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4. a graça é resistível; e
5. os crentes são capazes de resistir ao pecado, mas não estão fora da possibilidade de
cair da graça.
O termo arminianismo é usado para definir aqueles que afirmam as crenças originadas por
Jacobus Arminius, porém o termo também pode ser entendido de forma mais ampla para
um agrupamento maior de ideias, incluindo as de Hugo Grotius, John Wesley e outros. Há
duas perspectivas principais sobre como o sistema pode ser aplicado corretamente:
arminianismo clássico, que vê em Arminius o seu representante; e arminianismo wesleyano,
que vê em John Wesley o seu representante. O arminianismo wesleyano é por vezes
sinônimo de metodismo. Além disso, o arminianismo é muitas vezes mal interpretado por
alguns dos seus críticos que o incluem no semipelagianismo ou no pelagianismo, ainda que
os defensores de ambas as perspectivas principais neguem veementemente essas
alegações.[3]
História
Retrato de Jacó Armínio.
Embora tenha sido discípulo do notável calvinista Teodoro de Beza, Arminius defendeu uma
forma evangélica de sinergismo (crença que a salvação do homem depende da cooperação
entre Deus e o homem), que é contrário ao monergismo, do qual faz parte o calvinismo
(crença de que a salvação é inteiramente determinada por Deus, sem nenhuma participação
livre do homem). O sinergismo arminiano difere substancialmente de outras formas de
sinergismo, tais como o pelagianismo e o semipelagianismo, como se demonstrará adiante.
De modo análogo, também há variações entre as crenças monergistas, tais como o
supralapsarianismo e o infralapsarianismo.
Arminius não foi primeiro e nem o último sinergista na história da Igreja. De fato, há dúvidas
quanto ao fato de que ele tenha introduzido algo de novo na teologia cristã. Os próprios
arminianos costumavam afirmar que os Padres da Igreja grega dos primeiros séculos da era
cristã e muitos dos teólogos católicos medievais eram sinergistas, tais como o reformador
católico Erasmo de Roterdã. Até mesmo Philipp Melanchthon (1497-1560), companheiro de
Lutero na reforma alemã, era sinergista, embora o próprio Lutero não fosse.
seriam incompatíveis com o caráter de Deus, que é amoroso, compassivo, bom e deseja
que todos se salvem.
violariam o caráter pessoal da relação entre Deus e o homem.
levariam à conseqüência lógica inevitável de que Deus fosse o autor do mal e do pecado.
Contexto histórico
De acordo com historiadores, tais como Carl Bangs, autor de "Arminius: A Study in the Dutch
Reformation (1985)", as igrejas reformadas da região eram protestantes, em sentido geral, e
não rigidamente calvinistas. Embora aceitassem o catecismo de Heidelberg como
declaração primária de fé, não exigiam que seus ministros ou teólogos aderissem aos
princípios calvinistas, que vinham sendo desenvolvidos em Genebra, por Beza. Havia relativa
tolerância entre os protestantes holandeses. De fato, havia tanto calvinistas quanto
luteranos. Os seguidores do sinergismo de Melanchthon conviviam pacificamente com os
que professavam o supralapsarianismo de Beza. O próprio Arminius, acostumado com tal
"unidade na diversidade", mostrou-se estarrecido, em algumas ocasiões, com as exageradas
reações calvinistas ao seu ensino.
Essa convivência pacífica começou a ser destruída quando Franciscus Gomarus, colega de
Arminius na Universidade de Leiden, passou a defender que os padrões doutrinários das
igrejas e universidades holandesas fossem calvinistas. Então, lançou um ataque contra os
moderados, incluindo Arminius.
De início, a campanha para impor o calvinismo não foi bem sucedida. Tanto a igreja quanto o
Estado não consideravam que a teologia de Arminius fosse heterodoxa. Isso mudou quando
a política passou a interferir no processo.
À época, os países baixos, liderados pelo príncipe Maurício de Nassau, calvinista, estavam
em guerra contra a dominação da Espanha, católica. Alguns calvinistas passaram a
convencer os governantes dos Países Baixos, e especialmente o príncipe Nassau, de que
apenas a sua teologia proveria uma proteção segura contra a influência do catolicismo
espanhol. De fato, caricaturas da época apresentavam Arminius como um jesuíta disfarçado.
Nada disso foi jamais comprovado.
Depois da morte de Arminius, o governo começou a interferir cada vez mais na controvérsia
teológica sobre predestinação. O príncipe Nassau destituiu os arminianos dos cargos
políticos que ocupavam. Um arminiano foi executado e outros foram presos. O conflito
teológico atingiu tamanha proporção que levou a Igreja a convocar o Sínodo Nacional da
Igreja Reformada, em Dort, mais conhecido como o Sínodo de Dort, onde os arminianos,
conhecidos como "remonstrantes", tiveram a oportunidade de defender seus pontos de vista
perante as autoridades, partidárias do calvinismo. As discussões ocorreram em 154
reuniões iniciadas em 13 de novembro 1618 e encerrada em 9 de maio de 1619, cujo
assunto era a predestinação incondicional defendida pelo calvinismo e a predestinação
condicional defendida pelo arminianismo. Os arminianos acabaram sendo condenados
como hereges, destituídos de seus cargos eclesiásticos e seculares, tiveram suas
propriedades expropriadas e foram exilados.
Logo que Maurício de Nassau morreu, os calvinistas perderam o seu poder na região e os
arminianos puderam retornar ao país, onde fundaram igrejas e um seminário, o qual até hoje
existe na Holanda (Remonstrants Seminarium).
Para Arminius e seus seguidores, sua teologia também era compatível com a reforma
protestante. Em sua opinião, tanto o calvinismo quanto o arminianismo são duas correntes
inseridas na reforma protestante, por serem, ambas, compatíveis com o lema dos
reformados sola gratia, sola fide, sola scriptura.
Teologia
Arminianismo clássico
As crenças básicas de Jacó Armínio e os remonstrances estão resumidos como tal pelo
teólogo Stephen Ashby:
2. Depois de ter sido chamado e capacitado, mas antes da regeneração, alguém é capaz
de crer... também capaz de resistir.
3. Após alguém crer, Deus o regenera, alguém é capaz de continuar crendo... também
capaz de resistir.
O quarto ponto demonstra claramente que é a graça preveniente que restaura no homem a
sua capacidade de não resistir à Deus. Portanto, para Armínio, a salvação é pela graça
somente e por meio da fé somente. Nesse sentido, os arminianos do coração concordam
com os calvinistas no sentido de que a capacitação, por meio da graça, precede a fé, e que
até mesmo a fé salvadora seja um dom de Deus. A diferença está na compreensão da
operação dessa graça. Para os calvinistas, a graça é concedida apenas aos eleitos, que a ela
não podem resistir. Para os arminianos, a expiação por meio de Jesus Cristo é universal e
comunica essa graça preveniente a todos os homens; mas ela pode ser resistida. Assim
como o pecado entrou no mundo pelo primeiro Adão, a graça foi concedida ao mundo por
meio de Cristo, o segundo Adão (conforme Romanos 5:18, João 1:9). Nesse sentido, os
arminianos entendem que I Timóteo 4:10 aponta para duas salvações em Cristo: uma
universal e uma especial para os que creem. A primeira corresponde à graça preveniente,
concedida a todos os homens, que lhes restaura o arbítrio, ou seja, a capacidade de não
resistir a Deus. Ela é distribuída a todos os homens porque Deus é amor (I João 4:8, João
3:16) e deseja que todos os homens se salvem (I Timóteo 2:4, II Pedro 3:9), conforme
defendido no segundo ponto do arminianismo. A segunda é alcançada apenas pelos que não
resistem à graça salvadora e creem em Cristo. Estes são os predestinados, segundo a visão
arminiana de predestinação.
Ao contrário dos calvinistas, os arminianos creem que essa graça preveniente, concedida a
todos os homens, não é uma força irresistível, que leva o homem necessariamente à
salvação. Para Armínio, tal graça irresistível violaria o caráter pessoal da relação entre Deus
e o homem. Assim, todos os homens continuam a ter a capacidade de resistir à Deus, que já
possuíam antes da operação da graça (conforme Atos 7:51, Lucas 7:30, Mateus 23:37).
Portanto, a responsabilidade do homem em sua salvação consiste em não resistir ao Espírito
Santo. Este é o coração do sinergismo arminiano, o qual difere radicalmente dos
sinergismos pelagiano e semipelagiano.
Os textos a seguir transcritos, escritos pelo próprio Arminius, são úteis para demonstrar
algumas de suas ideias.
…Mas em seu estado caído e pecaminoso, o homem não é capaz, de e por si mesmo, pensar,
desejar, ou fazer aquilo que é realmente bom; mas é necessário que ele seja regenerado e
renovado em seu intelecto, afeições ou vontade, e em todos os seus poderes, por Deus em
Cristo através do Espírito Santo, para que ele possa ser capacitado corretamente a entender,
avaliar, considerar, desejar, e executar o que quer que seja verdadeiramente bom. Quando ele é
feito participante desta regeneração ou renovação, eu considero que, visto que ele está liberto
do pecado, ele é capaz de pensar, desejar e fazer aquilo que é bom, todavia não sem a ajuda
contínua da Graça Divina.
Com referência à Graça Divina, creio, (1.) É uma afeição imerecida pela qual Deus é
amavelmente afetado em direção a um pecador miserável, e de acordo com a qual ele, em
primeiro lugar, doa seu Filho, "para que todo aquele que nele crê tenha a vida eterna," e, depois,
ele o justifica em Cristo Jesus e por sua causa, e o admite no direito de filhos, para salvação.
(2.) É uma infusão (tanto no entendimento humano quanto na vontade e afeições,) de todos
aqueles dons do Espírito Santo que pertencem à regeneração e renovação do homem - tais
como a fé, a esperança, a caridade, etc.; pois, sem estes dons graciosos, o homem não é
capaz de pensar, desejar, ou fazer qualquer coisa que seja boa. (3.) É aquela perpétua
assistência e contínua ajuda do Espírito Santo, de acordo com a qual Ele age sobre o homem
que já foi renovado e o excita ao bem, infundindo-lhe pensamentos salutares, inspirando-lhe
com bons desejos, para que ele possa dessa forma verdadeiramente desejar tudo que seja
bom; e de acordo com a qual Deus pode então desejar trabalhar junto com o homem, para que
o homem possa executar o que ele deseja.
Arminianismo wesleyano
Parte de uma série sobre
Metodismo
John Wesley
História
Cristianismo
Protestantismo
Pietismo
Anglicanismo
Arminianismo
Doutrinas
Artigos da Religião
Graça preveniente
Expiação Governamental
Novo nascimento
Justiça transmitida
Perfeição cristã
Segurança
Obras de Piedade
Obras de misericórdia
Pessoas chave
John Wesley
Richard Allen
Francis Asbury
Thomas Coke
William Law
Albert C. Outler
James Varick
Charles Wesley
George Whitefield
Metodistas · Teólogos
Grandes grupos
Concílio Mundial
Igreja AME
Igreja do Nazareno
Metodista Wesleyana
Relação de grupos
Movimento de Santidade
Igreja Moraviana
Exército da Salvação
Portal do cristianismo v ·d ·
e (https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Prede
fini%C3%A7%C3%A3o:Metodismo2&action=edit)
John Wesley foi historicamente o advogado mais influente dos ensinos da soterologia
arminiana. Wesley concordou com a vasta maioria daquilo que o próprio Arminius defendeu,
mantendo doutrinas fortes, tais como as do pecado original, depravação total, eleição
condicional, graça preveniente, expiação ilimitada e possibilidade de apostasia.
Wesley, porém, afastou-se do arminianismo clássico em três questões:
Outras variações
Eleição Corporativa
Esta tabela resume as visões clássicas de três diferentes crenças protestantes sobre a
salvação "cristã", ou seja, fundamentadas em Cristo Jesus.[24]
Tema Luteranismo Calvinismo Arminianismo
Depravação
Arbítrio Depravação total, sem o Depravação total, com o livre-
total, sem o
humano livre-arbítrio arbítrio a partir da graça
livre-arbítrio
Incondicional,
Eleição condicional, baseando-
somente Eleição incondicional para
Eleição se na fé ou incredulidade
eleição para a a salvação.
prevista
salvação
Justificação de
todos os que Justificação é limitada
Justificação é possível para
creêm aos eleitos para a
Justificação todos, mas só se aplica sobre
completamente salvação, completa na
quem põe fé em Jesus.
na morte de morte de Cristo.
Cristo.
Sinergista, livre-arbítrio
Monergista, restaurado pela graça
através dos Monergista, sem meios, preveniente, podendo resistir
Conversão
meios de irresistível ao evangelho, mas sem mérito
graça, resistível humano caso receba o dom da
fé.
Equívocos comuns
Alegoria da disputa teológica entre arminianos e os seus oponentes
Similaridades
Depravação total – arminianos concordam com os calvinistas sobre a doutrina da
depravação total. As diferenças ficam na compreensão de como Deus medica a
depravação humana.
Ver também
Referências
18. Ashby Four Views, 159 34. Picirilli Grace, Faith, Free Will 104-105,
19. Harper, Steven "Wesleyan Arminianism" 132ff
Four Views on Eternal Security (Grand 35. Ashby Four Views on Eternal Security
Rapids: Zondervan, 2002) 227ff 140ff
20. Harper 239-240 36. Picirilli Grace, Faith, Free Will 132
21. Wesley, John "A Call to Backsliders" The 37. Nicole, Roger, "Covenant, Universal Call
Works of John Wesley, ed. Thomas And Definite Atonement" (http://www.a
Jackson, 14 vols. (London: Wesley puritansmind.com/Arminianism/Nicole
Methodist Book Room, 1872; repr, RogerUniversalCallDefiniteAtonemen
Grand Rapids: Baker, 1986) 3:211ff t.htm) Arquivado em (https://web.arc
Bibliografia
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Wesley, John. "The Question, 'What Is an Arminian?' Answered by a Lover of Free Grace" (https://web.
archive.org/web/20060216034308/http://gbgm-umc.org/UMhistory/wesley/arminian.stm)
«Arminianismo.com» (http://www.arminianismo.com)
Ligações externas
«Arminian Theology – Myths and Realities» (http://www.ivpress.com/cgi-ivpress/book.pl/c
ode=2841)
«Arminianismo.com» (http://www.arminianismo.com)
"Eleição Coletiva em Romans 9", Journal of the Evangelical Theological Society, June 2006
(http://findarticles.com/p/articles/mi_qa3817/is_200606/ai_n17176282/pg_1) por Brian
Abasciano (perspectiva arminiana)
Obtida de "https://pt.wikipedia.org/w/index.php?
title=Arminianismo&oldid=62103916"
Última modificação há 2 meses por Eric Duff
Wikipédia