falsidade e iriam receber sua recompensa apropriada. A história da Igreja Cristã
nos ensina que a falsidade não pode viver. Floresce por um tempo, mas quando ele é exposta à
luz da verdade ela é obrigada a murchar e morrer”(William Barclay[1907-1978], Comentário de 2
Timóteo 3:8).

“Os enganadores dos últimos dias serão como eles, resistindo à verdade como agentes do diabo.
Deus tem, no entanto, definido um limite ao seu poder e, finalmente, sua insensatez será
manifesta a todos. Isso não quer dizer que esse tipo de mal vai ser verificado imediatamente, pois,
como o versículo (2 Tm 3:13) nos diz, os homens maus e enganadores irão de mal a pior até o fim
dos tempos. Não somos deixados em qualquer incerteza quanto ao que devemos esperar “(Frank
Binford Hole (1874-1964), Ministro dos Irmãos de Plymouth, Comentário de 2 Timóteo 3:8).

Capítulo 10 – O Cristianismo Histórico Rejeita a Graça Resistível

(a)Os Pais da Igreja

1. Clemente de Roma(30-100), bispo de Roma, declara:


"Caríssimos, este é o caminho no qual encontramos a nossa salvação: Jesus Cristo, o sumo
sacerdote de nossas ofertas, o protetor e o auxílio da nossa fraqueza. Por meio dele, fixamos
nosso olhar nas alturas dos céus; por meio dele, contemplamos, como um espelho, sua face
imaculada e incomparável; por meio dele, abriram-se os olhos do nosso coração; mediante ele, a
nossa mente obtusa e obscura refloresceu para a luz; mediante ele, o Senhor quis fazer-nos
experimentar o conhecimento imortal”(Epístola aos Coríntios; 36).

“Vamos olhar fixamente para o sangue de Cristo, e ver como que o sangue é precioso para Deus
que, tendo sido derramado por nossa salvação, estabeleceu a graça do arrependimento antes que
o mundo todo. Voltemo-nos para todas as idades que já passou, e saber que, de geração em
geração, o Senhor concedeu um lugar de arrependimento para todos os que seriam convertidos
a Ele”(Ibidem, 7)

“Vamos unir, então, a àqueles a quem a graça foi dada por Deus”(Epístola aos Coríntios, 30).

“Todas as gerações, desde Adão até hoje já passaram, mas aqueles que, pela graça de Deus, se
tornaram perfeitos no amor, permanecem no lugar dos piedosos. Esses hão de tornar-se
manifestos, quando aparecer o reino de Cristo”(Ibidem, 50).

“O Deus, que tudo vê, e é Senhor dos espíritos e de todos os seres vivos – que escolheu o Senhor
Jesus Cristo e por meio dele nos elegeu para sermos o seu povo particular(Tt 2:14) concedeu para
cada alma que chama Seu nome glorioso e santo, fé, temor, paz, paciência, longanimidade,
domínio próprio, pureza e sobriedade, para o bem-agradável de seu nome, através de nosso
Sumo Sacerdote e Protetor, Jesus Cristo, pelo qual ser a Lhe glória e majestade, e poder, e a honra,
agora e para sempre. Amem”(Ibidem, 64).

2. Barnabé[120 d.C]:

“Uma vez que, portanto, nos tendo renovado pela remissão de nossos pecados, Ele fez de nós um
novo ser, para que tenhamos a alma de criança, na medida em que Ele nos gerou de novo pelo
Seu Espírito”(Epístola de Barnabé, 6:11).

“Ele, portanto, circuncidou nossos ouvidos, para que escutemos a palavra e creiamos”(Ibidem,
9:3).

“Bendito seja o Senhor que pôs em nós a sabedoria e entendimento de seus


segredos"(Ibidem,6:10)

“Vou agora te mostrar como ele fala de nós. Ele realizou segunda criação nos últimos tempos. O
Senhor diz: ‘Eis que faço as últimas coisas como as primeiras’. Nesse sentido falou o profeta: ‘Entrai
na terra onde mana leite e mel, e dominai-a’. Eis-nos, portanto, criados de novo, conforme o que
ele diz ainda por outro profeta: ‘Eis’, diz o Senhor, ‘que arrancarei deles’ – isto é é, daqueles que o
Espírito Santo via de antemão – ‘os corações de pedra, e implantarei neles corações de carne’ ...
Com efeito, meus irmãos, nossos corações assim habitados formam um templo santo para o
Senhor”(Ibidem, 6:13-15)
3. Justino de Roma[89-165], apologista cristão, declara:

“O que as leis humanas não poderiam efetuar, o Verbo, visto como é divino, teria
efetuado”(Primeira Apologia, 10:6).

“Com efeito, ser criados no princípio não foi mérito nosso; mas agora ele nos persuade e nos
conduz a fé”(Primeira Apologia, 10:4).

“A fonte de água viva que jorrou de Deus na terra dos destituídos do conhecimento de Deus, a
saber, a terra dos gentios, foi esse Cristo, que também apareceu na sua nação, e curou os que
estavam mutilados, e surdos, e os coxos no corpo desde o seu nascimento, levando-os a saltar,
ouvir, ver, por sua palavra. E tendo ressuscitado os mortos, e levando-os a viver, por Seus feitos Ele
compeliu os homens que viviam naquele momento a confessá-lo. Mas, embora eles vissem essas
obras, eles afirmaram que era arte mágica. Pois se atreveram a chamá-lo de um mágico, e um
enganador do povo. No entanto, Ele operou tais obras, e convenceu aqueles que foram
destinados a crer nEle”(Diálogo com Trifo, 69:6).

“A nós, portanto, que foi concedido ouvir e compreender, e ser salvo por esse Cristo e reconhecer
todas as verdades reveladas pelo Pai”(Diálogo com Trifo, 121:4).

4. Irineu(130-200), bispo de Lião, declara:

“Ninguém pode conhecer o Pai sem o Verbo de Deus, isto é, sem o Filho que o revela. Também
não se conhece o Filho sem a vontade do Pai... Por isso, o Filho nos leva ao conhecimento do Pai
por sua própria encarnação. Pois a manifestação do Filho é o conhecimento do Pai; realmente é
pelo Verbo que tudo nos é revelado”(Contra Heresias, IV; 6:3).

"Porque o Senhor nos ensinou que nenhum homem é capaz de conhecer a Deus, a menos que ele
seja ensinado por Deus, isto é, que Deus não pode ser conhecido, sem Deus”(Ibidem, IV; 6:4).

"Ele justamente nos mostra que é conhecido por ninguém, a não ser por meio do Filho, e tal a
quem o Filho o quiser revelar, pois o Filho o revela a todos que Ele deseja que o conheçam, pois
sem a boa vontade e prazer do Pai, nem sem a ação do Filho, ninguém pode conhecer a
Deus"(Ibidem, IV; 7:3).

"Este Jesus, tirando-nos da religião de pedras, e trazendo-nos ao longo de nossos pensamentos


rígidos e infrutíferos, e criou em nós a fé como a de Abraão"(Ibidem, IV; 7:2)

"Assim como a farinha seca não pode, sem água, tornar-se uma só massa, nem um só pão,
também nós não poderíamos nos tornar um só em Cristo, sem a água que vem do céu. E assim
como a terra seca não pode frutificar sem receber água, também nós, que éramos antes lenho
seco, jamais daríamos frutos de vida, sem a chuva generosa enviada do alto”(Ibidem, III; 17:2).

"Pois todos os que são trazidos pelo Espírito de Deus são conduzidos ao Verbo, que é o Filho, e o
Filho traz para o Pai, e o Pai faz com que eles possuam a incorrupção. Sem o Espírito não é
possível se ver a Palavra de Deus, nem sem o Filho qualquer um pode se aproximar-se do Pai,
porque o conhecimento do Pai é o Filho, e o conhecimento do Filho de Deus é através do Espírito
Santo; e, de acordo com o beneplácito do Pai, e o Filho usa e dá o Espírito a quem o Pai quer e
como quer"(Demonstração da Fé Apostólica, 7).

4. Hermas(145 d.C), declara:

“Mas quando eu terminar todas as palavras, todos os eleitos, então, se familiarizarão com elas
através de você”(O Pastor de Hermas, I:4).

5. Clemente de Alexandria(155-225), teólogo dos séculos II-III, declara:

"Que poucos conheciam o Filho de Deus, como Pedro, que ele declara bem aventurado, porque a
carne e o sangue não revelou a verdade para ele, mas seu Pai, que está nos céus, significando
claramente, que o homem é um gnóstico, ou dotado de conhecimento, a fim de conhecer o Filho
do Todo-Poderoso, não por sua carne, que foi concebido, mas pelo poder do Pai"(Stromata,
VI:15).

“Mas se ele crescer, e não haja lugar em que não é, então eu afirmo, que a fé, seja fundada no
amor, ou no medo, como os seus caluniadores afirmam, é algo divino”(Stromata, II:6).

“Pois o conhecimento é um estado de espírito que resulta de demonstração, mas a fé é uma


graça”(Stromata, II:4).

“Por isso deve ser atraído pelo Pai, para tornar-se habilitado para receber o poder da graça de
Deus, de modo a permanecer, sem impedimentos. E se alguns odeiam os eleitos, tal pessoa
conhece a sua ignorância, e se compadece de suas mentes para a sua loucura”(Stromata, IV:22).

6. Tertuliano(160-220), teólogo dos séculos II-III, declara:

"Exceto que a magnitude de algumas coisas, apenas boas como de alguns males demais fossem
insuportáveis, de modo que somente a graça da inspiração divina é eficaz para alcançar e praticá-
las”(Da Paciência, I).

“Portanto, quando a alma abraça a fé, sendo renovada em seu segundo nascimento pela água e
pelo poder do alto, então o véu de sua antiga corrupção que está sendo levado embora, ele vê a
luz em todo o seu brilho. Também é habitado (em seu segundo nascimento) pelo Espírito Santo,
assim como em seu primeiro nascimento era abraçado pelo espírito profano. A carne segue a alma
agora casada com o Espírito, como uma parte da parcela de noiva não é mais o servo da alma, mas
do Espírito. O casamento feliz, se nele não está comprometida nenhuma violação do voto
nupcial”(Ibidem, 41).

“Apesar de nossa parte termos pela graça de Deus obtido compreensão dos seus mistérios, e
reconhecer que este nome também foi destinado para Cristo, não se segue que os judeus, privados
de sabedoria, deveriam estar conscientes desse fato”(Contra Marcião, III:16).

“A justiça de Sua beleza e graça de seus lábios mencionada acima, seria bastante servir tal espada,
cingida, uma vez que, mesmo assim, estava em cima de sua coxa na passagem de Davi, e será
enviada um dia por Ela na Terra. Por isso é o que Ele diz: ‘Cavalga prosperamente em tua
majestade’ - exaltando Sua palavra em todas as terras, de modo que chame todas as nações:
destinadas a prosperar no sucesso da fé que receberam, e reinando, a partir do fato dEle vencer
a morte pela Sua ressurreição. Sua mão direita, diz ele, deve levá-lo maravilhosamente por diante,
até mesmo ao poder de sua graça espiritual, em que o conhecimento de Cristo é trazido. Suas
flechas são agudas, os teus preceitos pairam sobre todos os lugares, suas ameaças também, e as
persuasões do coração, penetrando e perfurando cada consciência“(Ibidem, III:14).

7. Orígenes(185-254), teólogo do século III, declara:

"Ele deve saber que tudo o que os homens têm é pela graça de Deus, pois eles não têm nenhuma
dúvida, porque quem lhe deu primeiro a ele, será recompensado com ele novamente? Por isso, é
de graça, tudo o que ele tem, que não tinha, e é um receptor dela, que sempre foi, e é, e será para
sempre"(Comentário sobre Romanos 1.10).

“E os que nenhum homem teria mudado, nem mesmo por castigo, o Verbo os recriou, formando-
os e modelando-os segundo sua vontade”(Contra Celso, III:68)

“Mas sua paixão, em vez de fazer fracassar a mensagem de Deus, ao contrário, se assim podemos
dizer, concorreu para a tornar conhecida, como o próprio Jesus tinha ensinado: ‘Se o grão de trigo
que cai na terra não morrer, permanecerá só, mas se morrer, produzirá muito fruto’(Jo 12:24).
Portanto, por sua morte o grão de trigo que foi Jesus, produziu muito fruto, e o Pai exerce uma
providência contínua para com os que foram, ainda são e serão os frutos produzidos pela morte
desse grão de trigo”(Ibidem, VIII:43).

"Deus abre a boca, os ouvidos e os olhos, para que possamos falar, perceber e ouvir as coisas
que são de Deus"(Homíla 3 sobre Exodo).

“Ele defende, ele mantém, ele nos atrai para si mesmo, de modo que ele fala: ‘E eis que estou
convosco até ao fim do mundo’, mas também não bastando que ele esteja conosco, de alguma
maneira ele nos compeliu, para que ele possa atrair-nos para a salvação; pois ele diz em outro
lugar: 'Quando eu for levantado, atrairei todos a mim'. Você vê, como ele não só convida os que
estão inclinados, mas de tal maneira chama estes de maneira diferente. E pouco depois o próprio
Senhor, o Pai, não negligencia a dispensação da nossa salvação, pois ele não só nos chamou para a
salvação, mas ele nos atraiu; por isso o Senhor diz no evangelho: ‘Ninguém vem a mim, mas a
quem meu Pai celestial arrastar’. Mas o pai da família, que enviou os seus servos para convidar
seus amigos para o casamento de seu filho, depois que eles que foram primeiramente convidados,
e se desculparam, disse aos servos: ‘Saí pelos caminhos e becos, e quem vos encontrar, forçe-os a
entrar’; assim, portanto, não fomos apenas chamados por Deus, mas fomos atraídos e
compelidos à salvação"(Homília 20 Sobre Números)

8. Cipriano(200-258), bispo de Cartago, declara:

“Estes foram os meus pensamentos frequentes. Por enquanto eu era mantido preso pelos
inúmeros erros de minha vida anterior, do qual eu não acreditava que eu poderia ser liberto, então
eu estava disposto a me sujeitar e me agarrar a minha depravação, e porque eu não tinha
esperança de melhores coisas, eu costumava satisfazer meus pecados, como se fossem, na
verdade, partes de mim, e naturais para mim. Mas depois disso, com a ajuda da água do novo
nascimento, a mácula de anos anteriores tinha sido lavada, e uma luz de cima, serena e pura, foi
infundida em meu coração reconciliado - depois disso, pela agência do Espírito soprado do céu,
um segundo nascimento restaurou-me à consciência de um novo homem, então, de uma forma
maravilhosa, incertezas começaram a tomar conta de mim, o oculto sendo revelado, o que era
escuridão tornou-se iluminado, o que antes parecia difícil começou a ocorrer, o que se pensava
impossível, tornou-se capaz de ser feito, de modo que eu estava capacitado para reconhecer que
o que anteriormente, era nascido da carne, vivido na prática de pecados, e terreno, mas agora já
começado a pertencer a Deus, foi animado pelo Espírito de santidade”(Epístola a Donato [1:4]).

“Acrescentamos, também, e dizemos: ‘A tua vontade seja feita, assim na Terra como no céu’; não
que Deus tivesse pensando o que Ele quer, mas que nós podemos ser capacitados para fazer o
que Deus quer. Pois, quem resiste a Deus, de modo que Ele não possa fazer o que quer? Mas
quando somos prejudicados pelo demônio com referência a obedecer com nosso pensamento e
ação à vontade de Deus em todas as coisas, nós oramos e pedimos que a vontade de Deus seja
feita em nós; e que para poder ser feito em nós temos necessidade da boa vontade de Deus, isto é,
de Sua ajuda e proteção, uma vez que ninguém é forte em sua própria força, mas ele será salvo
pela graça e misericórdia de Deus”(Da Oração do Senhor, 14)

9. Eusébio de Cesareia(263-339), bispo de Cesaréia, declara:

“E quem não iria ficar impressionado com a extraordinária mudança que os homens de todas as
idades, que deram honra a deuses de madeira e pedra e demônios, animais selvagens que se
alimentam de carne humana, répteis venenosos, animais de toda a espécie, monstros repulsivos,
fogo e terra, e os elementos inanimados do universo, e após a vinda de nosso Salvador começam
a orar ao Deus Altíssimo, Criador do Céu e da terra, o Senhor real dos profetas, o Deus de Abraão
e de seus antepassados”(Demonstração da Pregação Evangélica, I:6).

“Assim, o ‘remanescente segundo a eleição da graça’, e o que é chamado na profecia, ‘o resto que
ficou do povo’, proclamou o sinal do Senhor para todos os gentios, e juntou-se a Deus como um
povo, que é atraído por Ele, as almas dos gentios que são trazidas da destruição ao
conhecimento do Senhor, um povo que desde os quatro cantos da terra, agora mesmo é unido
entre si pelo poder de Cristo. E esses mesmos refugiados da raça perdida dos judeus, os discípulos
e apóstolos de nosso Salvador pertencentes a diferentes tribos, considerados honrados por uma
vocação e uma graça e um só Espírito Santo, foram excluídos de todo o amor que as tribos da raça
hebraica tinham por eles, como a profecia diz. Unidos, então, pela mesma mente e vontade, eles
não só atravessaram o continente, mas também as ilhas dos gentios, persuadindo as almas de
todos os homens em todos os lugares, e levando-as do cativeiro à obediência de
Cristo”(Demonstração da Pregação Evangélica, II:3).
10. Macário,o egípcio(350 d.C), declara:

“Quantos são os filhos da luz, que através do ministério do Novo Testamento pelo Espírito Santo,
não aprendem nada dos homens; pois eles são ensinados por Deus, que através de sua graça,
escreve as leis do Espírito em seus corações"(Homília 15)

11. Hilário de Poitiers(300-368), declara:

“Apesar de eu crer em minha regeneração, eu sou um ignorante, eu tenho a realidade, embora eu


não a compreenda. Pois a minha própria consciência não tinha a função de causar este novo
nascimento, que se manifesta em seus efeitos. Além disso, o Espírito não tem limites, Ele fala
quando Ele quer, e o que Ele quer, e onde Ele quer”(Da Trindade, XII:56).

“Pois o próprio Deus consente em fazer todas as coisas que ele quer; apenas o seu perfeito poder
não é impedido por ninguém, de modo que ele pode fazer o que ele quer, e não existe nenhum
obstáculo, com relação a quem possui todas as coisas”(Comentário do Salmo 134).

"Como o poderoso Deus tem poder, e como ele pode salvar pela fé? E, de fato, tal é o seu poder,
que não pode ser resistido, que é próprio e que lhe é peculiar, pois, como este Pai em algum
lugar observa"(Comentário em Mateus, IX).

12. Atanásio(296-373), bispo de Alexandria, declara:

“Também nos tornamos filhos, e não como Ele, em natureza e verdade, mas de acordo com a
graça d'Ele que chama”(Discurso Contra os Arianos, III; 25:19).

“De onde, para que não seja assim, sendo bom, Ele lhes dá uma participação na Sua própria
imagem, nosso Senhor Jesus Cristo, e fá-los à Sua própria imagem e conforme a Sua semelhança,
de modo que por tal graça compreendendo a imagem, isto é, a Palavra do Pai, eles podem ser
capazes por meio dele de ter uma ideia do Pai, e conhecer o seu Criador, viver uma vida feliz e
verdadeiramente bendita”(Da Encarnação do Verbo, 11).

“E dEle, pelo contrário, que somente Ele é a imagem verdadeira e natural do Pai. Porque, embora
nós temos sido feitos conforme esta imagem, e a imagem e glória de Deus são unidas, mas não na
nossa própria razão, mas por causa dessa imagem e verdadeira glória de Deus que habitam em
nós, que é o Seu Verbo, e que depois tornou-se carne por nós, temos essa graça de nossa
vocação”(Discurso Contra os Arianos, III; 25:10).

13. Basílio Magno(330-379), bispo de Cesaréia, declara:

"Era impossível nascer de novo, sem a graça preventiva de Deus. Fé é a obra de Deus e não
significa o que Deus requer de nós, mas o que ele opera em nós"(Do Batismo, I, 1:2).

“O Espírito não é uma criatura, mas o caráter de santidade de Deus, como o apóstolo ensina,
somos chamados à santidade do Espírito, e Ele nos fez uma nova criatura, permanecendo para
sempre”(Contra Eunomio, I:5).

14. Crisóstomo(347-407), bispo de Constantinopla e comentarista das Escrituras, declara:

“Porque Deus não está acostumado a fazer os homens bons por compulsão e força, nem é Sua
eleição e escolha compulsórias para aqueles que são chamados, mas convincente”(Homília 47
Sobre o Evangelho de João).

“Porque, assim como com esses olhos ninguém podia aprender as coisas nos céus, assim
também a alma sem ajuda das coisas do Espírito. E por que digo eu das coisas no céu? Não
recebe ainda aqueles em terra, todos elas. Pois olhando de longe uma torre quadrada, pensamos
que seja redonda, mas tal opinião é mera ilusão dos olhos, assim também nós podemos ter
certeza, quando um homem, por meio de seu entendimento só examina as coisas que sejam de
longe muito mais ridicularizadas. Porque não só ele não as contempla como realmente são, mas
ainda vai entendê-las inversamente. Por isso, acrescenta ‘porque lhe são loucura’. Mas isso não
vem da natureza das coisas, mas de sua debilidade, incapaz como ele é de alcançar a sua
grandeza através dos olhos de sua alma”(Homília 7 Sobre 1 Coríntios).

“Pois não é possível que um homem natural conheça as coisas divinas”(Homília 7 Sobre 1
Coríntios).

15. Agostinho(354-430), bispo de Hipona, declara:

“Com efeito, esta graça, conferida ocultamente aos corações humanos pela divina liberalidade,
não é recusada por nenhum coração por mais endurecido que seja. Pois, é conferida para,
primeiramente, destruir a dureza do coração. Portanto, quando o Pai é ouvido interiormente e
ensina para que se venha ao Filho, retira o coração de pedra e dá um coração de carne, como
prometeu pela pregação do profeta(Ez 11:19). Assim ele forma os filhos da promessa e os vasos
de misericórdia que preparou para a glória”(Da Predestinação dos Santos, VIII:13).

15. Cirilo de Alexandria(375-444 d.C), arcebispo de Alexandria, declara:

“Ele os salva atraindo-os pelo ensino do Pai. Mas este é o plano de alguém cujo único objetivo é
convencê-los a crerem, que deveriam chorar e lamentar por essas coisas pelas quais eles estavam
afligidos, para tentarem ser livres, e serem atraídos para a salvação pela fé nEle, através do
propósito do Pai, e da ajuda do alto, que lhes ilumina o caminho e os torna retos, uma vez que
quando pecaram, tornaram-se extremamente resistentes”(Comentário do Evangelho de João
[Livro 4]; Sobre Jo 6:43,44).

(b)Predecessores da Pré-Reforma

Thomas Bradwardine(1290-1349), foi o teólogo que influenciou poderosamente a teologia de


Wycliff, sendo seu tutor na Universidade de Oxford. Em sua obra “De Causa Dei Adversus
Pelagium”, declara:

“Os efeitos da predestinação são a comunicação da graça no presente, a justificação do pecado,


as boas obras e a perseverança final”(Lvro I, p.442).

(c)Os Pré-Reformadores

1. John Huss(1369-1415), professor da Universidade de Praga, e capelão da corte de Belém, era


também discípulo de Wyclif. Huss, em sua obra “Réplica a Stepan Palec”(1412 d.C), declara:

“A graça da predestinação é a corrente pela qual o corpo da Igreja e cada membro dela se
juntaram a Cristo”(I:321).

É evidente, que segundo Huss, o eleito é irresistivelmente levado até Cristo, pela “corrente” da
graça da predestinação. A palavra “corrente” significa “que corre sem encontrar
empecilho”(Dicionário Aurélio Escolar da Língua Portuguesa, 1988).

2. Jerônimo Savonarola(1452-1598), o pregador do mosteiro de Florença, em seu sermão


“Miserere”, afirma:

“Aqui está, ó Senhor, ele, no qual, para Ti, bastou apenas um instante para transformá-lo de
perseguidor em pregador, tão santo e importante a ponto de trabalhar mais que todos os outros
apóstolos. Ó virtude maravilhosa! Se Tu quiseres fazer de um perseguidor um pregador, quem te
impedirá? Quem te resistirá? Quem ousará argumentar contigo? Tu fazes tudo o que quiseres no
Céu, na Terra e em todas as profundezas”(Dernière Meditation, p.65).

(d)Os Reformadores

1. Martinho Lutero(1483-1546), o pai da Reforma Protestante, em sua renomada obra “Da


Vontade Cativa”(1525 d.C), declara:

“O ímpio, porém não vem, nem mesmo depois de ter ouvido a Palavra, se o Pai não o atrair e
ensinar por dentro, o que faz dando-lhe o Espírito. Aí existe uma força de atração diferente
daquela que acontece exteriormente. Aí é mostrado Cristo por meio da iluminação do Espírito,
por meio do qual o homem é arrastado para junto de Cristo, por uma atração extremamente
agradável e prefere antes consentir com o Mestre que ensina e com o Deus que atrai...”(Martinho
Lutero, Obras Selecionadas, Volume 4, p.210).

O que é interessante aqui, é que Lutero faz esse comentário a partir de uma observação sobre Jo
6:44. A palavra “trouxer”, que aparece no texto é a palavra grega “helkysē”. Esta mesma palavra
grega reaparece em At 16:19, e nesse texto, ela aparece, sendo traduzida por “arrastaram”. Isto
indica, que exegeticamente falando, nosso Senhor quis dizer, que no processo da regeneração,
nosso espírito é “arrastado” pelo Pai até Jesus Cristo. Isto indica e mostra o poder da chamada
eficaz (ou graça irresistível) do Espírito de Deus sobre o coração dos eleitos. É por isso que Lutero
diz que, na chamada de Deus, “homem é arrastado para junto de Cristo, por uma atração
extremamente agradável”. De fato, Edward Robinson(1794-1863), afirma que esta palavra grega
ἑλκύσῃ (helkysē), tem o significado literal de “puxar, arrastar, compelir, atrair por uma influência
moral”(Léxico do Grego do Novo Testamento, p.299).

2. Úlrico Zuínglio(1484-1531), sendo o pastor e pregador da Catedral de Zurique, foi o responsável


pela Reforma em Zurique, em um de seus “Artigos de Fé”(1522), chega a afirmar que “graças ao
Espírito de Deus, o homem é atraído até Deus e transformado nEle”(XIII).

3. Martin Bucer(1491-1551), reformador luterano, declara:

“Desses comentários, então, será evidente que a razão pela qual nós e os outros devem refletir
sobre a predestinação de Deus é que assim a nossa fé na promessa de Deus pode ser reforçada
pelo reconhecimento de que, como o apóstolo aqui afirma, os santos podem ter certeza absoluta
que aqueles a quem Deus predestinou, ele também chamará, justificará e glorificará, e aqueles a
quem já chamou Ele tem, sem dúvida, também conhecido de antemão e predeterminado”(Martin
Bucer, “Predestination,” in Common Places of Martin Bucer, trans., and ed., D.F. Wright [England:
Sutton Courtenay Press, 1972], 96-105).

4. João Calvino[1509-1564], Reformador de Genebra, em sua renomada obra “Institutas da


Religião Cristã”(1536 d.C), declara:

“O Senhor, ao eleger os seus, os adotou como filhos; entretanto; vemos que não chegam a posse
de tão grande bem senão quando os chama; por outro lado, vemos também que, uma vez
chamados, começam a gozar do benefício de sua eleição. Por isto, o apóstolo Paulo chama, ao
Espírito que os eleitos de Deus recebem ‘espírito de adoção’ e selo e penhor de nossa herança,
porque Ele confirma e sela em seu coração, com seu testemunho, a certeza desta adoção”(III;
24:1).

5. Thomas Cranmer(1489-1556), mártir e reformador anglicano, declara:

“Da mesma forma os eleitos não podem deliberada e obstinadamente resistir a chamada de
Deus"(Correções da ‘Instituições’ do Rei Henrique VIII, com Anotações)

(e)As Confissões de Fé Protestantes

1. A Confissão de Fé Escocesa (1560)(Reformada), declara:

“Essa regeneração se realiza pelo poder do Espírito Santo, que cria nos corações dos escolhidos de
Deus uma fé firme na promessa de Deus a nós revelada pela sua Palavra... Esta fé e a sua certeza
não procedem da carne e do sangue, isto é, de uma faculdade natural que há em nós, mas são a
inspiração do Espírito Santo... Pois, logo que o Espírito do Senhor Jesus, a quem os escolhidos de
Deus recebem pela verdadeira fé, toma posse do coração de alguém, imediatamente ele
regenera e renova esse homem, que assim começa a odiar aquilo que antes amava e a amar o que
antes odiava...”(III, XII, XIII).

2. A Segunda Confissão Helvética (1566)(Reformada), declara:


“Dizemos expressamente que este arrependimento é puro dom de Deus e não uma realização de
nossas forças... Mas esta fé é simplesmente um dom de Deus, que só ele pela sua graça, segundo
a sua medida, concede aos seus eleitos quando, a quem e quanto ele quer. E ele realiza isso pelo
Espírito Santo, pela pregação do Evangelho e pela oração fiel”(XIV, XVI).

3. Os Artigos de Fé da Igreja da Inglaterra (1571(Anglicanos), declaram:

“A predestinação para a vida é o eterno propósito de Deus, pelo qual (antes de lançados os
fundamentos do mundo) tem constantemente decretado por seu conselho, a nós oculto, livrar da
maldição e condenação os que elegeu em Cristo dentre o gênero humano, e conduzi-los por Cristo
à salvação eterna, como vasos feitos para a honra. Por isso os que se acham dotados de um tão
excelente benefício de Deus, são chamados segundo o propósito de Deus, por seu Espírito
operando em tempo devido; pela graça obedecem à vocação; são justificados gratuitamente; são
feitos filhos de Deus por adoção; são criados conforme à imagem de Seu Unigênito Filho Jesus
Cristo; vivem religiosamente em boas obras, e enfim chegam, pela misericórdia de Deus, à
felicidade eterna”(XVII).

4. A Fórmula de Concórdia (1577)(Luterana), declara:

“Por esta razão os eleitos são descritos em João 10: ‘As minhas ovelhas ouvem a minha voz e eu as
conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna’. Efésios 1: ‘Aqueles que ‘segundo o
propósito’ são predestinados para a ‘herança’, esses ouvem o Evangelho, crêem em Cristo, oram
e agradecem, são santificados no amor, tem esperança e consolo sob a cruz”(Declaração Sólida,
11:30).

5. Os Cânones de Dort (1618-1619)(Reformados), declaram:

“Porque Deus revela séria e sinceramente em sua Palavra o que Lhe agrada, a saber, que aqueles
que são chamados venham a Ele... Mas isto deve ser atribuído a Deus: como Ele os escolheu em
Cristo desde a eternidade, assim Ele os chamou efetivamente no tempo. Ele lhes dá fé e
arrependimento; Ele os livra do poder das trevas e os transfere para o reino de seu Filho... Deus
realiza seu bom propósito nos eleitos e opera neles a verdadeira conversão da seguinte maneira:
Ele faz com que ouçam o Evangelho mediante a pregação e poderosamente ilumina suas mentes
pelo Espírito Santo de tal modo que possam entender corretamente e discernir as coisas do
Espírito de Deus. Mas pela operação eficaz do mesmo Espírito regenerador, Deus também
penetra até os recantos mais íntimos do homem. Ele abre o coração fechado e amolece o que
está duro, circuncida o que está incircunciso e introduz novas qualidades na vontade”(Capítulos III,
IV, Artigos 8,10,11).

6. A Confissão de Fé Batista de 1644, declara:

“Uma vez que todos os eleitos são amados com um amor eterno, são, portanto, redimidos,
vivificados e salvos, mas não por eles mesmos, nem por suas próprias obras, para que ninguém
tenha do que se orgulhar; pois são salvos só e totalmente por Deus, por sua graça e misericórdia,
por meio de Jesus Cristo... A fé é o dom de Deus, produzida nos corações dos eleitos pelo Espírito
de Deus; por meio de quem chegam a ver, conhecer e crer na verdade das Escrituras...”(VI, XXII).

7. O Catecismo Menor de Westminster (1647)(Reformado), declara:

“P. 31. Que é vocação eficaz? R. Vocação eficaz é a obra do Espírito Santo, pela qual,
convencendo-nos do nosso pecado, e da nossa miséria, iluminando nossos entendimentos pelo
conhecimento de Cristo, e renovando a nossa vontade, nos persuade e habilita a abraçar Jesus
Cristo, que nos é oferecido de graça no Evangelho”.

8. O Catecismo Maior de Westminster (1648)(Reformado), declara:

“P. 67. Que é vocação eficaz? R. Vocação eficaz é a obra do poder e graça onipotente de Deus,
pela qual (do seu livre e especial amor para com os eleitos e sem que nada neles o leve a Isto), Ele,
no tempo aceitável, os convida e atrai a Jesus Cristo pela sua palavra e pelo seu Espírito,
iluminando os seus entendimentos de urna maneira salvadora, renovando e poderosamente
determinando as suas vontades, de modo que eles, embora em si mortos no pecado, tornam-se
por isso prontos e capazes de livremente responder à sua chamada e de aceitar e abraçar a graça
nela oferecida e comunicada”.

10. A Confissão de Fé de Westminster (1643-1649)(Reformado), declara:

“Todos aqueles que Deus predestinou para a vida, e só esses, é ele servido, no tempo por ele
determinado e aceito, chamar eficazmente pela sua palavra e pelo seu Espírito, tirando-os por
Jesus Cristo daquele estado de pecado e morte em que estão por natureza, e transpondo-os para a
graça e salvação. Isto ele o faz, iluminando os seus entendimentos espiritualmente a fim de
compreenderem as coisas de Deus para a salvação, tirando-lhes os seus corações de pedra e dando
lhes corações de carne, renovando as suas vontades e determinando-as pela sua onipotência para
aquilo que é bom e atraindo-os eficazmente a Jesus Cristo, mas de maneira que eles vêm mui
livremente, sendo para isso dispostos pela sua graça”(X:1).

11. A Confissão de Fé dos Valdenses (1655), declara:

“Que esta fé é a graciosa e eficaz obra do Espírito Santo, o qual ilumina nossas almas, e
convence-nos a apoiar-nos e descansarmos sobre a misericórdia de Deus, e assim aplica os
méritos de Jesus Cristo... Que esta Igreja é a companhia dos fiéis, que, tendo sido eleitos por Deus
antes da fundação do mundo, e chamados com uma santa vocação, unem-se a seguir a Palavra de
Deus, crendo em tudo que Ele lhes ensina nEla, e vivendo em seu temor”(XVIII, XXV).

12. A Declaração de Fé e Ordem de Savoy (1658)(Congregacional), declara:

“Todos aqueles que Deus predestinou para a vida, e só esses, é ele servido, no tempo por ele
determinado e aceito, chamar eficazmente pela sua palavra e pelo seu Espírito, tirando-os por
Jesus Cristo daquele estado de pecado e morte em que estão por natureza, e transpondo-os para a
graça e salvação. Isto ele o faz, iluminando os seus entendimentos espiritualmente a fim de
compreenderem as coisas de Deus para a salvação, tirando-lhes os seus corações de pedra e dando
lhes corações de carne, renovando as suas vontades e determinando-as pela sua onipotência para
aquilo que é bom e atraindo-os eficazmente a Jesus Cristo, mas de maneira que eles vêm mui
livremente, sendo para isso dispostos pela sua graça”(X:1).

13. A Fórmula Consensus Helvética (1675)(Reformada), declara:

“E conforme o seu mérito, pelo grande poder regenerador do Espírito Santo, Ele (Deus Pai)
decretou que estes eleitos sejam eficazmente chamados, regenerados e adotados através da fé e
arrependimento”(IV).

14. A Confissão de Fé Batista de 1689, declara:

“Aqueles a quem Deus predestinou para a vida, Ele se agrada em chamar eficazmente, no tempo
aceitável e por Ele mesmo determinado; por meio de sua Palavra e de seu Espírito; do estado
natural de pecado e morte, para a graça e a salvação por Jesus Cristo. Isso Deus faz iluminando-
lhes a mente de maneira espiritual e salvadora, para que compreendam as coisas de Deus;
tirando-lhes o coração de pedra e dando-lhes um coração de carne; renovando-lhes a vontade e,
pela sua onipotência, predispondo-os para o bem e trazendo-os irresistivelmente para Jesus
Cristo. No entanto, eles vêm a Cristo espontânea e livremente, porque a graça de Deus lhes dispõe
o coração para isso”(X:1).

15. A Confissão de Fé Metodista Calvinista de Gales (1823), declara:

“O chamado do Evangelho contem uma proclamação geral de boas novas para os pecadores
perdidos, e estabelece perante eles um eficaz estímulo para trazê-los à eterna salvação. Onde este
chamado é eficaz, o poder de Deus opera graciosamente, irresistivelmente, e de maneira
salvadora para vivificar aqueles que estavam mortos no pecado, para moldar as imaginações nas
mentes dos homens, para libertá-los do poder das trevas e transportá-los para o reino de seu Filho
amado, para fazê-los dispostos mo dia de seu poder e guiá-los em toda a verdade. Além do mais,
todos estes, para quem o Evangelho é o poder de Deus, serão trazidos a ele no dia da graça, e
serão levados finalmente à eterna glória, através de nosso Senhor Jesus Cristo"(XXII).

16. A Confissão de Fé Congregacional(“Declaração de Fé da Aliança das Igrejas Evangélicas


Congregacionais do Brasil’[2014]), declara:

“Cremos e confessamos que todos aqueles a quem Deus predestinou para a vida e, somente
esses, aprouve a Ele, em Seu tempo determinado e aceito, chamar eficazmente, por Sua Palavra e
por Seu Espírito, daquele estado de pecado e de morte em que estão por natureza, à graça e à
salvação por meio de Jesus Cristo; iluminando suas mentes espiritual e salvificamente para
entenderem as coisas de Deus; tirando-lhes o coração de pedra e dando-lhes um coração de
carne; renovando sua vontade e, por Seu infinito poder, determinando-os ao que é bom, e
eficazmente atraindo-os a Jesus Cristo; mas de tal forma que eles vêm livremente, sendo para isso
dispostos por Sua graça”(X:1).

(f)O Testemunho de Várias Igrejas

1. Os Luteranos

O Dr. Edward W. Koehler(1875-1951), declara:

“O modo de operação de Deus é adaptado à natureza racional do ser humano. É um processo


psíquico empregado pelo Espírito Santo. Na obra da conversão, Elle faz uso da capacidade
intelectual, emotiva e volitiva do ser humano. Através dessas capacidades, o ser humano é
ensinado, movido e convertido. Deus faz uso desse equipamento psíquico do ser humano. Ensina
o ser humano a conhecer o evangelho , impressiona e move-lhe o coração, e assim muda sua
vontade. O processo psíquico na conversão é o mesmo que ocorre em outros assuntos quando o
ser humano é ensinado, movido e mudado. A diferença é a seguinte: a fim de efetuar a conversão,
o ser humano recebe ensino não em coisas seculares, mas espirituais, que são a Palavra de Deus(1
Co 2:6,7). Além disso, é Deus quem dá ao ser humano conhecimento e entendimento(2 Co 4:6);
é Deus quem, através desse conhecimento, move e abre o coração(At 16:14); é Ele quem muda a
vontade(Jr 31:38; Fl 2:13). Ainda que Deus faça uso das funções psíquicas das quais Ele mesmo
dotou a alma do ser humano, é Ele, e somente Ele, que muda a vontade levando-a a Cristo,
criando nova vida e dando poderes espirituais”(Sumnário da Doutrina Cristã, p.101).

E no “Hinário Evangélico Luterano”(1956), lemos:

“A Palavra de Jesus
Seja ouvida nas igrejas,
Espalhando clara luz,
Para que, ó eleito, vejas
A bondade do Senhor,
Que nos tem profundo amor”(47:2)

“Ó supremo Rei Jesus,


Soberano Autor da luz,
Que aos eleitos dás a vida
Pela graça imerecida:
Quero, ó Manancial de amor,
Ver também o teu favor"(176:1)

“Glorioso, em guerra atroz venceu


O diabo furibundo.
Mandou-me o bom Consolador
Que me fêz crer em seu amor
De coração jucundo”(194:6)

2. Igrejas Reformadas do Brasil


Em seu hinário “Salmos e Hinos”, afirmam:

“Irresistível é a graça de Deus,


Ao que está morto em pecado,
É soberano o chamado do Pai,
Ao homem atraído e amado”(79:4).

3. Os Presbiterianos

O Rev. Duane Spencer, afirma:

“A morte de Cristo e seu precioso sangue foram destinados, especificamente, àqueles que Deus
determinou fossem a seu amado Filho, pela fé, mediante sua graça irresistível, e através do dom
da vida concedida pelo Espírito Santo”(TULIP –Os Cinco Pontos do Calvinismo à Luz das Escrituras,
p.57).

No hinário presbiteriano – ‘Novo Cântico’ -, lemos:

“Amavas-me, Senhor, quando atingiu meu peito


O Espírito de luz, o meu Consolador.
E com tesouros mil, de teu favor perfeito,
Trouxe à minha alma a fé em que hoje me deleito,
Meu Deus, que amor!
Meu Deus, que antigo amor!”(88:3).

“Não sei o modo como agiu


O Espírito eternal
Que, um dia, a Cristo me atraiu
Em convicção real”(105:2).

4. Os Anglicanos

O Bispo J. C Ryle(1816-1900) declara:

“Deixemos esse assunto com a confiante reflexão de que, para Cristo, nada é impossível. Mesmo o
coração mais empedernecido pode ser transformado. Sem dúvida, a graça divina é
irresistível”(Comentário de Mateus 23:37).

5. Os Congregacionais

Jonathan Edwards(1703-1758), em sua obra “Escritos Sobre a Trindade, Graça e Fé”, declara:

“Deus é dito para dar a verdadeira virtude e piedade do coração, para trabalhar em nós, para criá-
la, para formá-la ; sim, no que diz respeito a ele, isto é dito como sendo a obra de sua mão. Sim,
que pode não haver espaço para compreendê-lo em algum sentido impróprio , muitas vezes
golpeando declaradamente o próprio caráter de Deus. Ele faz com que seu próprio Ser seja o autor
e doador do dom , em seu ser chamado o santificador, ele que nos santifica [Hb 2:11] – ‘Eu sou
aquele que santifica você ‘- falado como um grande prerrogativa de Deus(Lv 20:8) e em outros
lugares paralelos. Ele declara expressamente o efeito deve ser conectado com o seu ato ou o que
ele deve fazer, para isso . ‘Eu aspergirei água pura sobre vós , e você será limpo’[Ez 36:25]. O que
Deus faz é muitas vezes falado como completamente eficaz, e o efeito tão infalivelmente
consequente: ‘Faze-nos , e seremos convertidos’[Lm 5:21]”.

Os congregacionais kalleyanos negam a doutrina bíblica-reformada da graça irresistível(Vanderli


Carrero, Nossa Doutrina, p.210), e negam-na, mesmo sabendo que a própria confissão de fé de
sua igreja admite a graça irresistível, visto que a “Breve Exposição das Doutrinas Fundamentais do
Cristianismo”(1876), afirma:

“A Igreja de Cristo no céu e na terra é uma só e compõe-se de todos os sinceros crentes no


Redentor, os quais foram escolhidos por Deus, antes de haver mundo, para serem chamados e
convertidos nesta vida e glorificados durante a eternidade”(XIX).

Como dissemos anteriormente, as igrejas congregacionais kalleianas negam a doutrina bíblica


reformada da graça irresistível, contrariando seu primitivo credo, e até seu próprio hinário –
‘Salmos e Hinos’, que por sua vez canta essa doutrina reformada melodicamente:

“Bendito dia, quando, enfim,


Vi Cristo sobre a cruz, por mim!
Vencido pelo Seu amor,
Rendi-me logo ao Salvador”(249:3).

“Bem-vindos, irmãos em Jesus,


Unidos a nós pela paz
Que Cristo operou,
Com graça divina e eficaz”(429:1).

6. Os Metodistas

a. George Whitefield(1714-1770), o pai do metodismo, em sua “Epístola 192”, endereçada ao Rev.


J. W , declara:

“Talvez eu nunca mais irei vê-lo novamente até nos encontrarmos em juízo; então, se não antes,
você vai saber, que soberania, notadamente, graça irresistível, levará você para o céu”(The Works
of the Reverend George Whitefield ...: Containing All ..., Volume 1, p.182).

b. John Wesley(1703-1791), có-fundador do metodismo, declara:

“O método comum do Espírito de Deus é convencer os pecadores pela lei. É este, que, uma vez
alojando-se na consciência, torna as rochas em pedaços. É especialmente esta parte da palavra de
Deus, que é viva e poderosa, cheia de vida e energia, ‘e mais aguda do que uma espada de dois
gumes’. Está, nas mãos de Deus e daqueles a quem Ele enviou, penetra o íntimo do coração cheio
de engano e ‘separa a alma e o espírito’, sim, ‘as juntas e as medulas’. Por esta o pecador descobre
a si mesmo. Todas as suas folhas de figueira são destroçadas e ele vê que é ‘ infeliz, pobre,
miserável, cego e nu’. A lei faz a condenação brilhar por todos os lados. Ele sente-se um mero
pecador. Nada tem para pagar. Sua ‘boca está calada’, e ele é ‘culpado perante Deus’”(Sermão ‘A
origem, natureza, propriedade e uso da Lei", IV, 1).

“Observe-se que não quero dizer que o Espírito de Deus testifica isto por qualquer voz externa
nem que o faça sempre por uma voz interior, embora Ele possa, às vezes, fazê-lo. Não suponho,
também, que Ele aplique ao coração, embora Ele frequentemente o faça, um ou mais textos das
Escrituras. Mas Ele opera sobre a alma pela sua influência imediata e por uma operação forte,
embora inexplicável que domina o vento tempestuoso e as ondas revoltas e se faz doce calma, o
coração descansa como se estivesse nos braços de Jesus e o pecador fica totalmente satisfeito
porque Deus está reconcilado e que todas ‘as suas iniquidades são perdoadas e seus pecados
encobertos’”( Sermão ‘O testemunho do Espírito’: II, 2-4).

Em sua “Nota Sobre João 6:45”, falando sobre aqueles que ouvirem a chamada interna do Espírito
Santo, ele diz:

“Todo aquele que do Pai ouviu: ele, e somente ele, crerá”.

Esta declaração refuta a ‘doutrina’ arminiana, que ensina que a obra do Espírito Santo é limitada
pela vontade humana. Os arminianos ensinam que quando o Espírito Santo inicia a obra de trazer
uma pessoa a Cristo, ela podia resistí-lo eficazmente e frustrá-lo em Seus propósitos. Mas, a
declaração de Wesley refuta toda esta opinião.

Também em sua “Nota Sobre Atos 26:18”, Wesley diz:

“Para que abras: ele abre os olhos dos que envia a Paulo, e o faz através de Paulo que é o
enviado”.

Esta declaração de Wesley, é mais forte ainda, desde que Lucas escreve que o próprio Senhor
afirma que aquelas pessoas a quem Paulo seria enviado, teriam esses olhos abertos. Isto é graça
irresistível. A garantia foi de antemão dada pela boca do próprio Deus. E como Deus realiza este
processo? O próprio Wesley nos dá a resposta, desde que em sua “Nota Sobre Hebreus 8:10”,
declara:

“Porei minhas leis em suas mentes: lhes abrirei os olhos e lhes iluminarei o entendimento o
entendimento, para que vejam seus significado verdadeiro, pleno, espiritual”.

Em outra obra, ele também explica como Deus realiza este processo:

"O Espírito Santo nos prepara para o seu reino interior removendo o véu de nosso coração e
capacitando-nos a conhecermos a nós mesmos como somos conhecidos por Ele, ‘convencendo-nos
do pecado’, da nossa má natureza, dos nossos maus sentimentos, das nossas más palavras e ações
e de tudo que participa da corrupção do nosso coração do qual promanam. Ele, então, nos
convence do deserto de nossos pecados, de modo que a nossa boca se cala e somos
constrangidos a reconhecermos a nossa culpa diante"(Sermões: "Sobre as descobertas da fé", 12).

Até o hinário metodista – ‘Hinário Evangélico’ – canta a doce melodia da graça irresistível:

“Pois estou certo,


Tua graça é eficaz”(253:4).

7. A Igreja do Nazareno

Em seu hinário ‘Louvor e Adoração”, esta igreja canta;

“Longe do meu Salvador, em tristeza e em temor,


Eu vagava neste mundo aqui de dor;
Mas Jesus me encontrou, meus pecados perdoou,
Em minha alma sua graça derramou”(321:1)

"Eu vagava pela senda de terror,


Oprimido por pecados e temor;
Quando o Salvador eu vi,
Sua terna voz ouví;
Ele me livrou por Seu imenso amor”(323:1)

"Tempos houve em que vivi sem Deus;


Não andei nos bons caminhos Seus,
Nem quis dirigir os passos meus ao Salvador

Sua voz enfim me despertou;


Seu amor meu coração ganhou.
Por Seu sangue foi que me salvou meu Salvador"(325:1-2)

"Eis, então, Cristo me procurou,


Salvou minha alma, me perdoou.
Hoje é meu gozo com Ele andar
Na doce calma do Seu olhar”(326, coro)

8. Os Batistas

William Carey(1761-1834), o pai das missões modernas, em sua obra “Padrão de Conformidade”,
declara:

“Temos a certeza que somente aqueles que foram destinados a vida eterna, irão crer”(Os Batistas
e a Doutrina da eleição, p.33).

A Declaração de Fé das Igrejas Batistas do Brasil (1916), declara:

“Cremos que o arrependimento e a fé são deveres sagrados e também graça inseparáveis,


operadas em nossa alma pelo regenerador Espírito de Deus, por meio do qual sendo
profundamente convencidos de nossa culpa, de nosso perigo, de nosso desamparo, bem como do
caminho de salvação, voltamos a Deus com genuína contrição, confissão e súplica por
misericórdia, recebendo ao mesmo tempo de coração o Senhor Jesus Cristo como nosso Profeta,
Sacerdote e Rei, e somente nEle confiando como nosso único e todo-suficiente Salvador”(VII).

A Declaração de Fé do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil (1955), declara:

“Regeneração é uma transformação de coração, operada pelo Espírito Santo, que desperta os
mortos em transgressões e pecados, iluminando as suas mentes, para poderem compreender a
Palavra de Deus, para leva-los à salvação, renovando toda a sua natureza de modo a serem
levados a viver em amor e santidade prática. É uma obra somente da livre e especial graça de
Deus”(VIII).

As igrejas batistas renovadas, em seu credo, também professam a crença na graça irresistível,
declarando. Na “Declaração de Fá da Convenção Batista Nacional”, lemos

“Cremos que o Espírito Santo é o Espírito de Deus. Ele atrai os homens a Cristo e efetua a
regeneração”(III).

O Dr. E. C. Dargan, antigo ministro da CBB, declara:

“A regeneração é o processo pela qual, espiritualmente falando, Deus refaz o homem. Essa obra
espiritual, é atribuída na Escritura ao Espírito Santo, que opera de tal forma na alma humana que
transforma os seus sentimentos, de maneira que o homem vem a amar as coisas que outrora
odiava”(As Doutrinas de Nossa Fé, p.98).

E até mesmo o antigo hinário da CBB – “Cantor Cristão”, apregoa a doce melodia da graça
irresistível, como se segue:

“Longe de Cristo tão cego eu andei;


Em trevas vivia, perdido, bem sei,
Mas ele com seu grande amor me buscou,
Logo minha alma da morte livrou”(372:3).

“Firmes, levemos a mensagem santa


Do evangelho de Jesus!
Esta mensagem divinal que encanta
E que o pecador conduz;
Cheia de bençãos do glorioso Deus,
Que descobre os escolhidos seus,

Cheia de amor, traz-nos do céu o fragor


Da compaixão de Deus e dá-nos graça tanta!”(438:3).

“Que graça real, eficaz,


A qual me outorgou plena paz,
Mercê que me bom Salvador
Me dispensou com amor”(514:2).

9. Os Pentecostais (Assembleias de Deus)

A posição oficial das AD é francamente contrária a doutrina bíblica-reformada da graça


irresistível(Mensageiro da Paz, Abril de 1997, p.,11). Todavia, Timothy Munyon, um dos teólogos
das AD nos EUA, contrariando a opinião das AD do Brasil, declara:

“Vale a pena mencionar mais uma palavra a respeito da liberdade volitiva desfrutada pelos seres
humanos. Estes, mesmo possuindo tal liberdade, são incapazes de escolher a Deus. Deus,
portanto, pela sua bondade, equipa as pessoas com uma medida de graça que as capacita e
prepara a corresponder ao Evangelho”(Teologia Sistemática, Uma Perspectiva Pentecostal, p.260).

A declaração acima proferida é bem semelhante à declaração da Confissão de Fé de


Westminster(1643-1649):

“Esta vocação eficaz é só da livre e especial graça de Deus e não provem de qualquer coisa prevista
no homem; na vocação o homem é inteiramente passivo, até que, vivificado e renovado pelo
Espírito Santo, fica habilitado a corresponder a ela e a receber a graça nela oferecida e
comunicada”(X:2).

Até mesmo o hinário das AD, canta a doce melodia da graça irresistível, como se segue:

“Bendito dia, quando, enfim,


Vi Cristo sobre a cruz, por mim!
Vencido pelo Seu amor,
Rendi-me logo ao Salvador”(54:3).

“Pois, quando vi Jesus por mim,


Sofrendo sobre a cruz,
O meu coração, sem hesitação,
Recebeu o amor e a luz”(59:2).

“Completa a grande transação,


Jesus é meu, eu do Senhor!
Chamou-me a voz do Seu amor;
Cedi à imensa atração”(201:2).

“Hoje é o dia aprazível,


Vem a Jesus, teu Salvador.
Ó Seu amor é irresistível”(238:4).

“Fui pecador, perverso e mau,


Longe de Ti vaguei!
Mas, mui feliz eu hoje sou,
Jesus, meu Deus e Rei.

Eu percebi a tua voz


A me chamar: “Oh, vem!
Vem, filho meu! Eu dar-te-ei
O meu perdão! Sim, vem!”

Logo a teus pés, humilde, vim,


E me prostrei, Senhor!
Oh! sou feliz, porque senti
O teu benigno amor!”(Hino nº 588).

10. Os Neo-Pentecostais(IURD)

A IURD, em seu hinário “Louvores do Reino”, declara:

“Foi assim que um dia eu ouví a tua voz,


Que o Teu Espírito tocou em mim,
E eu vim aqui”(60, Refrão).

“A quem livrei do abismo,


Do lugar mais longínquo da Terra,
Eu disse: Tu és meu servo, Eu te escolhi”(71:1).

“Quando o Senhor Jesus me tocou,


Livrou-me da escuridão”(206, Refrão).

Apesar da seita IURD ser contrário a doutrina da graça irresistível, não só seu hinário, mas até
algumas autoridades da mesma, dão declarações francamente favoráveis a doutrina bíblica da
chamada eficaz. Por exemplo, Romualdo Panceiro, um dos “bispos” da IURD, em sua obra
“Mensagens da Fé”(Volume II), declara:

“A pessoa que tem o coração cuja natureza é terrena tem uma visão, mas aquela que tem o
coração sobrenatural tem outra visão. O diabo não quer que você tenha o coração sobrenatural,
que irá lhe mostrar as coisas de forma diferente. Ele quer que você continue com o coração
natural... A partir do momento em que a pessoa vê tudo de forma natural, não luta pra sair
daquela situação. Mas quando você receber um novo coração, vai nascer uma revolta vinda de
uma fé sobrenatural. Esta revolta é a voz do Espírito Santo dentro de você...”(p.44).

“Quando a pessoa nasce do Espírito, recebe um novo coração, segundo o coração de Deus, o
coração da fé. Embora este esteja também sujeito aos sentimentos, ouve a voz de Deus. Já o
coração puramente humano, também chamado de coração de pedra, não tem essa capacidade e
dirige a pessoa de acordo com os sentidos: visão; olfato; audição; paladar; tato”(Ibidem, p.33).
Capítulo 11 – A Bíblia Sagrada Rejeita a Perda da Salvação (ou Cair da Graça)

Desde o século XVII, os seguidores de Armínio, em clara oposição a doutrina bíblica-reformada da


‘Perseverança dos Santos”, apresentaram um novo dogma, afirmando o “Cair da Graça” – isto é,
que o homem uma vez salvo por Cristo, poderia finalmente decair desta graça e perder a salvação.
Atualmente, os arminianos citam como bases “bíblicas” para o novo dogma os seguintes textos
bíblicos: 1 Cr 28:9; 2 Cr 15:2; Sl 69:28; Ap 2:5; Ex 32:32,33; Ap 3:11; 1 Tm 5:11,13,15; 2 Tm 2:12; 2
Pd 2:12; 2 Pd 2:1,20,22; 1 Jo 5:16; Mt 8:12; Hb 6:4-6; 21 Tm 2:16,18; Rm 11:21,22; Ap 22:18,19; 1
Tm 4:1; Ez 16:24,26; Ez 33:18; Cl 1:23; 1 Sm 31:5-6 comp.com 1 Cr 10:13-14; Mt 24:13; Jo 15:6; 1
Co 15:; Hb 2:3; Hb 3:14; Hb 10:38; 1 Jo 1:7; Hb 12:5; Hb 10:26; Mt 25:1-12; 1 Jo 2:28; Ap 3:5; Jd 5;
2 Tm 4:10; 2 Tm 4:14-15; Hb 3:6; Hb 4:1; 2 Jo 8).

Talvez, a multidão de textos bíblicos citados pelos arminianos, amedronte alguém. Todavia, quando
todos estes textos são examinados e comentados à luz dos princípios fundamentais de
interpretação bíblica, poderemos olhar e observar o “bicho papão” do arminianismo
remonstrante à quilômetros de distância de nós, numa desabalada carreira. Dizemos
“arminianismo remonstrante” porque Armínio não ensinou jamais que o cristão pode perder a
salvação. Este novo dogma só foi ensinado em 1610, portanto, um ano depois da morte de
Armínio.

Examinemos cada um dos argumentos arminianos e coloquemos o “bicho-papão” arminiano pra


correr!

1. “E tu, meu filho Salomão, conhece o Deus de teu pai, e serve-o com um coração perfeito e com
uma alma voluntária; porque esquadrinha o Senhor todos os corações, e entende todas as
imaginações dos pensamentos; se o buscares, será achado de ti; porém, se o deixares, rejeitar-
te-á para sempre”(1 Cr 28:9).

Comentário: (a)A palavra hebraica aqui traduzida por “rejeitar-te-á” é o verbo ‫( ָזנַח‬yaz·nî·ḥă·ḵā),
que, de acordo com o “A Hebrew and English Lexicon of the Old Testament”, de Francis Brown,
Samuel R. Driver e C. A. Briggs, tem o significado de “desprezar”(p.276). De acordo com o “Léxico
Hebraico e Aramaico do Antigo Testamento”, de William L. Holladay, esse verbo hebraico tem o
significado de “deixar de usar” ou “excluir do ofício”(p.127). Salomão aqui personifica o povo de
Deus, isto é, cada crente. O v. 7 diz: “E estabelecerei o seu reino para sempre, se perseverar em
cumprir os meus mandamentos e os meus juízos, como até ao dia de hoje”. Na realidade, o
sentido de 1 Cr 28:9 tem esse sentido – o de excluir do oficio político, o de excluí-lo do reino, caso
deixasse o Senhor. É óbvio que Deus não rejeita para sempre o seu povo eleito (Sl 94:14). É
evidente que, quando Salomão deixou de obedecer a Deus (1 Re 11:3-10), o Senhor o rejeitou, ou
desprezou (como político, não como seu servo), no sentido de não mais atuar plenamente em sua
vida, por estar entristecido(Is 63:10; Ef 4:30), excluindo- do ofício, deixando-se de se utilizar dele.
Comentaristas das Escrituras também endossam esse mesmo ponto de vista, como se segue:

“Ele te lançará fora para sempre; de ser rei, ou desfrutar a paz, prosperidade e felicidade, que de
outra forma teria de ser apreciado”(John Gill[1697-1771], Ministro Batista, Comentário de 1
Crônicas 28:9).

“Se você procurá-lo, ele será encontrado por você. Mas se você abandoná-lo, ele ficará afastado de
você para sempre: ambos se comprovaram verdadeiros na vida de Salomão. Quando Salomão
buscou o Senhor em Gibeão, ele definitivamente o encontrou (1 Re 3:1-15). Quando Salomão
abandonou a Deus, ele estava em algum sentido... caído(1 Re 11:1-13)”(David Guzik, Ministro
Presbiteriano, Comentário de 1 Crônicas 28:9).

“Ele não foi tão fiel a Deus como ele deveria ter sido; e embora nós creiamos que ele não ficou
afastado para sempre, ainda sob o seu governo de Israel começou a decair, e ele se transpassou
com muitas dores em seus últimos dias”(Charles Spurgeon(1834-1892), Ministro Batista,
Comentário de 1 Crônicas 28:9).

“Não deixe que o pecado dificulte ou quebre essa comunhão com Deus, pois se o fizer, a alegria
vai embora, sua presença não vai mais ser sentida”(Joe Guglielmo, Pastor da Capela do Calvário
de Manitowoc, Nota Sobre 1 Crônicas 28:9).

2. “E saiu ao encontro de Asa, e disse-lhe: Ouvi-me, Asa, e todo o Judá e Benjamim: O Senhor
está convosco, enquanto vós estais com ele, e, se o buscardes, o achareis; porém, se o
deixardes, vos deixará”(2 Cr 15:2).

Comentário: A palavra hebraica que é traduzida por “deixará” é o verbo ‫( י ַעֲ ֥ז ֹב‬yaăzōḇ), que, de
acordo com o “A Hebrew and English Lexicon of the Old Testament”, de Francis Brown, Samuel R.
Driver e C. A. Briggs, tem o significado de “afastar-se”(p.737). E de acordo com o “Léxico Hebraico
e Aramaico do Antigo Testamento” de William L. Holladay, este verbo hebraico que aparece aqui, é
o mesmo verbo que aparece em Sl 37:25, com o significado de “ser deixado em apuros”(p.382).
Deus jamais abandonará literalmente o seu povo(Dt 31:6; Mt 28:20; Hb 13:5). Ele “deixa” o seu
povo, no sentido de deixar de atuar nele por um período indeterminado de tempo (Is 54:7-8
comp.com 2 Cr 15:3,4; Ef 4:30; 1 Ts 5:19), e mais particularmente, ao deixar de agir em seu povo e
de intervir com relação ao mesmo, deixando este mesmo povo entregue a toda sorte de
sofrimentos(2 Cr 15:5,6), e nesse estado, eles voltavam para Deus e o achavam(2 Cr 15:3-4). Tudo
isso ocorre quando Ele se entristece conosco (Is 63:10). Vários comentaristas das Escrituras tem
endossado essa opinião, como se segue:

“Se o deixardes, vos deixará: vos deixará cair nas mãos de seus inimigos”(John Gill[1697-1771],
Ministro Batista, Comentário de 2 Crônicas 15:2).

“Você teve, um sinal de seu sucesso recente, uma prova notável que a bênção de Deus está sobre
você; sua vitória foi a recompensa de sua fé e piedade. Se você firmemente aderir à causa de Deus,
você pode esperar uma continuação de seu favor; mas se você abandoná-lo, em breve você vai
colher os frutos amargos da apostasia”(Robert Jamieson [1802-1880], Andrew Robert
Fausset[1821-1910], David Brown[1803-1897], Ministros Anglicanos, Comentário de 2 Crônicas
15:2).

“Se o deixardes, vos deixará... Como nosso Rei João confessou que ele fez, quando cedeu o seu
reino ao Papa, e que posteriormente ele nunca prosperou. Deus, como um Pai, mudando o seu
olhar em direção a seus próprios filhos, quando cresceram brincando com seu amor, e
abandonando a diligência de sua justa observância e dever”(John Trapp[1601-1669], Ministro
Anglicano, Comentário de 2 Crônicas 15:2).
“Mas a condição inquieta das coisas retratadas em 2 Cr 15:5 corresponde, em parte, a várias vezes
no período dos juízes; e se, com Vitr . , comparando as características gerais da condição religiosa
dos tempos dos juízes (Jz 2:10), podemos certamente dizer que Israel naqueles tempos era sem
‫ אמת אלהי‬, uma vez que uma e outra vez abandonou Javé e serviu aos baalins. E, além disso,
vários exemplos de opressão de Israel retratados em 2 Cr 15:5,6 pode ser feita a partir do tempo
dos juízes. No entanto, as palavras de 2 Cr 15:6, mesmo quando o seu caráter retórico é levado em
conta, são muito fortes para o estado anárquico de coisas durante o período dos juízes, e as lutas
internas da época (Jz 12:1-6 e 2 Cr 20)”(Karl Fredreich Keil [1807-1888], Franz Delitzsch [1813-
1890], Ministros Luteranos, Comentário de 2 Crônicas 15:2).

“Se você procurá-lo, ele será encontrado por você. Sinceramente deseje seu favor, e vise a ele, e
você o alcançará. Ore, e você prevalecerá. Ele nunca disse, nem sempre, ‘Buscai -me em vão’(Ver
Hb 11:6 ). Mas, ‘Se você abandoná-lo e aos seus juízos, ele não estará vinculado a você, mas
certamente vai abandonar você, e então você será destruído, não haverá pra você no presente
nenhuma garantia de vitória. Ai de vós, quando Deus se afasta"(Matthew Henry[1662-1714],
Ministro Presbiteriano, Comentário de 2 Crônicas 15:2).

“E se você deixar Deus, ele vai sair e destruí-lo, depois de ter feito todas estas coisas boas”(Joseph
Benson[1748-1821, Ministro Metodista, Comentário de 2 Crônicas 15:2).

3. “Sejam riscados do livro dos vivos, e não sejam inscritos com os justos”(Sl 69:28).

Comentário: (a)Este texto, na versão da Convenção Batista Brasileira (‘Almeida Revista e Corrigida’),
Reza: “Sejam riscados do livro da vida e não tenham registro com os justos”. É na primeira
sentença do texto desta versão da CBB e da Sociedade Bíblica do Brasil, que se apoiam os
arminianos remonstrantes. A palavra hebraica que é traduzida por “vivos” é a palavra ‫חַ ִּי֑ים‬
(ḥay·yîm), que de acordo com o “A Hebrew and English Lexicon of the Old Testament”, de
Francis Brown, S. R. Driver e C. A. Briggs, significa “vivo”(p.312), indicando “nação dos
viventes”(Ibidem). Da mesma forma, a palavra hebraica ‫( חַ ִּי֑ים‬ḥayyîm), de acordo com William L.
Holladay, em seu “Léxico Hebraico e Aramaico do Antigo Testamento”, realmente significa
“vivente”(p.144), se referindo a quem “está” ou “permanece vivo”(Ibidem).

Ademais, a palavra hebraica que é traduzida por “sejam riscados” é o verbo hebraico ‫֭י ִמָּ חֽ ּו‬
(yim·mā·ḥū), que de acordo com o “A Hebrew and English Lexicon of the Old Testament”, de
Francis Brown, S. R. Driver e C. A. Briggs, significa “ser dizimado”(p.562), o que evidencia referir-se
não ao livro da vida, mas ao registro de todos os seres vivos racionais na face da Terra. De acordo
com William H. Holladay, em seu “Léxico Hebraico e Aramaico do Antigo Testamento”, o verbo
hebraico ‫((֭י ִמָּ חֽ ּו‬yim.mā.ḥū), que significa “erradicar, eliminar, destruir(por morte
prematura)”(p.234), é o mesmo verbo que aparece em Sl 109:13 com o sentido de “ser
exterminado, aniquilado”(Ibidem, p.234).

De acordo com Friedrich H. W. Gesenius, o texto menciona um livro “no qual os vivos estão
escritos diante de Deus”(A Hebrew and English Lexicon to the Old Testament, p.426), não
especificamente os crentes. Cremos que o sentido da frase inteira, bem como do contexto do
verso, deslegitima a tradução “sejam riscados do livro da vida” e legitima a tradução “sejam
riscados do livro dos vivos”, pelos seguintes motivos:

(b)A outra frase do Sl 69:28 mostra que Davi não está se referindo a crentes, pois ela diz: “e não
sejam inscritos com os justos”. Praticamente temos aqui uma distinção feita pelo salmista entre
este grupo de pessoas e os justos, conforme mencionado por ele. Se Davi estivesse se referindo a
crentes na primeira sentença do texto, a justos que se desviaram e se tornaram “ímpios”, então a
segunda sentença do texto deveria rezar assim:

“...e não continuem tendo registro com os justos...”.

Todo o contexto do verso 28, mostra que Davi está se referindo a ímpios, não a justos que se
desviaram e se tornaram “injustos” ou “ímpios”. Eis o perfil deles, traçado por Davi:

- São seus inimigos, que os odeiam e o querem destruir(vv.4,18-19,26), e fazem-lhe toda espécie
de mal(v.21)
- Devem ser mantidos na escuridão(v.23). Isso comprova mais adiante que Davi esteja falando de
ímpios, visto que a Bíblia diz: “e dos ímpios se desvie a sua luz”(Jó 38:15).

- Escarnecem do salmista(v.12).
- São objetos da ira de Deus, na qual estão presos(v.24).
- Devem estar presos em laços e armadilhas(v.22).
- Recusam fazer o bem ao salmista(v.21)
- - Não receberam o perdão dos pecados e nem a justificação(v.27).
- Devem ser banidos de suas posições(v.25). Este v.25, é uma prova de que Davi não se refere a
crentes, mas a ímpios, visto que o texto se refere profeticamente a Judas Iscariotes(At 1:16-20),
que não era um verdadeiro crente(Jo 13:10,11).
- Por fim, Davi faz mais outra vez uma distinção entre esses indivíduos mencionados por ele e os
justos, visto que segundo Davi, “os mansos verão isto, e se agradarão; o vosso coração viverá, pois
que buscais a Deus”(v.32).

Evidentemente, Sl 69:28 está simplesmente se referindo em riscar o nome dos ímpios de debaixo
do Céu, da Terra; em outras palavras – matar os ímpios, ‘apagando’ a sua existência(Dt 9:14; 25:19;
29:20; Sl 9:5) conforme registra a paráfrase da “Bíblia Viva”:

“Risca essas pessoas do livro dos vivos; não deixes que elas permaneçam para sempre ao lado dos
justos”.

De fato, em hipótese alguma o texto se refere aos justos. Ele tão somente se refere à morte física
dos ímpios. Todo o contexto do verso mostra que Davi referia-se aos ímpios, não aos justos(v.27
comp. com os vv.32-36). Justamente por isto, rezam “sejam riscados do livro dos vivos, e não
sejam inscritos com os justos” as seguintes versões da Bíblia:

- A Versão Inglesa de Wycliff(1384).


- A Versão Alemã de Martinho Lutero(1522)
- A Versão Espanhola [Reina/Valera] (1602)
- A Bíblia Galesa(1588)
- A Bíblia Húngara(1590)
- A King James Version(1611)
- A Statenvertaling(1618-1619) – Versão Holandesa da Bíblia
- A Versão Almeida Corrigida e Revisada, da Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.

Até mesmo as bíblias papistas de Figueiredo(1864) e de Matos Soares(1934), embora elaboradas


por indivíduos contrários à doutrina da perseverança dos santos, traduziram também o mesmo
texto por “sejam riscados do livro dos vivos”, aludindo ao fato de que o escritor sacro estava se
referindo a morte dos ímpios, a qual, ele pedia a Deus. Grande parte dos comentaristas das
Escrituras tem endossado este pensamento sobre o Sl 69:28, como se segue:

“Sejam riscados do livro dos vivos. É dizer, sejam riscados da terra dos viventes. Sejam arrancados
da vida, que perderam por sua crueldade e opressão. O salmista está falando da justiça retributiva;
e neste sentido deve ser entendida esta passagem. Eles não tem nenhum direito à longa vida que
Deus tem prometido aos seus seguidores”(Adam Clark [1760-1832], Ministro Metodista,
Comentário de Salmo 69:28).

“Sejam riscados do livro dos vivos - isto é, não permita que eles vivam; não permita que eles
sejam contados entre as pessoas que vivem. Permita que sejam cortados”(James Burton
Coffman[1906-2006], Comentário de Salmo 69:28).

“Deixe seus nomes apodrecerem e morrerem, serem enterrados no esquecimento eterno”(John


Gill[1697-1771], Ministro Batista, Comentário de Salmo 69:28).

“Isto significa não mais do que deveriam ser cortados e morrerem antes da hora
habitual”(Thomas Coke[1747-1814], Ministro Metodista, Comentário de Salmo 69:28).

“Que devem ser cortados de todas as esperanças de felicidade(Sl 69:28): permitam que sejam
apagados do livro dos vivos, não suportando que eles vivam por mais tempo”(Matthew
Henry[1662-1714], Ministro Presbiteriano, Comentário de Salmo 69:28).

“Deixe-os serem cortados antes de seu tempo, e não desfrutarem de nenhuma das bênçãos que
tu prometestes aos justos”(Joseph Benson[1748-1821, Ministro Metodista, Comentário de Salmo
69:28).

“A referência não é o futuro, mas a vida presente”(John Dummelow, Comentário de Salmo 69:28).

“Davi pediu que Deus apagasse os nomes de seus inimigos de seu livro da vida (Sl 69:28). Isso
provavelmente se refere ao livro da vida(cf. Ap 3:5). O termo ‘livro da vida’ no Antigo Testamento
refere-se ao registro daqueles que estão vivos fisicamente(cf. Êx 32:32-33, Dt 29:20, Sl 69:28, Dn
12:1; Cf Êx 17 : 14, Dt 25:19, Is 4:3)”(Dr. Thomas Constable, Notas Expositivas Sobre Salmo 69:28).

“Sejam riscados do livro dos vivos. Os judeus eram muito exigentes em manter genealogias de suas
famílias: de serem apagados, no menor sentido, deveriam ser cortados pela morte
temporal”(Joseph Sutcliffe[1786- 1856], Ministro Metodista, Comentário de Salmo 69:28).

“Mas para apagar os nomes dos mesmos não é apenas para matar, mas para excluir da
comunidade nacional, e por isso a partir de todos os privilégios do povo de Deus”(William
Robertson Nicoll[1851-1923], Ministro Presbiteriano, Comentário de Salmo 69:28).

4. “Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não,
brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres”(Ap 2:5)

Comentário: Pelo contexto, o pastor da igreja de Éfeso é descrito como tendo deixado o primeiro
amor(v.4). A palavra grega aqui traduzida no v.4 por “deixaste” é o verbo ἀφῆκες (aphēkes), que
de acordo com “A Greek English Lexicon of New Testament” de J. H. Thayer, significa “não manter
por mais tempo”(p.89). Aquela pessoa não se manteve por mais tempo no primeiro amor. A
palavra “castiçal” significa “utensílio em cuja parte superior há um bocal onde se deposita a
vela”(Dicionário Aurélio Escolar da Língua Portuguesa, 1988). Ora, considerando o livro como
repleto de muitas linguagens figuradas, então podemos tranquilamente argumentar. O “castiçal”
é o corpo do cristão, enquanto que a vela(a luz) é o Espírito(1 Co 6:19). Deus ameaçara retirar o
castiçal do justo, não a sua luz. Portanto, o versículo fala da morte física. O Espírito Santo está
conosco para sempre, até o dia da vinda de Cristo!(Jo 14:16; Ef 4:30). Vários comentaristas das
Escrituras tem chegado a mesma conclusão, em seus comentários sobre Ap 2:5, como se segue:

“Tirarei minhas ordenanças, removerei seus ministros e lhes enviarei uma fome da palavra. Como
não há aqui uma alusão ao castiçal no Tabernáculo e no templo, que não pode ser removido sem
suspender os levitas de todo o serviço, de maneira que o ameaçar aqui dá entender que, se eles
não se arrependeram, etc, ele estaria fora da Igreja. Eles deixariam de ter um pastor, já que não
tem a palavra e os sacramentos, e nem a presença do Senhor Jesus”(Adam Clark [1760-1832],
Ministro Metodista, Comentário de Apocalípse 2:5).

“E removerei o castiçal; ou seja, tirarei justamente daqueles que não progrediram os privilégios
religiosos”(Jacob Abbott[1803-1879], John S. C. Abbott[1805-1879], Comentário de Apocalípse
2:5).

“Isso não se refere a qualquer destruição total de uma igreja ou de uma cidade, mas a remoção
do impenitente a partir de qualquer estado eficaz como um candelabro da verdade em Jesus
Cristo. Muitos na igreja continuam a desfrutar a vida na Terra muito tempo depois que seu uso
como um instrumento eficaz de propagar o evangelho de Cristo deixou de existir. Essas igrejas têm
de fato seu ‘castiçal’ removido”(James Burton Coffman[1906-2006], Comentário de Apocalípse
2:5).

“O significado é que a igreja deu a luz em Éfeso; e que o que ele faria em relação a esse lugar seria
como a remoção de uma lâmpada, e deixando um lugar na escuridão. A expressão é equivalente a
dizer que a Igreja deixaria de existir. A ideia correta da passagem é, que a igreja seria totalmente
extinta; e é observável que este é um julgamento mais distintamente revelado em referência a
esta igreja que a qualquer outra das sete igrejas”(Albert Barnes [1798-1870], Ministro
Presbiteriano, Comentário de Apocalípse 2:5).

“Um enfraquecimento sentido na obrigação de amor mútuo formou o pecado capital em Éfeso; a
condição de existência como uma igreja foi o arrependimento; utilidade ou extinção é a
alternativa estendida para ela”(William Robertson Nicoll[1851-1923], Ministro Presbiteriano,
Comentário de Apocalipse 2:5).

“E removerei o teu castiçal, a menos que se arrependam; ou te será apagado o castiçal, o pastor
da igreja, por perseguição ou por morte”(John Gill[1697-1771], Ministro Batista, Comentário de
Apocalipse 2:5).

“É a remoção do candelabro, não a extinção da luz, que está sendo ameaçado aqui; julgamento
para alguns, mas que muito juízo por ocasião da misericórdia para os outros. Assim tem sido. A
sede da Igreja foi alterada, mas a própria Igreja sobrevive”(Robert Jamieson [1802-1880], Andrew
Robert Fausset[1821-1910], David Brown[1803-1897], Ministros Anglicanos, Comentário de
Apocalipse 2:5).

“Mas, mesmo na ameaça, a promessa está implícita no caso de verdadeiro arrependimento. E


removerei o teu candelabro do seu lugar - este ameaça, considerada como dirigida ao anjo ou
pastor da igreja, queria dizer, a menos que tu se arrependas, vou retirar o rebanho agora sob o
teu cuidado para outro lugar, e colocá-lo sob os cuidados de outro pastor, onde será melhor
cuidado. Considerado como dirigida à igreja, isso implica que eles não deveriam mais continuar a
ser uma igreja, se os membros não se esforçassem para recuperar o seu terreno perdido, e para
brilhar, pelo menos, com o seu antigo brilho; mas que o limite de disciplina deve ser dividido, e a
luz do evangelho removido deles “(Joseph Benson[1748-1821, Ministro Metodista, Comentário de
de Apocalipse 2:5).

“Se a presença da graça e do Espírito de Cristo são desprezados, podemos esperar o seu
descontentamento. Ele virá numa forma de julgamento, e que, de repente e, surpreendentemente,
ele expulsará da Igreja as igrejas impenitentes e pecadoras, tirará delas o seu evangelho, seus
ministros, e as suas ordenanças, e o que farão as igrejas ou os anjos das igrejas quando o
evangelho for removido?”(Matthew Henry[1662-1714], Ministro Presbiteriano, Comentário de
Apocalipse 2:5).

“A remoção do candelabro não significa que os membros individuais da Igreja estariam perdidos
ou condenados ao inferno. O que significa que é a Igreja perderia sua capacidade de lançar a luz
da verdade. A luz da Igreja pararia de brilhar. Eles se tornariam uma igreja sem influência ou
impacto espiritual na comunidade ao redor. Eles estariam ocupados fazendo coisas religiosas, mas
inteiramente irrelevantes. Eles ainda trabalhavam, ainda ortodoxos, mas inconseqüente, sem luz,
sem impacto”(Raymond Charles Stedman [1917-1992], Ministro da Peninsula Bible Church em
Palo Alto, California, Comentário de Apocalipse 2:5).

“A remoção de castiçal da igreja denota a remoção de sua alta posição e privilégios no santuário
de Deus. Não há nada aqui além do foi descrito simplesmente como ‘a remoção da luz’, não a
extinção da luz; julgamento para alguns, mas que muito juízo por ocasião da misericórdia para os
outros”(Philip Schaff [1819-1893], Ministro Presbiteriano, Comentário de Apocalipse 2:5).

5. “Agora, pois, perdoa o seu pecado; se não, risca-me, peço-te, do teu livro, que tens escrito.
Então disse o Senhor a Moisés: Aquele que pecar contra mim, a este riscarei do meu livro”(Ex
32:32-33).

Comentário: (a)A palavra hebraica traduzida por “riscarei” é o verbo hebraico


‫’(אֶ מְ ֶ ֖חּנּו‬em·ḥen·nū), que de acordo com o “A Hebrew and English Lexicon of the Old Testament” de
Francis Brown, Samuel R. Driver e C. A. Briggs, significa “apagar, exterminar”(p.562). De acordo
com o “Léxico Hebraico e Aramaico do Antigo Testamento”, de William H. Holladay, esse mesmo
verbo tem o significado de “erradicar, eliminar, destruir(por morte prematura)”(p.234).Se o
“livro” mencionado fosse o “livro da vida”, então todos os cristãos estariam riscados dele até o fim
de suas vidas, pois pecam todos os dias(1 Jo 1:8,10; 1 Re 8:46; Ec 7:20). O “livro” mencionado é o
“livro dos vivos”, isto é, o registro de todos os que nascem na Terra(Sl 139:6). O que Deus
prometeu ali (como ameaça), foi apagar da existência terrestre todos os que pecassem contra Ele
lá em Israel (Dt 9:14; 29:20; 2 Re 14:27; Ex 17:8,14 comp. com 1 Sm 15:3; Dt 25:19; Sl 109:132).
Clemente de Roma(30-100), em sua “Epístola aos Coríntios”(95 d.C), refere-se a este livro como
“o livro dos vivos”(53:4). Vários comentaristas tem endossado este mesmo parecer sobre este
texto, como se segue:

”Nestas palavras Deus se adapta à compreensão da mente humana, quando Ele diz: ‘riscarei’; em
referência a hipócritas que fazem essa falsa profissão do seu nome, de tal modo que eles não são
descritos de natureza diferente, até que Deus os rejeitassem abertamente: e, portanto, sua
explícita rejeição é chamada de apagamento. Além disso, Deus reprova o pedido absurdo de
Moisés, na medida em que não se harmoniza com a Sua justiça rejeitar o inocente; donde se segue
que Moisés havia orado imprudentemente”(João Calvino (1509-1564), Reformador de Genebra,
Comentário de Êxodo 32:32,33).

“É provável que uma parte do trabalho de Moisés durante os quarenta dias de sua residência no
monte com Deus, foi regular o registro de todas as tribos e famílias de Israel, em referência às
partes que, respectivamente, atuaram nas diversas operações no deserto, terra prometida, etc ; e
isto, que está sendo feito sob a direção imediata de Deus, é denominado o livro de Deus, que ele
havia escrito(esses registros unidos, ou registros, também chamado genealogias, os judeus tiveram
desde o período mais remoto de sua história); e é provável que Deus lhe tinha dito, que quem
tivesse quebrado o pacto que tinha feito com eles, em seguida, devia ser riscado da lista, e nunca
entrar na terra prometida. Tudo isso Moisés parece ter particularmente em vista, e, sem entrar em
detalhes, vem imediatamente para o ponto que sabendo que eles fixaram esta lista ou reuniram os
registros que foram feitos, ou seja, que quem tivesse quebrado o pacto deveria ser riscado
externamente, e nunca ter qualquer herança na terra prometida, por isso, diz ele: ‘este povo
cometeu um grande pecado, fazendo para si deuses de ouro’; assim, eles tinham quebrado o
pacto(ver o primeiro e o segundo mandamentos), e por isso tinham perdido o seu direito de
Canaã”(Adam Clark[1760-1832], Ministro Metodista, Comentário de Ex 32:32)

“Uma alusão ao registro dos vivos, e apagar os nomes das pessoas que morrem”(Robert Jamieson
[1802-1880], Andrew Robert Fausset[1821-1910], David Brown[1803-1897], Ministros Anglicanos,
Comentário de Êxodo 32:32,33).

“Corte-o para fora do livro dos vivos”(John Trapp[1601-1669], Ministro Anglicano, Comentário de
Êxodo 32:33).

“Assim, para riscar do livro da vida, ou dos vivos, é cortar um fora da terra dos vivos, o equivalente
a expressão de Moisés (Nm 11:15 ) ‘Se assim fazes comigo, desse modo, mata-me’. E, assim, é
entendido pelos doutores hebreus”(Joseph Benson[1748-1821, Ministro Metodista, Comentário
de Êxodo 32:33).

“Moisés estava intercedendo com Deus para perdoar os rebeldes israelitas, e para levá-los de novo
em sua aliança e graça: o seu pedido relacionado às coisas nesta vida; e, portanto, sua petição foi
muito natural, que, se o pensamento de Deus se encaixasse para conceder seu pedido, ele iria
apagar seu nome do livro que ele havia escrito; ou seja, tirar a vida que ele lhe tinha dado, e,
assim, isolá-lo também de todas as bênçãos da aliança temporal que ele havia feito com Israel; e
os benefícios que Deus lhe ofereceu (Ex 32:10)para transferir para si mesmo”(Thomas Coke[1747-
1814], Ministro Metodista, Comentário de Êxodo 32:33).

“A alma que pecar, essa morrerá, e não o inocente pelo culpado”(John Wesley[1703-1791], Có-
fundador do metodismo, Comentário de Êxodo 32:33).

“Apenas o pecador obstinado, que viola os santos mandamentos e persiste em sua desobediência,
será cortado do povo de Deus”(Daniel Wheldon(1808-1885), Ministro Metodista, Comentário de
Êxodo 32:33).

“Vemos grande amor de Moisés para os israelitas como seu mediador em sua disposição de
morrer por eles (cf. Rm 9:3). Sendo riscados do Livro de Deus pode se referir à morte
física”(Thomas Constable, Notas Expositivas sobre Comentário de Êxodo 32:33).

“Mas se não, se o decreto tem ido adiante, e não há remédio, mas eles estariam perdidos se esta
punição que já foi infligida em muitos não é suficiente (2 Co 2:6), mas todos eles devem ser
cortados, ‘risca-me, peço-te, do livro que tens escrito ‘, ou seja, ‘se eles devem ser cortados’, deixe-
me ser cortado com eles, e repentinamente cortados de Canaã, se tudo Israel deve perecer, estou
contente a perecer com eles, não me deixes sobreviver para a terra da promessa ser
minha”(Matthew Henry[1662-1714], Ministro Presbiteriano, Comentário de Êxodo 32:33).

“O valor é retirado dos registros em que os nomes de cidadãos estavam registrados (ver, por
exemplo Is 4:03 ; Jr 22:30; Ez 13:9). Assim, Deus é representado como tendo um livro no qual estão
inscritos os nomes daqueles que serão preservados vivo. Quando Ele apaga um nome, esta pessoa
morre”(John Dummelow, Comentário de Êxodo 32:33).
“’Deixe-me morrer em seu lugar!’ Mas Deus não podia aceitar um homem no lugar de outro; há
uma grande Substituto, ordenado por idade, mas ele é mais do que o homem e, portanto, ele
pode ficar no lugar do pecador”(Charles Spurgeon(1834-1892), Ministro Batista, Comentário de
Êxodo 32:33).

6. “Eis que venho sem demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa”(Ap 3:11).

Comentário: (a)Em primeiro lugar, é preciso entender o que nosso Senhor quer dizer por “guarda”
aqui no texto. A palavra grega que aqui é traduzida por “guarda” é o verbo κράτει (kratei), que de
acodo com o “A Greek English Lexicon of New Testament”, de J. H. Thayer, tem o significado de
“segurar rápido, não descartar ou deixar ir; manter cuidadosamente e fielmente”(p.359). Nesse
sentido, o cristão é exortado a valorizar sua condição de salvo, sob pena de perder seu galardão,
quando adentrar os céus. Deve-se entender assim, essa questão, pois o texto não prova e não
mostra a perda da salvação, nem muito menos que a perseverança na salvação é uma obra
oriunda do própria cristão, como o contexto mostra, dizendo: “também eu te guardarei da hora da
tentação que há de vir sobre todo o mundo, para tentar os que habitam na terra”(v.10). A palavra
grega aqui para “guardarei” é o verbo τηρήσω (tērēsō), que segundo Thayer, significa literalmente
“manter alguém no estado em que ele está”(p.622).. Isso mostra que o ato de manter o cristão na
fé, não vem do próprio cristão, mas vem apenas de Deus.

Ademais, a palavra grega que é traduzida por “coroa” aqui é a palavra grega στέφανόν
(stephanon), que segundo Edward Robinson, tem o significado de um “símbolo das recompensas
de uma vida futura, i. e. premio, recompensa”(Léxico Grego do Novo Testamento, p.851), se
referindo meramente aos nossos galardões. Ademais, nós também somos reis com Cristo, através
do novo nascimento(Ap 1:5-6; 5:10; Ef 2:5-6; Cl 1:13) e a coroa também é um símbolo desta
autoridade. Se um cristão não valorizar essa condição, perde a coroa(Lm 5:16), e desvia-se, saindo
do reino(a Igreja). A única coisa que o cristão perde quando se desvia é a alegria da salvação(Sl
51:12), não a própria salvação. Ninguém pode tirar a salvação do cristão(Jo 10:28-29; 5:24). Se
algum cristão se desvia, Deus, como um bom Pai e Pastor, vai busca-lo de volta(Ez 34:11; Mt 18:12-
14), pois a vontade de Deus é que nenhum dos seus eleitos se perca(Jo 6:37,39) e a sua vontade
cumpre-se integralmente(Is 46:10-11; Sl 115:3; 135:6; Jó 23:13,14). Vários comentaristas das
Escrituras tem endossado a mesma opinião sobre este texto, como se segue:

“Para que ninguém tome a tua coroa; não a felicidade eterna, chamada a coroa da vida, glória e
justiça, e que foi preparado para ele, e prometeu a ele, e seria certamente dado a ele; nem há
qualquer perigo de outro tomar isso dele. Mas essas exortações desse tipo para os santos são
necessárias, no que diz respeito a isso, para encorajar a diligência, cuidado e vigilância; e não há
curso contrário à sua perseverança final, e certeza da salvação”(John Gill[1697-1771], Ministro
Batista, Comentário de Apocalípse 3:11).

“Não a coroa de vida eterna (uma vez que é imperdível), mas a honra que Deus tem posto sobre
ti”(Robert Jamieson [1802-1880], Andrew Robert Fausset[1821-1910], David Brown[1803-1897],
Ministros Anglicanos, Comentário de Apocalípse 3:11).
“Que não poderás perder essa recompensa que será a porção dos que perseverarão até o fim, e
desses apenas”(Matthew Poole[1624-1679], Ministro Congregacional Puritano, Comentário de
Apocalípse 3:11).

“De modo geral, de expressão ἳνα ηδεὶς λάβῃ , a idéia não deve ser imposta como que outro
pudesse reter para si a coroa, arrebatando-a da igreja. Isto possivelmente teria sido expressa por
ἄλλος. Mas a idéia em si é impossível “(Heinrich Meyer[1800 -1873], Ministro Luterano,
Comentário de Apocalipse 3:11).

“Isto não é uma referência a uma possível perda da salvação”(Raymond Charles Stedman [1917-
1992], Ministro da Peninsula Bible Church em Palo Alto, California, Comentário de Apocalipse
3:11).

“Observa-se que o aviso é deixado: ‘ninguém tome a tua coroa’. Não é : ‘Que ninguém tome a tua
vida’, ou ‘a tua salvação’. Isso é uma eterna segurança em Cristo. Sendo nascido de Deus, eu não
posso perder a minha salvação; mas, se eu não sou um servo fiel, posso perder minha coroa
“(Henry Ironside[1876-1951],Ministro da Igreja dos Irmãos de Plymouth, Comentário de
Apocalipse 3:11).

7. “Mas não admitas as viúvas mais novas, porque, quando se tornam levianas contra Cristo,
querem casar-se. Tendo já a sua condenação por haverem aniquilado a primeira fé. E, além
disto, aprendem também a andar ociosas de casa em casa; e não só ociosas, mas também
paroleiras e curiosas, falando o que não convém. Quero, pois, que as que são moças se casem,
gerem filhos, governem a casa, e não dêem ocasião ao adversário de maldizer. Porque já
algumas se desviaram, indo após Satanás”(1 Tm 5:11-15).

Comentário: (a)Os arminianos usam o v.12 como “base” para a perda da salvação. Ora,
literalmente ninguém pode aniquilar a fé, pois Jesus é o “autor e consumador da fé”(Hb 12:2).
Ademais, a palavra grega que é traduzida por “condenação”, é a palavra κρίμα (krima), que
segundo Edward Robinson tem o significado de “sentença, implicando também punição como
uma consequência certa”(Léxico do Novo Testamento Grego, p.518). J. H. Thayer afirma que a
palavra grega κρίμα (krima), tem o significado de “julgamento.; i. e. condenação do erro, a
decisão (seja grave ou leve), a qual ocorre sobre os erros dos outros”(A Greek English Lexicon of
New Testament, p.360). [Esta mesma palavra grega κρίμα (krima ) aparece em 1 Co 11:29, em
referência a “condenação”]. Neste sentido, entende-se que Paulo está afirmando que estas
mulheres receberam algum tipo de punição eclesiástica, indicando que elas foram condenadas
pelos oficiais da Igreja, sofrendo algum tipo de sanção eclesiástica, podendo incluir disciplina, ou
afastamento da comunhão. (b)Cristo começou e terminará essa obra em nós(Fl 1:6). Embora não
seja possível alguém literalmente aniquilar a nossa fé, contudo, uma vida cristã sem obras, mata
temporariamente o poder da nossa fé(1 Tm 2:26). (c)E se alguém morreu em apostasia, deu provas
de que nunca pertenceu ao grupo dos eleitos e regenerados(1 Jo 2:18,19). Estamos eternamente
livres da condenação. Vários comentaristas das Escrituras também não vêem neste texto nenhum
apoio para o dogma da perda da salvação, como se segue:
“A expressão é digna de nota; porque ninguém pode desviar-se de Cristo, no menor grau, sem
seguir a Satanás; pois ele tem domínio sobre todos os que não pertencem a Cristo”(João
Calvino[1509-1564], Reformador de Genebra, Comentário de 1 Timóteo 5:15).

“No sentido em que satisfatoriamente usamos esta palavra, o apóstolo nunca pretendeu. É
provável que ele se refere aqui a alguma promessa ou compromisso que elas fizeram quando
apanhadas na lista já mencionada, e agora elas têm a culpa de terem violado a promessa; este é a
κριμα, ou condenação, da qual o apóstolo fala”(Adam Clark [1760-1832], Ministro Metodista,
Comentário de 1 Timóteo 5:12).

“Ou melhor, tendo a "condenação ", ou incorrendo em culpa. Isso não significa necessariamente
que eles perderiam suas almas(ver a frase explicadas nas notas em 1 Co 11:29). O significado é
que elas iriam contrair culpa, se tivessem sido admitidos entre esta classe de pessoas, e, em
seguida, casarem-se novamente”(Albert Barnes [1798-1870], Ministro Presbiteriano, Comentário
de 1 Timóteo 5:12).

“Pois, no caso de alguns, este resultado já se seguiu; ‘Algumas (viúvas), já se desviaram, seguindo a
Satanás’, o sedutor (não por apostasia da fé em geral, mas) por tais erros como são estigmatizados
em 1 Tm 5:11-13, a paixão sexual, preguiça, etc , e assim ter dado ocasião de reprovação”(Robert
Jamieson [1802-1880], Andrew Robert Fausset[1821-1910], David Brown[1803-1897], Ministros
Anglicanos, Comentário de 1 Timóteo 5:12).

“Tendo condenação. Como em 1 Co 11:29, no sentido geral da palavra, 'vindo sob condenação’”(
Philip Schaff [1819-1893], Ministro Presbiteriano, Comentário de 1 Timóteo 5:12).

“Sendo julgadas; ou seja, eles estão auto-condenadas”(Cambridge Greek Testament for Schools
and Colleges, , Comentário de 1 Timóteo 5:12).

“Ou 'condenação'; em vez disso, ‘incorrendo julgamento severo’”(John Dummelow, Comentário


de 1 Timóteo 5:12).

"ἔχουσαι κρίμα: merecendo censura. Não há nenhuma força especial em ἔχουσαι, como Ell.
explica, ‘trazendo sobre eles um julgamento, viz., que quebraram a primeira fé". Isto parece
forçado e não natural. ἔχειν κρίμα é correlativo à λαμβάνεσθαι κρίμα (Mc 12:40, Lc 20:47, Rm
13:2, Tg 3:1). Elas têm condenação porque, etc, habentes damnationem quia (Vulg. (281)). κρίμα
claro por si só significa que, o julgamento; mas quando o contexto, como aqui, implica que a
sentença é uma sentença de culpa, é razoável, de modo a traduzi-lo”(William R. Nicoll (1851-
1923], Ministro Presbiteriano, Comentário de 1 Timóteo 5:12).

8. “Se sofrermos, também com ele reinaremos; se o negarmos, também ele nos negará”(2 Tm
2:12).

Comentário: (a)Negamos a Deus quando agirmos de forma errada(1 Tm 6:1; 1 Co 12:32; 2 Co 6:3),
isto é, “negamo-lo” no sentido de o magoarmos com as nossas ações e Ele por sua vez nos “nega”
no sentido de privar-nos de suas bênçãos temporais(Dt 34:4), não de sua salvação(Sl 89:30-34). O
próprio contexto especifica que tipo de negação pode ser demonstrada por nós, isto é, quando
temos “contendas de palavras”(2 Tm 2:14) e quando nossos lábios cometem “falatórios
profanos”(2 Tm 2:16). O verso seguinte diz que, mesmo quando o “negamos”, Ele é fiel em seu
concerto conosco (Sl 89:30,31,34). Esse concerto é o “concerto eterno”(Hb 13:20), e por ser
eterno, é imutável(Jr 32:40; Is 59:21). Essa é uma linha de intepretação possível para este texto.
(b)Quanto a expressão “negará”, a palavra grega aí é ἀρνήσεται (arnēsetai), que de acordo com
Edward Robinson, significa “não reconhecer tal pessoa como seu discípulo ou amigo”(Léxico
Grego do Novo Testamento, p.117), o que indica, que se “negarmos” deliberadamente nosso
Senhor com nossas ações, ele não nos reconhecerá como seus discípulos ou amigos, visto que para
nosso Senhor, a obediência é uma comprovação de que alguém é verdadeiramente seu discípulo e
amigo(Jo 8:31; 15:14). Nesse sentido, não há qualquer apoio ao dogma arminiano da perda da
salvação nesse texto. Vários comentaristas das Escrituras têm endossado este parecer, negando
assim possuir tal texto base para o dogma da perda da salvação, como segue:

“Há uma negação de Cristo em palavras; por isso é negado pelos judeus que Cristo veio em carne e
osso, e que Jesus é o Messias; e alguns que já tinham o nome cristão, embora muito indignamente,
negaram sua verdadeira divindade, a sua verdadeira humanidade, filiação propriamente dita, e a
eficácia do seu sangue, retidão, e sacrifício, perdão, justificação e expiação: e há uma negação dele
em obras; por isso alguns que professam conhecê-lo, e não o têm em sua pessoa e ofícios,
negando-o pelas obras; um raciocínio não está se tornando sua profissão dele; eles têm a
aparência de piedade, mas negando a eficácia dela: há uma negação secreta e silenciosa dele,
quando os homens têm vergonha dele, e não o confessam; e há uma aberta negação dele, por
exemplo, que a sua boca contra os céus, e as suas línguas andam por toda a terra; há uma negação
parcial de Cristo, que era o caso de Pedro, apesar de sua fé nele, e amor a ele, não terem sido
perdidos; e há um total negação dele, uma apostasia completa, e da qual não há recuperação; e se
há qualquer desses apóstatas entre aqueles que têm chamado pelo nome de Cristo, ele vai negá-
los, ele não vai usá-los para o seu outro dia; ele vai colocá-los em sua mão esquerda ; ele vai
declarar que não os conhece, e bani-los da sua presença para sempre. Este é outro ramo da
palavra fiel; este será, certamente”(John Gill[1697-1771], Ministro Batista, Comentário de 2
Timóteo 2:12).

“Usada aqui especialmente com relação a negação verbal de Cristo, feita através do medo do
sofrimento. κἀκεῖνος ἀρνήσεται ἡᾶς : ‘ele não vai nos reconhecer propriamente como seus’, cujo
resultado será que permaneceremos em um estado sem graça e sem a bênção. O significado
desta frase é confirmada por 2 Tm 2:13”(Heinrich Meyer[1800 -1873], Ministro Luterano,
Comentário de 2 Timóteo 2:12).

“Deus geralmente revida, paga aos homens em sua própria moeda, proporcionando ciúme ao
ciúme, provocação à provocação”(John Trapp[1601-1669], Ministro Anglicano, Comentário de 2
Timóteo 2:12).

“O significado da última cláusula é, não nos reconhecer como seus”(Marvin R. Vincent [1834-
1922],Ministro Anglicano, Comentário de 2 Timóteo 2:12).
“O crente infiel não perderá a sua salvação(1 Jo 5:13), ou toda a sua recompensa (1 Pd 1:4), mas
ele vai perder um pouco de sua recompensa”(Thomas Constable, Notas Expositivas sobre 2
Timóteo 2:12).

“A apostasia de hipócritas, e a falsa profissão daqueles que se dizem cristãos, que são tão
somente no nome, que negam divindade de Cristo, a redenção pelo seu sangue, e as obras do
Espírito; estes, com outros de natureza semelhante, são os pontos de vista de Paulo, quando fala
da negação de Cristo, que apela para a sua negação de nós”(Robert Hawker [1753-1827], Ministro
Anglicano, Comentário de sobre 2 Timóteo 2:12).

“Jesus Cristo não pode atestar na eternidade para um homem que se recusou a ter qualquer coisa
a ver com ele no tempo; mas ele é para sempre fiel ao homem que, por mais que falhou, tentou
ser fiel a ele”(William Barclay[1907-1978], Comentário de 2 Timóteo 2:12).

“Há uma analogia prática para isso, mesmo no caso de um verdadeiramente nascido de Deus. Se
na prática o negarmos, na mesma medida em que, será negado a bênção da comunhão com Ele,
até que haja uma honesta restauração”(L. M. Grant[1917-1974], Comentário de 2 Timóteo 2:12).

9. “E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos
doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os
resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição... Porquanto se, depois de terem
escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo,
forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior do que o
primeiro. Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça, do que, conhecendo-
o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado. Deste modo sobreveio-lhes o que
por um verdadeiro provérbio se diz: O cão voltou ao seu próprio vômito, e a porca lavada ao
espojadouro de lama”(2 Pd 2:1,20-22).

Comentário: (1)Há duas espécies de interpretação com relação a 2 Pd 2:1. (a)A primeira mostra
que a palavra que é traduzida aqui por “Senhor”, é a palavra grega δεσπότην(despotēn), que ele
usa para se referir ao “Senhor” , não é a mesma palavra grega usada por ele para se referir a Jesus
como “Senhor” em outros textos, como 1 Pd 1:3,8,11,14; 2 Pd 3:2,18. Nestes textos, a palavra
grega usada por ele foi Κυρίου(Kyriou).

Isso posto, parece indicar que Pedro não está se referindo a Cristo, mas a Deus Pai. Nesse sentido,
a expressão “negarão o Senhor que os resgatou parece está se referindo ao fato de Deus Pai ter
libertado Israel da mão dos egípcios, conforme declarado em um texto correlato:

“Mas quero lembrar-vos, como a quem já uma vez soube isto, que, havendo o Senhor salvo um
povo, tirando-o da terra do Egito, destruiu depois os que não creram”(Jd 5).

Portanto, nesse sentido, a expressão “os resgatou”, se refere meramente a um livramento físico,
não espiritual ou salvífico.

(b)A segunda interpretação mostra que no v.1, os “falsos mestres” são aqueles que foram
“resgatados”, não da condenação do pecado, mas, da influência de certos pecados, através da
“graça comum” do Espírito Santo, através da influência do Evangelho (das Sagradas Escrituras).
Considere o caso dos mórmons e dos adventistas. Eles se abstêm do fumo e da bebida alcóolica.
Eles justificam sua abstinência apelando para as Escrituras. Contudo, isso não implica em uma
conversão e arrependimento. Por isso não operar a genuína conversão (feita somente pela graça
especial), eles negam a Deus, com suas doutrinas e práticas (Considere, por exemplo, a doutrina
do Adão-Deus e a prática da poligamia entre os mórmons. E entre os adventistas, observe a guarda
do sábado e a doutrina de que o diabo é có-redentor dos homens).

(2)A questão principal no argumento arminiano é a expressão “negarão o Senhor”. De acordo


com os apóstolos, eles negarão o Senhor, por serem filhos do diabo, destinados a perdição eterna:

“Porque se introduziram alguns, que já antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens
ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus, e negam a Deus, único dominador e
Senhor nosso, Jesus Cristo... Ondas impetuosas do mar, que escumam as suas mesmas
abominações; estrelas errantes, para os quais está eternamente reservada a negrura das trevas...
Estes são os que a si mesmos se separam, sensuais, que não têm o Espírito”(Jd 4,13,19).

Assim, Judas descreve o verdadeiro perfil desses “falsos mestres”:

1. São os que estão destinados ao juízo (à condenação).

2. São homens ímpios, não justos que se desviaram e se tornaram ímpios.

3. Negam a Deus(Ver Tt 1:16 comp. com Jo 10:14).

4. Não tem o Espírito Santo. E quem não tem o Espírito Santo, não pertence a Cristo(Rm 8:9).

(3)A palavra grega traduzida por “negarão”, é a palavra ἀρνούμενοι (arnoumenoi), de acordo com
Edward Robinson, tem o significado de “repudiar, rejeitar, não reconhecer”(Léxico Grego do Novo
Testamento, p.117), o que dá a entender que estas pessoas não pertencem ao grupo dos
verdadeiros cristãos regenerados, visto que de acordo com o Léxico Grego do Novo Testamento de
Edward Robinson, este ato de “repudiar, rejeitar, não reconhecer”, em 2 Pd 2:1, se refere a
repudiar, rejeitar, não reconhecer a Cristo “como o Messias”(Ibidem, p.117). Isso mostra tratar-se
de indivíduos que nunca creram em Cristo como Salvador, portanto, descartando a ideia de crentes
que perderam sua salvação, indicando apenas cristãos nominais.

(4)Com relação a expressão “repentina perdição”, que aparece no v.1, não há a menor evidência
do dogma da perda da salvação. A palavra que é aparece no texto como “perdição”, é a palavra
grega ἀπώλειαν (apōleian), que, com referência a pessoas, significa de acordo com Edward
Robinson, dentre outras coisas, “destruição, morte”(Léxico Grego do Novo Testamento, p.112),
indicando que estes indivíduos mencionados, tiveram morte física repentina.

(5)Sem contar que o próprio contexto de 2 Pd 2:1, mostra-nos que Pedro não está se referindo a
verdadeiros crentes, mas a crentes nominais, isto é, ímpios, reprovados, não eleitos, haja visto que
ele se refere aos membros deste grupo como “injustos”(v.9); “aqueles que andam segundo a
carne”(v.10); “blasfemos”(vv.10,12); “filhos de maldição”(2 Pd 2:14), portanto se referindo a
ímpios, não aos justos. A expressão “recebendo o galardão da injustiça”(2 Pd 2:13) comprova
também que Pedro se refere a “injustos”, não a justos que se desviaram.

(6)A própria expressão “e negarão o Senhor que os resgatou” é bem correlata ao texto de Jd 5:

“Mas quero lembrar-vos, como a quem já uma vez soube isto, que, havendo o Senhor salvo um
povo, tirando-o da terra do Egito, destruiu depois os que não creram”.

Nesse sentido, entende-se que o “resgatar” em 2 Pd 2:1 equivale ao “salvar” de Jd 5, se referindo


meramente a um livramento material, como ocorreu com os judeus ‘libertados’ do Egito, que
embora fossem ‘salvos’ daquela escravidão, não eram verdadeiros crentes, daí a expressão do
apóstolos - ‘destruiu depois os que não creram’. Os que negaram o Senhor em 2 Pd 2:1 e Jd 5,
eram pessoas que pertenciam nominalmente, exteriormente, a Deus e ao seu povo, embora não
internamente.

Os falsos profetas não são ovelhas, mas “lobos em pele de ovelha”(Mt 7:11; At 20:29; 2 Tm 3:5).
Estes são aqueles que se infiltram no rebanho (como o joio – Mt 13:24-25,28,38) para pregarem
heresias(2 Pd 2:1). Esses, declara Pedro, foram “feitos para serem presos e mortos”(2 Pd 2:12).,
foram “destinados a desobediência”(1 Pd 2:8).

(4)O v.19 apresenta estes personagens como “servos da corrupção” e “vencidos” por ela.
Enquanto que nosso Senhor disse que “se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis
livres”(Jo 8:36). Paulo chega a argumentar, falando que uma vez libertados do domínio do pecado,
os cristãos eleitos não podem mais voltar a serem escravos do mesmo: “Porque o pecado não terá
domínio sobre vós...”(Rm 6:14), e que uma vez “libertados do pecado, fostes feitos servos da
justiça”(Rm 6:18), e que “agora, libertados do pecado, e feitos servos de Deus, tendes o vosso
fruto para santificação, e por fim a vida eterna”(Rm 6:22). Paulo, reafirma que em Cristo, pelo seu
Espírito, estamos totalmente livres da servidão do pecado(Rm 8:2). Afirmam os apóstolos a
impossibilidade de um cristão ser vencido pela carne, pelo mundo e Satã, visto que todos estes
foram vencidos pelo cristão (1 Jo 2:13,14; 4:4; 5:4,5). Paulo também compartilha desta crença,
afirmando que nada, nenhuma circunstância ou criatura, podem separar o cristão do amor
salvífico de Deus (Rm 8:33-39). Justamente por isso, nosso Senhor garante a todos estes
vencedores, reinar com eles(Ap 3:21).

(5)Com relação ao verso 20, a palavra grega que é traduzida por “havendo escapado”, é a palavra
ἀποφυγόντες (apophygontes), que de acordo com o Léxico Grego do Novo Testamento de Edward
Robinson, significa “fugir”(p.110), correspondendo exatamente ao mesmo significado do v.1, no
sentido de que estes crentes nominais “fugiram” do cometimento de certos pecados, exatamente
pela influência da graça comum do Espírito Santo. É preciso entender que mesmo os filhos do
diabo, podem, através da graça comum do Espírito, ser resgatados de certas práticas pecaminosas,
sem serem contudo libertos totalmente do pecado. Em João 8, o apóstolo relata um evento ligado
a ‘filhos do diabo’(Jo 8:44), que embora incapazes de compreender sua Palavra(Jo 8:43), foram
descritos como possuindo uma certa fé nominal(intelectual) em Cristo(Jo 8:31), e como pessoas
que experimentariam através desta graça comum um certo tipo de libertação(Jo 8:32), embora não
pertencessem realmente a Deus(Jo 8:47) e nem possuíssem a fá salvífica(Jo 8:46). Portanto, não há
erro algum em identificar tais homens como filhos do diabo, quando vemos os termos que Pedro
usa analogicamente para referir-se a eles, tais como “cão” e “porca”. Ambos os termos são
aplicados aos filhos do diabo(Sl 22:16; 59:6; fl 3:2; Ap 22:15; Mt 7:6). Os justos desviados são
chamados de “ovelha desgarrada”(Ez 34:3-4; Sl 119:176).

(6)Quanto ao v.21, Pedro fala nos crentes nominais. Eles tinham conhecimento intelectual da
Palavra de Deus, como disse Paulo, “aprendem sempre, e nunca podem chegar ao conhecimento
da verdade”(2 Tm 3:7).

Assim, 2 Pd 2:1,20-22 não fornece nenhuma evidência do dogma da perda da salvação, como
muitos comentaristas das Escrituras tem defendido, como se segue:

“Assim, eram homens incluídos em uma fé comum, não havendo nenhuma diferença diante de
Deus, pois um seria como outro. Essa unidade rachará em pedaços, na medida em que dizem:
'Você é um cristão, mas você deve fazer obras, para que sejais salvo'; e, assim, eles nos levam para
longe da fé em direção às obras. Portanto São Pedro diz que, se vamos explicar isso corretamente,
nada mas que isto: virão de elevadas escolas, doutores, padres e monges, e todas as classes de
homens, que devem conduzir às seitas e ordens destruidoras, e devem persuadir o mundo a
perder-se por falsas doutrinas. Aqui significa tais homens, porque todos consideram a noção de
que são salvos por sua cerimônia e sua ordem, e eles motivam homens a alicerçarem a sua
confiança neles; enquanto os homens não possuem este ponto de vista, eles cuidadosamente se
mantém afastados deles"(Martinho Lutero [1483-1546], Reformador da Igreja, Comentário de 2
Pedro 2:1)

“Os homens podem romper externamente com seus pecados e professar a religião sem se
tornarem santos. Mas eles serão extremamente aptos para voltar novamente; e quando o fazem,
eles provam que eles nunca tiveram a verdadeira religião, ou que foram feitos ‘participantes da
natureza divina’. Eles nunca tiveram uma mudança de coração, ou ‘nasceram de Deus’”(Justin
Edwards[1787-1853], Ministro Congregacional, Comentário de 2 Pedro 2:22).

“E negarão o Senhor que os resgatou; não o Senhor Jesus Cristo, mas Deus, o Pai; para a palavra
κυριος não é aqui utilizada, em que sempre é o lugar onde Cristo é mencionado como o Senhor,
mas δεσποτης ; e que é expressivo do poder que os mestres têm sobre seus servos, e que Deus
tem sobre toda a humanidade; e onde quer que esta palavra é usada em outros lugares, se fala de
Deus Pai, quando aplicada a uma pessoa divina, como em Lc 2:29 e especialmente este parece ser
o sentido, a partir do texto paralelo em Jz 1:4, onde o Senhor Deus negado por aqueles homens é
manifestamente distinto do nosso Senhor Jesus Cristo, e por quem essas pessoas são ditas como
sendo compradas: o significado não é que elas foram redimidas pelo sangue de Cristo, pois não
tem em mente Cristo aqui; e além disso, sempre que a redenção por Cristo é mencionada, o preço
geralmente é mencionado, ou alguma circunstância ou outra que determina completamente o
sentido(Veja At 20:28), enquanto que aqui não é o menor indício de qualquer coisa deste tipo:
acrescentando isto, que os tais que são redimidos por Cristo são os eleitos de Deus somente, o
povo de Cristo, suas ovelhas e amigos, e da igreja, e que nunca saem para negar-lhe, de forma a
perecer eternamente; pois se os tais pudessem se perder, ou enganar ou serem enganados
finalmente e totalmente por heresias de perdição, e trazendo sobre si mesmos repentina
destruição, a compra de Cristo seria em vão, e o preço do resgate seria pago para nada; mas a
palavra ‘comprado’ se refere a misericórdias temporais e libertação, das quais esses homens
gozavam, e é usada como um agravamento do seu pecado ao negar o Senhor; tanto por meio
palavras, oferecendo externamente a tais princípios que são, com referência a glória das perfeições
divinas, depreciados, e negam um ou outro deles, seus propósitos, providência , promessas e
verdades; e que pelas obras, transformando a doutrina da graça de Deus em lascívia, sendo
desobedientes e reprovados para toda a boa obra; que eles deverão agir dessa maneira contra o
Senhor que os fez, e preservou suas criaturas e cuidou delas em sua providência, e tendo-os
acompanhado com bondade e misericórdia todos os dias de suas vidas; assim como Moisés agrava
a ingratidão dos judeus em Dt 32:6, de onde esta frase é empregada, e que manifestamente se
refere: ‘É assim que recompensas ao Senhor, povo louco e ignorante, não é ele teu Pai, que te
comprou? E que te fez e te estabeleceu? ‘. Nem este é o único lugar a que o apóstolo se refere,
neste capítulo. Veja 2 Pd 2:12 comparado com Dt 32:5 e é para ser observado, que as pessoas que
ele escreve eram judeus, que sendo chamados povo do Senhor, foram redimidos e comprados(Êx
15:13) e por isso foram os primeiros falsos mestres que se levantaram entre eles; e, portanto,
esta frase é muito aplicável a eles”(John Gill[1697-1771], Ministro Batista, Comentário de 2 Pedro
2:1”

“Você pode se perguntar que assim voltaram, mas há pouco espaço para admirar; pois eram
antes, e eles ainda continuam, cães e suínos “(Johann Albrecht Bengel[1693-1752], Ministro
Luterano, Comentário de 2 Pedro 2:22).

“Deus vai vomitar apóstatas para sempre, ensinando-lhes como eles deveriam ter vomitado o seu
pecado“(John Trapp[1601-1669], Ministro Anglicano, Comentário de 2 Pedro 2:22).

“Através do conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo; tal conhecimento de Cristo como
traz consigo uma reforma exterior da vida, embora não purifique o coração. Visto que o apóstolo
não fala aqui daqueles que foram enraizados em Cristo por uma fé salvadora e purificação do
coração, tornando-se explícito em 2 Pd 2:14, onde ele os nomeia”(Matthew Poole[1624-1679],
Ministro Congregacional Puritano, Comentário de 2 Pedro 2:20).

“Observe aqui, o caráter odioso dado sobre os apóstatas; o apóstolo compara-os com cães e
porcos, que, apesar de lavados na água do batismo externamente , mas sua natureza nunca foi
renovada internamente pelo Espírito Santo, como ovelhas de Cristo o são”(William Burkitt[1650-
1703], Ministro Anglicano, Comentário de 2 Pedro 2:22).

“Pela expressão acima sobre resgatar, não se deve supor, como tendo qualquer alusão à redenção
por Cristo. Se Jesus de fato comprou com seu sangue, ele teria os regenerado pelo seu Espírito. As
ovelhas de Cristo, marcadas em seu sangue como sua propriedade, deve ter o objeto de seus
cuidados. Mas comprou-os, simplesmente fazendo referência à sua providência sobre eles. Como
o antigo Israel, como uma nação, todos os filhos de Israel foram incluídos em sua libertação da
escravidão no Egito; e, como tal, pode-se dizer que foram externamente comprados dessa
escravidão, pela libertação deles pelo Senhor(Dt 4:32-34). Assim Moisés, em alusão a isso, diz a
Israel considerado nacionalmente: ‘É assim que recompensas ao Senhor , povo louco e ignorante?
Não é ele teu Pai, que te adquiriu? Ele não te fez e te estabeleceu ?(Dt 32:6”)”(Robert Hawker
[1753-1827], Ministro Anglicano, Comentário de 2 Pedro 2:1).

“O ‘caminho da justiça’ não é exatamente o mesmo que ‘o Evangelho’ ou ‘o caminho da


salvação’. É um termo para o cristianismo especificamente em seu lado ético, como uma nova
vida moral. Outras frases , como ‘o caminho da verdade’, descrevem -se mais definitivamente para
o lado doutrinário”(Philip Schaff [1819-1893], Ministro Presbiteriano, Comentário de 2 Pedro 2:21).

10. “Se alguém vir pecar seu irmão, pecado que não é para morte, orará, e Deus dará a vida
àqueles que não pecarem para morte. Há pecado para morte, e por esse não digo que ore”(1
João 5:16)

Comentário: Note-se que os que pecam para a morte, ainda assim são chamados de irmãos. A
referência aqui é a morte física (Jr 14:11-12), não a eterna. ). No AT, Sansão e Saul pecaram para a
morte(1 Cr 10:13-14; Jz 16:30). No NT vemos um caso assim. Um cristão comete o pecado de
incesto (1 Co 5:1). Paulo afirma que este morreria, e no entanto, seria salvo(1 Co 5:5), não
perdendo a salvação. Ele seria disciplinado da igreja, sendo cortado da comunhão(1 Co 5:13). Me
parece ser esse o sentido deste texto, visto que a palavra grega que foi traduzida aqui por “morte”
é a palavra grega θάνατον (thanaton), de acordo com J. H. Thayer (que chega até a citar Nm
18:22), tem o significado também ligado a “um crime capital”(Thayer’s Greek and English Lexicon
of New Testament, p.283), se referindo, portanto, a morte do corpo.

Grande parte dos comentaristas das Escrituras, não veem em 1 Jo 5:16 qualquer base para o
dogma da perda da salvação, como se segue:

“O pecado para a morte, um caso de transgressão, principalmente de retrocesso grave da vida e


poder de Deus, que Deus determina punir com morte física, enquanto, ao mesmo tempo, ele
estende misericórdia para a alma penitente”(Adam Clark [1760-1832], Ministro Metodista,
Comentário de 1 João 5:16).

“Qualquer homem espiritual (dotado do dom carismático de curar doenças); e que o seu irmão por
quem o homem espiritual foi pedir vida, não foi todo irmão que havia pecado, mas só o irmão que
tinha sido punido com uma doença mortal; mas que, tendo se arrependido de seu pecado, não
era um pecado para a morte; e que a vida a ser feita e recebida em nome de um tal irmão não era
a vida eterna a todos, mas uma recuperação milagrosa da doença mortal, a partir do qual ele
estava sofrendo”(James Burton Coffman[1906-2006], Comentário de 1 João 5:16).

“No caso do pecado para a morte física prematura, João revelou que a oração não vai evitar as
consequência”(Thomas Constable, Notas Expositivas sobre 1 João 5:16).

“No entanto, também está estabelecido [há tal coisa como] um pecado que é a morte do corpo;
por exemplo, no caso das pessoas”(Johann Albrecht Bengel[1693-1752], Ministro Luterano,
Comentário de 1 João 5:16).

“Na era apostólica, o poder de operar milagres era muito comum; e nesta conclusão de sua
epístola de São João dá direções para os cristãos, a quem o poder foi concedido. Eles não
poderiam de fato fazer um milagre, até que tivessem um impulso do Espírito para sugerir a eles
que Deus ouve a sua oração, e a seu pedido milagrosamente curar o doente. E São João parece
que veio para encomendá-los para esperar o impulso do Espírito, antes que eles tentaram fazer um
milagre. Tais mestres cristãos como experimentaram e viveram a vida cristã, não estavam em
perigo de cair sob qualquer juízo divino notável; mas a partir de 1 Co 11:3; Tg 5:14; 5:20 e aqui,
parece, que alguns cristãos professos se comportavam de forma irregular, e, assim, atraíram
sobre si algumas enfermidade, como julgamentos de Deus. Alguns foram punidos com doenças
que terminaram em morte física; outros, cujos crimes não eram tão graves, e que realmente se
arrependeram, sendo milagrosamente curados, e as suas doenças não terminaram em morte.
Nesses casos, os cristãos que tinham o poder de operar milagres, tiveram um impulso divino para
encaminhá-los para orar pelo seu irmão ofensor; e quando assim oravam, de acordo com a
vontade de Deus sugerida a eles dessa maneira, Deus, a seu pedido, concedia vida para seu irmão
cristão, que havia cometido o pecado não para morte. Depois disso, São João toma conhecimento
das vantagens que os cristãos tinham acima do resto do mundo; e conclui advertindo-os contra
cair em qualquer ato de idolatria, visto que seus vizinhos pagãos, que eram então muito
numerosos, estavam provavelmente preparados para tentá-los; e, talvez, que é mencionado neste
lugar, como tendo sido um dos pecados que tinham atraído doenças notáveis sobre alguns dos
cristãos ofensores . Ver cap. 1 Jo 3:22 e em Tg 5:15; 5:20.

Se alguém vir o seu irmão pecar, & c - . Se um cristão, por um impulso do Espírito, percebe-se que
qualquer irmão cristão pecou tal pecado atraindo sobre si uma doença que não é para a morte,
mas para ser milagrosamente curado por ele, então deixe-o orar a Deus através de Jesus Cristo, e
Deus, em resposta à sua oração, irá conceder vida e saúde perfeita ao tal cristão que cometeu um
pecado que não é para morte. Há um pecado que atrai uma doença sobre os cristãos, que
acabará na morte”(Thomas Coke[1747-1814], Ministro Metodista, Comentário de 1 João 5:16).

“Os pecados mortais pode ser pecados puníveis com a excomunhão da Igreja. Quando Paulo
escreve aos Coríntios sobre o pecador notório com quem não tratara adequadamente, ele exige
que ele deveria ser ‘entregue a Satanás’. Essa foi a frase de excomunhão. Mas ele continua a dizer
que, sério como este castigo é dolorido e como consequência corporal pode ser, ele é projetado
para salvar a alma do homem, no Dia do Senhor Jesus (1 Co 5:5)”(William Barclay[1907-1978],
Comentário de 1 João 5:16).

“Se um irmão pecar e Deus castigá-lo, pode-se pedir pelo irmão, e a vida lhe será restaurada.
Castigo tende à morte do corpo(compare Jó 33:33-33; Tg 5:14), nós oramos para o agressor e ele
seja curado. Caso contrário, a doença segue seu curso”(John Darby[1800 1882], Ministro dos
Irmãos de Plymouth, Comentário de 1 João 5:16).

“A morte que se fala aqui é a morte do corpo, como se vê, por exemplo, no caso de Ananias e
Safira”(Frank Binford Hole [1874-1964], Ministro da Igreja dos Irmãos de Plymouth, Comentário de
1 João 5:16).

“Porque ele fala em contexto de um irmão, é errado para vê-lo, ou seja, como um pecado para a
morte espiritual; ele provavelmente significa um pecado que leva à morte física do crente”(David
Guzik, Ministro Presbiteriano, Comentário de 1 João 5:16).

11. “E os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de
dentes”(Mt 8:12)

Comentário: (a)O contexto mostra que nosso Senhor está fazendo um paralelo entre os judeus e os
gentios(personificados na pessoa do centurião romano), mostrando que nem entre os judeus, ele
vira tanta fé como neste gentio(vv.5-10,13), tão somente indicando que os judeus incrédulos serão
lançados no inferno, devido a sua falta de fé nEle como o Messias(Mt 8:12). Os judeus incrédulos
são descritos por ele como “os filhos do reino”. O próprio contexto mostra que Cristo estava
vaticinando a salvação de vários gentios:

“Mas eu vos digo que muitos virão do oriente e do ocidente, e assentar-se-ão à mesa com
Abraão, e Isaque, e Jacó, no reino dos céus”(Mt 8:11).

Atribuir ao texto o dogma da perda da salvação, é desonestidade teológica, e a grande maioria dos
comentaristas das Escrituras não veem nesse texto nada nesse sentido dado por arminianos
fanáticos e ignorantes, como se segue:

“Mas os filhos do reino Por que ele chama essas pessoas filhos do reino, que eram nada menos do
que filhos de Abraão? Porque aqueles que estão separados da fé não tem direito a serem
considerados uma parte do rebanho de Deus. Eu respondo: Embora eles realmente não
pertençam à Igreja de Deus, no entanto, como eles ocuparam um lugar na Igreja, ele permite esta
designação. Além disso, deve -se observar que, desde que a aliança de Deus permaneceu na
família de Abraão, não havia tanta força nele, para que a herança do reino celeste pertencesse
especificamente a eles. No que diz respeito ao próprio Deus, pelo menos, eles eram ramos
sagrados de uma raiz santa(Rm 11:16)e a rejeição deles, que depois se seguiu, mostra claramente
o suficiente, que pertenciam, na época, à família de Deus. Em segundo lugar, deve ser observado,
que Cristo não fala agora de indivíduos, mas de toda a nação. Este foi ainda mais difícil de suportar
do que o chamado dos gentios. Que os gentios deveriam ser admitidos, por uma adoção livre, no
mesmo corpo com a posteridade de Abraão, dificilmente poderia ser suportado, mas que os
próprios judeus devessem ser expulsos, para abrir caminho para o seu êxito junto aos gentios,
parecia-lhes completamente absurdo. No entanto, Cristo declara que irá acontecer ambos: que
Deus vai admitir estranhos no seio de Abraão, e que ele vai excluir os filhos”(João Calvino[1509-
1564], Reformador de Genebra, Comentário de Mateus 8:12).
“As ‘trevas exteriores’ são uma referência para o inferno, ou o local final dos ímpios alienados. É
interessante que Cristo usou várias expressões descritivas do último lugar do destino para os
ímpios, referindo-se ao ‘fogo inextinguível’(Mt 3:12) em um lugar, e ‘trevas’ em outro, os
mencionados filhos do reino são os líderes da nação judaica que rejeitaram a Cristo”(James
Burton Coffman[1906-2006], Comentário de Mateus 8:12).

“Nosso Salvador usou a maneira de falar a que estavam acostumados, e disse que ‘muitos dos
pagãos seriam salvos, e muitos judeus se perderiam “(Albert Barnes [1798-1870], Ministro
Presbiteriano, Comentário de Mateus 8:12).

“Enquanto isso, os filhos do Reino, os filhos daqueles a quem as promessas foram feitas, os judeus
que dependiam de seu relacionamento terreno dos seus pais incrédulos, perderiam sua herança,
porque eles não vão receber a Jesus como seu Salvador. Trevas em vez da luz do céu, chorando de
arrependimento que virá tarde demais, rangendo os dentes de raiva impotente, que seria a sua
sorte. Isto é, até hoje, a expectativa de todos os incrédulos”(Paul Edward Kretzmann, Ministro
Luterano, Comentário de Mateus 8:12).

“Então, ele nomeia os judeus, mesmo os judeus incrédulos, por terem sido nascidos e criados
dentro dos limites da Igreja visível, e que gozam todas as vantagens oferecidas que seus membros:
serão lançados nas trevas exteriores”(Joseph Benson[1748-1821, Ministro Metodista, Comentário
de Mateus 8:12).

“Os filhos do reino - judeus naturais. O reino dos céus , isto é, a dispensação do Evangelho ,
incluindo o reino da glória, bem como da graça, é representado como um banquete divino, em
que, enquanto os judeus, os filhos naturais do reino, são excluídos, os gentios arrependidos
sentam à mesa com Abraão e outros antigos patriarcas. Os herdeiros pela fé substituem os
herdeiros pelo nascimento, e os convidados espirituais são os verdadeiros filhos de Abraão”(Daniel
Wheldon(1808-1885), Ministro Metodista, Comentário de Mateus 8:12).

“Este contraste confirma que os gentios estavam em mente nos versículos anteriores. Pois aqui ‘os
filhos do governo real’, isto é aqueles que exteriormente pareciam ter um direito ao gozo desse
governo real e na verdade fez um apelo para isto, significa os judeus”(Peter Pett, Ministro Batista,
Comentário de Mateus 8:12).

“Mas os filhos do reino. Os judeus, que, por direito hereditário e de acordo com a lei ordinária de
influências graciosas, poderiam ser esperados para entrar, serão lançados fora, expulsos da festa
ou casa de seus antepassados patriarcais, nas trevas exteriores”(Philip Schaff [1819-1893],
Ministro Presbiteriano, Comentário de Mateus 8:12).

“Os ‘filhos [ou] os assuntos do reino’(Mt 8:12 ) são os judeus que se consideravam descendentes
dos patriarcas. Eles achavam que tinham o direito ao reino por causa da justiça de seus
antepassados (cf. Mt 3:9-10). Jesus virou o jogo, ao anunciar que muitos dos filhos do reino não
iriam participar, mas muitos gentios participariam”(Thomas Constable, Notas Expositivas sobre
Mateus 8:12).
“Mas muitos dos ‘filhos do reino’- aqueles que por nascimento nacional foram a semente de
Abraão, mas faltando-lhes a fé de Abraão seriam rejeitados e deveriam ir para as trevas
exteriores, a serem excluídos das alegrias do reino para o qual tinham esperado tanto
tempo”(Henry Ironside[1876-1951],Ministro da Igreja dos Irmãos de Plymouth, Comentário de
Mateus 8:12).

“Os filhos do reino serão lançados para fora. Estes são os judeus, que foram prometidos ao reino
por um pacto acima do resto da humanidade, se não tivessem por descrença se privado desse
fato”(Joseph Sutcliffe[1762-1856], Ministro Metodista, Comentário de Mateus 8:12).

“Por outro lado, os filhos do reino (neste caso os israelitas que se achavam ter direito às bênçãos
do reino) seriam lançados nas trevas exteriores do tormento eterno”(L. M. Grant[1917-1974],
Comentário de Mateus 8:12).

12. “Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se
fizeram participantes do Espírito Santo. E provaram a boa palavra de Deus, e as virtudes do
século futuro. E recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto
a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, e o expõem ao vitupério”(Hb 6:4-6).

Comentário: O texto de Hb 6:4-6 não fala da “graça especial” do Espírito Santo(i.e, a salvação),
mas sim, na graça comum. A graça comum pode ser moral ou amoral(com referência aos seus
resultados). A graça comum moral é a que aparece neste texto. Tal graça refere-se aos resultados
morais produzidos pela persuasão moral(uma operação geral do Espírito Santo); que, através dos
governos, leis, opinião pública e consciência, restringe o pecado e produz certo grau de decência,
ordem, justiça, moral, ciência, saúde. Outra graça comum moral é a influência do Evangelho(a
pregação da Palavra)(chamamento externo), fazer parte da igreja visível (ser um crente nominal), o
convívio e testemunho dos eleitos perante as pessoas. Considere alguns exemplos bíblicos:

a. Judas Iscariotes; que embora jamais tivesse sido lavado internamente por Cristo(Jo
13:10,11); que embora fosse de antemão destinado a perdição(Jo 17:12; Mc 14:21; Mt
26:24); e que embora fosse um ladrão e hipócrita(Jo 13:4-6); e que embora fosse “um
diabo”(Jo 7:70), contudo, ele recebeu poder de Deus para expulsar demônios e curar
enfermos(Mc 6:7,12-13). Judas recebeu esse poder temporário para que parecesse uma
“ovelha”, embora tal poder temporário jamais seria uma prova de que seu portador fosse
aprovado por Deus (ou fosse filho de Deus), por muitos filhos do diabo (ou crentes
nominais) o receberam!(Mt 7:22-23).

b. O ímpio Caifás, que planejou a morte de Jesus(Mt 26:3,5,57), e que julgou a Jesus(Jo
18:24-28) e que ameaçou aos apóstolos(At 4:6-21), é o mesmo indivíduo que usado por
Deus, profetizou(Jo 11:49-51). Deus, incompreensivelmente, pra realizar seus propósitos,
usa quem Ele quiser, qualquer criatura, humana ou não (Nm 22:28-30; Sl 78:49).

Dessa forma, não seria errôneo identificar os “iluminados” de Hb 6:4 como crentes nominais,
àqueles que, usufruindo da graça comum do Espírito, podem usufruir de certas bênçãos, uma vez
dentro da convivência com os eleitos, dentro da igreja visível, onde, muitas vezes, são “resgatados”
de certas práticas pecaminosas, obtendo arrependimento destas práticas. Mas, uma vez afastados
desta comunhão com os eleitos, isto é, se retirando da igreja visível, são privados dessa graça
comum do Espírito, e não podem mais ser renovados para o arrependimento.

Na realidade, a expressão “pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, e o
expõem ao vitupério”(Hb 6:6) explica a razão pela qual estes crentes nominais apóstatas não
podem mais serem renovados para o arrependimento de certas práticas pecaminosas. O escritor
aos Hebreus, aludindo a esta apostasia repentina deles, diz “de novo crucificam o Filho de Deus”.
Isso mostra o ódio que eles devotam ao Filho de Deus, como réprobos e ímpios que são. Esse ódio
deles, como uma ação contínua (‘de novo crucificam’) até então oculto sob o manto da fé nominal,
é agora exposto publicamente, após sua apostasia repentina. O réprobo “odeia a luz e não vem
para a luz”(Jo 3:20), e a Luz do mundo é o próprio Jesus(Jo 1:4,8; 8:13). Em seu coração devota
tanto ódio a Cristo, ao ponto de o matar em seus pensamentos. Trata-se realmente de um ódio
mortal, e sob este ódio “o expõem ao vitupério”(Hb 6:6), isto é, publicamente o expõem ao
insulto, infâmia, aviltamento e desprezo, que são palavras que correspondem ao significado de
“vitupério”.

Esaú é um caso típico desses “iluminados”:

“E ninguém seja devasso, ou profano, como Esaú, que por uma refeição vendeu o seu direito de
primogenitura. Porque bem sabeis que, querendo ele ainda depois herdar a bênção, foi rejeitado,
porque não achou lugar de arrependimento, ainda que com lágrimas o buscou”(Hb 12:16,17).

Evidentemente, Esaú, começou a mostrar que se afastara da comunhão com os eleitos, a partir do
momento que trocou a benção da primogenitura por um pedaço de carne (‘por uma refeição
vendeu o seu direito de primogenitura’), e confirmou esse afastamento, quando, contrariamente a
vontade de seu pai, casou-se com mulheres pagãs(Gn 26:34-35 comp. com Gn 28:6), daí o fato de
ser chamado de “devasso” e “profano”. A palavra grega que é traduzida aqui por “devasso” é a
palavra πόρνος(pornôs), que de acordo com “A Greek English Lexicon of New Testament” de J. H.
Thayer, significa “um homem que se entrega a relação sexual ilegal”(p.532). Da mesma forma, a
palavra grega que é traduzida aqui por “profano” é a palavra βέβηλος(bebēlos), que de acordo
com o Léxico do Novo Testamento Grego de Edward Robinson, significa “ímpio”(p.155). Isso
mostra que mesmo um ímpio, como Esaú, podia usufruir deste tipo de graça comum do Espírito.

Judas constitui outro exemplo destes “iluminados”, que, embora fosse portador da graça comum
do Espírito Santo(tendo dom para expulsar demônios e curar enfermos[Mc 6:7,12-13]), ao desviar-
se do apostolado(At 1:25), nessa sua apostasia, foi possuidor do arrependimento segundo o
mundo(2 Co 7:9-10), não do arrependimento segundo Deus, e justamente por isso, embora
consciente de seu pecado de trair a Cristo, não procurou o arrependimento segundo Deus,
resolvendo o problema de seu sentimento de culpa, se matando(Mt 27:1-4). Nesse sentido, após
de desviar do apostolado, não poderia jamais ser renovado para o arrependimento de certas
práticas pecaminosas. Ele foi chamado por nosso Senhor de “diabo”(Jo 6:70,71), e “diabo”
significa “caluniador”, exatamente algo ligado a alguém que pratica “Imputação falsa, que ofenda a
reputação, crédito ou honra de alguém”. O caso dos judeus réprobos de Jo 8 também ilustra este
caso de Hb 6:4-6. Estes judeus, que eram filhos do diabo(Jo 8:44), que não pertenciam ao
Senhor(Jo 8:47), eram, contudo, descritos como portadores de uma certa fé intelectual em
Jesus(Jo 8:31) e como pessoas que, através da graça comum do Espírito, receberiam
‘conhecimento’ e ‘libertação’(Jo 8:32). Por ‘libertação’, pode entender-se o ser libertado de uma
atitude ou situação pecaminosa, o que se pode inferir um certo arrependimento, embora esse
arrependimento não pudesse ser mais encontrado, devido ao fato deles terem posteriormente
intencionado matar nosso Senhor(Jo 8:37). Estes judeus réprobos também ilustram esse tipo de
“iluminados’ de Hb 5:4-6.

Quanta a palavra grega que que foi traduzida como “iluminados”, é a palavra φωτισθέντας
(phōtisthentas), que segundo Edward Robinson, tem também um sentido de algo “atribuído a
percepção mental”(Léxico Grego do Novo Testamento, p.952), o que indicaria “aprendizado”, e isto
pode se aplicar, e nesse caso aqui, realmente se aplica aos réprobos, uma vez que Paulo diz: “Que
aprendem sempre, e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade”(2 Tm 3:7).

Ademais, todo o contexto de Hb 6:4-6 contraria o argumento arminiano, como se segue:

(1)O escritor aos Hebreus faz um paralelo entre dois grupos – ‘a terra que produz erva
proveitosa”(Hb 6:7) e a que “produz espinhos e abrolhos”(Hb 6:8). A primeira, é descrita como
recebendo “a benção de Deus”(Hb 6:7). A segunda é descrita como “reprovada”; “perto da
maldição”, tendo como destino “ser queimada”(Hb 6:8).

(2)Por fim, o escritor aos Hebreus se refere a este grupo que representa a terra que produz erva
proveitosa, como aqueles de quem se espera “coisas melhores, e coisas que acompanham a
salvação”(Hb 6:9), como aqueles que demonstraram para com Deus “trabalho do amor que para
com o seu nome”(Hb 6:10), como aqueles que “servem” aos santos”(Hb 6:10).

(3)O escritor aos Hebreus também se refere a este grupo como aqueles de quem se espera a
demonstração do “cuidado até ao fim”(Hb 6:11).

(4)O mesmo escritor se refere a este grupo como aqueles de quem se espera serem “imitadores
dos que pela fé e paciência herdam as promessas”(Hb 6:12), comparando-os a Abraão, que
“esperando com paciência, alcançou a promessa”(Hb 6:15).

(5)O mesmo escritor afirma que o decreto de Deus com relação a estes, a quem ela chama de
“herdeiros da promessa”(Hb 6:17), é “imutável”(Hb 6:17), e que, baseado nesta imutabilidade de
seu decreto, este grupo (a quem ele denomina “nós”, se referindo aos cristãos) é descrito como
possuidor de uma “firme consolação”(Hb 6:18)e como aqueles que se refugiam, se mantendo na
“esperança proposta”(Hb 6:18). Esta esperança, segundo este escritor, é uma “ancora para a
alma”(Hb 6:19). Bem, sabemos que “âncora” é um “dispositivo de ferro ou aço preso a uma
embarcação por um cabo ou corrente e lançado nas águas para manter o barco parado em
determinado lugar, por meio de unhas que se cravam no fundo”. Nesse sentido, a embarcação de
nossa alma está tão intrinsecamente “presa” a esta esperança, e mantida firme sob a mesma,
encravada em toda a sua profundidade. E isto é para este escritor algo que dá aos cristãos esta
firma consolação, até porque, segundo este escritor, essa âncora é descrita como tão “segura e
firme”(Hb 6:19), a ponto de ser descrita como aquela que “penetra até ao interior do véu”(Hb
6:19). A palavra grega que que aparece aqui foi traduzida como “véu”, é a palavra grega
καταπετάσματος(katapetasmatos), que de acordo com o Léxico Grego do Novo Testamento de
Edward Robinson, se refere ao “templo celestial”(p.485), que é onde Cristo está, de acordo com
Hb 6:20. Nesse sentido, nossa esperança irá adentrar conosco até as portas do céu.

Além do mais, se o texto de Hb 6:4-6, de fato, estivesse se referindo a perda da salvação,


obviamente entraria em contradição com Hb 10:39, que afirma que os filhos de Deus não podem
se perder. Mesmo o próprio contexto de Hb 6:4-6, mostra que o escritor sacro distingue os
“iluminados” pela graça comum do Espírito Santo (os falsos cristãos, ímpios) dos verdadeiros
cristãos, os quais foram iluminados pela graça especial do Espírito(Hb 6:9,10).

Agora, se o texto de Hb 6:4-6 de fato estivesse se referindo aos verdadeiros cristãos, então os
mesmos, depois de desviados, nunca mais poderiam ser renovados para o arrependimento. Sendo
assim, não adiantaria pregar para os desviados, nem mesmo orar por eles. E o que dizer dos textos
bíblicos: Sl 37:24; Mq 7:8; Am 9:11; Ez 34:11 e Mt 18:12,13? Grande parte dos comentaristas das
Escrituras não veem neste texto nenhuma evidência do dogma da perda da salvação, como se
segue:

“Como o arrependimento é o primeiro passo que um pecador deve tomar a fim de retornar a
Deus, a tristeza pelo pecado seria inútil em si a menos que haja uma adequada oferta de sacrifício,
tendo estes rejeitado o único sacrifício válido, seu arrependimento pelo pecado, se tivessem
algum, seria sem valor e neste sentido sua salvação seria impossível”(Adam Clark [1760-1832],
Ministro Metodista, Comentário de Hebreus 6:6).

“O apóstata crucifica Cristo por sua própria conta por praticamente confirmar o julgamento dos
que realmente o crucificaram, declarando que ele também julgou a Jesus e não achou nele o
verdadeiro Messias, mas um enganador, e, portanto, digno de morte”(William Robertson
Nicoll[1851-1923], Ministro Presbiteriano, Comentário de Hebreus 6:6).

“Assim por aqui; e os homens podem ser mencionados como sendo participantes do Espírito
Santo, a quem ele dá a sabedoria e prudência nas coisas naturais e civis; o conhecimento das
coisas divinas e evangélicas, de uma forma externa; o poder de operar milagres, de profecia, de
falar em línguas, e da interpretação de línguas; dos dons extraordinários do Espírito Santo, de
forma principal aparentemente concebe-se, que alguns, nos primeiros tempos do Evangelho,
participaram disso, os quais não tinham participação na graça especial (Mt 7:22 )”(John Gill[1697-
1771], Ministro Batista, Comentário de Hebreus 6:4).

“As pessoas aqui previstas não são crentes sinceros e verdadeiros”(John Owen [1616-1683],
Ministro Congregacional, Comentário de Hebreus 6:6).
“E se tornaram participantes do Espírito Santo: não por uma habitação de sua pessoa em si, mas
por suas operações em si, em que ele está experimentando ao longe como um homem natural
pode ser erguido, e não ter sua natureza alterada”(Matthew Poole[1624-1679], Ministro
Congregacional Puritano, Comentário de Hebreus 6:4).

“Esta é a razão pela qual a renovação de tais apóstatas é impossível”(Archibald T.


Robertson[1863-1934], Ministro Batista, Comentário de Hebreus 6:6).

“Os pecados de pessoas não convertidas são obras mortas, eles procedem de pessoas
espiritualmente mortas, e eles tendem a morte eterna”(Matthew Henry[1662-1714], Ministro
Presbiteriano, Comentário de Hebreus 6:4).

“Assim um exame cuidadoso dessas descrições indica a possibilidade real de que essas pessoas
tenham sido cristãos professos, mas sem uma verdadeira experiência transformadora de vida.
Note-se que toda a ênfase é sobre o que vem de fora (iluminados, dom celestial, Espírito Santo,
palavra profética, poderes, e sem frutos internos, tais como amor, alegria, paz, etc [ele vai usar
mais tarde o amor como a evidência que seus leitores provavelmente são crentes genuínos – Hb
6:10]). Como muitos na igreja hoje que professavam uma espécie de fé, eles convenceram os
outros da autenticidade de sua fé, eles até se convenceram, mas não tinham a fé em Cristo. Eram
muitos os crentes em uma igreja que revelaram certas experiências poderosas e uma crença na
igreja e seus líderes, e, possivelmente, uma fé no batismo e certo ensino básico, mas uma fé que
não havia penetrado no coração. Eles tinham sido membros vivos destas igrejas por um longo
tempo. Eles haviam sido iluminados, tinham participado da Ceia do Senhor, tinham experimentado
o dom da bênção celestial e de descanso e paz na igreja, tinham experimentado o poder da
operação do Espírito e de fato tinham convencido seus colegas membros da igreja que eles tinham
o Espírito Santo dentro deles, tinham se alimentado com as palavras da profecia e tinham
usufruído da obra poderosa do Espírito Santo nos sinais e maravilhas realizados na igreja, talvez até
mesmo falado em línguas e profetizavam entre si. E ainda assim eles se afastaram por causa da
perseguição. Assim, foi demonstrado que, apesar de terem dado toda impressão de serem assim,
eles não eram verdadeiros participantes de Cristo”(Dr. Petter Pett, Ministro Batista, Comentário
de Hebreus 6:4).

“Não pode haver dúvida, que Deus, o Espírito Santo, está traçando o retrato de perfeitos
hipócritas; pois não há uma única característica, em todo o que é representado, daqueles
apostatas, que pertença a um filho de Deus. As pessoas aqui descritas, sob tal ardente profissão,
nunca estiveram na graça; e, portanto, impossível de terem caído em desgraça. Eles caíram de
apenas uma profissão, e como tal, tornando-se impossível renová-los novamente para
arrependimento”(Robert Hawker [1753-1827], Ministro Anglicano, Comentário de Hebreus 6:6).

“Um homem pode ser iluminado sem ser salvo. Ele pode provar o dom celestial, sem recebê-lo.
Ele pode provar a boa palavra de Deus, sem digerí-la internamente. Ele pode compartilhar ‘os
poderes do mundo vindouro ‘(Ou seja, os poderes miraculosos) sem experimentar o verdadeiro
poder do mundo vindouro. O terrível caso de Judas Iscariotes nos fornece uma ilustração disso
mesmo. Ele caminhou por mais de três anos na companhia do Filho de Deus. Quantas inundações
de luz caíram sobre o seu caminho! O que prova que ele era possuidor do dom celestial e da boa
Palavra de Deus! Não se pode dizer, é claro, que ele era um participante do Espírito Santo, mas ele
era um participante dos benefícios da presença de Cristo na terra; e ele compartilhou, em comum
com os outros apóstolos, nesses poderes milagrosos que são aqui chamados de ‘os poderes do
mundo vindouro’. Ele era um dos doze, a quem o Senhor deu poder sobre os espíritos imundos, e
de quem é disse: ‘Eles expulsavam muitos demônios e ungiram com óleo muitos doentes e
curavam’(Mc 6:13). No entanto, o operador de milagres Judas foi o tempo todo um ‘filho da
perdição’, e não um homem salvo. Ele caiu e foi impossível ser ele renovado para o
arrependimento”(Frank B. Hole [1874-1964], Ministro da Igreja dos Irmãos de Plymouth,
Comentário de Hebreus 6:4-6).

“E assim, torna-se claro que esses apóstatas eram pessoas que tinham um conhecido externo do
cristianismo, mas estamos cientes de que jamais receberam o Senhor Jesus como seu Salvador
pessoal”(Henry Ironside[1876-1951], Ministro da Igreja dos Irmãos de Plymouth, Comentário de
Hebreus 6:4-6).

13. “E a palavra desses roerá como gangrena; entre os quais são Himeneu e Fileto. Os quais se
desviaram da verdade, dizendo que a ressurreição era já feita, e perverteram a fé de alguns”(2
Tm 2:17-18).

Comentário: Os que morrem negando a fé (i.e, a verdadeira doutrina) são os filhos do diabo(1 Jo
2:18-19 comp. com Hb 10:39). O próprio contexto ilustra o pensamento de Paulo sobre a real
identidade de Himeneu e Fileto, quando Paulo, após mencionar que há dentro da igreja “vasos de
ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra”(2
Tm 2:20), diz que aqueles a quem o Senhor conhece como ‘seus’ são aqueles que se apartam da
iniquidade(2 Tm 2:19), e que apenas estes que serão reconhecidos como “vaso para honra,
santificado e idôneo para uso do Senhor”(2 Tm 2:21). No dizer de Paulo, os apóstatas acima
mencionados, fazem parte do grupo dos vasos “de pau e de barro”, vasos “para desonra”.
Comentando sobre o texto de 2 Tm 2:17,18, Tertuliano(160-23), advogado e teólogo cristão dos
séculos II-III, em sua obra “Direito de Prescrição Contra os Hereges”, declara:

“Por isso, o Senhor sabe perfeitamente quem são os seus fiéis, e Deus Pai arranca a planta que
não plantou”(III).

Na verdade, os comentaristas das Escrituras tem negado fundamento bíblico nesta passagem para
o dogma da perda da salvação, como se segue:

“Isto é, de mestres nominais da religião; não de verdadeiros crentes, pois a verdadeira fé não
pode ser derrubada”(John Gill[1697-1771], Ministro Batista, Comentário de 2 Timóteo 2:17,18).

“Ele diz que a fé de alguns foi derrubada, mas mesmo assim o fundamento de Deus fica firme. Oh
irmãos, sempre que vemos uma aparente apostasia, vemos, portanto, e não pensamos que
qualquer um do povo de Deus se perderá. Oh, não; porque o Senhor conhece os que são
dele”(Charles Spurgeon[1834-1892], Ministro Batista, Comentário de 2 Timóteo 2:17-19).

14. “Porque, se Deus não poupou os ramos naturais, teme que não te poupe a ti também.
Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; mas
para contigo, benignidade, se permaneceres na sua benignidade; de outra maneira também tu
serás cortado”(Rm 11:21-22)

Comentário: (a)A questão gira em torno da expressão “também tu serás cortado”. O verbo grego
aqui traduzido por “cortado” é o verbo ἐκκοπήσῃ (ekkopēsē), que de acordo com o Léxico Grego
do Novo Testamento de Edward Robinson, tem o significado de “golpear fora ou cortar fora ou
remover”(p.287). É a mesma palavra usada por nosso Senhor em Mt 5:30; 18:8, para se referir a
amputação de um membro do corpo, e pode ser entendido tanto em sentido temporal(exclusão
de vida física, morte) como também em sentido material(exclusão de bençãos materiais), ou
espirituais(excomunhão da igreja).

(b)Olhando o verso 21, perguntamos: Em que sentido Deus não poupou os ramos naturais?(Os
judeus). Os judeus, como descendentes carnais de Abraão, devido a sua incredulidade, foram
mantidos em sua cegueira espiritual, e assim privados da obtenção da salvação (Rm 11:7-
10,19,20). Da mesma forma, os cristãos gentios poderiam sofrer algum tipo de “corte” por parte
de Deus. Não, no mesmo tipo de “corte” aplicado em relação aos judeus, não sendo cortados ou
privados repentinamente da salvação, mas sendo privados de certas bençãos temporais ou até
materiais. Quando um justo deixa de crer na Palavra de Deus, e deixa de obedecer a Deus e a sua
Palavra, a benignidade de Deus é cortada parcialmente dele e é duramente castigado por Deus(Sl
89:30-33), sendo cortado de bênçãos espirituais(Jr 11:14; Ez 8:18; Zc 7:13) e até temporais(Nm
12:9-11; Lc 15:16-17), fazendo com que o Altíssimo chegue a ferí-lo e até a matá-lo, se preciso for,
para que, através dessa ocorrência, a comunhão perdida seja restaurada com Ele e o seu povo(Sl
78:22-35). Pode ainda o texto se referir a excomunhão de um cristão, exatamente como ocorreu
com aquele indivíduo que cometeu incesto em Corinto(1 Co 5:1-1,13), embora não tivesse sido
privado da salvação em si(1 Co 5:5). Talvez este seja o sentido mais próprio para o entendimento
da expressão “também tu serás cortado”. Mas de forma alguma um cristão pode ser cortado da
salvação, visto que o contexto de Rm 11:22-22 mostra que os cristãos gentios, tem a sua salvação
baseada na misericórdia de Deus(Rm 11:30-31), e uma vez que os cristãos gentios foram eleitos e
atraídos pela vocação de Deus(Rm 9:23-26), e como a vocação de Deus é irrevogável(Rm 11:29), os
cristãos gentios não podem ter anulados a sua vocação por parte de Deus.

Na realidade, não há nesse texto o menor indício do dogma da perda da salvação, como é
entendido por diversos comentaristas das Escrituras, os quais endossam a mesma ideia que nós
endossamos aqui, como se segue:

“Mas ele não aborda cada um dos piedosos à parte, como já disse, mas ele faz uma comparação
entre os gentios e os judeus. É verdade que cada indivíduo entre os judeus receberam a
recompensa devido à sua própria incredulidade, quando eles foram banidos do reino de Deus, e
que todos os que posteriormente entre os gentios foram chamados, eram vasos de misericórdia de
Deus; mas deve-se ter em mente ainda a concepção de Paulo”(João Calvino[1509-1564],
Reformador de Genebra, Comentário de Romanos 11:22).

“O apóstolo, tendo adotado esta metáfora como o melhor que ele poderia encontrar para
expressar esse ato de justiça e misericórdia de Deus, pelo qual os judeus foram rejeitados, e os
gentios escolhidos em seu lugar, e, a fim de mostrar que, embora a árvore judaica fosse cortada,
ou decepada de seus ramos, no entanto, não foi arrancada, de modo que ele previne os gentios
crentes, como de costume inserindo um bom enxerto em um estoque ruim ou inútil, eles que
eram ruins, ao contrário do costume, em tais casos, foram enxertados em um bom estoque, e seu
crescimento e fecundidade proclamaram a excelência da vida vegetativa da linhagem em que
foram inseridos”(Adam Clark [1760-1832], Ministro Metodista, Comentário de Romanos 11:22).

“Caso contrário, tu também serás extirpado: da oliveira boa, o estado da igreja evangélica, em que
os gentios foram tomados; e que, em relação a pessoas em particular, pode ter a intenção do ato
de excomunhão pela Igreja, expressa na Escritura, purgando o fermento velho, para expor o
ímpio, designando-o de uma maneira turbulenta, e rejeitando os hereges, ou seja, a partir do
comunhão da igreja; e com respeito a corpos inteiros e sociedades, uma excomunhão para todos
deles, removendo o Evangelho, e as ordenanças dos mesmos; ameaças que foram terrivelmente
cumpridas em muitas igrejas dos gentios, na Ásia, África e Europa; e, portanto, pode servir para
despertar o nosso temor, cuidado e cautela, para que não sejamos tratados da mesma
maneira”(John Gill[1697-1771], Ministro Batista, Comentário de Romanos 11:22).

“Os dois primeiros são extraídos da severidade de Deus em cortar os judeus, e a bondade e a
generosidade de Deus em chamar os gentios”(William Burkitt[1650-1703], Ministro Anglicano,
Comentário de Romanos 11:22).

“’Aqueles que caíram’ são os judeus incrédulos, e ‘vós’ são os gentios crentes”(Thomas
Constable, Notas Expositivas sobre Romanos 11:22).

“Os judeus perderam sua posição por terem chegado a crer que eram infalíveis, e independente
das condições morais; e, se os gentios cometerem o mesmo erro incorrerão na mesma
condenação”(William Robertson Nicoll[1851-1923], Ministro Presbiteriano, Comentário de
Romanos 11:22).

“Se Deus não poupou os ramos naturais, esta é uma boa razão para que sejamos humildes e
temerosos, para que ele venha privar-nos. A incredulidade os levou a serem cortados e a fé em
Cristo vai restaurá-los. O mesmo se aplica a nós”(Henry Mahan[1947-1998], Ministro Batista,
Comentário de Romanos 11:22).

“Eu não ficarei aqui fazendo observações sobre o que é tão abundantemente claro e que não
precisa de observação, que, o que o Apóstolo tem dito, com relação a rejeição dos judeus, e da
vocação dos gentios, referindo-se às várias ministrações na Igreja, em diferentes eras, e de acordo
com as diferentes dispensações da mesma. A Igreja de Cristo é apenas uma”(Robert Hawker [1753-
1827], Ministro Anglicano, Comentário de Romanos 11:22).
“Outra coisa que classificou esta doutrina da rejeição dos judeus era que, embora eles fossem
rejeitados e excluídos, no entanto, os gentios foram admitidos(Rm 11:11-14), que isto se aplica
como forma de aviso aos gentios(Rm 11:17-22)”(Matthew Henry[1662-1714], Ministro
Presbiteriano, Comentário de Romanos 11:22).

15. “Porque eu testifico a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro que, se alguém
lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro.
E, se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore
da vida, e da cidade santa, e das coisas que estão escritas neste livro”(Ap 22:18-19 ARC).

Comentário: (a)A palavra grega aqui traduzida por “pragas” é a palavra πληγὰς(plēgas), que de
acordo com o ‘A Greek English Lexicon of New Testament” de J. H. Thayer, tem o significado de
“uma calamidade pública, pesada aflição”(p.516), indicando um castigo de natureza temporal,
não eterna.

(b)Com relação ao verso 18, destacamos que não é especificado quem é o elemento que poderá
acrescentar algo à Bíblia (seja justo ou ímpio). Todavia, ainda que isso fosse feito pelo justo, tal
coisa implicaria apenas em torna-lo objeto da repreensão de Deus(Pv 30:6). Além do mais, o texto
de Ap 22:18 não fala em perder a salvação, mas sim no castigo que adviria ao homem que fizesse
tal acréscimo. Com relação ao verso 19, é preciso saber que a expressão “tirará a sua parte da
árvore da vida e da cidade santa” tão somente significaria ser esse alguém privado das benções da
árvore da vida (Cristo) e ser cortado da comunhão da cidade santa(a Igreja), conforme provamos
abaixo:

a. A “arvore da vida” – Nas Escrituras, o Senhor Jesus é chamado de um árvore, ‘a videira’(Jo


15:1,5). A videira é uma árvore que dá frutos, istoi é, produz uvas. Cristo, que é a videira,
isto é, uma árvore e que também é a “vida”(Jo 14:6), sendo portanto, a “árvore da vida”,
produz a cada mês “doze frutos”, o que simbólica e analogicamente falando, poderíamos
dizer, refere-se aos seus primeiros seguidores, eram os “doze apóstolos”, que nas
Escrituras, são chamados de “varas”(Jo 15:5 comp. com Lc 6:12-13). Mas, o texto diz
também que esta árvore (a árvore da vida) está “dando seu fruto de mês e mês”(Ap 22:2),
o que poderia-se dizer (simbolicamente) que os primeiros frutos da videira(Cristo), que
eram os apóstolos (a 1ª igreja), iriam dar frutos(Jo 15:15), isto é, os primeiros novos
convertidos, os quais viriam a Cristo, por meio dos apóstolos(Jo 17:20), fato cumprido com
a ascensão(At 2:27 comp. com At 4:4; 5:14; 6:7; 9:31, etc). Cristo é comparado a uma
árvore, desde o VT(Ct 2:3)

A Versão “Corrigida e Revisada” reza o texto de Ap 22:19 assim:

“E, se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte do livro da
vida...”(Ap 22:19).

Ora, prova esta expressão (‘Deus tirará a sua parte do livro da vida’) o dogma arminiano da “perda
da salvação”? Não, de forma nenhuma. As Escrituras se referem a Cristo como sendo o livro da
vida(Is 49:16), de formas que, ter a sua parte tirada do livro da vida, significaria simplesmente ser
privado das bênçãos oriundas de Cristo(Lc 15:11-19). A idéia de ser Cristo considerado como “o
livro da vida” não é nova, mas procede desde o século XVI. Neste tempo, a “Fórmula de
Concórdia“(1577), uma confissão de fé luterana, declara:

“Mas a Palavra de Deus nos conduz a Cristo, que é o ‘Livro da Vida’, no qual estão inscritos todos
os que devem ser eternamente salvos”(11:16).

Agora, se o texto quisesse expressar a “perda da salvação”, então rezaria assim:

“E, se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará o seu nome do livro da
vida...”.

De fato, a palavra grega que aparece no texto como “parte”, é a palavra grega μέρος (meros), que
de acordo com Edward Robinson, significa “uma parte atribuída, porção”(Léxico Grego do Novo
Testamento,p.570), o que indica não uma perda espiritual total, mas parcial.

b. A “cidade santa” – Em Ap 21:9-10, esta cidade é descrita como sendo a “esposa do


Cordeiro”. E aí perguntamos: Quem é a esposa do Cordeiro? Seria um lugar? Não, pois a
expressão “a esposa do Cordeiro” sempre é usada para referência a Igreja(2 Co 11:2; Is
54:5; Jr 3:14; Os 2:19-20; Ct 4:8-11; 5:1; 6:3; Jo 3:29; Lc 5:33-34; Ap 19:7). Em Ap 22:17, a
“esposa do Cordeiro” está fazendo um convite. Um “lugar” pode fazer um convite? Em Ap
21:1 é dito que a esposa do Cordeiro, a cidade, “tinha a glória de Deus”, que nada mais é
do que a ação do Espírito de Deus(1 Pd 4:14). Mais adiante, João descreve a noiva do
Cordeiro como sendo um depósito de grandes tesouros(vv.11-21). Todos esses tesouros
são descritos analogicamente como sendo “o Evangelho”(Ef 3:8); a fé()Tg 2:4); o “temor
ao Senhor”(Is 33:6) e a sabedoria(Cl 2:2); todas estas coisas destinadas aos eleitos(Rm
9:23-24).

Na realidade, muitos comentaristas das Escrituras não veem neste texto nenhum indício para a
ideia arminiana da ‘perda da salvação’, como se segue:

“Quando se disse aqui que ‘Deus tirará a sua parte do livro da vida’, o significado não é que
seu nome havia sido escrito nesse livro, mas que ele iria tirar a parte que ele poderia ter
tido, ou que professou ter nesse livro. Tal corrupção dos oráculos divinos mostraria que eles
não tinham religião verdadeira, e foram excluídos do céu”(Albert Barnes [1798-1870],
Ministro Presbiteriano, Comentário de Apocalipse 22:19).

“Os adoradores da besta, ou o partido anticristão, que são principalmente considerados


aqui, não são escritos nele(Ap 13:8) portanto, tirando a parte dos tais, é só tirar o que eles
pareciam ter(ver Lc 8:18)e o sentido é que tal será lançado no lago de fogo, que é a segunda
morte, e será a parte de todo o que não está escrito no livro da vida(Ap 20:15)”(John Gill[1697-
1771], Ministro Batista, Comentário de Apocalipse 22:19).

“Tal homem é indigno de sua herança”(Archibald T. Robertson[1863-1934], Ministro Batista,


Comentário de Apocalipse 22:19).

“Tirar ‘sua parte’ da árvore da vida e da Nova Jerusalém não significa que ele vai perder a sua
salvação também. Se a pessoa que corrompe Apocalipse é um incrédulo, ele ou ela não terá
nenhuma parte (participação) nas bênçãos da nova criação. Se ele ou ela é um crente, a parte
(quota) perdida é a posse de algum privilégio especial no estado eterno. Em outras palavras,
um crente que perverte o ensino deste livro pode perder parte de sua recompensa eterna.
Dizer que um verdadeiro filho de Deus nunca iria mexer com as Escrituras é simplesmente
ingênuo. ‘Qualquer um’ significa qualquer um”(Thomas Constable, Notas Expositivas sobre
Apocalipse 22:19).

“Ele acrescenta que a Palavra de Deus atrai sobre si todas as pragas escritas neste livro e
aquele que tira qualquer coisa, é cortado fora de todas as promessas e privilégios do
mesmo”(Matthew Henry[1662-1714], Ministro Presbiteriano, Comentário de Apocalipse
22:19).

16. “Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando
ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios”(1 Tm 4:1).

Comentário: O contexto do verso mostra que esta apostasia da fé nominal é movida pela
influência de homens hipócritas e mentirosos, que tem a sua mente “cauterizada”(v.2), que
proíbem o casamento e o uso de certos alimentos pelos fiéis(v.3). A palavra grega aqui (em 1 Tm
4:2) traduzida por “cauterizada” é a palavra κεκαυστηριασμένων(kekaustēriasmenōn), que de
acordo com ‘A Greek English Lexicon of New Testament” de J. H. Thayer, significa literalmente
“marcado em sua própria consciência i. e., cujas almas são marcadas com as marcas do pecado, i.
e. que carregam com eles sobre a consciência perpétua do pecado”(p.342), se referindo a
homens que são escravizados sob o pecado. Sabemos que somente negarão a fé (o verdadeiro
ensino) os filhos do diabo(Jd 4,19). Estes são os “crentes nominais”, lobos em pele de ovelha(Mt
7:11; At 20:29; 2 Tm 3:5), os quais, infiltram-se no rebanho(como o joio [Mt 13:24-25,28,38) para
pregarem heresias(2 Pd 2:1). Os eleitos, porém, jamais ouvirão a voz do diabo(Jo 10:5), pois é
impossível que os eleitos sejam enganados pelos ministros de Satanás(Mt 24:24).(Veja também Jo
10:28-29). Os comentaristas não veem indícios do dogma da perda da salvação neste texto, como
se segue:

“Isto é, a partir da doutrina da fé, não obstante, é , indiscutivelmente, o grande mistério da


piedade, como é chamado na última parte do capítulo anterior; porque da verdadeira graça da fé
não pode haver apostasia final e total, como é aqui concebido; a qual nunca pode ser perdida. É
de natureza incorruptível e, portanto, mais preciosa do que o ouro que perece; Cristo é o autor e
consumador da mesma; sua mediação prevalente é causa; é um dom da graça especial, e é sem
arrependimento; que brota da graça eletiva, e é garantida por ele; e entre esta e a salvação existe
uma ligação inseparável; ela pode realmente diminuir, estar muito pequena, e estar adormecida,
quanto aos seus atos e práticas, mas não se perderá: há uma fé temporária, e uma convicção de
verdade, ou um mero assentimento a ela, que pode ser afastada, mas não a fé que é operada pelo
amor: aqui se propõe uma profissão de fé, o que está sendo feito, será descartado por alguns; ou
melhor, a doutrina da fé, que alguns querem abraçar, e, em seguida, erram a respeito, ou
inteiramente saem, e totalmente desde que apostataram. E eles são mencionados como alguns, e
estes muitos, como são em outros lugares representados, embora não todos; porque os eleitos
não podem ser finalmente e totalmente enganados; o fundamento da eleição está seguro em
meio a maior apostasia; e há sempre alguns nomes que não se contaminaram com os princípios e
práticas de corrupção; Cristo sempre teve algumas testemunhas da verdade nos tempos mais
tenebrosos”(John Gill[1697-1771], Ministro Batista, Comentário de 1 Timóteo 4:1).

“Oh! O que é uma narrativa trêmula! Mas, bendito seja Deus, embora alguns sejam, assim,
achados, mas não todos. E a fé, apesar de alguns se desviarem, não é a fé dos eleitos de Deus;
porque Deus disse que de todas estas coisas que no pacto eterno fez com eles, ele vai colocar o
seu temor em seus corações, para que eles não se apartem dele”(Robert Hawker [1753-1827],
Ministro Anglicano, Comentário de 1 Timóteo 4:1).

“Alguns apostatarão da fé, ou haverá uma apostasia da fé. Alguns, não todos; no pior dos tempos
Deus terá um remanescente, segundo a eleição da graça”(Matthew Henry[1662-1714], Ministro
Presbiteriano, Comentário de 1 Timóteo 4:1).

17. “Mas, desviando-se o justo da sua justiça, e cometendo a iniquidade, fazendo conforme todas
as abominações que faz o ímpio, porventura viverá? De todas as justiças que tiver feito não se
fará memória; na sua transgressão com que transgrediu, e no seu pecado com que pecou,
neles morrerá. Dizeis, porém: O caminho do Senhor não é direito. Ouvi agora, ó casa de Israel:
Porventura não é o meu caminho direito? Não são os vossos caminhos tortuosos? Desviando-
se o justo da sua justiça, e cometendo iniquidade, morrerá por ela; na iniquidade, que
cometeu, morrerá”(Ez 18:24-26)

Comentário: Os arminianos afirmam que tal texto indica que os justos, ao se desviarem, perdem a
salvação, estando debaixo da punição da morte eterna. Mas, a realidade é outra bem diferente. As
expressões contidas nos textos, tais como “neles morrerá”, não fala da morte eterna, mas na
morte do corpo, como o contexto do AT indica. Naqueles tempos, o cometimento de pecados era
punido com a morte física(Lv 20:1-22; Hb 10:28). De fato, a palavra que aparece no texto como
“morrerá” é a palavra hebraica ‫( י ָמֽ ּות׃‬yā-mūṯ.), que de acordo com o “A Hebrew and English
Lexicon of the Old Testament”, de Francis Brown, S. R. Driver e C. A. Briggs, significa “morrer de
morte natural ou outras causas”(p.559), aparece em outros lugares do AT sempre se referindo a
morte física (Gn 38:11; Ex 9:4; Lv 11:39; Nm 6:9; 17:13; Dt 20:5-7; 24:3; Js 20:9; 1 Sm 14:39,45; 2
Sm 3:33; 2 Re 8:10; Jó 14:8 etc). Da mesma forma, de acordo com o “Léxico Hebraico e Aramaico
do Antigo Testamento”, de William L. Holladay, esta mesma palavra hebraica se refere a “morte
natural”(p.266).

O próprio contexto de Ez 18, indica tal ideia, pois declara:

“A alma que pecar, essa morrerá... Todas estas abominações ele fez, certamente morrerá; o seu
sangue será sobre ele”(Ez 18:4,13).
Se a “morte” mencionada no v.4 fôr a “morte eterna”, então todos os cristãos estão perdidos
para sempre, pois pecam todos os dias(1 Re 8:46; Ec 7:20; 1 Jo 1:8,10). Todos os justos que se
desviam, serão trazidos de volta pelo seu grande Pai e Pastor(Jr 23:3). Por esse motivo, até muitos
comentaristas das Escrituras não veem indício do dogma da perda da salvação neste texto, como
se segue:

“Explicamos como a frase, o justo deve desviar-se de sua justiça, deve ser compreendido, não que
os eleitos caiam totalmente, como muitos pensam que se extingue a sua fé, e cada raiz de
piedade também nos filhos de Deus; o que é muito absurdo, porque, como eu disse, o dom da
regeneração tem a perseverança sempre unida a ela”(João Calvino[1509-1564], Reformador de
Genebra, Comentário de Ezequiel 18:26).

“Isto é para ser entendido, não de um homem verdadeiramente justo; porque ninguém pode ser
assim denominado a partir de sua própria justiça; mas a partir da justiça e obediência a Cristo; e
um homem não pode se desviar da sua justiça; porque isso é a justiça de Deus, e nunca pode ser
perdida; é eterna, e sempre vai perdurar; e com o qual a vida eterna está inseparavelmente
ligada”(John Gill[1697-1771], Ministro Batista, Comentário de Ezequiel 18:24).

“Se uma pessoa ultrapassou a conduta correta e seguiu uma vida de pecado, Deus iria puni-la
com a morte prematura por causa de seus pecados, mesmo que ela tenha anteriormente agido
corretamente”(Thomas Constable, Notas Expositivas sobre Ezequiel 18:24).

“Isso não pode ser dito de um homem justo em Cristo; e, de forma estrita e propriamente
falando, não pode haver nenhum justo, mas em Cristo e a partir dessa justiça da qual não pode
haver mudança nela, nem pode ele perde-la , porque o Senhor tem dito ‘a minha salvação durará
para sempre, e a minha justiça não será abolida’(Is 51:6). Israel será salvo no Senhor, com uma
salvação eterna; não sereis envergonhados nem confundidos‘(Is 45:17). Mas o sentido é que,
quando o homem moral e que se considera como justo, desvia-se disto, de modo que ele sai, mais
cedo ou mais tarde, e perder toda a sua vã confiança e jactância orgulhosa, quando tal cai em
pecado, ele não tem auxílio em Cristo, não há esperança de salvação em seu sangue e da justiça; e,
portanto, morre na sua iniquidade, sujo, não regenerado, não renovado no espírito de sua
mente”(Robert Hawker [1753-1827], Ministro Anglicano, Comentário de Ezequiel 18:24).

18. “Desviando-se o justo da sua justiça, e praticando iniquidade, morrerá nela”(Ez 33:18)

Comentário: O contexto do verso tem a mesma ideia dos versos anteriores comentados(Ez
18:24,26). A expressão “morrerá nela”, de acordo com o contexto do verso 18, de fato, refere-se a
morte física(Ez 33:12,13). Que a “morte” mencionada nestes textos é a morte física, basta
compará-los com os versos 15-17,19, onde o profeta afirma que se o ímpio praticasse a justiça
(v.15), viveria e não morreria. E o v.6 também dá a ideia de morte física para o Ez 33:19, desde que
diz:

“Mas, se quando o atalaia vir que vem a espada, e não tocar a trombeta, e não for avisado o povo,
e a espada vier, e levar uma vida dentre eles, este tal foi levado na sua iniqüidade, porém o seu
sangue requererei da mão do atalaia”.

De fato, a palavra hebraica que é traduzida por “morrerá”(em Ez 33:18) é a palavra ‫( מּות‬mêṯ),
que, de acordo com o “A Hebrew and English Lexicon of the Old Testament”(1906), de Francis
Brown, S. R. Driver e C. A. Briggs, significa “morrer de morte natural ou outras causas”(p.559),
aparece em outros lugares do AT sempre se referindo a morte física (Gn 38:11; Ex 9:4; Lv 11:39;
Nm 6:9; 17:13; Dt 20:5-7; 24:3; Js 20:9; 1 Sm 14:39,45; 2 Sm 3:33; 2 Re 8:10; Jó 14:8 etc).

Os comentaristas das Escrituras tem a mesma opinião endossado por nós, como se segue:

“Se seus corações estão se afastaram dEle e não buscarem a Sua misericórdia, Ele dá-lhes a
morte”(Petter Pett, Ministro Batista, Comentário de Ezequiel 33:18).

“Mas se, mais uma vez ele reconheceu o erro de seus caminhos, e voltou-se para Deus, buscando
andar obedientemente, o Senhor declarou que ele não deveria morrer, mas por causa de sua
mudança da vida do passado seriam remetidos, e ele iria viver diante de Deus aqui na terra.
Deve- se ver claramente que isso não é uma questão da salvação da alma; não é uma questão de
redenção pelo sangue de Cristo, como o que temos no Novo Testamento. Estabelece relações de
Deus com os homens no âmbito da retidão, de acordo com os princípios de Seu governo sobre a
terra”(Henry Ironside[1876-1951],Ministro da Igreja dos Irmãos de Plymouth, Comentário de
Ezequiel 33:18).

19. “No corpo da sua carne, pela morte, para perante ele vos apresentar santos, e irrepreensíveis,
e inculpáveis. Se, na verdade, permanecerdes fundados e firmes na fé, e não vos moverdes da
esperança do evangelho que tendes ouvido, o qual foi pregado a toda criatura que há debaixo
do céu, e do qual eu, Paulo, estou feito ministro”(Cl 1:22-23)

Comentário: O texto está simplesmente dizendo que só alcançarão a salvação final (a glorificação)
aqueles que perseverarem até o fim. Todavia, perguntamos a todos os arminianos: Quem pode
garantir que por si mesmo irá perseverar até o fim? A perseverança do cristão não depende dos
seus esforços, mas é um ato do decreto imutável de Deus, que os fará perseverar, capacitando-os
para isso(Fl 1:6; 1 Co 1:8; 1 Pd 5:10). O próprio nosso Senhor deixou bem claro que nem a salvação
final do cristão depende de nenhum de seus esforços, mas está baseada exclusivamente na
soberania de Deus(Mt 24:22; Mc 13:20).O eleito foi destinado a realizar as obras de obediência,
santidade e perseverança!(Ef 2:10; 1 Pd 1:2). É Cristo quem cria e sustenta a nossa fé até o fim(Fl
1:6; Hb 12:2). Todos os cristãos só serão santos e irrepreensíveis, porque foram predestinados para
isso(Ef 1:4,5). Somente os predestinados alcançarão a glorificação (salvação final, isto é, a
perseverança)(Rm 8:30).

Como já dissemos antes, a nossa obediência e perseverança são um produto da vontade soberana
de Deus(Ez 36:27; Jd 24; Jr 32:40), e caso algum cristão se desvie, o Senhor, que é o Bom Pai e
Pastor, o trará de volta(Ez 34:11; Mt 18:12-13) e é isto, que abundantemente encontramos nas
Escrituras.

Ademais, o próprio contexto de Cl 1:22-23 revela que os cristãos tem garantida sua permanência
na salvação, e portanto, sua vaga nos céus:

“Porquanto ouvimos da vossa fé em Cristo Jesus, e do amor que tendes para com todos os santos.
Por causa da esperança que vos está reservada nos céus, da qual já antes ouvistes pela palavra da
verdade do evangelho”(Cl 1:4-5)

A palavra grega que é aqui foi traduzida por “reservada” é a palavra ἀποκειμένην (apokeimenēn),
que segundo Edward Robinson, tem o significado de “estar guardado, preparado, designado para
alguém”(Léxico Grego do Novo Testamento, p.101).

Portanto, fica patente de que a perseverança dos eleitos depende soberanamente do poder de
Deus(1 Pd 1:4-5; 2 Ts 2:14; 2 Tm 1:12; 4:18; Jd 1; 1 Ts 5:23-24). Comentaristas das Escrituras
também não veem neste texto nenhum indício do dogma da perda da salvação, como se segue:

“Aqui temos uma exortação à perseverança, pela qual ele adverte -lhes que toda a graça que tinha
sido conferido a eles até então seria inútil, a menos que eles perseverassem na pureza do
evangelho. E, assim, ele dá a entender, que eles ainda estão apenas a fazer progressos, e ainda não
atingiram a meta. Porque a estabilidade de sua fé estava naquele tempo exposta ao perigo através
dos estratagemas dos falsos apóstolos. Agora ele designa com confiança de cores vivas de fé,
quando ele manda os Colossenses serem alicerçados e firmes na mesma. Pois a fé não é como
mera opinião, que é abalada por vários movimentos, mas tem uma constância firme, que pode
suportar todas as maquinações do inferno. Por isso todo o sistema de teologia papista nunca vai
proporcionar o menor sabor da verdadeira fé, que a mantém como um ponto ausente, do qual
devemos sempre duvidar com referência ao presente estado de graça, bem como com referência a
perseverança final. Ele depois toma conhecimento também de uma relação que subsiste entre fé e
do evangelho, quando ele diz que os colossenses estão firmes na fé somente no caso deles não
retrocederem da esperança do evangelho; isto é, a esperança que brilha sobre nós por meio do
evangelho, porque onde existe o evangelho, há a esperança da salvação eterna. Vamos, no
entanto, ter em mente, que a soma de tudo está contido em Cristo. Por isso, ele aqui ordena para
eles que evitem todas as doutrinas que levam para longe de Cristo, de modo que as mentes dos
homens estejam de outra forma ocupadas”(João Calvino[1509-1564], Reformador de Genebra,
Comentário de Colossenses 1:22-23).

“Este será o caso se vocês, que já creram em Jesus Cristo, continuarem nessa fé, fundamentada no
conhecimento e no amor de Deus, e inalteravelmente tornando-se firmes e perseverando
firmemente, nesse estado de salvação”(Adam Clark [1760-1832], Ministro Metodista, Comentário
de Colossenses 1:23).

“O significado é que será impossível ser salvo, a menos que se continue a levar uma vida
apropriada para com o evangelho”(Albert Barnes [1798-1870], Ministro Presbiteriano, Comentário
de Colossenses 1:23).

“Isto mostra a necessidade de perseverança final dos santos na fé e santidade, e é mencionado


com este ponto de vista, para colocá-los sob uma preocupação sobre isso, e fazer uso de todos os
meios, sob a graça divina, para apreciá-la; e nada poderia estar mais fortemente inclinado e
movido a isto, que a eficácia bendita da morte, a reconciliação de Cristo e o propósito disto, para
apresentar os reconciliados inocentes; de modo que é necessário que eles devam permanecer até
o fim”(John Gill[1697-1771], Ministro Batista, Comentário de Colossenses 1:23).

“Continuidade na fé é essencial para a salvação: o dano a fé seria a privação da vida. As bênçãos


do cristianismo são dadas unicamente sem interrupção da crença contínua. E essa perpetuidade
da fé não é um estado oscilante e superficial”(John Eadie[1810-1876], Ministro Presbiteriano,
Comentário de Colossenses 1:23).

“Todas as promessas são feitas à perseverança na graça”(John Trapp[1601-1669], Ministro


Anglicano, Comentário de Colossenses 1:23).

“Aqui o nosso apóstolo declara aos colossenses, como eles poderiam saber se eles pertenciam de
fato ao número de pessoas que foram realmente reconciliadas com Deus pelo sangue de seu
Filho, isto é, se eles perseverassem na fé, e permanecessem seguramente alicerçados em sua
santa religião”(William Burkitt[1650-1703], Ministro Anglicano, Comentário de Colossenses 1:23).

“Perseverança final é a prova da autenticidade da fé e do resultado da salvação. Se Cristo está


trabalhando neles, posteriormente, ele irá capacitá-los até o fim. Assim, a sua garantia se
fundamenta em duas coisas. Ele repousa sobre sua fé na confiabilidade do Salvador, e na evidência
de sua permanência na ‘fé’, a verdade como revelada em Jesus, firmemente enraizada, fiéis e
firmes”(Petter Pett, Ministro Batista, Comentário de Colossenses 1:23).

“Para os cristãos é importante continuar na conduta piedosa, mas nós não somos salvos pela
nossa boa conduta”(David Guzik, Ministro Presbiteriano, Comentário de Colossenses 1:23).

“Certamente, se alguém nascer de novo, ele vai continuar na fé, alicerçado e firme: ele não vai
ser afastado da esperança do evangelho. Se não continuar, isso prova que ele nunca tinha se
reconciliado”(L. M. Grant[1917-1974], Comentário de Colossenses 1:23).

20. “Vendo, pois, o seu pajem de armas que Saul já era morto, também ele se lançou sobre a sua
espada, e morreu com ele. Assim faleceu Saul, e seus três filhos, e o seu pajem de armas, e
também todos os seus homens morreram juntamente naquele dia”(1 Sm 31:5-6)

“Assim morreu Saul por causa da transgressão que cometeu contra o Senhor, por causa da
palavra do Senhor, a qual não havia guardado; e também porque buscou a adivinhadora
para a consultar. E não buscou ao Senhor, que por isso o matou, e transferiu o reino a Davi,
filho de Jessé”(1 Cr 10:13-14)

Comentário: Os arminianos enchem a boca e declaram: “Saul consultou a médium, e depois se


matou, perdendo a salvação”. Ora, em primeiro lugar, é preciso lembrar, que, bem antes de Saul
consultar a médium, ele teria sido rejeitado por Deus como “político”(1 Sm 15:23,28), e que
mesmo após esta rejeição, ainda era usado pelo Espírito Santo(1 Sm 19:21-24). Se é verdade que
Saul perdeu a salvação após ter consultado a médium, então, como se explica o fato de que anos
depois de sua morte, ele teria sido chamado de “o eleito do Senhor”(2 Sm 21:6). Se ele já estava
no inferno, certamente não teria sido uma incoerência tê-lo chamado “o eleito do Senhor”?

Em segundo lugar, quem disse que Saul se matou? A Bíblia diz que ele tentou o suicídio(1 Sm 31:5-
6), mas que, após lançar-se sobre a espada, ainda não teria morrido, pedindo a um amalequita o
matasse, o que de fato ocorrera(2 sm 1:1-10).

Em terceiro lugar, a maneira pela qual Saul morreu (lançando-se sobre a espada, e após ficar vivo
sobre ela, agonizando, ser arremessado totalmente sobre a lança [1 sm 31:5-6 comp. com 2 Sm
1:16] é analogicamente descrita pelo escritor sacro como “o Senhor o matou”(1 Cr 10:14). De
acordo com 1 Cr 10:13-14, morrera desta maneira pelos seguintes motivos:

(i)’Por causa da transgressão que cometeu contra o Senhor” – Isto é, por ter Saul oferecido
sacrifícios ao Senhor, sem a permissão de Samuel(1 Sm 13:8-14), e sem ter consultado ao
Senhor(q1 Sm 13:12).

(ii)’...por causa da palavra do Senhor, que não havia guardado’ – Isto é, por desobedecer a ordem
do Senhor, no sentido de não matar a todos os amalequitas(1 Sm 15:126-18).

(iii)’... também porque buscou a adivinhadora para a consultar. E não buscou ao Senhor, que por
isso o matou...’(1 Sm 28)

A maneira de Deus punir o pecado de seus filhos nem sempre é a mesma. Por exemplo, por ter
pecado contra o Senhor, ferindo a rocha, invés de falar a ela(Nm 20:7-12), em Meribá, Moisés foi
impedido e proibido de entrar na terra de Canaã(Dt 32:48-52; 34:4; Nm 27:12-14). No caso de
Davi, que cometeu adultério e homicídio(2 Sm 12:9)a punição foi bem diferente – ele não foi
morto pelo Senhor, mas Deus matou a criança nascida da união adúltera entre ele e Batseba(2 Sm
12:13-19); e pela vontade justa do Senhor, Davi foi traído pelas suas mulheres com um outro
homem , o seu próprio filho Absalão(2 Sm 12:11 comp. com 2 Sm 16:22).

Já no caso de Salomão, que adulterou, praticando poligamia e favorecendo assim a idolatria(1 Re


11:1-9), o Senhor simplesmente levantou adversários contra ele(1 Re 11:14-25). No caso de Aarão,
que fez o bezerro de ouro(Ex 32:1-4), favorecendo a idolatria em Israel, embora o Senhor tivesse
ficado muito irado contra ele, contudo, não o matou(Dt 9:16,19-21), mas teve punição semelhante
a de Moisés, isto é, não ter o direito de entrar na terra prometida(Nm 20:23-29). Todavia, no caso
de Saul, Deus simplesmente resolveu puni-lo com a morte física(1 Cr 10:13,14). Portanto, a
maneira pelo qual o rei Saul morreu, não tem nada a ver com a sua salvação, mas sim com relação
a punição contra o quebrantamento da lei de Deus(Hb 10:29).

Em quarto lugar, ao citarem 1 Sm 28 e 2 Sm 31:5-6, os arminianos afirmam que não há relatos do


arrependimento de Saul, por ter consultado a médium, e que por isso, se perdeu. Contudo, se este
argumento é válido para condenarmos Saul ao inferno, também pelo mesmo argumento, podemos
lançar Ló no inferno, pois não há nenhum relato do arrependimento de Ló em relação aos seus
pecados de embriagues, duplo incesto e gravidez das filhas(Gn 19:30-38). E com relação a tentativa
de suicídio de Saul, destacamos que se a prática do suicídio faz com que um justo perca a sua
salvação, então Sansão, que se matou(Jz 16:26-32), está queimando no inferno. E lembre-se que
Sansão é descrito como um dos heróis da fé(Hb 11:32). Está Sansão no inferno? Que respondam os
arminianos!

Em quinto lugar, a maneira como Saul era tratado por Davi, comprova que ele (Davi) fazia clara
distinção entre Saul e os ímpios, tanto antes como depois da morte de Saul. Antes da morte de
Saul, Davi, por duas vezes, se considerava totalmente indigno de matar o “ungido do Senhor”(1
Sm 24:5-6; 26:10-11,21-23), nunca se dirigindo a este como se dirigira a Golias, a quem
considerou-se digno de não somente matar, mas chamar-lhe “incircunciso”(1 Sm 17:34-50).
Mesmo depois da morte de Saul, Davi ainda o considerava um filho de Deus, ao ordenar a
execução do homem que matou a Saul (2 Sm 1:1-16), e o motivo para esta execução era apenas
um – ele não temeu em matar o “ungido do Senhor”(2 Sm 1:14-16).

Em sexto lugar, após tomar conhecimento da morte de Saul pelas mãos do amalequita, fez-lhe um
cântico, com uns dizeres:

“Ah, ornamento de Israel! Nos teus altos foi ferido, como caíram os poderosos! Não o noticieis em
Gate, não o publiqueis nas ruas de Ascalom, para que não se alegrem as filhas dos filisteus, para
que não saltem de contentamento as filhas dos incircuncisos”(2 Sm 1:19-20).

Note, que Davi faz distinção entre Saul e os ímpios, afirmando que se existisse alguém que
porventura se alegrasse com a morte de Saul, seria um incircunciso, não um justo.
Diferentemente, em outro lugar, Davi afirma que os justos se alegrariam em ver Deus
exterminando os ímpios(Sl 69:28-32).

“Vós, montes de Gilboa, nem orvalho, nem chuva caia sobre vós, nem haja campos de ofertas
alçadas, pois aí desprezivelmente foi arrojado o escudo dos poderosos, o escudo de Saul, como se
não fora ungido com óleo”(2 Sm 1:21).

Aqui Davi, faz questão de frisar Saul como o homem que foi o primeiro a receber a unção de Deus.
Para que fazer essa ênfase para um ímpio, alguém que estava no inferno? Isso faria algum sentido,
ainda mais vindo de um homem piedoso e sábio como Davi? Matthew Henry[1662-1714], Ministro
Presbiteriano, em seu “Comentário de 2 Samuel 1:21”, afirma:

“Mas ele tem a dizer em honra do próprio Saul, primeiro, que ele foi ungido com óleo (2 Sm 1:21),
o óleo sagrado, que significa a sua elevação, e a qualificação para o governo. Todas as coisas que
ele tinha, de outra maneira, a coroa do óleo da unção do seu Deus estava sobre ele, como se diz
do sumo sacerdote (Lv 21:12), e por conta disso ele estava para ser honrado, porque Deus , a
fonte da honra, o tinha honrado”.

E o Dr. Thomas Constable, em suas “Notas Expositivas Sobre 2 Samuel 2:17-27”, declara:

“Mesmo que Davi visse na morte desses homens a remoção dos obstáculos à sua coroação, ele
não se alegrou”.
David Guzik, ministro presbiteriano, em seu “Comentário de 2 Samuel 1:17-18”, declara:

“Davi mostra o grande amor e generosidade no seu coração para com Saul. Isso mostra que Davi
não matou Saul com uma espada ou em seu coração.

· Ele achou graça em Saul

· Ele não queria que ninguém se alegrasse com a morte de Saul

· Ele queria que todos chorassem, até mesmo as montanhas e campos

· Ele elogiou Saul como um poderoso guerreiro

· Ele elogiou a personalidade e a lealdade de Saul (não dividida)

· Ele chamou as filhas de Israel para o choro, e elogiou a utilidade de Saul para com Israel”.

Nesse sentido, por Davi considerar Saul, não como um ímpio, mas como o ungido do Senhor, ao
ponto de considerar a vida de Saul como santa. William Robertson Nicoll[1851-1923], ministro
presbiteriano, em seu “Comentário de 2 Samuel 1:1-27”, declara:

“E ele tinha uma visão da santidade da vida de Saul que o amalequita não conseguia entender”.

Mas continuando em seu cântico em homenagem a Saul e Jônatas, Davi disse:

“Saul e Jônatas, tão amados e queridos na sua vida, também na sua morte não se separaram;
eram mais ligeiros do que as águias, mais fortes do que os leões. Vós, filhas de Israel, chorai por
Saul, que vos vestia de escarlata em delícias, que vos fazia trazer ornamentos de ouro sobre as
vossas vestes”(2 Sm 1:23-24).

Geralmente, Davi mostrava que era aos seus inimigos, os ímpios, que ele devotava ódio, não amor
(Sl 139:19-22). Isso mostrava que Davi nunca teve Saul como um ímpio. Da mesma forma, seria
inconcebível Davi recomendar que seu povo ficasse em luto por um ímpio, não seria? Agora,
perguntaríamos: Por que tanto zelo e amor pela memória de alguém que já estava no inferno?
Estava Davi enganado?

Em todo o contexto do livro de 1 Samuel, Saul sempre é distinguido dos filhos do diabo. Por
exemplo, no episódio em que ele torna-se rei de Israel, ele é descrito como sendo um homem
interiormente transformado (1 Sm 10:67-12), reconhecido pelo povo como um homem escolhido
por Deus(1 Sm 10:24-26). Apenas os filhos do diabo não o reconheciam assim(1 Sm 10:26-27). Saul
nunca é mencionado como sendo um filho de Belial. Ainda com relação ao argumento do suicídio,
não está muito claro que Saul tenha se suicidado, mas que estando mortalmente ferido, queria
apenas acelerar a sua morte. Encontramos isso em ambos os textos, não nenhuma menção de
perda de salvação para com ele. Vários comentaristas das Escrituras tem endossado a mesma
opinião, como se segue:

“Ele recebeu seu golpe mortal a partir do inimigo(1 Sm 31:3), ou a partir de sua própria espada (1
Sm 31:4). A vertigem e a escuridão da morte estão sobre ele. Naquele momento, um amalequita
selvagem, atraído provavelmente para o campo pela esperança de despojo, aproximou-se e
terminou todo o trabalho que as flechas dos filisteus e da espada do próprio Saul, porém
realizando... Bom seria para os homens quando eles se ocupam sobre o julgamento de Saul, e em
outros grandes aqueles que falharam, como eles pensam, no cumprimento de seus deveres para
com Deus, bem como para o homem - bem seria por uma vez seguir o exemplo do que foi
justamente chamado de ‘a simpatia humana destemida dos escritores bíblicos’, e para lembrar
como o ‘homem segundo o coração de Deus’, numa comoção que nunca mais será esquecida,
escreveu seu lamento comovente sobre o rei Saul, discorre apenas sobre Saul, o poderoso
conquistador, a alegria do seu povo, o pai do seu amigo querido e fiel, como ele na vida, unidos
com ele na morte; e como com estas palavras - suaves como eles são adoráveis, inspirado pelo
Espírito Santo a Bíblia fecha o registro da vida e deixa o primeiro grande rei, o primeiro ungido do
Senhor, nas mãos de seu Deus”(Ellicott's Commentary for English Readers, Comentário de 1
Samuel 31:4).

“Desejando escapar da agonia, ou insulto pelo inimigo, ele cai sobre a sua espada, e seu escudeiro,
julgando que estivesse morto, matou a si mesmo; mas Saul não estava morto; erguendo-se sobre a
sua lança, suplicou ao amalequita que o matasse”(C. I. Scofield[1843-1921], Ministro
Congregacional, Notas Sobre 1 Samuel 31:4)

“Era Saul um suicida? Eu escrupulosamente afirmo ‘não’. Ele foi ao que tudo indica, mortalmente
ferido, quando ele pediu que seu escudeiro extinguisse a faísca restante de vida... embora esta
ferida acelerasse sua morte, no entanto, não poderia ser corretamente a causa da mesma, como
ele foi mortalmente ferido antes, e o fez na convicção de que ele não poderia sobreviver”(Adam
Clark [1760-1832], Ministro Metodista, Comentário de 1 Samuel 31:13).

“No entanto, como Deus se sente sobre o suicídio? É um pecado; é o pecado do auto-assassinato.
No entanto, estamos errados, se o considerarmos como o pecado imperdoável, e quem comete
suicídio tem se entregado às mentiras e enganos de Satanás, cujo objetivo é matar e destruir (Jo
10:10)”(David Guzik, Ministro Presbiteriano, Comentário de 1 Samuel 31:3-6).

“Saul não teve um coração favorável a Deus. Consequentemente Deus trouxe disciplina sobre
Saul e sobre Israel com ele. Porque Saul não conseguiu ouvir a Deus, Deus finalmente deixou de
ouvi-lo (cf. Jr 7:13-16 ). Finalmente, Deus o matou (1 Cr 10:14)”(Thomas Constable, Comentário de
10:1-14).

O historiador judeu Flávio Josefo(37-100), nega terminantemente que Saul tivesse se suicidado. Ele
afirma:

“A batalha de que acabamos de falar deu-se ao mesmo tempo em que Davi derrotou os
amalequitas; dois dias depois de sua volta a Ziclague, um homem que tinha escapado do combate,
veio lançar-se aos seus pés com as vestes rasgadas e a cabeça coberta de cinzas. Perguntou-lhe de
onde vinha e ele respondeu que chegava do campo onde se havia travado a batalha, que os
israelitas tinham perdido, que muitos haviam perecido; o rei Saul e seus filhos haviam ficado entre
os mortos. Que não somente ele havia visto com seus próprios olhos, o que lhe relatava, mas
encontrara o rei tão fraco, pelos ferimentos, que não podia mais nem se matar, por mais que
fizesse, para não cair vivo nas mãos dos inimigos, e tinha-lhe ele ordenado que o acabasse de
matar e ele havia obedecido. Como prova do que estava dizendo, trazia-lhe seus braceletes de
ouro e sua coroa, que lhe havia tirado depois de morto. Davi não podendo, ante essas provas
duvidar de tão funesta notícia, rasgou suas vestes, derramou lágrimas, e passou o resto do dia
com seus amigos e familiares, em luto e em pranto. Mas no meio da aflição, sua maior pena foi ter-
se privado, pela morte de Jônatas, do seu caro amigo, do seu afeto e generosidade, aos quais
tantas vezes ele lhe devia a vida. Devemos confessar, que não lhe poderia louvar bastante sua
virtude para com Saul, poia ainda que este, tudo tivesse feito para lhe dar a morte, não somente
Davi ficou tão vivamente sentido com a sua, que mandou matar aquele infeliz, que confessava ter-
lhe tirado a vida, mostrando com o assassínio de um rei, que ele era realmente um amalequita.
Davi compôs em seguida, em louvor a Saul e de Jônatas, epitáfios e versos que ainda hoje são
conhecidos e estão cheios de sentimentos da mais viva dor”(Antiguidades Judaicas, Livro VII,
Capítulo I).

21. “Mas aquele que perseverar até ao fim, esse será salvo”(Mt 24:13)

Comentário: (a)Em primeiro lugar, o texto fala na destruição de Jerusálem(vv.1-3,15-21). A


expressão ‘E orai para que a vossa fuga não aconteça no inverno nem no sábado(v.20) ilustra isso,
mostrando que a fuga dos judeus não poderia ocorrer no sábado, justamente porque no sábado as
portas da cidade estariam fechadas. É provável que Mt 24:13 possa estar se referindo a um certo
tipo de livramento físico com referência àquele evento, visto que a expressão “nenhuma carne se
salvaria(v.22) parece indicar esta idéia, visto que a palavra “se salvaria”(v.22), no texto grego é o
mesmo verbo grego σῴζω(sózó) que aparece no v.13, segundo Thayer, tem o significado de
“preservar aquele que está em perigo de destruição”(p.610)

(b)Em segundo lugar, o contexto fala da apostasia por parte de alguns(v.12). Isso mostra que alguns
negarão a fé, mas não todos, pois os eleitos não poderiam jamais caírem no engano dos falsos
mestres(Mt 24:24). O restante do contexto mostra que as únicas pessoas que se salvarão, por
intervenção divina, serão os eleitos(Mt 24:22,26)

O texto fala que somente alcançarão a salvação final aqueles que perseverarem até o fim. Todavia,
lembramos que a perseverança final do filho de Deus não é um produto de seus esforços, pois se o
fosse, ele seria salvo pelas obras, o que é contrário à graça divina (Ef 2:8-9). Essa perseverança é
proveniente do decreto imutável da eleição divina. Através do poder soberano de Deus, o cristão
perseverará até o fim (Fl 1:6; 1 Co 1:7-8; 1 Pd 1:4-5; 5:10; Jd 24). Somente perseverarão até o fim
os eleitos (Jo 15:16; 6:39; 10:4-5; 17:12; Ap 17:14). Não há neste texto nenhuma evidência do
dogma da perda da salvação, como atestam os comentaristas das Escrituras, como se segue:

“E assim foram preservados da calamidade geral; e também com uma salvação eterna, que é o
caso de todos o que perseverarem até o fim, como todos os verdadeiros crentes em Cristo”(John
Gill[1697-1771], Ministro Batista, Comentário de Mateus 24:13).
“Para dispor estas palavras solenes na verdade reveladas em outra parte da segurança eterna do
crente, não é necessário dizer que eles se aplicam apenas ao período da tribulação. É verdade
sempre que só aqueles que perseverarem serão finalmente salvos. Mas quando se é nascido de
Deus e por isso recebeu a vida eterna de modo que ele vai perseverar. ‘Tudo o que é nascido de
Deus vence o mundo : e esta é a vitória que vence o mundo : a nossa fé’(1 Jo 5:4). Aquele que faz
uma profissão de fé em Cristo e, em seguida, na hora da provação que repudia e volta como um
cão ao seu vômito ou uma porca lavada voltou a revolver- se no lamaçal(2 Pd 2:20-22)fornece
evidência que ele nunca nasceu da Palavra e do Espírito de Deus. Tivesse o tal sido uma ovelha
que pertence ao Bom Pastor, ele nunca teria sido atraído para o lamaçal do porco”(Henry
Ironside[1876-1951],Ministro da Igreja dos Irmãos de Plymouth, Comentário de Mateus 24:13).

“A palavra ‘fim’, aqui, para alguns significa a destruição de Jerusalém, ou o fim da economia
judaica, e o significado supostamente é ‘aquele que persevera em suportar essas perseguições
até o fim das guerras deve estar fora de perigo’. Deus irá proteger o seu povo do mal, de modo
que nem um só cabelo da cabeça perecerá”(Albert Barnes [1798-1870], Ministro Presbiteriano,
Comentário de Mateus 24:13).

“Mas o contexto nos leva a ver no ‘fim’ ao fim do período de que nosso Senhor fala, ou seja, a
destruição de Jerusalém; e assim as palavras ‘será salvo’ pelo menos, inclui a libertação da morte
daqueles que se envolveram nesse caso da destruição”(Charles John Ellicott[1819-1905], Ministro
Anglicano, Comentário de Mateus 24:13).

“Os judeus cristãos que não desistiram de sua fé, vendo os sinais e fugiram para Pella em Perea
outro lado do Jordão, e salvaram suas vidas”(The Bible Study New Testament, Comentário de
Mateus 24:13).

“Quando a cidade foi destruída, os cristãos foram salvos”(Johann Albrecht Bengel[1693-1752],


Ministro Luterano, Comentário de Mateus 24:13)

“É uma promessa de perseverança, especialmente porque tal perseverança está unida com a
firmeza de espírito. Ele que não deve ser tentado à apostasia através das aflições do evangelho,
deverá ter paciência e coragem para suportar todos os sofrimentos que se seguem a profissão do
evangelho, será salvo; se na incerteza da preservação, e desta maneira serão salvos com uma
salvação temporal, ainda que ele deve ser eternamente salvo”(Matthew Poole[1624–1679],
Comentário de Mateus 24:13)

“É muito notável, e foi certamente um ato mais do sinal da Providência, no qual nenhum dos
cristãos pereceram na destruição de Jerusalém”(Joseph Benson[1749–1821], Ministro Metodista,
Comentário de Mateus 24:13)

“Os cristãos foram salvos dos horrores que habitaram a destruição de Jerusalém”(Philip
Schaff[1819-1893], Ministro Presbiteriano, Comentário de Mateus 24:13)

22. “Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e
lançam no fogo, e ardem”(Jo 15:6).
Comentário: Ora, tal texto não está se referindo a genuínos cristãos, mas aos crentes nominais ou
ímpios, pois com relação aos cristãos, pelo contexto, nosso Senhor os chama de “limpos”(v.3),
“amigos”(v.15), garantindo assim a permanência deles (isto é, os eleitos) na fé e na salvação:

“Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis
fruto, e o vosso fruto permaneça”(Jo 15:16).

Veja ainda Jo 6:37,39.

Os comentaristas das Escrituras também não veem nesse texto nenhum indício do dogma da perda
da salvação, como se segue:

“Não que ocorra alguma vez que qualquer um dos eleitos murche, mas porque há muitos
hipócritas que, na aparência, florescem e são verdes por um tempo, mas que depois, quando
deveriam dar fruto, mostram o oposto daquilo que o Senhor espera e exige do seu povo”(João
Calvino[1509-1564], Reformador de Genebra, Comentário de João 15:6).

“Isto, sem dúvida, se refere àqueles que são mestres de religião, mas que sabemos nunca terem
nenhuma verdadeira e real união com ele”(Albert Barnes [1798-1870], Ministro Presbiteriano,
Comentário de João 15:6).

“Cristo não diz: ‘se vós não permanecerdes em mim’; ele não supõe isso de seus verdadeiros
discípulos; agora Judas foi removido, e este versículo faz um pouco de referência a ele; embora
possa ser aplicado a qualquer pessoa que tenha feito uma profissão de Cristo, e nega as verdades
do Evangelho, negligencia as ordenanças do mesmo, ou anda indigno de sua profissão: de quem as
seguintes coisas podem ser realmente ditas”(John Gill[1697-1771], Ministro Batista, Comentário de
João 15:6).

“Aqui o nosso santo Senhor revela a condição triste e deplorável desses mestres, que aparentam
um relacionamento com Cristo, sem terem produzido nenhum fruto: ele chama-os de ramos
secos, apropriados apenas para o fogo”(William Burkitt[1650-1703], Ministro Anglicano,
Comentário de João 15:6).

“Estes ramos infrutíferos são mestres religiosos hipócritas que dizem crer, que são numerados na
igreja, e que aparentam serem homens que estão ‘em Cristo’. Mas, como o trigo e o joio são
semelhantes, é preciso o olho de Deus para discernir o diferente do real. Nós formamos nossas
opiniões por sinais externos. Deus olha para o coração, e ele irá expor a falsificação”(Henry
Mahan[1947-1998], Ministro Batista, Comentário de João 15:6).

“Isto é uma descrição do estado de medo dos hipócritas que não estão em Cristo, e de apóstatas
que não permanecem em Cristo”(Matthew Henry[1662-1714], Ministro Presbiteriano, Comentário
de João 15:6).

“Isso mais uma vez é a primeira obra do Pai - removendo os ramos infrutíferos. Aqueles que, como
Judas que se reúnem com o povo de Deus e por algum tempo parecem ser crentes - eles
mostram um certo grau de vida. Folhas estão presentes - mas não há frutos. Em última análise,
essas pessoas desaparecem do nosso meio. Eles não permanecem com ele. Como o Senhor deixa
claro, é um processo: Primeiro, há a ‘declinação’ da vida que, aparentemente, existia por algum
tempo. Em seguida, os ramos são ‘reunidos’, depois ‘lançados ao fogo’, e, finalmente,
‘queimados’. Aqui devemos nos referir a esses versículos onde Jesus fala do fim dos tempos,
quando os anjos virão e lançam fora do Reino de Deus todos os que o escandalizam, e lança-os no
fogo eterno, e eles são queimados, Mt 25:41-46)”(Raymond Charles Stedman [1917-1992],
Ministro da Peninsula Bible Church em Palo Alto, California, Comentário de João 15:6).

“Há milhares de cristãos professos em cada Igreja, cuja união com Cristo é só externa e formal.
Alguns deles são unidos a Cristo pelo batismo como membros da Igreja. Alguns deles vão ainda
mais longe do que isso, e são comungantes regulares e renomados pregadores da religião. Mas
lhes falta totalmente a única coisa necessária. Não obstante serviços e sermões e sacramentos,
eles não têm graça em seus corações, não tem fé, não há obra interior do Espírito Santo. Eles não
são um com Cristo, e nem Cristo está neles. Sua união com Ele é apenas nominal, e não real. Eles
têm ‘um nome de vivos’, mas aos olhos de Deus, eles estão mortos”(J. C. Ryle[1816-1900],
Ministro Anglicano, Comentário de João 15:6).

“O Senhor se refere a alguém que é exteriormente um cristão, mas não interiormente, é um


discípulo, mas não um nascido de novo”(L. M. Grant[1917-1974], Comentário de João 15:6).

23. “Pelo qual também sois salvos se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado; se não é que
crestes em vão”(1 Co 15:2).

Comentário: (a)Em primeiro lugar, os arminianos se apegam a expressão “sois salvos se o


retiverdes”. Segundo eles, esta expressão indica que a salvação futura depende da perseverança
dos cristãos. Totalmente errado. A palavra grega que é traduzida por “salvos” é a palavra
σῴζεσθε (sōzesthe), que de acordo com Thayer, se refere a “uma benção que começa (ou
começou) na Terra”(A Greek English Lexicon of New Testament, p.610). Portanto, não tem nada
haver com algo ainda no futuro.

(b)Em segundo lugar, Paulo está simplesmente afirmando que os coríntios são salvos ou
considerados salvos, se perseverassem no Evangelho, apregoado por Paulo, como eles até então
permaneciam nele(v.1). A palavra grega que é traduzida por “retiverdes”, é a palavra κατέχετε
(katechete) que significa “ter e segurar firme, reter com firmeza”(Edward Robinson, Léxico Grego
do Novo Testamento, p.491). Nesse sentido, para Paulo, se eles se apegassem firmemente ao
evangelho, seria isso uma prova de que os mesmos eram salvos. E em que consistia este evangelho
de Paulo? Consistia na morte e ressurreição de Cristo(vv.3-8).

(c)E por que razão Paulo diz “se não é que crestes em vão”? A que ou a quem ele se refere? O
contexto mostra que Paulo está se referindo a alguns crentes nominais da igreja de Corinto, que
segundo ele, sequer criam na ressurreição dos mortos(v.12), e segundo ele, quem nega a
ressurreição dos mortos, automaticamente nega a ressurreição de nosso Senhor, tornando vã
tanto a pregação de Paulo, como a própria fé de quem assim pensa(vv.13-19). Nesse sentido, Paulo
se refere a estes crentes nominais como homens naturais que ainda não tem o conhecimento de
Deus:

“Vigiai justamente e não pequeis; porque alguns ainda não têm o conhecimento de Deus; digo-o
para vergonha vossa”(1 Co 15:34).

Se estes crentes nominais mencionados por Paulo não tinham o conhecimento de Deus, realmente
não passavam de homens naturais, conforme ele mesmo explica bem começo de sua carta(1 Co
2:12-16). Ademais, o próprio Paulo mencionou que haveria entre os coríntios hereges(1 Co 11:19)
e até idólatras(1 Co 5:11), para que os que fossem sinceros se posicionassem. Portanto, o texto não
tem nenhuma vírgula em favor do falso dogma da perda da salvação, como reconhecem vários
comentaristas das Escrituras:

“Isso significa que suas esperanças de vida eterna repousavam sobre isso; e por isso eles foram,
então, de fato ‘salvos da condenação do pecado’, e estavam na posse da esperança da vida
eterna”(Albert Barnes [1798-1870], Ministro Presbiteriano, Comentário de 1 Coríntios 15:2).

“Era o meio de sua salvação, e que tinha sido operada pelo poder de Deus para a salvação deles.
Salvação está inseparavelmente ligada com a verdadeira fé em Cristo como Salvador, e com uma
crença saudável de sua ressurreição dentre os mortos, o que é o penhor e garantia da
ressurreição dos santos; e por causa da certeza na promessa de Deus, por meio da obediência e
da morte de Cristo, e na fé e na esperança dos crentes, que são coisas certas e determinadas,
eles são mencionados como já sendo salvos... Não que a verdadeira fé possa ser em vão; pois
essa é a fé dos eleitos de Deus, o dom da sua graça, a operação do seu Espírito; Cristo é o autor e
consumador da mesma, e nunca permitirá que ela falhe; ele certamente vai exprimí-la na
salvação eterna, mas, em seguida, como a palavra pode ser ouvida em vão, como é por exemplo,
de modo que são comparados com o caminho, e ao solo espinhoso e rochoso; e como o Evangelho
da graça de Deus pode ser recebido em vão; então uma mera fé histórica pode ser em vão; e um
homem pode ter isto, não a graça de Deus, e assim não ter nada; com isso, ele pode ter fé por um
tempo, e depois perde-la, e uma vez que cada um deles poderão, eventualmente, sendo o caso de
alguns membros desta igreja, ser colocados nessas exceções pelo apóstolo, a fim de despertar a
atenção de todos para esta importante doutrina que ele estava lhes lembrando”(John Gill[1697-
1771], Ministro Batista, Comentário de 1 Coríntios 15:2).

“Paulo não cogita a possibilidade de que seus leitores poderiam perder sua salvação,
abandonando o evangelho que ele havia pregado a eles. A tradução da Bíblia capta bem o seu
pensamento. Se permanecessem firmes ao evangelho que eles tinham recebido, eles iriam
continuar a ter livramento de Deus como eles viviam dia a dia. Sua negação da Ressurreição pode
indicar que alguns deles realmente não tinha crido no evangelho”(Thomas Constable, Notas
Expositivas sobre 1 Coríntios 15:2).

24. “Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual,
começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram”(Hb 2:3).
Comentário: O escritor sacro está apenas dizendo que nenhum cristão escapará do castigo divino,
se não cuidar da sua posição de salvo. O próprio contexto do verso indica isso, pois lemos:

“...e toda a transgressão e desobediência recebeu a justa retribuição”(Hb 2:2).

A palavra grega que é traduzida por “atentarmos”, é a palavra ἀμελέω (amelēsantes), que
significa, de acordo com Edward Robinson “não cuidar de, negligenciar”(Léxico Grego do Novo
Testamento, p.45).

Quando um filho de Deus não cuida de sua posição de salvo, i.e, quando não vive uma vida de
santidade e temor a Deus, torna-se objeto da repreensão divina (Dt 8:5; Pv 3:12; Hb 12:6; Ap 3:12).

Vários comentaristas das Escrituras não veem nenhum indício do dogma da perda da salvação
neste texto, como se segue:

“Não só a rejeição do Evangelho, mas também a sua negligência, merecem o castigo mais pesado,
e isso por conta da grandeza da graça que ela oferece; portanto, diz ele, de tão grande
salvação”(João Calvino[1509-1564], Reformador de Genebra, Comentário de Hebreus 2:3).

“Este é, de fato, o grande pecado da maior parte do mundo. Não é que eles deixam a verdade de
lado, é que eles simplesmente não se preocupam com isso. Eles a negligenciam. Eles reivindicam
frequentemente honrar Jesus, mas eles desprezam a Sua palavra como 'Senhor'”(Petter Pett,
Ministro Batista, Comentário de Hebreus 2:3).

“O negligenciar a salvação não se refere ao nosso livramento final do inferno, de modo que não
é ‘a salvação’ sobre o qual estamos falando. Pelo contrário, é a oportunidade de entrar no destino
final do homem, para reinar com Cristo sobre as obras das mãos de Deus... Ele [o escritor] não está
incentivando os pecadores, a se tornarem cristãos, mas sim, ele está incentivando os cristãos a
prestarem atenção para a grande salvação que receberam do Senhor”(Thomas Constable, Notas
Expositivas sobre Hebreus 2:3).

“Se os homens brincarem com a lei de Deus, a Lei não brincará com eles, julgou os pecadores dos
séculos anteriores, e vai julgar os pecadores em todas as eras. Deus, como um justo juiz e
governante, quando ele tinha dado adiante a Lei, não deixaria impune o desprezo e violação, mas
ele tem de vez em quando contado os transgressores da mesma, e os retribuirá de acordo com a
natureza e a gravidade de sua desobediência”(Matthew Henry[1662-1714], Ministro
Presbiteriano, Comentário de Hebreus 2:3).

“Eles não podiam brincar com a mensagem dos anjos, sem receber o justo castigo de Deus.
Muito menos, então, podemos brincar com o evangelho de Cristo”(Charles Spurgeon(1834-1892),
Ministro Batista, Comentário de Hebreus 2:3).

25. “Porque nos tornamos participantes de Cristo, se retivermos firmemente o princípio da nossa
confiança até ao fim”(Hb 3:14)

Comentário: O contexto do verso está falando daqueles judeus incrédulos, que depois de serem
libertos do Egito, se rebelaram contra Deus, sendo privados de suas bênçãos temporais(Hb 3:7-
11,16-19). Em primeiro lugar, o escritor sacro, diferenciando os cristãos hebreus de seus
compatriotas do passado, se referindo a estes hebreus cristãos como “irmãos santos,
participantes da vocação celestial”(Hb 3:1), enquanto que os seus compatriotas do passado foram
barrados de participarem das bênçãos temporais(Hb 3:7-11,16-19). Os cristãos hebreus são
participantes da vocação celestial, não podem jamais serem privados desta divina vocação, visto
que segundo Paulo “os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis”(Rm 11:29, Reina/Valera). Em
segundo lugar, diferenciando os cristãos hebreus dos seus compatriotas do passado, recomenda,
exortando-os a obediência:

“Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e infiel, para se apartar do
Deus vivo. Antes, exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje,
para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado”(Hb 3:12-13).

Justamente por isso, o escritor sacro afirma que nós (judeus cristãos e gentios cristãos) não somos
como estes antigos compatriotas judeus, isto é, não nos retiramos do caminho do Senhor para a
perdição (Hb 6:9), como exatamente ele o diz:

“Nós, porém, não somos daqueles que se retiram para a perdição, mas daqueles que crêem para
a conservação da alma”(Hb 10:39).

O texto nos mostra apenas a perseverança dos santos, indicando que só estão em Cristo aqueles
que perseveram em sua fé até o fim. A palavra grega que é traduzido aqui como “retivermos” é a
mesma palavra κατάσχωμεν (kataschōmen), que aparece em 1 Co 15:2, e que significa “ter e
segurar firme, reter com firmeza”(Edward Robinson, Léxico Grego do Novo Testamento, p.491).
Por fim, segundo o próprio escritor sacro, a perseverança dos cristãos hebreus dependia
puramente da graça de Deus, que os capacitaria a serem fiéis a Ele(Hb 13:20,21). Não há nenhum
indício do dogma da perda da salvação neste texto, conforme admitem até os comentaristas das
Escrituras, como se segue:

“Mas se ele é possuído pela fé, deve perseverar nela, para que ele possa ser nossa possessão
perpétua. Cristo então deu a si mesmo para ser apreciado por nós nesta condição, para que pela
mesma fé pela qual nós fomos admitidos para participarmos dele, devamos reter uma bênção
tão grande até a morte”(João Calvino[1509-1564], Reformador de Genebra, Comentário de
Hebreus 3:14).

“Aquele que tem Cristo nele, tem a esperança bem alicerçada da glória; e aquele que se encontra
no grande dia com Cristo em seu coração, terá uma entrada abundante na glória eterna”(Adam
Clark [1760-1832], Ministro Metodista, Comentário de Hebreus 3:14).

“A ideia é, que é apenas a perseverança nos caminhos da religião que constitui um indício certo
da piedade. Onde a piedade se manifesta através da vida, ou quando há uma devoção incansável à
causa de Deus, aí a evidência é clara e indubitável”(Albert Barnes [1798-1870], Ministro
Presbiteriano, Comentário de Hebreus 3:14).
“Somos amados por ele, dados a ele, e escolhidos nele antes da fundação do mundo; e assim
participamos de todas as bênçãos espirituais nele; pois isto se refere a algo passado, e pode ser
indicado, que fora feito... e por isso isto mostra de quem e de que maneira, a graça é distribuída; e
é expressivo da comunhão com Cristo, e é uma prova da participação dele: ou então o Evangelho,
que é o meio de implantação da fé, direciona para o que é a base e o fundamento da mesma; e
isso será realizado rapidamente, e nunca morrerá, ou então a graça da fé em si, que é uma graça,
que começou, ainda não terminou, mas deve continuar, e é realizada rápida e constantemente; e
a perseverança na fé em Cristo é uma evidência de uma união com ele”(John Gill[1697-1771],
Ministro Batista, Comentário de Hebreus 3:14).

“Nós só participaremos das bênçãos e benefícios de Cristo por uma verdadeira e perseverante fé.
Nenhum homem está em Cristo por uma fé temporária ou uma falsa fé, ou de outra maneira. Há
exemplos em todo o Novo Testamento da fé que não era a fé salvadora (Jo 2:23-25; 6:26, At
8:13,18-21). A fé que salva é dada por Deus, genuína, e continua a crescer em força e confiança (Cl
1:21-23, Hb 10:38-39)”(Henry Mahan[1947-1998], Ministro Batista, Comentário de Hebreus 3:14).

“Nunca devemos perder de vista o fato de que pela nossa conversão, temos comido e agora
estamos participando de Jesus Cristo, de todas as bênçãos e dons que Ele conquistou para nós por
Sua redenção. Este fato, no entanto, coloca-nos na obrigação de permanecermos em Sua graça,
de perseverarmos até o fim, pelo menos essa grande confiança na Sua redenção que é a essência
da fé. Tão certa deve ser a confiança do crente em seu Senhor de que ele vai resistir a todos os
ataques até o fim, de modo que ele será além de provado e tentado, finalmente triunfante, na
presença de Cristo”(Paul E. Kretzmann, Ministro Luterano, Comentário de Hebreus 3:14).

“Não, mas eles devem perseverar, sendo mantidos pelo poder de Deus mediante a fé para a
salvação, e sendo assim estimulados, é um meio pelo qual Cristo ajuda seu povo a perseverar.
Isso tende a torná-los atentos e diligentes, e assim os preserva da apostasia”(Matthew
Henry[1662-1714], Ministro Presbiteriano, Comentário de Hebreus 3:14).

“E, em primeiro lugar. Que o leitor tome conhecimento, para quem estas palavras são ditas, ou
seja, para os irmãos. Não ao carnal e não regenerado; mas para aqueles de quem se diz(v.14) ‘para
nos tornamos participantes de Cristo’; ou, como poderia ter sido proferido, ‘pois fomos feitos
participantes de Cristo’; pois se refere a um ato passado, e um ato feito da parte de Deus; não
por nós: tendo sido tão feito, antes da fundação do mundo(Ef 1:4-5). Que o leitor faça esta sua
primeira observação sobre a passagem. É para a Igreja, os irmãos, a quem o Espírito Santo
fala”(Robert Hawker [1753-1827], Ministro Anglicano, Comentário de Hebreus 3:14).

26. “Mas o justo viverá pela fé; E, se ele recuar, a minha alma não tem prazer nele”(Hb 10:38)

Comentário: É vidente que se o escritor sacro está se referindo ao fato do justo não demonstrar fé
diante de Deus, agindo com incredulidade, não podendo Deus ter nenhum prazer nele. A palavra
que é traduzida por “recuar” é a palavra grega ὑποστείληται (hyposteilētai), que segundo Edward
Robinson, significa “um retraimento, recuo, por timidez, furtivamente”(Léxico Grego do Novo
Testamento, p.946). Nesse sentido, o apóstolo, citando o profeta, menciona a possibilidade do
justo, por timidez, voltar atrás. Nesse sentido, quando o apóstolo diz que se o justo fizer isso, Deus
não tem nenhum “prazer” nele, está literalmente falando que Deus deixará de agir nele, visto que
a palavra grega que é traduzida por “prazer” é a palavra εὐδοκεῖ (eudokei), que de acordo com
Edward Robinson, significa “achar por bem fazer alguma coisa”(Léxico Grego do Novo
Testamento, p.378). Ou seja, quando ele diz “minha alma não tem prazer nele”, está dizendo
“minha alma ‘não acha por bem fazer alguma coisa’ nele, indicando realmente que Deus deixa de
agir na vida de um servo seu ou mesmo de seu próprio povo(2 Cr 15:3,4), estando seu Espírito
apagado(1 Ts 5:19; Is 63:10). Aqui, Deus trata da possibilidade de um cristão agir sem fé e da
atitude do próprio Deus para com isso, se entristecendo e deixando de agir nele. Mas, no próximo
verso, o escritor sacro mostra que aqui não se cogita a ideia de um cristão ficar para sempre longe
de Deus:

“Nós, porém, não somos daqueles que se retiram para a perdição, mas daqueles que crêem para
a conservação da alma”(Hb 10:39).

Realmente, é um delírio arminiano citar um texto desse para provar seu dogma da perda da
salvação. Nem mesmo os comentaristas das Escrituras veem neste texto nenhum indício favorável
ao dogma, como se segue:

“No entanto, a doutrina da perseverança de modo algum corre o perigo de deixar de fora
‘qualquer um’. A Bíblia está repleta deste modo de abordar os cristãos, e ainda assim a Bíblia nos
assegura que as ovelhas de Cristo nunca perecerão. Avisos e advertências são os próprios meios
que Deus emprega para garantir a salvação final de seu povo; e concluir a partir desses avisos
que eles podem cair finalmente, não é de forma alguma um argumento legítimo”(João
Calvino[1509-1564], Reformador de Genebra, Comentário de Hebreus 10:38).

“...pois a descrição do recuo não é supostamente com relação ao justo, mas de qualquer homem,
assim como nós, apesar da versão Etíope, admitir corretamente; e deve ser entendido como se
referindo a qualquer um dos mestres externos da religião, que abandonam a congregação dos
santos(Hb 10:25) e é negado com relação aos verdadeiramente justos nas seguintes
palavras”(John Gill[1697-1771], Ministro Batista, Comentário de Hebreus 10:38).

“Aqui não apenas o primeiro começo, como em Gl 3:11, mas a continuação, da vida espiritual do
homem justificado é referido, em oposição ao declínio e apostasia. À medida que o homem
justificado recebe sua primeira vida espiritual, pela fé , por isso é pela fé que ele deve continuar a
viver (Lc 4:4). A fé quer dizer aqui uma confiança que está totalmente desenvolvida no invisível
Salvador(Hb 11:1), que pode manter os homens firmes em meio a perseguições e tentações (Hb
10:34-36)”(Robert Jamieson [1802-1880], Andrew R. Fausset[1821-1910], David Brown[1803-
1897], Ministros Anglicanos, Comentário de Hebreus 10:38).

“Aqui, note que estas ameaças implicam, de que existe uma possibilidade dos santos caírem,
considerados em si mesmos; mas não que eles sejam totalmente abandonados pelo Espírito
Santo, e deixados sob o poder reinante do pecado. Estas ameaças são destinadas a despertar os
seus cuidados, e têm uma influência singular na sua preservação”(William Burkitt[1650-1703],
Ministro Anglicano, Comentário de Hebreus 10:38).

“Os verdadeiros crentes não são caracterizados por tal recuo covarde, o que resulta em desistir
da confissão de fé”(Paul E. Kretzmann, Ministro Luterano, Comentário de Hebreus 10:38).

“Apostasia é a marca e a marca daqueles em quem Deus não tem prazer e é uma causa de
descontentamento e ira intensa de Deus. Deus nunca esteve satisfeito com a profissão e deveres
externos e serviços formais dos tais que não perseveram”(Matthew Henry[1662-1714], Ministro
Presbiteriano, Comentário de Hebreus 10:38).

“Pois Ele não tem prazer naqueles que recuam de confiar nEle, que, assim, revelam que eles não
são seus justos”(Petter Pett, Ministro Batista, Comentário de Hebreus 10:38).

“Quanto àqueles que se retiram de uma mera profissão, isto é, como foi antes conhecido. Eles
recuam de sua confissão apenas de lábios, além do mais, eles nunca a tiveram. Mente,
conhecimento não é coração renovado. Não cairão da graça, pois nunca estiveram em estado de
graça, mas caem das obras naturais, pois nunca subiram mais alto. Nesses, o Senhor Jesus não tem
prazer”(Robert Hawker [1753-1827], Ministro Anglicano, Comentário de Hebreus 10:38).

“No capítulo 11, veremos alguns exemplos de homens e mulheres que viveram pela fé. Estas são as
pessoas resistentes da história. Eles sofreram, eles resistiram, eles externaram isto. Eles
enfrentaram todas as pressões, todos os problemas, toda a duplicidade confusa da vida, mas,
porque eles tinham os seus olhos fixos Naquele que nunca muda, eles eram resistentes; nada
poderia movê-los de lado ou desviá-los”(Ray Stedman[1917-1992], Comentário de Hebreus
10:38).

“A apostasia de um professo cristão é sempre possível, ou seriam desnecessários os avisos: não


necessariamente a apostasia de um verdadeiro cristão. A perseverança dos eleitos é uma coisa; a
perseverança de uma pessoa em particular é para nós uma outra”(Philip Schaff [1819-1893],
Ministro Presbiteriano, Comentário de Hebreus 10:38).

27. “Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o
sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado”(1 Jo 1:7)

Comentário: O texto mostra apenas que a nossa obediência ou temor a Deus (se andarmos na luz)
nos proporciona comunhão com os irmãos e perdão dos pecados. Na realidade, o contexto do
verso mostrava isso, afirmando que quem vive nas trevas do pecado, não mantem uma
verdadeira comunhão com Deus(1 Jo 1:6). No entanto, o contexto também mostra que temos a
promessa do perdão dos pecados, mediante o arrependimento (1 Jo 1:9). Ademais, é o próprio
Deus que nos capacitará a andarmos na luz e a o obedecermos (Ez 36:26; Jr 32:40). É realmente
um delírio citar esse texto para provar o dogma da perda da salvação. Nenhum comentarista das
Escrituras vê neste texto qualquer indício para o dogma arminiano, como se segue:

“Em suma, a remissão dos pecados não pode ser separada do arrependimento, nem a paz de
Deus está nos corações, onde o temor a Deus não prevalecer”(João Calvino[1509-1564],
Reformador de Genebra, Comentário de 1 João 1:7).

“Este grande verso é a fonte de incrível alegria, segurança e consolo para o filho de Deus. Ele
nunca precisa temer que alguma conduta impulsiva, não intencional, ou atípica possa
surpreendê-lo com o resultado da condenação eterna”(James Burton Coffman[1906-2006],
Comentário de 1 João 1:7).

“Não há mancha tão profunda feita pelo pecado que o sangue de Cristo não possa levá-lo
totalmente para longe da alma”(Albert Barnes [1798-1870], Ministro Presbiteriano, Comentário
de 1 João 1:7).

“A natureza divina do Filho de Deus, estando unida com a natureza humana, expressa o poder em
seu sangue para produzir tal efeito, constantemente continuo, e resoluto, de modo que não há
qualquer obstáculo diante dela”(John Gill[1697-1771], Ministro Batista, Comentário de 1 João
1:7).

“E Deus vendo -nos em face de seu Filho, não vê nada de errado em nós; não mais do que Davi fez
no coxo Mefibosete, quando ele viu nele as características de seu amigo Jonatas”(John Trapp[1601-
1669], Ministro Anglicano, Comentário de 1 João 1:7).

“No que diz respeito da permanência do remédio, que, se expressa no tempo presente, ele
purifica: o que implica que este seu sangue nunca perderá a sua eficácia”(William Burkitt[1650-
1703], Ministro Anglicano, Comentário de 1 João 1:7).

“Purifica-nos de todo o pecado - Verdadeira e realmente, tirando toda a culpa e todo o


poder”(John Wesley[1703-1791], Ministro Metodista , Comentário de 1 João 1:7).

“Deus nos purifica e nos converte no sentido de que Ele nunca nos levará a condenação pelos
nossos pecados [cf. Rm 8:1; 1 Co 6:11, Ef 1:7]”(Thomas Constable, Notas Expositivas sobre 1 João
1:7).

“Sempre, todos os dias, sem cessar, temos o perdão dos pecados, somos justos e santos diante
de Deus através do sangue de Jesus Cristo, que é sempre eficaz; no caso de todos os pecados,
temos o perdão, que é sempre oferecido e transmitido a nós na Palavra e no Sacramento e aceito
por nós na fé”(Paul E. Kretzmann, Ministro Luterano, Comentário de 1 João 1:7).

“Pois, quando Deus salva Ele torna a Sua salvação eficaz. Pode levar algum tempo para que a
eficácia adentre, e pode até haver momentos de tropeço, mas, eventualmente, que a salvação
deve penetrar total e completamente. E se isso não acontecer, devemos perguntar se essa pessoa
é realmente ‘salva’ e ‘está salva’. Deus, o Salvador, não falha em seus propósitos”(Petter Pett,
Ministro Batista, Comentário de , Comentário de 1 João 1:7).

“É o tempo presente, no entanto; e simplesmente prega a remoção permanente de todo o


pecado como a poluição, à vista e à luz de Deus”(Philip Schaff [1819-1893], Ministro
Presbiteriano, Comentário de 1 João 1:7).
“O significado é que o tempo todo, dia a dia, constantemente e consistentemente, o sangue de
Jesus Cristo opera individualmente um processo de limpeza na vida do cristão”(William
Barclay[1907-1978], Comentário de 1 João 1:7).

“Nós não temos consciência do pecado em nós diante de Deus, sabendo que ele está em nós;
mas temos a consciência de sermos limpos nEle por causa do sangue”(John Darby[1800 1882],
Ministros dos Irmãos de Plymouth, Comentário de 1 João 1:7).

“Se somos iluminados pelo Espírito com uma verdadeira visão e senso de pecado para conhecer
nosso Senhor Jesus e do caminho da salvação por meio de sua obediência e sacrifício, e estamos
crescendo na graça e no conhecimento dele, então temos comunhão com Deus e como o sangue
de Cristo nos dá justificação completa, o perdão e a libertação de todos os pecados. Esta limpeza é
perpétua e para sempre!”(Henry Mahan[1947-1998], Ministro Batista, Comentário de 1 João 1:7).

“A coisa maravilhosa sobre a salvação é que quando você colocar a sua confiança no Senhor Jesus,
o sangue de Cristo purifica eternamente e completamente à vista de Deus. O sangue permanece
sobre o propiciatório; ele está lá constantemente diante de Deus em seu poder eterno. Nunca há
um momento em que o sangue não está lá diante de Deus. Eu posso falhar em palavras, ações e
pensamentos que entristecem o Espírito de Deus, mas o sangue permanece e purifica de todo
pecado. Quando se trata de limpeza prática temos a lavagem da água pela Palavra (Ef 5:26). O
Deus que estima a obra sacrificial de Seu Filho, nunca vai mudar, e, portanto, a minha posição
diante de Deus nunca vai mudar. Uma vez nele, nele para sempre. Assim o crente permanece em
Deus”(Henry Ironside[1876-1951],Ministro da Igreja dos Irmãos de Plymouth, Comentário de 1
João 1:7).

28. “Vede que não rejeiteis ao que fala; porque, se não escaparam aqueles que rejeitaram o que na
terra os advertia, muito menos nós, se nos desviarmos daquele que é dos céus. A voz do qual
moveu então a terra, mas agora anunciou, dizendo: Ainda uma vez comoverei, não só a terra,
senão também o céu”(Hb 12:25-26)

Comentário: A expressão “porque, se não escaparam aqueles que rejeitaram o que na terra os
advertia”, pelo pensamento geral do escritor sacro, se refere aos antigos hebreus, que, em sua
rebeldia e incredulidade, rejeitaram a Moisés(Hb 3:8-11,16-19 comp. com 2 Re 18:22), e que por
isso, pagaram um alto preço por sua rebeldia(Sl 78:8-64). Em que sentido então os cristãos hebreus
não escapariam? O contexto mostra que não escapariam do castigo de seu Pai, caso vivessem uma
vida de pecados (Hb 12:4-16). Não há neste texto nenhum indício do dogma da perda da salvação,
como atestam vários comentaristas das Escrituras, como se segue:

“Esta é uma recapitulação do argumento em Hb 10:28-30, no sentido de que, Deus castigou os


desobedientes da antiga dispensação, o castigo dos rebeldes sob a nova dispensação é ainda
mais certo, sendo isto devido à maior dignidade do mediador, Cristo é superior a Moisés, etc,
neste versículo, a ênfase é sobre o contraste da autoridade de Moisés e de Cristo, Moisés falando
da terra, Cristo do céu”(James Burton Coffman[1906-2006], Comentário de Hebreus 12:25).
“Se eles que ouviram Deus sob a antiga dispensação, se recusaram a obedecê-lo, foram
cortados... Eles rejeitaram o que falou sobre a terra - Ou seja, Moisés. O contraste aqui é entre
Moisés e o Filho de Deus - o cabeça do judeu e do cabeça da dispensação cristã. Moisés era um
homem simples, e falava como tal, ainda que em nome de Deus. O Filho de Deus era de cima, e
falava como um habitante do céu, ‘muito superior’”(Albert Barnes [1798-1870], Ministro
Presbiteriano, Comentário de Hebreus 12:25).

“Rejeitaram o que falava sobre a terra; apostataram da religião judaica revelada por Moisés. O
que fala do céu; Deus, por Jesus Cristo. As responsabilidades dos homens são na proporção de
suas bênçãos; e se abusarem ou negligenciarem delas, eles vão aumentar proporcionalmente a
sua condenação”(Justin Edwards[1787-1853], Ministro Congregacional, Comentário de Hebreus
12:25).

“Ou melhor, o próprio Moisés, que estava sobre a terra, e da terra, terreno; que falou de Deus
para o povo, sendo seu mediador; e os judeus o rejeitaram, não o obedeceram, mas o repeliram,
embora houvesse dito que o ouviriam e fariam tudo o que lhes fora dito; portanto eles não
escaparam da vingança divina e do castigo; várias vezes seus cadáveres caíram no deserto, em
grande número, e foram impedidos de entrar na terra de Canaã”(John Gill[1697-1771], Ministro
Batista, Comentário de Hebreus 12:25).

“Ele usa de seu cuidado em razão do perigo de sua rejeição, argumentando para o menor e o
maior; isto é, os seus antepassados não escaparam da vingança de Deus, quando eles se
recusaram a ouvir, crer e obedecer ao pacto legal, que falava na terra do Monte Sinai, e escreveu
em tábuas de pedras, e entregou a Moisés no monte, e por ele comunicada a eles”(Matthew
Poole [1624-1679], Ministro Congregacional Puritano, Comentário de Hebreus 12:25).

“Mas que eles não se deixem enganar. É verdade que essa glória agora é deles, se eles realmente
pertencem a Cristo. No entanto, eles devem tomar cuidado. Porque, se eles recusarem o que fala,
Aquele que os chama a esta glória, eles vão encontrá-lo muito mais temível do que o Deus do
Sinai. Ele falou aos homens do Sinai e eles não escaparam quando o rejeitaram pelo seu
comportamento e suas vidas, entrando em aliança exteriormente mas interiormente rejeitando-a.
Quanto mais, então os homens não escaparão se eles recusarem aquele que fala do próprio Céu,
também aceitando exteriormente Sua nova aliança, mas interiormente rejeitando-a. Dirigindo seus
clamor diretamente para o céu e, em seguida, rejeitando-o . Pois, para aqueles que recusam o que
fala, o Monte Sião será mais terrível do que o Monte Sinai (assim como Jesus um dia será mais
terrível para os incrédulos, do que Moisés, quando seu rosto resplandecia). Eles vão achar o seu
julgamento ainda mais severo”(Peter Pett, Ministro Batista, Comentário de Hebreus 12:25).

“Olhe para ele, pois, e olhai para que vós não façais, como fizeram vossos pais, se recusando a
atender a ele que agora fala com vós [por esta dispensação graciosa], porque, se toda a
transgressão recebeu uma justa retribuição, e seus pais foram tão rigorosamente punidos, pois se
recusaram a atentar o que lhes falava do monte Sinai, quanto mais podemos esperar de sermos
punidos, se nós não damos nenhuma consideração a ele que desceu do céu, o próprio Filho de
Deus, que nestes últimos dias falou-nos do Pai”(Thomas Coke[1747-1814], Ministro Metodista,
Comentário de Hebreus 12:25).

“Desobediência sob a dispensação mosaica foi punida com a morte física, delineando o triste
destino da alma que rejeita o sangue da Nova Aliança, os batismos de Pentecostes, as glórias e
vitórias da salvação plena”(William Godbey[1880-1920], Ministro Metodista, Comentário de
Hebreus 12:25).

“Se eles, que se recusaram ouvir as palavras de Moisés, não escaparam da ira e do julgamento de
Deus, como escaparemos nós, se nos desviarmos daquele que fala do céu?”(Henry Mahan[1947-
1998], Ministro Batista, Comentário de Hebreus 12:25).

“Esta é uma advertência mais solene, ordenando os cristãos por todos os meios a darem ouvidos à
voz do Senhor, que agora está nos falando através de Seu Filho por meio do Evangelho. Porque, se
no Antigo Testamento, os que se recusaram a ouvir a Palavra do Senhor, que Ele falou aqui na
terra, a Palavra da Lei, não escaparam da punição, então não haverá nenhuma chance para a
pessoa que agora, quando as riquezas da misericórdia de Deus são oferecidas sem restrições e sem
condições, se recusa a ouvir o Seu amável convite”(Paul E. Kretzmann, Ministro Luterano,
Comentário de Hebreus 12:25).

29. “Porque, se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento da verdade,


já não resta mais sacrifício pelos pecados. Mas uma certa expectação horrível de juízo, e ardor de
fogo, que há de devorar os adversários”(Hb 10:26-27)

Comentário: (a)A palavra grega que é traduzida como “voluntariamente”, é a palavra Ἑκουσίως
(Hekousiōs), que significa, de acordo com Edward Robinson, “de boa vontade”(Léxico Grego do
Novo Testamento, p.289). Esse tipo de atitude não corresponde a atitude de um verdadeiro cristão,
que não peca por prazer, mas por fraqueza, desaprovando o seu próprio pecado e sentindo
profundo pesar por ele: “o mal que não quero esse faço”(Rm 7:19) (Veja ainda Rm 7:15-16,20).
Com base nisto, e pelo contexto do verso, entende-se que o escritor sacro está se referindo aos
crentes nominais, os “apóstatas”, visto que ele menciona “não deixando a nossa congregação,
como é costume de alguns”(v.25), depois os qualifica como “adversários”(v.27).Ou seja, ele se
refere a alguns que abandonaram definitivamente a casa de Deus, a ponto de se tornarem agora
seus adversários. Diferentemente, os justos são denominados como aqueles que se alegram em
estar na congregação do Senhor(Sl 84:1-4,10), e como aqueles que estão “plantados na casa do
Senhor”(Sl 92:13) e que perseverarão até a velhice(Sl 92:14-15).

(b)No v.29, ele descreve cada indivíduo mencionado no v.26, como aquele que “pisa” o Filho de
Deus. A palavra grega que é traduzida por “pisar” é a palavra καταπατήσας (katapatēsas), que,
significa, de acordo com Edward Robinson “pisar, calcar... como um sinal de desprezo e
desdém”(Léxico Grego do Novo Testamento, p.484). Isto indica se tratar de uma pessoa que
despreza e faz pouco caso da pessoa de Cristo, o que pelo contexto, não pode se referir aos
verdadeiros cristãos, visto que o escritor sacro, no próprio contexto, apresenta os cristão como
sendo “santificados pela oblação do corpo de Jesus”(v.10), como consagrados por “sua
carne”(v.20), como aqueles que entram na presença de Deus “pelo sangue de Jesus”(v.19), como
aqueles que tem “os corações purificados da má consciência”(v.22).

(c)No mesmo v.29, outra descrição do caráter destes indivíduos é que estes tem “por profano o
sangue da aliança”. A palavra grega que é traduzida por “profano” é a palavra κοινὸν (koinon), que
significa literalmente “não consagrado, comum, e portanto, não tendo qualquer eficácia
expiatória”(Edward Robinson, Léxico Grego do Novo Testamento, pp.507,508). Esta descrição não
pode estar se referindo a verdadeiros cristãos, visto que pelo contexto, o escritor sacro não só
mostra que, para os cristãos, o sangue de Cristo não era sangue comum (como o sangue de
animais), a ponto de que apenas esse sangue seria para eles capaz de operar a remissão dos
pecados(vv.4-9), como também o fato de que para o escritor, os cristãos são santificados e
aperfeiçoados para sempre por esse sangue(vv.10,14), garantindo aos cristãos acesso ao trono da
graça(vv.19-20), mediante sua intercessão(v.21)

(d)Por fim, outra descrição do caráter destes indivíduos, é que estes fazem “agravo ao Espírito da
graça”. A palavra grega que é traduzida aqui por “agravo” é a palavra ἐνυβρίσας (enybrisas), que
significa literalmente “fazer desfeita ou sobre alguém, insultar, ultrajar”(Edward Robinson, Léxico
Grego do Novo Testamento, p.321). Pelo contexto, isso não pode se referir aos verdadeiros
cristãos, visto que o escritor sacro mostra que é o próprio Espírito Santo que testemunha e garante
aos cristãos a eficácia desta redenção aplicada mediante a morte de Cristo(vv.15-17). Ademais,
por “insultar” e “ultrajar” entende-se a blasfêmia contra o Espírito Santo.

(e)Quanto a menção destes indivíduos terem recebido o “conhecimento da verdade”, trata-se de


um mero conhecimento intelectual, como a dos fariseus, que apesar de terem a chave do reino
dos céus, isto é, as Escrituras, não eram transformados interiormente, e portanto, estavam
impedidos de entrarem no céu(Lc 11:44,52). Os indivíduos mencionados em Hb 11:26, bem como
os fariseus, pertencem ao mesmo grupo daqueles que “aprendem sempre, e nunca podem
chegar ao conhecimento da verdade”(2 Tm 3:7).

Todas estas evidências são provas incontestes de que os indivíduos mencionados no v.26 não são
verdadeiros cristãos, mas crentes nominais e apóstatas, até porque o próprio escritor sacro exclui
os genuínos cristãos deste grupo, afirmando:

“...sabendo que em vós mesmos tendes nos céus uma possessão melhor e permanente”(Hb
10:34)

“Nós, porém, não somos daqueles que se retiram para a perdição, mas daqueles que crêem para
a conservação da alma”(Hebreus 10:39).

Cremos não haver nenhum indício do dogma da perda da salvação neste texto. Vários
comentaristas das Escrituras tem endossado a mesma opinião, como se segue:

“E que o Apóstolo aqui se refere apenas aos apóstatas, é claro, de toda a passagem, pois o que
ele trata disso é, que aqueles que tinham sido uma vez recebidos na igreja não deviam abandoná-
la, como alguns estavam acostumados a fazer”(João Calvino[1509-1564], Reformador de Genebra,
Comentário de Hebreus 10:26).

“...de que pode haver um conhecimento teórico, quando não existe conhecimento experimental;
e que é recebido não no coração, mas na mente: e que o apóstolo fala na primeira pessoa do
plural, nós, isto é usado não tanto em relação a si mesmo, mas aos outros; de modo que aquilo
que eles fazem pode vir com maior peso sobre eles, e ser mais facilmente recebido por eles;
quando observaram que ele não cogita nenhum firme pensamento ou ciúmes deles, o que
causaria muito sofrimento as mentes daqueles que foram realmente atenciosos. Além disso, os
apóstolos usam esta forma de falar, quando não tem em mira a si mesmos, mas os outros, sob a
mesma profissão visível da religião, e que pertenciam a uma mesma comunidade de crentes(1
Pd 4:3 comp. com At 22:3). Além disso, essas palavras são apenas hipotéticas, e não provam que
os verdadeiros crentes poderiam, ou deveriam, ou pecariam desta maneira: de modo que
possam ser incluídos, que os verdadeiros crentes são manifestamente distintos destas
pessoas(Hb 10:38)”(John Gill[1697-1771], Ministro Batista, Comentário de Hebreus 10:26).

“O pecado voluntário é o abandono do cristianismo para o judaísmo”(Marvin R. Vincent [1834-


1922],Ministro Anglicano, Comentário de Hebreus 10:26).

“Presumo que isso também pode ser devidamente e totalmente observado, a fim de que
nenhuma falsa inferência possa ser feita a partir dele, e que a própria Escritura não dá o menor
apoio, como se nela existisse uma possibilidade implícita de se cair finalmente da graça”(Robert
Hawker [1753-1827], Ministro Anglicano, Comentário de Hebreus 10:26).

“Um aviso solene está agora mais uma vez acrescentado. Ele adverte contra a apostasia deliberada
dos que têm conhecido a verdade (embora não regenerados). Eles são inimigos, adversários e para
os tais intencionalmente desgarrados não há mais resta nenhum sacrifício pelos pecados”(Arno
Gaebelein[1861-1945], Ministro Metodista, Comentário de 1 Hebreus 10:26).

30. “Então o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram
ao encontro do esposo. E cinco delas eram prudentes, e cinco loucas. As loucas, tomando as suas
lâmpadas, não levaram azeite consigo. Mas as prudentes levaram azeite em suas vasilhas, com as
suas lâmpadas. E, tardando o esposo, tosquenejaram todas, e adormeceram. Mas à meia-noite
ouviu-se um clamor: Aí vem o esposo, saí-lhe ao encontro. Então todas aquelas virgens se
levantaram, e prepararam as suas lâmpadas. E as loucas disseram às prudentes: Dai-nos do vosso
azeite, porque as nossas lâmpadas se apagam. Mas as prudentes responderam, dizendo: Não seja
caso que nos falte a nós e a vós, ide antes aos que o vendem, e comprai-o para vós. E, tendo elas
ido comprá-lo, chegou o esposo, e as que estavam preparadas entraram com ele para as bodas, e
fechou-se a porta. E depois chegaram também as outras virgens, dizendo: Senhor, Senhor, abre-
nos. E ele, respondendo, disse: Em verdade vos digo que vos não conheço”(Mt 25:1-12)

Comentário: (a)Já que a linguagem usada neste texto é cheia de figuras, então, pode-se
argumentar tranquilamente. As “lâmpadas” citadas no texto podem ser interpretadas como
sendo as Escrituras(Sl 119:105). Neste sentido, o que o texto quer dizer é que ter as Escrituras (isto
é, as lâmpadas) e não ter o azeite (isto é, o Espírito Santo). Não leva o homem a salvação. Os
escribas, doutores da lei(Lc 11:46), apesar de conhecerem intelectualmente as Escrituras, estavam
indo para o inferno(Mt 23:33), pois não eram transformados internamente(Mt 23:27-28). Aqueles
escribas, estavam incluídos no grupo daqueles que “aprendem sempre, e nunca podem chegar
ao conhecimento da verdade”(2 Tm 3:7).

(b)A palavra grega que é traduzida por “conheço” é a palavra οίδα (oida), que significa “estar
intimamente ligado, relacionar-se”( F.Wilbur Gingrich & Frederick W. Danker, Léxico do Novo
Testamento Grego/Português, p.144), o que indica que estas ‘virgens néscias’ jamais estiveram
intimamente ligadas com o noivo, ou nunca tiveram nenhum tipo de relação com ele.

(c)Ademais, o contexto mostra que estas virgens néscias não são representações dos genuínos
cristãos, visto que nosso Senhor atribui aos verdadeiros cristãos a capacidade de perseverar(Mt
25:13).

É um verdadeiro delírio arminiano, citar este texto como evidência do dogma da perda da
salvação. Não há nada nesse sentido nele, como reconhecem vários comentaristas das Escrituras,
como se segue:

“Como se ele tivesse dito: não sois da minha companhia – vocês não estavam nem com a noiva
ou o noivo: vocês dormiam enquanto os outros foram em cortejo. Eu não reconheço vocês como
meus discípulos”(Adam Clark [1760-1832], Ministro Metodista, Comentário de Mateus 25:12).

“Vocês não estavam na companhia de quem me atendeu na festa do casamento, e são


desconhecidos para mim. Aplicado a cristãos professos, tendo apenas uma profissão de religião,
mas sem piedade verdadeira, ou seja, eu não conheço ou reconheço-os como cristãos. Eu não
aprovo vocês, ou me agrado de vocês, ou admito que vocês são meus amigos. A palavra ‘conhecer’
é muitas vezes usada no sentido de aprovar, amar, reconhecendo como verdadeiros amigos e
seguidores”(Albert Barnes [1798-1870], Ministro Presbiteriano, Comentário de Mateus 25:12).

“Eu não vos conheço; como meus amigos”(Justin Edwards[1787-1853], Ministro Congregacional,
Comentário de Mateus 25:12).

“Que deve ser entendida de forma coerente com a onisciência de Cristo: ele conhecia suas
pessoas, conduta e estado; ele sabia que eles eram virgens loucas, mestres sem a graça, que
tinham feito nenhum caso dele e de sua justiça; mas a fé que tinham, pendia para, sua profissão
externa da religião: ele não conheceu nenhuma destas pessoas, ou como ele propriamente
conhecia, e amado com um amor eterno; ele nunca os conheceu como eleitos de seu Pai nele, ou
como dados pelo Pai a Ele; ele nunca os conheceu na aliança eterna, ou como suas ovelhas, por
quem ele morreu; ele jamais os conheceu como crentes nele, ou amando-o; nem exaltando
sempre sua pessoa, sangue e sacrifício, à sua mesa, nem fazendo qualquer boa obra com um
único olhar para a sua glória; ele nunca os aprovou, se agradou de suas pessoas, ou sua conduta;
ou os teve como verdadeiros amigos, ou de sua noiva, ou de si mesmo”(John Gill[1697-1771],
Ministro Batista, Comentário de Mateus 25:12).

“Porque vocês não estavam entre as damas de honra que me acolheram, estais comigo
totalmente como estranhos que não conheço, e que, portanto, não podem ter parte no
casamento”(Heinrich Meyer[1800 -1873], Ministro Luterano, Comentário de Mateus 25:12).

“Em verdade vos digo, eu sei que não vos conheço: ou seja, com o conhecimento da aprovação
ou prazer”(John Trapp[1601-1669], Ministro Anglicano, Comentário de Mateus 25:12).

“Vocês fingiram serem meus amigos, e me honrarem, mas vocês não agiram como amigos, nem
os reconheço como tais”(Joseph Benson[1748-1821, Ministro Metodista, Comentário de Mateus
25:12).

“O reino dos céus aqui é a esfera da profissão, como em Mt 13. Todos têm igualmente lâmpadas,
mas dois fatos determinam o estado real das virgens loucas: Elas ‘não levaram azeite’, e o Senhor
disse: ‘Eu não vos conheço’. O óleo é o símbolo do Espírito Santo, e ‘se alguém não tem o
Espírito de Cristo, esse tal não é dele’(Rm 8:9). Nem poderia o Senhor dizer a nenhum crente, mas
a um carnal: ‘Eu não vos conheço’”(C. I. Scofield[1843-1921], Ministro Congregacional, Notas
Sobre de Mateus 25:12).

“Pelas virgens loucas são destinadas significam alguns mestres. Os cristãos só no nome, que têm
uma lâmpada sem óleo, a fé sem amor”(Thomas Coke[1747-1814], Ministro Metodista,
Comentário de Mateus 25:12).

31. “E agora, filhinhos, permanecei nele; para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança,
e não sejamos confundidos por ele na sua vinda”(1 Jo 2:28).

Comentário: O texto está simplesmente ordenando a perseverança na fé.

(a)A palavra grega que traduzida como “permanecei” é a palavra μένετε (menete), que significa de
acordo com Edward Robinson “permanecer em ou com uma pessoa, é i.q. estar e permanecer
unida a ela, um com ela, no coração na mente, na vontade”(Léxico Grego do Novo Testamento,
p.568). João está simplesmente dizendo que somente se continuarmos unidos a Cristo, teremos fé,
e não seremos “confundidos” por ele durante sua vinda. A palavra grega que é traduzida como
“confiança” é a palavra παρρησίαν (parrēsian), que significa literalmente “alegria”(F.Wilbur
Gingrich & Frederick W. Danker, Léxico do Novo Testamento Grego/Português, p.160). O que ele
quer dizer com a expressão “confundidos”? A palavra grega que é traduzida por “confundidos” é a
palavra αἰσχυνθῶμεν (aischynthōmen), que que significa de acordo com Edward Robinson
“envergonhar-se, sentir-se ou estar envergonhado”(Léxico Grego do Novo Testamento, p.23).

(b)Já afirmamos que o texto mostra João recomendando os cristãos a permanecerem unidos a
Cristo, isto é, perseverarem. O próprio contexto mostra os frutos da perseverança dos cristãos,
quando ele mesmo diz que estes são fortes e venceram o maligno(vv.12-14). Segundo o mesmo
apóstolo, os cristãos além de vencerem a Satã, derrotaram todos os seus ministros(1 Jo 4:1-4). O
contexto ainda garante a perseverança dos santos, afirmando que quem pertence ao grupo dos
santos, jamais abandonará finalmente este grupo e os que realmente abandonam para sempre
este grupo, são aqueles que jamais pertenceram espiritualmente ao mesmo(vv.18,19). João , além
de os designar como “anticristos”, chama-os de “mentirosos”(vv.22,23), “enganadores”(v.26). Por
fim, segundo João, a garantia da perseverança dos cristãos é o Espírito Santo dentro deles:

“E a unção que vós recebestes dele, fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos
ensine; mas, como a sua unção vos ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como
ela vos ensinou, assim nele permanecereis”(1 Jo 2:27).

E outra garantia de vitória dos cristãos sobre seus inimigos espirituais e carnais, reside no fato de
que cada um dos cristãos ser regenerado e crente:

“Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo, a
nossa fé. Quem é que vence o mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus?”(1 Jo
5:4-5).

(c)Na realidade, o “envergonhar-se” de Cristo, não é algo próprio do caráter dos verdadeiros
cristãos, mas dos ímpios, como disse Cristo, “esta geração adúltera e pecadora”(Mc 8:38).

No dizer de João, perseverar na doutrina cristã, significa permanecer em Cristo(1 Jo 2:24). Da


mesma forma, no dizer de João, a obediência a Deus também leva o cristão a perseverança(1 Jo
2:17). Na realidade, é pura loucura arminiana tentar encontrar neste verso algum indício para o
dogma da perda da salvação. Não há nada nele, nesse sentido, como reconhecem os comentaristas
das Escrituras, como se segue:

“Ele ao mesmo tempo demonstra, que os filhos de Deus não existem para nenhum outro
propósito, iluminados pelo Espírito, mas que eles possam conhecer a Cristo. Proporcionando que
eles não se desviem dEle, prometeu-lhes o dom da perseverança, a própria confiança, para que
não se envergonhem em sua presença”(João Calvino[1509-1564], Reformador de Genebra,
Comentário de 1 João 2:28).

“Tal ousadia irá resultar a partir da identificação dos cristãos com o seu Senhor”(James Burton
Coffman[1906-2006], Comentário de 1 João 2:28).

“Aqui significa o tipo de ousadia, ou garantia de calma, que surge a partir da evidência de piedade
e de preparação para o céu. Isso significa que eles não seriam esmagados e confundidos com a
vinda do Salvador, pelo seu ser, depois de, descobrirem que todas as suas esperanças eram
irreais. Por termos distante todas as nossas esperanças; sendo considerados para o mundo como
culpados e condenados. Sentimo-nos envergonhados quando as nossas esperanças são frustradas;
quando se demonstra que somos uma pessoa diferente do que afirmávamos ser; quando as nossas
pretensões de bondade são removidas, e o coração é descoberto. Muitos vão assim ter vergonha
no último dia(Mt 7:21-23); mas é uma das promessas feitas para aqueles que realmente acreditam
em Salvador, de modo que eles jamais seriam envergonhados ou confundidos”(Albert Barnes
[1798-1870], Ministro Presbiteriano, Comentário de 1 João 2:28).

“Quando ele foi embora Ele deixou o Espírito Santo responsável para preparar o Seu povo para a
Sua vinda gloriosa e reino milenar. Quando estamos realmente vazios do pecado e cheios de
unção divina, estamos prontos para ir ao encontro dele com um grito”(William Godbey[1880-
1920], Ministro Metodista, Comentário de 1 João 2:28).

“Não serão confundidos por ele; nem eles vão se envergonhar de sua confiança, fé, esperança e
expectativa; sua esperança não vai fazê-los envergonhados, pois agora vão usufruir do que eles
esperavam; e, apesar de todos os seus pecados e fraquezas, eles não se envergonharão, pois eles
terão sobre si a veste nupcial, a justiça de Cristo, e estarão diante do trono sem culpa, mácula,
ou defeito; nem Cristo se envergonhará deles que não têm sentido vergonha dele e de suas
palavras, mas o tem confessado , e foram fiéis até a morte, e se apegaram a ele e à sua causa com
pleno propósito de coração até o fim. Alguns ministros do Evangelho pensam que aqui significa
que, aqueles que estão sob seus cuidados permanecerão fiéis e perseverarão até o fim, se
entregarão a sua causa, com alegria; e compreenderão que eles têm manifestado confiança e
terão suas expectativas atendidas e não frustradas, por terem essas almas como a sua alegria a
coroa de glória”(John Gill[1697-1771], Ministro Batista, Comentário de 1 João 2:28).

“De onde aprendo, que o cristão perseverante terá confiança em Cristo, na sua vinda; levantará a
sua cabeça sem vergonha ou timidez, a partir do testemunho paciente da consciência de sua
sinceridade e, a partir do benefício que ele tem no Juiz. Mas, por outro lado, quem não
perseverar e permanecer em Cristo será envergonhado diante dele na sua vinda; envergonhado de
sua hipocrisia, da sua infidelidade vil, de sua loucura manifesta”(William Burkitt[1650-1703],
Ministro Anglicano, Comentário de 1 João 2:28).

“Não podemos ser confundidos diante dele na sua vinda”(John Wesley[1703-1791], Ministro
Metodista , Comentário de 1 João 2:28).

32. “O que vencer será vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do
livro da vida; e confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos”(Ap 3:5)

Comentário: A expressão “O que vencer será vestido de vestes brancas” não está se referindo a
algo que ainda vai ocorrer no futuro, senão teremos também de admitir que Cristo ainda não
confessou nosso nome diante do Pai, mesmo após nossa conversão, o que contraria as declarações
do próprio Cristo(Mt 10:32; Lc 12:8) e de Paulo(Rm 10:9,10). A palavra grega que é traduzida aqui
como “vencer” é a palavra νικῶν (nikōn), que de acordo com J. H. Thayer , fala “dos cristãos que
possuem firme sua fé até a morte contra o poder dos seus inimigos, e suas tentações e
perseguições”(A Greek English Lexicon of New Testament, p.426). Nesse sentido, o que o Cristo
ressuscitado quer dizer aqui, pode-se deduzir da seguinte maneira:

a. Primeiro, quando é que ocorre esta vitória? Quando o eleito crê em Cristo(1 Jo 5:4,5).
Nesse sentido, quando o homem (isto é, o eleito) crê em Jesus, automaticamente, ele (o
eleito) derrota o mundo(1 Jo 5:5), derrota Satã(1 Jo 2:13,14), e por ser habitação do
Espírito Santo, derrota todos os ministros de Satã(1 Jo 4:4), e tudo isto significa que não
somos apenas vencedores, mas, como disse Paulo, “somos mais que vencedores”(Rm
8:37).

b. Quando Cristo diz que o vencedor será vestido de “vestes brancas”, simplesmente está
dizendo: quem crê em Jesus, teve seus pecados anulados(Dn 9:24; Is 53:4-6,10,12; Jo 1:29;
Hb 9:26). Nesse sentido, diante de Deus, não podemos mais ser condenados, pois pelos
méritos de Cristo, somos declarados inocentes(Rm 5:1-2,8-10; 8:1,34; Cl 1:22; Ef 5:25-27;
Ct 4:7; 5:2; 6:9; 8:7). A expressão “vestes brancas” indica que, através da obra vicária de
Cristo, seus eleitos, como um povo justificado pelos méritos de Cristo, constituem sua
“igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e
irrepreensível”(Ef 5:27), ou como profeticamente o Senhor a descreve: “u és toda formosa,
meu amor, e em ti não há mancha”(Ct 4:7).

O cristão é descrito aqui(Ap 3:5), como vestidos de “vestes brancas” pelo simples fato de o sangue
de Cristo tê-lo purificado “de todo o pecado”(1 Jo 1:7); “de toda a injustiça”(1 Jo 1:10); e “de toda
a iniquidade”(Tt 2:14). Todos os seus pecados se tornaram “brancos como a neve”(Is 1:18). Ele á
agora uma “nova criatura; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”(2 Co 5:17).

Ora, da mesma forma, quando o Senhor, fazendo alusão ao vencedor, diz “e de maneira nenhuma
riscarei o seu nome do livro da vida”, está apenas a repetir sua mesma declaração proferida antes
de sua morte: “e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora”(Jo 6:37). De formas que,
quando Cristo diz que o vencedor, vestido de vestes brancas, jamais terá o seu nome riscado do
livro da vida, está apenas dizendo que todo aquele que vencer, isto é, que crê em Jesus(1 Jo 5:5),
não pode jamais ser condenado por Deus(Jo 5:24). Isto significa, no ensino de João, que nenhum
dos que foram regenerados podem ser derrotados pelo mundo, e assim, perder a vida eterna:

“Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo, a
nossa fé”(1 Jo 5:4).

Perguntamos aos arminianos: A expressão “todo o que é nascido de Deus” exclui algum cristão?
Pode a ovelha do rebanho de Deus ficar para sempre de fora do rebanho?(Mt 18:12-14). Nesse
sentido, é um verdadeiro delírio arminiano atribuir a este verso algum indício para o dogma
arminiano da perda da salvação. Muitos comentaristas tem endossado o mesmo ponto de vista
por nós adotado, como se segue:

“O livro que contém os nomes das pessoas que viverão com ele para sempre. Os nomes de seu
povo são, portanto, representados como registrados em um livro que ele mantém - um registo das
pessoas que terão vida eterna. O ‘livro da vida’ frase frequentemente ocorrida na Bíblia, e que
representa esta ideia. Veja as notas sobre Filemon 4:3. Compare Ap 15:3; 20:12; 20:15; 21:17;
22:19. A expressão ‘Não riscarei’ significa que os nomes seriam encontrados lá no grande dia do
juízo final, e seriam encontrados lá para sempre. Pode-se observar que, assim como ninguém
pode estar nesse livro, exceto aquele que permanece nele, há a mais positiva garantia de que isso
nunca ocorrerá, e a salvação dos remidos está, portanto, assegurada”(Albert Barnes [1798-
1870], Ministro Presbiteriano, Comentário de Apocalípse 3:5).

“Assim ele será vestido de vestes brancas: Terá abundantemente paz e alegria espiritual, grande
sucesso e prosperidade, tanto internamente como externamente, em si mesmo, e na Igreja; e
triunfará sobre todos os seus inimigos, o pecado, Satanás, o mundo, a morte, e todos os outros
inimigos; e não apenas estarão vestidos com roupas novas, a justiça pura e imaculada de Cristo,
mas gozam eterna glória e felicidade!

E de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida: Pelo qual se entende a escolha das
pessoas para a vida eterna e salvação; e isso está sendo representado por um livro, e pelos nomes
escritos nele, mostrando o conhecimento exato de Deus sobre os seus eleitos, o valor que eles tem
para Ele, sua lembrança deles, o seu amor por eles, e cuidado deles; e que esta eleição é
individualmente de pessoas pelo nome, e é certa e determinada; pois aqueles cujos nomes estão
escritos nunca serão apagados, eles sempre permanecerão no número dos eleitos de Deus, e
nunca poderão se tornar réprobos, ou jamais perecerão; por causa da imutabilidade da natureza
e do amor de Deus, a firmeza de seus propósitos, a onipotência de seu braço, a morte e
intercessão de Cristo por eles, sua união com ele, e permanência neles, a impossibilidade de sua
sedução pela mestres hipócritas e a segurança de suas pessoas, graça, e glória em Cristo, e em
cuja preservação neste livro da vida; refere-se não a esta vida temporal, que pertence ao livro da
providência , mas a uma vida espiritual e eterna, de onde ele tem o seu nome”(John Gill[1697-
1771], Ministro Batista, Comentário de Apocalípse 3:5).

“Ou seja, eles foram registrados no mesmo, e certamente salvos, e eu vou apresentá-los para o
meu Pai, sim, irei publicamente, e os confessarei diante de Deus, anjos e homens”(William
Burkitt[1650-1703], Ministro Anglicano, Comentário de Apocalípse 3:5).

“Ele será vestido de vestes brancas - a cor da vitória, alegria e triunfo. E de maneira nenhuma
riscarei o seu nome do livro da vida - como a do anjo da igreja de Sardes, mas viverá para sempre.
Confessarei o seu nome - Como um dos meus servos fiéis e soldado”(John Wesley[1703-1791],
Ministro Metodista, Comentário de Apocalípse 3:5).

“Tenha cuidado para que você não esteja construindo sua fé sobre o passado, mas lembre-se que é
o nome do vencedor que não é riscado do livro da vida”(Alexander MacLaren[1826-1910],
Ministro Batista, Comentário de Apocalipse 3:5).

“O livro da vida; aplicado a Deus, significa a sua predestinação eterna, ou o propósito de trazer
alguns para o céu; no qual livro, embora não se possa ser apagado ninguém cujo nome fora uma
vez escrito nele, mas aqueles cujos nomes estão neste livro podem estar sob alguns temores e
apreensões adversas”(Matthew Poole [1624-1679], Ministro Congregacional Puritano, Comentário
de Apocalipse 3:5).

33. “Mas quero lembrar-vos, como a quem já uma vez soube isto, que, havendo o Senhor salvo um
povo, tirando-o da terra do Egito, destruiu depois os que não creram”(Jd 5)

Comentário: (a)A palavra grega que é traduzida por “salvo” é a palavra σώσας (Sosas), que de
acordo com J. H. Thayer, significa primariamente “trazer seguro diante de”(Greek English Lexicon
of New Testament, p.610), se referindo meramente a um livramento físico, não espiritual. Aliás, o
próprio contexto do verso, mostra que o caráter das pessoas referidas no texto, diz respeito a
ímpios, réprobos, nunca a verdadeiros filhos de Deus, desde que Judas se refere a estes como
“alguns, que já antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens ímpios”(v.4), “nuvens sem
água, levadas pelos ventos de uma para outra parte; são como árvores murchas, infrutíferas, duas
vezes mortas, desarraigadas”(v.12); “para os quais está eternamente reservada a negrura das
trevas”(v.13); “escarnecedores”(v.18); “sensuais, que não têm o Espírito”(v.19).

(b)É preciso entender que nem todos os israelitas carnais pertenciam espiritualmente ao Senhor, e
que nem todos poderiam ser salvos(Is 10:20-22), pois mesmo dentre aqueles israelitas carnais
salvos do Egito haviam elementos que não pertenciam ao Senhor(Ex 32:26-28).

(c)Judas faz uma distinção entre esses indivíduos e os verdadeiros cristãos, são edificados sobre a
fé e conservados no amor de Deus(vv.20-21), afirmando que os cristãos são “chamados,
santificados em Deus Pai, e conservados por Jesus Cristo”(v.1), assegurando-lhes a certeza da
perseverança deles na fé até o fim, residindo não neles, mas em Cristo(v.24). É realmente um
delírio arminiano o uso deste texto em prol do dogma da perda da salvação. Não há nada nele
nesse sentido, como admitem vários comentaristas das Escrituras:

“Ele primeiro refere-se à vingança que Deus executou nesses incrédulos, a quem ele havia
escolhido como seu povo, e libertado por seu poder”(João Calvino[1509-1564], Reformador de
Genebra, Comentário de Judas 5).

‘Os israelitas foram destruídos pela idolatria na adoração do bezerro de ouro, sua prostituição com
os midianitas, sua murmuração e reclamação, etc; mas tudo isso é resumido como ‘eles não
creram’”(Adam Clark [1760-1832], Ministro Metodista, Comentário de Judas 5).

“A relação deste fato sobre o caso, antes do pensamento de Judas, parece ter sido isso - que, como
os que haviam sido libertados do Egito foram destruídos depois de sua incredulidade, ou como o
simples fato de serem resgatados não impediu que a destruição viesse sobre eles, por isso o fato
de que essas pessoas aparentassem estar libertas do pecado, e tornando-se professos
seguidores de Deus não impediriam que fossem destruídas, se levaram vidas más”(Albert Barnes
[1798-1870], Ministro Presbiteriano, Comentário de Judas 5).

“Deus às vezes dispõe de exemplos graves de meros discípulos nominais; nem devem os falsos
mestres, os que negam a Cristo e pervertem o seu evangelho, esperar sair em liberdade: por
outro lado, pode-se observar, que Deus pode fazer grandes coisas para as pessoas, e mesmo assim
depois de tudo destruí-las; grandes riquezas e honras podem ser atribuídos a alguns, grandes dons
naturais sobre os outros; pode parecer para alguns que eles tiveram a graça de Deus, e foram
levados para fora do Egito espiritual, e desfrutaram de grandes misericórdias e favores, e
receberam muitos livramentos operados sobre eles, e ainda assim finalmente pereceram”(John
Gill[1697-1771], Ministro Batista, Comentário de Judas 5).

“A sua preservação era apenas uma ressalva, como foi Senaqueribe, Faraó, e deles que Deus
ameaçou destruir, depois que ele tinha-lhes feito o bem(Js 24:20)”(John Trapp[1601-1669],
Ministro Anglicano, Comentário de Judas 5).

“Apesar de Israel ter sido levado para fora do Egito, isso não era uma prova de que todos eram
crentes. Mais tarde, por causa da incredulidade, muitos foram destruídos. Uma simples ligação
externa não concede nenhuma segurança com o testemunho de Deus. Eles haviam testemunhado
o poder e a graça de Deus, mas eles mesmos foram destruídos. Várias ocasiões destas são vistas no
livro de Números, simples para o leitor encontrar”(L. M. Grant[1917-1974], Comentário de Judas
5).

“Seu primeiro exemplo é de um Israel que tinha sido ‘salvo’ externamente da terra do Egito. Ele
quer que eles se lembrem do que aconteceu com as pessoas que supostamente tinham sido salvas
do Egito... A lição é clara, que, independentemente das alegações de ter 'sido salvo’, sem uma
verdadeira convicção sensível ao próprio Deus, um Deus apto para salvar, o Deus do Antigo
Testamento, bem como do Novo, todos os que não crerem, perecerão”(Peter Pett, Ministro
Batista, Comentário de Judas 5).

“Ele é intimado na última cláusula, que os grandes corruptores do evangelho mencionados, eram
culpados de incredulidade ou desobediência a Deus; em que se persistissem, todos os seus
privilégios cristãos não impediriam a sua destruição”(Thomas Coke[[1747 -1814], Comentário de
Judas 5).

34. “Porque Demas me desamparou, amando o presente século, e foi para Tessalônica, Crescente
para Galácia, Tito para Dalmácia”(2 Tm 4:10).

Comentário: O verbo grego que aparece como “amando” em 2 Tm 4:10, é o verbo ἀγαπήσας
(agapēsas), que de acordo com J. H. Tahyer, tem o significado de “manter o coração nos prazeres
e vantagens terrenas”(Greek English Lexicon of New Testament, p.4). Da mesma forma, a palavra
grega que é traduzida por “século” é a palavra αἰῶνα (Aiona), que de acordo com Edward
Robinson, significa “o mundo”(Léxico Grego o Novo Testamento, p.25). E de acordo com o
apóstolo João, “se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele”(1 Jo 2:15). Nesse sentido,
podemos inferir que Demas nunca teve em seu coração o amor de Deus. E o que viria ser esse
amor de Deus? O Espírito Santo – “porquanto o amor de Deus está derramado em nossos
corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”(Rm 5:5). Sem contar que o contexto mostra que
todos aqueles que amam a vinda de Cristo, tem reservada a sua coroa:

“Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele
dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda”(2 Tm 4:8).

Não há nesse texto nenhum indício do dogma da perda da salvação, como reconhecem vários
comentaristas das Escrituras, como se segue:

“E, no entanto, não devemos supor que ele negou a Cristo por completo ou se entregou tanto a
impiedade ou para as seduções do mundo; mas ele simplesmente preferiu sua conveniência
particular, ou a sua segurança, a respeito da vida de Paulo. Ele não poderia ter assistido a Paulo
sem muitos problemas e dissabores, que contasse com risco iminente de sua vida; ele foi exposto a
muitas censuras, e deve ter sido sujeito a muitos insultos, e foi obrigado a deixar de fora os
cuidados de seus próprios afazeres; e, portanto, sendo vencido por sua aversão a cruz, ele
resolveu agir de acordo com seus próprios interesses. Também não pode ser posto em dúvida, que
ele mudou por causa de uma tempestade favorável ao mundo”(João Calvino[1509-1564],
Reformador de Genebra, Comentário de 2 Timóteo 4:10).

“Tendo preferido judaísmo ao cristianismo; ou tendo amado os judeus, e tendo procurado seu
bem-estar, de preferência à dos gentios. Os ‫ הזה‬palavras ‫ ( עולם‬Olam hazzeh ), que
correspondem ao grego τον νυν αιωνα, geralmente se entende como significando, tanto o povo
judeu, ou o sistema do judaísmo. Isto tornava agora duplamente perigoso ser um cristão; e aqueles
que não eram suficientemente religiosos para capacitá-los a brilhar, ou de qualquer outra forma de
expor a vida por isto, refugiando-se em uma religião não exposta a nenhuma perseguição. Esta é
uma luz em que a conduta de Demas pode ser visualizada”(Adam Clark [1760-1832], Ministro
Metodista, Comentário de 2 Timóteo 4:10).

“Isso não quer dizer, necessariamente, que ele era um homem avarento, ou que, em si mesmo,
que ele amava as honras ou riquezas deste mundo; mas isso significa que ele desejava viver. Ele
não estava disposto a ficar com Paulo, e submeter-se às probabilidades de martírio; e, a fim de
garantir sua vida, ele partiu para um lugar de segurança. O grego é , ἀγαπησας τον νυν αἰωνα
agapēsas freira tonelada Aiona – tendo amado o mundo que agora é; isto é, esse mundo como ele
é, com todas as suas preocupações e problemas, e confortos; tendo desejado permanecer neste
mundo, ao invés de ir para o outro. Há, talvez, uma leve censura aqui na linguagem de Paulo - ‘a
censura de tristeza’, mas não há nenhuma razão para que Demas deve ser tido como um exemplo
de um homem mundano. Que ele desejava viver mais tempo; que ele não estava disposto a
permanecer e arriscar a perder a vida, é realmente claro. Que Paulo estava aflito por sua saída, e
que ele se sentiu solitário e triste, é bastante evidente; mas não vejo nenhuma evidência de que
Demas foi influenciado por aquilo que é comumente chamado de sentimentos mundanos, ou que
ele foi levado a este curso pelo desejo de riqueza ou fama, ou prazer”(Albert Barnes [1798-1870],
Ministro Presbiteriano, Comentário de 2 Timóteo 4:10).

“Esta vida e seus prazeres, tanto que ele saiu de Roma para evitar o perigo de perdê-los”(Justin
Edwards[1787-1853], Ministro Congregacional, Comentário de 2 Timóteo 4:10).

“Ele estava desejoso de viver mais tempo neste mundo, e optou por não arriscar sua vida por
ficar com o apóstolo, um prisioneiro em Roma; e, portanto, o deixou, e desde que por sua própria
proteção e segurança: e partiu para Tessalônica”(John Gill[1697-1771], Ministro Batista,
Comentário de 2 Timóteo 4:10).

“Seu motivo para abandonar Paulo parece ter sido amor à comodidade mundana, segurança e
conforto em casa, e aversão a enfrentar o perigo com Paulo (Mt 13:20,2; 13:22)”(Robert Jamieson
[1802-1880], Andrew Robert Fausset[1821-1910], David Brown[1803-1897], Ministros Anglicanos,
Comentário de 2 Timóteo 4:10).

“Separados da carne do mundo, então o diabo não pode nos fazer nenhum mal. Ele não tem
maneira de nos enredar, mas pode dizer, como ele fez com o nosso Salvador, Mitte te deorsum,
lança-te para baixo, abraçe este mundo atual, siga depois dessas vaidades mentirosas”(John
Trapp[1601-1669], Ministro Anglicano, Comentário de 2 Timóteo 4:10).

Portanto, pensar em Demas como alguém que nunca nasceu de novo, é uma interpretação
possível para este texto, embora não a única, visto que há alguns eruditos que veem nele não só
alguém que se afastou temporariamente de Paulo, mas o veem até como o “Demétrio” a quem
João se refere me 3 Jo 11. Na “Concordância Exaustiva de Strong”, lemos “Demas, provavelmente
em relação a Demétrio”. J. H. Thayer, aludindo ao nome “Demas”, que aparece em 2 Tm 4:10,
reza, afirmando se tratar de Demétrio(em grego Δημήτριος):

“Demas, (nome próprio, aparentemente encurtado Δημήτριος, cf Winers Gramática, 103 (97);.
(Em sua queda, cf Buttmann, 20 (18)).), Companheiro de Paulo, que abandonou o apóstolo quando
ele era um prisioneiro em Roma, e voltou a Tessalônica: Cl 4:14; Fl 1:24; 2 Tm 4:10”(A Greek
English Lexicon of New Testament, p.132).

Além do mais, outros comentaristas das Escrituras também veem nele não só alguém que se
afastou temporariamente de Paulo, mas até o veem como o Demétrio a quem João se refere em 3
Jo 11, como se segue:

“Porque Demas me abandonou; alguns pensam que isto é Demas, Demétrio, mencionado em 3
João 1:12, o nome que foi apenas encurtado. Ele esteve em Roma com Paulo algum tempo(Cl
4:14). Alguns fazem uma pergunta, se Demas apostatou totalmente ou apenas deixou Paulo por
um tempo, e foi para Tessalônica relativamente a alguns negócios seculares, retornando
posteriormente.

Tendo amado o mundo presente; alguns fazem o sentido desta frase, nem mais do que cuidando
de seu negócio secular. Outros pensam que ele, tendo se assustado com os perigos de Paulo,
deixando-o totalmente, e foi para Tessalônica; possivelmente por seu próprio país, no entanto,
bem longe do perigo da corte de Nero”(Matthew Poole [1624-1679], Ministro Congregacional
Puritano, Comentário de 2 Timóteo 4:10).

“Demas - Uma contração de Demétrio ou Demarchus. Ele é mencionado Cl 4:13 e Fl 1:24”(Marvin


R. Vincent [1834-1922],Ministro Anglicano, Comentário de 2 Timóteo 4:10).

Com base nesta informação de que o “Demas” de 2 Tm 4:10 é Demétrio, podemos inferir que esta
separação de Demas com relação a Paulo, foi temporária, e que posteriormente restabeleceu-se
espiritualmente, sendo objeto dos elogios do apóstolo João(3 Jo 12). Portanto, de qualquer
maneira, o uso de 2 Tm 4:10 não pode, em hipótese alguma, sustentar o falso dogma da perda da
salvação.

35. “Alexandre, o latoeiro, causou-me muitos males; o Senhor lhe pague segundo as suas obras. Tu,
guarda-te também dele, porque resistiu muito às nossas palavras”(2 Tm 4:14-15).

Comentário: (a)A primeira coisa que Paulo faz para designar o caráter espiritual deste homem, é
ordenar que Timóteo guarde-se dele. O verbo grego que é traduzido aqui por “guarda-te” é o
verbo φυλάσσου (phylassou), que significa literalmente, de acordo com J. H. Thayer “evitar,
fugir”(Greek English Lexicon of New Testament, p.660). Segundo Edward Robinson, φυλάσσου, em
2 Tm 4:14, significa literalmente “guardar-se contra, evitar, tomar cuidado com”(Léxico Grego do
Novo Testamento, p.970). Segundo F. Wilbur Gingrich e Frederick W. Danker, φυλάσσου significa
“(Estar de) guarda contra alguém, prevenir-se, evitar”(Léxico do Novo Testamento
Grego/Português, p.220). Nesse sentido, quando Paulo recomenda que um ministro cristão se
afaste de uma pessoa, ele tem essa pessoa como um herege e um condenado, visto que ele
mesmo diz: “Ao homem herege, depois de uma e outra admoestação, evita-o. Sabendo que esse
tal está pervertido, e peca, estando já em si mesmo condenado”(Tt 3:10,11). E João afirma a
impossibilidade de um verdadeiro cristão sair final e totalmente do grupo dos salvos, ao mesmo
tempo que confirma ser essa uma prática de crentes nominais, de “anticristos”(1 Jo 2:18,19).

(b)O verbo grego traduzido como “resistiu” é o verbo ἀντέστη (antestē) que de acordo com J. H.
Thayer, significa “colocar-se contra, opor-se”(Greek English Lexicon of New Testament, p.45).
Nosso Senhor mostra que esse tipo de comportamento não é próprio das ovelhas de Cristo,
afirmando: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem”(Jo
10:27), confirmando que aqueles que não crêem em suas palavras, não são parte de seu rebanho:
“Mas vós não credes porque não sois das minhas ovelhas, como já vo-lo tenho dito”(Jo 10:26). O
historiador Lucas, confirmando o relato do Senhor Jesus, mostra que aquele que resiste
terminantemente a Paulo, não passa de um “filho do diabo”(At 13:8-11). No dizer de Paulo,
aqueles que tem como marca de seu caráter, “resistir” aos ministros de Deus, são “homens
corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé”(2 Tm 3:8), e, segundo Paulo, esses homens
“nunca podem chegar ao conhecimento da verdade”(2 Tm 3:7). Paulo se refere em 2 Tm 4:15-16,
a Alexandre, o latoeiro, como um dos integrantes deste grupo de homens ímpios, réprobos, filhos
do diabo e predestinados a perdição eterna – não eleitos.

(c)O próprio Paulo já tinha se referido a ele antes, como um ímpio, um blasfemo, a quem ele
entregou a Satanás!(1 Tm 1:20).

Não há, portanto, nenhum indício do dogma da perda da salvação nesse texto. Muitos
comentaristas das Escrituras reconhecem este fato, como se segue:

“Não devemos pensar, portanto, que Paulo foi movido pelo excesso de seu temperamento, quando
ele irrompeu esta imprecação; porque isso foi o Espírito de Deus e através de um zelo justo, que
desejava a perdição eterna de Alexandre e misericórdia para os outros. Vendo que é pela
orientação do alto que a mente de Paulo pronuncia um julgamento celestial, se pode inferir desta
passagem, de modo que Deus ama a sua verdade, visto que assim ele castiga tão severamente.
Especialmente deve ser observado que é uma detestável ofensa, lutar com deliberada malícia
contra a verdadeira religião”(João Calvino[1509-1564], Reformador de Genebra, Comentário de 2
Timóteo 4:14).

“Foi um opositor constante das doutrinas cristãs”(Adam Clark [1760-1832], Ministro Metodista,
Comentário de 2 Timóteo 4:15).

“Que pode ser considerado como uma imprecação sobre ele, de modo que sabendo que ele era
um ímpio blasfemador, e uma pessoa réproba; de modo que agiu, não por um ressentimento
pessoal, e por um prejuízo particular que ele tinha lhe causado; mas segundo o puro zelo pela
glória de Deus, e a glória do seu nome, sem confundir seus sentimentos e pensamentos a respeito
dele”(John Gill[1697-1771], Ministro Batista, Comentário de 2 Timóteo 4:14).

“Evidentemente, ele tinha alguma antipatia pessoal por Paulo e, possivelmente, também ele era
um gnóstico”(Archibald T. Robertson[1863-1934], Ministro Batista, Comentário de 2 Timóteo
4:14).

“As palavras apontam para algum fim a argumentação (se nos identificarmos com 1 Tm 1:20), em
São Paulo no sentido de entregá-lo a Satanás”(Philip Schaff [1819-1893], Ministro Presbiteriano,
Comentário de 2 Timóteo 4:14).

“De quem tu estás ciente também, pois ele é um opositor da verdade. Os homens maus se
opõem tanto aos ministros, como ao ministério; se opõem tanto aos pregadores”(William
Burkitt[1650-1703], Ministro Anglicano, Comentário de 2 Timóteo 4:14).

36. “Mas Cristo, como Filho, sobre a sua própria casa; a qual casa somos nós, se tão somente
conservarmos firme a confiança e a glória da esperança até ao fim”(Hb 3:6)

Comentário: (a)O v. 6 é um comentário do v.5. O escritor sacro está comparando Cristo a Moisés,
falando de sua fidelidade dentro da casa de Israel, no sentido de testemunhar daquilo que viria,
como promessa, para os hebreus fiéis. De formas que aquilo que Moisés foi para os antigos
hebreus, Cristo o é para os cristãos hebreus, servindo como “testemunho das coisas que se
haviam de anunciar”(v.5). O escritor sacro está dizendo que somos considerados morada de nosso
Senhor, se demonstrarmos perseverança na fé até o fim. É como nosso Senhor mesmo disse:

“Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos
nele morada”(Jo 14:23).

O próprio contexto designa os cristãos hebreus como “participantes da vocação celestial”(Hb


3:1),e se ‘os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis”(Rm 11:29 Reina/Valera), tais cristãos não
podem ter sua chamada salvífica anulada.

(b)Portanto, a condição para que se sinta e se veja a fidelidade de nosso Senhor em ser
testemunha pessoal daquilo que há de vir sobre nós, é demonstrarmos fé e perseverança(Hb 3:7-
13).

(c)O verbo grego que é traduzido por “conservarmos” é o verbo κατάσχωμεν (kataschōmen), que
de acordo com Edward Robinson, significa “ter e segurar firme, reter com firmeza”(Léxico Grego
do Novo Testamento, p.491). O próprio escritor sacro, não só garante a certeza desta perseverança
final(Hb 10:39), como também afirma que é o próprio Deus que nos capacitará a perseverar:

“Ora, o Deus de paz, que pelo sangue da aliança eterna tornou a trazer dos mortos a nosso Senhor
Jesus Cristo, grande pastor das ovelhas. Vos aperfeiçoe em toda a boa obra, para fazerdes a sua
vontade, operando em vós o que perante ele é agradável por Cristo Jesus, ao qual seja glória para
todo o sempre. Amém”(Hb 13:20-21).

Sendo assim, não há neste texto nenhum indício do dogma da perda da salvação, e nesse sentido,
vários comentaristas das Escrituras entendem o texto, como se segue:

“E o apóstolo aqui diz que a única prova que eles poderiam ter de que pertenciam à família de
Cristo, seria que eles mantivessem firme a confiança que eles tinham até o fim. Se eles não
fizessem isso, estariam demonstrando que nunca pertenceram a sua família, pois a evidência de
pertencer a sua família seria demonstrada apenas pela perseverança até o fim”(Albert Barnes
[1798-1870], Ministro Presbiteriano, Comentário de Hebreus 3:6).

“Estas palavras não devem ser entendidas como condição para a afirmação anterior. Nem se pode
inferir daí uma queda final longe da graça, pois a suposição de prova não é tal inferência, mas o
contrário; ou seja, que eles que têm verdadeira fé, esperança e confiança, devem perseverar até o
fim; e são, portanto, a casa de Cristo: Além disso, a doutrina da apostasia é bastante repugnante
ao argumento do apóstolo; segundo o qual, Cristo não poderia não ter nenhuma casa até que os
homens tenham perseverado: mas o propósito do apóstolo é dar uma palavra de exortação para si
e para os outros, para se manterem firmes na confiança; e então as palavras são bastantes
descritivas das pessoas, que são a casa de Cristo; tais que têm uma boa esperança, pela graça,
operada nelas e podem se alegrar na esperança da glória de Deus; e podem com ousadia orar
junto ao trono da graça; e ter uma santa confiança empenhada no amor de Deus e a salvação por
Cristo e continuar no exercício destas graças até o fim de seus dias”(John Gill[1697-1771], Ministro
Batista, Comentário de Hebreus 3:6).

“Como prova de sabermos se somos realmente dele é que nós permaneçamos, não
necessariamente perfeitamente, mas fielmente”(Petter Pett, Ministro Batista, Comentário de
Hebreus 3:6).

37. “Temamos, pois, que, porventura, deixada a promessa de entrar no seu repouso, pareça que
algum de vós fica para trás”(Hb 4:1)

Comentário: O escritor sacro não está falando na real possibilidade da perda da salvação aqui.
Antes, pelo contexto, mostra que, citando o caso dos antigos hebreus apóstatas(Hb 3:16-19), a
incredulidade foi o fato que demonstrou a condenação daqueles judeus impenitentes(v.2), que não
é o caso dos cristãos hebreus, a quem ele dirige a epístola, que segundo ele, crêem, e pela fé, tem
entrado no repouso(v.3). E a prova da certeza da salvação destes cristãos hebreus, se vale no fato
de terem Cristo como seu intercessor nos céus(vv.14,15). Isso lhes garante esta confiança(v.16).
Não há nada nesse texto, favorável ao dogma da perda da salvação, como admitem os
comentaristas das Escrituras:

“Ele conclui que não havia razão para temer que os judeus a quem ele estava escrevendo fossem
privados da bênção oferecida a eles; e então ele diz, para qualquer pessoa, insinuando que era seu
desejo ansioso de leva-los, a todos, a Deus; por isso, é dever de um bom pastor, vigiar o rebanho
inteiro então cuidar de cada ovelha de modo que ninguém possa se perder”(João Calvino[1509-
1564], Reformador de Genebra, Comentário de Hebreus 4:1).

“Este versículo ensina a verdade importante que, se o céu é oferecido a nós, e que um ‘descanso’
está prometido para nós, se o buscarmos, mas que há razão para pensar que muitos podem falhar
para alcançar isto que esperavam obter. Entre essas serão as seguintes classes: Aqueles que são
mestres da religião, mas que nunca tiveram nenhum conhecimento da verdadeira
piedade...”(Albert Barnes [1798-1870], Ministro Presbiteriano, Comentário de Hebreus 4:1).

“...O significado é que os santos devem se preocupar em se comportar, de modo que não
aparentem cair da doutrina da graça de Deus, ficando desiludidos deste descanso e prometida
paz”(John Gill[1697-1771], Ministro Batista, Comentário de Hebreus 4:1).

“O descanso que é, uma vez adquirido, não se volta a perder”(Johann Albrecht Bengel[1693-
1752], Ministro Luterano, Comentário de Hebreus 4:1).

“’Hoje’, usada corretamente, concluído o restante que, uma vez obtido, nunca é perdido”(Robert
Jamieson [1802-1880], Andrew Robert Fausset[1821-1910], David Brown[1803-1897], Ministros
Anglicanos, Comentário de Hebreus 4:1).

38. “Olhai por vós mesmos, para que não percamos o que temos ganho, antes recebamos o inteiro
galardão”(2 Jo 8).

Comentário: (a)Pelo contexto, o apóstolo está exortando os cristãos a terem cuidado com os falsos
mestres, que negam a encarnação de nosso Senhor(v.7), recomendando que os cristãos se
abstenham de manter qualquer relação com estes hereges, sob pena de serem considerados
cúmplices em suas más obras(vv.9-11).A palavra grega que traduzido por “olhai” é a palavra
βλέπετε (blepete), que segundo Edward Robinson, tem o significado de “vê, vede, acautelai-vos,
atenção, cuidado, estai prevenidos, de sobreaviso”(Léxico Grego do Novo Testamento, p.160).
(b)Por isso, a negligencia com relação a fé, pode levar o cristão a perder parte de seu galardão. A
palavra grega que é traduzida por “percamos” é a palavra ἀπολέσητε (apolesēte), que de acordo
com J. H. Thayer, tem neste texto, o significado de “destruir”(Greek English Lexicon of New
Testament, p.65). Nesse sentido, João está dizendo, que se um cristão não tem cuidado em sua fé,
não se prevenindo com relação aos hereges, está automaticamente destruindo tudo que ele
obteve na longa caminhada cristã. (b)Nesse sentido, para João quem não persevera, mostra que
realmente não pertence a Deus e nem a Cristo:

“Todo aquele que prevarica, e não persevera na doutrina de Cristo, não tem a Deus. Quem
persevera na doutrina de Cristo, esse tem tanto ao Pai como ao Filho”(2 João 9).

A palavra grega que é traduzida por “prevarica” é a palavra προάγων (proagōn), que segundo J. H.
Thayer, tem o significado de “ir mais longe do que é certo ou adequado, transgredir os limites da
verdadeira doutrina”(A Greek English Lexicon of New Testament, p.537). A palavra “prevaricar”, de
acordo com o Dicionário Aurélio Online, significa meramente “Faltar ao cumprimento do dever”,
ao passo que no grego tem o sentido de ultrapassar o que é correto, ir além da verdade cristã.
Não há nada nesse texto, que possa insinuar a perda da salvação, como admitem vários
comentaristas das Escrituras, como se segue:

“A verdade que é ensinada aqui é de interesse para todos os cristãos - que é possível, mesmo para
os cristãos genuínos, pelos seus sofrimentos a serem induzidos em erro, ou por negligência no
dever, de perder uma parte da recompensa que poderiam ter obtido”(Albert Barnes [1798-1870],
Ministro Presbiteriano, Comentário de 2 João 8).

“Para que não percam o que vocês fizeram; em abraçar o Evangelho, professando de que,
caminhando no mesmo, mostrando um zelo, e lutando por ele, expressando um amor tanto por
meio de palavras e ações pelos ministros do mesmo, e sofrendo muita censura por causa do
mesmo; tudo podendo ser perdido, e em vão, se eles deixarem a última gota do Evangelho, e
abraçarem os erros dos ímpios”(John Gill[1697-1771], Ministro Batista, Comentário de 2 João 8).

“O sentimento de temor que o nosso apóstolo recomenda para esta preservação da queda;
porque significa um temor cauteloso”(John Trapp[1601-1669], Ministro Anglicano, Comentário de
2 João 8).

“Guarde-se deles; olhai por vocês; permaneçam vigiando; e tomem cuidado para que a sua própria
fé e prática não sejam corrompidas por eles; que assim nem vocês mesmos, nem nós, os
ministros de Cristo, possamos perder o bom fruto do nosso ministério, o que foi fundamental na
vossa obtenção para Cristo, não só na profissão, mas, como nós confiamos, com sinceridade e
verdade, mas, depois de todas as tentativas dos enganadores para vos perverter, ‘guarda o que
tens, para que ninguém tome a tua coroa’(Ap 3:11),e que nós, juntos com vocês, possamos colher
toda a bendita recompensa, correspondendo com o máximo de nossas esperanças e desejos, que
Deus, por amor de Cristo, graciosamente prometeu aos seus servos fiéis que por sua vez a muitos
para a justiça(Dn 12:3), e a todos os que o amam (Tg 1:12)”(Thomas Coke[1747-1814], Ministro
Metodista, Comentário de Comentário de 2 João 8).

“João não deseja que seu trabalho se perca. João está ansioso para que eles perseverem até o
fim”(Archibald T. Robertson[1863-1934], Ministro Batista, Comentário de 2 João 8).

Capítulo 12 – O Cristianismo Histórico Rejeita o Falso Dogma da ‘Perda da Salvação’(Ou Cair da


Graça)

(a)Os Pais da Igreja


1. Clemente(30-100), bispo de Roma, declara:

“Caríssimos, não nos referimos à revolta abominável e sacrílega, que é estranha e alheia aos
eleitos de Deus. Alguns poucos, insensatos e ignorantes, acenderam-na, chegando a tal ponto de
loucura que o vosso nome venerável, célebre e amado por todos os homens, ficou fortemente
comprometido. Para quem já habitou, mesmo para um curto período de tempo entre vós, e não
encontrou sua fé sendo tão fecunda da virtude como foi firmemente estabelecida? Quem não
proclamou vossa generosa prática da hospitalidade? Quem não elogiou vosso conhecimento
perfeito e seguro? Dia e noite, sustentáveis combate em favor da vossa irmandade, com o
propósito de conservar integro, através da misericórdia e de uma boa consciência, o número dos
eleitos de Deus”(Epístola aos Coríntios, 1:1-2; 2:4).

“E com as nossas constantes súplicas e orações, pediremos ao Criador do Universo que guarde
intacto o número dos eleitos no mundo inteiro, mercê do seu amado Filho Jesus Cristo, por
intermédio de quem nos chamou das trevas à luz, da ignorância ao conhecimento da glória do seu
nome”(Ibidem, 59:2).

“Muitas gerações passaram, desde Adão até hoje,; mas, aqueles que, pela graça de Deus, se
tornaram perfeitos no amor, permanecem no lugar dos piedosos. Estes hão de tornar-se
manifestos , quando aparecer o Reino de Cristo”(Ibidem, 50:3).

“Nós vos enviamos homens fiéis e sábios, que viveram de maneira irrepreensível em nosso meio,
desde a juventude até a velhice”(63:3).

2. Inácio(30-107), bispo de Antioquia, declara:

“Inácio, também chamado Teóforo, à Igreja que foi grandemente abençoada com a plenitude de
Deus Pai, predestinada antes dos séculos para existir sempre, para uma glória que não passa,
inabalavelmente unida, escolhida na paixão verdadeira, pela vontade de Deus e de Jesus Cristo,
nosso Deus”(Epístola aos Efésios [100 d.C], 1:1).

“De fato, Jesus Cristo, nossa vida inseparável, é o pensamento do Pai, assim como os bispos,
estabelecidos até os confins da Terra, estão no pensamento de Jesus Cristo”(Ibidem, 3:2).

“Sei que tendes mente irrepreensível e sois inabaláveis na perseverança, não por costumes, mas
por natureza, conforme o bispo Políbio me explicou”(Epístola aos Tralenses, 1:1).

"Evitai as plantas venenosas que produzem frutos dignas de morte: se alguém provar tais frutos,
irá ao encontro da morte: essas não são plantações do Pai. Se fossem, mostrariam os ramos da
cruz e o fruto seria incorruptível”(Ibidem, XI:1-2).

“Meu desejo terrestre foi crucificado, e não há mais em mim fogo para amar a matéria. Dentro
de mim, há uma água viva, que murmura e diz: ‘Vem para o Pai’. Não sinto prazer pela comida
corruptível, nem me atraem os prazeres desta vida”(Epístola aos Romanos, VII:2-3)

3. A Epístola de Barnabé(120 d.C), declara:


“E o profeta continua, uma vez que ele foi colocado como pedra sólida para esmagar: ‘Eis que
colocarei nos alicerces de Sião uma pedra de grande valor, escolhida, angular e preciosa’. O que diz
em seguida? ‘Aquele que nela crer, viverá para sempre’”(VI:2-3)

“Isso, significa que descemos para a água carregados de pecados e poluição, mas subimos dela
para dar frutos em nosso coração, tendo no Espírito Santo o temor e a esperança em Jesus. ‘Quem
comer deles vivera para sempre’, quer dizer: quem escutar, quando tais palavras são ditas, e crer
nelas, viverá para sempre”(XI:11)

4. Aristides(127 d.C), declara:

“Com efeito, convém que venereis o Deus Criador e deis ouvidos às suas palavras incorruptíveis, a
fim de que, escapando ao julgamento e aos castigos, sejais declarados herdeiros da vida que não
perece”(Apologia, XVII).

5. Policarpo de Esmirna(70-155), bispo de Esmirna, declara:

“Congratulo-me grandemente, em nosso Senhor Jesus Cristo, pela alegria que experimentais ao
acolher aqueles que são as imagens da verdadeira caridade, e ao acompanhar, enquanto que
possível, os presos por esses santos ferros, que são o diadema régio dos verdadeiros eleitos de
Deus e de nosso Senhor. Congratulo-me também porque as firmes raízes da vossa fé conhecidas
desde os primeiros tempos, permanecem até hoje e ainda produzem frutos para nosso Senhor
Jesus Cristo. Perseveremos pois imutavelmente firmes em nossa esperança e naquele que
constitui o penhor de nossa justiça, Jesus Cristo”(I:1-2).

6. Hermas(140 d.C), declara:

“Não temais de modo nenhum a ameaça do diabo, pois ele, como nervos de cadáver, não tem
força nenhuma”(O Pastor, 49:2).

“Para os servos de Deus existe apenas uma única conversão”(Ibidem,29:8)

7. Justino(89-165), declara:

“Entre nós há muitos homens e mulheres que, tornando-se discípulos de Cristo desde crianças,
permanecem incorruptos até os sessenta e setenta anos. E eu me glorio de mostra-los entre toda
a raça humana”(Primeira Apologia, 15:6).

“Isso mesmo, senhores, é dito no salmo, e que nós, que alcançamos a sabedoria por meio deles,
confessamos que as sentenças de Deus são mais doces do que o favo de mel, se manifesta no fato
de que, mesmo ameaçados de morte, não negamos o seu nome. Todos sabem que nós, que nele
cremos, pedimos que ele nos preserve dos estranhos, isto é, dos espíritos maus e enganadores,
como diz a palavra do profeta, personificando um dos que nele crêem, figuradamente declara.
Com efeito, rogamos a Deus por meio de Jesus Cristo para que sejamos preservados dos
demônios, que são estranhos à piedade de Deus, e que adorávamos antigamente, a fim de que,
depois de nos convertermos a Deus, por meio de Jesus Cristo, sejamos irrepreensíveis”(Diálogo
com Trifo, 30:2-3).

8. A “Epístola das Igrejas de Lião e Viena às Igrejas da Ásia e Frígia”(178 d.C), fazendo alusão aos
que apóstatas, declara:

“Ficaram excluídos somente os que não haviam tido jamais qualquer traço da fé, que não
haviam compreendido o símbolo do traje nupcial, que não tinham o temor de Deus. Eram os filhos
da perdição que, por sua apostasia, blasfemaram contra os caminhos de Deus. Todos os outros
permaneceram no corpo da Igreja”.

9. Irineu(130-200), bispo de Lião, declara:

“Enquanto isso acontecia, a esposa ficou nas proximidades de Sodoma, não mais carne corruptível,
mas estátua de sal, que dura para sempre, indicando, mediante fenômenos naturais, o que é
habitual ao homem; que a Igreja, que é o sal da terra, foi deixada nas regiões da terra para
suportar as vicissitudes humanas e, enquanto lhe são continuamente tirados os membros,
continua a ser a resistente estátua de sal, isto é, fundamento da fé que confirma seus filhos e os
envia diante do seu Pai”(Contra Heresias, IV; 31:3).

“Paulo também diz diz que ‘o amor é o cumprimento da lei’(Rm 13:10) e enquanto todo o resto
desaparece, ‘permanecem a fé, a esperança e o amor e o amor é o maior de todos”(1 Co 13:13), e
‘conhecimento sem o amor de Deus não é nada’(1 Co 13:2), nem o entendimento dos mistérios,
nem a fé, nem a profecia: tudo é vazio e supérfluo sem o amor. O amor torna o homem perfeito e
quem ama a Deus é perfeito neste e no outro mundo, porque nunca deixaremos de amar a Deus,
mas quanto mais o contemplamos tanto mais o amamos”(Ibidem, IV; 12:2).

"Assim, ele atribui o Espírito como peculiar a Deus, que nos últimos tempos Ele derrama sobre a
raça humana pela adoção de filhos, mas que a respiração era comum em toda a criação, e a
designa como algo criado. Agora, o que tem sido feito é uma coisa diferente Daquele que o fez. A
respiração, então, é temporal, mas o Espírito é eterno. A respiração também aumenta em força por
um curto período, e continua por um determinado período de tempo, e depois desaparece,
deixando sem respiração o ser em que antes habitava. Mas quando o Espírito permeia o homem
externa ou internamente, de modo que ele continua lá para sempre, e nunca o
abandonará"(Ibidem, V; 12:2).

“Este dom de Deus foi confiado a Igreja... é nele também que foi depositada a comunhão com
Cristo, isto é, o Espírito Santo, penhor da incorrupção, confirmação da nossa fé e escada para
subir a Deus”(Contra Heresias,III; 24:1).

10. Hipólito(169-215), presbítero de Roma, declara:

“Ele fez amizade com os mortos em transgressões; o mesmo do Céu, Ele suportou grandemente os
da Terra; por causa de sua própria grandeza, Ele escolheu, por Sua própria sujeição, determinar o
escravo livre e fazer o homem, que se transforma em pó e em alimento para a serpente,
invencível como inflexível, e que, também, quando pendurado no madeiro, Ele se declarou Senhor
de seu vencedor, e é, portanto, determinado propriamente conquistador pela árvore”(Comentário
Sobre o Salmo 109).

11. Clemente de Alexandria (155-225), teólogo dos séculos II-III, declara:

"Aquilo que é significado pelo profeta pode ser interpretado de forma diferente, ou seja, da nossa
alegria para a salvação, como Isaque. Ele também, libertado da morte, riu, e alegrou-se com sua
esposa, que era o tipo de ajudante da nossa salvação, a Igreja, a quem o nome estável de
resistência é dado, por esta causa, certamente, porque ela permanece em todas as gerações,
regozijando-se sempre, subsistindo através da resistência dos crentes, que são os membros de
Cristo. E o testemunho daqueles que têm resistido até o fim, e a glória, por sua conta, é uma
alegria mística, e a salvação acompanhada de um piedoso consolo que nos traz ajuda"(O
Pedagogo, I:5).

"Davi clama: 'o justos não será removido para sempre', nem por palavras enganosas, nem por
prazer enganoso, portanto, nem pode ele ser movido de sua herança, nem ele teme más
notícias, nem calúnia vã, nem falsa opinião que seja sobre ele"(Stromata, VI:10).

"Mas assim como uma boa consciência preserva a santidade diante de Deus e da justiça para com
os homens, mantendo unicamente a alma na pureza de pensamentos solenes e retidão de
palavras, e ações retas. Ao receber, assim, o poder do Senhor, o ensino do ser de Deus na alma;
não estimando nenhuma coisa má, apesar da ignorância e das obras contrárias à reta razão. E
dando sempre graças por tudo a Deus, pela audiência justa e leitura divina, por uma verdadeira
busca, pela santa oferta, por ouvir a leitura divina, louvando, cantando, abençoando, orando, tal
alma nunca é em qualquer momento separada de Deus"(Stromata, VI:14).

"Daí agora, pelo conhecimento reunido para ser o alimento da contemplação, tendo abraçado
nobremente a magnitude do conhecimento, ele avança, portanto, para a santa recompensa da
interpretação. Pprque ele ouviu o Salmo que diz: ‘Cercai Sião, e a rodeai, falai sobre suas torres’.
Porque eu acho que ele sugere, que, aqueles que sublimemente abraçaram o Verbo, se tornaram
imponentes fortalezas, para permanecerem firmes na fé e no conhecimento"(Stromata, VII:13).

"Mulher e homem vão à igreja decentemente vestidos, naturalmente com diligência, abraçando o
silêncio, possuindo amor sincero, pureza no corpo, pureza de coração, dispostos a orar a Deus. Que
a mulher observe isso, ainda mais. Que ela esteja totalmente coberta, a não ser que aconteça de
estar em casa. Porque esse modo de se vestir é importante, e a protege de ser observada. E ela
nunca vai cair, de modo que coloca diante de seus olhos a modéstia, e seu xale, nem ela vai atrair
qualquer um para cair em pecado, descobrindo o seu rosto. Pois este é o desejo da Palavra, uma
vez que é conveniente que ela ore com o véu"(O Pedagogo, III:11).

"A virtude é uma vontade em conformidade com Deus e Cristo na vida, ajustada corretamente
para a vida eterna. Para a vida de cristãos, para o qual agora nós estamos treinados, é um sistema
de ações justas, isto é, daquelas coisas ensinadas pelo Verbo, ou Palavra- uma energia que nunca
falha, que chamamos fé"(O Pedagogo, I:13).
"A fé, eu digo, se é fundamentada no amor ou no temor, é algo divino, que não pode ser
arrancado em pedaços por qualquer outra amizade mundana, nem ser dissolvido pela presença
do medo"(Stromata, II:6).

“Mas a orientação divina é uma possessão que permanece para sempre”(O Pedagogo, I:7).

“Não vamos cair, em corrupção, porque adentramos para dentro da incorruptibilidade, porque
ele nos sustenta. Porque Ele disse isso, e assim Ele tem vontade”(O Pedagogo, I:9).

“Ó mistérios verdadeiramente santos! Ó luz sem mistura! As tochas m iluminam para contemplar
os céus e a Deus; santifico-me pela iniciação, o Senhor é meu Sumo Sacerdote, que assinala com
seu selo o iniciado; que apresenta a seu Pai o crente, para que o guarde eternamente”(Exortação
aos Gregos, XII).

12. Tertuliano (160-230), teólogo dos séculos II-III, declara:

“Satanás não vai ter a liberdade de fazer qualquer coisa contra os servos do Deus vivo, a menos
que o Senhor permita, ou que Ele pode derrubar o próprio Satanás pela fé dos eleitos que mostra
a prova vitoriosa no julgamento”(De Fuga in Persecutione, 2),

“A legião de demônios não tinha poder sobre o rebanho de suínos, a menos que houvesse obtido
de Deus, até agora eles não tem qualquer poder sobre as ovelhas de Deus”(De Fuga in
Persecutione, 2).

“O diabo, deve ter posse, parece de fato ter o poder, neste caso realmente sobre aqueles que não
pertencem a Deus, as nações que foram uma vez por todas contadas por Deus como uma gota do
balde, e como o pó da eira, e como a saliva da boca, e assim abertas para o diabo como, em certo
sentido, uma propriedade livre. Mas contra aqueles que pertencem à família de Deus ele não
pode fazer coisa alguma”(De Fuga in Persecutione, 2).

13. Orígenes(182-254), teólogo do século III, declara:

“E como era a vontade de Deus de que a doutrina de Jesus devesse prevalecer entre os homens, os
demônios não podem fazer nada, embora se esforcem para efetuar a destruição dos
cristãos”(Contra Celso, IV:32).

“Assim sendo, não negamos que haja muitos demônios na Terra. Pelo contrário, afirmamos sua
existência, seu poder sobre os maus por causa da malícia destes, sua total impotência contra os
que estão revestidos da ‘armadura de Deus’ que receberam a força de seu poder para resistir as
insídias do diabo’”(Ibidem, VIII:34)

“Entretanto, se, por causa da ignorância dele sobre outros pontos, sujeitou-se a outros demônios,
pode sofrer da parte deles. Mas não o cristão, o verdadeiro cristão que se sujeitou a Deus
somente e a seu Verbo: não pode sofrer absolutamente nada dos seres demoníacos, pois ele é
mais forte que os demônios”(Ibidem, VIII:36)
“As coisas que parecem mais firmes são as da graça, do que aquelas que são da lei, porque essas
existem, sem nós, e elas são conhecidas por nós, e estas subsistem na matéria frágil, de modo que
elas podem facilmente decair, com exceção de serem escritas pelo Espírito de Deus, e sendo
esculpidas nos aposentos internos da alma, recebe a firmeza de uma duração eterna"(Comentário
de Romanos).

“Jesus respondeu, e disse-lhe: ‘Qualquer que beber desta água tornará a ter sede. Mas qualquer
que beber da água que eu lhe der nunca terá sede novamente’. Insipida, temporária e insatisfatória
foi a vida e sua glória, pois era temporal. A prova de que seja temporal é o fato de que o gado de
Jacó bebeu dela (ou seja, o bem). . . Mas a água que o Salvador dá é de seu espírito e seu poder. . .
As palavras ‘nunca terá sede de novo’ significa que a vida é eterna e nunca perece como ocorre
com a primeira vida), que o bem proporciona, mas é duradoura. Que a graça e o dom de nosso
Salvador, não podem ser tomados, nem consumidos, nem destruídos naquele que participa de
ambos. A primeira vida é perecível”(Fragmento 17, [Comentário do Evangelho de João, em João
4:12-15).

“A posse e a casa dos santos nunca caem, nunca são tiradas, nunca serão separadas de seu
privilégio, pois como é que isso pode ser separado da casa, se o sacerdote, que é constituído o
fundamento dos apóstolos e dos profetas, é Jesus Cristo, a pedra principal da esquina? "(Homília
Sobre Levitico 1-16).

“Ele que agora é pequeno, não pode nem tropeçar nem perecer, pois grande paz têm os que
amam o nome de Deus, e para eles não há tropeço. Mesmo aquele que é o menor de todos os
discípulos de Cristo, e, portanto, ele é nobre, e pode dizer isso: ‘Quem nos separará do
amor?’”(Comentário ao Evangelho de Mateus, XIII:29).

“’Se fosse possível’, é uma palavra de exagero, pois ele não afirma, ou diz, que os eleitos também
possam ser enganados, mas mostraria que as palavras dos hereges são frequentemente muito
persuasivas e poderosas para mover mesmo aqueles que ouvem com sabedoria”(Homília 30 sobre
o Evangelho de Mateus).

14. Cipriano(200-258), bispo de Cartago, declara:

“Nenhuma dessas coisas pode separar os crentes, nada pode arrancar aqueles que estão
agarrados ao seu corpo e sangue”(Epístola aos Clérigos [7:6]).

“Mateus 15:13 significante, sem dúvida, e mostrando que aqueles que partiram longe de Cristo
pereceram por sua própria culpa, ainda que a Igreja que crê em Cristo, sustenta que aquele que
tem uma vez aprendido, nunca se afasta totalmente Dele”(Epístola a Cornélio [77:7]).

“Nenhum um homem de Deus, e temente a ele, inclinando-se sobre a verdade da esperança, e


alicerçado sobre a estabilidade da fé, pode ser deslocado pelos problemas deste mundo de
hoje”(Tratado V [Contra Demétrio], XX).

“Os homens que são alicerçados uma vez sobre a rocha da firmeza da verdade, não são movidos,
eu não digo por uma leve atmosfera, mas mesmo por um vento ou uma tempestade”(Epístola a
Antoniano [51:3]).

“Que ninguém pense que os bons podem se afastar da Igreja. O vento não leva embora o trigo,
nem o furacão arranca a árvore que é firmada em uma sólida raiz. As palhas leves são
arremessadas pela tempestade, as árvores fracas são derrubadas pelo início de um redemoinho;
estes o apóstolo João condena severamente e os censura, quando ele diz: ‘Eles saíram de nós, mas
não eram de nós; porque, se tivessem sido dos nossos, certamente eles teriam permanecido
conosco’[1 Jo 2:19])”(Tratado 1 [Da Unidade da Igreja, 9]).

15. Lactâncio(240-420), teólogo dos séculos IV-V, declara:

“Vamos agora, por sua vez passar para as coisas que se opõem à virtude, que a partir destas
também a imortalidade da alma pode ser inferida. Todos os vícios existem por um tempo, porque
eles estão aguçados para o presente. A impetuosidade da ira é aplacada quando a vingança tem
sido tomada, o prazer do corpo põe fim à cobiça, o desejo é destruído, quer pelo pleno gozo dos
objetos que se propõe, ou a emoção de outras afecções; ambições, quando se ganhou as honras
que ele desejava, perde sua força, do mesmo modo os outros vícios são incapazes de defender seu
motivo e permanecer, mas eles terminaram pelo próprio prazer que eles desejam. Por isso, eles se
retiram e voltam. Mas a virtude é perpétua, sem qualquer intervalo, nem pode afastar-se dela
quem uma vez a recebeu”(Divinas Institutas, VII:10).

16. Eusébio de Cesaréia(263-339), bispo de Cesaréia, declara:

“Mas as profecias desses homens inspirados não começam e terminam na escuridão, nem a sua
presciência se estende mais longe do que o reinado da tristeza. Eles poderiam transformar as suas
feridas em alegria, e de seu interior proclamar uma mensagem universal de boas novas a todos os
homens sobre a vinda de Cristo: eles poderiam pregar a boa notícia de que, embora haja perdidos
em cada nação, uma raça de homens que conheceu a Deus, escapou dos demônios, deixou a
ignorância e o engano e usufrui a luz da santidade: eles poderiam imaginar os discípulos de Cristo
enchendo o mundo inteiro com o seu ensino e pregação do evangelho, introduzindo entre todos os
homens um puro e extraordinário ideal de santidade: eles podiam ver as igrejas de Cristo
estabelecidas por meio deles entre todas as nações e povos cristãos em todo o mundo tendo um
nome comum: eles poderiam ter a certeza de que os ataques de governadores e reis, de tempos
em tempos, contra a Igreja de Cristo de nada valerá para derrubá-la, pois é fortalecida por
Deus”(Demonstratio Evangelica, I:1).

“Em controvérsia, que uma nova nação que tem aparecido, não é pequena, nem situada em um
canto da terra, mas de todos os países mais populosos e religiosos, até hoje, não sendo passível de
ser arruinada, mas insuperável, porque tem sempre a ajuda de Deus”(História Eclesiástica, IV;
1:1).

“Agora, ele salientou que o fim daquele que é poderoso na maldade é ser extirpado e destruído.
Para isso era necessário que a raiz que dá fruto amargo fosse cortada pelo sábio lavrador do
universo. Mas, Davi, como uma oliveira frutífera na casa de Deus, coloca a sua esperança na
misericórdia de Deus para sempre, mesmo sempre e sempre, adquirindo para si a imortalidade e a
vida eterna com base na sua boa esperança, de que ele nunca vai cair”(Comentário Sobre o Salmo
51).

“Sabendo, portanto, que é bom e fruto do bem, não para aqueles que são poderosos na
iniquidade, nem para aqueles que serão expulsos dentre os vivos, mas para os santos, ele disse,
com razão, ‘Vou aguardar pacientemente no seu nome’, tendo a esperança de que eu nunca vou
cair fora de sua misericórdia. Desta forma, pus a minha esperança nele para sempre, e para
sempre e sempre“(Comentário Sobre o Salmo 51).

17. Atanásio(296-373), bispo de Alexandria, declara:

“Por isso, o fiel cristão e verdadeiro discípulo do Evangelho, tendo a graça de discernir as coisas
espirituais, e tendo construído a casa de sua fé sobre a rocha, está continuamente firme e seguro
de seus enganos”(Ad Episcopus Aegypti et Libyae, I:4).

“O Salvador, então, quando está falando de nós: ‘como tu, Pai, estás em Mim e Eu em Ti, para que
também eles sejam um em nós’, não quer dizer que teríamos identidade com ele, pois isto foi
mostrado na ilustração de Jonas, mas pede ao Pai, como João escreveu, que o Espírito seja
concedido por meio Dele para aqueles que crêem, por intermédio de quem são dados para
estarem em Deus, e neste sentido estão unidos Nele. Pois desde que o Verbo está no Pai, e o
Espírito é dado a partir do Verbo, desejando Ele que nós devêssemos receber o Espírito, e que, ao
recebê-lo, tendo, assim, o Espírito da Palavra, que está no Pai, nós também pudéssemos ser
encontrados na influência do Espírito para nos tornarmos um no Verbo, e por Ele no Pai. E se Ele
diz, 'como nós', ele novamente pede para que tal graça do Espírito, como foi dada aos discípulos,
seja sem falhas ou revogação. Pois o que o Verbo tem por natureza, como eu disse, no Pai, Ele
deseja que seja dado a nós por meio do Espírito de forma irrevogável, o que o apóstolo sabendo,
disse: ‘Quem nos separará do amor de Cristo’. Pois 'os dons de Deus" e graça da sua vocação
são sem arrependimento’”(Discurso Contra os Arianos, III; 25:25).

18. Hilário de Poitiers(300-368)], declara:

“Esta fé é que é o fundamento da Igreja, através desta fé as portas do inferno não prevalecerão
contra ela. Esta é a fé que tem as chaves do reino dos céus. Tudo o que essa fé deve ter desligado
ou ligado na terra será desligado ou ligado nos céus... A razão pela qual ele é abençoado é que ele
confessou o Filho de Deus. Esta é a revelação do Pai, este o fundamento da Igreja, esta a garantia
de sua permanência”(Da Trindade, IV:37).

“Assim, quando Ele perguntou a Marta, que estava suplicando a Ele por Lázaro, se ela cria que os
que haviam crido nele não devem morrer eternamente, sua resposta expressa a confiança de sua
alma- ‘Sim, Senhor, creio que Tu és o Cristo, o Filho de Deus, que veio a este mundo’(Jo 11:27). Esta
confissão é a vida eterna, e esta fé nunca morre”(Da Trindade, VI:47).

“Nós não dependemos de esperanças inativas e incertas, como os marinheiros, os quais, por vezes,
navegando em vez disso, moldam o seu curso ao seu desejo e não por uma conhecida segurança,
em diferentes momentos, os ventos inconstantes abandonam ou param seu curso. Mas temos ao
nosso lado o espírito invencível da fé, permanecendo conosco, pelo dom do Unigênito de Deus,
que nos leva a suavizar o curso firme das águas”(Da Trindade, XII:2).

“A integridade da nossa fé é confirmada, não só pela autoridade do Evangelho e doutrina dos


Apóstolos, como pela inútil fraude dos hereges, que causa tumulto por toda parte ao nosso redor.
Permanece, no entanto este fundamento sólido e imóvel contra todos os ventos, chuvas,
torrentes, não podendo ser arrastado pelo vento, nem inundado pelas águas, nem submergir
com as inundações. É considerado excelente aquele que, atacado por muitos, não pode ser
derrubado por ninguém. Certos tipos de remédio são preparados de tal modo, que são úteis, não
somente para tratar todas as doenças, mas para curar todas elas. Tem em si o poder de tratar
todas, em geral. Também a fé católica oferece remédio, não para cada doença, mas para todas.
Nenhum mal pode enfraquece-la. Não pode ser derrotada por um grande número de males, nem
pode ser iludida pela sua variedade. Permanece uma e a mesma e resiste a cada uma das
heresias e a todas elas em conjunto”(Da Trindade, II:22).

“Pelo que o Senhor se faz a base sólida de um edifício alto, e que aquele que dele cresce em uma
obra sublime, não pode ser movido, seja pelas chuvas, ou inundações, ou vento, ele quer dizer as
seduções dos prazeres lisonjeiras, e que de forma sensata passa gradualmente nas fendas abertas,
em que a fé é primeiramente banhada, depois disso, uma série de torrentes, ou seja, de
inclinações, de paixões graves, na corrida, e então toda a força dos ventos que sopram ao redor,
fúria colérica, ou seja, todo o sopro do poder diabólico é trazido, mas o homem edificado sobre o
fundamento da rocha, nem pode ele ser retirado para fora de seu próprio lugar”(Comentário de
Mateus 6).

“Os que Deus previu que seriam dedicados a ele, e que ele os escolheu para desfrutarem das
recompensas prometidas; que aqueles que aparentemente creram e não continuaram na fé
iniciada, estão possivelmente negando serem eleitos de Deus”(Comentário de Romanos).

“Aqueles que Deus afirma serem chamados a perseverar na fé, são eles quem ele escolheu em
Cristo antes do começo do mundo”(Comentário de Efésios)

“Por isso, Deus diz a Moisés: ‘Se alguém pecar, apagarei do meu livro’. De modo que, de acordo
com a justiça do juiz, então eles pereceram após terem sido apagados, quando ele pecaram, mas
de acordo com a presciência, eles nunca estiveram no livro da vida”(Comentário de Romanos 8)

“Não há nada que possa nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus”(Ibidem).

19. Basílio(330-379), bispo de Cesaréia, declara:

“A virtude, é a única posse, que não pode ser tirada”(Homilia XXII).

“’O que é a propriedade da fé?’ A resposta é: ‘Um plena certeza indubitável da verdade da palavra
divina, que por nenhuma razão induzida pela necessidade natural, ou tendo a aparência de
piedade, pode ser retirada”(Moralia, XXII).

20. Gregório Naziazeno(330-390), bispo de Nazianzo, declara:

“Um homem pode possuir tal hábito da virtude, de modo que é apenas impossível que ele possa
ser arrastado para o que é mau"(Orat. 31)

“Que a felicidade permaneça com você por muito tempo, que você possa fazer ainda mais o bem.
Sim, isto acontecerá a você irrevogável e eternamente, desde sua felicidade aqui, até a passagem
para o outro mundo”(Epístola 88).

“Eu sei, Ele diz que ‘a corrida não é para o veloz, nem a batalha para os fortes’(Ec 9:11) nem a
vitória para os lutadores, nem os portos para os bons marinheiros, mas a Deus pertence ambos o
sucesso do trabalho, e o trazer em segurança para a porta do barco”(Oração 37:13).

“Persuade-nos que o bom Pastor que dá a sua vida pelas ovelhas, não nos deixou até agora, mas
está presente, protege e guia, e conhece os seus, e ainda que corporalmente invisível, é
espiritualmente reconhecido; defenda o seu rebanho dos lobos, não consentindo que ninguém
entre no aprisco, como um ladrão e salteador, para pervertê-las e roubá-las, através da voz de
estranhos, pois as almas estão sob a justa orientação da verdade”(Panegírico Sobre a Morte de Seu
Pai, IV).

21. Macário, o Egípicio(+ 390 d.C), declara:

“A alma será preservada pelo poder do Senhor, conforme é capacitada, e contida, e é transformada
de toda concupiscência mundana; e por isso é ajudada pelo Senhor, de modo que ela pode ser
verdadeiramente guardada dos males acima mencionados; sempre que o Senhor vê qualquer
uma caindo nos prazeres da vida, desorientada, nos desejos indecentes, presa a coisas terrenas, e
caminhando em raciocínios vãos, ele concede o auxílio da graça particular, preservando aquela
alma de cair”(Homília 15).

22. Gregório de Nissa(335-394), bispo de Nissa, declara:

“Por isso, entendemos que nenhum encantamento é eficaz contra aqueles que vivem
virtuosamente, mas como sendo saciada através da assistência divina”(Da Vida de Moisés).

“Que tem suas raízes na casa de Deus, como uma oliveira frutífera, e tem o terreno firme e
inamovível de fé estabelecido em si mesmo”(Homília 3 sobre o Salmo 52:8).

“Parece-lhe ser outro senão a obra da fé, cuja energia é comum a todos; sendo igualmente
colocada diante deles como a vontade, e permanece na vida continuamente”(Homília 2 Sobre
Eclesiastes).

“O escudo, que é uma peça de armadura que cobre, é a fé que não pode ser quebrada”(Homília 9
sobre Eclesiastes).
“Ele descreve a casa da virtude cuja matéria de cobertura é de cedro e cipreste, que não são
suscetíveis de podridão e corrupção; pelo qual ele expressa para a permanência e imutabilidade
do hábito ao que é bom”(Homilia 6 Sobre Cantares).

“Davi diz: é que é uma obra de Deus para confirmar um homem em piedade: ‘pois tu és a minha
força e o meu refúgio’, diz o salmista, e ‘o Senhor é a força do seu povo, e, o Senhor dará força ao
seu povo’”(Contra Eunomio, II; 15:4).

23. Ambrósio(337-397), bispo de Milão, declara:

“Não há nada que possamos temer que nos leve, de alguma maneira a duvidar da continuidade da
bondade divina, a abundância de que tem sido tão diária e constantemente, pois primeiro, ele
predestinou, em seguida, chamou, e a quem ele chama ele justificou, e a quem os justificou ele
também glorificou. Ele pode abandonar aqueles, a quem ele cerca com seus próprios dons, e até
recompensas? Entre tantas bênçãos de Deus, as armadilhas do acusador devem ser temidas? Mas
quem ousa acusá-los, se no julgamento são considerados eleitos? Pode o próprio Deus Pai
revogar seus próprios dons, que concedeu e eliminar da graça da afeição paternal, a quem, por
adoção, ele recebeu? Mas teme-se, que o juiz deva ser mais severo. De maneira que levando em
consideração aquilo que tu julgas, o Pai tem dado todo o julgamento a Cristo. 'Pode ele condenar
aqueles que ele remiu da morte?’. Para os quais ele se ofereceu a si mesmo, cujas vidas, ele
reconhece, foram premiadas com a Sua própria morte”(De Jacob. 1. 1, c. 6).

“Também o Senhor Jesus, convidado pelo desejo de tão grande amor, pela beleza de seu fascínio e
graça, pois naqueles que foram lavados não há nenhuma culpa, diz a Igreja... Nenhuma
perseguição diminui esse amor; pois esse amor não pode ser excluído pelas muitas águas e nem
os grandes rios podem afoga-lo”(Sobre os Mistérios, 41).

“O homem justo cai algumas vezes, mas se ele é justo, apesar dele cair, não será confundido. O
que é natural cai, os justos se levantam novamente, pois Deus não abandona os justos, mas
confirma-os em suas mãos"(Homília Sobre o Salmo 36).

“Sua alma não perece para sempre, nem pode qualquer um arrebatá-la das mãos do Todo-
Poderoso, Pai ou Filho, pois da mão de Deus, que criou os céus, não se perde quem ela
segura”(Exposição Sobre o Salmo 119, Num).

“Assim ele pode ver os naufrágios dos outros, enquanto que ele próprio está livre de perigo, e eis
que os outros oscilam na garganta deste mundo, que são levados ao redor por todo vento de
doutrina, enquanto ele persevera imutavelmente na raiz da fé, assim como a santa Igreja está
enraizada e fundada na fé; contemplando as tempestades dos hereges, e naufrágios dos judeus,
porque eles negaram o seu Mestre”(De Benedict. Patriarchis, V).

“A alma, que é apta para ser chamada de templo de Deus, ou igreja, é açoitada com um dilúvio de
preocupações mundanas, mas não capota, é atingida, mas não destruída”(De Abraham. 1. 2, c. 3).

“Os justos, colocados na casa de Deus, são tentados por aflições terrenas, mas não afastados da
casa de Deus, e da preservação e do domínio celestial”(De Abraham. 1. 2, c.5).

“Nem é do homem o querer ou correr, pois não está no poder do homem, mas é de Deus que se
compadece, que pode terminar o que começou”(Exposição do Salmo 119, Jod).

24. Cromácio(+ 407), bispo de Aquiléia, declara:

“Como sal, quando opera em qualquer carne, não permitindo a corrupção, pois deixa o mau cheiro
longe, limpando a sujeira, não estando sujeito aos vermes; assim a graça celestial da fé, que foi
dada através dos apóstolos, da mesma maneira opera em nós; pois tira a corrupção da
concupiscência carnal, limpa a sujeira do pecado, exclui o odor de uma conversa pecaminosa, e
não permite que os vermes do pecado sejam gerados, isto é, que a lascívia e os prazeres mortais,
surjam no corpo, como se o sal de fato fosse lançado fora, mas internamente opera em virtude da
sua própria natureza, de modo que a graça celestial penetra externa e internamente no homem; e
preserva o homem totalmente incorrupto com relação ao pecado "(Sermo de Octo
Beatitudinibus, 8:1)

25. Crisóstomo(347-407), arcebispo de Constantinopla, e comentarista das Escrituras, declara:

“Enquanto mil exércitos possam se acampar contra as montanhas, dobrando os seus arcos,
empunhando seus escudos, e usando suas artimanhas, mas não podem prejudicá-las, e quando
seu próprio poder se acaba, vai embora; assim todos os que lutam contra a igreja, também não
podem desloca-la”(Comentário de Isaías 2:2).

“E nem reis ou pessoas, nem um exército de demônios, nem o próprio diabo, tem nenhuma
vantagem para atingí-los, de formas que todos os seus planos tornaram-se contra si
mesmos”(Homília 15 sobre Romanos 8)

“Nem rios, nem ventos caindo em cima de nós podem nos fazer qualquer mal, pois estamos
inabaláveis sobre a rocha”(Homília 18 sobre 1 Timóteo).

“Bem que ele diz, na qual estamos firmes, pois tal é a natureza da graça de Deus, que, ela não tem
fim, e ela não conhece limites”(Homília 9 sobre Romanos 5).

“São as nossas coisas boas na esperança? Na esperança, mas não humana, esta falha, e muitas
vezes faz o homem que espera, sentir vergonha, ou ele morre, esperando que essas coisas
ocorram, ou se ele vive, ele muda; não é semelhante a nossa, pois a nossa esperança é firme e
inabalável"(Homília 9 sobre Romanos 4).

26. Jerônimo(347-420), teólogo dos séculos IV-V, declara:

“A partir daí nós entendemos, que a igreja, até o fim do mundo, será de fato afetada com a
perseguição, mas de modo algum poderá ser derrubada; será tentada, mas não vencida, e isso
será assim, porque o Senhor Deus onipotente, ou o Senhor Deus da mesma, ou seja, da igreja, tem
a promessa de que ele irá fazê-lo”(Comentário de Amós 9:14)
“Sabemos que a Igreja, na fé, esperança e amor, é impenetrável e invencível, não há ninguém nela
imaturo, cada um é humilde, e ninguém pela força pode esmagá-la, ou iludi-la pela
astúcia”(Contra Joviniano, 1:2).

“Você está tratando da ressurreição da alma, ou da carne? Eu respondo que, se a carne é


juntamente com a alma regenerada na lavagem, como perece quem é regenerado em
Cristo?”(Epístola a Pamácio Contra João de Jerusalém, 36)

“Como as ilhas são, na verdade feridas com frequentes furacões, tempestades e tormentas, mas
não são derrubadas, como um exemplo da casa evangélica, que é fundada sobre a rocha de um
poderoso bloco; de modo que as igrejas que esperam na lei, e em nome do Senhor, o Salvador,
falam através de Isaías, dizendo: ‘Eu sou uma cidade resistente, uma cidade que não é invadida’,
ou seja, de modo a ser tomada e destruída”(Epístola 121)

“Ele (o diabo), fará o possível para entrar em Judá, isto é, na casa da confissão e, frequentemente,
por meio deles que são negligentes na igreja, ele vai chegar até o pescoço, desejando sufocar os
crentes em Cristo, e ele vai esticar suas asas, encarando todo o país de Emanuel, mas não pode
conseguir, porque Judá tem Deus presente com ele"(Comentário em Isaías)

“Ele balançou, não derrubou, e os abalou, e até o momento não caíram, dizendo: ‘os meus pés
quase que se desviaram’; e o apóstolo fala aos crentes que tomam posse do amor de Deus, e
permanecem firmes contra as ciladas do diabo. A casa, na verdade, que é fundada sobre uma
rocha, não é abalada por qualquer tempestade, isto é, de modo a ser derrubada”(Comentário de
Isaías)

“Quando o diabo chegar, que é, por interpretação, o reprovador e censor, sobre a terra e nação dos
crentes, a quem o Senhor seu Deus alimenta, na sua força e majestade, e o diabo os espremerá
através de várias tribulações, e como um homem orgulhoso subirá e debilitará a moradia de
nossas almas, ou seja, os nossos corpos, mas nada nos separará do amor de Cristo”(Comentário
em Miquéias).

“Tudo o que os santos proferem é uma oração a Deus, toda a sua oração e súplica, lutando
resistentemente pela compaixão de Deus, para que nós, que por nossa própria força e zelo não
podemos ser salvos, podemos ser preservados pela Sua misericórdia”(Contra Pelagianos, III:10)

“Na verdade, Deus plantou, e nenhum homem pode arrancar a sua plantação pela raiz, mas
porque esta foi plantada em sua própria vontade, nenhum outro pode se firmar, a menos que ele
permita"(Comentário de Mateus 15).

“Ele não nega a fé de todos, mas de muitos, ‘porque muitos são chamados, mas poucos
escolhidos’(Mt 22:14); porque nos apóstolos, e os que são como eles, permanecem no
amor”(Comentário de Mateus 24:12)

27. Agostinho(354-430), bispo de Hipona, declara:


“Por conseguinte, quantos, segundo a providentíssima dispensação de Deus foram conhecidos de
antemão, predestinados, chamados, justificados, são filhos de Deus e de modo nenhum podem se
perder”(Da Correção e da Graça, 9:23).

28. Cirilo de Alexandria(378-444), arcebispo de Alexandria, declara:

“E Ele diz : ‘E as minhas ovelhas me seguem’ , pois eles que são obedientes, e seguem, por uma
certa graça dada por Deus, seguindo os passos de Cristo, não mais servindo as sombras da lei, mas
os mandamentos de Cristo, e dando ouvidos às suas palavras, através da graça devem nascer e
honrar Seu Nome, e serem chamados filhos de Deus. Pois, quando Cristo sobe aos céus , eles
também devem segui-Lo. E Ele diz que dá aos que o seguem como uma recompensa, a vida eterna
e isenção de morte, ou da corrupção, e dos tormentos que serão trazidos sobre os transgressores
pelo Juiz“(Comentário do Evangelho de João, Livro VII, Sobre Jo 10:26-28).

“Os fiéis também têm o socorro de Cristo, e o diabo não é capaz de levá-los, e os que têm um
prazer sem fim no bem, permanecerão nele, ninguém doravante os arrebatará para longe da
felicidade que é dada a eles através do livramento do castigo e dos tormentos. Pois não é
possível que aqueles que estão na mão de Cristo sejam arrebatados para serem punidos, por
causa do grande poder de Cristo”(Comentário do Evangelho de João, Livro VII, Sobre Jo 10:29).

29. Gregório Magno(560-604), bispo de Roma, declara:

“E a gordura das ofertas pacíficas desta vitima cheira docemente: porque a gordura interna de um
novo amor, trazendo paz entre nós e Deus, emite a partir de nós o doce cheiro. Mas desde que
este amor propriamente continua inextinguível no coração dos eleitos”(Moralia in Job, XXV).

“Mas, dizendo: ‘Ele quebra em pedaços e adicionando imediatamente, sem número’, ele desejava
portanto expressar o número dos réprobos, que supera a quantidade do cálculo humano; ou ele,
certamente, quis salientar, que todos os que perecem não são contados no número dos eleitos, e
que são, portanto, inúmeros correndo além do número”(Ibidem, XXV).

“Morte eterna. De onde ela é tão ordenada, que até mesmo a vida abandonada dos réprobos
beneficia a vida dos eleitos, e que, apesar de sua ruína, reforça nosso interesse, é assim
maravilhosamente ordenado, de forma que, mesmo que cada coisa esteja perdida, não pode ser
perdida para os eleitos de Deus”(Ibidem, XXV)

(b)Precursores da Pré-Reforma

Thomas Bradwardine(1290-1349), foi o teólogo que influenciou poderosamente a teologia de


Wycliff, sendo seu tutor na Universidade de Oxford. Em sua obra “De Causa Dei Adversus
Pelagium”, declara:

“Os efeitos da predestinação são a comunicação da graça no presente, a justificação do pecado, as


boas obras e a perseverança final”(Lvro I, p.442).

No dizer de Bradwardine, os predestinados perseverarão.


(c)Os Pré-Reformadores

1. John Wycliff(1324-1384), a estrela da alva da Reforma, em sua obra “Trialogus”(Livro III ,


declara:

“Parece-me, que a graça, que é chamada a graça da predestinação, ou perseverança final, não
pode cair de qualquer pessoa, porque se assim for, não pode ser tal graça”(Tracts and treatises of
John de Wycliffe: with selections and translations, p.121).

E em sua obra “De Ecclesia”, Wycliff afirma que “os predestinados recebem a graça da
perseverança final”(p.111).

2. John Huss(1369-1415), professor da Universidade de Praga, e capelão da corte de Belém, era


também discípulo de Wyclif. Huss, em sua obra “Da Igreja”(1414 d.C), declara:

“Aqueles que são de Cristo não podem perecer”(Capítulo IV).

“É evidente que há duas categorias na Santa Igreja: A primeira é perseverante (não pode se
perder – imperecível) – e há os reprovados, que pertencem a Igreja e são distinguidos dela. A
segunda pode se perder – perecer”(Capítulo III).

“E, por outro lado, é evidente que a graça é dupla; a saber, a graça da predestinação para a vida
eterna, da qual uma pessoa não pode cair finalmente dela”(Capítulo III).

“Nenhuma de suas partes pode cair finalmente fora dela, por causa do amor predestinador que
continuamente as preserva, não podem cair”(Capítulo III).

“E como o joio permanece joio. E, assim como o trigo sempre permanece trigo, de formas que um
predestinado a membro da Igreja, embora, por um tempo possa cair da graça temporal, mas
jamais da graça da predestinação”(Capítulo V).

3. John Wessel Goesport(1420-1489) é denominado pelos arminianos A. Knight e W. Anglin como


“o maior teólogo de sua época”(História do Cristianismo, p.202). Pois bem, em sua obra “Ferrago
Rerum Theologicarum”, declara:

“Desde a eternidade Deus tem escrito um livro onde ele tem inserido todos os seus eleitos, e todo
aquele que até agora não está escrito lá jamais poderá ser inscrito nele. Além disso, quando ele é
inscrito nele, jamais será riscado dele”.

4. Jerônimo Savonarola(1452-1598), o pregador do mosteiro de Florença, antes de selar sua fé com


o martírio, deu muitas declarações, defendendo a doutrina da perseverança dos santos. Em
primeiro lugar, ele afirma que nenhum eleito pode perder a salvação. Em seu sermão “Miserere”,
afirma:

“Introduzistes vosso Espírito dentro de meu interior, o rebento das raízes tão profundas que cada
um não pode jamais ser arrancada”(Dernière Meditation,p.50).
E em seu sermão “In Te Domini Speravi”, ele diz:

“Eis aí o sinal maravilhoso de tua eleição, quando um eleito cai, ele não ficará destruído,
porquanto o Senhor o sustenta sobre a sua mão”(Ibidem, p.117).

E novamente em seu sermão “Miserere”, afirma:

“Nenhuma tempestade me separa de Cristo, nenhum terror me separa de Ti, nenhuma tortura
me quebranta”(Ibidem, p.59).

Em segundo lugar, ele afirma que a perseverança final do cristão não é um produto de seus
próprios esforços (não depende dele mesmo), mas depende tão somente do Espírito Santo, como
registra seu sermão “Miserere”:

“Senhor, confirma-me em teu Espírito de força, para que eu possa ficar sempre na alegria de tua
salvação... Ah, confirma-me pelo teu Espírito de força, para que eu possa perseverar em teu
serviço e oferecer a vós o meu amor”(Ibidem, pp.62-63).

E ao comentar o Sl 51:11, Savonarola encaixa o seu conceito de perseverança final, afirmando que
aqui Davi queria dizer o seguinte:

“Não retires, portanto, de modo nenhum vosso Espírito, que me ensina a orar, que me socorre em
minhas provações, que me faz persistir em minhas súplicas e minhas lágrimas, para que enfim eu
ache graça diante de vós e vos sirva todos os dias de minha vida”(Ibidem, p.55).

(d) Os Reformadores

1. Martinho Lutero(1483-1546), o pai da Reforma Protestante, em sua renomada obra “Da


Vontade Cativa”(1525 d.C), declara:

“Agora, porém, que Deus tirou minha salvação de meu arbítrio e a inclui no seu, e prometeu salvar-
me não por meio de minha obra e corrida, mas, por sua graça e misericórdia, estou seguro e certo
que Ele é fiel e que não me mentirá, e que, além disso, é forte e poderoso, de modo que nenhum
demônio, nenhuma adversidade poderá vencê-lo ou arrebatar-me dele. Ele diz: ‘Ninguém os
arrebatará de minha mão, porque o Pai, que os deu, é maior que todos’(Jo 10:28)”(Martinho
Lutero, Obras Selecionadas, Volume 4, p.212).

E em outra parte, o reformador alemão repete que é impossível que os eleitos possam morrer em
perdição:

“E mesmo que admitamos que alguns eleitos sejam mantidos no erro durante toda a sua vida, é
contudo necessário que antes de morrer voltem ao caminho, porque Cristo diz em João 10:28:
‘Ninguém os arrebatará de minha mão’”(Ibidem, p.61).

Ainda, de acordo com Lutero, aqueles que abandonam para sempre a Cristo e ao seu rebanho, não
passam de “ímpios”(o que significa que, para o reformador estes não passam de ‘crentes
nominais’), enquanto que os verdadeiros cristãos (os eleitos), permanecem com Cristo e com a
Igreja:

“E se os ímpios, escandalizados, se retirarem em grande número (Jo 6:66), ainda assim os eleitos
permanecerão”(Ibidem, p.131).

2. Úlrico Zuínglio(1484-1531), o reformador de Zurique, em seu “Tratado Sobre a Eleição”,


declara:

“Mas a eleição de Deus permanece firme. Por isso, os que crêem são justificados. Pois esta é a
justificação, a piedade, a religião e a serviço do Deus Altíssimo. De modo que nenhuma
condenação os espera”(Selected Works of Huldreich Zwingli, p.240).

3. João Calvino[1509-1564], o reformador de Genebra, em sua monumental obra “Institutas da


Religião Cristã”(1536), declara:

“De qualquer maneira, devemos ter por certo que por menor e fraca que seja a fé nos eleitos,
como o Espírito Santo os dá como penhor e garantia infalível de sua adoção, jamais se poderá
apagar de seus corações o que Ele gravou neles. Enquanto a claridade dos réprobos finalmente se
dissipa e perece, sem que possamos dizer por isso que o Espírito Santo engana a alguém, visto que
não vivifica a semente que deixa cair em seus corações para preservá-la incorruptível, como nos
eleitos”(Livro III; 2:12).

(e) As Confissões de Fé Protestantes:

1. A Confissão de Fé da Guanabara (1558)(Reformada), declara:

“O homem predestinado para a vida eterna, embora peque por fragilidade, todavia não pode cair
em impenitência”(X).

2. A Confissão de Fé Francesa (1559)(Reformada), declara:

“Nós cremos que somos justificados na fé pelo poder interno do Espírito Santo, o qual é uma
dádiva gratuita que Deus concede àqueles que Ele quer, de tal modo que o eleito não possui
nenhum mérito até a glória, mas é duplamente agraciado em ele ter sido escolhido invés dos
outros. Nós também cremos que esta fé não é somente concedida para introduzí-lo no caminho da
retidão, mas também para fazer com que continue nele até o fim”(XXII).

3. O Catecismo de Heidelberg (1563)(Reformado), declara:

“P.1. Qual é o seu único fundamento, na vida e na morte? R. O meu único fundamento é meu fiel
Salvador Jesus Cristo. A Ele pertenço, em corpo e alma, na vida e na morte, e não pertenço a mim
mesmo. Com seu precioso sangue Ele pagou por todos os meus pecados e me libertou de todo o
domínio do diabo. Agora Ele me protege de tal maneira que, sem a vontade do meu Pai do céu,
não perderei nem um fio de cabelo. Além disto, tudo coopera para o meu bem. Por isso, pelo
Espírito Santo, Ele também me garante a vida eterna e me torna disposto a viver para Ele, daqui
em diante, de todo o coração”.

“P. 54. O que você crê sobre ‘a santa igreja universal de Cristo’? R. Creio que o Filho de Deus
reúne, protege e conserva, dentre todo o gênero humano, sua comunidade eleita para a vida
eterna. Isto Ele fez por seu Espírito e sua Palavra...”.

“p. 53. O que você crê sobre o Espírito Santo? R. Primeiro: creio que Ele é verdadeiro e eterno
Deus com o Pai e o Filho. Segundo: que Ele foi dado também a mim. Por uma verdadeira fé, Ele me
torna participante de Cristo e de todos os seus benefícios. Ele me fortalece e fica comigo para
sempre “.

4. A Segunda Confissão Helvética (1566)(Reformada), declara:

“Por outro lado, nem todos os que são contados no número da Igreja são santos ou membros vivos
e verdadeiros da Igreja. Pois há muitos hipócritas que externamente ouvem a palavra de Deus e
publicamente recebem os sacramentos, e parecem invocar a Deus somente por meio de Cristo,
confessar que Cristo é a sua única justiça, e adorar a Deus e exercer os deveres de caridade e por
algum tempo suportar com paciência as desgraças. E, não obstante, interiormente, estão
completamente destituídos da verdadeira iluminação do Espírito, de fé e de sinceridade de
coração, e de perseverança até o fim”(XVII).

5. A Fórmula de Concórdia (1577)(Luterana), declara:

“Ainda, que Ele quis acautelar minha salvação tão bem e seguramente, que, porquanto pela
fraqueza e impiedade de nossa carne facilmente poderia escapar-nos das mãos, ou delas ser-nos
arrancada e tomada pela astúcia do diabo e do mundo, a ordenou em seu eterno propósito, que
não pode falhar ou ser subvertido, e a colocou, para resguardo, na mão de nosso Salvador Jesus
Cristo, da qual ninguém nos pode arrebatar”(Declaração Sólida, 11:46-47).

6. Os Artigos Irlandeses de Religião (1611)(Anglicanos), declaram:

“Todos os eleitos de Deus estão em seu tempo inseparavelmente unidos à Cristo pela eficaz e
vital influência do Espírito Santo”(XXXIII).

7. Os Cânones de Dort (1618-1619)(Reformados), declaram:

“Assim, não é por seus próprios méritos ou força, mas pela imerecida misericórdia de Deus que
eles não caem totalmente da fé e da graça e nem permanecem caídos ou se percam
definitivamente. Quanto a eles, isto facilmente poderia acontecer e aconteceria sem dúvida.
Porém, quanto a Deus, isto não pode acontecer, de modo nenhum. Pois seu decreto não pode ser
mudado, sua promessa não pode ser quebrada, seu chamado em acordo com seu propósito não
pode ser revogado. Nem o mérito, a intercessão e a preservação de Cristo podem ser invalidados,
e a selagem do Espírito tão pouco pode ser frustrada ou destruída. Os crentes podem estar
certos e estão certos desta preservação dos eleitos para salvação e da perseverança dos
verdadeiros crentes na fé. Esta certeza é de acordo com a medida de sua fé, pela qual eles crêem
com certeza que são e permanecerão verdadeiros e vivos membros da Igreja, e que têm o perdão
de pecados e a vida eterna”(Artigos VIII-IX).

8. A Confissão de Fé Batista de 1644, declara:

“Os que têm a fé produzida neles, pelo Espírito, nunca podem totalmente cair; e ainda que muitas
tormentas e inundações lhes fustiguem, não podem ser removidos daquele alicerce e rocha sobre
o qual são estabelecidos; ou melhor, serão guardados pelo poder de Deus para a salvação; donde
gozarão da possessão que para eles foi comprada, estando seus nomes gravados nas palmas das
mãos do próprio Deus”(XXIII).

9. O Catecismo Maior de Westminster (1648)(Reformado), declara:

“P. 79. Não poderão os crentes verdadeiros cair do estado de graça, em razão das suas
imperfeições e das multas tentações e pecados que os surpreendem? Os crentes verdadeiros, em
razão do amor imutável de Deus e do seu decreto e pacto de lhes dar a perseverança, da união
inseparável entre eles e Cristo, da contínua intercessão de Cristo por eles e do Espírito e semente
de Deus permanecendo neles, nunca poderão total e finalmente cair do estado de graça, mas são
conservados pelo poder de Deus, mediante a fé para a salvação”.

10. A Confissão de Fé de Westminster (1643-1649)(Reformada), declara:

“Os que Deus aceitou em seu Bem-amado, os que ele chamou eficazmente e santificou pelo seu
Espírito, não podem decair do estado da graça, nem total, nem finalmente; mas, com toda a
certeza hão de perseverar nesse estado até o fim e serão eternamente salvos. Esta perseverança
dos santos não depende do livre arbítrio deles, mas da imutabilidade do decreto da eleição,
procedente do livre e imutável amor de Deus Pai, da eficácia do mérito e intercessão de Jesus
Cristo, da permanência do Espírito e da semente de Deus neles e da natureza do pacto da graça; de
todas estas coisas vêm a sua certeza e infalibilidade”(XVII:1-2).

11. A Confissão de Fé dos Valdenses (1655), declara:

“Cremos que esta Igreja não poder cair, nem ser aniquilada, mas deve permanecer para sempre, e
que todos os eleitos são sustentados e preservados pelo poder de Deus, de tal forma, que eles
irão perseverar até o fim, e permanecer unidos na Santa Igreja, tal como membros vivos
dela”(XXVI).

12. A Declaração de Fé e Ordem de Savoy (1658)(Congregacional), declara:

“Aqueles que Deus aceitou em seu Bem-amado, os que ele chamou eficazmente e santificou pelo
seu Espírito, não podem decair do estado da graça, nem total, nem finalmente; mas, com toda a
certeza hão de perseverar nesse estado até o fim e serão eternamente salvos. Esta perseverança
dos santos não depende do livre arbítrio deles, mas da imutabilidade do decreto da eleição,
procedente do livre e imutável amor de Deus Pai, da eficácia do mérito e intercessão de Jesus
Cristo, da permanência do Espírito e da semente de Deus neles e da natureza do pacto da graça; de
todas estas coisas vêm a sua certeza e infalibilidade”(XVII:1-2).

13. A Confissão de Fé Batista de 1689, declara:

“Os que Deus aceitou no Amado, aqueles que foram chamados eficazmente e santificados por seu
Espírito, e receberam a fé preciosa (que é dos seus eleitos), esses não podem decair totalmente
nem definitivamente do estado de graça. Antes, hão de perseverar até o fim e ser eternamente
salvos, tendo em vista que os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis, e Ele continuamente
gera e nutre neles a fé, o arrependimento, o amor, a alegria, a esperança e todas as graças que
conduzem à imortalidade. Ainda que muitas tormentas e dilúvios se levantem e se dêem contra
eles, jamais poderão desarraigá-los da pedra fundamental em que estão firmados, pela fé.

Não obstante, a visão perceptível da luz e do amor de Deus pode, para eles, cobrir-se de nuvens e
ficar obscurecida, por algum tempo, por causa da incredulidade e das tentações de Satanás.
Mesmo assim, Deus continua sendo o mesmo, e eles serão guardados pelo poder de Deus, com
toda certeza, até a salvação final, quando entrarão no gozo da possessão que lhes foi comprada;
pois eles estão gravadas nas palmas das mãos de seu Senhor, e os seus nomes estão escritos no
Livro da Vida, desde toda eternidade”(XVII:1-2).

14. A Confissão de Fé Metodista Calvinista de Gales(1823), declara:

“Aqueles a quem Deus aceitou no Amado, têm eficazmente chamado, e santificou pelo Seu
Espírito, não podem decair total e finalmente do estado de graça, mas certamente perseverarão
até o fim e serão salvos. Esta perseverança depende, não da própria vontade deles, mas da
imutabilidade do decreto de Deus, da eleição da graça, da força do amor do Pai, da suficiência da
propiciação de Cristo, da eficácia de sua intercessão, de sua união com Cristo, da habitação do
Espírito, da semente de Deus dentro deles, a segurança do pacto e a promessa do juramento de
Deus. Conclui-se que a perseverança deles é certa e infalível. É verdade que eles podem, levados
pela tentação de Satanás e do mundo, pela força da corrupção que ainda permanece dentro deles,
ou pela negligência aos meios de graça, cair nesses pecados, e, continuar neles, por um tempo, e
incorrer no desagrado de Deus, entristecendo o Espírito Santo, sendo privados de sua graça e
conforto, tendo seus corações endurecidos, e suas consciências feridas, e escandalizarem os
outros, dando ocasião para que os inimigos do Senhor blasfemem, e atraem juízos temporais sobre
si mesmos. Não obstante, eles serão guardados pelo poder de Deus através da fé para a salvação,
contudo, sua queda se tornará muito amarga para eles"(XXXIV).

15. A Confissão de Fé Batista de New Hampshire(1833), declara:

“Cremos que somente são crentes legítimos aqueles que perseveram até o fim; que sua ligação a
Cristo é o grande marca que os distingue dos que professam a fé superficialmente; que uma
Providência especial zela por seu bem-estar; e eles são guardados pelo poder de Deus através da fé
para a salvação”(XI).

16. A Mensagem e Fé Batista(Confissão de Fé da Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos)


(1925), declara:
“Todos os verdadeiros crentes permanecem até o fim. Aqueles a quem Deus aceitou em Cristo, e
santificou por seu Espírito, nunca cairão do estado de graça, mas perseverarão até o fim”(V).

17. A Confissão de Fé Congregacioal (Declaração de Fé da Aliança das Igrejas Evangélicas


Congregacionais do Brasil [2014]), declara:

“Cremos e confessamos que aqueles a aquém Deus aceitou em Seu Amado, eficazmente chamou e
santificou por Seu Espírito, não podem, nem totalmente, nem finalmente decair do estado da
graça. Eles, com toda a certeza, perseverarão nEle até ao fim e serão eternamente salvos”(XVIII:1)

(f)O Testemunho de Várias Igrejas

1. As Igrejas Reformadas

Em seu hinário “Salmos e Hinos”(2002), cantam:

“Em santidade por Cristo viver,


Vencendo o mundo e o pecado,
Nada, ninguém, nem a morte ou mal,
Afastam de Deus seus amados”(79:5).

2. Os Luteranos

O Dr. John T. Mueller(1885-1967), declara:

“Os que negam a imutabilidade da eleição, ensinando que os eleitos podem se perder, fazem da
predestinação mera presciência divina, que seria determinada ou condicionada pela conduta do
homem no tempo. Negam, assim, a doutrina escriturística da eleição in toto”(Dogmática Cristã,
p.552).

O ‘Hinário Evangélico Luterano”(1956), declara:

“Dos pecados libertado,


Salvo para sempre estou;
Sendo em Cristo perdoado,
Bem-aventurado sou"(169:6)

“Jamais serei arrebatado


Da forte mão do bom Pastor”(323:8)

“Deus nunca foi e nem será


Dos crentes separado,
Ampara os seus e lhes trará
À bênção, que há selado;
Com mãos maternas os conduz
No seu caminho, em pura luz”(299:5)
3.Os Presbiterianos

O Rev. Samuel Falcão (1904-1965), declara:

“Os que creem na predestinação são os únicos que podem estar certos de sua salvação.
Segundo esta doutrina, a salvação depende somente de Deus e, portanto, não pode falhar
nunca. De acordo com a doutrina arminiana, a salvação depende, em última instância, da vontade
da pessoa e, por isso, pode falhar a qualquer momento. O arminiano nunca estará certo de sua
salvação enquanto não entrar no céu, após a morte... Mas a doutrina da eleição inclui a
confortadora doutrina da perseverança dos santos, ou melhor, perseverança do Salvador.

“Ensina a Bíblia ser incerta a salvação do crente? Absolutamente não. João escreveu em sua 1ª
epístola para que soubéssemos que temos a vida eterna (1 Jo 5:13). Vida eterna não é uma coisa
que temos hoje e perdemos amanhã. Nesse caso seria vida transitória, jamais eterna. Jesus disse
que aquele que crê que ‘tem a vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte
para a vida’(Jo 5:24). Se tem essa vida eterna, que provém do próprio Deus, não pode mais morrer.
O crente nasceu de novo, e é impossível que uma pessoa assim nascida volte a ficar ‘por nascer’,
isto é, depois que se nasce é impossível retroceder ao estado antes do nascimento, estado de
inexistência”(Escolhidos em Cristo,. pp.202,203).

E no hinário presbiteriano “Novo Cântico”, lemos:

“E sempre me amarás, porque jamais inferno


Ou mundo poderão ao teu querer se opor,
Ao teu decreto, ó Deus, ao teu decreto eterno,
Ao teu amor, ó Pai, ao teu amor superno.
Meu Deus, que amor!
És sempre e todo amor! Amém”(88:4).

“Se vem Satanás nos amedrontar


E, astuto, quiser a fé nos roubar,
Não pode; é nossa e sempre será
A rica esperança: ‘Meu Deus proverá’(171:3).

“Meu, para sempre, ágora tu és;


Nunca, sim, Nunca te deixarei”(146:2).

“Pois que morreste em meu lugar!


Teu, sempre teu serei, Senhor”(262:2).

“Mui breve nós veremos Jesus do céu descer,


E sua Igreja inteira na glória receber”(175:7).

4. Os Anglicanos

Os ministros anglicanos Robert Jamieson [1802-1880], Andrew Robert Fausset[1821-1910], David


Brown[1803-1897], em seu “Comentário de João 10:29”, declaram:

“A impossibilidade de que se percam os verdadeiros crentes, em meio de todas as tentações que


encontrem, não consiste em sua fidelidade e decisão, senão no poder de Deus”.

5. Os Congregacionais

John Owen(1616-1683), em sua obra “Por Quem Cristo Morreu”, declara:

“E de fato, negamos que qualquer versículo sugira realmente que algum dos eleitos de Deus
possa perder-se”(p.88).

Os ‘congregacionais’ da UIECB, embora não sejam histórica e legitimamente congregacionais,


contudo, endossam a crença na perseverança dos santos, afirmando:

“O crente verdadeiramente convertido é salvo pela graça de Deus e jamais será alijado da
presença divina”(Ismael Silva Júnior, Notas Sobre a ‘Breve Exposição das Doutrinas Fundamentais
do Cristianismo’, p.81).

“As bênçãos da salvação não podem ser perdidas por aqueles a quem o Espírito um dia foi
dado”(Vanderli Carrero, Nossa Doutrina, p.149).

E o hinário da UIECB & AIECB – ‘Salmos e Hinos’, também apregoa a doutrina da perseverança dos
santos:

“Quão felizes são Teus servos


A quem deste redenção!
Dos pecados redimidos,
Nunca mais perecerão”(11:6).

“A Tua cruz, Jesus, me traz


Ao coração descanso e paz.
Com Deus ali eu me encontrei
E para sempre me salvei”(112:3).

“Por ódio, muitos aos que crêem


Desejam oprimir;
Porém de tudo os guardarás:
Não poderão cair”(28:4).

“Pois Jesus salvação para sempre nos dá!”(440:3).

6. Os Metodistas

a. George Whitefield(1714-1770), o pai do metodismo, em sua obra “Cristo: Sabedoria, justiça,


Santificação e Redenção do Crente”, declara:
“Esta é de fato uma corrente de ouro! E, o que é melhor de tudo, nenhum elo poderá ser separado
dos demais. Se não houvesse outro texto no livro de Deus, só este bastaria para provar a
perseverança final de todos os crentes verdadeiros, pois nunca Deus justificou um homem sem o
santificar, nem santificou alguém que não redimiu e glorificou completamente. Não. Quanto a
Deus, Seu caminho e Sua obra são perfeitos. Ele sempre continuou e terminou a obra que
começou... Os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento, e não posso pensar que
aqueles que negam a perseverança final dos santos têm noção clara da justiça de Cristo”(p.12).

b. John Wesley(1703-1791), có-fundador do metodismo, declara:

“O fruto imediato e constante dessa fé, pela qual somos nascidos de Deus, o fruto que de modo
algum pode separar-se dela, nem sequer por uma hora, é o domínio sobre o pecado: - domínio
sobre o pecado exterior de toda espécie, sobre toda palavra ou obra má; porque, onde quer que o
sangue de Cristo é aplicado, ‘purifica a consciência de obras mortas’; e sobre o pecado interior,
porque Ele purifica coração de todo desejo e inclinação profana”(Sermão ‘Os Sinais do Novo
Nascimento’)

“E, primeiro, perguntemos: Que é salvação? A salvação de que se fala aí não é aquilo que o mundo
frequentemente entende por essa palavra — a ida para o céu, a eterna felicidade. Não é a ida da
alma para o paraíso, chamado por nosso Senhor ‘o seio de Abraão’, Não é uma bênção que se
encontre do outro lado da morte, ou, como usualmente dizemos, no outro mundo. As próprias
palavras do texto tiram toda duvida a este respeito: ‘Vós sois salvos’. Não é alguma coisa remota: é
uma coisa presente; uma bênção de que, pela livre misericórdia de Deus, estais de posse agora
mesmo. Aquelas palavra podem até ser traduzidas, com igual propriedade, desta maneira: ‘Vós
tendes sido salvos’, de modo que a salvação de que se trata aí pode estender-se a toda a obra de
Deus, desde o primeiro toque da graça na alma até sua consumação na glória”(O meio bíblico de
salvação).

“Aquele que é justificado ou perdoado, Deus ‘não imputa pecado’ para a sua condenação. Ele não
o condenará por isso quer neste mundo quer no vindouro. Todos os seus pecados passados, por
pensamentos, palavras e obras, são cobertos, são apagados, não serão mencionados ou
lembrados contra ele, são como se não tivessem existido. Deus não aflige àquele pecador o que
ele merecia sofrer porque o Filho do seu amor sofreu por ele. E desde a hora em que ‘somos
aceitos através do bem-amado, reconciliados com Deus através de seu sangue, Ele nos ama,
abençoa e guarda para o bem como se nunca tivéssemos pecado’”(Sermão ‘Justificação pela fé’, II,
1-III, 2).

“Deus regozija-se da prosperidade de seus servos; Ele não tem prazer em afligir os filhos dos
homens’. A sua vontade invariável é a nossa santificação acrescentada de ‘paz e alegria no Espírito
Santo’. Estes são seus dons gratuitos, e estamos certos de que Ele não se arrepende de nos
conceder os seus dons. Ele nunca se arrepende daquilo que deu e nunca deseja tornar a tirar de
nós aquilo que concedeu. Ele, portanto, nunca nos deixa, como alguns dizem, somos nós que o
deixamos”( Sermão ‘O estado de solidão’, II, 1).
“Aquele que, depois de justificá-los, começou a santificá-los, continuará esta obra até que
culmine na glória”(Nota Sobre Filipenses 1:6).

“Quão poderosa é a graça de Deus! Ainda estando no mundo, rodeados pelo pecado e das
múltiplas armadilhas de Satanás, e apesar da incrível fraqueza e degradação de nossa natureza. A
graça de Deus vence todos os obstáculos, nos santifica, nos sustenta e nos guarda até o fim”(Nota
Sobre Atos 15:40)

“Assim que, se eu vos libertar: participarão do mesmo privilégio, libertados da culpa e do pecado,
morarão na casa de Deus para sempre”(Nota Sobre João 8:36).

“Recebemos a esta criança no rebanho de Cristo e o sinalamos com a marca da cruz de que daqui
por diante não se envergonhará de confessar a fé do Cristo crucificado e que lutará valentemente
sob sua bandeira contra o pecado, o mundo, e o diabo e que será fiel soldado e servo de Cristo
até o fim de sua vida”(O Serviço Dominical Metodista [1784], Obras de Wesley, Tomo IX, p.136).

c. Charles Wesley(1707-1788), também compartilhava dessa ideia de seu irmão, ao afirmar que os
cristãos estão salvos para sempre:

“Suas preces entoai,


Por tão sublime amor,
Que dá completa salvação,
Para sempre ao pecador”(Hino ‘Ainda Vivemos Hoje, 4ª estrofe).

Charles Wesley, também endossava a mesma idéia de seu irmão, no sentido de que cria que os
cristãos estão para sempre guardados em Cristo. Em seu hino nº 19(“Vem, Santo Espírito de Deus’;
4ª estrofe), dizia:

“O testemunho dá-nos já,


Que Somos do Senhor,
Que Cristo para sempre,
Nos guardará em seu amor”.

d. Adam Clark(1762-1832), metodista arminiano, em seu “Comentário de Romanos 8:39’, declara:

“Os verdadeiros seguidores de Cristo jamais poderão ser renegados por Ele”.

E o hinário metodista – ‘Hinário Evangélico’, também apregoa a perseverança dos santos:

“Eu bem sei que para sempre


Em minha alma reinarás!”(252:5).

“És tu, meu Deus e meu irmão e amigo,


És sempre meu; a ti desejo amar”(280:1).

“Confiado em Sua morte, jamais perecerei!”(340:1).


“Que aflito, em ansiedade,
Ou exposto à tentação,
Oh! Vencer-me o mal não há de,
Pois me guarda a tua mão!”(361:2)

“Apressa o dia alegre,


Completa os teus fiéis,
E então das nuvens desce oh!
Santo Rei dos Reis!”(56:3)

“Quem dos meus braços pode arrancar-te?


Seguro sempre te guardarei”(362:3).

Nestes hinos, os metodistas reconhecem que o cristão perseverará até o fim, e que esta
perseverança do cristão depende exclusivamente de Deus, como também reconhece o hinário
metodista:

“Mantenha-nos de pé,
Por seu imenso amor.
E nos conserve a fé.
Em Cristo, o Salvador”(135:2).

“Ó Jesus, és todo meu;


Eu também, sou todo seu;
Dá-me a graça e dá poder.
De ser teu até morrer”(289:1).

“Tua vontade
Faze, ó meu Pai!
Por ela o crente
Vive e não cai”(295:1).

“Vem soberano amor, Jesus,


Vencer-me o coração!
Assim meus pés de tua luz.
Jamais se afastarão”(295:1).

E na “Liturgia Para Ofício Fúnebre de Adultos”, da Igreja Metodista do Brasil, lemos:

“Agradecemos-te porque, durante a sua vida, Tu manifestaste de tua bondade para com ele(ela).
Bendizemos-te por tua graça que acendeu em seu coração o amor de teu nome, que o(a)
capacitou a combater o bom combate, a resistir até o fim e a se tornar mais do que um
vencedor(a) por meio daquele que nos amou”(Hinário Evangélico Com Ritual, p.112).

7. A Igreja do Nazareno
Em seu hinário “Louvor e Adoração”, esta igreja canta:

“Peregrinando pelas montanhas,


Dentro dos vales, sempre na luz!
Cristo promete nunca deixar-me;
'Eis-me convosco', disse Jesus"(333:1)

"A tão bondoso Rei.


Servo leal eu hei de ser,
Por toda a vida até morrer,
Até morrer vou pertencer a Jesus”(360:3)

"Oh, eu já tenho plena fé, que não me falhará;


O amor de Deus, quão puro é, em paz me guardará”(381:4)

"A celeste luz, santa luz de Deus


Salvo e guardado sou por meu Jesus
No caminho para os Céus.”(386:1)

"Para remir-te, dei o Meu sangue,


Pelo teu nome já te chamei;
Meu para sempre, tu és agora,
Nunca, sim, nunca te deixarei"(400:3)

"Comigo irá e vai sempre guardar-me


Contra os perigos que defrontarei.
Quer ajudar-me na minha jornada
Como bom Guia, Senhor e meu Rei

Comigo irá quando há luz no caminho,


Quando no vale também eu me achar.
Em vida ou morte não teme minha alma,
Pois o Senhor nunca há de me deixar”(444:3,4)

"Meu Senhor me guia sempre,


Ensinando-me a viver,
Concedendo graça e força
Para mais na fé crescer.
Perecer jamais receio,
Pois, quem pode arrebatar
Do Pastor qualquer ovelha
Que Ele sabe e quer guardar?
Do Pastor qualquer ovelha
Que Ele sabe e quer guardar?”(438:2)
8. Os Batistas

Roger Williams(1603-1684), “o fundador da Primeira Igreja Batista na América do Norte”(Justo


Anderson, Historia de Los Bautistas, Tomo I, p.79), declara:

“Assim, independente do que seja a infecção da alma que tenha sido expelida pelos lábios
mentirosos de um fariseu sem esperança, os eleitos, os escolhidos estão a salvo, e nenhum deles
perecerá. As ovelhas do Senhor estão seguras em sua mão e conselhos eternos, e Aquele que
conhece as estrelas do céu também conhece o seu número, e chama a cada um pelo nome.
Ninguém cai do barranco por seguir o fariseu cego, senão aqueles que foram determinados para
essa concepção, tanto o guia quanto o seguidor”(Os Batistas e a Doutrina da Eleição, p.24).

Os batistas brasileiros, nesse ponto, subscrevem as mesmas crenças do pai dos batistas norte-
americanos, visto que a “Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira”(1985), declara:

“A salvação do crente é eterna. Os salvos perseveram em Cristo e estão guardados pelo poder de
Deus. Nenhuma força ou circunstância tem poder para separar o crente do amor de Deus em
Cristo Jesus. O novo nascimento, o perdão, a justificação, a adoção como filhos de Deus, a eleição
e o dom do Espírito Santo asseguram aos salvos a permanência na graça da salvação”(VI).

E até o hinário da CBB – ‘Cantor Cristão” – apregoa a doutrina da perseverança dos santos:

“Sim, Cristo vos salva de toda maldade,


Vos livra dos vícios, da carne e do mal,
Vos tira das trevas, vos dá liberdade;
E salva pra sempre! que amor sem igual!”(120:3).

“Tudo o que sou, Senhor, eu te votarei;


Do mundo vil e mau nunca mais serei”(305:4).

“Perecer jamais eu posso”(356:2).

“Salvo pra sempre eu agora já sou,


Jesus com seu sangue minha alma lavou”(372:4).

“Vou gozar da companhia dos fiéis em luz,


Salvos para sempre pela fé em meu Jesus;
Foram, sim, morar no céu com seu bendito Rei”(511:3).

9. Os Pentecostais (Assembleia de Deus)

A posição oficial das Assembleias de Deus é: “É possível perder a salvação”(Mensageiro da Paz,


Janeiro de 1999,p.7). Contudo, apesar de rejeitarem esta doutrina bíblica reformada, não
conseguiram sequer extirpá-la de seu próprio hinário – a ‘Harpa Cristã’ -, que canta-a diversas
vezes:
“Toda a Igreja, seus mensageiros,
Reunidos, vinde suplicar
Dons celestes, pois sois herdeiros
De Deus, e com Jesus co-herdeiros
Da glória que jamais vai findar”(71:2)

“Jesus está comigo, é meu Consolador;


Ele jamais me deixa, pois sempre me conduz”(79:1).

“E agora, do céu, a certeza me deu,


Entrando no meu coração
Seu Espírito, o selo e penhor concedeu,
Vindo Ele ao meu coração”(111:3).

“Oh! que grande festa nos é concedida,


Com a mesa posta, espera o Senhor,
A todos inscritos no livro da vida,
E que já da morte não têm mais temor;
De todos os que foram por Cristo comprados,
O lindo cortejo composto será;
E Deus, que há dado o Seu filho amado,
Com Cristo na glória, os consolará”(142:4).

“No mundo não tenho mais prazer,


Purificado estou,
Nunca jamais hei de perecer”(146:2)

“Nada dEle me separa;


Bendirei Jesus”(148:2).

“Me guardarás por Teu amor,


Fiel até à morte”(229:3).

“No céu vou ver o Cordeiro,


Que por mim quis expirar,
Pendurado no madeiro, aleluia!
Que me fez também herdeiro
Do que nunca vai murchar,
Da glória que no céu eu vou gozar!”(242:2).

“Vem a Cristo, sem tardar,


Com Seus dons te quer fartar,
Com riquezas que jamais se perderão”(281:3).

“Ó Senhor, me purifica,
Tira o mal que está em mim,
A minha alma santifica,
E me guarda até o fim”(290:3).

“Só em Cristo encontrarás descanso,


Que ninguém aqui, jamais irá tirar”(246:3).

“Pra escravidão do Egito jamais eu voltarei”(316:3).

“O sangue do Cordeiro garante salvação”(334:2).

“Ninguém me poderá tirar


A paz que frui o coração”(398:2).

“Tenho gozo mui superno


Pelo sangue que verteu,
Nem o mundo, nem o inferno,
Tiram a vida que me deu”(419:4).

“Jesus pra sempre me salvou!”(424)

“Plena graça para me salvar


Sangue puro para me Iavar,
E poder pra sempre me guardar,
Tem meu Senhor”(464).

“Que outro bem ansioso buscarei?


Bem melhor, que Jesus não acharei;
NEle só para sempre, hei de estar,
E de coração O amar”(473:1).

“Pela obra redentora de Jesus que me salvou.


Viverei eternamente pra gozar o Seu amor”(500:3).

“Sim, todo aquele que renascer


Tem o penhor da glória!”(522:4).

“Coisas vãs aqui nunca mais amarei”(539:1).

“O meu coração goza calma


Que não poderá findar”(578:3).

“Mas sempre por Cristo mantida,


Minha alma bonança há de ter”(582:3).

Interessantemente, que não só o hinário das Assembleias de Deus reconhece a biblicidade da


perseverança dos santos. Por exemplo, Paulo Romeiro, um dos ministros das AD, em sua obra
“Desmascarando as Seitas”, em sua refutação ao adventismo, afirma que uma vez removida a
maldição pelo sangue de Cristo, esta não pode mais retornar sobre a pessoa:

“Logo, colocar os pecados sobre o bode Azazel significa afastá-los. Uma vez que a morte. Uma vez
que a morte do primeiro bode efetuou plena redenção de pecados (nisto representando Cristo), a
maldição a eles devida foi removida, afastada e isso de modo a não mais retornar”(p.17).

Outra coisa mostra que o cristão não pode jamais perder a salvação, é a obra da santificação
operada pelo Espírito Santo. O teólogo arminiano pentecostal Timothy P. Jenney mostra que,
através desta obra os cristãos “estão livres de condenação e da culpa... tem um penhor (o
Espírito Santo) da sua herança futura no Senhor”(Teologia Sistemática, Uma Perspectiva
Pentecostal, p.426). Outro teólogo arminiano pentecostal, Mark D. McLean, afirma que “o Espírito
Santo é o penhor que garante nossa futura herança em Cristo”(Ibidem, p.401). Na realidade, a
rigor do que dizem as confissões de fé reformadas, outro teólogo arminiano das Assembleias de
Deus, Geziel Gomes, reconhece que o novo nascimento garante a vida eterna do cristão, tornando
impossível que este seja objeto da morte eterna:

“A segunda morte não terá domínio sobre tal pessoa, porquanto já ressuscitou com Cristo,
mediante a operação miraculosa, sobrenatural do novo nascimento”(Lições Bíblicas, 2º Trimestre
de 1990, p.220).

Em outro lugar, ele afirma:

“A Igreja é edificada por Jesus; é por Ele guiada, guardada e assistida até a consumação dos
séculos”(Ibidem, p.38).

“O sangue do Cordeiro, que nos redime, nos purifica de todo o pecado; garante-nos a entrada na
cidade celestial”(Ibidem, p.48)

Raimundo F. de Oliveira, outro ministro das Assembleias de Deus, declara:

“A Igreja foi fundada por Jesus; jamais será vencida; é guardada pelo Senhor”(Seitas e Heresias,
Um Sinal dos Tempos, p.65).

“A Igreja é vitoriosa sobre o inferno pelo poder de Deus”(Ibidem, p.115).

Pense comigo... Se o inferno consegue arrebatar um integrante do corpo de Cristo, como pode o
corpo de Cristo ser vencedor sobre o inferno, estando uma parte dele lá dentro? Em Ef 5:27,
lemos:

“... como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela. Para a santificar,
purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, Para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa,
sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível”(Ef 5:25-27).

A palavra grega que é traduzida por “ruga” é a palavra σπίλον (spilon), que de acordo com Edward
Robinson, significa “defeito”(Léxico Grego do Novo Testamento, p.846). Assim, quando Paulo usa
esta palavra grega, está dizendo que a noiva de Cristo será apresentada diante dele sem nenhum
defeito. Agora pense comigo... se é possível que um membro do corpo de Cristo perder a salvação
e ser retirado para sempre deste corpo e ser lançado no inferno, neste caso, então, no corpo de
Cristo, isto é, na sua noiva, estará faltando uma parte dela, um membro da mesma, estando a
mesma, portanto, com um defeito. Isto contraria as Escrituras, que apresentam a noiva de Cristo,
como estando sem nenhum defeito:

“Tu és toda formosa, meu amor, e em ti não há mancha”(Ct 4:7).

A palavra hebraica que é traduzida aqui por “mancha” é a palavra ‫( מאּום‬ū·mūm) que, de acordo
com “A Hebrew and English Lexicon of the Old Testament”(1906), de Francis Brown, S. R. Driver e
C. A. Briggs, significa “defeito”(p.548). Neste caso, em Ct 4:7, nosso Senhor diz profeticamente,
que sua noiva virá para Ele toda inteira e completa, sem nenhum defeito. Uma mulher, uma noiva,
com uma parte do corpo em falta, pode ser “toda formosa” e “sem defeito”? A “noiva” que os
arminianos oferecem a nosso Senhor, é uma noiva com defeitos, com várias partes de seu corpo
em falta!!!

Na realidade, cremos que o cristão vai perseverar até o fim, embora esta perseverança não seja um
produto de seus esforços, mas um ato soberano de Deus, ao mesmo tempo que cremos, que,
ninguém, exceto um verdadeiro filho de Deus, pode perseverar até o fim. Estas coisas são
reconhecidas até pelos teólogos arminianos pentecostais, como por exemplo, Claudionor Correa
de Andrade, que diz:

“Perseverança – Capacitação que o crente recebe, através do Espírito Santo, para permanecer fiel
até a vinda de Cristo Jesus... Perseverança, por conseguinte, é a virtude varonil que só o filho de
Deus pode ter”(Dicionário Teológico, Edição de 1996, p.204).

Os primitivos pioneiros das Assembleias de Deus também compartilhavam da opinião de


Claudionor Correa de Andrade. Por exemplo, Daniel Berg, fundador das AD, declara:

“Ele (Deus) vem ao nosso encontro e conhece as nossas fraquezas, pois não conseguimos nada
com as nossas próprias forças. Toda a nossa luta seria em vão se não tivéssemos a sua
misericórdia, que purifica os nossos pecados, e cria em nós um coração limpo. Ele assume tudo,
quando não temos mais forças para continuar”(Daniel Berg, Enviado por Deus, p.232).

Nils Kastberg, um dos missionários das AD, na América do Sul, esteve presente durante a
cerimônia fúnebre de Gunnar Vinbgren, em 1933, e, falando sobre o seu líder, alude a total certeza
que na segunda vinda de Cristo”:

“Paz sobre a memória de Gunnar Vingren! Pela graça de Deus o encontraremos quando os sinos
celestes nos derem as boas vindas ao entrarmos na sala nupcial para as bodas do Cordeiro”(Diário
do Pioneiro Gunnar Vingren, p.247).

Regina Haleption Antunes, uma das primitivas ovelhas de Daniel Berg, também reconhecia que a
perseverança na fé, não era um produto dos esforços do cristão, antes algo proveniente da graça
de Deus:

“Passados pouco mais do que cinco meses, no dia primeiro de setembro de 1929, tive a felicidade
de descer às águas, estar aos pés de Jesus, onde tenho permanecido até o dia de hoje, pela graça
e misericórdia do Senhor”(Daniel Berg, Enviado por Deus, p.254).

O grande problema para os arminianos pentecostais é que, com sua negação da perseverança final,
em seu dogma da “perda da salvação”, eles negam automaticamente a doutrina da justificação,
pois blasfemamente admitem que alguém declarado por Deus(mediante a morte de Cristo) como
inocente, isto é, “inculpável”(Cl 1:22), pode ser ainda condenado. O teólogo arminiano
pentecostal, Kerry D. McRoberts afirma que ser declarado justificado por Deus é ser declarado
“sem culpas diante de Deus”(Teologia Sistemática, Uma Perspectiva Pentecostal, p.180). Como
uma pessoa sem culpas, ainda pode ser condenada?

Outro absurdo da posição arminiana pentecostal é que seu dogma da perda da salvação é também
contrário a doutrina da regeneração, visto que a Bíblia diz que nenhum regenerado pode ser
derrotado por esse mundo(1 Jo 5:4), nem pode ser escravizado pelo pecado(1 Jo 5:18). Defender
este falso dogma arminiano, implicaria em admitir o absurdo de que, se um cristão se desvia,
perdendo a salvação, perde automaticamente o Espírito Santo. Por outro lado, caso esse cristão
volte ao caminho do Senhor, volta a ser salvo de novo, recebendo novamente o Espírito Santo.
Onde a Bíblia mostra o Espírito Santo sendo derramado mais de uma vez sobre um cristão? As
Escrituras mostram que o Espírito Santo é derramado sobre um cristão uma única vez e para
sempre(Jo 14:16; Ef 4:30). Paulo Romeiro, ministro das Assembleias de Deus, afirma que “O
Consolador... veio depois que Cristo foi glorificado, e permanece conosco para
sempre”(Desmascarando as Seitas, p.205).

Outro absurdo desta posição arminiana pentecostal da perda da salvação, é que este dogma é
contrário a doutrina da adoção. Visto que no exato momento de nossa regeneração, através do
Espírito Santo, somos adotados como filhos de Deus(Gl 4:5-7; Rm 8:15), reconhecidos como
irmãos adotivos de Jesus(Hb 2:11,12). Dizer que um cristão perde a salvação, é dizer que ele deixa
de ser filho de Deus e irmão de Jesus. Desde quando existe ex-pai, ex-filho e ex-irmão? Você
conhece algum caso deste tipo em alguma esfera da vida? Ser pai, filho ou irmão, diz respeito a
natureza, não a uma mera posição. A natureza não pode deixar de ser o que ela é. Existe sim, ex-
marido, ex-mulher, ex-presidente, visto que são posições ocupadas na vida. Mas, jamais existirá um
ex-filho, ex-pai ou ex-irmão. Por isso, quando um cristão se desvia, ainda continua sendo um filho
de Deus, embora pródigo, como reconhece o próprio fundador das AD, Gunnar Vingren:

“Porém, com doze anos de idade, desviei-me do Senhor e tornei-me um filho pródigo”(Diário do
Pioneiro Gunnar Vingren, p.19).

Exegeticamente falando, o dogma arminiano da perda da salvação não tem a mínima condição de
ser sustentado. Em Jo 5:24, lemos:

“Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou,
tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida”.

A palavra grega traduzida aqui por “eterna” é a palavra αἰώνιος (aiōnion), que segundo Edward
Robinson, significa “de duração infinita, eterna, perpétuo, para sempre”(Léxico Grego do Novo
Testamento, p.27). Segundo J. H. Thayer, αἰώνιος significa “sem fim, que nunca cessa,
eterno”(Greek English Lexicon of New Testament, p.20). Esta palavra grega é usada para descrever
a eternidade de Deus(Rm 16:26) e do Espírito Santo(Hb 9:14), bem como a eternidade do
tormento dos ímpios(Mt 25:41,46). Ora, se esta palavra se aplica literalmente a eternidade de
Deus, do Espírito Santo e do tormento dos ímpios, indicando algo que jamais pode ter fim ou
acabar, por que não se aplicaria nestes mesmos termos à salvação do cristão, como algo que, sob
hipótese alguma, poderia ter fim? Mesmo os teólogos arminianos das AD, reconhecem isso, visto
que Paulo Romeiro escreve:

“A palavra grega aionios é empregada para (a)eternidade de Deus – Deus eterno(Rm 16:26);
(b)Espírito Eterno(Hb 9:14); (c)vida eterna dos salvos(Jo 3:16); (d)castigo eterno dos ímpios(Mt
25:46; 2 Ts 1:7-9; Ap 14:10-12)... (Jesus)falou claramente, em Mt 25:41-46, afirmando que a vida
eterna dos justos tem duração igual ao castigo eterno dos injustos. Há outras referências onde
Jesus emprega palavras que indicam duração sem fim do castigo reservado aos
ímpios”(Desmascarando as Seitas, pp.367-368, p.195).

Stanley Horton, ministro arminiano pentecostal, aludindo a esta palavra, diz:

“Alguns entendem que ‘eterno’ significa ‘duração de uma era’, porém no Novo Testamento o
termo significa ‘sem fim’. A mesma palavra descreve a vida eterna (Mt 25:46; Jo 3:16) e ‘o Deus
eterno’(Rm 16:26)”(Teologia Sistemática, Uma Perspectiva Pentecostal, p.781).

O mesmo ministro arminiano nega qualquer possibilidade de um cristão perder a salvação, desde
que ensina a impossibilidade de um cristão ser enganado pelos ministros de Satã:

“Nenhuma pessoa salva será enganada pelo Anticristo”(Ibidem, p.779).

Nesse sentido, faz-se mister citarmos as palavras de um outro erudito das Assembleias de Deus, o
Pr. Raimundo Ferreira de Oliveira, que declara:

“A salvação do crente é perfeita e imediata”(Seitas e Heresias, Um Sinal dos Tempos, p.77).

Neste sentido, chamam-nos a atenção as palavras “perfeita” e “imediata”, no tocante a salvação.


Veja as definições do “Dicionário Aurélio Escolar da Língua Portuguesa”(1988) sobre os termos
“perfeito” e “perfeição”:

“Perfeição – O conjunto de todas as qualidades; a ausência de quaisquer defeitos. O máximo de


excelência a que uma coisa pode chegar... Execução sem falhas... Precisão”.

“Perfeito – incomparável, único, sem-par... Sem defeito... que não deixa margem a dúvidas...
completo, total, acabado.... Ótimo, excelente... Que corresponde precisamente a um conceito ou
padrão ideal”.
Com base nestas definições, se a salvação do crente é perfeita, então somos obrigados a
reconhecer que ela é infalível (isto é, nunca pode falhar); é única (isto é, uma experiência que
ocorre uma única vez em nossa vida, contrariando o ensino das AD, que afirma que o crente que se
desvia, perde a salvação, mas que se voltando ao caminho do Senhor, é novamente salvo); é algo
certo (que não deixa espaço para dúvida ou incerteza, o que indica a certeza da salvação); é algo
completo e terminado (o que indica que não há nada que o cristão possa fazer para termina-la,
pois tudo já foi feito por Cristo na cruz do Calvário e pelo Espirito em nosso coração).

E quanto ao termo “imediata”, usado também concernente a salvação do cristão? O “Dicionário


Aurélio Escolar da Língua Portuguesa” reza-o assim:

“Que não tem nada de permeio; próximo, rápido, instantâneo”.

Com base nestas definições, se a salvação do crente é imediata, então somos obrigados a
reconhecer que ela não é algo que se espera ainda para o futuro, isto é, o cristão já é
definitivamente salvo da condenação do pecado desde o dia e a hora em que creu em Cristo. O
cristão é irreversivelmente livre da condenação do pecado, no exato momento de sua regeneração.
Isto é, como disse o próprio Jesus, no exato momento em que o pecador crê nEle, ele “tem (não
“terá”) a vida eterna e não entrará em condenação, mas “passou (não ‘passará’) da morte para a
vida”. Isto é instantâneo. E é por isso que a salvação do cristão já é uma obra definitiva, pois
quando o Aurélio traduz a palavra “imediata” por “que não tem nada de permeio”, está
simplesmente falando de algo que não é feito pela metade, pois o termo “permeio”, de acordo
com o próprio Aurélio, significa “no meio” – isto é, pela metade. Ou seja, quando o Senhor nos
salva, Ele não o fez pela metade, mas total e completamente, o que indica que, quando os
benefícios de sua salvação são aplicados em nós “não deixam nada a ser completado por nós. É
uma obra definitiva, não poderá ser repetida. Uma obra incomparável, que jamais será imitada
ou compartilhada por alguém”(Daniel B. Pecota; Teologia Sistemática, Uma Perspectiva
Pentecostal, p.358). A declaração deste teólogo arminiano pentecostal, demonstra não só que, não
temos nenhuma participação ativa na obra da salvação, bem como esta obra não pode jamais ser
repetida em um mesmo indivíduo (o que contraria a posição arminiana, no sentido de que o
cristão que se desvia, e perde a salvação, voltando novamente para o caminho do Senhor, volta a
ser salvo novamente), além de ser uma obra total e completa. A obra da salvação, em seu início,
meio e fim, é uma obra exclusivamente de origem divina, sem qualquer participação humana.

10. Os Neo-Pentecostais(IURD)

A IURD, na palavra de seu líder maior, Edir Macedo, nega abertamente a doutrina da perseverança
dos santos:

“Isto significa que é possível perder a salvação”(Estudos do Apocalípse, Volume I, p.115).

Apesar da IURD, sob a palavra do bispo Macedo, ser manifestadamente contrária a perseverança
dos santos, contudo, não conseguiram extirpar a doutrina de seu hinário. No hinário da seita –
“Louvores do Reino”, lemos:

“Em Cristo sempre espero,


E nunca o posso deixar”(97:3).

“Eu sei que apesar das tentações,


E até mesmo provações,
Jamais sou vencido”(109:1).

Eu sei que posso passar muitas provações,


Mas nada me fará deixar der crer em Ti”(137:1).

Posteriormente, contradizendo seu próprio ensino, o bispo Macedo chega a reconhecer que o
cristão jamais perderá a salvação:

“E você, amigo leitor, tem essa certeza de que seu nome está no Livro da Vida? Se você, amigo
leitor, tem certeza disso, então há uma alegria natural tão grande no seu coração que nada e
ninguém é capaz de roubá-la”(Estudo do Apocalipse, volume 4, p.127).

“A fé não é emoção, mas certeza! É uma convicção tal, que é impossível removê-la do coração. A
fé é como a luz, e a dúvida como as trevas. Se as trevas vêm com ímpeto contra a luz,
imediatamente são dissolvidas por ela. A fé não se importa quando se vem as dúvidas, as
tribulações, as perseguições, as ameaças ou qualquer outro dardo inflamado do maligno, porque
ela vem de Deus!

“Deus é a fonte da fé viva! O Senhor Jesus é o Autor e Consumador da fé... Por isso,
absolutamente nada é capaz de vencer a verdadeira fé! Muito pelo contrário, pois sendo ela o
poder de Deus, então vence e ainda se mantém inabalável! Somente aqueles que nasceram de
Deus possuem este poder... O Espírito Santo veio para ficar com os seguidores do Senhor Jesus
para sempre”(Os Mistérios da Fé, pp.13,14,29).

Em outro lugar, ele afirma que somente aqueles que realmente nasceram de novo, é que
perseverarão:

“O que significa dizer que todo filho de Deus tem que entrar no reino de Deus, através der muitas
tribulações. Aliás, são eles que fazem separar àqueles que são de Deus, daqueles que não são.
Pois os nascidos de Deus vencem todas as tribulações, mas os que não são nascidos de Deus,
não... A verdade é que somente o nascido de Deus é perseverante! Os fracos desanimam, os
covardes fogem, e somente aqueles que tiveram mesmo um encontro pessoal com o Senhor
Jesus, são os que perseveram e prevalecem”(Estudo do Apocalipse, Volume 4, pp.29,31).

Por fim, o bispo Macedo afirma que apenas os que não foram regenerados é que serão enganados
por Satanás:

“A camuflagem religiosa que o diabo usou através do império religioso babilônico para iludir e
ajuntar os povos deu certo. Com isso, facilitou a manifestação do anticristo. Inicialmente, ele usou
a farsa religiosa, o ecumenismo, para capitalizar todos os religiosos do mundo. E é claro, a partir da
proposta de união das religiões, sob o pretexto de todos hastearem uma só bandeira, a bandeira
da paz entre os homens, colocaria toda a humanidade no mesmo plano, exceto aqueles que
realmente nasceram de Deus”(Estudo do Apocalipse, Volume 4, p.30).

Ao que tudo indica, os membros da IURD não estão no rol dos seguidores do Senhor Jesus, nem do
rol dos nascidos de novo, nem daqueles que tem a verdadeira fé, visto que segundo a seita, o
resultado daqueles que deixam a IURD, é “a perda da salvação”(Folha Universal, nº 698, 1B)

Capítulo 13 – Respondendo a Calúnia Arminiana Pentecostal Contra Arminio

William W, Menzies e Stanley M. Horton, ministros das Assembléias de Deus, declaram falsamente
sobre Armínio:

“Arminianos – Seguidores de Tiago Armínio (1560-1609), o qual ensinava haver Deus escolhido
salvar todos quanto cressem em Cristo. Eis outros de seus ensinos: é possível ao homem resistir a
graça divina, e é possível aos verdadeiros crentes caírem e perderem a sua salvação”(Doutrinas
Bíblicas, Uma Perspectiva Pentecostal, p.199).
Sem comprovarem suas afirmações com uma única declaração de Armínio, os dois ministros das
AD atribuem o falso dogma da “perda da salvação” ao mesmo. Todavia, o próprio Armínio
desmente-os, em sua “Declaração de Sentimentos V”, afirmando:

“Meus sentimentos a respeito da perseverança dos santos são que: aqueles que tem têm sido
enxertados em Cristo pela fé, e tem, dessa forma, sido feitos participantes do seu dom de vida pelo
Espírito, possuem poderes espirituais suficientes para lutar contra Satanás, o pecado, o mundo e
sua própria carne, e obtêm vitória sobre estes inimigos. Contudo, não sem a assistência da graça
do Espírito Santo. Jesus Cristo também, pelo seu Espírito, os auxilia em todas as tentações e lhes
dá prontamente a sua mão; e providencia para que eles mantenham-se preparados para a peleja,
implorando a sua ajuda... Cristo preserva-os da queda... Assim não é possível que eles, por
nenhuma das dissimulações ou poderes de Satã, sejam tragados das mãos de Cristo, de acordo
com esta máxima - Jo 10.28: ‘Ninguém as arrebatará da minha mão'... Não obstante aqui eu
afirmo que nunca ensinei que um verdadeiro crente possa total ou finalmente cair da fé e
perecer ...”

Os eruditos metodistas arminianos John McClintock e James Strong afirmam que esse ensino de
Armínio foi mais tarde modificado por seus seguidores (os remonstrantes), após a sua morte:

“Esta proposição foi modificada pelos seguidores de Armínio para defender a possibilidade de
queda da graça”(Cyclopedia of Biblical, Theological, and Ecclesiastical Literature, Volume I, p.415).

Assim, sempre que os arminianos creditam o dogma da ‘perda da salvação’ à Armínoo, tornam-se
violadores do 9º mandamento!(Ex 20:16)

Capítulo 14 – Desmascarando Calúnias Históricas Contra Calvino

(a)A falsa carta atribuída a Calvino

Sempre, como é de praxe entre os seguidores de Armínio e dos Remonstrantes, na total ausência
de argumentos bíblicos, se utilizam da maior falsificação histórica, que se trata da falsa carta
atribuída a Calvino:

“Honra, glória, e riquezas será a recompensa de suas dores: mas acima de tudo, não deixe de livrar
o país daqueles zelosos patifes que incitam o povo para se revoltar contra nós. Tais monstros
devem ser exterminados, como exterminei Michael Servetus o espanhol. Carta de Calvino ao
marquês de Poet, citado em Voltaire, The Works of Voltaire [Nova York: E. R. DuMont, 1901), vol. 4,
p. 89. Robert Robinson faz referência a isto, Ecclesiastical Researches (Gallatin: Church History
Research & Archives, 1984], p. 348, e Benedict, History, vol. 1, p. 186).

Quanto a esta obra apócrifa, o próprio irmão de Calvino, Antônio, que era seu secretário, a
desqualificou como falsa, por sequer possuir a letra de seu irmão. É uma fraude totalmente
desmascarada.

Ela é tão falsa, que chega a ser gritante a sua ilegitimidade, ate porque, Calvino sequer era
magistrado de Genebra, mas um simples pastor de Igreja.

Quem é Voltaire? Um ímpio e anticristão. Voltaire teria dito: “Dentro de 100 anos, a Bíblia e o
Cristianismo serão varridos da existência e passarão à história".

Os demais (Robinson e Benedict) não passam de papagaios do ateu Voltaire.

É lógico que é uma calúnia, pois se trata de uma obra apócrifa. Existe, como obra apócrifa, como
afirmava o irmão de Calvino, Antônio!

Julles Bonneth, em sua obra “Letters of John Calvin: Compiled from the Original Manuscripts and
Edited with Historical Notes, Volume 4”(1858), comenta sobre essa fraude histórica. Segundo
Bonnet , esta alegada carta só foi, com esse conteúdo apócrifo, publicada em 1750, quase
duzentos anos depois da morte de Calvino(p.436). Em segundo lugar, Bonnet afirma que tal obra
estava sob o poder dos jesuítas, particularmente de “um jesuíta com capacidade de muito gosto
por histórias literárias”(p.436), conforme descrito no “JVouveaux Memoires do Abade " ..
d'Artigny, vol iii pp 313-316”(p.436), o que infere a suspeita de que aquele conteúdo seria obra
desse jesuíta. Segundo Bonnet, aquilo posto sorrateiramente nesta carta apócrifa, representava
“o rancor do espírito filosófico do século XVIII, contra o espírito religioso do XVI”(p.436), e
conclui:

“É a mesma tática que mostra escritores católicos romanos invariavelmente citando uma suposta
frase de Calvino, onde não existe o menor traço de sua escrita. Tal é a história de que esta carta,
citada como uma ‘inabalável’ garantia por mais de um século, adquirindo ao passar de boca a
boca, uma autoridade misteriosa que parece colocada fora de discussão e dúvida. Assim, surgem e
se propagam no prazer de paixões interessadas em espalhá-las, essas falsidades consagradas pelo
mundo, que não pode suportar, no entanto, o menor exame, e ainda que as refutações mais
palpáveis dificilmente possam abalar o império. É uma das fraudes religiosas que agora tentamos
desmascarar pela primeira vez .

É preciso dizer que uma simples leitura dessas letras nas memórias do abade Artigny tinha nos
inspirado com invencíveis dúvidas de sua autenticidade? Mas essas dúvidas equivalentes a uma
certeza moral só poderia adquirir uma certeza científica por um exame dos documentos em si.
Nada seria poupado por nós, para obter tal resultado. Os arquivos da família de du Poeta,
longamente preservados na mansão do Poeta Ceylar perto de Dieulefit, transportados em um
período posterior ao castelo de La Bastie- Roland, tinha por fim caído por herança ao Marquês
d'Alissac de Valreas, cuja bondade permitiu-nos livremente consultar as correspondências que se
acumularam nas mãos de ilustres sucessores. (1) Dentre todos os documentos que compõem esta
herança de família, entre os quais nós observamos os nomes distintos de Montmorency, Conde,
Chatillon, Lesdiguieres, Henrique IV., etc, (2)A leitura facilmente compreendida, quase
exclusivamente nos chamou a atenção. A simples inspeção era suficiente para confirmar todas as
nossas dúvidas e demonstrar com uma irresistível evidência a ilegitimidade dessa carta.

As provas de confirmação desta conclusão são tão numerosas, que o nosso único constrangimento
seria examiná-las. Devemos contentar-nos resumindo-as de uma forma enumerada: (1)Os
originais, escritos à mão do próprio Calvino (como Voltaire afirma), não são nada autógrafos. Eles
não são nem da caligrafia de Calvino, nem de sua secretária Jonvillers, nem de Antônio Calvino
que por vezes usava a caneta quando o reformador, nos últimos anos de sua vida, ditava as
coisas. (2)Que esta carta não é da caligrafia de Calvino, e muito menos podemos encontrar nela
o seu estilo, admirado pelo próprio Bossuet , um do melhores em nossa língua. Esse estilo é
conciso, firme, e digno, levando o cunho de uma forte individualidade mais fácil de caricaturar do
que imitar”(pp.436-441).

(b)Calvino era homossexual?

Muitos arminianos, tem se utilizado de uma fraude histórica, criada ainda por monges carmelitas
no século XVI, no sentido de afirmar que Calvino era um padre católico homossexual. Todavia,
Alister McGrath, em seu artigo "A Gênese de um Enigma", desmistifica esse argumento como uma
fraude, que afirma que essa afirmação de que Calvino era "homossexual", era uma fraude e
mentira levantadas pelo católico e monge carmelita Jeronimo Bolsec:

“A reconstituição histórica da complexa personalidade de Calvino tem sido bastante obstruída pela
subsistência de uma imagem profundamente hostil do Reformador, traçada por Jerônimo Bolsec,
com quem Calvino se desentendera em 1551. Ressentido com o episódio, em junho de 1577,
Bolsec publicou um livro, Vie de Calvin, em Lyon. Calvino, de acordo com Bolsec, era
irremediavelmente aborrecido, malicioso, violento e frustrado. Ele considerava suas próprias
palavras como se fossem a palavra de Deus e se permitia ser adorado como Deus. Além de,
freqüentemente, ser vítima de suas tendências homossexuais, ele tinha o hábito de flertar com
qualquer mulher que se aproximasse dele. De acordo com Bolsec, Calvino abriu mão de seus
benefícios, em Noyon, em razão de terem vindo a público suas atividades homossexuais.
Abiografia de Bolsec é uma leitura muito mais interessante do que as de Teodoro de Beza ou de
Nicolas Colladon; no entanto, sua obra se baseia, predominantemente, em relatos orais, anônimos
e inconsistentes, provenientes de "pessoas dignas de confiança" (personnes digne de foy), que
pesquisas mais recentes consideraram de valor questionável. A despeito desse fato, a
reconstituição de Calvino, traçada por Bolsec, tem influenciado muitas outras descrições, bastante
desfavoráveis, a respeito da vida e das ações do Reformador, que apresentam uma linha divisória,
cada vez mais nebulosa, entre fatos e ficção. O mito de Bolsec, como tantos outros mitos que se
referem a Calvino, sobrevive como uma tradição sagrada, por meio de uma repetição leviana,
apesar de sua evidente ausência de fundamentação histórica”.

O erudito historiador eclesiástico, Schaff, no seu livro “The Swiss Reformation”(Volume 1, p. 303),
observa não haver Bolsec produzido nenhum documento comprobatório sobre a mocidade de
Calvino. Ainda sobre as intrigas de Bolsec, Schaff diz:

"A história ou é uma vil calúnia ou se originou de confundir-se o reformador com um jovem de
igual nome, Jean Cauvin - Capelão da mesma igreja de Noyon, condenado a prisão por ter
introduzido em sua paróquia uma mulher de maus costumes”.

Diz Philip Shaff, em sua obra “History of the Christian Church”(1885, Capítulo IX)

“Treze anos após a morte de Calvino, Bolsec, seu inimigo amargo, uma vez por romanista, em
seguida, um protestante, em seguida, um romanista novamente, escreveu uma história caluniosa
de sua vida (Histoire de la vie, moeurs, actes, doutrina, constance, et mort de Jean Calvin, Lyon,
1577, republicado por Louis-François Chastel, Magistrat, Lyon, 1875, pp. 323, com uma introdução
de xxxi. pp.). Ele representa Calvin como ‘um homem, acima de todos os outros que viveram no
mundo, Ambicioso, insolente, arrogante, cruel, malicioso, vingativo, e ignorante" (!) (p. 12).

Entre outras histórias incríveis ele relata que Calvino em sua juventude foi estigmatizado (flor-de-
Lyse, marcado com a flor nacional da França), Noyon na punição de um crime hediondo, e depois
fugiu da França em desgraça. ‘Calvino’, diz ele (p. 28 sq.), ‘dispondo de uma cura e uma capela, foi
surpreendido e convencido de pecado de sodomia, no qual ele estava nominalmente em perigo de
morte pela fogueira, como é a pena comum contra o pecado, mas a cidade natal de 'Evesque
[Noyon] por compaixão aplicou a pena moderada com uma espátula quente marcando com uma
uma marca de flor de lis a Calvino, o sacerdote de Noyon, que por sua confusão, vergonha e
vitupérios, desfez-se de seus dois benefícios, após ter recebido algum dinheiro foi para Alemanha e
Itália: em busca de sua aventura, passou pela cidade de Ferrara, onde ele recebeu algumas
esmolas aos duquesa’

Bolsec dá como sua autoridade um Sr. Bertelier, secretário do Conselho de Genebra, que, segundo
ele, foi enviado para Noyon para fazer perguntas sobre o início da vida de Calvino, e viu o
documento de sua desgraça. Mas ninguém jamais viu esse documento, e se tivesse existido, teria
sido usado contra ele por seus inimigos. A história está em contradição com tudo o que é
autenticamente conhecido de Calvino, e tem sido abundantemente refutada por Drelincourt e,
recentemente, novamente por Lefranc (p. 48 sqq., 176-182), Kampschulte (I. 224, nota 2) que a
declara indigna de refutação séria. No entanto, tem sido frequentemente repetida por polemistas
romanos até Audin.

A história é tanto uma calúnia maligna, ou ele surgiu a partir do se confundir o reformador com
uma pessoa mais jovem do mesmo nome (Jean Cauvin) e capelão da mesma igreja em Noyon, que
parece foi punido por alguma imoralidade de um tipo diferente (‘Por reter em casa uma mulher de
maus costumes’) no ano de 1550, ou seja, cerca de vinte anos mais tarde, e que não era um
herege, mas morreu como ‘boa católica’ (como Le Vasseur relata em Annales de Noyon, p. 1170,
citado por Lefranc, p. 182). B.C. Galiffe, que é hostil contra Calvino, adota a última sugestão
(páginas Quelques d'histoire exacte, p. 118).

Vários outros mitos circularam sobre o reformador; por exemplo, que ele era o filho de uma
concubina de um padre; que ele era um comedor destemperada; que ele roubou uma taça de
prata em Orleans, etc. Veja Lefranc, pp. 52 sqq.

Perversões e invenções semelhantes foram anexadas em referência a muitos outros grandes


nomes. O Sinédrio que crucificou o Senhor circulou a história de que os discípulos roubaram seu
corpo e enganaram o mundo. Se deriva dos heréticos Ebionitas herética que Paulo, decepcionado
por um alegado crime do sumo sacerdote, que se recusou a dar-lhe sua filha em casamento, se
converteu por meio da ambição e vingança. O mito há muito esquecido do suicídio de Lutero foi
seriamente revivido em nossa época (1890) por padres católicos romanos (Majunke e Honef) no
interesse de reviver o Ultramontanismo, e é acreditado por milhares apesar da refutação repetida”.

(c)Calvino ensinou que Miguel era Jesus?

Circula nas redes sociais da net que Calvino ensinou que Jesus era o arcanjo Miguel, falácia
inventada por arminianos do CACP. No caso, citam o comentário de Dn 10:13, de forma truncada,
aparecendo o texto dessa forma:

“Alguns acreditam que a palavra Miguel representa Cristo, e eu não me oponho a esta ideia […] eu
incluo o sentido que eles relacionaram este à pessoa de Cristo”. (CALVINO, João. Um comentário
sobre Daniel. Edimburgo, reimpressão de 1995, vol. II, p. 253 – 369).

Agora vejamos o “Comentário de Daniel 10:13", de Calvino, na íntegra:

"Alguns pensam que a palavra Miguel representa Cristo, e eu não me oponho a esta opinião.
Claramente o suficiente, se todos os anjos guardam os fiéis e eleitos, ainda que Cristo ocupe o
primeiro lugar entre eles, porque Ele é o seu cabeça, e usa o seu ministério e assistência para
defender todo o seu povo. Mas como isto não é geralmente admitido, eu deixo agora sob a
incerteza, e direi mais sobre o assunto no capítulo XII".

Aqui, Calvino diz que Miguel, representa a Cristo, não que Ele seja o próprio Cristo, mas que em
sua função de guardar os fiéis, ele representa o cuidado que Cristo tem pelos seus, visto que Cristo
usa o ministério dos anjos em prol de seu povo. O "Comentário de Daniel 10:21", Calvino diz:

"Parecia que Deus, pelo menos por um tempo, deixara o seu povo sem ajuda, e, posteriormente,
dois anjos foram enviados para lutar por eles, em primeiro lugar, um único foi enviado a Daniel, e,
em seguida, Miguel, que alguns pensam ser Cristo. Eu não me oponho a esta visão, quando ele fala
de um príncipe da Igreja, e aparentemente este título de modo algum pertence a nenhum anjo,
mas é peculiar a Cristo”.

Por fim, em seu "Comentário de Daniel 12:12", Calvino fecha a questão:

"Muitos são unânimes em entender Miguel como Cristo, o cabeça da Igreja. Mas aparentemente é
melhor entender Miguel como o arcanjo, este sentido se revela de forma adequada, pois sob
Cristo como o Cabeça, os anjos são os guardiões da Igreja. Qualquer que seja o verdadeiro
significado, Deus é o preservador da sua Igreja , pela mão de seu Filho unigênito, e porque os anjos
estão sob o governo de Cristo, Ele pode confiar esta função a Miguel".

(d)Calvino orou a Melanchton?

De acordo com a postagem, a "súplica" de Calvino a Melanchthon foi a seguinte:

"Ó, Philip Melancthon, pois eu apelo a ti, que estais agora vivendo no seio de Deus, onde tu
esperas por nós até que nós estejamos reunidos contigo no Santo Descanso. Uma centena de
vezes tu dissesse, fadigado com o trabalho, e oprimido com a tristeza, tu deitastes em meu peito
como um irmão, ‘Que eu possa morrer neste peito!’ Desde então eu tenho milhares de vezes
desejado que isso fosse nosso destino para estarmos juntos" (Clear Explanation of the Holy Supper,
in Reid’s Theological Treatises of John Calvin, S.C.M., London, p. 258).

Aqui está um daqueles boatos estranhos que tem circulado pela Internet já há alguns anos,
principalmente sendo veinculado primariamente em sites papistas, e posteriormente em sites
arminianos. É dito que Calvino orou a Melanchthon após a morte deste. Calvino declarou: “Ó Philip
Melanchthon!... Eu apelo a você que vive na presença de Deus, com Cristo, e aguarda por nós ali
até que estejamos unidos a você no abençoado descanso... Eu tenho desejado mil vezes que nosso
destino fosse estarmos juntos!” Um contexto para esta citação pode ser encontrado aqui.

O livro mencionado é intitulado ‘Melanchthon in Europe: His Work and Influence Beyond
Wittenberg ‘(Melanchthon na Europa: Sua Obra e Influência Além de Wittenberg). Um dos
capítulos mais fascinantes é o de Timothy Wengert, “We Will Feast in Heaven Forever: The
Epistolary Friendship of John Calvin and Philip Melanchthon” (“Nós Festejaremos no Céu para
Sempre: A Amizade Epistolar de João Calvino e Philip Melanchthon”). O capítulo de Wengert
desafia o paradigma popular que diz que Calvino e Melanchthon eram amigos, apesar das suas
diferenças. Wengert analisa a correspondência entre esses dois Reformadores dentro do contexto
da etiqueta da escrita de cartas no período do Renascimento, concluindo que esses homens não
eram tão amigos como parece. Ele argumenta que a amizade entre eles era “uma ficção literária
imposta pelos próprios autores, especialmente Calvino, que tinha uma rede muito complexa de
interações, as quais nem todas eram amigáveis” (p. 22).

A respeito dessa alegada oração de Calvino a Melanchthon, Wengert afirma:

Mesmo a reminiscência frequentemente citada de Calvino sobre a recente partida de


Melanchthon deve ser vista estritamente dentro do contexto do Renascimento e da Reforma, onde
ela apareceu. Calvino escreveu:

Ó Philip Melanchthon! Eu apelo a ti que agora vives com Cristo, no seio de Deus, e ali esperas por
nós, até que sejamos reunidos contigo no abençoado repouso. Umas cem vezes, quando
desgastado com labores e oprimido com tantos problemas, quiseste repousar familiarmente tua
cabeça no meu peito, e dizer: “Que eu possa morrer neste peito!” Desde então, durante mil vezes,
tenho desejado que seja concedido a nós viver juntos, pois certamente tu querias, então, ter tido
mais coragem para as inevitáveis lutas, e terias sido mais forte para desprezares a inveja, e para
reputares como nada todas as acusações. Assim, também a malícia de muitos, que com audácia
reuniram para seus ataques, teria sido restringida pela tua gentileza, que eles chamam de
fraqueza.

De fato, Calvino estava aludindo a certas tensões em seu relacionamento: a suposta tendência de
Melanchthon a capitular e seu fracasso em apoiar Calvino diretamente. Calvino presumia força, e a
maldade dos acusadores de Melanchthon. No entanto, vindo como veio, dentro de um tratado
sobre a Eucaristia, também era uma tentativa de Calvino de descrever Melanchthon como um
defensor da teologia eucarística do genebrino, algo que Melanchthon nunca foi durante a sua vida
(p. 23).

Como demonstrado acima, ignorar contextos históricos pode levar a distorções. Eu apontei casos
semelhantes deste tipo de erro há alguns anos: Carta de Lutero ao Papa Leão: “Eu reconheço a tua
voz como a voz de Cristo” e a carta imaginária de Lutero ao Papa Leão X, em 6 de janeiro de 1519.
Devemos lembrar de considerar a política e as polêmicas da Reforma quando mergulhamos
profundamente na história. Aquilo que pode parecer dizer algo pode, na verdade, estar dizendo
algo bem diferente.

________________________________________________________________________________
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COMENTO: É lamentável que, na ânsia de se opor ao pensamento teológico de Calvino haja quem
apele para leviandades. Como observei em outro lugar:

1. É interessante a citação que o próprio blog católico compartilha de um texto de Francis Nigel
Lee: "Sobre a morte de Philipp, Calvino comoventemente LAMENTOU". Acredito que este lamento
- não oração - pode ser entendido nos moldes da minha segunda observação:

2. O lamento de Davi por Absalão (2Samuel 18.33): "Meu filho Absalão, meu filho, meu filho
Absalão! Quem me dera que eu morrera por ti, Absalão, meu filho, meu filho!"

Ambos os lamentos expressam um desejo:


1. "Desde então eu tenho milhares de vezes desejado que isso fosse nosso destino para estarmos
juntos" (Calvino).

2. "Quem me dera que eu morrera por ti, Absalão, meu filho, meu filho!" (Davi).

Acredito que, em relação à segunda, ninguém vá afirmar que trata-se de uma oração. Por que fazer
diferente em relação à primeira?

O historiador Philip Schaff, na sua obra History of the Christian Church, Vol. 8, § 90, reporta-se ao
episódio não dando evidência alguma de entender que aqui Calvino estava orando a Melanchthon.
Ele diz:

No dia 19 de abril de 1560, Melanchthon foi libertado da "fúria dos teólogos" e de todas as suas
angústias. Um ano após a sua morte, Calvino, que ainda lutaria a batalha da fé por mais quatro
anos, durante a fúria renovada da controvérsia eucarística com o fanático Heshusius, dirigiu este
tocante apelo ao seu amigo santo no céu:

Ó Philip Melanchthon! Eu apelo a ti que agora vives com Cristo, no seio de Deus, e ali esperas por
nós, até que sejamos reunidos contigo no abençoado repouso. Umas cem vezes, quando
desgastado com labores e oprimido com tantos problemas, quiseste repousar familiarmente tua
cabeça no meu peito, e dizer: “Que eu possa morrer neste peito!” Desde então, durante mil vezes,
tenho desejado que seja concedido a nós viver juntos, pois certamente tu querias, então, ter tido
mais coragem para as inevitáveis lutas, e terias sido mais forte para desprezares a inveja, e para
reputares como nada todas as acusações. Assim, também a malícia de muitos, que com audácia
reuniram para seus ataques, teria sido restringida pela tua gentileza, que eles chamam de
fraqueza.

Quem, tendo em vista essa amizade, que era mais forte que a morte, pode acusar Calvino de falta
de coração e de terna afeição?

Para Schaff, não se trata de uma oração, mas de tocante apelo feito em tom de lamento.

Capítulo 15 – Respondendo a Calúnia Arminiana Pentecostal Contra os Reformadores Martinho


Lutero e João Calvino

Emílio Conde, historiador das Assembléias de Deus, afirma caluniosamente que os reformadores
Lutero e Calvino desprezavam a evangelização dos pecadores:

“Contaminado por uma síndrome escatológica, Martinho Lutero afirmava que, como a vinda de
Cristo estava próxima, nada mais se poderia fazer em prol daqueles que, até aquela data, ainda
não haviam sido alcançados pelo Evangelho. Por seu turno, João Calvino, envenenado pela
doutrina da predestinação, defendia já estarem seguros os que haviam sido predestinados à vida
eterna. Quer fossem evangelizados, quer não, a salvação destes já estava garantida. Quanto aos
outros, por que perder tempo falando-lhes de Jesus? Infelizmente, observamos estes mesmos
entraves atrapalharem a Obra de Deus ainda hoje. É chegado o momento, todavia, de nos
desvencilharmos de tais empecilhos, e cumprir incondicionalmente os itens da Grande
Comissão”(História das Assembleias de Deus no Brasil, p.13).

Gritante esta calúnia contra os reformadores. Lutero em sua obra “Da Liberdade Cristã”,
recomenda:

“Preguem-se os mandamentos para intimidar os pecadores e manifestar-lhes seus pecados, de


modo que se arrependam e se convertam”(p.43).

Calvino, por sua vez, em seu “Comentário de Isaías 12:5”, declara:

“É nosso dever proclamar a bondade de Deus a cada nação”(Commentary on the Book of the
Prophet Isaiah, Volume I, p.403).

Capítulo 16 – James Arminio nega os cinco pontos do Arminianismo!!!

a. Armínio nega o dogma do livre arbítrio

Em sua “Declaração de Sentimentos”(III), ele declara:

“Esta é a minha opinião a respeito do livre arbítrio do homem: Em sua condição primitiva, tendo
vindo das mãos do Criador, o homem foi dotado com uma porção de conhecimento, santidade e
poder, para capacitá-lo a entender, estimar, considerar, desejar e fazer o bem, de acordo com o que
lhe foi dado como missão. No entanto, ele não podia realizar nenhuma desses atos, exceto com o
auxílio da graça divina. Mas em seu estado de descuido e pecado, o homem não é capaz de
pensar, nem querer, ou fazer, por si mesmo, o que é realmente bom; pois é necessário que ele
seja regenerado e renovado em seu intelecto, afeições e desejos, e em todos seus poderes, por
Deus, em Cristo, por intermédio do Santo Espírito, para que possa ser corretamente qualificado
para entender, estimar, considerar, desejar e fazer aquilo que realmente seja bom. Quanto ele é
feito participante dessa regeneração ou renovação, considero que, estando livre do pecado, ele é
capaz de pensar, de querer e fazer o que é bom, mas ainda não sem a ajuda continuada da graça
divina”(As Obras de Armínio, Volume 1, p.231).

Em sua obra “A Certeza da Teologia Sagrada”, ele diz:

“Pois foi pela fé que eles exerciam nessa palavra que Adão e Eva se tornaram a Igreja de Deus; uma
vez que, antes disso, eles eram traidores, desertores, e faziam parte do reino de Satanás – aquele
grande desertor e apóstata”(Ibidem, pp.130,131)

Em seu “11º Debate Público”, ele diz:

“No estado da inocência primitiva, o homem possuía uma mente dotada de um claro
entendimento da luz divina e da verdade sobre Deus e suas obras e seus desejos, tanto quanto
fosse necessário para a salvação do homem e a glória de Deus; ele possuía um coração imbuído de
‘verdadeira justiça e santidade’ e com um amor verdadeiro e salvífico pelo bem; e poderes
abundantemente qualificados ou fornecidos de maneira perfeita para cumprir a lei que Deus havia
imposto a ele. Isso admite facilmente várias provas e aspectos; a partir da descrição da imagem de
Deus, da qual fora dito que o homem foi criado(Gn 1:26,27); a partir da lei divinamente imposta a
ela(Gn 2:17); e, por último, a partir da restauração análoga da mesma imagem em Cristo Jesus(Ef
4:24; Cl 3:10).

Mas o homem não foi assim confirmado nesse estado de inocência, a ponto de se tornar incapaz
de ser movido pela representação que lhe foi apresentada de algum bem extraordinário e
ilegal(quer fosse de um tipo inferior e relativo a esta vida animal, quer de um tipo superior e
relacionado com a vida espiritual), a olhar para a representação e deseja-la, e por sua própria, livre
e espontânea iniciativa, e através de um desejo absurdo de tal bem, a declinar da obediência que
lhe havia sido prescrita. Ou melhor, tendo se afastado da luz de sua própria mente e de seu maior
bem, que é Deus, ou, pelo menos, depois de não ter se voltado para o seu maior bem da forma
que deveria, e além de ter se voltado de coração para um bem inferior, ele transgrediu o
mandamento que lhe havia sido dado para a vida toda. Por esse ato abominável, ele precipitou a si
mesmo naquela condição nobre e elevada que estava para um estado de profunda infelicidade,
que é estar sob o domínio do pecado. Uma vez que 'a quem vos apresentardes por servos para lhe
obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis’(Rm 6:16) e ‘Porque de quem alguém é vencido,
do tal faz-se também servo’, o homem se torna um escravo constante(2 Pd 2:19)

Nesse estado, o livre arbítrio do homem para o que é bom não somente está ferido, aleijado,
enfermo e enfraquecido; ele também está aprisionado, destruído e perdido... A mente do
homem, em seu estado, é obscura, destituída do conhecimento salvífico de Deus e, de acordo com
o apóstolo Paulo, incapaz de alcançar as coisas que pertencem ao Espírito de Deus... segue-se que
a nossa vontade não é livre desde a queda; ou seja, ele não é livre para o bem, a menos que seja
libertado pelo Filho, por meio de seu Espírito”((Ibidem, pp.472,473,475).

E em “Epístola a Hipólito A. Collibus”, declara:

“A respeito da graça e do livre arbítrio, isto é o que ensino, a respeito das Escrituras e do consenso
ortodoxo: o livre arbítrio é incapaz de iniciar ou aperfeiçoar qualquer bem espiritual, sem a
graça. Para que eu não possa ser considerado, como Pelágio, como usando de mentiras com
respeito à palavra ‘graça’, quero dizer, com isto, aquilo que é a graça de Cristo e que diz respeito à
regeneração... Confesso que a mente de um homem carnal e natural é obscura e sombria, que os
seus afetos são corruptos e desordenados, que a sua vontade é obstinada e desobediente, e que
o próprio homem está morto em pecados”(As Obras de Armínio, Volume 2, p.406).

b. Armínio nega o dogma da eleição condicional

Em seu “14º Debate Público”, Armínio diz:

“O objetivo da predestinação é o louvor da graça gloriosa de Deus, pois, uma vez que a graça, ou o
amor gratuito de Deus, em Cristo, é a causa da predestinação, é justo que, para a mesma graça,
seja concedida toda a glória desse ato(Ef 1:6; Rm 11:36)”(As Obras de Armínio, Volume 1, p.508).

E em seu comentário sobre a 8ª Tese de Francis Junius, Armínio diz:

“Pois Deus ama, em Cristo, àqueles a quem decidiu tornar participantes da vida eterna, mas esse
amor é a causa da predestinação”(As Obras de Armínio, Volume 3, p.264).

E em sua “10ª Proposição”, Armínio diz:

“É verdade que é negada qualquer referência a nós mesmos, como causa de nossa própria
eleição”(Ibidem, p.128).

c. Armínio nega o dogma da expiação geral ou ilimitada

Em seu “11º Debate Público”(‘Sobre o Pontífice Romano e os Principais Títulos que lhe são
atribuídos’), ele diz:

“Outros o rebaixam com títulos completamente opostos, como o adúltero e cafetão da Igreja, o
Falso Profeta, aquele que destrói e subverte a Igreja, o Inimigo de Deus, o Anticristo, o servo ímpio
e perverso, que não desempenha os deveres de um bispo nem é digno de ter tal nome. Unindo-
nos aos que concedem ao pontífice romano os epítetos citados por último, afirmamos que ele é
indigno de títulos honoráveis que os precedem, e que as últimas designações desprezíveis que lhe
são atribuídas por seus merecimentos, e isso passamos agora a provar, em algumas teses...
Demonstra-se, pelos argumentos mais evidentes, que o nome do Anticristo e do Adversário de
Deus pertencem a ele. Pois o apóstolo atribui a ele o segundo desses epítetos, quando o chama de
‘o homem do pecado, o filho da perdição, o qual se propõe e se levanta contra tudo o que se
chama Deus ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo
parecer Deus’(2 Ts 2:3-8). Era ele que deveria se levantar das ruínas do Império Romano e ocupar a
sua dignidade. Afirmamos que essas expressões devem e podem ser entendidas unicamente a
respeito do pontífice romano. Mas o nome ‘Anticristo’ pertence proeminentemente a ele...”(As
Obras de Armínio, Volume 1, pp.542,548).

Evidentemente, ao denominar cada um dos papas de Roma como ‘o Falso Profeta”, “o Anticristo”,
“o filho da perdição”, Armínio está simplesmente dizendo que esses papas realmente foram e são
predestinados a perdição eterna, visto que estas designações, que são retiradas das Escrituras,
mostram que tanto o Falso Profeta como o Anticristo são descritos como de antemão designados ,
destinados ou predestinados para a perdição eterna(2 Ts 2:3-8; Ap 19:20; 20:10). E se Armínio
afirma que cada um dos papas de Roma são “o filho da perdição”, “o Anticristo”, evidentemente
nega que cada um deles possa ser objeto da morte vicária de nosso Senhor, visto que segundo o
próprio João, o Anticristo, por negar o Pai e o Filho, não tem a vida eterna!(1 Jo 2:22-23)

d. Armínio nega o dogma da graça resistível

Em seu “16º Debate Público”,(‘Sobre a Vocação dos Homens Para a Salvação’), ele diz:

“Nós definimos a vocação, um ato misericordioso de Deus, em Cristo, pelo qual, pela sua Palavra e
Espírito, Ele convoca homens pecadores, sujeitos à condenação e colocados sob o domínio do
pecado, tirando-os da condição da vida animal e das contaminações e corrupções deste mundo(2
Tm 1:9; Mt 11:28; 1 Pd 2:9,10; 2 Pd 2:20; Rm 10:13-15; 1 Pd 3:19; Gn 6:3) para ‘a comunhão de
seu Filho Jesus Cristo’ e do seu reino e seus benefícios, para que, unidos a Ele, como sua Cabeça,
possam obter dEle a vida, a sensação, o movimento e uma plenitude de bênçãos espirituais, para a
própria gloria de Deus e a sua própria salvação”(As Obras de Armínio, Volume 1, p.510)

“A vocação interna se dá pela operação do Espírito Santo, iluminando e esclarecendo a mente, e


afetando o coração, para que seja dada séria atenção àquelas coisas que são faladas, e para que
seja dada fé ou crédito à palavra. A eficácia consiste na simultaneidade da vocação interna e da
externa (At 16:14; 2 Co 3:3; 1 Pd1:22)”(Ibidem, p.512).

e. Armínio nega o dogma da ‘perda da salvação’

Em sua “Declaração de Sentimentos V”, ele declara:

“O meu sentimento a respeito da perseverança dos santos é que as pessoas que foram enxertadas
em Cristo, pela fé verdadeira, e assim tem se tornado participantes de seu precioso Espírito
vivificador, dispõem de poderes suficientes ou forças para lutar contra Satanás, contra o pecado,
contra o mundo e a sua própria carne, e para obter a vitória sobre esses inimigos, mas não sem a
ajuda do da graça do mesmo Espírito Santo. Jesus Cristo, também pelo seu Espírito Santo, as auxilia
em todas as suas tentações que enfrentam, e lhes proporciona o pronto socorro de sua mão;
também entendo que Cristo as guarda não as deixando cair, desde que tenham se preparado
para a batalha, implorando a sua ajuda, e não querendo vencer apenas por suas próprias forças.
De modo que não é possível para eles, por qualquer astúcia ou poder de Satanás serem
seduzidos ou arrancados das mãos de Cristo”(As Obras de Armínio, Volume 1, p.232)
Ele ainda afirma:

“Embora eu aqui, de forma aberta e ingênua afirme que nunca ensinei que um verdadeiro crente
pode tanto cair totalmente distanciando-se da fé, e perecer...”(Ibidem, p.233).

E em outra obra sua - ‘Um Exame do Tratado de William Perkis – 2ª Parte’, declara:

“Tampouco está declarado, por Cristo, em Mateus 24:24, que os eleitos não podem se afastar de
Cristo, mas que eles não podem ser enganados, e com isso se quer dizer que, embora o poder do
engano seja grande, ainda assim não é grande a ponto de seduzir os eleitos, o que serve de
consolação para os eleitos, contra o poder e os artifícios de falsos cristos e falsos profetas”(As
Obras de Armínio, Volume 3, p.459).

Nesse sentido, Armínio, em sua obra “O Sacerdócio de Cristo”, afirma que cada um daqueles a
quem Cristo remiu, estará para sempre com Ele no seu reino:

“Portanto, Cristo trará toda a sua Igreja, a quem redimiu para si mesmo, pelo seu próprio
sangue, para que eles possam receber, das mãos do Pai de benignidade infinita, a herança
celestial que foi obtida através de sua morte, prometida na sua Palavra e selada com o Espírito
Santo, e para que possam desfrutá-la para sempre. Ele trará os seus sacerdotes, a quem,
espargidos com o seu sangue, Ele mesmo santificou a Deus Pai, para que possam, com Deus, ter a
posse do Reino para todo o sempre; pois neles, pela virtude do seu precioso Espírito Santo, Ele
subjugou e venceu Satanás e seus auxiliares, o mundo, o pecado e a sua própria carne, e também
a morte, que é ‘o último inimigo que há de ser aniquilado’”(As Obras de Arminio, Volume 1, p.50).

Ainda assim, Armínio, em seu “11º Debate Público”(‘Sobre o Livre Arbítrio do Homem e Seus
Poderes’), explica que essa perseverança não provém das próprias forças do cristão, mas é oriundo
unicamente de Deus:

“A segunda coisa a ser observada é que o início de qualquer coisa, assim como o seu progresso,
continuidade e confirmação, e ainda além, a perseverança no bem não vem de nós mesmos, mas
de Deus, por meio de seu maravilhoso Espírito Santo, uma vez que ‘aquele que em vós começou a
boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo’(Fl 1:6) e porque ‘mediante a fé estais guardados
na virtude de Deus para a salvação’(1 Pd 1:5). ‘O Deus de toda a graça... vos aperfeiçoe, confirme e
fortaleça’(1 Pd 5:10). Ocorre que pessoas que são nascidas de novo, se caem em pecado, não
conseguem se arrepender nem se levantar do pecado, a menos que sejam levantadas por Deus
por meio do poder do seu Espírito, e, assim, são novamente apresentadas ao arrependimento.
Isso foi provado da melhor maneira possível pelos exemplos de Davi e Pedro”(Ibidem,
pp.476,477).
Capítulo 17 – Os Cinco Contraditórios Pontos do Arminianismo!!!

(a)O dogma do livre arbítrio

Como resultado da queda de Adão no Éden, a Bíblia diz que nEle, toda a raça humana está
espiritualmente morta(Gn 2:17; Ef 2:1,5; Cl 2:13). Estando espiritualmente mortos, todos os filhos
de Adão tendem a refletir a atitude de seu pai: como caído, fugirem da presença de Deus(Gm 3:8-
10)e não se reconhecerem como culpados(pecadores)diante de Deus(Gn 3:11-13), razão pela qual,
o Espírito Santo têm que convencê-los de seu pecado(Jo 16:7-9) Ora, se houvesse, após a queda, a
capacidade de escolher a Deus por parte do homem espiritualmente morto, certamente Adão
procuraria a Deus, e não Deus a Adão! E o resultado da queda de Adão sobre os seus descendentes
é que segundo a Bíblia, "viu o SENHOR... que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração
ERA SÓ MÁ continuamente"(Gn 6:5 ACF). Embora as Escrituras digam que após a queda no Éden, o
homem está total e completamente morto(totalmente depravado) e arruinado; todavia, à revelia
da Bíblia, os arminianos dizem que "a natureza humana foi indubitavelmente prejudicada pelo
pecado, porém não arruinada totalmente"(Rev. José G. Salvador; Arminianismo e Metodismo,
p.87). Não só o dogma do livre arbítrio é falso e blasfemo, como também contraditório. Ele entra
em contradição com o segundo ponto do arminianismo - a eleição condicional. Os arminianos
dizem que desde a fundação do mundo, Deus sabia quem iria crer ou não crer em Cristo, e que,
com base nessa presciência, elegeu os que iriam crer para a salvação, e da mesma forma,
predestinou, designou, recusou ou reprovou de antemão[desde a eternidade] os que não iriam
crer, para a condenação(Pr. Raimundo Ferreira de Oliveira; Lições Bíblicas[CPAD], 4º Trimestre de
1987, pp.32-33). Ora, com base nisto, perguntamos: aqueles que, pela presciência de Deus, não
crerão em Cristo e que foram de antemão por Deus predestinados, designados e reprovados para a
condenação, tem a capacidade para escolherem a Deus??? Se têm essa capacidade, onde fica
então a presciência de Deus?

A Harpa Cristã, hinário das Assembléias de Deus, canta a doce melodia da total depravação do
homem(esmigalhando o dogma do livre arbítrio), dizendo:

"Longe do Senhor, andava


No caminho do horror,
Por Jesus não perguntava
Nem queria o seu amor
No juízo não pensava
Nem na minha perdição
Nem minha alma desejava a eterna salvação"(169:1,2)

Tais frases refletem o ensino bíblico. Os ímpios, antes de serem regenerados pelo Senhor, não tem
nenhum interesse por Deus(Rm 10:20). Nenhum deles tem ou podem ter qualquer desejo de ir até
Cristo(Jo 3:20; 5:40; Jó 21:14-15). E o ímpio não pensa no juízo nem em sua perdição, uma vez que,
em seu estado de total morte espiritual, ele não se julga um pecador(Mt 23:30; Lc 18:11-12);
devido a seu estado caído(a sua natureza pecaminosa), ele não entende que o juízo de Deus está
sobre ele(Pv 28:5 comp.com Sl 7:11; Rm 1:18). E por que os ímpios não estão convencidos de que
estão debaixo do juízo(ira)de Deus? Porque, estando espiritualmente mortos, eles "nada sabem,
nem entendem; andam em trevas"(Sl 82:5 Reina/Valera); os ímpios "são inimigos da luz, não
conhecem os seus caminhos"(Jó 24:13 Reina/Valera). Os ímpios estão totalmente impossibilitados
e incapacitados de chegarem a esta conclusão por si mesmos. O Espírito Santo têm que convencê-
los disso(Jo 16:7-8). Agora imaginem alguém que têm condições de chegar as suas próprias
conclusões, necessitar da ajuda de outro alguém para chegar a estas conclusões? Complicado,
não? Os ímpios não podem jamais desejar a salvação, visto que eles odeiam tanto a Deus (Rm
5:10; 8:7; Cl 1:21), que reputam as trevas como "luz"!(Is 5:20). Em suma, o dogma do livre arbítrio,
não encontra respaldo nas Escrituras!

b)O dogma da eleição condicional

A Bíblia diz que a eterna eleição para a salvação(Ef 1:4) é "a eleição da graça"(Rm 11:5,6), e se
'graça' é 'favor imerecido', como ela pode ser condicionada a qualquer futura atitude do homem?
Embora a Bíblia diga que a eleição é da graça(isto é - incondicional = At 13:48); os arminianos, à
revelia das Escrituras, dizem que ela é condicional. Não só este dogma é blasfemo e antibíblico,
como também contraria o terceiro ponto do arminianismo. Ora, se em sua presciência, Deus já
sabia quem vai crer e quem não vai crer em Cristo, elegendo os futuros crentes em Cristo para a
salvação, bem como predestinando, designando, recusando ou reprovando de antemão os que não
crerão em Cristo, como então Cristo poderia morrer por aqueles que de antemão Ele próprio havia
predestinado, designado, recusado e reprovado para a condenação? Poderia Cristo morrer por
aqueles que de antemão sabia que jamais creriam nEle? Morreria Cristo em vão? E onde estaria a
sua presciência? Justamente por isso, cantamos com a Harpa Cristã, a doce melodia da eleição
incondicional (que é a eleição da graça):

"Fomos nós predestinados,


Para crermos em Jesus"(236:3)

As palavras da Harpa Cristã ensinam o que a Bíblia ensina: que a fé é a consequência, não a causa
da eleição para a salvação. Em outras palavras: fomos eleitos para crermos, e não porque
creríamos!(At 13:48).

c)Expiação Geral

Enquanto a Bíblia explicitamente diz que Cristo não morreu por todos os homens, sem exceção (Mt
26:28; Mc 14:24), e que seu sangue foi derramado em favor apenas dos eleitos(1 Pd 1:2); os
arminianos, em revelia à Bíblia, dizem que Ele morreu por todos os homens sem exceção - por
cada indivíduo. Ora, tal dogma arminiano é uma blasfêmia, pois se é verdade que era parte do
plano de Deus que Cristo morresse por toda a raça humana sem exceção(com o objetivo de salvar
a todos), e se todos não foram salvos, então o plano de Deus foi frustrado, não alcançou o seu
objetivo, não teve êxito. Só que de acordo com a Bíblia, nunca, jamais, nenhum plano de Deus
ficou sem ter o seu objetivo alcançado, antes todos os seus planos se realizaram perfeitamente(Jó
42:2; Sl 135:6; Is 46:10). Além do mais, a Bíblia diz que Cristo ficaria satisfeito com o resultado de
sua obra expiatória(Is 53:11), e qual foi o por quê desta sua satisfação? Porque o plano de Deus era
que Cristo morresse pelos eleitos, para que estes obtivessem a vida eterna - algo que efetiva
eficazmente ocorreu!(Is 53:11; Dn 12:10; Mt 20:28; Jo 17:2,4,6). Agora, não só o dogma
arminiano(expiação geral) é blasfemo e antibíblico, como entra em contradição com o quarto
ponto do arminianismo. Ora, o quarto ponto do arminianismo(resistibilidade da graça divina)
ensina que a graça de Deus pode ser resistida não só por uma parte da raça humana(os eleitos),
mas por toda as duas partes(eleitos e não eleitos[reprovados]). Neste sentido, se Cristo morreu por
toda a raça humana para dar-lhe a vida eterna, e se qualquer uma das partes da humanidade(os
eleitos ou os reprovados) pode lhe resistir(ao seu chamado interno), isto faria com que o Salvador
morresse em vão!

Mas, à revelia do do herético terceiro ponto do arminianismo, prefiro abria a Harpa Cristã e cantar
a doce melodia da "Expiação Particular":
"Só mesmo o tão profundo amor
Do nosso bendito Deus,
Mandava ao mundo de horror,
O Seu Filho, pra salvar os seus"(475:4)

"Por Ele abençoada é toda a nação,


Que foi predestinada a grande vocação"(135:3)

"Já dantes desta criação


Jesus me preparava
A perfeita salvação
Oh! Quanto a mim amava"(219:2).

A estrofe 3 do hino 135 ensina que somente a nação predestinada(ou escolhida)por Deus, recebia
a benção da vida eterna, como diz a Bíblia(1 Cr 17:21-22; 2 Sm 7:23). A estrofe 4 do hino 465
ensina que Cristo foi enviado para morrer pelos eleitos, conforme diz a Bíblia(Jo 10:11,14-16;
17:2,6,9). A estrofe 2 do hino 219 nos ensina que Cristo amou os seus escolhidos, bem antes da
fundação do mundo, com o amor de um Salvador, conforme diz a Bíblia(2 Tm 1:9).

(d)Graça Resistível

A Bíblia diz que, dentre a raça humana, apenas alguns são escolhidos para a vida eterna, e que
aqueles que foram escolhidos para este fim, não resistirão ao chamado interno do Espírito Santo e
certamente virão a Cristo(Jo 6:37; 10:14). Contudo, à revelia da Bíblia, os arminianos dizem que
todos(inclusive os eleitos) podem resistir ao chamado interno do Espirito Santo, frustrando assim
os propósitos de Deus. Todavia, este dogma arminiano não só é blasfemo e antibíblico, mas
tambem contraria o segundo ponto do arminianismo. Ora, se é verdade que desde a eternidade,
Deus já sabia quem iria crer em Cristo, e que com base nesta presciência, elegeu estes para a
salvação, como então estes podem resistir ao chamado interno do Espírito Santo. Este dogma
resultaria em negar a presciência de Deus, bem como todo o dogma da eleição condicional para a
salvação!

Rejeitando este dogma arminiano (resistibilidade da graça divina), preferimos antes abrir a "Harpa
Cristã" e cantar a doce melodia da "irresistibilidade da graça divina"(para os eleitos), dizendo:

"Hoje é o dia aprazível,


Vem a Jesus, teu Salvador,
O Seu amor é irresistível"(238:4).

A estrofe 4 do hino 238 nos ensina que, uma vez amados por Jesus na eternidade,
consequentemente, os eleitos irresistivelmente passam a amá-lo neste mundo(1 Jo 4:19).

e)Cair da graça ou perder a salvação

A Bíblia ensina explicitamente que é impossível um cristão ser enganado pelos ministros de Satã(Jo
10:4,5), ser arrebatado das mãos de Cristo e do Pai(Jo 10:28-29)e que nenhum dos regenerados
poderão ser derrotados pelo maligno mundo(1 Jo 5:4). Mas, à revelia das Escrituras, os arminianos
dizem que é possível um cristão perder a salvação. Todavia, este dogma arminiano, não só é falso e
blasfemo, como também entra em contradição com o segundo ponto do arminianismo. Ora, se
desde a eternidade Deus sabia quem ia crer nele e perseverar até o fim, e que, com base nesta
presciência, os elegeu para a salvação, como é possível eles se perderem? Este dogma resultaria
tanto em negar a presciência de Deus, como também a negar o dogma arminiano da eleição
condicional!

A estrofe 2 do hino 146 revela que é impossível um cristão perecer(Jo 10:28). A estrofe 3 do hino
281 revela que é impossível as riquezas da salvação serem perdidas. E sabe por que? Porque se a
nossa eleição para a salvação e se a nossa vocação para a salvação são ambas dons de Deus(Ef 2:8-
9; 2 Tm 1:9) e se "os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis"(Rm 11:29 ARA), como então
poderia Deus anular o seu chamado(interno) para a salvação e anular a própria salvação? Como
poderia Ele retirar de nós a fé salvífica?(Hb 12:2). A estrofe 3 do hino 316 diz que uma vez libertos
da escravidão do pecado, jamais poderemos outra vez nos tornarmos seus escravos totalmente(Jo
8:36; 2 Co 3:17). Paulo chega até a ensinar que os verdadeiros cristãos jamais se desviam para a
perdição(Hb 10:39). O hino 424 simplesmente está ensinando e afirmando: "Uma vez salvos, para
sempre salvos"!(Jo 5:24; 10:28-29). E a estrofe 3 do hino 229, nos ensina a coroa da doutrina
reformada-protestante da perseverança dos santos. Tal estrofe nos diz que a nossa perseverança
final é um produto, não de nossos esforços, mas da graça de Deus!(Jr 32:40; Fl 1:6; 1 Co 1:8).

Em suma: além dos quatro pontos do arminanismo remonstrante não se sustentarem biblicamente
e de serem uma herança da Contra Reforma(através dos canônes do Concílio de Trento, 1547 d.C);
para piorar ainda mais a sua situação vexatória, eles se contradizem a si mesmos - um ao outro.

Capítulo 18 – O Arminianismo é o Alicerçe das Seitas Falsas!!!

Todos os sinceros estudiosos e pesquisadores cristãos, que militam na área da "Heresiologia",


sabem que todas as seitas são arminianas em sua 'soteriologia'. É impossível não existir uma única
seita falsa, anticristã e antibíblica, que não expose sequer um único ponto do arminianismo,
quando o assunto é 'salvação'. Justamente por isso, de forma sábia e coerente, um dos maiores
grupos cristãos que trabalham no estudo das doutrinas e da evangelização às seitas, o Centro de
Pesquisas Religiosas(CPR), aludindo a 'soteriologia' das seitas falsas, diz que as doutrinas ensinadas
por Agostinho e Calvino "são odiadas pelas seitas e quase esquecidas pela Igreja"(Desafio das
Seitas, 2º Trimestre de 2000, p.5) e que a soteriologia arminiana e semi-pelagiana foi "adotada
pela maioria das seitas pseudo-cristãs"[Desafio das Seitas, 3º Trimestre de 2000, p.8]. Por
exemplo, não há nenhuma seita falsa, que ensine a doutrina bíblica-reformada da "eleição
incondicional" - todas elas endossam a eleição condicional. O testemunho unânime das seitas,
comprova que os arminianos estão em péssima companhia!

(1)O Catolicismo Romano:

a. O Livre Arbítrio:

"Se alguém disser que, depois do pecado de Adão, o livre arbítrio humano se perdeu e foi
apagado, ou que sua existência é puramente nominal, um nome sem substância, realmente uma
ficção introduzida na Igreja por Satã: que seja anátema"(Concílio de Trento, 1547, Seção VI,
Capítulo XVI, 15º Canon).

b. Eleição Condicional:

"Predestinação: Termo usado para o conhecimento prévio que Deus tem de nosso destino"(Nova
Enciclopedia Católica, Volume 12, p.1198).

c. Expiação Geral ou Ilimitada:

"A Igreja, no seguimento dos apóstolos, ensina que Cristo morreu por todos os homens sem
exceção"(Catecismo da Igreja Católica, p.173).

d. Resistibilidade da Graça Divina:

"Mas a idéia de que esta vontade não pode ser resistida(graça irresistível) foi marcada como
heresia por Inocêncio X em 31 de maio de 1653"(The Catholic Encyclopedia, Volume VI, p.710).

e. Cair da Graça(Perder a Salvação):

"A graça cresçe com as boas obras, e contrariamente à doutrina protestante, perde-se pelo
pecado. Ninguém está certo da sua perseverança final"(Monsenhor Cauly, Curso de Instrução
Religiosa, p. 554).

Essas palavras do monsenhor Cauly provam que os arminianos não são protestantes!

(2)O Espiritismo:

"Assim nem eleitos, nem réprobos. A humanidade não se divide em duas partes: os que se
perdem e os que se salvam. O caminho da salvação pelo progresso é franqueado a todos...
Adquiri a certeza de que Deus é real. Essa luz celeste faz dissipar-se o medo do inferno, de Satanás
e desse Deus terrível do calvinismo"(Leon Denis, Cristianismo e Espiritismo, pp.232,285).

(3)O Mormonismo:

"Pessoa alguma jamais foi predestinada à salvação ou condenação. Toda pessoa possui o livre
arbítrio"(Profeta Mórmon Joseph Fielding Smith, Doutrinas de Salvação, Volume 1, p.68).

"De modo que se algum homem perder a salvação, tal perda será por sua própria culpa"(Apóstolo
Mórmon James Talmage, Regras de Fé, p.73).

(4)Os Testemunhas de 'Jeová':

“A salvação arbitrária provida por Deus em benefício de todos, não é tal que chegue a estar em
conflito com o livre arbítrio ou liberdade de escolher de cada um. Ele não lhes dará vida contra
sua vontade; não, esta lhes será dada de uma maneira condicional: ‘te pus diante de ti a vida e a
morte, … escolhe, pois, a vida para que vivas’”(C. T. Russell, Estudos das Escrituras, Volume 1, p.
106).

“Isto demonstra que a eleição ou seleção da Igreja foi algo determinado por parte de Deus; mas
notemos que não é uma seleção incondicional dos membros individuais da Igreja. Antes da
fundação do mundo Deus determinou que seria eleita tal companhia com tal propósito e no tempo
especificado para isso — a Idade Evangélica. Ainda quando não duvidamos que Deus de antemão
podia ter previsto a conduta de cada membro individual da Igreja, e que Ele poderia saber de
antemão quais seriam dignos de constituir ‘o pequeno rebanho’, mas, não é assim como é nos
apresentada a doutrina da eleição nas Escrituras”(C. T. Russell, Estudos das Escrituras, Volume 1, p.
194).

"Mas alguém talvez dissesse: Cristo morreu somente pelos pecados da Igreja e não pelos pecados
do mundo, e, consequentemente, os pecados do mundo não podem ser perdoados. Nós
respondemos: Não; a declaração das Escrituras é positivamente não só que 'Jesus Cristo, pela
graça de Deus provou a morte por todo homem', 'para servir de testemunho a seu tempo', mas
além disso, o Apóstolo diz: 'Ele é a propiciação [satisfação] pelos nosso pecados, e não somente
pelos nossos, mas também pelos pecados de todo o mundo'(1 Jo 2:2). O que poderia ser mais
claro do que isto?"(A Sentinela, 01.11. 1899, p.230)

"Paulo, obviamente não considerava a si mesmo individualmente, como predestinado a salvação


eterna"(Ajuda ao Entendimento da Bíblia, Volume 4, p.1351).

"E não é verdade que 'uma vez salvo, para sempre salvo'"(Certificai-vos de Todas as Coisas,
p.311).

(5)O Adventismo:

“Na Palavra de Deus não há essa coisa de eleição incondicional — uma vez na graça, sempre na
graça”(Ellen White, A Fé Pela Qual Eu Vivo, p.153)

“Esta é a predestinação divina. ... Foi preparada para toda pessoa que queira obedecer a Deus e
trabalhar de acordo com os planos de Cristo, porque quando receberem o tesouro da recompensa
celestial, participarão da alegria do Senhor, uma vez que sua alegria se achava repleta da alegria de
Cristo, que consistia em ganhar pessoas para o Salvador”(Ellen White, Refletindo a Cristo, p.239,
[Manuscrito 43], 1894)

“Em segundo lugar, esse relato dizia que um pastor vivo foi visto por mim em visão como estando
salvo no reino de Deus, representando assim que sua salvação final estava assegurada. Não há
qualquer verdade nessa declaração. A Palavra de Deus descreve as condições de nossa salvação, e
está em nosso arbítrio decidir se as atenderemos ou não”(Ellen White, Testemunhos para a Igreja,
V, p.692).

"Alguns entendem que estas passagens ensinam que Deus elegeu arbitrariamente alguns para a
salvação e outros para a perdição sem considerar as escolhas destas pessoas. Mas o contexto de
tais passagens mostra que Paulo não está falando de um Deus que caprichosamente exclui a
quem quer que seja... Não existe qualquer evidência de que Deus decretou que alguns devam
perder-se... É possível ao crente que uma vez foi recipiente da graça, cair dela e vir a perder-
se"(Nisto Cremos, p.39).

(6)A Igreja da Unificação:

"No entanto não devemos nos esquecer que há também muitas passagens bíblicas que negam a
predestinação completa. Foi devido a ignorância que surgiu um homem como Calvino, que
defendeu com obstinação sua 'teoria da predestinação', e que tal teoria tem sido acreditada por
tantas pessoas durante tanto tempo"('Reverendo Moon', Princípio Divino, pp.146,153).

Os arminianos tambem acham que os calvinistas são ignorantes? Concordam eles com o
'Reverendo Moon'?

Deve ser bem edificante e interessante para os arminianos o fato deles rezarem na mesma cartilha
das seitas falsas, heréticas e demoníacas, não? Os arminianos sentem alguma vergonha em terem
o mesmo conceito soteriológico das demais seitas falsas?

Capítulo 19 – Os Mestres do Arminianismo Ensinaram Doutrinas Falsas, Heréticas e Blasfemas!!!

a. Os Mestres do Arminianismo ensinam a salvação pelas obras e pelo esforço humano.

“A salvação é dom gratuito, concedido aos homens sem que o mereçam, mas não vai ao ponto de
deixar tudo exclusivamente nas mãos divinas. A salvação é obra divino-humana”(Rev. José
Goncalves Salvador, Arminianismo e Metodismo, p.106).

Interessante... Essa frase arminiana acima, reflete o mesmo pensamento da Igreja de Jesus Cristo
dos Santos dos Últimos Dias[Os Mórmons]:

“Pois sabemos que é pela graça que somos salvos, depois de tudo o que pudermos fazer”(O Livro
de Mórmon, 2 Nefi 25:23).
Mas os mestres arminianos continuam:

“E assim, de acordo com os arminianos, a salvação não depende somente de Deus, mas também
da fé, da obediência e da perseverança do homem”(Severino Pedro da Silva, A Doutrina da
Predestinação, p.27).

“A salvação é de Deus, mas requer também algum esforço por parte do homem”(Ibidem, p.98).

O “deus” arminiano não pode e não consegue sozinho salvar o homem. O homem tem que lhe dar
“uma mãozinha”, o homem tem que ajudar Deus a salvá-lo!

E eu pensava que Deus sozinho, salvasse o homem! (Is 63:5)

Interessante isso, é aquela velha estória de: ‘uma mão lava a outra... faz a tua parte que eu te
ajudarei’, ou seja, o homem e Deus são ambos parceiros na obra da salvação. Deus olha pra o
homem e diz: “A glória de tua salvação é toda nossa”, não “minha”!

Mas eles continuam, e vão mais além, exaltando sobremaneira o esforço do homem, ao ponto de
afirmar que o homem é o seu próprio autor da salvação:

“O homem se converte quando decide abandonar seus pecados. Haverá então agentes operando
no ato da conversão: o primeiro agente é o próprio pecador. A iniciativa da conversão parte dele.
O segundo agente da salvação é Deus. O terceiro agente da salvação é Jesus, o
mediador”(Mensageiro de Paz, Junho de 1997, p.1).

E não resta nenhuma dúvida de que o arminianismo exalta o homem e rebaixa a Deus, haja visto
os dizeres de Wesley:

“P.23 – ‘De que maneira podemos chegar ao Calvinismo? R:(1)Atribuindo todo bem à livre graça de
Deus. (2)Negando todo livre arbítrio natural e todo poder que antecede a graça, e (3)Excluindo
todo mérito dos homens, mesmo pelo que eles tem a fazer pela graça de Deus’”(João Wesley,
[1703-1791], ‘Minutos de Conversações Tardias’, 01.08.1745 [VIII,285], Coletânea da Teologia de
João Wesley, pp.134-135).

Com base nessas frases de Wesley, deduz-se que:

- Os arminianos não atribuem tudo a livre graça de Deus. Nada de "Sola Gratia"

- Os arminianos crêem que o homem caído tem um livre arbítrio natural.

- Os arminianos crêem que existe algum poder no homem que antecede a graça

- Os arminianos crêem que o homem tem méritos diante da graça e da salvação

- Os arminianos crêem que precisam fazer algo diante da graça de Deus!

Depois dessas declarações do arminiano John Wesley, alguém ainda tem coragem pra bater no
peito e sem nenhum constrangimento, ainda dizer: 'Sou arminiano'?

No arminianismo, o homem está sempre em primeiro lugar... Blasfêmia! Acho que João se
enganou! (Jo 1:13) e Jesus também!(Jo 6:44).

De fato, qualquer ensino que atribua o mérito do gomem, seja no início ou fim da salvação, é
reconhecidamente uma marca registrada das seitas heréticas e falsas, conforme testemunha o
heresiólogo Dave Bresse:

“Mensagem alguma é mais duramente atacada pelos promotores das seitas do mundo atual do
que o evangelho da graça de Deus. Aqueles que querem promover sistemas religiosos
escravizadores ficam enfurecidos diante do gracioso oferecimento de Jesus Cristo, que confere a
Sua vida à alma entenebrecida pelo pecado, e isso sem qualquer forma de pagamento. É
absolutamente enlouquecedor para os promotores religiosos profissionais, o fato de que Deus
salva os indivíduos gratuitamente, exclusivamente pela Sua graça.

Nenhuma religião falsa pode sobreviver neste mundo, a menos que possa destruir o evangelho da
graça de Deus e venha a introduzir ou encorajar algum sistema de obras humanas como base da
salvação. Não há espaço, neste mundo, para a mensagem paulina da justificação ‘pela fé,
independentemente das obras da lei’ e a mensagem das seitas, com o seu evangelho pervertido...

Em contraste com isso, as Escrituras ensinam que todas as demais supostas formas de salvação,
que se alicerçam sobre os esforços humanos, estão sob a maldição de Deus... O verdadeiro crente
esforçar-se-á sempre na direção da perfeita santificação, impelido pelo amor de Deus, sob a
liderança do Espírito Santo. Contudo, a retidão pessoal de uma pessoa não é a base da sua
salvação. O homem é salvo com base na retidão imputada. Isso lhe é outorgado como dádiva
gratuita, comprada ao preço incalculável da obra completa de Cristo, na cruz do Calvário. O crente
é salvo não por causa das próprias obras, mas por causa da obra salvadora de Jesus Cristo, quando
o Salvador morreu, o justo pelos injustos, para nos conduzir a Deus(1 Pd 3:18). O benefício total do
Calvário é propiciado ao crente com base na graça divina”(Conheça as Marcas das Seitas,
pp.24,25).

b. Os Mestres do arminianismo negam a certeza de salvação:

“Terceiro: Jesus exortou a igreja em Filadélfia a que ‘guardasse’ o que havia recebido: ‘...Guarda o
que tens, para que ninguém tome a tua coroa’(Ap 3:11b). Ele não disse: ‘Você já é salvo e
ninguém jamais poderá tomar a tua coroa’”(Severino Pedro da Silva, A Doutrina da Predestinação,
p.23).

Isso não é uma novidade: o arminiano não é salvo, mas ‘está’ salvo. Salvação arminiana, é um
estado; salvação calvinista é uma identidade. Coitados de Jesus e Paulo... ambos disseram que
salvação é identidade(Jo 5:24; 1 Co 1:18), não um estado. Tadinhos deles... foram enganados!
Qualquer doutrina, emanada de algum grupo religioso, que negue a certeza da salvação, como
algo certo e infalível, é uma marca registrada das seitas, como afirma o heresiólogo Dave Breese:

“Não precisamos ficar surpreendidos, por conseguinte, que uma característica quase universal
das seitas de nossa época seja a sua insistência de que ninguém jamais poderá ter certeza de
salvação enquanto estiver neste mundo. A questão da salvação jamais deverá ser solucionada. Os
seguidores das seitas precisam ser mantidos no constante temor de que nunca fizeram o bastante,
nunca deram o bastante, nunca oraram o bastante, nunca adoraram o suficiente para terem a
certeza de sua própria salvação... A incerteza sobre tudo é a arma favorita das seitas. Dificilmente
uma seita seria bem sucedida se oferecesse a certeza da salvação ou qualquer outra esperança
segura de vida eterna, com base na obra completa de outrem.

A maravilhosa promessa do Novo Testamento está em contraste com tudo isso. A Bíblia assegura
àquele que crê que ele é possuidor de uma salvação segura (1 Pd 1:3-6). O crente foi selado ‘com
o o Santo Espírito da promessa’(Ef 1:13). O crente é o possuidor de uma esperança firme e
constante (Hb 6:19).

Os promotores de seitas fazem promessa assim. Visto que eles estão interessados em produzir
uma perpétua obrigação, e não a liberdade espiritual, eles conservam os seus seguidores na
escravidão de um relacionamento inseguro com Deus. Para quem é membro de uma seita,
sempre haverá algo mais a ser feito, algo mais a ser pago, e a esperança da benção da vida
eterna será sempre a extremidade de um arco-íris que nunca será alcançada nesta vida terrena.

Uma comum característica das seitas é a falta de estrutura teológica que possa dar a certeza da
salvação. Seria-lhes impossível, dizer conforme diz a Escritura: `’Porque estou certo de que, nem a
morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o
porvir. Nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor
de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor’(Rm 8:38-39). Quão bendito contraste com esse
temor irracional das seitas encontramos nas palavras do apóstolo Paulo. A absoluta certeza que
Paulo tinha de que recebera a vida eterna é revelada nas muitas declarações de confiança que
exprimiu, no tocante à firme esperança que tinha de chegar o céu(2 Co 5:1; fl 1:23; 3:20,21; cl
1:13; 3:4; 1 Ts 4:17).

Podemos ter a plena certeza de que os promotores das falsas religiões – interessados somente em
escravizar as pessoas a si mesmos, em oposição à liberdade que vem somente pela fé em Cristo –
nunca transmitirão aos seus seguidores as palavras proferidas pelo Senhor Jesus Cristo: ‘E dou-
lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que
mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai’(Jo 10:28-
29)”(Conheça as Marcas das Seitas, pp.28-31).

c. Os mestres do arminianismo ensinam que a salvação é um ato de cooperação entre Deus e


os homens:

“Porém, tratando-se da salvação humana, tanto Deus como o homem cooperam mutuamente no
processo”(Severino Pedro da Silva, A Doutrina da Predestinação, p.48).

O apóstolo mórmon John Widtsoe também reza na mesma cartilha de Severino Pedro da Silva,
dizendo:

“A salvação é um empreendimento cooperativo entre Deus e o homem”(Seção Mórmon:


Varieties of American Religion, p.133 – citado em ‘Seria Cristão o Mormonismo’?, de Gordon H.
Fraser, p.68).

A Igreja Católica Romana também reza na mesma cartilha de seu irmão Severino Pedro, dizendo:

“A predestinação é uma heresia, porquanto exclui a livre cooperação do homem”(The Catholic


Encyclopeadia, Volume XII, p.367).

É isso aí: salvação é “parceria” – sinergismo... Coitados de Deus e de Paulo – ambos se enganaram
falando em monergismo! (Is 63:5; Ef 2:8-9; Fl 1:6,29; 2 Tm 1:9).

”Deus, em seu profundo inigualável amor, predestinou todos os seres humanos a vida
eterna”(Claudionor Correa de Andrade, Dicionário Teológico, CPAD, edição de 1996, p.207).

O Rev. Moon(da 'Igreja da Unificação') concorda com Claudionor, dizendo:

“Embora os tempos de salvação dos homens decaídos possam diferir, todos eles estão
predestinados a ser salvos”(Princípio Divino, p.151).

Coitado de Deus, que se esqueceu de conferir oportunidades para que todos esses
"predestinados" ouvissem a mensagem de arrependimento!(Sl 147:19,20; At 13:44; 16:6,7). E
coitado de Jesus, que afirmou que nem todos foram escolhidos por Deus! (Mt 22:14). Tadinho de
Deus, Ele se esqueceu que predestinou uns para a honra e outros para a desonra! (Rm 9:20-24).
Como diriam os arminianos do movimento G12: “Temos que perdoar a Deus”! O "deus" arminiano
sofre de aminésia eterna!

O arminianismo não passa de um lixo teológico. O "deus" arminiano não veio para salvar, mas para
tornar possível a salvação, que em última instância depende da decisão 'soberana' do pecador. O
'Salvador' depende do próprio pecador para salvá-lo. No arminianismo, salvação é apenas uma
hipótese, nunca uma certeza, pois a salvação só será concretizada se o pecador se decidir por ela.
O 'deus' arminiano não tem nenhuma certeza e nem garantia alguma que seu plano salvífico será
100% um sucesso, pelo fato de o sucesso de seu plano não depender exclusivamente dele, mas
também da própria vontade do pecador.
Capítulo 20 – Os Arminianos proíbem que seus liderados leiam obras calvinistas!!!

A Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil, a maior igreja arminiana de nosso país,
durante o Simpósio de Doutrina, ocorrido entre 15-18 de Julho de 1997, por meio de seu Conselho
de Doutrina, declara:

“Conselho de Doutrina da CGADB, após a realização do Simpósio de Doutrina, vem manifestar as


conclusões decorrentes dos exaustivos debates ocorridos naquele período, orientando as
Assembleias de Deus ligadas a CGADB, com o seguinte parecer:

Cada liderança, diante de fatos inusitados, procurar orientar a Igreja sobre seus cuidados, e cada
crente ofereça a Deus ‘culto racional e com entendimento’, evitando que o misticismo e distorções
semelhantes, tão advertidas pelas Escrituras, venham fazer parte da liturgia regular dos nossos
cultos. Diante do exposto no item anterior, as lideranças deverão advertir seus liderados, como
reprovável e não recomendável adoção dos princípios e livros editados e ligados a:

4.1. Maldição hereditária, que anula o trabalho redentor de Cristo pela humanidade e a
responsabilização individual de seus atos.

4.2. a Predestinação, que pretende defender a imutabilidade de acontecimentos, retirando do


homem o livre arbítrio em concurso com a graça de Deus....”(Mensageiro da Paz, Abril de 1998,
p.2).

Uma das marcas das seitas é a escravização da consciência. O heresiólogo Dave Breese, declara:

“As seitas, hoje em dia, reduzem os seus seguidores a uma forma de servidão espiritual e
psicológica... Quando a vida de um líder cristão ilustra somente arrogância, autoritarismo sem
base e imposições humanas, tal líder está representando algum outro Cristo que não o Cristo das
Escrituras”(Conheça as Marcas das Seitas, p. 68,69).

Assim, fica claro que o arminianismo, com sua imposição e lavagem cerebral, imprime caráter de
seita sobre esse ou aquele grupo religioso por ele influenciado.

Capítulo 21 – Estas “Bíblias” Arminianas!!!

Como cristãos de linha reformada, cremos que o Senhor registrou, em sua Palavra toda a sua
perfeita vontade, isto é, todas as coisas concernentes a salvação, fé e prática do cristão(Sl 139:130;
Jo 5:39; At 17:11; Ef 6:17; 2 Tm 3:17-18). Da mesma forma, também cremos que a Bíblia é
totalmente infalível(Pv 8:8; Jo 10:35), pois o mesmo Senhor prometeu igualmente preservá-la
integralmente pura (letra por letra, vogal por vogal, palavra por palavra)(Mt 5:18; 24:35; Gl 3:16),
como era desde o princípio. Ester também era o pensamento da Confissão de Fé de
Westminster(I:8).

Acreditando de verdade na promessa do Senhor, nós, sem dúvida alguma, cremos absolutamente,
que, temos hoje, seguradas em nossas mãos, em hebraico e em grego, a mais absolutamente
perfeita e infalível Palavra de Deus, perfeitamente inspirada e preservada, e, em português, sua
tradução extremamente confiável, uma vez que foi fielmente baseada nos textos originais, e
“fidelidade aos textos originais significa fidelidade ao texto massorético hebraico e aramaico do
AT e ao Texto Majoritário do NT”(Paulo Anglada; Sola Scriptura, A Doutrina Reformada das
Escrituras, p.119), e também porque foi feita “por homens de inquestionável reputação,
ortodoxia e conhecimento teológico”(Ibidem, p.164).

O que é de se lamentar, é que hoje, vemos muitos que se dizem “reformados” e “calvinistas”,
tentando defender os cinco pontos do calvinismo com traduções do NT que não foram fielmente
baseadas no texto grego original, preservado por Deus – o Texto Receptus(ou Majoritário). Os
modernos “reformados” e “calvinistas” usam traduções baseadas no Texto Crítico de Westcott &
Hort, elaborado pela primeira vez em 1881 (com a Versão Inglesa Revisada). O Texto Crítico de
Westcott e Hort é baseado em apenas dois manuscritos gregos: O Sinaítico (5º Século)e o Vaticano
(4º século)., enquanto que o Texto Receptus é baseado na maioria dos manuscritos “dos tipos
mais variados, provenientes dos locais mais diversos, e praticamente de todos os séculos da
História da Igreja”(Paulo Anglada; Sola Scriptura, A Doutrina Reformada das Escrituras, p. 102).
Este texto é abundantemente encontrado em “papiros, unciais, citações patrísticas, lecionários,
versões, cursivos”(Paulo Anglada; Sola Scriptura, A Doutrina Reformada das Escrituras, p. 102).,
característica inexistente no Texto Crítico. Uma das insofismáveis provas de que o Texto Receptus
contém o texto genuíno do NT, são as citações dos pais da Igreja. O Dr. A. A. Hodge, atesta isso,
quando afirma:

“Citações das Escrituras apostólicas encontradas nos escritos dos primeiros cristãos. Essas são tão
numerosas, que todo o Novo Testamento poderia ser reunido das obras de escritores escritas ante
do 7º século; elas provam o exato estado do texto no tempo em que ele foi redigido"(Confissão
de Fé de Westminster Comentada, pp.69,70).

Ora, uma vez que temos o texto original do NT preservado, por que razão usaríamos um texto que
não foi preservado por Deus? Ou nossos irmãos, modernos “reformados” e “calvinistas” vão
dizer que Deus preservou o texto do NT tanto no Texto Crítico, quanto no Texto Receptus? Se assim
disserem, perguntaríamos o por que de ambos o textos diferirem entre si!? O Rev. Jackson
Macedo, da Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil, sabiamente declarou:

“As modernas versões e traduções da Bíblia são feitas a partir de um punhado de Mss gregos
chamados Alexandrinos, por terem sua origem naquela cidade que foi o berço das heresias.Essses
Mss, chamados pelos críticos de superiores e melhores, são os seguintes: o Ms Sinaítico, também
chamado de Aleph (1ª letra do alfabeto hebraico) e o Ms Vaticano, também chamado de Ms B. Na
realidade, são os mais corrompidos, como vamos mostrar:

a. O descobridor do Códice Sinaitico – Tischendorf contou em torno de 14.800 alterações feitas por
nove pessoas diferentes dos copistas originais;

b. Ebernard Nestle — admitiu que teve de modificar o estilo do Texto Grego do Códice Sinaitico,
que apresentava um estilo do grego de Aristóteles e Platão, para o estilo Koinê;

c. O texto do Ms Vaticano omite 2877 palavras só nos evangelhos;

d. O Ms Sinaitico omite 3453 só nos evangelhos;

e. Em relação ao Textus Receptus, o Texto Crítico difere 5337 vezes;

f. O Códice Sinaitico e o Códice Vaticano divergem entre si cerca de 3000 vezes, só nos evangelhos.
Por aqui se vê que as várias omissões, inclusive da Comma [ 1Jo 5:7], foram feitas
intencionalmente e com má fé”(Defesa da Fé, ano V – Nº 37, Agosto de 2001, p.58).

O Dr. Philip Mauro, um membro do tribunal da Suprema Corte dos Estados Unidos e um dos mais
reputados advogados de patentes dos seus dias, notou as diferenças entre o Texto Receptus e o
Texto Crítico(Ms Sinaítico e Vaticano), nos seguintes dizeres:

“Como uma ilustração suficiente das muitas diferenças entre estes dois códices (Sinaiticus e
Vaticanus) e o grande corpo dos outros MSS, notamos que, somente nos Evangelhos, o Códice
Vaticanus difere do Texto Recebido nos seguintes particulares: Ele omite pelo menos 2877
palavras; adiciona 536 palavras; substitui 935 palavras; transpõe(a ordem) 2098 palavras; e
modifica 1132 palavras; fazendo um total de 7578 divergências verbais”(David W. Cloud; Versões
Modernas da Bíblia, p.31).

Ora, diante de tudo que já foi exposto, faz-se mister tecermos as seguintes considerações:

(1)Se todas as citações dos textos do NT, feitas pelos pais da Igreja, não só comprovam o estado
genuíno do NT, mas em si reúnem “todo o NT”(como disse corajosa e coerentemente o Dr.
Hodge), então segue-se que a preservação total dos textos do NT (como Cristo prometeu: ‘nem um
jota ou um til se omitirá da lei’[Mt 5:18]), não pode ser encontrada no Texto Crítico, uma vez que
textos como 1 Jo 5:7; Mc 16:9-20; Jo 8:1-11, etc, citado pelos pais da Igreja, não constam neste
texto grego, mas apenas no Texto Receptus. Cometeram os pais da Igreja o "pecado" de citar e
colocar textos "apócrifos" do NT em suas obras? Ou de onde eles tiraram esses textos? Será que os
defensores e usuários do TC(ARA, BLH, NVI, BV, etc), os 'modernos reformados" podem responder
essa pergunta? O 299º Artigo do Código Penal, falando sobre o crime de ‘falsidade ideológica”,
registra:

“Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir
ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita...”.

Adaptando a afirmação jurídica ao sentido religioso da questão, perguntaríamos aos defensores do


TC e aos “neo-reformados”(ou “neutros”): Quem é que está fazendo uso de uma tradução
adulterada do NT – os defensores do TR, os defensores do TC ou os “neutros”? Os fatos estão ao
lado de quem? Pedro chama as Escrituras de "o leite racional, não falsificado"(1 Pd 2:2). Quem
dentre ambos os grupos (defensores do TR e do TC) está se alimentando do puro leite? De ambos
os grupos (usuários do TR e TC), quem está se fazendo uso de traduções reformadas da Bíblia?
(2)O fato é que o TC não foi usado pelas milhares de igrejas cristãs, durante 1900 anos, até que,
introduzidos por Westcott & Hort, em 1880-1881, começou a fermentar no século XX. Outro fato
inconteste é que “tudo que foi inspirado, palavra por palavra, tem sido preservado por Deus,
através da Igreja, nas Escrituras, no decurso dos séculos”(Paulo Anglada; Sola Scriptura, A
Doutrina Reformada das Escrituras, p.104). Isto é um fato inquestionável: foi ao seu povo, que
Deus fez guardião dos seus oráculos (as Escrituras)(Rm 3:2). Deus nunca confiaria a um ímpio
(inimigo de sua Palavra – Gl 1:21; Jó 21:14-15; At 7:57; 1 Co 1:18; Jo 3:20) a tarefa de não só
preservá-la (guarda-la), como também de traduzí-la de acordo com os originais, e por que? Porque
os ímpios não podem comprovadamente serem considerados como “homens de inquestionável
reputação, ortodoxia e conhecimento teológico”(Paulo Anglada; Sola Scriptura, A Doutrina
Reformada das Escrituras, p.164). Tome o exemplo dos fermentadores do TC – Westcott & Hort.
David B. Loughran, erudito da “A Stewartten Bible School Publication”, declara que os próprios
“Westcott e Hort negavam a inerrância da Bíblia”(Bible Versions, Which is the Real Word of God?
pp.28,29). Os fatos que temos sobre Westcott e Hort, nos dão a entender que o fato deles criarem
o chamado Texto Crítico, a partir destes manuscritos corrompidos (que omitem textos como 1 Jo
5:7; Jo 8:1-11; Mc 16:9-20), fornece a evidência de que o fizeram meramente para configurar sua
rejeição a inerrância e inspiração verbal e plenária das Escrituras:

“Eu rejeito esmagadoramente a palavra infalibilidade das Sagradas Escrituras"(Westcott, A Vida e


Cartas de Brook Foss Westcott, Vol. I, p.207).

"Os evangélicos parecem-me pervertidos.. .Há, temo eu, ainda mais graves diferenças entre nós
sobre o assunto de autoridade, especialmente a autoridade da Bíblia" (Arthur Fenton Hort; A
Vida e Cartas de Fenton John Anthony Hort, Vol. I, p.400)

“Estou inclinado a pensar que nenhum estado, como o Edén (refiro-me à noção popular) já
existiu, de modo que Adão não caiu em uma situação de queda a partir de cada um dos seus
descendentes, como Coleridge defende com justiça”(Arthur Fenton Hort; Vida e Cartas de Fenton
John Anthony Hort, [Nova Iorque, 1896], Volume I, p. 78)

Se isto é dito (a negação da inerrância ou inspiração verbal e plenária das Escrituras) como
ocorrido com Westcott & Hort, não podemos esperar nada diferente dos autores da NVI e da Bíblia
na Linguagem de Hoje. Se eles tinham conhecimento de que estes textos existiam (pelo fato dos
pais da Igreja os citarem como parte integrantes das Escrituras), mesmo não constando no TC, e
eles mesmo os rejeitaram e preferiram ficar com esses textos gregos corrompidos, não resta
nenhuma dúvida de que realmente o fizeram por rejeitarem a inspiração plenária e verbal das
Escrituras.

Por exemplo, Virginia Mollenkott e Marten Woudstra (tradutores da NVI), ambos homossexuais,
substituíram, na NVI, 'sodomita' por 'prostituto cultual'(Vide NVI Dt 23:17; 1 Re 14:24; 15:12;
22:46; 2 Re 23:7), tudo para não ofender ao movimento homossexual!. Ah, agora o ato sexual
entre pessoas do mesmo sexo só é pecado se for em adoração, adoração idólatra, dentro de um
templo pagão, e ainda mais sem amor mas sim em troca de pagamento?!... Como esta tradução
contenta o movimento pró-gays! Os gays devem estar pulando de alegria e gritando "aleluia”!

Já o tradutor da Bíblia na Linguagem de Hoje, o Dr. Robert Bratcher, abertamente confessou não
crer na inspiração e inerrância das Escrituras, afirmando:

“Somente ignorância consciente ou desonestidade intelectual podem explicar a afirmação de


que a Bíblia é inerrante e infalível”(The Baptist Courier, 02.04.1981).

Por isso, quando a BLH (chamada hoje de NTLH) foi pela primeira vez publicada no Brasil, estava
muito longe de favorecer a ortodoxia protestante, visto que em sua 1ª edição do NT, já favorecia o
dogma do papado de Pedro em Mt 16:18, afirmando:

“Pedro, você é uma pedra e sobre esta pedra fundamental construirei a minha igreja”.

Sabemos que muitos neo-reformados usam a ARA, e os tais vão ter a diferença de ter um "Cristo"
que não é escriturísticamente sempre eterno, já que tem "orígens"(Mq 5:2), contrariando a igreja
pós-apostólica que cita a passagem correspondendo como “cujas saídas são desde os tempos
antigos, desde os dias da eternidade”, como se segue:

(a)Crisóstomo(347-407)Homília 7 Sobre Mateus)


(b)Jerônimo(347-420), o primeiro tradutor da Biblia(Epístola 108)
(c)Teodoreto(393-457)(Epístola 151)

Aliás, por falarmos em arianismo, as bíblias do TC negam canonicidade da expressão “que está no
céu” de Jo 3:13, seja colocando-a entre colchetes(ARA), seja omitindo-a(NVI, NTLH, BV), omitindo
a onipresença de Cristo, e, portanto, sua divindade, contrariando o testemunho da igreja pós-
apostólica, que cita Jo 3:13 com tal expressão:

(a) Hipólito(169-215)(Contra Noeto, 4)


(b)Novaciano(258 d.C)(Da Trindade, 13)
(c)Gregório Naziazeno(330-390)( Epístola 202 – A Nectário, bispo de Constantinopla)
(d)Crisóstomo(347-407)(Homília 27 Sobre o Evangelho de João)
(e)João Cassiano(350-435)(Da Incarnação, IV:6)
(f)Teodoreto(393-457)(Epístola 84)
(g) Gregório o Grande(+ 604)(Registrum Epistolarum; XI:67)

Ainda, da mesma forma, em 1 Tm 3:16 ,a substituição de “Deus” por “aquele”, omite a crença que
nosso Senhor é Deus encarnado, o que contraria a igreja pós-apostólica que cita “Deus se
manifestou em carne”:

(a)Inácio(30-107)(Epístola aos Efésios, 19)


(b)Hipólito(169-215)(Contra Noeto, 17)
(c)Dionísio de Alexandria(264 d.C)(Epístola Contra Paulo de Samosata)
(d)Gregório de Nissa(335-394)(Contra Eunomio, 2:1)
(e)Crisóstomo(337-407)(Homília 11 Sobre 1 Timóteo 3:16)
(f)Teodoreto(350-428)(História Eclesiástica, 4:7)
(g)Gregório, o Grande(+ 604)(Da Fé)

Da mesma forma, a NTLH(BLH), imitando a TNM dos testemunhas de jeová, em At 20:28,


acrescentando a palavra ‘Filho’, omite a divindade de Cristo:

“Cuidem de vocês mesmos e de todo o rebanho que o Espírito Santo entregou aos seus cuidados,
como pastores da Igreja de Deus, que ele comprou por meio do sangue do seu próprio Filho”,

Esta atitude da NTLH, contraria o testemunho da igreja pós-apostólica, que na pessoa do primeiro
tradutor da Bíblia - Jerônimo(347-420), reza o texto como:

“Guardai-vos e para todo o rebanho no qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para
apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue”(Epístola a Evangelus,
1)

De igual modo sabemos que muitos dos modernos reformados usam a ARA, e os tais vão ter a
diferença de ter um "Cristo" que que não ressuscitou corporalmente já que foi "vivificado no
espírito"(1 Pd 3:18), contrariando a igreja pós-apostólica, que cita 1 Pd 3:18 como “vivificado no
Espírito”:

(a)Orígenes(184-254)(Dos Princípios, II; 5:3)


(b)Pedro de Alexandria(+311)(Epístola a Igreja de Alexandria, 2)

Com essa tradução da ARA de 1 Pd 3:18, a ARA abre a porta para o dogma mórmon da salvação
após a morte ou da doutrina da “segunda oportunidade”.

Da mesma forma, a ARA favorece a confissão auricular do romanismo, ensinando a confissão de


“pecados” aos homens em Tg 5:16, contrariando a igreja pós-apostólica, uma vez que
Agostinho(354-430) citou Tg 5:16 como “Confessai as vossas culpas uns aos outros”(Tratado 58
Sobre o Evangelho de João [sobre Jo 13:10-15]).

E por falar em favorecer o romanismo, a Bíblia na Linguagem de Hoje(BLH), que hoje é chamada de
NTLH(Nova Tradução de Linguagem de Hoje)(NTLH), tende a essa opção. Por exemplo, em Jo 2:4, a
NTLH coloca na boca de Cristo esta expressão: “Não é preciso que a senhora diga o que eu devo
fazer”. Talvez isso agrade a Roma, que costuma se referir a Maria como “Nossa Senhora”; mas a
palavra grega que aparece neste texto, é a palavra γύναι(gynai), que de acordo com o Edward
Robinson significa “uma mulher”(Léxico Grego do Novo Testamento, p.191). O testemunho da
igreja pós-apostólica também é contrário a BLH(NTLH), rezando “mulher” em Jo 2:4, não ‘senhora’:

(a)Irineu(130-200)(Contra Heresias, III; 16:7)


(b)Crisóstomo(347-407(Homília 21 Sobre o Evangelho de João)
(c)Agostinho((354-430)(Tratado 8 [Sobre João 2:1-4], 5)
(d)Gregório o Grande(+ 604)(Registrum Epistolarum, 19:39)

Da mesma forma, a omissão de “primogênito” em Mt 1:25 nas bíblias do TC, também favorece ao
Romanismo, e particularmente ao seu dogma da perpétua virgindade de Maria, contrariando o
testemunho da igreja pós-apostólica, que cita “primogênito” no referido texto:

(a)Taciano(150 d.C)(Diatessaron, Seção 2).


(b)Agostinho(354-430)(Harmonia do Evangelho, II:14)

Também da mesma forma, ocorre com relação a 1 Jo 5:7. A ARA nega a sua canonicidade, pondo-o
entre colchetes, e as demais(NVI, BLH [NTLH), Biblia Viva) simplesmente o omitem, apesar do
testemunho esmagador da igreja pós-apostólica em seu favor, como parte integrante das
Escrituras:

(a)Tertuliano(160-230)(Contra Práxeas, 25)


(b)Cipriano(200-258)(Da Unidade da Igreja,6/ Epístola a Jubaiano [72:12]).
(c)Phoebadius(+ 350 d.C)( Contra Arianos, 17:4).
(d) Atanásio(263-373)(Disputa com Ario/A Sinopse da 1ª Epístola de João)
(e)Prisciliano(+ 380 d.C)(Liber Apologeticus) .
(f)Vigilio Tapsus(+380)(Contra Varimadum)
(g)Gregório Naziazeno(330-390)(5ª Oração Teológica,[31:9]).
(h) O Concílio da Igreja de Cartago em 415 d.C,
(i)Jerônimo(347-420 d.C)(Prólogo as Epístolas Católicas/Confissão de Fé a Damásio/Explanação de
Fé a Cirilo, bispo de Jerusalém) .
(j)Agostinho(354-430)( Da Trindade, IX, X/Cidade de Deus [V]/Contra Maximiniano[II, 22:3]).
(l) Crisóstomo(349-407)(Discurso Contra os Judaizantes, I:3)
(m)Teodoro de Mopsuéstia(+ 428 d.C)(Um Tratado Sobre a Trindade Em Um Só Deus, a Partir da
Epístola de João, o Evangelista)
(n)Elcherius de Lião(+ 434 d.C)(Formulae, C.XI, Seção 3).
(o)Cirilo de Alexandria(+ 444 d.C)(Thesaurus de Sancta Et Consubstantiali Trinitate)
(p)Victor Vitensis (+ 485 d.C)(Historia persecutionis Africanae Provinciae 3.11)
(q) Fulgêncio(468-527 d.C)(Responsio contra Arianos/Contra Fabianum, 21:4/De Trinitate).
(r)Cassiodoro(583 d.C)(S. Epistolam Parthos ad Joannis: 10.5.1).
(s)Isidoro(560-636)(Testimonia divinae Scripturae 2)
(t)Ansbert(760 d.C)(Comentário Sobre o Apocalípse)

Como também, da mesma forma, com relação aos eventos de Mc 16:9-20, a ARA nega a sua
canonicidade, enquanto a NVI, a NTLH(BLH)e a Bíblia Viva omitem, contrariando assim o
testemunho da igreja pós-apostólica, que tinha esse evento como parte do evangelho de Marcos:

(a)Tatiano(150 d.C)(O Diatessaron, Seções 53 e 55)


(b)Irineu(130-200)(Contra Heresias, III; 10:5)
(c)Clemente de Alexandria(155-225)(Comentário da Epístola de Judas)
(d)Tertuliano(160-230)(Tratado Sobre a Alma, 25)
(e)O 7º Concílio de Cartago(258 d.C)(Do Batismo dos Heréticos)
(f)As Constituições Apostólicas(300 d.C)(VIII; 1:1)
(g)Gregório de Nissa(335-394)(Homília Sobre a Ressurreição)
(h)Ambrósio de Milão(337-397)(Do Espírito Santo, XII)
(i)Agostinho(354-430)(Harmonia dos Evangelhos, III; 25:77)
(j)Vitor de Antioquia(500 d.C)(Comentário do Evangelho de Marcos)

E novamente se dá também com Jo 8:1-11, que a ARA põe entre colchetes, não tendo-o como
canônico, enquanto NVI, NTLH(BLH) e Bíblia Viva o omitem, contrariando o testemunho da igreja
pós-apostólica:

(a)Papias(163 .dC)(Interpretação das Declarações de nosso Senhor).


(b)Orígenes(184-254)(Homília Sobre Jeremias 19:15)
(c)As Constituições Apostólicas(300 d.C)(II; 3:24)
(d)Eusébio de Cesareia(263-340)(História Eclesiástica, III:39)
(e)Hilário de Poitiers(300-368)(Comentário do Salmo 118)
(f)Ambrósio de Milão(337-397)(Epístolas 25[v.7]; 26[v.2]).
(g)Paciano(390 d.C)(Epístola 3[v.39])
(h)Dídimo de Alexandria(+ 398)(Comentário de Eclesiastes)
(i)Crisóstomo(349-407)(Homília 17 Sobre o Evangelho de Mateus)
(j)Agostinho(354-430)(Tratado Sobre o Evangelho de João, 33:8). Ele ainda disse:

“Certas pessoas de pouca fé, ou melhor, inimigos da verdadeira fé, temendo, suponho, que suas
esposas tivessem recebido impunidade no pecar, removeram dos manuscritos o ato de perdão do
Senhor para com a mulher adúltera, como se ele ao haver dito ‘não peques mais’, tivesse
concedido a permissão para o pecado”(De Adulterinis Conjugiis, 2:6-7).

(l)Zacarias de Mitilene(+552)(Historia Eclesiástica, VIII:7)


(m)Cassiodoro(583 d.C)(Explanação do Salmo 56:7)
(n)Gregório Magno(540-604)(Moralia in Job, [sobre Jó 1:8; 19:4])
(o)Venerável Beda(+735)(Homília Sobre os Evangelhos)

Realmente vale tudo nas igrejas que não tem a mínima objeção em usar traduções corruptas da
Bíblia. Interessante que na primitiva Igreja Reformada da Holanda, se rejeitou a tradução católica
da Bíblia da época e se fez sua própria tradução da Bíblia, tudo por ordem do Sínodo de Dort em
1618(Paulo Anglada, Sola Scriptura, p.110) sendo essa tradução('a Statenvertaling')a usada para
combater o Arminianismo, que fora baseada não no TC, mas no Texto Receptus. Mas hoje, os
reformados, que arvoram seguir os cânones oriundos do Sínodo de Dort, não fazem nenhuma
objeção ante o uso de traduções que enalteçam o arminianismo, até porque seus ministros e
membros usam abertamente essas traduções, como a ARA, NVI, BLH, Bíblia Viva, etc.

Nesse sentido, segundo esse modo de pensar destes endossadores do TC, quando nosso Senhor
disse "...porque há muitos chamados, mas poucos escolhidos"(Mt 20:16; 22:14 ACF), Ele não
poderia estar dizendo a verdade, porque tal expressão não aparece nos manuscritos do TC
[Sinaítico e Vaticano](4º e 5º Séculos), embora fosse citada pelos primitivos cristãos - os pais da
Igreja:
(a)Barnabé(120 d.C)(Epistola de Barnabé, 4:14)
(b)Irineu(130-200)(Contra Heresias [180 d.C], IV, 15:2),
(c)Orígenes(184-254)(Comentário do Evangelho de Mateus, XII:12). Orígenes era grego!
(d)Tertuliano(160-220)(De Fuga in Persecutione, 14).
(e)Basílio(330-379)(Homília 15),
(f)Crisóstomo(347-407)(Homília 64 Sobre Mateus),
(g)Rufino de Aquiléia(340-410)(Apologia Contra Jerônimo, 44)
(h)Jerônimo(347-420)(Comentário de Mateus 24:12).
(i)Agostinho(354-430)(A Correção e a Graça, 7:14),
(j)Pedro Crisólogo(+ 433)(Sermão sobre Romanos 7:1-6)
(l)Sócrates(380-439)(História Eclesiástica, 5:10).
(m)Leão, o Grande(+461)(Sermões, 62:4)
(n)Gregório Magno(540-604)(Homílias 19,38)

A coisa é tão grave, que a editora Cultura Cristã, publicou, em conjunto com a SBB, uma bíblia com
o hinário presbiteriano, sendo escolhida como versão a ‘ARA’. Na ARA, (e também na Bíblia Viva,
NVI e BLH), se omitindo nela a palavra de nosso Senhor: “...porque teu é o reino, e o poder, e a
glória, para sempre. Amém”(Mt 6:13), sendo esta expressão encontrada em grego no Codex
Washingtonensis(Séc. IV) e sendo citada pelos pais da Igreja :

(a)Didache(90 d.C)(8:2),
(b)Tatiano(150 d.C)(O Diatessaron, 9ª Seção),
(c)Crisóstomo(347-407)(Homília 19 Sobre o Evangelho de Mateus)

Essa expressão de Mt 6:13 também citada pelos autores dos Catecismos Maior(Pergunta nº 196) e
Menor de Westminster(Pergunta nº 107). O próprio Calvino, aludindo a este texto, afirmava que
“no entanto aqui parece tão mais apropriado inserir do que omitir”(Institutas, III; 20:47). Assim,
as bíblias do TC (ARA, NVI, BLH[NTLH], BV, etc) não querem que o reino, o poder e a glória
pertençam para sempre a Deus. Isto os incomoda.

Outra coisa aberrante das bíblias TC é a introdução do universalismo em Jo 6:47, onde lemos: “

“Em verdade, em verdade vos digo: Aquele que crê tem a vida eterna”(ARA).

Para agrado dos universalistas, as bíblias do TC (ARA, NVI, NTLH) omitem “em mim”[eis eme],
omitindo que temos que crer em Cristo (crer total e somente nEle, crer literalmente e de todo
coração em tudo que a Bíblia diz sobre Ele. Bastaria "crer", crer em qualquer alguém ou qualquer
algo, ou em qualquer coisa), e contrariando o testemunho da igreja pós-apostólica, que no
testemunho de Agostinho(354-430), reza Jo 6:47 como “Em verdade, em verdade vos digo: Aquele
que crê em mim tem a vida eterna”(Tratado 26 Sobre o Evangelho de João, 10).

Se não bastasse introduzir ‘universalismo’ no texto do NT da ARA, no texto do AT, seus tradutores
introduziram expressões astrológicas, como “signos do Zodíaco” em Jó 38:32 = “Ou fazer aparecer
os signos do Zodíaco”. A ACF reza esse texto assim: “Ou produzir as constelações a seu tempo, e
guiar a Ursa com seus filhos?”. A palavra hebraica que aparece aqui é a palavra ‫מַ ז ָּ֣רֹות‬
(Mazzaroth)que de acordo com o “A Hebrew and English Lexicon of the Old Testament”, de Francis
Brown, S. R. Driver e C. A. Briggs, significa “alguma estrela ou constelação particular”(p.561). O
testemunho da igreja pós-apostólica também contraria a tradução da ARA, visto que o primeiro
tradutor da Bíblia- Jerônimo(347-420) – citou Jó 38:32 como “estrelas”(Contra Joviniano, 2:23).

E a NTLH((BLH), contrariando o Sl 103:19, chega ao cúmulo de afirmar em Cl 2:8 que os demônios


governam o universo:

“Tenham cuidado para que ninguém os torne escravos por meio de argumentos sem valor, que
vêm da sabedoria humana. Essas coisas vêm dos ensinamentos de criaturas humanas e dos
espíritos que dominam o Universo e não de Cristo”.

Mas os neo-reformados não estão nem aí para com isso, e não se importam mais com a violação
da lei de Deus em Ap 22:18-19. Eles condenam os romanistas pelos seus acréscimos as Escrituras e
os testemunhas de jeová por suas mutilações e adulterações no texto sagrado, mas se calam
diante dos decréscimos às Escrituras do NT nas bíblias do TC (ARA, NVI, BLH, BV).

Capítulo 22 – Os Arminianos São Salvos???

Desde os Cânones do Sínodo de Dort(1618-1619), os arminianos foram condenados e suas


doutrinas declaradas como ‘erros’.

Hoje, se observamos c om cuidado, veremos que grande parte dos arminianos crêem na salvação
pelas obras, mantendo uma soteriologia semelhante à das demais seitas(Vide Capítulo 15). Se os
católicos, espíritas, mórmons, adventistas, russelitas, moonitas, subscrevem a salvação pelas
obras, e não podem ser considerados salvos, por que os arminianos o podem?

Sinceramente falando, creio que bíblica e teologicamente falando, nenhuma pessoa que atribui
qualquer parte de sua salvação (eleição, justificação, santificação e glorificação) ao seu próprio
esforço (isto é, algo que depende dele), não é e não pode jamais ser considerado um salvo.
Portanto, se um arminiano realmente crê desta maneira, não o consideramos um salvo, visto que
o mesmo não diverge em nada das demais seitas heréticas. E me parecer ser esse o parecer das
primitivas confissões reformadas. Por exemplo, os Canones de Dort consideram o dogma do livre
arbítrio uma heresia, ao mesmo tempo que considera ‘herético’ quem se opõe a doutrina da
perseverança dos santos:

“Outros que são chamados pelo ministério do Evangelho vêm e são convertidos. Isto não pode ser
atribuído ao homem, como se ele se distinguisse por sua livre vontade de outros que receberam a
mesma e suficiente graça para fé e conversão, como a heresia orgulhosa de Pelágio afirma. Mas
isto deve ser atribuído a Deus: como Ele os escolheu em Cristo desde a eternidade, assim Ele os
chamou efetivamente no tempo. Ele lhes dá fé e arrependimento; Ele os livra do poder das trevas
e os transfere para o reino de seu Filho. Tudo isto Ele faz a fim de que eles proclamem as grandes
virtudes daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz, e se gloriem não em si
mesmos mas no Senhor, como é o testemunho geral dos escritos apostólicos (Col 1:13; 1 Pe 2:9; 1
Cor 1:31).”(Capítulos III-IV, 10)

“Deus revelou abundantemente em sua Palavra esta doutrina da perseverança dos verdadeiros
crentes e santos, e da certeza dela, para a glória do seu Nome e para a consolação dos piedosos.
Ele a imprime nos corações dos crentes, mas a carne não pode entendê-la. Satanás a odeia, o
mundo zomba dela, os ignorantes e hipócritas dela abusam, e os heréticos a ela se opõem. A
Noiva de Cristo, entretanto, sempre tem-na amado ternamente e defendido constantemente como
um tesouro de inestimável valor. Deus, contra quem nenhum plano pode se valer e nenhuma força
pode prevalecer, cuidará para que a Igreja possa continuar fazendo isso. Ao único Deus, Pai, Filho e
Espírito Santo, sejam a honra e a glória para sempre. Amém!”(Capítulo V, 15).

A Segunda Confissão Helvética(1566) também considera o dogma do livre arbítiro uma heresia:

“Heresias. Nesta questão, condenamos os maniqueus, os quais afirmam que o início do mal, para o
homem bom, não foi de seu livre arbítrio. Condenamos, também, os pelagianos, que afirmam
que um homem mau tem suficiente livre arbítrio para praticar o bem que lhe é ordenado. Ambos
são refutados pela Santa Escritura, que diz aos primeiros: ‘Deus fez o homem reto’; e aos
segundos: ‘Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres’(João 8.36)”(IX, &12)

Da mesma forma, vários puritanos tem defendido que arminianismo é uma ‘heresia’ e que
arminianos são ‘hereges’. Por exemplo, John Owen(1616-1683), em sua obra “Contra o
Arminianismo e Seu Ídolo Pelagiano, o Livre-Arbítrio”, declara:

“Neste triste cenário, o Arminianismo que outrora foi considerado uma heresia intolerável no
Cristianismo, agora tem muitos de seus ensinamentos amplamente disseminados no meio dito
evangélico, de modo que a maioria dos que se dizem evangélicos atualmente creem em muitos
dos falsos ensinos Racinianos”(p.8)
Charles H. Spurgeon(1834-1892), em sua obra “Uma Defesa do Calvinismo”, declara:

“Freqüentemente é dito que as doutrinas que cremos têm uma tendência de nos levar ao
pecado...Pergunto ao homem que se atreve a dizer que o Calvinismo é uma religião licenciosa: o
que pensas do caráter de Agostinho, ou de Calvino, ou de Whitefield, os quais nas idades
sucessivas foram os grandes expoentes dos sistemas da graça?; ou o que dirá dos Puritanos, cujas
obras estão cheias delas? Se um homem tivesse sido um Arminiano naqueles dias, teria sido
considerado como o mais vil dos hereges, mas agora nós somos vistos como os hereges, e eles
como ortodoxos. Nós temos voltado à velha escola; nós podemos traçar nossa descendência desde
os apóstolos”.

Desta forma, se um arminiano fosse coerente com seus pontos de vista, e os levasse a sério, e às
últimas consequências, deveria orar desta maneira:

“Ó Senhor, eu te agradeço porque Tu apenas previste que eu iria me arrepender e crer, e, em


resposta a isso, tu me escolhestes. Graças te dou porque a Tua escolha foi uma retribuição à minha
fé e arrependimento. Te agradeço porque fé e arrependimento são frutos da minha livre vontade e
que dependem de mim mesmo. Eu te agradeço porque eu pude de mim mesmo têr esta fé. Graças
te dou, porque a Tua escolha dependia da minha escolha. Graças te dou porque Tu só me amastes
porque vistes que eu te amaria. Por fim, Senhor, eu te agradeço porque Tu só me salvaste porque
eu decidí crer em Ti, ou seja, porque a minha salvação dependia de mim mesmo. Obrigado,
porque a glória da minha salvação está dividida entre nós dois"!

Desculpe-me a franqueza, mas, ainda que os arminianos não orem desta forma, por uma questão
de coerência, esta deveria ser sua oração. Mas, a hipocrisia deles, não permite que orem como
arminianos. Eles não levam os seus dogmas até as últimas consequência. Não tem coragem de orar
arminianamente, sem blasfemar contra Deus! Em suma, em pé, são arminianos; de joelhos, são
calvinistas.

Agora vejam a oração calvinista:

“Ó Senhor, eu te agradeço porque sem ti nada posso fazer. Agradeço porque tu me escolhestes
para a salvação, quando eu de mim mesmo nada poderia fazer para conseguí-la. Eu te agradeço,
porque , mesmo não tendo nada para te oferecer, Tu decidiste me salvar e me escolhestes antes da
fundação e por isso mandaste teu Filho com este propósito de salvar todos que o Pai te deu. Eu te
agradeço porque não fui eu que te escolhi, pelo contrário, fostes Tu que me escolhestes para que
eu desse fruto e fosse santo. Obrigado, porque eu só pude ter fé, exatamente porque Tu me
escolhestes e por graça e misericórdia me desses esse dom. Obrigado, porque a salvação pertence
ao Senhor e meu nome foi por Ti escrito no Livro da Vida do Cordeiro que foi morto desde a
fundação do mundo. Obrigado, porque a glória da minha salvação é toda Tua".

Charles H. Spurgeon(1834-1892), o príncipe dos pregadores, em seu sermão “Não Existem


Orações Arminianas”, declara:

“Vocês têm ouvido uma quantidade grande de sermões arminianos, ouso dizer, mas vocês nunca
ouvirão uma oração arminiana - porque os santos em oração se mostram iguais em palavra, ação e
mente. Um arminiano de joelhos orará tão fervorosamente, quanto um calvinista. Ele não pode
orar sobre o livre-arbítrio; não há espaço para isso. Imagine-o orando:

‘Senhor, eu te agradeço porque não sou como aqueles pobres e presunçosos Calvinistas. Senhor,
eu nasci com o glorioso livre-arbítrio; nasci com o poder pelo qual posso me voltar para ti por mim
mesmo; tenho acrescido minha graça. Se todos tivessem feito com suas graças o mesmo que fiz
com a minha, todos poderiam estar salvos agora. Senhor, eu sei que o Senhor não nos faz
propensos a ti se nós mesmos não nos dispusermos a isto.

Deste graça a todos; alguns não a cultivaram, mas eu a cultivei. Há muitos que irão para o inferno,
mesmo estando tão comprados pelo sangue de Cristo quanto eu estou; tiveram tanto do Espírito
Santo quanto me foi dado; tiveram uma boa chance, e foram tão abençoados quanto eu fui. Não
foi a tua graça que nos fez diferentes; sei que ela fez muito, mas eu é que mudei de direção; eu fiz
uso do que me foi dado, e os outros não - esta é a diferença entre mim e eles’.

Esta é uma oração do diabo, porque ninguém mais ofereceria uma oração como esta. Ah! Quando
estão pregando e falando bem devagar, podem apresentar uma doutrina errada; mas quando vêm
orar, a verdade escapa; eles não podem evitar’”.

De fato, não temos nenhum registro de um arminiano orando desta maneira, orando como
arminiano, usando uma terminologia arminiana. Sinceramente, presumindo que um arminiano
jamais oraria arminianamente, podemos crêr que se o arminiano nega em seu íntimo a
soteriologia arminiana, pode-se presumir sua regeneração – isto é, podemos crer que ele é um
salvo, e não vemos que esse modo de pensar é inapropriado para um calvinista ou reformado.
Então, nesse sentido, consideramos muitos arminianos como salvos.

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Opiniões sobre o livro

“Temos vistos nos últimos dias um grande crescimento de uma disputa entre arminianos e
calvinistas, ao que parece ser apenas uma questão de erros de interpretação sobre alguns pontos
na verdade é sem sobras de duvidas uma batalha intensa pela verdade tendo a Bíblia como fonte
única e inesgotável dessa verdade, não podemos a partir da mesma termos visões distintas de
assuntos ‘primeiros’ no tocante a fé, esse livro, na verdade esse belo livro é sem dúvidas um belo
material apologético que vai ajudar a muitos de nós a compreender melhor essas questões, quem
definitivamente está com a verdade, ou quem tem feito a exposição fiel do que pretende o livro
santo? Certamente que após a leitura dessa obra você terá subsídios suficientes para expor sua
opinião. Boa leitura e que Deus o bom Pai se apiede de pecadores como nós”

Rev. Eudes Silveira


Pastor da Igreja Presbiteriana de Andorinhas, RJ

“O livro Arminianismo Proscrito, do amigo e irmão Jailson Serafim, é uma obra densa, , cujo
destaque deve ser dado à riqueza de fontes em todos os pontos apresentados e analisados,
embasando cada um dos argumentos construídos. Acredito que, não obstante seu viés seja o de
refutar duramente o arminianismo, o resultado de seu trabalho serve inclusive àqueles arminianos
que desconhecem muito de seus postulados e das razões pelas quais os reformados defendem as
Doutrinas da Graça”

Rev. Anderson José Teixeira Cavalcanti de Barros,


Ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil,
Pastor auxiliar na Igreja Presbiteriana de Beberibe,
Oficial da Polícia Militar de Pernambuco

“Neste livro, Jailson Serafim demonstra um conhecimento histórico e teológico abrangente


esclarecendo pontos de debate entre calvinistas e arminianos. Expondo com clareza e
profundidade a inconsistência teológica arminiana e seus pares na História. Recomendo este livro a
você”

Rev. Demétrio Guimarães


Ministro da Igreja Presbiteriana Fundamentalista de Patos -PB

“Arminianismo proscrito é uma obra de grande contribuição na controvérsia entre calvinistas e


arminianos, pois revela a doutrina sinergista/remonstrante como de fato é. Através de um discurso
apologético, histórico e bíblico, Jailson argumenta de maneira lógica e concisa, explicitando as
falhas, contradições e falácias da doutrina arminiana em suas mais variadas formas (clássica,
wesleyana e contemporânea). A obra é alicerçada na verdade das Escrituras do Antigo e do Novo
Testamento, além dos escritos dos pais apostólicos e história eclesiástica. Um verdadeiro míssil
contra os falsos ensinos sinergistas”

Rev. Aldenor P. Neto, Pastor da Igreja Presbiteriana Betel (IPB) em Fortaleza-Ce.

“Este livro chega em boa hora, devido alguns quererem turvar as águas cristalinas das antigas
doutrinas da graça e da verdadeira soteriologia bíblica. Neste livro vemos o estilo peculiar de
Jailson Serafim, defendendo como um leão a fé cristã através de suas pesquisas históricas,
teológicas e principalmente no campo da apologética contra os inquiridores que querem turvar a
água cristalina da doutrina bíblica da salvação e da verdadeira fé. Não esquecendo nunca o
conselho do apóstolo São Pedro que disse: ‘Antes santificai a Cristo , como SENHOR, em vossos
corações; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos
pedir a razão da esperança que há em vós’(1 Pe. 3.15)”

Madson Marinho, Professor de teologia em diversos seminários na capital do Recife e interiores de


Pernambuco há 17 anos. Serve a Deus como presbítero da igreja reformada em Imbiribeira, Igreja
Reformada em Imbiribeira
“Gostaria de começar agradecendo primeiramente a Deus e ao irmão em Cristo Jailson Serafim
pelo convite de poder passar um pouco sobre essa obra grandiosa que é o livro Arminianismo
Proscrito. Em tempo de tantas crises doutrinais e teológicas em que vive a igreja protestante em
todo mundo especialmente no Brasil, Deus capacita o querido irmão Jailson Serafim para nos
presentear com a essa maravilhosa obra ‘Arminianismo Proscrito’. Lembro-me na época em que
estudei no Seminário Congregacional, em que eu era Arminiano e fiz um trabalho desmentindo o
Calvinismo. Para fazer esse trabalho li tanto sobre Calvinismo que acabei o 1º semestre Arminiano
e no retorno as aulas tinha-me ‘convertido’ ao Calvinismo. O livro Arminianismo Proscrito vem
para enriquecer ainda mais a leitura daqueles que querem realmente enxergar as diferenças entre
o Arminianismo e o Calvinismo. O livro nos mostra um Arminianismo histórico e sendo assim um
pouco de quando tudo começou. Mais também nos mostra o quanto a doutrina Arminiana é
herética e antibíblica. O Autor do livro conseguiu reunir nessa obra um vasto estudo sobre essa
doutrina que tem provocado tantos desvios em nossas igrejas. Se eu tivesse em mãos na época do
seminário uma obra dessas com certeza teria deixado o Arminianismo antes de encerrar o 1º
semestre. Recomendo a todos, Pastores, Bispos, seminaristas e membresia da igreja protestante
brasileira a se debruçar e estudar cada linha dessa obra maravilhosa que lhes é apresentada para
que então essa doutrina do Livre-Arbítrio deixe de vez nossas casas, seminários e Igrejas. Afinal de
contas todos nascemos pecadores, todos nascemos arminianos.

Reverendo Bruno Leandro


Igreja Anglicana Ortodoxa no Brasil
Comunidade Anglicana da Santíssima Trindade - Caruaru-PE

“Há controvérsias antigas, sob as quais parece ser impossível algo novo que justifique a
continuação do debate. Calvinismo versus arminianismo é um desses embates, os proponentes de
cada lado, que têm um conhecimento razoável de sua posição e da que se lhe opõe, podem,
portanto, achar desinteressante qualquer nova leitura dessa pauta. Não é o caso da presente obra,
nela Jailson Serafim, temente servo do Senhor, e fiel às Escrituras Sagradas, mostrou-se esmerado
em sua pesquisa, tanto histórica quanto bíblico-teológica. A texto é esclarecedor, apologético,
vigoroso e empolgante. O conteúdo é significativo, com linguagem acessível. É certo que a
contribuição dessa obra é gigantesca, o estudante, bem como o interessado no tema, tem muito a
ganhar com sua leitura”

Rovanildo Vieira Soares


Pastor da Igreja Evangélica Congregacional de Amendoeira – São Gonçalo – RJ.

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