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A gestão como qualquer outra área de conhecimento tem evoluído ao longo do tempo,
sendo certo que nos últimos anos se tem assistido a uma série de desenvolvimentos sem
precedentes. Com efeito, grandes empreendimentos humanos como a muralha da China
ou as pirâmides do Egipto não teriam sido possíveis sem que houvesse uma grande
capacidade de gestão, designadamente ao nível do planeamento da construção,
organização dos recursos disponíveis, direcção e liderança dos trabalhadores e controlo
do seu desempenho.
Neste capítulo pretende-se apenas fazer referencia a forma como têm sido
conceptualizadas as organizações, isto é, desde que alguns autores começaram a tentar
formalizar o estudo das organizações. Mais do que uma apresentação de diversas
abordagens, pretende-se mostrar quais têm sido as evoluções a nível dos conceitos
centrais e como essa evolução tem correspondido a evolução das próprias organizações
devido a sua crescente complexidade e as mudanças radicais da sua envolvente, quer a
nível social, tecnológico, económico ou a nível cultural. Portanto, as escolas de
pensamentos da gestão podem ser agrupadas em quatro grandes correntes, categorias ou
abordagens:
Esta abordagem corresponde, pois, a uma época onde fenómeno da grande organização
é inovador e relativamente escasso. É ainda uma época onde as tecnologias de produção
são insipientes mas em que o alargamento dos mercados começa a ter um enorme
impacto, criando a necessidade de rápido desenvolvimento da produção. A abordagem
clássica é integrada pelas teorias da Administração Científica; Teoria Geral da
Administração e a Teoria Burocrática das Organizações;
2.1.1. Teoria da Administração Científica
A administração científica é uma teoria da gestão que desponta no início do Seculo XX,
que assumia como objectivo essencial a maximização da eficiência das organizações, de
uma forma geral, e da eficiência do trabalho, em particular. Introduzida originalmente
pelo Americano Frederick Taylor, a partir do seu livro The Pratice of Scientific
Management (Princípios da Gestão Cientifica), em 1911, que de forma cientifica
abordavam os princípios e praticas de gestão pela aplicação do método cientifico,
fornecendo bases de analise dos problemas de gestão com vista a alcançar uma maior
eficiência industrial.
A teoria geral da administração, também designada por teoria clássica, foi inicialmente
proposta pelo Francês Henry Fayol, com a publicação do seu livro Administration
Industrielle et Générale (Teoria geral da Administração), em 1916, onde resumia as
suas propostas fundamentais relativamente a gestão das organizações, praticamente em
simultâneo com o aparecimento dos «Princípios da Gestão Cientifica» de Taylor.
Embora haja algo de comum com os dois, podendo mesmo dizer que os dois trabalhos
se complementam, enquanto Taylor se preocupou basicamente com as funções
organizacionais e a produtividade industrial, Fayol desenvolveu a sua teoria numa
perspectiva global, sendo os seus princípios destinatários a organização como um todo.
Assim, Fayol tenta caracterizar quais deverão ser as funções de cada responsável
atribuindo pesos diferentes conforme o nível hierárquico, as que ele defende como
sendo as funções do gestor.
Fayol defendeu que as funções da gestão não constituem apanágio da gestão de topo,
antes se repartem por todos os níveis hierárquicos dentro da organização, pois, a medida
que se desce na hierarquia aumenta a proporção de outras funções, mais técnicas em
detrimento das funções da gestão.
Para além das funções de gestão Fayol se notabilizou por apresentar os catorze
princípios fundamentais e universais da gestão:
A partir dos resultados obtidos nas experiencias, Mayo viria a delinear, nos termos
abaixo enunciados, os princípios básicos da Escola das Relações Humanas:
Necessidades secundarias:
Auto-realização
NECESSIDADES
SECUNDARIAS
Auto-estima
Sociais
Segurança
NECESSIDADES
PRIMÁRIAS
Fisiológicas
Apoiado nos trabalhos de Maslow, Frederick Herzberg desenvolveu a teoria dos dois
factores, de acordo com o qual o comportamento das pessoas no local de trabalho
depende essencialmente dois factores:
São aqueles cuja presença evita a insatisfação, referem-se aos factores relativos ao
ambiente externo que rodeia as pessoas e sobre a qual estas não tem qualquer controlo,
designadamente: o salario, os benefícios sociais, segurança, status, estabilidade, tipo de
chefia a que estão sujeitos, condições físicas e ambientais do trabalho, clima e cultura
organizacional, regras e regulamentos internos.
Um dos grandes méritos da teoria proposta por Herzberg consistiu no facto de esta ter
demostrado que, ao contrário do que então se pensava, o oposto da satisfação não era
necessariamente a insatisfação, mas apenas a ausência de satisfação, da mesma forma
que não estar satisfeito é diferente de estar insatisfeito.
Teoria da expectativa
Desenvolvida por Victor Vroom. Esta teoria defende, no essencial que as pessoas, antes
de empreenderem qualquer esforço, tendem a avaliar sequencialmente três factores:
Em síntese, esta teoria defende que a motivação do trabalhador é tanto maior quanto
maior for a sua expectativa de conseguir atingir o nível de desempenho requerido,
quanto maior for a ligação percebida entre a consecução daquele nível de performance e
a obtenção da recompensa expectável, e quanto maior o valor atribuído a essa
recompensa.
Esta teoria coloca a disposição dos gestores alguns instrumentos ou técnicas destinadas
a influenciar o comportamento dos trabalhadores, no sentido pretendido pela
organização. Estas técnicas podem por um lado promover a intensificação da ocorrência
de determinados comportamentos considerados desejados ou podem, por outro lado
destinar-se a assegurar a diminuição da adopção de determinados comportamentos tidos
como indesejáveis
A liderança pode ser definida como o processo através do qual uma pessoa, em
determinado contexto, exerce influência sobre a outra, no sentido de assegurar que estas
assumam determinados comportamentos, em ordem a consecução dos objectivos.
A teoria de liderança assente nas características dos líderes acabou por ser abandonada
na década de 1950, uma vez que os estudos sobre o tema se revelaram incapazes de
demostrar a correlação entre a detenção de determinadas características por um
individuo e as suas capacidades de liderança. Dando assim, origem a outras teorias
sobre estilos de liderança e as teorias situacionais da liderança que estudaremos mais
adiante,
Os defensores desta teoria põem em destaque a ideia de que o que os gestores fazem na
prática, depende do conjunto de circunstâncias que caracterizam a situação; põem em
evidência a relação entre a forma como a organização processa a sua actividade e as
características da situação.
Burns e Stalker sugerem que o meio envolvente determina a estrutura organizacional
mais adequada:
Também designada por teoria da produção magra, onde as empresas são flexíveis e se
adaptam rapidamente as mudanças do meio envolvente.
Em organizações flexíveis há uma descentralização, que permite que não seja o líder a
tomar todas as decisões, mas pelo contrário se as pessoas forem estimuladas, podem ser
competentes, pois a criatividade não é exclusiva dos gestores. Sendo assim toda
organização responde ágil e eficientemente as mudanças.
A redução do número de níveis hierárquicos, é condição necessária à passagem de
organizações pesadas e burocratizadas à organizações dinâmicas e flexíveis, assim,
requer melhores gestores, uma liderança participativa que incentive a iniciativa e a
criatividade, e muito cuidado na admissão de pessoal e investimento na sua formação.
A flexibilidade organizacional, conduzirá a eliminação e/ou achatamento dos níveis
hierárquicos, que é, vulgarmente designada por downsizing.
O JIT associa-se bem com Kanban (cartão em Japonês) que designa um sistema de
informações relativas as ordens de fabrico e de abastecimento de stocks
correspondentes. Os kanbans são assim as ordens de fabrico circulando entre os postos
de trabalho e correspondendo as necessidades exactas do posto de trabalho a jusante.
Assim o JIT, procura produzir as quantidades certas no tempo certo e eliminar todo e
qualquer desperdício, incluindo os excessos de stocks;
A evolução do just-in-time verificou-se em todas as dimensões:
Todavia, esses sistemas são baseados num conceito de inventário nulo e são projectados
com o objectivo de produzir/adquirir na altura certa, ou seja, na altura em que o item é
necessário, anulando desta forma o seu inventário. A filosofia base deste método recorre
à minimização de ineficiências e tempos de espera ligados ao processo produtivo. O
just-in-time tem por objectivo produzir apenas o que seria vendido.
A gestão de qualidade total aparece como um conceito de gestão que traduz os esforços
conjuntos de todos os gestores e trabalhadores para a satisfação das expectativas dos
consumidores com base numa melhoria contínua da gestão de operações, produtos e
processos. TQM incluiu os métodos e conceitos característicos de um sistema operando
em controlo de qualidade total introduzindo sobre este uma visão de gestão estratégica
alargada originando qualidade de excelência.
A TQM é um processo de conceber, controlar e melhorar os processos da empresa,
podendo ser vista como um meio necessário para atingir a redução de custos, aumento
de vendas e/ou desenvolvimento de vantagens competitivas de qualquer organização
através do incremento da qualidade dos seus produtos.
A gestão de qualidade total é parte integrante da estratégia de qualquer organização
onde há preocupação de garantia de qualidade. Uma série de princípios caracterizam
esta filosofia de gestão, tais como:
A gestão de qualidade total engloba técnicas que podem ser descritas em três grandes
categorias:
1) Engenharia concorrente:
Este tipo de abordagem requer todavia um fácil acesso a toda informação existente nas
diversas fases do processo de desenvolvimento. Para tal recorre-se ao uso de meios
informáticos (tecnologias de informação) que em conjugação com a constituição de
equipas de trabalho multidisciplinares (as quais envolvem elementos afectos às diversas
fases) permitem uma transferência de informação rápida e eficaz.
Por outro lado, esta técnica reflecte-se num aumento de interesse por parte de qualquer
elemento envolvido no processo de garantia de qualidade e consequentemente numa
tomada de decisão rápida e consciente por parte dos trabalhadores.
3) Sistema de bónus
Na sequência do ponto anterior, num sistema de gestão de qualidade total não existe
apenas uma transferência de decisão para os trabalhadores, mas existe ainda a
recompensa pela sua actuação positiva face a uma melhoria de qualidade. À medida que
a qualidade aumenta, bónus, aumentos de salários ou ainda distribuição de lucros pelos
elementos envolvidos na melhoria de qualidade caracterizam a filosofia de gestão de
qualidade total, o que uma vez mais, aumenta a participação dos trabalhadores na
filosofia implementada.
Actualmente uma tendência que têm sido apontadas como características da época que
atravessamos é a da passagem de uma sociedade industrial para a sociedade da
informação ou do saber, onde o factor decisivo de produção para obter lucros e os
controlar já não é o capital nem a terra, nem o trabalho. É o saber.
O crescente desenvolvimento das tecnologias da informação e a importância das
pessoas que as dominam conduzirão e estão já a conduzir a novas formas de
organização nomeadamente pela drástica redução dos níveis de gestão com o
desaparecimento de muitos gestores intermédios.
A tendência para o fim do emprego tradicional e a sua substituição por novas formas de
trabalho como o emprego flexível, temporário e o tele-emprego, por exemplo, é algo
que começa a ser-nos familiar.
Se a tudo isso adicionarmos pelo menos algumas das principais tendências apontadas
por Jonh Naisbbitt, como a globalização dos negócios, a época da liderança feminina, a
descentralização das decisões, a orientação da tecnologia para as pessoas (em vez do
produto), a visão estratégica em substituição da gestão baseada numa óptica de curto
prazo, a substituição da democracia representativa pela democracia participativa,
teremos de concluir que a gestão das organizações é forçosamente uma das áreas do
conhecimento onde se vão registar grandes inovações.
Peter Druck, prevê que a organização do futuro venha a levantar novos problemas de
gestão, assistindo-se a uma crescente necessidade de os gestores com experiencia
voltarem a escola, o que conduzirá também a evolução do ensino da gestão. Em
organizações alicerçada em especialistas, a necessidade de transmitir uma visão comum
será ainda mais evidente e a capacidade para conseguir será uma condição de sucesso
dos gestores do futuro.
Conclui-se que em organizações mais evoluídas, se verifica uma tendência para a
redução da hierarquia e para a diminuição de títulos, tarefas e departamentos. Alem
disso as tradicionais formas de poder estão a perder o seu peso e a motivação dos
subordinados tem de fazer-se agora de modo diferente; os canais verticais de
informação são cada vez mais, substituídos por relações horizontais entre pares. Por um
lado os especialistas são chamados a desempenhar um papel mais estratégico numa
maior colaboração interdepartamental.
As organizações estão a tornar-se rapidamente mais achatadas, menos burocráticas e
mais empreendedoras, verifica-se um maior acesso a informação e ao alargamento dos
contactos interdepartamentais ou com o exterior. A capacidade do gestor para obter
resultados com o esforço dos seus colaboradores passa a depender mais do número de
redes em que está envolvido do que do seu peso na hierarquia. O papel do gestor não é
facilitado pois, num aparente paradoxo, tem de exercer uma maior liderança enquanto
vê reduzir-se drasticamente o seu poder relacionado com a sua posição hierárquica.
Bibliografia
Sebastião Teixeira (2013), GESTÃO DAS ORGANIZAÇÕES, Escolar Editora
Lisboa, J.; Coelho, A.; Coelho, F.; Almeida, F. e Martins, A., INTRODUÇÃO À
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES. 3ª Edição, vida económica - Editorial, SA,
Porto, 2013.