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ECONOMIA POLÍTICA

CAPITULO I – A ECONOMIA: OBJECTO E QUADROS DE ANÁLISE

1. O OBJECTO
1.1. A DIFICULDADE DE UMA DEFINIÇÃO

Apesar de se tratar de uma designação corrente há mais de dois séculos e de ser desde
então uma ciência muito cultivada, não consegue encontrar-se para ela uma definição
inteiramente satisfatória.

As definições apresentadas revelam-se ou:

 Como muito restritas;


 Como demasiado amplas.

1.2. A DEFINIÇÃO DE ROBBINS

Não escapa também à crítica de ser demasiado ampla a definição de Robbins, segundo
a qua a economia estuda a problemática da aplicação de recursos escassos e de
emprego alternativo em finalidades de desigual importância.

Por vezes, esta problemática coloca-se fora do âmbito da Economia.

Mas, na impossibilidade de se encontrar uma definição perfeita, deve reconhecer-se


que a definição de Robbins salienta a problemática essencial da economia em qualquer
sistema económico.

PROBLEMA ECONÓMICO: surge porque há necessidades a satisfazer, muitas delas


através dos bens escassos, levantando-se por isso as questões da afectação alternativa
de bens de consumo e de produção e da utilização de factores igualmente escassos
necessários para a sua produção.

Há que saber afinal: o que produzir, como, a favor de quem, onde e quando.

 Recursos são limitados A economia trata a


 Necessidades são ilimitadas problemática da Escolha

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1.2.1. AS NECESSIDADES

NOÇÃO:
 Insatisfações acompanhadas da consciência e do desejo de possuir bens
(materiais e serviços) julgados capazes de as satisfazer.
 Tratam-se de Estados Psicológicos e não de situações do Mundo Físico.

As necessidades variam muito de pessoa para pessoa e para a mesma pessoa entre
diferentes períodos.

Por seu turno variam acentuadamente de país para país, de região para região, de
época para época, também aqui muitas vezes sem qualquer relação com o nível real das
disponibilidades existentes.

Assim, eram poucas as necessidades sentidas nas sociedades primitivas, ou são-no


ainda actualmente em sociedades consideradas mais atrasadas, onde as pessoas não
sentem necessidade relativamente a objectos ou serviços (automóveis, telemóveis,
seguros…)

Os cidadãos das sociedades primitivas, em muitos casos não terão conhecimento destes
objectos; alguns conhecem, mas não sentem a sua necessidade.

Não acontece, por outro lado, que as necessidades a satisfazer vão diminuindo com o
progresso económico. Acontece, isso sim, que vão sendo progressivamente satisfeitas
as que objectivamente podem ser consideradas como necessidades vitais.

Mas o próprio progresso traz consigo novas necessidades e mesmo meios de criação de
novas necessidades, como é o caso de todos os meios áudio-visuais, cada vez mais
aperfeiçoados e difundidos nos cidadãos.

Utilizando estes meios, a criação de necessidades tornou-se um objectivo primário dos


empresários, estimulando uma procura progressivamente maior para os produtos.

1.2.2. OS BENS

 Objectos do mundo externo e serviços capazes de satisfazer necessidades. É


relativamente a eles que se levanta a problemática básica da economia.

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A. BENS MATERIAIS E SERVIÇOS (OU BENS IMATERIAIS)

 BENS MATERIAIS:

São aqueles que têm realidade física, existência corpórea, são um objecto do mundo
real.

Exemplo: Alimentos, automóvel

 SERVIÇOS (IMATERIAIS):

Não têm realidade física, não são coisas corpóreas; consistem em utilidades prestadas
por umas pessoas a outras

Exemplo: Advogado, médico

B. BENS DIRECTOS OU DE CONSUMO E BENS INDIRECTOS OU DE


PRODUÇÃO

 BENS DIRECTOS OU DE CONSUMO:

Satisfazem imediatamente as necessidades dos consumidores

Exemplo: Alimentos; Vestuário; Livros

 BENS INDIRECTOS OU DE PRODUÇÃO:

Instrumentos de produção de outros bens, tanto bens directos como ainda outros bens
instrumentais utilizados na cadeia de produção de bens directos

Exemplo: Instalações fabris, máquinas e fazendas utilizadas na confecção do vestuário/


as máquinas e os bens intermédios utilizados na produção da fazenda, ainda um bem
indirecto na produção.

Classificação Funcional
Pode acontecer que um bem tanto possa ser directo como indirecto, dependendo da
função exercida.

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C. MATÉRIAS-PRIMAS (SUBSIDIÁRIAS E DE SEMI-PRODUTO):

 Bens da natureza que, não tendo sofrido ainda nenhuma transformação por
mão do homem, se destinam a ulteriores transformações.

Exemplo: Argilas, Ferro

 MATÉRIAS SUBSIDIÁRIAS

São bens que podem ser utilizados tal como a Natureza os proporciona, se destinam a
auxiliar a transformação de outros bens e não a serem transformados.

Exemplo: Petróleo e Carvão

Deve notar-se que alguns bens, de que estes últimos servem como exemplo de
matérias subsidiárias, podem ser matérias-primas, quando são incorporados nos bens a
produzir: o petróleo nas fibras sintéticas e o carvão no ferro fundido

 SEMI-PRODUTO /SEMI-ACABADOS/INTERMEDIÁRIOS

Tendo já sido resultado de uma transformação, não esgotaram a escala de


transformações; vindo ainda a ser transformados noutros bens.

Exemplo: Fibras sintéticas ou Farinha para o pão

 PRODUTOS ACABADOS (FINAIS)

Esgotaram a escala de transformações podendo tratar-se tanto de bens directos ou


indirectos, de que é exemplo o vestuário e máquinas de confecção.

As máquinas destinam-se a auxiliar a produção de outros bens, são por isso bens
indirectos ou de produção, mas em si mesmas esgotaram a escala de transformações,
sendo por isso bens finais.

 SUBPRODUTOS

Bens que resultam da produção de outros bens, como resíduos, mas podem ainda ser
utilizados.

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Também eles podem ser utilizados como bens directos, como é o caso da parafina,
subproduto do petróleo, que é utilizável como remédio, ou como bens indirectos, como
é o caso da serradura, resultante do corte da madeira, utilizável para a produção de
contraplacados.

D. BENS CONSUMÍVEIS E BENS DURADOUROS

 BENS CONSUMÍVEIS

Aqueles que com a sua utilização deixam de existir como bens da mesma espécie

Exemplo: É o caso dos alimentos, que depois de ingeridos se transformam em produtos


orgânicos de outra índole…

 BENS DURADOUROS

Não deixam de existir como bens da mesma espécie após a sua utilização

Exemplo: É o caso dos electrodomésticos, vestuário…

 Os BENS CONSUMÍVEIS como são susceptíveis de apenas uma utilização, o seu


uso não é separável da propriedade. Não tem sentido, por exemplo, alugar o
alimento que se ingere ou a lenha que se queima num fogão de sala ou num
.forno.

 Tal pode acontecer naturalmente nos BENS DURADOUROS, sendo prática


possível e frequentíssima a separação entre uso e propriedade, através da
locação ou de outras formas jurídicas, que tratando-se de bens directos (casas
de habitação) quer de bens indirectos (instalações fabris, tractores)

 Os BENS CONSUMÍVEIS têm de ser objecto de uma produção contínua e regular


(assim acontece tratando-se de bens de consumo, como os alimentos, como
tratando-se de bens consumíveis de produção, como as matérias-primas.

 Já quanto aos BENS DURADOUROS, seja directos ou indirectos, pode haver


algum protelamento na sua produção, mesmo visando-se atingir necessidades
essenciais, dado que de um modo geral o uso dos bens existentes pode protelar-
se por mais algum tempo. O fato ou o fogão, embora se destinem a satisfazer

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necessidades básicas, mesmo estando velhos numa situação de dificuldade,
poderão ser usados durante um ou dois anos mais.

Desta DIFERENÇA, resultam consequências muito importantes para a evolução


conjuntural das economias e para a avaliação do bem-estar das populações e da
capacidade produtiva, através dos dados da contabilidade nacional.

Assim, pela razão apontada NUMA ÉPOCA DE RECESSÃO…

 …Bens duradouros: A sua procura diminui drasticamente, prolongando-se o


tempo de utilização dos existentes. Diminui também por isso a sua produção, o
que agrava ainda mais a tendência recessiva.

 …Bens consumíveis: A menos que se trate de bens supérfluos, têm de manter-se


uma procura e uma produção relativamente estáveis.

Voltando-se a um PERÍODO EXPANSIONISTA…

 …Bens duradouros: Há uma procura acelerada, tanto de consumo como de


produção, gastando-se o dinheiro de que passa a dispor-se a mais a comprar um
novo carro, um novo televisor, ou então a renovar o equipamento da fábrica.

 …Bens consumíveis: Não se verifica por seu turno um grande incremento na


procura e na produção de bens consumíveis. Não é por uma melhor situação
económica que as pessoas comem 2 ou 3 vezes mais.

Um período de expansão não corresponde a uma melhoria correspondente do


bem-estar e da capacidade produtiva do país, verificando-se apenas alguma
maior satisfação e algum acréscimo e melhoria da capacidade produtiva

Estas acentuações dos movimentos conjunturais são expressadas nos dados da


Contabilidade Nacional.

E. BENS DURÁVEIS E BENS PERECÍVEIS

 BENS DURÁVEIS

Aqueles que se conservam durante muito tempo sem se deteriorarem.

São duráveis todos os bens duradouros, mas há também bens consumíveis (bens que
deixam de existir como bens da mesma espécie com a sua utilização) que também são

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duráveis: como o carvão, que pode ser armazenado sem se estragar ou ainda bens de
consumo, como conservas e o vinho.

 BENS PERECÍVEIS (OU DETERIORÁVEIS)

Bens que se estragam num curto período de tempo, não podendo por isso ser
armazenados durante anos ou mesmo dias.

Estão nestas circunstancias tanto bens directos, como bens alimentares, tanto bens
indirectos, como é o caso de muitas matérias-primas agrícolas.

F. BENS COMPLEMENTARES E BENS SUBSTITUÍVEIS

 BENS COMPLEMENTARES

São aqueles que, por gosto ou por hábito dos consumidores ou por razões técnicas, são
utilizados conjuntamente no consumo ou produção

Exemplo: Café e Açúcar (consumo); Carro e Pneus (produção)

Em certos casos trata-se de complementaridade absoluta, ficando totalmente em causa


a utilização do bem principal, como acontecerá se um automóvel não dispuser de
pneus; e em outros casos de complementaridade relativa, levando à ausência do bem
completar a que o bem principal não desempenhe tão satisfatoriamente a sua missão,
como acontecerá se se tomar o café sem açúcar.

 BENS SUBSTITUÍVEIS

São aqueles que fazem concorrência entre si, podendo utilizar-se em alternativa na
satisfação do consumo ou na produção.

Em alguns casos a substituição é perfeita, de tal maneira que o substituto dá


exactamente a mesma satisfação no consumo ou a mesma eficiência na produção. 
Trata-se então de bens fungíveis.

Exemplo de bem fungível: Nota de banco, importando a substituição por uma outra
que, embora com o mesmo valor, tenha um número diferente.

Nos demais casos, que são os mais frequentes, o substituto não dá exactamente a
mesma satisfação, ou não tem a mesma eficiência que o substituído, tratando-se, por
isso mesmo, de um bem sucedâneo, em relação ao bem principal.

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Exemplos de bem sucedâneo: O chá em relação ao café, ou a margarina em relação à
manteiga.

G. BENS DE PRODUÇÃO CONJUNTA E BENS DE PRODUÇÃO ASSOCIADA

 BENS DE PRODUÇÃO CONJUNTA

São bens que resultam de um mesmo processo produtivo, não podendo produzir-se um
deles sem que da produção resulte necessariamente a produção do outro.

Exemplo: Tábuas de madeira e a serradura, ou o petróleo refinado e a parafina.

 BENS DE PRODUÇÃO ASSOCIADA

São bens que resultam do mesmo processo produtivo, não necessariamente, mas por
uma razão de conveniência, por se conseguir assim uma produção com custos mais
baixos.

Exemplo: A manteiga e o queijo, quando produzidos aproveitando o mesmo processo,


ou o transporte de mercadorias e passageiros, aproveitando o mesmo equipamento e
os mesmo apoios.

1.2.3. A PRODUÇÃO
NOÇÃO:

 A produção é um processo de criação de bens capazes de satisfazer as


necessidades, pode definir-se também como um modo de criação de novas
utilidades, acrescendo às que são proporcionadas directamente pela natureza.

Os bens são produzidos com combinação dos factores produtivos, designadamente: o


trabalho, o capital e elementos naturais.

 A produção abrange tanto a criação de utilidades que ficam corporizadas em


objectos materiais como a prestação de serviços.

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A) NA PRODUÇÃO PODEM DISTINGUIR-SE VÁRIAS MODALIDADES:

1) INDÚSTRIA EXTRACTIVA

O homem recolhe da natureza os recursos que ela põe à sua disposição, utilizando-os
quer directamente no consumo, quer como matérias-primas em outras indústrias.

Exemplos: água mineral que se destina a ser bebida pelos consumidores; ferro/petróleo
(respectivamente)

2) AGRICULTURA

O Homem procede à transformação de natureza orgânica.

3) INDÚSTRIA TRANSFORMADORA

Há também uma transformação de bens, para lhes proporcionar novas utilidades, mas
neste caso, trata-se de uma transformação mecânica ou química.

4) TRANSPORTES/ INDÚSTRIA TRANSPORTADORA

A produção de utilidade que resulta da deslocação dos bens no espaço

Não estando todos os recursos, naturais e produzidos, localizados exactamente nos


locais onde são necessários para o consumo ou para a produção, torna-se necessário
desloca-los.

O transporte acrescenta pois aos bens a utilidade de ficarem disponíveis onde são
necessários, verificando-se assim um paralelismo desta industria com a industria
extractiva, que ao fim e ao cabo procede também a uma deslocação no espaço, em
princípio no sentido vertical, ao extrair o minério das minas.

5) COMÉRCIO

Há uma deslocação dos bens, já não no espaço, mas no tempo.

A função do comerciante consiste em tornar disponíveis os bens em momento


diferente do momento da sua produção, desenvolvendo naturalmente esforços
próprios para a promoção das suas vendas (ou ainda por exemplo para assegurar
qualidade dos produtos).

6) PRODUÇÃO DE SERVIÇOS

Com um relevo crescente nas economias modernas, assume ainda várias outras formas,
sendo difícil ou mesmo impossível uma caracterização que abranja outras formas,
sendo difícil, ou mesmo impossível, uma caracterização que abranja todas elas;

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podendo tratar-se de serviços médicos, de ensino, culturais, turismo, desporto,
bancários….

1.2.4. A UTILIDADE
 Utilidade é a aptidão real ou presumida dos bens para satisfação das necessidades.

Para a economia um bem só se considera útil se é desejado pelo utilizador,


independentemente da razão.

Coloca-se um problema económico de utilidade na medida em que haja um estado de


insatisfação acompanhado da consciência da existência e do desejo de possuir esse bem
que se julga com aptidão adequada para colmatar ou atenuar o estado de insatisfação.

Por outro lado, não há um problema económico de utilidade em relação a um bem que,
embora seja considerado muito benéfico, ninguém procura.

A. UTILIDADE TOTAL E UTILIDADE MARGINAL

 UTILIDADE TOTAL

Utilidade do conjunto de bens de que se pode dispor, momentânea ou sucessivamente.

Em princípio qualquer bem adicional de que possa dispor-se faz aumentar a utilidade
total.

Exemplo: é maior a utilidade de 11 do que 10 recipientes de água, sendo acrescida a


utilidade total, quando a 10 recipientes se junta mais um.

 UTILIDADE MARGINAL

A utilidade marginal é a utilidade do bem que está na margem, quer seja por se tratar
de:

1. Um bem que satisfaz a necessidade menos premente (tratando-se de um


conjunto de bens que satisfaz necessidades simultâneas de índole diferente).

2. Um bem que vem satisfazer uma determinada necessidade que foi já satisfeita
com unidades anteriores

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EXEMPLO 1
Temos 10 recipientes de água para regar, 40 para beber, 30 para cozinhar e 20 para
lavar.

Utilidade total: Somatório das utilidades de cada um dos recipientes.

 Ut= 10+40+30+20=100

Utilidade Marginal: Utilidade do recipiente que vem satisfazer a necessidade menos


urgente.

 Um=10 (Regar, neste caso)

 A utilidade do bem que satisfaz a necessidade que é menos sentida.

EXEMPLO 2
Consumimos quantidades sucessivas de um mesmo bem.

1 2 3 4

 1ª Dose: Tem uma Utilidade Máxima

 2ª Dose: Aumenta a utilidade Total, mas a Utilidade Marginal vai sendo menor

 Quanto mais quantidades consumimos SUCESSIVAMENTE, mais a satisfação


diminuiu no recipiente seguinte.

Nos 2 casos, chega-se à situação de que a Utilidade Total não aumenta quando a
utilidade marginal for igual a 0. A utilidade não acresce em termos de bem estar porque
não há necessidade a satisfazer

No eixo vertical: Utilidade Marginal

No eixo horizontal: São representadas as


quantidades

A utilidade total (U) é medida como uma


superfície entre os eixos e a curva da utilidade
marginal (curva a cheio, que a partir da
quantidade 25 coincide com o eixo horizontal.

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À medida que Q aumenta, U’ (Utilidade marginal) vai diminuindo, pois a necessidade vai
sendo sucessivamente satisfeita.

Utilidade Marginal menor quando é de 10 do que quando é de 5

Utilidade  Directamente ligada à necessidade

 Quanto mais a necessidade é satisfeita, menor é a utilidade marginal.

 A Utilidade Total aumenta entre os dois pontos, na medida em que acresce a


utilidade proporcionada pela Utilidade de 6ª, 7ª, 8ª, 9ª e da 10ª Unidade.
 Aumenta de OABC para OADE

 A Utilidade Marginal, a partir da quantidade 25, passa a ler valores de 0 e, assim, as


unidades a mais não acrescem nenhum bem-estar. A curva a cheio passa a coincidir
com o eixo horizontal e a utilidade total fica também inalterada OAF

 A partir de um certo ponto, as quantidades a mais acabam por causa mal-estar, ou


seja, utilidade marginal negativa.

Entre o eixo horizontal e a curva da Utilidade Marginal, mede-se a Utilidade Total


Negativa FGH  OAF vai diminuindo a Utilidade Total à medida que for aumentando a
Utilidade Total Negativa.

ENTÃO…

 Quando a utilidade marginal tem valor 0, as unidades a mais não acrescentam


nenhum bem-estar.

 Quando das quantidades a mais resultar uma utilidade marginal negativa, estas
provocam algum mal-estar.

B. LEI DA UTILIDADE DECRESCENTE (lei da utilidade marginal


decrescente)

Formulada com referência à utilidade marginal, segunda a qual…


NOÇÃO: À medida que aumenta a quantidade consumida de um bem, tende a diminuir
a sua utilidade, de tal modo que a utilidade de cada uma das doses sucessivamente
consumidas é inferior à das doses precedentes.
A utilidade total, em princípio, vai amentando e a utilidade dos bens consumidos vai
diminuindo.

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A lei da utilidade decrescente é, pois, a lei da utilidade marginal decrescente. A
Utilidade Marginal vai decrescendo, porque, no caso de uma necessidade que vai sendo
sucessivamente satisfeita com doses adicionais de um bem, a intensidade da
necessidade vai diminuindo

EXCEPÇÃO
 O decréscimo não se verifica se a dose anterior, em vez de ter satisfeito a
necessidade, ainda a aguçou mais. (Exemplo: fome Pouca comida)

São PRESSUPOSTOS da lei da utilidade decrescente:


1. Uma satisfação da necessidade, com cada dose;
2. A persistência da mesma satisfação psicológica.

1.2.5. A ESCASSEZ (OU RARIDADE)


NOÇÃO:
 Quando as quantidades de determinado bem não chegam para satisfazer todas
as necessidades;

A noção de escassez deve ser articulada com a da utilidade marginal.


 Só os bens escassos, ou seja, os bens económicos, é que têm utilidade marginal
positiva.

UTILIDADE
ESCASSEZ
MARGINAL

Bem livre Ar Utilidade Marginal=0


Bem escasso Bens EconómicosUtilidades Marginais Positivas

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EQUILIBRIO DAS UTILIDADES MARGINAIS DOS DIVERSOS BENS
PONDERADOS PELO PREÇO

EXEMPLO 1:
 1 Consumidor pode admitir a supressão total de diamantes, mas não de
água  + Utilidade Total;
 Mas estando em causa um acréscimo, o consumidor prefere + 1 diamante
(necessidade menos urgente)  + Utilidade Marginal

 No mundo real, as alternativas são postas em relação ao meio geral de pagamentos,


à unidade de conta e reserva de valor

EXEMPLO 2

Bife Vaca  8€
Bife de Porco  4€
Não se comprará o Bife de vaca se a utilidade Marginal de ambos for igual.

O consumidor racional, tendo em conta os seus rendimentos e os preços dos bens,


procurará uma situação em que haja um equilíbrio entre Utilidades Marginais.
Haverá um momento em que a utilidade marginal do bife de vaca terá descido ao dobro
da utilidade marginal do bife de porco. Isto irá fazer com que haja igualdade das
UTILIDADES MARGINAIS PONDERADAS.

PREÇO Desempenha na economia de mercado uma função básica de limitação da


procura.
 Um bem escasso, na ausência de preço = Procura excedentária em relação à oferta
 Um bem livre com utilidade marginal = 0 = Não há limitação da procura

PARADOXO DO VALOR: Quando calculamos o valor de algo, calculamos a utilidade


marginal e não total.

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1.2.6. AS ESCOLHAS EM ALTERNATIVA
Havendo escassez de bens de consumo, indirectos ou de factores de produção, levanta-se o
problema da sua afectação, tanto ao nível do consumo como ao nível da produção.

Na análise e na definição das políticas de afectação de recursos, é muito frequente a


utilização de diagramas.

a) CURVAS DE INDIFERENÇA NO CONSUMO

 No campo do consumo as alternativas postas aos consumidores podem ser


representadas através da técnica das curvas de indiferença.

 Estando em causa uma opção entre os bens A e B, qualquer ponto da curva


corresponde a uma satisfação igual.

 A possibilidade de se atingirem pontos mais afastados da origem, correspondendo


a níveis mais elevados de satisfação, depende da existência de recursos mais
elevados;

 Inversamente, os pontos no interior da curva correspondem a uma satisfação


inferior à possível com os recursos disponíveis.

 Curva Convexa- Corresponde à situação de haver 1 taxa de substituição


decrescente.

 À diminuição, unidade a unidade, do consumo de um bem, deve corresponder 1


consumo progressivamente maior de outro bem. Quanto menos se consome, mais
se deve consumir outro.

 Em C, ambos os consumos são iguais. Perante os bens que satisfazem as nossas


necessidades, trata-se de alternativas.

Bem A  F e G correspondem a menor satisfação


 H corresponde a Maior satisfação
6 H
 Pontos da curva correspondem a igual
C
3 satisfação
F
G
Bem B

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b) ISOQUANTASG

No campo da produção, com uma técnica diagramática similar, podemos considerar a


utilização de dois factores (CAPITAL e TRABALHO) que o produtor pode utilizar
alternativamente em maior ou menor medida para se chegar a cada nível de produção.

Cada nível de produção e representado por 1 curva-isoquanta.

Cada nível de produção é representado por uma curva, a Isoquanta (ou curva de
igualdade de produção), que pode ser atingida de diversas combinações de factores.

O produtor pode utilizar mais (ou menos) capital ou mais (ou menos) trabalho para
produzir cada quantidade de produto.

Qualquer ponto mais afastado da origem seria atingível só com a disponibilidade e a


utilização de mais capital, de mais trabalho, simultaneamente dos dois factores ou com
um aumento da eficiência decorrente do progresso técnico.

 A isoquanta corresponde ao máximo aproveitamento dos recursos disponíveis.



 Inversamente, um ponto mais próximo da origem corresponde a uma ineficiente
utilização dos recursos e das técnicas existentes.

A configuração da curva, CONVEXA relativamente à origem, corresponde à ao facto de


haver uma taxa de substituição decrescente, isto é, à diminuição na utilização de um
factor corresponde um aumento progressivo de maior utilização do outro.

Cada unidade a menos de trabalho, terá que ser substituída com capital, e vice versa.

7
K
6
Máximo
5
aproveitamento
4

3 i= Isoquanta

0
0 1 2 3 4 5 L

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c) CURVA DE POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO

Desta representação da utilização dos factores produtivos pode passar-se para a


representação da curva de possibilidades de produção através da técnica que ficou
conhecida pelo nome dos seus introdutores: a técnica da caixa de Edgeworth-
Bowley.

A produção dos bens A e B são representadas a partir de diferente origens (AO/OB) e os


factores de produção são fixos para o conjunto da economia. A partir de cada uma das
origens podem traçar-se as isoquantas respeitantes à produção de cada um dos bens.

Assim, a linha que liga os pontos de tangencia das isoquantas quando elas são convexas
entre si, a linha OAEGOB, é a linha de máxima eficiência na produção de todos os bens.

Só uma produção nesta linha corresponde à máxima eficiência na utilização dos


factores de produção disponíveis, correspondendo à curva de possibilidades de
produção.

Esta curva pode ser representada num diagrama cartesiano em que em cada um dos
eixos é representado um dos produtos, tratando-se, agora de uma curva côncava
relativamente à origem. Com os recursos disponíveis não será possível uma produção
para além da curva de possibilidades de produção.

Toda esta representação é ilustradora das escolhas em alternativa que estão no cerne
da economia (dado que os bens são escassos), escolhas que se colocam a nível da
organização da produção, quanto ao saber combinar os factores produtivos e quanto e
quando produzir cada um dos bens. Não esquecendo que, segundo Robbins, as
escolhas são feitas entre finalidades de desigual importância.

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2. ABORDAGEM E MÉTODOS DE ANÁLISE

a. TEORIA, POLÍTICA E DOUTRINA


A economia pode ser encarada numa perspectiva:
- Puramente científica;
- De acção;
- Valorativa.

Teoria económica:
 Perspectiva puramente cientifica
 Pretende formular juízos de existência e leis sobre fenómenos económicos.
 Pretende apenas conhecer os fenómenos (causas e efeitos)

Política:
 Perspectiva da acção
 Pretende actuar sobre os fenómenos
 Consiste na definição de regras para que tal seja conseguido.
 É geralmente determinada por juízos de valor, mas distingue-se claramente
tanto da teoria como da doutrina.

Doutrina:
 Perspectiva valorativa
 Sobre os fenómenos económicos são muitas vezes formulados juízos de valor,
julgando-os bons ou maus, justos ou injustos.
 Esses fenómenos são apreciados ética ou moralmente.

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CAPÍTULO II- OS SISTEMAS ECONÓMICOS

4. Os tipos de Organização
4.1. A DIRECÇÃO GERAL

 Autoridade (regulatória) que define todos os propósitos referidos através de


planos
 A determinação de bens a produzir poderá ser feita em função dos desejos das
pessoas ou de juízos de valor de autoridade central

Criticas:

1. Sobreposição da vontade central à vontade dos cidadãos


2. Dificuldade de conhecimento de toda a informação
3. Problema da repartição do rendimento

4.2. O MERCADO (E O PAPEL DAS AUTORIDADES)

Oscilações do mercado decidem todos os propósitos referidos

Criticas:

1. Oscilações não controladas pelos homens


2. Problema de grandes oscilações da procura
3. Consumo excessivo

4.3. SISTEMAS MISTOS? OS SERVIÇOS DE INTERESSE ECONÓMICO GERAL E


A REGULAÇÃO

Conjuga uma autoridade regulatória com (Estado) um mercado

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CAPÍTULO III- A PROCURA

III- PROCURA

 DEFINIÇÃO PROCURA

Série das quantidades que os compradores estão dispostos a adquirir aos vários preços
possíveis, ao longo de um período de tempo determinado.

 DEFINIÇÃO LEI DA PROCURA

É a primeira lei básica da economia, segundo a qual a procura varia inversamente em


função do preço, diminuindo quando o preço aumenta e aumentado quando o preço
baixa.

Há, portanto, uma RELAÇÃO FUNCIONAL entre a procura (série das quantidades
procuradas) e o preço: aquelas são a variável dependente; o preço é a variável
independente.

Logo, se um o preço de 1 bem aumenta, a quantidade procurada desce.


 No entanto, as quantidades procuradas não variam apenas em função do
preço…

Vários factores influenciam as quantidades procuradas de determinada mercadoria:

 As necessidades;
 Os rendimentos;
 Os preços dos outros bens;
 A expectativa acerca da evolução futura dos preços e o preço dela própria.

Mas é este último o susceptível de variar mais rapidamente e, portanto, de exercer


maior influência a curto prazo.

Na verdade, e em circunstâncias normais, nem as necessidades, nem os rendimentos,


nem o nível dos preços das outras mercadorias se modificam de um dia para o outro; de
um dia para o outro, porém, assistimos com frequência à variação do preço deste ou
daquele bem.

O preço é mais susceptível de variar e, portanto, estabelecer mais influência em curto


prazo

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A ESCALA DA PROCURA E A CURVA DA PROCURA
Quando mais baixa o preço mais unidades serão compradas (e vice versa)

A quantidade procurada varia no sentido inverso ao preço (Lei da Procura decrescente)

P- Preço

Q- Quantidade
P
D D- Procura (influenciada pelos preços relativos,
A- Quantidade procurada do bem ao preferências dos consumidores, rendimentos e
P2 preço 2 preço

P1 B- Quantidade procurada do bem ao


preço 1

Q1 Q2 Q

LEI DA PROCURA DECRESCENTE


 Quantidades procuradas de um valor de um bem variam em sentido inverso ao
preço.
 É uma curva descendente, isto é, inclina-se de cima para baixo, de noroeste para
sudoeste.
 Verdadeira para praticamente todos os bens.

Razões de Validade da Lei

 Descida dos preços provocam novos compradores


 Cada redução do preço pode levar os compradores a adquirir unidades
adicionais.

PORQUE RAZÃO A QUANTIDADE QUE EU PROCURO TENDE A DESCER


QUANDO O PREÇO SOBE?
 Efeito de Substituição;
 Efeito de Rendimento
 Efeito Volume de Produção

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1- EFEITO DE SUBSTITUIÇÃO
Quando o preço de um bem sobe, naturalmente, tende-se a substituir esse bem por
outro. (Chá (6€) por café (1€))

BENS SUCEDÊNEOS

 A substituição é tanto mais fácil quanto maior for a sucedaneidade


dos bens que podem comprar-se em alternativa.

2- EFEITO DE RENDIMENTO
Quando um preço sobe, há uma diminuição da capacidade geral de compra  Redução
do Rendimento Real.

Compra-se menos de todos os bens, em especial o bem cujo preço subiu.

 Se um preço sobe, fico efectivamente mais pobre do que antes dessa


subida, e, naturalmente reduzirei o meu consumo de bens correntes
quando sinto que estou mais pobre ou que o meu Rendimento Real é
menor.

3- EFEITO VOLUME DE PRODUÇÃO


Quando sobe o preço, diminui a capacidade produtiva, ou seja, o volume de negócios

Imaginemos que se dá um aumento da procura de um bem, provocado por:

 Expansão dos rendimentos do público


 Aumento do preço do bem substituível
 Acréscimo do desejo de gastar o seu dinheiro no bem mais caro

Isto leva à “deslocação da curva da procura”, pois os compradores estão dispostos a


compra, a cada um dos vários preços possíveis, uma quantidade maior desse bem.

 Se aumentar a série de quantidades procuradas a cada um dos preços possíveis-


-> a curva desloca-se para cima e para a direita
 Se diminuir a série de quantidades procuradas a cada um dos preços possíveis
 a curva desloca-se para baixo e para a esquerda

22
EXCEPÇÕES À LEI DA PROCURA

1. Efeito Da Demonstração
2. Paradoxo De Giffen
3. Diminuição Da Procura Com A Descida Do Preço

Há casos em que o aumento do preço corresponde ao aumento da procura, ou a uma


descida de preço corresponde uma descida da procura

1. EFEITO DA DEMONSTRAÇÃO (procura de ostentação)


Bens de luxo procurados, não por constituírem uma necessidade básica, mas por
OSTENTAÇÃO  Aumento do preço  Aumento da Procura
 Diminuição do Preço  Vulgarização

Não deixam de ser considerados tão luxuosos/ostentosos.

2. PARADOXO DE GIFFEN

 Aumento da procura de bens alimentares básicos quando há uma subida do preço,


dado que sobra rendimento disponível para alimentação, com esta subida, era
desprezível para qualquer compra de um bem alimentar mais caro.

 Dá-se isto, com pessoas de menores rendimentos, com alguns bens de primeira
necessidade (por exemplo, o pão), e o caso já foi observado em princípios do séc.
XIX, na Inglaterra, por Giffen, e por isso se fala do Paradoxo de Giffen.

(Exemplo Giffen: Aumento do consumo de pão, porque o dinheiro sobrante não


chegava para comprar carne. Ficavam-se pelo pão).

3. DIMINUIÇÃO DA PROCURA COM A DESCIDA DO PREÇO (bens


sucedâneos/bens de qualidade inferior)

Descida do preço do bem mais barato (sucedâneo), leva à diminuição da sua procura,
preferindo-se, em maior medida, o bem principal.

Ex: Manteiga e Margarina

23
TEORIA DA UTILIDADE CARDINAL

 Relacionados com a lei da utilidade decrescente;

A utilidade diminui à medida que aumenta a quantidade consumida de um bem (ex.


compra de café). Não sendo possível medir a utilidade, pode apenas estabelecer-se
uma ordenação de utilidades.

Unidade de medida: Útil


Kg de Café Utilidade dos Kg
5º 26
6º 22
7º 20
8º 18

O consumidor só compra enquanto a utilidade do bem for superior à utilidade do


dinheiro que vai gastar.

Quanto vale a pena comprar?


Comparar o preço do café, utilidade e valor utilizado na compra. Vale a pena comprar
mais porque o preço é mais baixo.
 CONFIRMA-SE: Procura aumenta porque o preço é menor  Lei da procura

ELASTICIDADE- PREÇO DA PROCURA

A Elasticidade-Preço Da Procura dá-nos uma medida da variação da quantidade


procurada em função do respectivo preço.

O que é a elasticidade?
 É a relação entre as variações percentuais do preço de um bem e as
consequentes variações percentuais, em sentido contrários ao das variações do
preço, das quantidades procuradas.

Admitindo que se mantêm constantes todos os factores susceptíveis de influenciar a


quantidade procurada do bem, a Elasticidade- Preço da Procura pode representar-se
assim:

24
A intensidade dessa variação, ou seja, a sua elasticidade dá-nos a medida da quantidade
procurada de um bem perante a variação do respectivo preço.

O resultado da divisão pode VARIAR entre o zero e o infinito (o- oo) :


 Se resultado= 0  Rígida e Perfeitamente inelástica
 Se o resultado =oo  Infinitamente elástica

Elástica  Quociente obtido é maior do que 1

A procura é: Inelástica Quociente obtido é menor do que 1

UnitáriaQuando quociente é igual a 1

Logo, pode ser: 0, menor do que 1, =1, maior que 1 e +oo

ELÁSTICA: A variação de 1% no preço corresponde a uma variação superior a 1% na


quantidade procurada (no sentido inverso)

INELÁSTICA: Variação de 1% no preço corresponde a uma variação na procura inferior a


essa percentagem.

UNITÁRIA: Percentagem de variação da quantidade é exactamente igual à percentagem


de variação do preço.

25
IMPORTÂNCIA DO CÁLCULO DA ELASTICIDADE
O calculo das elasticidades tem maior importância na medida em que depende delas
ganhar-se ou perder-se com alguma alteração de preço.

 NO DOMÍNIO EMPRESARIAL

Quando o empresário fixa o preço de um produto, procura a máxima Receita Total (que
resulta da multiplicação das quantidades vendidas pelo preço).

a) Assim, vale a pena descer o preço se a elasticidade da procura for maior que 1
(ou seja, quando for elástica)  Aumento da quantidade procurada
percentualmente superior à descida do preço.

b) Se a situação da procura for rígida, vale a pena aumentar o preço, pois a


diminuição da procura verificar-se-á numa percentagem menor.

c) Quando a elasticidade é unitária (=1), é indiferente aumentar ou diminuir o


preço.

 PARA AUTORIDADES MONETÁRIAS E CAMBIAIS

Se a procura dos outros países for inelástica, pouco ou nada adianta a desvalorização.

A ELASTICIDADE DA PROCURA E A INCLINAÇÃO DA CURVA DA PROCURA

A elasticidade da procura não pode medir-se pelo declive (inclinação) da curva da


procura. A elasticidade não é constante. E esta é a regra geral: em uma dada curva da
procura, a elasticidade-preço da procura é diferente a níveis de preços diferentes.

P P

Q Q

26
 Primeiro Gráfico é uma Procura Inelástica (uma variação considerável de P
provoca uma variação pouco sensível de Q)

 Segundo Gráfico representa uma procura elástica (uma pequena variação de P


provoca a variação mais que proporcional de Q).

 Num Terceiro gráfico teríamos o da Procura Unitária, onde a elasticidade é igual


a 1. Nesse caso, a variação percentual do preço varia em igual quantidade de
variação percentual das quantidades procuradas.

A elasticidade-preço da procura tem de entender-se com uma relação entre variações


percentuais- e não entre variações absolutas- do preço e da quantidade procurada do
bem considerado.

Porém, existem….

SITUAÇÕES DE DIFERENTE ELASTICIDADE

 Elasticidade-preço igual para todos os níveis de preços.

1. PROCURA ABSOLUTAMENTE ELÁSTICA

 Procura perfeita ou infinitamente elástica


 A Elasticidade-Preço é igual a infinito, o que significa que, ao preço corrente no
mercado, procuram quaisquer quantidades do bem em causa (d=oo)
 O comprador adquire quaisquer quantidades a um determinado preço.

Ao preço corrente no mercado procuram-se quaisquer quantidades dos bens

27
2. PROCURA INFINITAMENTE INELÁSTICA

 Procura rígida ou infinitamente inelástica


 Elasticidade-Preço da Procura é igual a 0 o que Significa que as quantidades
procuradas são absolutamente insensíveis às variações do preço do bem em
causa.
 Seja qual for o preço, o comprador está disposto a adquirir as mesmas
quantidades

3. PROCURA DE ELASTICIDADE IGUAL A 1


P
D
D
Q

 A quantidade procurada varia sempre na mesma proporção do preço, o que


significa que a receita total será sempre constante ao longo da curva DD.

FACTORES DETERMINANTES DA ELASTICIDADE DA PROCURA

1. Existência ou não de sucedâneos;


2. Percentagem de rendimento que o consumidor gasta num determinado bem
3. O facto de se tratar de bens de 1ª necessidade ou bens de luxo
4. O facto de se tratar de bens duradouros ou consumíveis
5. O nível (maior ou menor) do preço unitário do bem
6. Habituação
7. O facto do bem ser complementar de outro (café e açúcar)

BENS QUE GERALMENTE SÃO DE PROCURA INELÁSTICA


A- Bens de 1ª Necessidade: Nem a subida, nem a diminuição do seu preço
provocam diminuição ou aumentos significativos das quantidades procuradas
desses bens, uma vez que todas as pessoas (ou a grande maioria delas) os
compram nas quantidades que consideram necessárias à satisfação das suas
necessidades e procuram fazê-lo mesmo quando o preço sobe;
28
B- Os bens cujo preço unitário é muito baixo e que representam uma despesa que
corresponde a uma parcela mínima do rendimento de cada comprador.

(Caixa de fósforos custa tão pouco e a despesa que cada pessoa faz em
fósforos representa uma fracção tão diminuta da sua despesa global que
o aumento ou diminuição do preço da caixa de fósforos deixará
praticamente insensível a procura deste bem;

C- Bens complementares: Procurados no seu conjunto com outros bens


(complementares) e o seu preço representa uma pequena parcela de despesa
global.

(Se o preço dos tecidos e da mão-de-obra se mantiver, a procura de


botões não baixará, mesmo que o seu preço duplique ou triplique. A
procura dos factos manter-se-á e os fatos precisam de botões, cujo
preço é muito baixo relativamente ao preço dos tecidos e da mão-de-
obra, correspondendo a uma pequena parte da despesa global de quem
precisa de comprar um fato)

D- Bens que provocam habituação

BENS QUE GERALMENTE SÃO DE PROCURA ELÁSTICA

A- Bens que têm sucedâneos:

 Se um bem pode ser substituído por outro, a subida do seu preço fará com
que os compradores, logo que o preço atinge certo nível, prefiram comprar
o sucedâneo, que, embora não sendo tão bom, é mais barato.

 Por outro lado, se o preço do bem principal baixa, muitas pessoas deixarão
de comprar o bem sucedâneo, porque, ao novo peço mais baixo, podem e
preferem comprar o bem principal.

 A procura será tanto mais elástica quanto maior a quantidade dos bens
sucedâneos existentes e quanto maior for o grau de sucedaneidade entre
eles.

(A procura de uma marca de cigarros é elástica, porque existem no


mercado outras marcas que são sucedâneos próximos daquela

29
primeira. Mas a procura global de cigarros releva-se inelástica, por não
existirem sucedâneos próximos deste produto.)

B- Os bens de luxo são também indicados como bens de procura elástica.

 Precisamente porque são bens de luxo, podemos muito bem passar


sem eles (se os seus preços sobem, muitas pessoas deixarão de os
comprar).
 Mas a verdade é que muitos bens de luxo apresentam uma procura
inelástica: dado o seu preço elevado, eles são apenas acessíveis aos
(muito) ricos, e para pessoas com rendimentos elevados é indiferente
pagar um preço mais ou menos alto pelos bens que pretendem
usufruir.

A ELASTICIDADE CRUZADA DA PROCURA


ELASTICIDADE-PREÇO: Variação do preço de um determinado bem e as variações, em
sentido contrário, das quantidades procuradas desse bem.

ELASTICIDADE CRUZADA  Relaciona-se com a variação de quantidade procurada de


um bem e a variação de preço de outro bem.

Aplica-se quando queremos apurar as variações de quantidade procurada de um bem


como consequência das variações de preço de outro bem.

𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉çã𝑜𝑜 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏 𝐵𝐵


𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸 =
𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉çã𝑜𝑜 𝑝𝑝𝑒𝑒𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝ç𝑜𝑜 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝐴𝐴

 Permite avaliar em que medida os bens são sucedâneos ou complementares.

A Elasticidade Cruzada da Procura permite avaliar em que medida os bens são


sucedâneos ou complementares.

30
SE FOREM SUCEDÊNEOS…

 Aumento do preço de A provocará o aumento da quantidade procurada de B ou


diminuição do preço de A provocará a diminuição da quantidade procurada de
B;
 Elasticidade cruzada da procura positiva;
 Curva crescente, inclinação positiva
 Valor da elasticidade cruzada será tanto maior quanto maior for o grau de
sucedaneidade entre os bens considerados.

SE FOREM COMPLEMENTARES…

 Aumento do preço de A provoca a diminuição da quantidade procurada de B ou


Diminuição do preço de A provocará um aumento da quantidade procurada de B
 Elasticidade cruzada negativa;
 Curva descendente de inclinação negativa;
 Valor negativo de elasticidade cruzada tão mais elevado quanto mais estreita for
a complementaridade.

BENS MUITO DIFERENTES  Elasticidade cruzada é muito baixa

A ELASTICIDADE-RENDIMENTO DA PROCURA
NOÇÃO: Relação entre a variação percentual do rendimento dos compradores de um
bem e a variação percentual da procura desse bem.

Ou, dizendo de outro modo: É a variação per-centual da quantidade procurada de um


bem provocada pela variação de 1% do rendimento dos compradores desse bem.

31
𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣çã𝑜𝑜 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝
𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸
𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣çã𝑜𝑜 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐

A Elasticidade-Rendimento da procura pode ser Positiva, Negativa ou igual a Zero.

A elasticidade-rendimento da procura é POSITIVA quando o rendimento e a quantidade


procurada variam no mesmo sentido (o rendimento aumenta e, consequentemente,
aumenta a procura; o rendimento diminui e, consequentemente, diminui a procura).

A elasticidade-rendimento da procura pode ser positiva maior que um, positiva menor
que um e igual a um:

 Na elasticidade-rendimento positiva maior que um é menor a variação


percentual do rendimento do que a variação percentual da procura (por
exemplo, o rendimento sobe 10% e a quantidade procurada sobe 20%).

 Na elasticidade-rendimento positiva menor que um é maior a variação


percentual do rendimento do que a variação percentual da procura (por
exemplo, o rendimento sobe 25% e a quantidade procurada sobe 15%).

 Na elasticidade-rendimento positiva igual a um são idênticas, tanto a variação


percentual do rendimento como a variação percentual da procura. O
rendimento e a procura variam no mesmo sentido e na mesma percentagem.

A elasticidade-rendimento da procura é NEGATIVA quando o rendimento e a


quantidade procurada variam em sentidos opostos (o rendimento aumenta e,
consequentemente, diminui a procura; o rendimento diminui e, consequentemente,
aumenta a procura).

A elasticidade-rendimento da procura pode ser negativa maior que um, positiva menor
que um e igual a um.
 Na elasticidade-rendimento negativa maior que um é menor a variação
percentual do rendimento do que a variação percentual da procura (por
exemplo, o rendimento sobe 10% e a quantidade procurada diminui 20%).

 Na elasticidade-rendimento negativa menor que um é maior a variação


percentual do rendimento do que a variação percentual da procura (por
exemplo, o rendimento sobe 15% e a quantidade procurada diminui 8%).

 Na elasticidade-rendimento negativa igual a um são idênticas, tanto a variação


percentual do rendimento como a variação percentual da procura. O
rendimento e a procura variam em sentidos opostos na mesma percentagem.

32
A elasticidade-rendimento da procura É IGUAL A ZERO quando a quantidade procurada
não varia qualquer que seja a variação do rendimento. Por exemplo, a elasticidade-
rendimento da procura de sal para consumo doméstico é zero.

A elasticidade-rendimento da procura apresenta comportamentos diferentes no caso


dos ‘bens normais’, dos ‘bens inferiores’ e dos ‘bens de luxo’.

A elasticidade-rendimento da procura da GENERALIDADE DOS BENS (‘bens normais’) é


positiva. Sempre que o rendimento aumenta ou diminui, aumenta ou diminui,
respectivamente, a quantidade procurada dos referidos bens. Assim, por exemplo, os
bens de primeira necessidade são, em regra, objecto de uma procura cuja elasticidade
rendimento é positiva, mas menor que um. Já as viagens de avião são caracterizadas
por uma procura cuja elasticidade-rendimento é positiva, mas maior que um.

Os ‘BENS DE LUXO’ são objecto de uma procura cuja elasticidade rendimento é positiva
e maior que um. À medida que o rendimento aumenta, aumenta em maior
percentagem a procura dos bens de luxo. À medida que o rendimento diminui, diminui
em maior percentagem a procura dos bens de luxo.

Os ‘BENS INFERIORES’ (bens de qualidade inferior dentro de cada categoria, v.g. os


sapatos, o vestuário, os bens alimentares, os automóveis mais baratos) são objecto de
uma procura cuja elasticidade-rendimento é negativa. Por exemplo, sempre que o
rendimento aumenta, é natural que as pessoas deixem de comprar margarina e passem
a adquirir manteiga. Ao invés, sempre que o rendimento diminui, é natural que as
pessoas deixem de comprar manteiga e passem a adquirir margarina.

A elasticidade-rendimento da procura dos bens depende da época histórica e do país


em concreto que se está a considerar.

A elasticidade-rendimento da procura de um determinado bem pode ser positiva num


país e negativa noutro. Tudo depende do nível médio de rendimento existente em cada
um deles e dos padrões de consumo aí correntes. Assim, na China, a carne e o vinho,
estão associados a produtos de luxo, tendo pois uma elasticidade-rendimento positiva e
maior que um. Nos países desenvolvidos estes produtos são objecto de uma
elasticidade-rendimento negativa ou, quando muito, de uma elasticidade-rendimento
positiva mas menor que um.

A estrutura produtiva de um país vai-se alterando à medida que aumenta o rendimento


per capita. Em consequência do aumento do rendimento modificam-se os hábitos de
consumo das pessoas. As indústrias que produzem ‘bens inferiores’ perdem
importância; as indústrias que produzem bens de primeira necessidade crescem a um
ritmo inferior à média da economia; as indústrias que produzem bens de luxo crescem
mais do que o conjunto da economia.

33
A PROCURA À EMPRESA
Curva da procura estudada  Curva da Procura à indústriarefere-se à procura de um
produto, ou à procura que se dirige à indústria que fornece este produto.

Esta procura diz-nos quais as diferentes quantidades do produto que poderão ser
vendidas no mercado aos vários preços susceptíveis de serem praticados.

O seu conhecimento pode ter interesse para os vários vendedores do mesmo produto:

 Cada vendedor preocupar-se-á com a curva que se dirige à sua empresa e cada
vendedor não representa toda a produção da mercadoria que aflui ao mercado:
certamente ele pode ser vendedor único e possuir uma posição de monopólio,
mas na maior parte dos casos detém apenas uma parte do mercado.

A CURVA DA PROCURA À INDUSTRIA:

 Reflectirá a deslocação da procura de Indústria para a Indústria, quando o preço se


modifica.

A CURVA DA PROCURA À EMPRESA:

 Reflectirá as deslocações da procura de um vendedor para outro no seio da


Indústria

A curva da procura à empresa é comandada pelas principais características da indústria,


que podem ser reduzidas a 4!

1- O número de vendedores a que pertencem a Indústria- Determina a medida


em que os vendedores individuais podem influenciar comportamento global
da indústria;

2- Diferenciação do produto no seio da Indústria- em que medida a empresa


goza de uma certa autonomia na fixação do preço;

3- Grau de concretização do produto entre os vendedores- as proporções da


indústria asseguradas pelos diversos vendedores;

4- O número de compradores que se dirigem à indústria.

34
A curva da procura à empresa não é mais do que a CURVA DAS VENDAS da empresa ou
a sua CURVA DE RECEITA MÉDIA.

CURVA DA RECEITA TOTAL:

 Mostra o montante das receitas da empresa a diversos níveis das suas vendas.
 Ela é, portanto, do ponto de vista da empresa, equivalente à curva que representa
as despesas totais dos consumidores na compra do produto da empresa;

CURVA DA RECEITA MÉDIA:

 Deduz-se da curva precedente, indica a receita por unidade de produto, ou o


preço da unidade de produto.

𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅 𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇
, 𝑎𝑎 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 𝑛𝑛í𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝çã𝑜𝑜
𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄 𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉

CURVA DA RECEITA MARGINAL

 Adição à receita total proveniente da venda de 1 unidade suplementar (marginal)


do produto.

PROCURA EM FUNÇÃO DE OUTROS FACTORES


A procura não é só influenciada pelo preço: Também pelos gostos dos consumidores e
pelas inovações tecnológicas.

35
CAPÍTULO IV- A OFERTA

Lei da Oferta

 As quantidades oferecidas variam, ao longo da curva da oferta estabelecida, no


mesmo sentido das variações do preço.
 Aumenta quando o preço aumenta, diminui quando o preço diminui.

 As quantidades oferecidas variam no mesmo sentido do preço


 Curva de inclinação crescente
ESCALA DA OFERTA Onde estão indicadas as quantidades que o vendedor está
disposto a vender aos vários preços possíveis
OFERTA GLOBAL – Vontade de vender todos os participantes do mercado

CURVA TÍPICA DA OFERTA


 Orientada de baixo para cima e da esquerda para a direita.

 Mostra a relação entre o preço de um bem e a


quantidade desse bem que a indústria está
disposta a vender no mercado.

 Se os outros factores de um certo bem se


mantiverem constantes, as quantidades
oferecidas de um certo bem variam no mesmo
sentido em que vario o preço desse bem.

36
Situações que fogem à regra – ATÍPICAS

CURVA ATÍPICA DA OFERTA

 Situações em que a oferta varia no sentido inverso ao preço, nomeadamente, sobe


quando o preço baixa – EFEITO RENDIMENTO NEGATIVO.

 Situações em que a oferta apresenta, para o produtor,


um carácter de 1ª necessidade – Pode ser apenas um
produto como fonte de rendimento.

 Mercado de trabalho
intermédia

 Diminuição da oferta quando o preço do salário aumenta.


Zona

 Quando o salário baixa, o preço aumenta.

 O comportamento da oferta corresponderá ao de uma zona


intermédia - curva típica da oferta

NOÇÃO DE CURVA (TÍPICA) DE OFERTA

CONDIÇÕES
 Custos de produção são dados
 Preços do produto substituto são dados
 Uma determinada variação do preço é considerada como única possível pelos
produtores.

Quando não se verificam – DESLOCAÇÃO DA CURVA DA OFERTA

S1 Se se desloca para baixo e para a direita  nas novas


S2 condições do mercado, os vendedores estão dispostos a
S vender mais a cada um dos preços possíveis.
S1
S2 Se se desloca para cima e para a esquerda nas novas
condições do mercado, os vendedores estão dispostos a
vender, a cada preço, quantidades inferiores.
FUNDAMENTAÇÃO PARA A

37
FUNDAMENTAÇÃO DA LEI DA OFERTA
A explicação para a oferta dos produtores, seja qual for o sector de produção, está mais
ligado a circunstâncias tecnológicas.

O produtor quer ter sempre o MÁXIMO LUCRO e isto depende de:

 Preço a que consegue vender


 Custo a que consegue produzir e disponibilizar no mercado

 DA LEI DOS RENDIMENTOS DECRESCENTES À CURVA DO CUSTO MARGINAL

LEI DOS RENDIMENTOS DECRESCENTES – Se adicionarmos unidades sucessivas


de um factor variável a um factor fixo, os aumentos da produção a partir de um
certo ponto são cada vez menores. Assim, o custo marginal é decrescente e a
curva da oferta exprime o custo marginal.

Sendo dados os elementos de produção e sendo a técnica constante O Rendimento


Adicional proporcionado por um factor varável vai sendo sucessivamente menor
(decrescente)

 Apenas é variável o factor trabalho


 No inicio, este factor pode proporcionar um contributo crescente. Mas, com o
emprego sucessivo, é de esperar que seja menos do que proporcional o
acréscimo de produção.

Fase do rendimento Marginal Decrescente

Quando um trabalhador já não acrescenta nada à produção anterior  Rendimento


Marginal = 0

38
ELASTICIDADE – PREÇO DA OFERTA
𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣çã𝑜𝑜 𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞 𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜
Elasticidade =
𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣çã𝑜𝑜 𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝ç𝑜𝑜

 Como reage a oferta às variações de preço da mercadoria?

NOÇÃO: É a relação entre as variações percentuais do preço de um bem e as variações


percentuais das quantidades oferecidas desse bem, mantendo-se constantes todos os
outros factores.

Como a curva da oferta é uma CURVA ASCENDENTE (INCLINAÇÃO POSITIVA) –


elasticidade da oferta é sempre POSITIVA.

 Elástica – Quociente obtido é >1


 Inelástica – Quociente é <1

P OFERTA ELÁSTICA:  >1


 AS QUANTIDADES OFERECIDAS AUMENTAM
OU DIMINUEM EM MAIOR PROPORÇÃO DO
QUE O PREO

Q
 Oferta mais sensível à variação do preço.

OFERTA INELÁSTICA<1
P
 QUANTIDADE OFERECIDAS VARIAM EM MENOS PROPORÇÃO
QUE O PREÇO

 DESLOCAÇÕES DA CURVA DA PROCURA DE D PARA D’


Q  Os compradores estão dispostos a comprar mais
quantidade a cada um dos preços possíveis.
 Vão verificar-se ajustamentos dos preços e quantidades
que os vendedores estão dispostos a oferecer ao longo da
curva.
 A dimensão das variações do preço e das quantidades
oferencidas depende do perfil da curva da oferta
 Oferta é mais sensível à variação do preço quando é
elástica do que inelástica.

39
ELASTICIDADE = 1

 Elasticidade é igual ao longo de toda a


curva da oferta.
 Variação percentual de Q é igual à
variação percentual de P em qualquer
ponto da curva

PERFEITAMENTE INELÁSTICA

 Quociente =0
 Variação do preço deixa a oferta
insensível
 Os vendedores dispõem-se a oferecer a
mesma quantidade, qualquer que seja o
preço.

ABSOLUTAMENTE ELÁSTICA (impossível)

 Quociente = oo
 Ao preço dado os vendedores dispõe-
se a oferecer quaisquer quantidades.

40
BENS DE OFERTA INELÁSTICA
 Bens perecíveis, de difícil armazenamento.
 Ex: peixe fresco

 Bens que têm de ser vendidos a qualquer preço, tendo-se no fim do dia uma
oferta rígida.
 Bens produzidos com um fator que dificilmente se pode dispor em maior
medida.
 Ex: mão-de-obra muito qualificada

 Quando os produtos não podem aumentar rapidamente a produção.

BENS DE OFERTA ABSOLUTAMENTE INELÁSTICA


 Bens únicos, existentes em quantidade fixa.

BENS DE OFERTA ELÁSTICA


 Podem importar-se (importação)
 O produtor pode aumentar rapidamente a produção para aumentar a subida de
preço e vice-versa.

INFINITAMENTE ELÁSTICA – IMPOSSÍVEL


Não é possível verificar todos os níveis quantitativos da oferta pois os recursos são
limitados.

PERÍODOS RELACIONADOS COM O AUMENTO DA OFERTA (em termos gerais)

 Período de mercado ou Infra Curto


 Demasiado curto para que a produção possa variar.
 Se o vendedor dispõe de uma quantidade fixa, tomará a decisão da
oferta de acordo com um preço concorrentes dos preços esperados.

 Período curto
 Pode variar a produção mantendo-se constantes os equipamentos.
 É a apenas a taxa de utilização dos equipamentos existentes que se
modifica.

41
 Período longo
 Tudo pode variar

A elasticidade da oferta variará segundo o período considerado.

Período MAIOR
longo
Período ELASTICIDADE
Curto

Período Infra-Curto

A oferta não depende apenas do preço: depende também do custo de produção


correspondente às várias quantidades que podem oferecer-se.

Interessa-nos saber de que depende o custo de produção. E pode dizer-se que esta
depende do Estado da Técnica; Preço dos elementos produtivos e do Volume de
Produção

AS FUNÇÕES DE PRODUÇÃO E AS COMBINAÇÕES PRODUTIVAS MAIS


VANTAJOSAS.
FORMAS DIFERENTES DE ORGANIZAR A PRODUÇÃO

=
DIREFERENTES FUNÇÕES DE PRODUÇÃO

A mesma quantidade pode resultar de um processo mais Capital-Intensivo ou de um


processo produtivo mais Trabalho-Intensivo

DE QUE DEVERÁ DEPENDER A ESCOLHA DE UMA DESTAS FUNÇÕES DE PRODUÇÃO?

 Qualquer produtor poderá minimizar o custo da unidade a mais que produz, ou


seja, pretende Minimizar o Custo Marginal.

42
CUSTOS GLOBAIS À PRODUÇÃO
 CUSTO FIXO

Aqueles custos que, em período curto, são independentes do volume de produção e


que, de qualquer maneira, deverão ser suportados pela empresa, se ela pretender
permanecer em actividade.

Ex: Despesas de Arrendamento e de Iluminação, Amortização, Despesas de Seguros…

Custos permanecem os mesmos, qualquer que seja o volume da produção.

Custo Fixo = Custo Total - Custo Variável

 Custo variável
Aqueles cujo montante acompanha de algum modo o volume da produção; são os
custos de todos os factores cuja quantidade pode ser modificada em período curto
Ex: salários, matérias-primas

Custo Variável = Custo Total – Custo Fixo

Nota: O aumento não é rigorosamente proporcional.

Custo variável cuja variação é Custos variáveis cuja variação não é


rigorosamente proporcional
produção (matérias primas).
à ≠ rigorosamente proporcional (salários).

43
 Custo Total
Soma de todas as despesas efectuadas para realizar a produção (Custos Variáveis e
Fixos).
Conjunto de todos os custos suportados.

Ct
CV Custo total = Custo variável + Custo fixo

Constante

 Ct – Conjunto de custos suportados


 Cv – Depende da produção
 Cf – É obrigatório

CUSTOS MÉDIOS
 Obtém-se em relação a uma unidade do produto.

Curva decresce à medida que a produção


𝐶𝐶𝐶𝐶 aumenta, visto que o mesmo custo é dividido
 Custo fixo médio =
𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝çã𝑜𝑜 por um número cada vez maior de unidades
produzidas

Por aplicação da Lei dos


Rendimentos Decrescentes, o Custo
𝐶𝐶𝐶𝐶
 Custo variável médio = variável decresce primeiro, passa por
𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝çã𝑜𝑜
um ponto mínimo depois cresce

A configuração da curva do custo médio


depende da importância dos custos fixos e
variáveis.
𝐶𝐶𝐶𝐶
 Custo total médio =
𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑑𝑑𝑑𝑑çã𝑜𝑜 A curva declina, passa por um ponto mínimo,
depois cresce; mas o seu ponto mínimo é
atingido a um nível de produção mais elevado
que o da curva do custo variável
44 médio, que
diminui sempre à medida que a produção
aumenta.
CUSTO MARGINAL

 Custo da produção de uma unidade suplementar do produto


 Composto por custos variáveis
 A curva do custo marginal indica a taxa de crescimento do Custo Total Global por
cada unidade suplementar de produto
 À medida que a produção aumenta, o Custo Marginal decresce, ficando inferior
ao Custo Variável Médio.

A escolha da função de produção dependerá


do custo marginal que o produtor procura
minimizar.
Cmarg

AS ECONOMIAS DE ESCALA e DESECONOMIAS DE ESCALA


Custos de produção em período longo  Período durante o qual a diminuição e
organização da empresa podem ser modificadas.

CURVAS DE CUSTO DO PERÍODO LONGO  Fornecerão à empresa indicações sobre a


relação que convém estabelecer entre a dimensão média e uma situação média da
procura durante um período longo.

No período longo NÃO há custos fixos:

 As “Curvas de Custo da Empresa” serão:

Curva do Custo Total Médio + Curva do Custo Marginal

 A diminuição dos custos, numa primeira fase, explica-se pelas “


ECONOMIAS DE ESCALA”

45
VANTAGENS DAS ECONOMIAS DE ESCALA

1. Maior especialização de mão-de-obra


2. Melhor utilização do capital técnico
3. Produção em massa
4. Melhoramento da distribuição

Razões que levam a que o custo reduza quando são mais as quantidades produzidas –
FATORES QUE PERMITEM OBTER ECONOMIA DE ESCALA:

1. Fabrico- No caso do fabrico pode acontecer que haja equipamentos que não
sejam reprodutíveis em modelos de pequena dimensão, com a correspondente
diminuição do seu custo unitário (Exemplo de um forno de uma fábrica de
celulose).

Por outro lado, as grandes unidades, com os custos fixos quase constantes,
permitem a integração vertical e horizontal de várias fases.

2. Campo comercial: uma grande empresa pode ter vantagem em ter entrepostos
em várias localidades, no país e no estrangeiro, na publicidade dos seus
produtos ou ainda em ter agentes próprios no estrangeiro.

3. Campo financeiro – Grande unidade consegue empréstimos em condições mais


favoráveis
.
4. Domínio político- Grandes grupos podem ter maior influencia junto aos decisore

DESECONOMIAS DE ESCALA
Agravando-se em consequência da perda da eficiência que se verifica logo que a
empresa ultrapassa uma certa dimensão.

Factores que permitem as deseconomias de escala

1. Dificuldade em gerir os recursos (gestão):


2. Dificuldade de escoamento de produção (escoamento)
3. Aumento do desperdício de recursos (desperdício)

46
A MAXIMIZAÇÃO DO LUCRO E O ANDAMENTO DA OFERTA EM FUNÇÃO DO
PREÇO
 O objectivo de um empresário é semp re a maximização do lucro, na sua conduta
determinará o quantitativo a oferecer em função do custo a suportar e da receita a
obter por cada unidade a mais, a unidade n+1 (custo e receitas marginais)
 O custo médio é importante para se saber qual é o lucro conseguido: resultante do
produto das quantidades vendidas pela diferença entre a receita e o custo médio.
 Empresário é determinado pela circunstância de o ganho com a última unidade
vendida ser ou não superior ao seu custo.
 Enquanto isso acontece, vale a pena aumentar a produção (enquanto o ganho é
superior ao custo).

Para além da maximização do lucro, os empresários pretendem:

 Renunciar a um maior lucro imediato para obter mais lucro médio e a longo
prazo;
 Não obter endividamento bancário volumoso que exigiria um acréscimo
imediato de produção
 Compensações de êxito – traduzidas no Volume de Vendas ou na criação de
novas unidades, bem para além do ‘gosto’ do lucro máximo, a curto, médio ou
longo prazos.

47
CAPÍTULO V- MERCADOS, FORMAÇÃO DE PREÇOS E
COMPORTAMENTO DOS EMPRESÁRIOS

A LEI DA OFERTA E DA PROCURA


 Para que serve o preço?

A maior parte dos bens que utilizamos são escassos. Se esses bens não chegam para
todos há que decidir quem é que deles há-de dispor.

PREÇOS EXUBERANTES: Que existem em quantidade superior à precisa para a satisfação


de necessidades

PREÇOS ESCASSOS: Que existem em quantidade limitada, interior à que servia precisa
para satisfazer as necessidades

 A maior parte aos bens que utilizamos são escassos. Se estes bens não chegam
para todos, é necessário decidir quem é que deles há-de dispor.

HÁ VÁRIOS SISTEMAS DE REPARTIÇÃO


Os bens económicos podem ser distribuídos:

1. Por via da Autoridade: é a autoridade, o governo, que atribui a cada individuo,


segundo certo critério, uma parcela dos bens existentes (racionamento).

2. Pela ordem das Procuras: os bens são entregues aos que os procurarem, mas
pela ordem cronológica da sua chegada. Como não bastam para todos, é claro
que os que vierem um pouco atrasados, não receberão nenhuns (sistema das
bichas)

3. Pelo Mecanismo do Preço: os bens são entregues aos que por eles pagarem o
preço mais alto. É ainda uma maneira de racionar, entre os seus potenciais
compradores, através do funcionamento impessoal da oferta e da procura, os
bens escassos.

Compreende-se que se possam repartir os bens pelo mecanismo do preço. Pois o preço
é uma quantidade de moeda, e a quantidade de moeda de que cada um dispõe é
limitada. Sendo assim, fica limitada pelo preço a procura de bens que cada um pode
fazer.

48
Se atentarmos bem nos 3 processos, veremos que em cada um deles se afirmam
direitos Diferentes:

 1º Processo: RepartiçãoAutoridadeDireito do Mais Forte


 2º Processo: Repartição Ordem de ProcurasDireito do mais ágil
 3º Processo: RepartiçãoQuem pode e quer pagar +Direito do mais rico

Consequentemente, o mecanismo do preço não assegura uma repartição conforme as


necessidades, mas de acordo com a fortuna, riqueza, poder de compra de cada um.

Como observa Samuelson, “existe, de facto, um sistema de racionamento através dos


preços”. Mas a sua lógica e objectivos são diferentes dos do racionamento
propriamente dito, executado por via da autoridade.

FORMAÇÃO DO PREÇO: A LEI DA OFERTA E DA PROCURA


Na lei da oferta e da procura, o preço é variável dependente.

Aumenta quando:

 Aumenta a procura
 Diminui a oferta

Diminui quanto:

 Diminui a procura
 Aumenta a oferta

A LEI DA OFERTA E DA PROCURA: é o que nos diz como se forma o preço no mercado,
em função das variações da oferta e da procura, isto é, qual o preço, de entre todos os
possíveis- que vão desde o mínimo a que há quem ofereça até o máximo que há quem
procure-, que vem a estabelecer-se no mercado.

C
Pe

Qe

49
O ponto C mostra que a quantidade oferecida e procurada é igual

Existe uma concordância entre as disposições de compradores e vendedores.

Os compradores dispõe-se a comprar a Quantidade Qe; mas é essa quantidade,


precisamente, que as empresas se disporão a colocar à venda se o preço que defrontem
for Pe.

ESTE PONTO DE CRUZAMENTO É O EQUILIBRIO DE MERCADO

Como situação Procura/Oferta, o ponto de equilíbrio representa a quantidade que o


conjunto dos Compradores/Vendedores estaria disposto a Comprar/Vender se o preço
fosse aquele.

 Como é que é possível afirmar que a igualdade da oferta e da procura determina


um dado preço de equilíbrio se, afinal de contas, a quantidade que uma pessoa
vende é precisamente a que outra compra?

Explicação  Equilíbrio do mercado  A quantidade procurada há-de sempre igualar a


quantidade vendida, qualquer que seja o preço. De modo que, esteja ou não o mercado
em equilíbrio, o estaticista que registar as quantidades compradas e as vendidas há-de
sempre achá-las iguais, pois que cada uma mais não é de que um aspecto diferente da
mesma coisa

A resposta a esta questão há-de dar-se mais ou menos nestes termos:

 É certo que as grandezas medidas pelo estaticista da Quantidade comprada e da


Quantidade vendida têm de ser iguais  Trata-se de EQUILÍBRIO EX POST

Mas o ponto que importa aqui é este: A que preço P se igualará exactamente a
quantidade que os compradores desejam continuar a comprar e a quantidade que os
produtores desejam continuar a vender?

 A tal preço em que há igualdade entre os montantes planeados que os


vendedores e os compradores desejam continuar a comprar e a vender, e só a
tal preço P, não haverá qualquer tendência para a alta ou baixa de preços 
EQUILÍBRIO EX ANTE.

A qualquer outro preço, por exemplo acima da intercepção das curvas, é evidente que
quaisquer que sejam as quantidades transaccionadas, sempre se verificará uma
igualdade estatística das quantidades efectivamente compradas e vendidas.

Mas esta igualdade estatística não nega de modo nenhum que, a um preço tão alto, os
vendedores estejam ansiosos por vender mais do que os compradores desejam

50
continuar a comprar e que este excesso de oferta planeada sobre a procura planeada
exercerá uma pressão descendente sobre o preço até que este atinja por fim o nível de
equilíbrio em que as curvas se intersectam.

Mas se o preço tem de ser de equilíbrio, então:

 Se a oferta aumenta, o preço baixa


 Se a oferta diminui, o preço sobe
 Se a procura aumenta, o preço sobe
 Se a procura diminui, o preço baixa.

E é este o comportamento do preço em função da variação da oferta e da procura que


exprime através da lei da oferta e da procura: Os preços variam em sentido inverso ao
da oferta e no mesmo sentido da procura

Esta lei dá-nos indicações relativas aos efeitos de uma deslocação da curva da oferta ou
de uma deslocação da curva da procura de um determinado bem sobre o preço de
mercado desse bem, desde que, tanto num caso como no outro, se verifique a condição
Coeteris Paribus

DESLOCAÇÃO DA CURVA DA PROCURA:

 Se a curva da oferta se mantiver, o preço sobe de Pe para P1  se


a curva da procura se deslocar para cima e para a direita ( D para
D1)
 Se a procura da oferta se mantiver, o preço desce de Pe para P2
 se a curva da procura se deslocar de D para D2

DESLOCAÇÃO DA CURVA DA OFERTA:

 Se a curva da oferta se desloca para cima e para a esquerda, isso


quer dizer que os vendedores estão dispostos a vender, aos vários
preços possíveis, menores quantidades do bem considerado.
 Se a PROCURA se mantiver, o preço sobe, vendendo-se menos
quantidades desse bem por preço mais elevado
 Se a OFERTA se deslocar (S para S1) , o preço aumenta (Pe para
P1) ou vice-versa (para baixo)

51
A Lei Da Oferta E Da Procura dá-nos indicações seguras acerca do sentido da variação
do preço em consequência da alteração das disposições de vendedores e compradores,
desde que se verifique a hipótese Coeteris Paribus, isto é, em igualdade de condições
do outro lado do mercado.

Mas nada de seguro se pode concluir dela quando, por exemplo, um aumento da
procura é acompanhado por um aumento da oferta, ou uma diminuição da oferta é
acompanhada por uma diminuição da procura

52
CONCORRÊNCIA PERFEITA
Caracterização: a concorrência perfeita (ou pura) é caracterizada pela existência de uma
infinidade de ofertantes e por haver produtos totalmente homogéneos, bem como a
mobilidade e publicidade completos.

1- ATOMICIDADE DO MERCADO
Tanto do lado da oferta como da procura, existe um grande número de
unidades económicas e nenhuma delas dispõe, no mercado, de poderio
suficiente para exercer qualquer acção sobre a produção e preço da Indústria
considerada.

2- HOMOGENEIDADE DO PRODUTO
Bens são homogéneos, não havendo razão para preferir o produto de uma ou
de outra empresa.

3- LIVRE ACESSO À INDÚSTRIA


Todo aquele que se quer dedicar a uma determinada exploração pode fazê-lo
seu restrições. As empresas que integram a indústria não podem opor-se à
entrada de novos concorrentes, podem obter, facilmente, os elementos de
produção que lhes são necessários

4- PERFEITA TRANSPARÊNCIA DO MERCADO


Todos os participantes no mercado têm conhecimento complexo de todos os
factores significativos do mercado. Vendedores e compradores concluem
sempre as quantidades procuradas e oferecidas aos vários preços possíveis.

5- PERFEITA MOBILIDADE DOS AGENTES ECONÓMICOS


Cada vendedor pode dirigir a sua oferta a qualquer comprador e qualquer
comprador pode dirigir a sua procura a qualquer vendedor.

6- PERFEITA MOBILIDADE DOS FACTORES DE PRODUÇÃO


Da indústria para Indústria

Todas as características juntas definem a “concorrência perfeita” ou “pura e perfeita”

53
COMPORTAMENTO ÓPTIMO EM RELAÇÃO AO PREÇO
No mercado de concorrência perfeita, havendo a uma infinidade de ofertantes nenhum
deles pode ter influência sob o preço

 Resulta na intersecção da oferta global com a procura global

 Para o ofertante, o preço é um dado, sobre o qual não podem ter influência.

Cada ofertante aumentará a oferta até que a curva do custo marginal intersecte a curva
do preço, que neste caso é a Receita Marginal.

 O que se recebe a mais pela colocação de mais uma unidade no mercado.

Como saber se há LUCRO?

 Ter em conta o custo médio, sendo o lucro o produto do número de bens


vendidos pela diferença entre o preço e o custo médio.
 Com a existência de lucro no mercado, é inevitável que ocorram mais ofertantes
ao mercado. Mas isto traz uma consequência:
 Com o consumo da oferta global o preço vai descendo, diminuindo a
diferença entre o preço e o custo médio, ou seja, diminuindo o lucro.

A oferta continuará atractiva enquanto houver lucro, só deixando de aumentar quando


tal não acontecer, ou seja, quando o preço igual ao custo médio.

FORMAÇÃO DO PREÇO NO MERCADO DE CONCORRÊNCIA PERFEITA


1- ANÁLISE EM PERÍODO INFRA CURTO

PREÇO CORRENTE: neste período a produção não pode aumentar nem diminuir e o
rendimento não pode aumentar nem diminuir.  A oferta é constante, não pode
variar.

Pelo EFEITO DE SUBSTITUIÇÃO, os vendedores dispõem-se a oferecer maiores


quantidades a preços mais altos, ou seja, a sua oferta vai aumentando à medida que o
preço sobe.

Não se podem modificar: As necessidades e os Rendimentos dos compradores.

Neste mercado o Preço tem que ser único  Lei da Indiferença

54
LEI DA INDIFERENÇA

 No mesmo mercado e no mesmo momento não pode haver mais que um preço para
a mesma mercadoria;

 Se a mercadoria é a mesma, se são iguais todas as unidades oferecidas


(homogeneidade de bens), torna-se indiferente aos compradores adquiri-las de
qualquer um dos vendedores.
 Assim nenhum comprador estará disposto a dar pela mercadoria mais do que paga
por qualquer um dos outros compradores  Todos acabam por comprar pelo
mesmo preço.

Neste tipo de mercado, apenas se estabelece um preço, um único preço que


corresponde ao PREÇO DE EQUILIBRIO entre a oferta e a procura, ou PREÇO CORRENTE.

PREÇO DE EQUILIBRIO: preço de equilíbrio do mercado, mas este equilíbrio é


momentâneo e passageiro

PREÇO CORRENTE: Preço que corre em cada momento que passa.

Por virtude da unicidade do preço  Compradores economizam a diferença entre o


preço que estavam dispostos a pagar e aquele porque compram

Esta diferença constitui um Rendimento, A RENDA DOS CONSUMIDORES. (Diferença


entre o preço que estava disposto a pagar e aquele por que efectivamente compra)

Os vendedores os vendedores ganham essa diferença entre o preço porque estavam


dispostos a transaccionar as mercadorias e aquele porque as vendem  RENDA DOS
VENDEDORES

 Os vendedores determinam o preço mínimo a que lhes convém vender em face


do custo de produção. O mínimo preço por que se dispõem a ceder as
mercadorias é o preço equivalente ao custo

2- PERÍODO CURTO

 Período em que as empresas podem aumentar ou diminuir a produção


aumentando ou diminuindo a quantidades de trabalhadores, matérias-primas e
subsidiário, mas não podem fazer aumentando ou diminuindo o seu
equipamento.
 É um período suficientemente longo para que as empresas possam variar a sua
produção em face ao equipamento existente.

55
A oferta e a procura são tão diminutas que, se qualquer comprador/vendedor
abandonar o mercado, o preço não modifica e se comparecer um novo
comprador/vendedor, o preço não altera.

Para os vendedores e compradores, o preço é um dado, que é independente da sua


acção.

 Oferta infinitamente elástica


 Procura infinitamente elástica

Qualquer das empresas presentes no mercado sabe que pode contar com uma procura
que absorverá todas as quantidades que a empresa consegue produzir.

Assim, não faz sentido:

 Baixar o preço aos produtos para tentar ganhar mais e vender mais
 Subir o preço aos produtos.

PARA MAXIMIZAR O LUCRO:

Desenvolverá a produção até ao ponto em que o custo despendido na produção


adicional (CUSTO MARGINAL) seja igual ao preço de mercado, que é a RECEITA
MARGINAL

 As Vendas adicionais fazem-se ao mesmo preço que as primeiras e a Receita da


venda da unidade suplementar é igual a preço unitário do mercado.

REGRA DA MAXIMIZAÇÃO DO LUCRO:


Receita Média- Constante

E por isso

Recita Marginal - Constante

56
Custo Marginal = Receita Marginal = Preço de Mercado

A- Ponto máximo de Parificação

PARA UMA MAXIMIZAÇÃO DO LUCRO HÁ UMA PARIFICAÇÃO

Custo Marginal = Preço do Mercado

 A Receita Marginal é sempre superior ao Custo Marginal, a Empresa tem


interesse em produzir uma unidade a mais enquanto o Lucro Marginal aumentar
o Lucro Total.

O Lucro Global/Total começa a acrescer quando o custo marginal é maior que a receita
marginal – PREJUÍZO MARGINAL vai aumentando à medida que a empresa produz
unidades suplementares.

Lucro Adicional = Lucro Marginal

EM SUMA….

A Posição óptima para a empresa (a que aufere mais lucro) é que se alcança quando a
empresa produz as quantidades que obtém a um custo marginal igual ao preço de
mercado (RECEITA MARGINAL)

Equilíbrio da Empresa  Preço= Custo Marginal

OFERTA DA EMPRESA:

 Igualará o custo marginal ao preço (em regra as empresas trabalham a custos


médios) só interessa às empresas que trabalham a custos médios crescentes.
 PORQUE: o Custo Médio é decrescente e o custo marginal é sempre inferior a
ele.

O PROBLEMA de cada empresa deverá ser o de parificar o Custo marginal com o preço
quando aquele seja superior ao Custo Médio.

Mas, se toda a empresa tem interesse em produzir as quantidades de mercadorias que


pode obter a custo marginal igual ao preço, à medida que o preço sobe, tem-se
interesse em atingir custos marginais cada vez mais elevados e, assim, em aumentar
cada vez mais a sua produção.

 Em período curto, a empresa oferece a cada preço, aquela quantidade de


mercadoria cujo custo marginal com cada preço se parifique
 A curva da oferta, em períodos curtos, é uma curva das quantidades produzidas
aos vários custos marginais.

57
3- PERÍODO LONGO

Quando o preço é superior ao custo total médio, a empresa realiza, a período curto,
lucros anormais.

Posição de Equilíbrio da Empresa  Quando a empresa realiza apenas LUCROS


NORMAIS.

LUCROS NORMAIS: os lucros suficientes para a incitar a continuar na indústria.

Apesar da empresa laboral a sua Posição De Equilíbrio a um Custo Total Médio= Preço
do Mercado, dizemos que ela tem lucros normais.

PORQUÊ?

As empresas contabilizam nos seus custos, em regra:

 Um salário de direcção para o empresário


 Juros devidos aos capitais próprios investidos na empresa
 Venda dos prédios que o empresário leva para a empresa
 Seguro de riscos

Assim, o lucro normal é um lucro mínimo indispensável para decidir qualquer empresa a
continuar a laborar, na expectativa de que a situação seja passageira:

Não fechando as portas, mantém a clientela, esperando que possa aumentar a eficácia,
reduzir os Custos Médios de produção e passar a integrar certo tipo de EMPRESAS
INFRAMARGINAIS.

Empresas inframarginais – empresas que por trabalharem a custo médio inferior ao


preço do mercado, auferem lucros anormais.

EM SUMA…

Em período longo, como não há qualquer limitação à entrada na indústria e como os


factores de produção são móveis, as empresas entrarão na indústria ou sairão dela, até
que esta atinja a POSIÇÃO DE EQUILIBRIO TOTAL definida por DUAS CONDIÇÕES:

1- Todas as empresas parificam o seu custo marginal e a sua receita marginal


(preço do mercado);
2- Desaparece a tendência para a entrada na indústria ou para a saída da
indústria, porque todas as empresas realizam “Lucros Normais” e funcionam
no ponto mínimo da sua curva do custo total médio.

 Esta situação, para se verificar, pressupõe que os factores de produção sejam


homogéneos e que os empresários tenham o mesmo grau de eficiência.

58
MONOPÓLIO
 Situação de mercado onde existe apenas 1 vendedor.

Surge da Distinção entre Monopólio Puro e Monopólio Isolado

MONOPÓLIO ISOLADO

Não há monopólio que não esteja submetido a uma concorrência proveniente do


domínio que não é coberto por esse monopólio

MONOPÓLIO é aquele que controla a oferta de um produto, que não tem sucedâneos
próximos: a Elasticidade cruzada da procura entre o seu produto e todos os produtos é
muito fraca.

O monopolista toma uma decisão no que diz respeito ao preço e à quantidade, mas não
pode controlar ao mesmo tempo o preço do produto e a quantidade será procurada.

 Fixa o preço ou as quantidades, porque deve ter em conta a reacção da procura.

 Deixa de haver distinção entre empresa e indústria.


 A empresa que usufrui de um monopólio abrange toda a indústria
 CURVA DA RECEITA MÉDIA, que reflecte a procura do produto, é
perfeitamente elástica.

COMO SURGEM OS MONOPÓLIOS?

 Por vezes, é a própria lei  É a lei que atribui a certa empresa o exclusivo da
venda de determinada mercadoria.
 Outras vezes, é a natureza  por virtude da escassez natural de certos
elementos, só uma empresa é vendedora deste ou daquele produto.
 Outras ainda são circunstâncias conexadas com o funcionamento do mercado 
há uma empresa que consegue eliminar todas as de mais ou há uma empresa
que se dedica à produção de um novo artigo e que, enquanto for só ela a
fabricá-lo, será monopolista.

TIPOS DE MONOPÓLIO:

MONOPÓLIO LEGAL  o que beneficia de um exclusivo conferido por lei à qual é dado
o privilégio de uma determinada produção ou distribuição – Pode ser pública ou privada
a empresa

59
MONOPÓLIO NATURAL  o que beneficia da escassez natural de determinados
elementos.

MONOPÓLIO DE FACTO  o que se criou por virtude de certas circunstâncias ligadas ao


funcionamento do mercado.

PRINCÍPIO DE COURNOT  o monopolista ou fixa o preço ou as quantidades que


pretende vender, uma vez que tem de atender às reacções da procura. O vendedor não
é simultaneamente “dono” do preço e da quantidade.

EMPRESA CONCORRENTE DIFERENTE EMRRESA MONOPOLISTA

A empresa concorrente dispõe de oferta tão pequena que não pode exercer nenhuma
influência sobre o preço, tendo de aceitar como dado o preço que no mercado se
estabeleça.

 O preço é um elemento determinado.

A empresa monopolista dispõe da oferta total e pode, aumentando-a ou diminuindo-a,


fazer baixar ou subir o preço

 O preço é um elemento a determinar

PREÇO  não depende apenas da oferta, mas também da procura.

 Perante a curva da procura, a empresa monopolista pode estabelecer no


mercado o preço a que corresponda uma procura igual à sua oferta. E
como a empresa pode fazer a oferta que quiser, conhecendo a procura,
fica árbitro do preço.

Qual é o preço que mais convém à empresa, qual é o preço óptimo?

É o preço que der à empresa maior excesso de receitas sobre as despesas totais.

Lucro = Quantidades Vendidas (Preço- Custo total Médio de cada unidade)

O preço será óptimo quando for máximo o produto de q (p-c)=l (lucro)

E como as quantidades vendidas dependem da procura, o PREÇO há-de ser fixado em


função destes dois elementos  A PROCURA E O CUSTO

 À medida que sobe ou baixa, os preços diminuem ou aumentam as quantidades


procuradas (LEI DA PROCURA) e, assim, as quantidades vendidas.
60
O MONOPOLISTA:

 Se fixa as quantidades que quer vender, é o mercado que lhe diz o preço por
que as compra
 Se fixa o preço a que deseja transaccionar, é o mercado que lhe diz as
quantidades que absorve.

MODERADORES DE PREÇO

Os moderadores de preço limitam a possibilidade de os monopolistas fixarem preços


que lhes proporcionem lucros muito elevados, nomeadamente, o preço óptimo, preço
que proporciona ao monopolista o lucro máximo, o qual é o preço de equilíbrio entre a
procura e aquela oferta cujo custo marginal é igual à receita marginal. São moderadores
do preço de monopólio (preço óptimo) concorrência dos sucedâneos e a concorrência
potencial. A concorrência dos sucedâneos está presente no monopólio legal, no
monopólio natural e no monopólio de facto. A concorrência potencial pode ocorrer no
monopólio de facto.

PELO PRINCÍPIO DE COURNOT… o preço óptimo, o preço que dá o máximo lucro, não
coincide com o preço máximo (preço a que o monopolista ainda tem procura), ou seja,
com o mais alto dos preços a que ainda há procura.

A RECEITA MARGINAL E O COMPORTAMENTO ÓPTIMO EM MONOPÓLIO

O custo total médio não é constante, que é sempre crescente ou decrescente  o


monopolista, para determinar o preço óptimo, tem de ter em conta a reacção da
procura e o custo maior ou menos por que produz as quantidades.

RECEITA MARGINAL  É a diferença entre a receita obtida pela venda de unidades e a


obtida pela venda de n+1

A EMPRESA MONOPOLISTA tem interesse em desenvolver a produção enquanto o que


despende a mais (CUSTO MARGINAL) for inferior ao que recebe a mais (RECEITA
MARGINAL).

RECEITA MARGINAL > CUSTO MARGINAL

Na empresa monopolista, a OFERTA COINCIDE COM A OFERTA TOTAL  assim, o seu


aumento é muito maior do que a concorrência perfeita, e isso vai provocar a descida do
preço, provocando uma descida do preço que afectará as unidades vendidas e as
restantes  RECEITA MARGINAL É SEMPRE INFERIOR AO PREÇO.

61
 SE A RECEITA MARGINAL É INFERIOR AO PREÇO:
 A curva da Receita Marginal tem de se situar por baixo da curva da
procura, pois o produto das unidades vendidas a mais pelo respectivo
preço que é dada por esta curva, excede sempre a receita

PREÇO ÓPTIMO:

 Curvas da receita marginal


 Curvas da procura
 Curva dos custos

A empresa vai desenvolver a produção até que o seu custo marginal se parifique com a
receita marginal

DEFINIÇÃO DE PREÇO ÓPTIMO Preço de equilíbrio entre a procura e a oferta, cujo


custo marginal iguala a receita marginal-

Procura Preço Receita total Receita marginal


200 10 2000
210 9,9 2079 79
220 9,8 2156 77

 Quando se aumenta a oferta de 200 para 210, o preço desce de 10 para 9,9 e a
receita marginal é de 79.
 Os 79 da Receita Marginal são o que a empresa recebe a mais para venda de 10
unidades. Os 79 correspondem a 7,9 por unidade (79:10) o que é menos que o
preço de 9,9 A receita marginal é inferior ao preço.

E PORQUE É QUE A RECEITA MARGINAL É INFERIOR AO PREÇO?

Porque a descida do preço afecta não apenas as 10 unidades que se vendem a mais,
como todas as 200 unidades que anteriormente se vendiam.

Consequentemente, a empresa ganha o que recebe a mais pela venda de mais 10


unidades, MAS perde o que recebe a menos pela venda de 200.

 Recebe mais o produto do preço por 10  9,9x10=99


 Recebe menos o produto da diferença entre o preço de 9,9 e o preço de 10 por
200  0,1 x 200 = 20

LOGO, A RECEITA MARGINAL É 99-20 = 79

62
De que depende a receita marginal?

 Depende da redução do preço necessário para se venderem mais unidades da


mercadoria

De que depende a redução do preço?

 Depende da elasticidade da procura

- Se a procura é MUITO ELASTICA, basta uma pequena baixa do preço para que
aumenta a procura e consiga vender mais unidades

- Se a procura é POUCO ELÁSTICA, exigir-se-ia uma redução do preço grande para se


colocar n+1 unidades em vez de n.

CONFORME A PROCURA FOR MAIS OU MENOS ELÁSTICA, ASSIM SERÁ MAIOR OU


MENOS A RECEITA MARGINAL. A receita marginal varia no mesmo sentido do preço.

CONCORRÊNCIA MONOPOLÍSTICA
 NOÇÃO:
 Mercado de concorrência monopolística, à semelhança da concorrência
perfeita, embora menor, o número de empresas existentes é bastante grande.

 A oferta de cada uma delas tem já influência sensível sobre o preço. PORQUE?
 Porque as empresas são em menor número;
 Porque a sua dimensão é algo maior que em concorrência perfeita.

 DIFERENCIAÇÃO DO PRODUTO:

 A diferenciação do produto é o elemento característico da Concorrência


Monopolística
 Neste mercado, os bens NÃO SÃO HOMOGÉNEOS, ao contrário do que
acontece com a Concorrência Perfeita

PRINCÍPIO FUNDAMENTAL  Princípio da Diferenciação Mínima

 “Tornar o produto tanto quanto possível similar aos produtos existentes, mas
sem destruir as diferenças”

63
Quando é que há diferenciação do produto?

 Quando no espirito do comprador, o produto de uma empresa não é um


substituto perfeito do produto de outra empresa que se dedica à mesma
actividade que a primeira

Diferenciação pode dizer respeito a:

 PRÓPRIO PRODUTO:
 Poderá tratar-se de uma Diferenciação Material Objectiva, radicada na
própria natureza do produto (apresentação, feitios, ligeiras variações dos
ingredientes)

 Poderá tratar-se de uma Diferenciação Jurídica, derivada da atribuição de


uma certa marca, com a especial protecção jurídica que decorre da
situação da marca registada e que se traduz na proibição legar de qualquer
outra empresa colocar no mercado, produtos com a mesma marca.

 CONDIÇÕES DE VENDA:
 Poderá tratar-se de uma Diferenciação de Facto, quando as condições de
venda são independentes da vontade ou da acção do empresário.
Exemplo: Localização da empresa/reputação vendedor…

 Poderá tratar-se de uma Diferenciação Procurada, quando o resultado


da acção sistemática do empresário relativamente ao seu produto e às
condições de venda.
Exemplo: publicidade/prémios concedidos aos compradores

A Diferenciação do Produto é que caracteriza o comportamento de cada uma das


empresas neste mercado.

 As empresas procedem assim para tentar fugir à concorrência

A Diferenciação vai originar, do ponto de vista do comprador, uma preferência relativa a


certo produto

Torna-se necessário que cada empresa tenha em conta, não só a ELASTICIDADADE DA


PROCURA relativamente ao preço do seu produto, mas também a ELASTICIDADE
CRUZADA DA PROCURA, o que se explica pelo facto de os vários bens correntes
pertencerem à mesma indústria, integrarem o mesmo produto.

64
ELASTICIDADE CRUZADA  relação entre as várias variações do preço do
produto e as variações da procura dos seus sucedâneos

Neste mercado, cada vendedor dispõe de uma clientela que manifesta preferência pela
variedade do produto por aquele apresentado e onde, além disso, o vendedor já exerce
um certo controlo sobre o preço dessa variedade de produto.

O vendedor venderá mais ou menos consoante o preço que fixar for mais baixo ou mais
alto  CURVA DA PROCURA IMPERFEITAMENTE ELÁSTICA (inclinada sobre o eixo de x)

 Curva de vendas decrescente – Para uma pequena variação de preços, vem


grande alteração nas vendas esperadas  Elasticidade> 1

O mercado procura criar clientela de modo a assegurar a procura pelo seu produto.

PUBLICIDADE  Importante função na determinação da Procura (elemento a


determinar), e, assim, na constituição de clientela para a empresa.

POLÍTICA DAS EMPRESAS

 Objectivo de criar uma razão de escolha dos bens

As políticas das empresas, no sentido de atrair a cada uma delas uma parcela crescente
da procura global, implica despesas que acrescerão ao custo de produção do produto.

 Despesas tanto

CUSTOS DE PRODUÇÃO  compreendem todas as despesas que é necessário suportar


para criar a mercadoria, para encaminhar até ao comprador e pô-la à sua disposição,
apta a satisfazer necessidades.

CUSTOS DE VENDA  Ligados à existência da política de vendas.

 Pode revestir:
• Política de Informação do Consumidor  Destinadas a ajudá-lo a
fazer a sua escolha (trata-se muitas vezes de publicidade
institucional)
• Política de Persuasão ou de Sugestão  Destinada a fornecer ao
consumidor uma razão para escolher determinado bem,
procurando aumentar as vendas da empresa que leva a cabo tal
política.

65
De todos os custos de venda, que a empresa suporta para criar ou ampliar a procura –
deslocação da curva da procura para a direita.

 Os custos de venda destinam-se a criar, ampliar ou a assegurar a clientela de


uma dada empresa.

 FORMAÇÃO DO PREÇO

A empresa actua como se se trata-se de um monopólio:

 Lança um produto novo


 Conta com uma determinada curva da procura
 Fixa um preço
 Preço que trará maior lucro;
 Preço de monopólio;
 Preço de equilíbrio entre a procura e aquela oferta cujo custo marginal
se parifica com a receita marginal.

CMT- Custo Total Médio

CMT < Preço

Receita Marginal < Preço

Custo Marginal = Receita Marginal

Lucro  Anormal

Q1 – Oferta

Q – Quantidade

P- Preço

D- Procura

Ao preço P, a empresa encontra uma dada Procura (D) que iguala uma Oferta (Q1)
obtida a um Custo Marginal igual à Receita Marginal.

Face à curva do Custo Total Médio, a empresa obtém lucros anormais avultados (área
ABCD), pois vende as quantidades que produz a um Custo Marginal igual à Receita
Marginal, mas a um preço muito superior ao Custo Total Médio de cada uma das
unidades produzidas e vendidas.

66
 SE A EMPRESA FOSSE MONOPOLISTA?
 Todas as outras mercadorias seriam apenas concorrentes muito distantes da
mercadoria oferecida por ela, pelo que não haverá possibilidade real e dos seus
elevados lucros provocarem alteração do comportamento das outras empresas.

As empresas em monopólio não produzem o mesmo bem, nem sequer


sucedâneos próximos. Não haveria, pois, de temer a reacção das outras
empresas que vendem outros produtos, os lucros manter-se-iam.

Mas estamos perante um mercado de concorrência monopolística, e a empresa que


aufere lucros de monopólio tem de contar com uma situação bem diversa:

 O mais natural é que as outras empresas do mesmo ramo da indústria sejam


tentadas, face aos avultados lucros de A, a produzir mercadorias próximas
concorrentes daquela que A lançou com tanto êxito e que com esta integram o
mesmo produto.

Como todas as empresas dessa indústria produzem bens similares, todas estarão, em
princípio, em condições de anular, pela concorrência, os lucros anormais.

 A concorrência traduzir-se-á na constituição de novas empresas a fabricar


aquele produto e na aplicação ou adaptação das empresas já existentes do
mesmo produto.
 Lucros anormais: Quando o preço do mercado é superior ao CTM  Isto
significa que a indústria é atractiva.

LONGO PRAZO
 A reacção das empresas acabará por anular os lucros anormais de A, deixando,
afinal, a indústria de ser lucrativa para as empresas que nela se instalaram.

Isto acontecerá quanto todas as empresas (se apresentarem a mesma curva)


tiverem aumentado a oferta total do produto para um ponto tal que o preço se
venha a fixar a um nível igual ao Custo Total Médio (CTM)

Anulam-se os lucros anormais quando se aumenta a Oferta Total a um preço


igual ao CTM.

67
 A posição da Empresa A e de todas as empresas do mercado, quanto a indústria
já não proporcionar lucros anormais, vira a ser expressa:

Com a entrada de outras empresas, a Curva da


Procura tornou-se mais elástica.

Quando entram mais empresas no mercado:

 Oferta aumenta e o preço baixa


 Mesmo Custo Marginal
 Receita Marginal Menor
 Procura menor
 CM=RM
 Preço = CTM

COMO SE OPEROU ESTA MODIFICAÇÃO?

 Após a entrada de outras empresas, com o lançamento de bens similares por


parte das outras empresas, aumenta a oferta total do produto e a procura (D)
que se dirige à empresa A diminui. A curva das vendas, ou seja, a curva da
receita média, desloca-se para baixo, pois o mercado encontra-se agora
repartido por um número maior de vendedores.

 Assim, a procura que se dirige à empresa A irá diminuindo à medida que a oferta
total do produto for aumentando, e diminuirá até ao ponto em que o preço
desce de nível do Custo Total Médio (CTM) num ponto correspondente à
parificação do Custo Marginal = Receita Marginal

Assim se passarão as coisas desde que as empresas disponham dos capitais necessários
e estejam dispostos a aplica-los naquela indústria enquanto ela for lucrativa.

Recuperar Se, uma vez anulados os lucros anormais pela concorrência, uma ou cada uma das
Lucros empresas os quiser recuperar, terá de recorrer a campanhas de Publicidade ou lançar
Anormais um Novo Produto.

CONCORRÊNCIA MONOPOLÍSTICA  Trabalha a Custos de Produção iguais

68
… se não houver obstáculos à construção de empresas com curvas de custo idênticas às
de cada uma das empresas existentes.

Se as empresas laborarem com diferentes Curvas De Custos, mas não houver


obstáculos à criação de novas empresas com curvas de custos idênticas às de qualquer
das empresas existentes, cada uma delas sofrerá a concorrência de produtos similares
fabricados a Custos Iguais, até que todas as empresas vendam esses produtos a preços
iguais ao Custo Médio.

O que poderá acontecer é que sejam eliminadas as empresas que trabalham a custos
mais elevados, em consequência de a sua procura baixar a um tal ponto que lhes
permita praticar a um preço capaz de cobrir o Custo Médio que produzem as unidades
procuradas àquele preço

Ou seja, a LONGO PRAZO, o preço acaba por se estabelecer no mercado de


concorrência monopolística. É um preço de equilíbrio entre a PROCURA que se dirige a
cada uma das empresas e a OFERTA de cada uma, cujo CUSTO MARGINAL iguala à
RECEITA MARGINAL e cujo CUSTO TOTAL MÉDIO iguala ao preço.

Se houver obstáculos à construção de empresas, acabará por acontecer que as


empresas subsistentes, que trabalham a Custos mais altos- (EMPRESAS MARGINAIS)-
acabam por vender os produtos a preço igual ao seu Custo Médio, continuando as
empresas mais eficientes a vender a preço superior a Custo Medio- (EMPRESAS INTRA-
MARGINAIS)- portanto, Lucros Anormais.

O QUE PODE ACONTECER?

A curva da receita média pode vir a ser mais elástica a longo prazo do que a curto prazo

 Porquê? Ao fim do processo que, ao longo prazo, acabou por anular os Lucros
Anormais a procura que se dirige à empresa A não só desceu – a curva da
procura deslocou-se para baixo e para a esquerda até D’- como se tornou mais
elástica- D’ mais próxima da horizontal do Eixo X do que de D.

69
Quanto mais próximos sucedâneos eles forem, tanto mais elástica virá a procura do
produto para qualquer empresa na indústria.

Neste tipo de mercado, todos os bens fabricados pelas empresas que integram a
mesma indústria tenderão a tornar-se similares com o passar do tempo.

Concorrência Monopolística  Mais similar à  Concorrência Perfeita

Preço em CONCORRÊNCIA MONOPOLÍSTICA Preço em CONCORRÊNCIA PERFEITA


>
Preço = CTM Preço = CM

Quantidades oferecidas em CONCORRÊNCIA Quantidades oferecidas em CONCORRÊNCIA


PERFEITA > MONOPOLÍSTICA

A utilidade da Capacidade da Produção em Concorrência Monopolística é menor que


em Concorrência Perfeita. Porquê?

 Porque a curva da procura que se dirige a cada uma das empresas é tangente à
curva do Custo Total Médio num ponto em que esta ainda é decrescente.
 Deste modo, todas as empresas produzem menos do que poderiam produzir e
produzem a um Custo Médio Superior ao Custo Médio Mínimo.
 Assim, diz-se que, em concorrência monopolística, o equilíbrio realizado é um
EQUILIBRIO DE DESPERDÍCIO.

70
Ao invés, a curva da procura e CONCORRÊNCIA PERFEITA, corta a cuva do Custo Total
Médio, no ponto em que este é mínimo (ponto em que o preço do mercado se parifica
com ao Custo Marginal, sendo certo que este último corta o Custo Total Médio no
Custo Médio Mínimo)

Em CONCORRÊNCIA PERFEITA, produz-se mais quantidades ao mais baixo custo e


vende-se ao mais baixo preço.

OUTROS FACTORES QUE CONTRIBUEM PARA A INEFICIÊNCIA DA CONCORRÊNCIA


MONOPOLÍSTICA:

 Aos custos de produção acrescem, normalmente, os custos de venda


(Publicidade)
 O próprio custo de produção virá já aumentando em consequência da
diferenciação do produto.

… Acarretará prejuízo quando…

 A elevação de custos e preços provocada por se estar a trabalhar longe da plena


capacidade for muito grande;
 Os custos vieram sobrecarregados com encargos e venda inúteis, meramente
concorrências, como é o caso de certas formas de publicidade;
 Substituem preços exagerados em comparação com os custos, por não ser fácil
a activação da concorrência mediante a entrada de novas empresas.

71
OLIGOPÓLIO
1- NOÇÃO
Situação de mercados em que os bens continuam diferenciados, as empresas
continuam a distinguir material e juridicamente os produtos, mas a quase totalidade de
produção e, da oferta cabe a poucas empresas.

“Óligos” – POUCOS

“Oligopólios” – POUCOS VENDEDORES

Caso mais simples de Oligopólio  Duopólio

 Oligopólio: Situações em que se encontram as indústrias mais importantes


 Duopólio: Toda a oferta é feita apenas por duas empresas

5 CARACTERÍSTICAS:

1. Pequeno número de grandes empresas


2. Dificuldade de entrada de novas empresas no mercado e o comportamento de
cada uma com a indeterminação na procura
3. Os produtos são diferenciados
4. Produtos distinguidos material e juridicamente
5. A quase totalidade de produção e, da oferta cabe a poucas empresas.

2- EXPLICAÇÃO DE OLIGOPÓLIO: DIFICULDADE DA ENTRADA DE NOVAS EMPRESAS


Explicação para a situação de oligopólio:

 Algumas vezes, o número de produtores e, portanto, de vendedores é


diminuto, porque a dimensão correspondente ao Custo Médio Mínimo
possível é grande em relação à procura total da Mercadoria.

Se a procura total é de 5000 e que o menor custo médio mínimo se atinge


quando se produzem 1000, se assim for, basta que 5 empresas alcancem essa
dimensão de custo mínimo para que o mercado fique abastecido.

 Outras vezes, a situação de oligopólio explica-se por haver obstáculos à


formação de novas empresas. E os obstáculos podem ser legais ou de facto.

72
Obstáculos Legais

No caso de as 4, 5 ou 6 empresas daquela indústria terem os seus processos de fabrico


patenteados.

Se as empresas existentes gozam de patentes de invenção não poderá instalar-se


nenhuma outra usando os mesmos processos de fabrico, e isso é impedimento para
que qualquer nova empresa se forme.

Este obstáculo pode resultar também da exigência de uma autorização dos poderes
públicos para a constituição de novas empresas.

Obstáculos de Facto

a) Indústria cujo exercício requer capitais consideráveis e esses capitais são


extremamente difíceis de obter em certa época. Assim, não se criam muitas
empresas
b) Trata-se de uma indústria cujas empresas reagem fortemente ao aparecimento
de qualquer competidor, procurando arruiná-lo por meio de luta de preços
c) Por outo lado as empresas existentes beneficiam do facto de haver
diferenciação do produto.
As campanhas de publicidade colocam as que pretenderem entrar no mercado
em situação desvantajosa, no plano dos custos pois uma empresa recém-
chegada ao mercado, para captar clientela, terá de suportar enormes despesas
iniciais de publicidade.
d) Acresce que a nova empresa teria de lançar-se apenas com alguns tipos de
produtos, enquanto as empresas já existentes apresentam uma gama variada de
produtos e de preços
e) A estabilidade ou a diminuição das taxas de crescimento da procura dos
produtos dessa indústria
f) A indivisibilidade dos recursos produtos, o que significa que, à partida, são
avultados os investimentos em capital fixo, as empresas novas têm de suportar
pesados Custos Fixos Iniciais.
g) A importância dos serviços de venda e distribuição, que implicará a necessidade
de a nova empresa organizar o seu sistema de vendas por groso e a retalho,
tendo de suportar despesas iniciais muito elevadas para poder competir com as
grandes empresas já existentes

73
Entre os obstáculos de facto  Acção preventiva das empresas existentes:

 Alguns autores consideraram o obstáculo principal à entrada de novas


empresas em certas indústrias.

a) Política do Preço-Limite
Fixação de preços abaixo do nível de máximo lucro a curto prazo, como forma
de afastar, a longo prazo, eventuais concorrentes.

b) Estratégia do Investimento em massa


A empresa tira partido da indivisibilidade do investimento, aumentando o capital
fixo mais do que é exigido pelo aumento da procura, de modo a que o
equipamento não esteja nunca completamente utilizado.
Assim, se a procura que se dirige à indústria aumentar, as empresas instaladas
responderão imediatamente com o aumento da oferta, não deixando a
eventuais interessados, qualquer hipótese de virem ocupar o novo espaço
aberto pelo alargamento da procura.

c) Contrato de acesso aos factores de produção


As empresas existentes procuram tornar possível, para as novas empresas, a
obtenção de matérias-primas, equipamentos…
Os bancos sabem que uma empresa que queria entrar numa indústria
oligopolizada, terá enorme dificuldade em aumentar o seu volume de vendas
através da conquista de clientela das grandes empresas oligopolistas.

3- COMPORTAMENTO DAS EMPRESAS OLIGOPOLISTAS

TIPOS DE OLIGOPÓLIO:

1- Oligopólio Perfeito/ Sem Dimensão do Produto

Hipótese em que o produto é tão homogéneo que uma redução do preço por uma
empresa conduzirá a uma redução por todas as outras empresas da indústria.

Cada empresa age na suposição de que qualquer mudança de preço iniciada por ela,
será seguida por uma mudança dos preços dos seus concorrentes.

Os produtos das várias empresas são tão semelhantes que não pode haver mais do que
um preço no mercado e as que pratiquem preços mais altos, ficarão sem clientela.

74
2- Oligopólio Imperfeito/ Com Diferenciação dos Produtos

Hipótese em que a redução de preço por uma empresa não atrairá logo todos os
clientes das outras empresas.

Cada uma das empresas conta com uma clientela mais ou menos segura para o seu
produto.

O facto de umas venderem a preços mais altos do que o estipulado por outra não
acarreta a perda de toda a clientela porque a diferenciação dos produtos constituirá
uma razão de escolha para a maior parte dos compradores habituais desse produto.

É mais fácil que uma das empresas se disponha a tentar ganhar vantagem sobre as
outras, baixando o preço do seu produto na suposição de que as outras não reagirão.

 De qualquer modo, nestes mercados, concorrem entre si um pequeno


número de grandes empresas que pertencem à mesma indústria, que vendem
o mesmo produto.
BENS SUCEDÊNOS PRÓXIMOS UNS DOS OUTROS

Deste modo, as empresas terão de ter em conta o efeito da sua acção sobre o
comportamento das outras empresas, uma vez que a sua própria actuação
será influenciada pelo comportamento das suas concorrentes

É determinante

INTERDEPENDÊNCIA CONJECTURAL: há interdependência dos preços e do volume de


venda (oferta) e esta interdependência é reconhecida pelos Oligopolistas.

 A actuação do vendedor A depende do que A pensa que B fará, sendo certo


que, ao mesmo tempo, o comportamento de B depende do que B julga que A
fará.

A curva de vendas de uma empresa não pode ser dada, ou seja, cada empresa, em face
de uma pretendida variação do preço dos bens que ela vende, não pode contar apenas
com a reacção dos compradores perante essa variação, pois ela depende do que as
outras fizeram, sendo certo que a reacção das outras empresas tem influencia sobre o
preço.

75
4- INDETERMINAÇÃO DA PROCURA E FIXAÇÃO DO PREÇO
Uma empresa  Baixar preços  Outras empresas  Baixam preços também

 Faz com que a empresa que primeiro baixou, não beneficie de nenhum
aumento ou um pequeno aumento da procura  Oligopólio perfeito
 Se houver um aumento, é apenas temporário  Oligopólio Imperfeito

Se empresa  Subir preço  Outras empresas  Não sobem preços

 Os bens da segunda empresa são sucedâneos aos da outra, assim, se não


subirem os preços, têm clientela
 A Primeira empresa ficará sem clientela  Oligopólio Perfeito
 Verá muito redizida a sua procura  Oligopólio Imperfeito

A preços superiores aos preços estabelecidos no mercado, a procura que se dirige a


cada empresa é muito elástica

Os preços inferiores aos estabelecidos no mercado, a procura é pouco elástica


(inelástica)

 Representa-se por “ Curva quebrada da procura”

CURVA QUEBRADA DA PROCURA

76
As empresas oligopolistas só podem determinar a curva da procura dos seus artigos
depois de lhes fixarem um preço

 Não podem fixar um preço, em face de determinada curva da procura

INDETERMINAÇÃO DA PROCURA (caracteriza o oligopólio)

Temos um oligopólio sempre que o número de empresas é tão pequeno que a procura
se torna indeterminada.

 Não existe concorrência a nível de preços e o equilíbrio do mercado não se


estabelecerá mediante luta de preços.

COMO SE FORMA O PREÇO?

Oligopólio com diferenciação de produto  preços inalterados por algum tempo

Uma guerra de preços provocara a todas as empresas do mercado prejuízo porque


sempre que uma baixa, as outras baixam. Embora surjam ocasionais guerras, as
empresas concluem que, deste modo, arruínam- se mutuamente.

 Há, então, uma tendência em se estabelecer o equilíbrio no mercado por


ACORDO entre as empresas.

Conforme o grau de coordenação existente, podem destinguir-se:

 Oligopólio completamente coordenado- umas vezes um sindicato de empresas


centraliza as vendas; outras vezes, existem acordos de cartel entre oligopolistas.

 Oligopólio parcialmente coordenado:


A) Por vezes existe uma empresa leader que:
 É uma empresa dominante devido à sua dimensão e organização
que lhe permite agir pela força em matéria de determinação do
preço.
 É uma empresa barómetro
 É uma empresa designada

77
B) Outras vezes manifesta-se entre os oligopolistas uma cooperação sem
organização, acordou ou leadership, mas inspirada por uma ética de
negócios, pelo desejo de realizar o interesse comum.

No entanto, podemos depararmo-nos com uma concorrência entre oligopolistas,


embora não seja dirigida aos preços e zonas de mercado

 Concorrência pela publicidade: Com campanhas se mistura muita fraude ou um


vasto desperdício de recursos
 Concorrência através das condições de venda: Descontos/ garantias/ facilidades
de pagamento
 Acesso às fontes de matérias-primas: Tomada de posições em mercados de
produtos sucedâneos ou complementares
 Inovação tecnológica
 Ocupar posições em todo o espaço disponível

78
CAPÍTULO VII – PARTICIPAÇÃO NA PRODUÇÃO E FORMAÇÃO DOS PREÇOS
DOS FATORES
FATORES DE PRODUÇÃO: Dominados pelos preços do mercado. A sua oferta depende
de circunstâncias muito diversas ligadas à natureza de cada um.

PROCURA DE FATORES DE PROCUÇÃO

Na procura, podem apontar-se duas particularidades que distinguem os factores de


produção dos bens de consumo:

1. Procura derivada
2. Procura interdependente

Para que haja produção, é necessário a existência de vários factores, em maior ou


menor medida consoante o preço.

Um factor não é objecto de uma procura inicial, será procurado se houver a procura do
bem final cuja produção se torna necessário

FATORES DE PRODUÇÃO

• Fixos: independentes do nível de produção


• Variáveis
• A curto prazo  A empresa aumenta a produção com mais factores variáveis
• A longo prazo  Todos são variáveis

Quando se junta uma unidade a um fator de produção há, em principio, um aumento da


quantidade total produzida, mas, na lógica da lei dos rendimentos decrescentes, vai
sendo cada vez menor o valor acrescentado, o produto marginal.

79
Para o empresário:

 O que releva é o que ganha com a produção através das vendas no mercado;
 Saber, com base nos preços, o VALOR do Produto Marginal

 Com base neste VALOR/ Se o valor do Produto


Marginal (o que ganhou a mais) foi superior ao que
pagar a mais:
 Fazer as suas contas
 Decidir sobre se deve ou não produzir uma unidade a mais com o
recurso a mais uma unidade de valores de produção.

Atracção dos factores de produção  verificar-se-á até ao ponto em que o Valor


Marginal proporcionado seja ≥ ao preço que é devido pela sua utilização

CURVA COM VALOR


DO PRODUTO
MARGINAL
DECRESCENTE

CURVA DECRESCENTE  A procura do factor dependerá do seu custo

 Custo ≤, se subir para F1


 Custo ≥, se descer para F3

FATORES DE PRODUÇÃO

 Mais utilizados se o preço baixar, enquanto o valor por ele proporcionado for
superior ao que custa ao empresário;
 Menos utilizados se o preço subir, não podendo os empresários pagar um custo
superior ao ganho conseguido com a sua utilização.

80
1- SALÁRIO
São determinados pela produtividade da economia, no seu conjunto, e pela
produtividade do trabalhador pela sua função qualificada.

A- FORMAS

Quando se fala em salário fala-se num sentido amplo, sendo a remuneração de


qualquer tipo de tarefa: ao dia, com o pagamento de uma jorna, ao mês, como é
costume em relação a quem tem contratos estáveis, ou ainda por exemplo ao ano.

Por outro lado, pode ser um TRABALHO À TAREFA, com o pagamento à medida em que
vão sendo entregues os bens produzidos.
 Há ainda situações em que o salário pode ser aumentado ou diminuído
consoante se ultrapassa ou se fica aquém do que é julgado como o trabalho
normal (exigível). Para além do interesse dos empresários, do interesse dos
trabalhadores, há também um contributo acrescido para a economia com o
contributo acrescido proporcionado pelos participantes na produção.

ASPECTOS PECULIARES DA OFERTA DE TRABALHO: A CURTO E A LONGO PRAZO

Há, ao longo da oferta, peculiaridades a CURTO e a LONGO prazo.

81
Configuração Normal (fase de maior extensão)/Atípica (inicio e fim)

PRIMEIRO CASO

Remunerações muito baixas levam a que com uma descida de salário os trabalhadores,
para poderem substituir, tenham de aumentar a oferta com horas extraordinárias ou
exercício de outras funções.

A baixa de preço não leva pois a uma diminuição da oferta, leva ao seu aumento;
podendo haver, pelo contrário, um alívio desse trabalho extra se houver um aumento
salarial.

QUANDO SE CHEGA AO EXTREMO OPOSTO

Alto nível de remunerações; começa a dar-se mais valor ao compromisso; deixa-se o


trabalho complementar, não se trabalhando as horas extraordinárias ou deixando a
mulher de trabalhar fora de casa.

A subida de remuneração não leva a um aumento da sua oferta, pelo contrário, leva à
sua diminuição.

B- OFERTA DE TRABALHO

A oferta pode ir mudando com a evolução demográfica em qualquer país,


determinando o número de pessoas em idade activa.

O conhecimento de diferenças de remunerações leva, por outro lado, a que haja


movimentos migratórios significativos, sendo a oferta de trabalho nos países mais ricos
constituída em grande medida, por migrantes de países mais pobres.

C- MERCADO DE TRABALHO

Apesar da multiplicidade de trabalhadores e de empresas, o mercado de trabalho está


longe de ser um mercado atomizado, dado o modo como está organizado, com os
trabalhadores representantes pelos seus sindicatos e os empresários pelas suas
associações.

O estabelecimento do preço, acaba por ser determinado pelas estratégias dos 2


grandes Blocos, reflectindo as negociações colectivas de trabalho.

82
MODO DE FORMAÇÃO
DOS SALÁRIOS

D- DETERMINANTES AO NÍVEL DOS SALÁRIOS

Para além destas forças que se exprimem nas negociações, há razões do mercado, ou
de mau funcionamento deste que podem ter influência sobre os salários.

 PRODUTIVIDADE

A qualificação e outros motivos que determinam o valor acrescido proporcionado pelos


trabalhadores têm naturalmente influência na sua remuneração.

Não deixando nunca os empresários de estar interessados em reduzir todos os custos,


compreende-se que aceitem dar um salário altíssimo a um quadro muito qualificado,
que lhes dê uma mais valia significativa, não aceitando uma pequena subida dos
trabalhadores indiferenciados, que pouco ou nada lhes acrescente.

Interesse de todos: Formação profissional, beneficiando


tanto os trabalhadores, como empresários.

Um empresário está disposto a pagar mais por um trabalho, se este tiver grande
produtividade.

 IMPERFEIÇÕES DO MERCADO

Geram discrepâncias de salários:

1) Falhas de informação e mobilidade


Se não se verificam a publicidade e mobilidade completa, o trabalhador deixa de
saber de uma melhor oportunidade, deslocando-se para ela

83
2) Situação de Mulheres
Gera desigualdades determinadas pelo sexo
3) Estratificação económica e social
Em muitos casos está aqui a razão das diferenças verificadas nas remunerações,
sem correspondência com as produtividades.
No campo empresarial, quem está ligado ao meio, por ser filho de um
empresário, conseguirá uma remuneração mais elevada na própria empresa.
Se por estas razões se fica com melhor qualificação, é normal ter uma mais alta
remuneração, correspondente ao valor da sua produtividade marginal.

2- RENDA
A renda é a remuneração dos recursos naturais, designadamente da terra.

 A procura da terra varia em função da procura dos bens finais que nela são
produzidos.

Aumenta a procura  Aumenta a renda.

A renda é parte do rendimento aos proprietários dos bens imóveis, sejam estes prédios
ou terrenos, pela sua cedência a terceiros

A oferta, sendo esta absolutamente rígida, um aumento da procura, não podendo ter
consequência nas quantidades tornadas disponíveis, tem como consequência apenas
um aumento da renda.

Oferta Absolutamente rígida (abs inelástica)  Aumento da Procura  Aumento Renda

84
3- JURO
Remuneração do capital a título do empréstimo dependendo da sua procura e da sua
oferta.

A procura e a oferta dependerá do preço que deve ser pago pelos serviços prestados
(“preço do dinheiro”)

1- Teoria Real da Taxa de Juro

Numa lógica de procura de fundos para investimento, numa perspectiva de médio e


longo prazos, da TEORIA REAL DA TAXA DE JURO, há que comparar o juro a pagar com o
benefício que pode ser conseguido com a utilização do capital: a TAXA INTERNA DE
RENTABILIDADE (ou de eficiência marginal do capital) que o empresário espera
conseguir com a concretização do projecto.

O empresário irá comparar a taxa interna de rentabilidade do capital com a taxa de juro
do mercado financeiro, valendo-lhe a pena o investimento sempre que for superior.

Como qualquer preço, o juro subirá com o aumento da procura ou a redução da oferta
de fundos; e por outro lado, a oferta e a procura de fundos variarão em função do juro.

A oferta de fundos no mercado S depende de escolhas feitas pelos cidadãos em relação


ao seu rendimento

 Se optarem por gastá-lo na íntegra em consumo, nada resta que possa


proporcionar investimentos;
 Se se aforrar parte do rendimento se torna possível tal disponibilização.

 Procura varia em sentido igual ao Juro


 Oferta varia em sentido inverso ao Juro.

85
2- Teoria Monetária Da Taxa De Juro

 PROCURA:

No que respeita à procura assumem relevo motivos de preferência pela liquidez.

A teoria real da taxa de juro, não explica o que leva as pessoas a procurarem dinheiro a
curto prazo.

 O dinheiro pode ser utilizado:


• No curto prazo
• Imediatamente posso gastá-lo ou mantê-lo em saldo líquido.

Porquê em saldo líquido?

 Motivos Transição – Procura de moeda para fazer os pagamentos;


 Motivos Colocação- Procura de moeda pelo mero gosto de ter moeda em
saldos líquidos

Trata-se de procuras que dependem de diversos factores:

 Motivos de precaução: As pessoas precisam de ter dinheiro disponível para


fazer face a qualquer diversidade, ou seja, trata-se de uma procura que
depende do rendimento que se dispõe, ou da atitude psicológica da pessoa

 OFERTA

Há que considerar a criação da moeda feita pelos bancos centrais que, no curto prazo,
influenciam a circulação desta, controlando a inflação, a deflação e a reanimação da
actividade económica.

4- LUCRO
Tendo, em qualquer processo produtivo, que fazer-se a combinação de factores, terra,
mão-de-obra e capital, quem toma a iniciativa faz as suas contas, vendo o que pode
esperar das vendas do produto e o que tem de pagar em rendas, salários e juros.

Quem toma a iniciativa de fazer as suas contas, mesmo quando dinheiro investido é
seu, ou seja, mesmo que não tenha um juro a pagar, pois está a renunciar ao juro que
poderia receber no mercado, emprestando a outra empresa, ou ainda, por exemplo,
depositando-o a prazo.

 Não havendo juro real, há juro imputado

86
Quando um empresário disponibiliza todo ou parte do seu tempo na gestão da
empresa, deverá receber um salário correspondente ao que ganharia trabalhando por
outrem.

 O lucro acabará por ser o excedente, caso haja, entre o produto das vendas e o total
dos custos reais e imputado.

Há uma estabilidade que não se verifica com o lucro, que pode ser caracterizado por
uma categoria residual: constituindo a diferença entre os resultados das vendas e os
custos de produção.

Explicação do Lucro:

1. Inovação – Perspectiva acerca da evolução do capitalismo – sistema que para se


manter teria de ser alimentado com inovações sucessivas
O lucro seria a recompensa para inovação, ou seja, também se pode dizer que o
lucro é uma recompensa para a criatividade.
2. Numa outra perspectiva, diz-se que o lucro será o pagamento do Risco
Naturalmente os trabalhadores, os donos de terras arrendadas e os mutuantes
de fundos, também correm o risco, no caso de a empresa estar em crise ou falir.

Empresário:
 Poderá, por um lado, ganhar muito com o lucro correspondente ao
diferencial entre esses custos e os preços elevados que o mercado lhe
permita cobrar
 Mas, por outro lado, será o primeiro a perder, se o diferencial for 0 ou
negativo, não deixando, enquanto puder, de pagar aos trabalhadores,
proprietários e aos mutuantes do capital

Só o proprietário tem um risco, ou um risco mais provável, que o lucro, quando haja,
compensará. Aliás, é a esperança de lucro que justificará a assunção de tal risco.

87
CAPÍTULO VIII – O CIRCUITO ECONÓMICO E A CONTABILIDADE
VERTICAL
1. MÓDULO ECONÓMICO SIMPLES (CIRCUITO ECONÓMICO)
Podem apenas considerar-se duas entidades:

• Famílias
• Empresas

Os fluxos monetários pagam os fluxos reais (economia fechada):

Fluxos reais (bens de consumo e contributo dos fatores):

• Das empresas para as famílias: os produtos que as empresas produzem e as


famílias desejam;
• Das famílias para as empresas: o contributo da mão-de-obra e dos demais
fatores de produção;
Fluxos monetários (despesas de consumo e salários, rendas, juros e lucros):

• Das famílias para as empresas: os pagamentos dos bens;


• Das empresas para as famílias: as contrapartidas aos fatores de produção,
salários, rendas, juros e lucros.
Contabilidade nacional – somatório de cada um destes fluxos:

• Produto – somatório de todos os bens produzidos:


• Rendimento – somatório de todos os pagamentos aos fatores;
• Despesa – o somatório de todos os pagamentos feitos pelas famílias às
empresas:

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2. MODOS DE CÁLCULO
Cada uma das realidades aponta para um módulo de cálculo próprio.

PRODUTO – somatório das produções que tenham sido feitas;

• Problema: múltipla contagem (registar várias vezes o valor do mesmo bem ou


processo de transformação ao longo do cálculo do valor do produto)
• Solução:
1) Considerando-se apenas o valor do bem final (necessário acertos: No caso
de na produção serem utilizados bens intermediários vindo do período
anterior ou importados há que deduzi-los, pois não constituem produção do
ano em análise ou do país);
2) Contabilizando-se os valores acrescentados (não são necessários acertos);

3. MODELOS MAIS COMPLEXOS (E REALISTAS)


Nestes modelos devem ser contabilizadas outras realidades, como o Estado.

• Estado: entidade institucional que fornece uma multiplicidade de bens, bens


públicos, bens semipúblicos ou bens de mercado, muitos dos quais não podem
ou não devem ser pagos na íntegra pelos beneficiários.
• O Estado tem que dispor de receitas que não são a contrapartida de uma
atividade vendida, receitas coativas e unilaterais que são os impostos.
• O estado contrata serviços dos que trabalham para ele e faz compras de bens,
materiais e serviços, que remunera pelo seu valor de mercado.
Considerando apenas os fluxos financeiros, não os fluxos reais de que estes são
contrapartida:

Poderíamos ficar por aqui, em termos de instituições (entidades), se as economias


fossem fechadas, se não houvesse exportações e importações.

Porém, a nossa economia é em boa matéria aberta para o exterior. Temos uma grande
quantidade de importações e exportações.

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Considerando apenas os fluxos financeiros temos:

Realidade capital(realidade apenas económica) que aumenta a capacidade de produtiva


de um país.

Se as famílias, as empresas ou o Estado não despendem todos os seus recursos em bens


de consumo, há um excedente, um aforro, que pode ser aplicado em capital,
proporcionando, neste caso o referido aumento da capacidade de um país.

4. A EQUIVALÊNCIA ENTRE OS AGREGADOS


Deixa de haver exata correspondência entre o produto, o rendimento e a despesa que
se verifica num modelo muito simplificado, tendo em conta alguns fatores (como os
referidos):

 Intervenção do Estado;
 Relações internacionais;
 Aspetos de formação do capital.

Produto interno bruto a preço de mercado:

→ Soma do valor dos bens finais produzidos internamente, quer por residentes quer
por não residentes, no país num determinado período (normalmente um ano civil):
 deduzindo a esta soma o valor dos bens importados e dos bens intermédios
utilizados na produção que provêm do ano anterior, dado que uns e outros não
são produção do país em causa;
 somando o valor dos bens intermédios existentes ainda como tais no final do
ano, pois o seu valor não está contabilizado no valor dos bens finais.

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→ Total dos valores criados pelas unidades produtivas durante um determinado
período (normalmente um ano civil).
Produto interno bruto a preços de base (ao custo dos fatores):

→ Ao PIB a preços de mercados:


 deduz-se os impostos sobre a produção e a importação (embora apareçam
incorporados nos preços finais de venda, dado que revertem para o Estado não
são rendimento das empresas);
 soma-se os subsídios à produção (visto que são rendimentos de que as
empresas podem dispor para as remunerações , não obstante não resultarem da
venda dos seus produtos).
Produto ou rendimento nacional:

→ Soma-se o total de rendimentos criados no estrangeiro mas advindos a residentes


do país, como titulares do fatores de produção;
→ Deduz-se o total dos rendimentos obtidos no país que revertem em favor de
residentes no estrangeiro.
Apuramento dos valores líquidos:

Quer o produto a preços do mercado quer o produto ao custo dos fatores tanto podem
ser:

→ um valor bruto – quando os investimentos em bens capitais duradouros são


integralmente tidos em conta, sem que, em contrapartida, sejam deduzidas quotas
de amortização;
→ um valor líquido – quando são deduzidas quotas de amortizações.
Amortizações – a parte do valor que os bens duradouros de produção perdem
anualmente. Este valor transfere-se para os bens que foram produzidos com esses bens
duradouros de produção.

Os bens capitais duradouros, tal como os bens intermédios, têm como destino serem
utilizados na produção de bens finais de consumo. A não exclusão do seu valor levará a
duplas contagens.

Tanto num como no outro caso a solução certa seria não contabilizar os referidos bens,
apenas os bens finais de consumo seriam contabilizados (com os ajustamentos vistos
atrás para os bens intermédios vindos no período anterior ou do estrangeiro e para os
existentes como tais no fim do ano).

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Solução apenas adequada se:

1) toda a produção de bens capitais fosse para substituir outros bens capitais à
média que eles se fossem desgastando;
2) se este desgaste ocorresse regularmente ao longo do tempo.
Na realidade não se passa assim, há por exemplo anos em que o investimento em bens
capitais duradouros é francamente maior, não se limitando, por outro lado, á
substituição de bens capitais que vão deixando de ser usados.

A solução de pura e simplesmente não ter em conta a produção de bens capitais


evitaria duplas contagens, mas subavaliaria a produção do país nos anos em que
houvessem um especial acréscimo na produção de bens capitais.

→ Solução: contabilizar em cada ano o valor dos bens capitais duradouros


produzidos, deduzindo todavia nesse ano e nos seguintes as respetivas quotas
de amortização.
Para além disso, é importante saber se com o investimento em bens capitais
duradouros há um acréscimo liquido na capacidade produtiva de um sector ou do
conjunto do país. Ou seja, se o valor dos bens capitais produzidos excede o dos bens
capitais que deixaram de ser economicamente uteis, porque se desgastaram,
estragaram ou ficaram tecnicamente obsoletos.

Em rigor, em cada ano o acréscimo líquido de bens capitais duradouros deveria apurar-
se relativamente ao desgaste efetivo do equipamento existente. Só assim seria possível
apurar com exatidão se houve um ganho ou perda líquida de capacidade produtiva.
Contudo, é impraticável proceder com tal rigor.

Deste modo, apenas fica aberta a possibilidade de seguir um processo contabilístico


como o referido: presumindo que o desgaste é igual em cada ano, vai-se deduzindo o
quociente resultante da divisão do valor dos bens capitais duradouros pelo número de
anos durante os quais se espera que eles venham a ser utilizados.

Rendimento nacional disponível:

A produção pode ser calculada na ótica do rendimento, bastando para isso somar os
lucros, rendas, juros e salários distribuídos aos agentes da produção.

Tendo nós já calculado o valor do PNB/PNL e do PIB/PIL podemos a partir destes dados
obter o valor do Rendimento Nacional (valor ao custo de fatores), quer o RNB/RNL quer
o RIB/RIL. Basta ao PNB/PNL e ao PIB/PIL:

 Somar o valor dos subsídios à produção (visto que não sendo produto das
empresas vão ser o seu rendimentos, com eles as empresas vão pagar juros,
lucros, salários e rendas);

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 Subtrair o valor das importações e dos impostos à produção pagos pelas
empresas (sendo produto da empresa, não vão ser seu rendimento, as empresas
vão entregar o valor dos impostos á produção ao Estado, não podendo dispor
deles para pagar juros, lucros, salários e rendas).

A partir dos dados do RNL podemos obter o RNL disponível:


 deduzindo as transferências correntes pagas por Portugal ao resto do mundo;
 somando as transferências correntes recebidas por Portugal do resto do mundo.

Rendimento pessoal (≠RNL disponível) – o rendimento que as famílias recebem por


terem participado na produção, o qual consiste na soma dos salários, lucros, rendas e
juros que lhes são distribuídos.
O rendimento nacional não é todavia ainda o rendimento das pessoas:

→ Efectivamente, parte do valor obtido pelas unidades de produção não é


distribuído, ou porque constitui poupança sua ou porque é utilizado no
pagamento de impostos. Além disso, o Estado é proprietário e empresário, pelo
que terá que se excluir os rendimentos das suas propriedades e empresas.
Todas estas deduções têm de ser feitas com vista ao apuramento do
rendimento pessoal.

Rendimento pessoal disponível (≠rendimento pessoal) – rendimento que as famílias


efetivamente dispõem para utilizar em consumo ou para aforrar.

O rendimento pessoal não engloba o montante total dos juros, rendas, lucros e salários
porque nem todos os juros, rendas e lucros são distribuídos às famílias:
 O Estado enquanto participante na produção também recebe rendas, juros e
lucros.
 Nem todos os lucros são distribuídos pelas empresas aos seus acionistas, uma
parte deles é retido pelas empresas (tecnicamente diz-se que são levados a
reservas), para posteriormente serem utilizados pelas empresas e outra parte é
entregue pelas empresas ao Estado para pagamento do imposto sobre as
empresas (IRC).

O rendimento disponível das famílias tem três origens:


1) Participação na produção (rendimento pessoal);
2) Prestações em dinheiro do estado (são as chamadas transferências, isto é,
subsídios em sentido lato pagos pelo estado sem contrapartidas dos
beneficiários);
3) Transferências do resto do mundo (por ex., remessas dos emigrantes para os
membros das famílias que ficam em Portugal).

Costuma ainda incluir-se aqui os juros dos empréstimos feitos pelas famílias ao
Estado, porque se considera em termos de Contabilidade Nacional que
emprestar ao Estado não é participar na produção. O rendimento pessoal está
no todo ou em parte sujeito ao pagamento de impostos (ex. IRS) e ao

93
pagamento das contribuições para a Segurança Social. Podemos assim dizer, que
o rendimento pessoal só está verdadeiramente disponível para utilização em
consumo ou para aforrar, depois de estas terem pago os impostos e as
contribuições para a segurança social.

Ótica da despesa:

O produto de um país pode também ser calculado na ótica da despesa.

 Somamos o valor de toda a despesa feita quer pelo Estado quer pelos
particulares. ~
Despesa: soma de todas as despesas feitas quer pelo Estado quer pelos particulares em
consumo ou em investimento. Calcula-se somando a despesa do governo (G), o
consumo (C) e o investimento (I) dos particulares e as exportações (X) e subtraindo as
importações (M), D = G+I+C+X-M.

ECONOMIA FECHADA – produto=rendimento=despesa

5. OS DADOS DA CONTABILIDADE NACIONAL COMO INDICADORES DO ÊXITO


ECONÓMICO E DO BEM-ESTAR DAS POPULAÇÕES:
Os dados da contabilidade nacional, principalmente o produto e o rendimento
nacionais, costumam ser usados como indicadores do maior ou menor êxito económico
de um país e do maior ou menor bem-estar das populações.

Permitem:

→ Fazer juízos não comparativos acerca da produção e do nível de vida num país e
numa dada época;
→ Comparações no espaço e comparações no tempo (Problema – o produto ou o
rendimento terem de se exprimir em termos monetários e de a moeda diferir de
país para país).
Surge ainda a dificuldade de apesar de o rendimento nacional ser um rendimento em
bens materiais e serviços, um rendimento real, só pode ser calculado em termos de
preços, rendimento monetário.

1) Se o que se pretende fazer é a análise da evolução no tempo de qualquer dos


agregados da contabilidade nacional, havendo alterações no valor da moeda (ou
seja, alterações de preços) as taxas de evolução dos valores monetários não
correspondem a iguais taxas de evolução dos valores reais (a ilusão monetária
pode distorcer a realidade).

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Esta ilusão pode ser evitada através da correção dos valores correntes,
deflacionando-os ou inflacionando-os, consoante tenha havido uma perda ou
um ganho no valor da moeda (conhecidas em média, números-índices).
Mesmo com estes ajustamentos não podemos conhecer com exatidão as
variações reais verificadas, dado que para além de outras dificuldades de
medição, os índices de preços dão-nos uma ideia que pode não representar
toda a realidade.

2) Os agregados da contabilidade exprimem-se em termos monetários, não sendo


contabilizados os bens materiais e os serviços que não têm mercado, como os
serviços que cada um presta a si próprio e com os serviços das donas de casa (a
subavaliação é, por isso, superior nos países subdesenvolvidos).
Independentemente da sua expressão em termos monetários, pelo próprio
facto de exprimirem bens materiais e serviços produzidos, os agregados da
contabilidade nacional não podem esclarecer-nos por completo acerca do bem-
estar dos cidadãos.

3) Não é dado valor ao descanso, elemento que pode e deve ser tido em conta
tanto em análises isoladas dos países como em comparações internacionais.

4) Apenas é medido quanto é produzido, não se atendendo a que pessoas podem


ter satisfações completamente diferentes consoante o tipo de trabalho que
levam a cabo, não há, porém, nenhum modo de contabilizar estas diferenças de
satisfações.

5) O bem-estar das pessoas não pode ser avaliado apenas através dos agregados
globais relativos aos países. Devemos, por isso, dividir os valores globais pelo
número de habitantes e, quando se fazem comparações no tempo há que ter
em conta que a população vai variando de ano para ano, pelo que em cada um
deles há que usar um diviso diferente.
Mesmo assim, podem ser feitos juízos erróneos, a menos que se proceda a
análise mais completas.

6) Valores per capita são valores médios, não sendo consideradas desigualdades
existentes. Para tal, a estrutura da repartição deve pois ter sido em conta,
havendo países com valores per capita elevados, mas em que a riqueza
beneficia apenas uma parte da população.

7) O bem-estar da generalidade da população depende do tipo de bens


produzidos, o que não é dado pelos valores per capita dos grandes agregados
nacionais, desta forma, a informação acerca de cada país poderá e deverá ser
completada indagando em que se realizaram os gastos.

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8) Mesmo que um país esteja fundamentalmente preocupado com a produção de
bens de consumo, pode haver diferentes perspetivas temporais:
→ Dar aos cidadãos um bem estar no presente, afetando quase todos os
recursos à produção de bens de consumo;
→ Fazer avultados investimentos em bens capitais, com vista a uma maior
produção futura de bens;
Com uma análise mais detalhada da contabilidade nacional, também podemos
ser esclarecidos quanto à opção seguida a este propósito.

9) O bem-estar proporcionado pelos bens de consumo duradouros não se


restringem ao ano em que foram produzidos, permanecendo enquanto
continuarem a ser usados. Porém, nas contas nacionais, tais bens aparecem
contabilizados no ano da produção, mão nos seguintes. Esta circunstância tem
importância, uma vez que a produção de bens de consumo duradouros é
particularmente instável.

10) Somas vastíssimas são hoje gastas para compensar deseconomias causadas por
um progresso mal dirigido. Apenas com a referência do produto ou rendimento
per capita fica subavaliando o bem-estar nos países mais atrasados, onde não há
tantas deseconomias externas a compensar.

Os grandes agregados da contabilidade nacional continuam a ser reconhecidos como


fundamentais em qualquer estudo de macroeconomia, apesar das limitações
existentes.

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