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Economia Política
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Maria Valente Godinho 2021/2022
Segue-se uma determinada Teoria Económica- não é uma verdade absoluta ou inquestionável-
existem diversas perspetivas diferentes.
Perspetiva Ortodoxa (Dominante)- Aquela que será por nós abordada - (Subjetivo-
Marginalista;)
– Diz que a Economia é uma ciência Imparcial, ou seja, analisa, mas não se intromete
nas questões, trata de questões de eficiência;
-Pessoas racionais maximizadoras de utilidade, ou seja, as pessoas atuam sempre da
forma mais racional, tendo em conta a utilidade. Ex: Pensar que para eu comprar um
par de sapatos, eu tenho de pensar bem se realmente os vou usar ou não;
-O Conceito de Valor consiste no preço de Mercado, onde o preço se refere à utilidade
marginal dos bens; (Problema do Paradoxo do Valor) *
A Definição de Economia que vamos estudar não é aceite pela outra corrente (Heterodoxa)
que não gosta da designação e do nome “Economia”, mas denomina-a como Economia
Política;
*Paradoxo do Valor: Porque que o diamante é mais caro que a água? No entanto, a água tem
muito mais utilidade, mas é mais barata porque existe em maior quantidade!
Os Marxistas acham que o que dá valor aos bens, é o trabalho e não a utilidade- Teoria de
Karl Marx;
Os conceitos aqui nunca serão unanimes! A questão do valor dos bens é sempre muito
discutida. Os heterodoxos estão a ganhar terreno, porque, por exemplo, no Direito do
Ambiente, o preço no Mercado, não tem valor! Ex: Eu valorizo as baleias e elas não são “uteis”
para mim. Mas há que reconhecer o valor monetário e é aqui que tem surgido o problema de
o valor ser o preço (Teoria Ortodoxa), deixando esta de ser muito plausível. Lá está,
ambientalmente, as coisas têm valor sem ter preço, mas continuam a ser importantes! Há uma
série de pressuposto que são colocados em causa na Teoria Ortodoxa, tão racional.
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Maria Valente Godinho 2021/2022
Usos Alternativos que esses bens escassos permitem atingir. Significa que a Economia
é vista essencialmente como uma Ciência da Escolha, que estuda as escolhas da
afetação destes bens aos tais fins de desigual importância. (Porque vivemos num
mundo com recursos, os bens, que sendo escassos, e ao mesmo tempo utilizados para
mais que uma finalidade, a Economia estudará a forma de os distribuir.)
Bem livre: Um bem que existe em quantidade superior àquela que necessitamos para
satisfazer as nossas necessidades e, por isso, porque existem em quantidades
superiores às necessidades, nós podemos usá-los na medida integral das nossas
necessidades- consumimos sem qualquer restrição!
Ex: O AR- não contamos a quantidade de vezes que respiramos durante o dia, por
exemplo; Não se pode colocar um preço, porque existe em quantidade muito
abundante!
Bem Escasso: Existe em quantidade inferior àquela que necessitamos para satisfazer
as necessidades. Não quer dizer que o bem seja raro, pode haver bens escassos que
não sejam raros, como, por exemplo as maçãs, que são escassos, mas existem em
muita quantidade. Por outro lado, os diamantes são escassos e raros (Existe em pouca
quantidade).
Estes bens têm um preço. A afetação implicará uma escolha, que se faz perante usos
alternativos- Bens Escassos Suscetíveis de Usos Alternativos e Hierarquizáveis;
Ex: Um conjunto de Laranjas pode levar a diversos fins: sumo de laranja, bolo de
laranja, ou seja, fins alternativos que conseguimos hierarquizar- podemos dizer o que
para nós é mais importante fazer com as laranjas.
O problema económico só se coloca em relação aos bens que são escassos. Os bens escassos
têm de ser suscetíveis de usos alternativos e estes têm de ser hierarquizáveis. Para serem
objeto de estudo da Economia, temos de ter estes três requisitos, segundo a definição de
Robbins- só assim existe Relevância Económica.
Nas Economias de Mercado, a distribuição das necessidades, faz-se pelo PREÇO- é por aqui
que se vê quem tem acesso aos bens. No entanto, como são escassos, há sempre necessidades
que vão ficar por satisfazer. O melhor critério será aquele que promova a máxima eficiência,
conseguida através da satisfação do maior número de utilidades.
Bens Materiais: são aqueles que têm realidade física, são objeto do mundo sensível
(óculos, mesas, etc.) – existência física, corpórea.
Bens Imateriais (Serviços): consistem em ações do Homem que satisfazem as
necessidades de outro, mas não se corporizam num bem; (Ex: ida ao médico, quando
fazemos viagens de avião, ida ao barbeiro, etc.)
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Maria Valente Godinho 2021/2022
Distinção entre Bens de Consumo ou Bens Diretos e Bens de Produção ou Bens Indiretos
A água, por exemplo, tanto pode ser um Bem de Consumo- utilização direta, para beber ou
então também pode ser utilizada na produção, como a fruta a ser lavada;
-Matérias Subsidiárias: podem ser utilizados tal como estão na natureza e vão ser utilizados
para ajudar à criação de novos bens, não sendo eles próprios transformados, eles apenas
ajudam!
-Produtos Acabados: ocorre quando o bem esgota a sua escala de transformações, podendo
tanto ser bens diretos como bens indiretos.
Bens consumíveis: bens que com uma única utilização desaparecem como bens da
mesma espécie. Só entram num único ato de produção ou consumo; Ex: Alimentos
(uma maça); Combustíveis, etc;
-Não permitem a separação entre o uso e a propriedade: Não posso emprestar uma
maçã, porque quando alguém a comer, não me consegue devolver!
-Os Bens Consumíveis desaparecem após o seu consumo. Desta forma, para garantir a
sua utilização, a produção tem de ser contínua- se não há produção, deixa de haver a
possibilidade de utilização daquele bem;
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Maria Valente Godinho 2021/2022
Bens Duradouros: bens que com a sua utilização não desparecem como bens da sua
espécie; Ex: Cadeira, uma caneta, etc.
-Há separação entre o uso e a propriedade: eu posso emprestar uma cadeira e tê-la
de volta;
-Não há necessidade de produção continua- Ex: uma pessoa não precisa de estar
constantemente a comprar carros;
-Em Épocas de Ressecção, ou seja, de Crise, os consumidores diminuem a procura de
Bens Duradouros. Se há crise, se as famílias estão a tentar diminuir as suas despesas, é
muito mais fácil deixarem de os comprar. Ex: a roupa e o calçado são de primeira
necessidade, mas não deixam de ser duradouros- as pessoas acabam por utilizar mais
vezes a mesma roupa;
-Eu posso ter Bens Consumíveis que não são de primeira necessidade e Bens
Duradouros que são ou não de primeira necessidade!
Exemplos:
Como já referido, nos Bens Duradouros, é possível e normal a separação entre propriedade e
uso. Ex: Quando viemos para Coimbra, tivemos de arrendar uma casa que será propriedade do
senhorio, mas nós é que a estamos a usar.
Os bens Consumíveis, têm de ser objeto de uma produção continua e regular. Porquê que
podemos protelar a utilização de bens duradouros?
-Eles não desaparecem, a nossa perda de utilidade não é total- nós podemos atrasar, sem
perdas relevantes de utilidade, a compra dos Bens novos; Ex: a minha televisão pode estar
velha e eu não posso, financeiramente, comprar uma nova, portanto, continuo a utiliza-la.
Apesar de já dever ser substituída, nós podemos prolongar a sua utilização- não é algo
estritamente essencial.
-No entanto, nos Bens Consumíveis, se deixarmos de comprar, significa que estamos a deixar
de consumir. Ex: Se eu deixar de comprar carne, significa que não estou a comer mais carne.
Aqui, a produção e consumo, normalmente, mantem-se muito estáveis!
-Isto não tem que ver com o bem ser ou não de primeira necessidade! Um Bem de Primeira
necessidade, pode ser duradouro, como um frigorifico. O champagne e o caviar são bens
consumíveis, mas não são, em geral, bens de primeira necessidade! Esta distinção NÃO tem
por base a duração dos bens, mas sim o número de vezes que podemos utilizar um bem.
Bens Duráveis: podem conservar-se durante muito tempo sem se deteriorar. Podem
ser de Consumo ou de Produção.
Ex: O Carvão é um Bem Consumível Durável.
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Bens Perecíveis: são bens que se deterioram com o tempo, que não podem ser
armazenados. Também podem ser de Consumo ou de Produção.
Ex: a maioria dos Alimentos, que podem ser tanto de Consumo Direto, como de
Produção, quando estamos perante Matérias Primas. Uma maçã, é um Bem
Consumível e que se deteriora, ou seja, é Consumível Perecível.
Bens Complementares: são aqueles que, por necessidade ou por gosto, são utilizados
conjuntamente. Ou seja, satisfazem necessidades quando associados. Ex: o Açúcar no
café- eu posso colocar ou não, são complementares por hábito de algumas pessoas;
Bens de Produção Conjunta: (faço o outro bem por consequência, mas sem intenção)
resultam de um mesmo processo produtivo, não podendo haver um sem o outro.
Surgem inevitavelmente. Ex: Caso das Tábuas e da Serradura. Quando se corta
madeira, inevitavelmente aparece serradura.
Conceito de Necessidade
É o Estado psicológico, de insatisfação, acompanhada pelo desejo e da consciência de possuir
determinados bens.
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-Eu só começo a ter necessidade de algo a partir do momento em que sei que há um bem
que satisfaz a minha necessidade. Nesse caso, eu vou perceber que há algo que eu posso
obter. Antes de saber que existia, eu não tinha necessidade de o obter, porque não sabia da
sua existência.
A UTILIDADE
Utilidade Total
Corresponde à soma da utilidade dos bens que se tem. Ou seja, é a utilidade do conjunto dos
bens que temos, sendo esta crescente, porque, em princípio, qualquer bem que se adicione,
fará aumentar a utilidade total.
Utilidade Marginal
A Utilidade Marginal corresponde à satisfação adicional obtida pelo consumo de mais uma
unidade de um bem. É a utilidade do bem que “está na margem”, surge o Bem Marginal, ou
seja, aquele que satisfaz a necessidade menos importante, portanto:
a) Pode ser o bem que vai satisfazer a necessidade menos premente, ou seja, relevante
ou significante, no caso de haver vários bens que satisfazem necessidades diferentes.
Ex: 3 baldes de água: 1º: utilizo para cozinhar; 2º: utilizo para lavar a louça; 3º: utilizo
para limpar o chão. Se por um acaso algum dos baldes cair, o que deixo de fazer é
limpar o chão, pois é o menos relevante.
b) Pode ser um bem que vem satisfazer uma necessidade já satisfeita com unidades
anteriores.
Ex: Temos muito sono e vamos consumir café. Tomamos 1 café e continuamos com
sono. Assim, continuamos a tomar cafés até atingirmos o 3º café. Este, vai satisfazer
uma necessidade que já vinha a ser satisfeita, já não terá o mesmo “efeito” que o
primeiro café, já não será tão necessário- a intensidade ou necessidade que o último
bem vem satisfazer, é menor.
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A utilidade marginal constitui um mecanismo técnico que vem resolver aquilo que os clássicos
chamavam Paradoxo do Valor. (Os autores marginalistas afirmavam que a utilidade
corresponderia como uma medida e critério de valor.)
Os autores clássicos questionaram-se sobre aquilo que dava valor aos bens e todos eles
formularam teorias complexas, onde consideravam a hipótese que o que dava valor aos bens
era a utilidade, mas todos chegaram à conclusão que a Utilidade não serve porque:
*Chegaram à conclusão que a Utilidade serve como critério e medida do valor, mas apenas a
Marginal e não a Total!
Ex: O diamante tem uma grande utilidade marginal. Mas queremos mais a água ou os
diamantes? Neste caso, escolheríamos o diamante, nem que fosse pelo seu valor monetário.
Mas se fosse: De quê que admites passar a vida inteira sem? Escolheríamos o diamante,
porque podemos passar a nossa vida sem eles, ao contrário da água.
• Utilidade Total: Conjunto dos bens que dispomos naquele momento. É a soma das
utilidades desses bens; A Utilidade total é crescente.
Ex: duas garrafas de água. A Utilidade Total é a soma da garrafa nº1 com a garrafa nº2.
Caso eu adicione outra garrafa, a utilidade total aumenta.
Para qualquer pessoa, à medida que aumenta a quantidade consumida de um bem, tende a
diminuir a utilidade, de tal modo que a utilidade de cada uma das doses sucessivamente
consumidas é inferior à das doses precedentes.
Ex: Tenho 3 copos de água e tenho muita sede. O primeiro copo é muito útil, porque o meu
grau de necessidade é muito grande. O segundo copo, já tenho menos sede, mas ainda é útil.
O terceiro, ainda vai ser menos útil, porque a sede que terei, será muito menor!
Ou seja, a utilidade do último, do marginal, será sempre inferior! À medida que adiciono doses
sucessivas do mesmo bem, a Utilidade Marginal desse bem vai diminuindo! No entanto é
necessário tomar atenção que o consumo das unidades seja feito num intervalo curto, ou seja,
próximo umas das outras, para que tal se verifique, pois pretende-se satisfazer a necessidade
de imediato e as circunstancias psicológicas também se devem manter iguais.
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Ex 2: Caso se parta um copo de água, qual é a necessidade que fica por se satisfazer? Há várias
respostas: Ou as plantas ficam sem regar, ou cão fica sem água para beber, ou seja, estamos
sempre a falar de conceitos SUBJETIVOS, porque vai depender das necessidades de cada
pessoa, do estado psicológico de cada um.
Porquê que a água, um bem essencial, é mais barata que um diamante? Este preço define-se
pela utilidade marginal. Como a água existe em grande quantidade, a Utilidade Marginal da
Água, da sua última unidade, é mais baixa do que a da última unidade de diamantes. Ou seja,
o preço é dado pela utilidade marginal do bem. O preço da água pode ser maior se esta
passar a existir em menos quantidade. A importância do bem é dada pela Utilidade Total do
Bem!
Eu não consigo fazer uma Ordenação Cardinal da Utilidade, porque como a Utilidade é
Subjetiva, não consigo classifica-la numeralmente!
Quando quero determinar um valor para bens que não têm preço de mercado, eu devia de me
reportar à utilidade desses bens, mas não posso, porque não consigo perguntar a todas as
pessoas o que elas acham!
A lógica é aproximar os preços dos verdadeiros custos e isso pode ser feito, por exemplo, em
relação aos bens ambientais, através dos impostos ambientais. Ou seja, não consigo comparar
as utilidades, então os economistas, ao comparar malas com sapatos, como é que sei qual é a
utilidade de cada um deles?
Ou seja, se eu me confrontasse com quatro pessoas numa sala com fome, como é que se
conseguia definir quem é que tinha mais fome? Não dava, mas se umas bolachas estivessem a
ser vendidas, muito provavelmente aquele que ia ficar saciado era aquele que tinha maior
capacidade económica (problema da justiça).
No entanto, como não é possível então haver a definição desta escala, utiliza-se a Curva de
Indiferença do Consumo e de Produção, que nos dá a conhecer o mesmo grau de satisfação,
sendo sempre pessoais e a Taxa de Substituição será decrescente, ou seja:
Ex: Se eu tenho mais quantidade de carne, a Utilidade Marginal da carne é mais baixa e como
tenho pouco acesso a peixe, a Utilidade Marginal deste é mais alta, estando eu disposta a
sacrificar algumas unidades de carne por alguma de peixe. Mas, seu eu estou na situação em
como mais peixe do que carne, será o contrário. Por isso é que na Curva de Indiferença
representada, a taxa de Substituição é Decrescente!
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Eficiência do Pareto
O Critério de Pareto é assim considerado o mais antigo e o mais eficiente, mas também é
considerado muito exigente, porque muito dificilmente uma intervenção publica o consegue
cumprir, ou seja, na grande maioria dos casos há sempre alguém que sai prejudicado e se isso
acontecesse, já não haveria eficiência do Critério de Pareto.
Surge então outro critério, da ciência política económica, para tentar resolver este problema: o
Critério de Calva e Inques (?), resultante da soma de dois critérios propostos por Calva e
Inques, onde basicamente houve um esforço para que se respondesse ao mesmo Problema,
mas de forma mais fácil do que a do Critério do Pareto. Assim, continua a haver eficiência se
os benefícios forem superiores aos custos, ou seja, aos prejuízos. Em teoria, os beneficiários
vão acabar por compensar os prejudicados.
Isoquantas: Aplica-se mais ou menos a mesma logica do que nas curvas da indiferença, mas
aplicada à produção, ou seja, vai representar as várias formas possíveis de combinar capital e
trabalho para produzir a mesma quantidade, por exemplo, eu posso produzir a mesma
quantidade de malas, mas posso combinar várias formas de o fazer.
Uma isoquanta mais próxima da origem vai fazer com que haja uma produção inferior, mas
mais afastada da origem vai representar uma produção superior. Ou seja, como é que o
proprietário vai efetivamente definir se vai produzir mais com mais trabalhadores ou
máquinas? Vai depender dos preços relativos tanto do trabalho como do capital, vai verificar
aquilo que no momento será mais benéfico para ele. A melhor decisão dentro da isoquanta
vai depender dos preços relativos.
Nas Isoquantas temos então duas variáveis, como já referido, o Capital e o Trabalho, que não
existem de uma forma infinita, tem de ser distribuída. Por exemplo, na produção de sapatos
e carteiras, se a mão de obra não dá para tantos setores, aqueles que tem menos
produtividade, vão ficar com menos trabalhadores, porque acabam por ser menos produtivos,
o prejuízo será menor e estes trabalhadores irão passar para novos setores onde serão mais
bem pagos, por o benefício será maior.
Desenhando várias isoquantas, por exemplo, pegando nos sapatos e carteiras, e os pontos de
máxima eficiência serão aqueles que se encontrarão na tangencia das isoquantas com a curva
de indiferença. Ora, os pontos que não estão na tangencia, mas sim na interseção é o ponto
onde se consegue encontrar lucro, um ponto onde produzimos mais sapatos e as mesmas
carteiras ou vice-versa ou então mais sapatos e mais carteiras.
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Portanto, a eficiência estará na tangencia das isoquantas com a curva de indiferença. A mais
eficiente será aquela que terá a máxima eficiência na utilização dos fatores e que, portanto,
permitirá uma maior utilidade total.
A Troca
Existe a Troca Intermediária, ou seja, quando se troca um bem por dinheiro, mas também a
Troca Direta, ou seja, quando se troca um bem por outro bem.
Em Economia, a Troca é Intermediária. Existem duas ideias distintas: Mais é melhor: Homo
Economicus e o Menos é melhor: ideia contrária ao pensamento da Economia.
Eu só compro algo quando acho que o bem vale mais ou igual dinheiro ao que vou dar por ele
(ideia de Maximizar as Utilidades).
A Escassez ou Raridade
Se os bens fossem todos livres, não haveria qualquer questão económica, mas o Homem sente
necessidades que so podem ser feitas através da utilização de bens económicos, que são
escassos, ou seja, não existem em número suficiente para que as necessidades sejam todas
cumpridas.
A noção de escassez deve ser articulada com a noção de Utilidade Marginal, pois apenas os
Bens Escassos têm Utilidade Marginal POSITIVA. Desta forma, nos bens livres, não se verifica
qualquer problema a nível de preços, pois estão disponíveis para qualquer pessoa, até que a
sua Utilidade Marginal é ZERO, ou seja, ninguém está disposto a dar dinheiro por ele, pois ele
está como garantido. Desta forma, o preço revela um papel importante, pois desempenha
uma função de limitação da procura, ou seja, o bem se fosse escasso e não tivesse um preço,
a procura seria em excesso em relação à oferta.
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Assim cada bem tem um preço e, portanto, a utilidade total do consumidor não se
maximizará, levando ao consumo de cada bem até que todos eles tenham a mesma Utilidade
Marginal.
Desta forma, um consumidor racional e tendo em conta os preços dos bens e o seu
rendimento, vai procurar que haja um equilíbrio entre as utilidades marginais dos diversos
bens com os seus respetivos preços. (Ex: Temos bifes de vaca a custar 8€ e bifes de frango a
custar 4€, pelo que o consumidor só se continuará a comprar bifes de vaca enquanto, para ele,
a sua utilidade for mais do que o dobro da utilidade do bife de frango. Tendo em conta a lei da
utilidade decrescente, haverá um momento em que a utilidade marginal dos bifes de vaca terá
diminuído o dobro da utilidade marginal do bife de frango, pelo que se atinge a igualdade das
utilidades marginais ponderadas.
Os vários quadros:
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Devemos perceber que os Sistemas Económicos se sucedem, vão-se alterando: nós temos um
Sistema Economico e quando uma parte significativa dos seus quadros se altera, ou o tipo de
relações entre os participantes se altera, o sistema económico passa a ser outro.
Ex: A substituição do Sistema Feudal (Idade Média) para o Sistema Capitalista (Idade
Moderna). Capitalismo: surgiu um conjunto de trabalhadores disponível para trabalhar em
troco de salário. Nesta altura, houve a Reforma Protestante, a burguesia começava a florescer
e a tomar mais partido do que as outras classes sociais.
Em suma, à medida que se altera as respostas que estávamos a dar em relação aos quadros
falados anteriormente, passamos a ter um Sistema Económico diferente.
Uns acham que o facto de termos chegado ao equilíbrio do capitalismo é muito bom, mas
outros não o acham!
• Adam Smith: é um otimista, pois entendia que a articulação dos diversos quadros
permitiria um desenvolvimento económico desde que houvesse investimento e divisão
do trabalho.
Ele achava ótima a ideia de um género de “linha de montagem”, pois na altura era
comum alguém que começasse a fazer um sapato, acabava por faze-lo todo. Se várias
pessoas trabalhassem para a produção deste mesmo sapato, seria muito mais rápido e
conseguia-se fazer mais- trabalhar em conjunto era benéfico.
Não é pessimista nem otimista. Pode entender-se que há mais uma vertente pessimista, pois
se as coisas ficassem como estavam, a Inglaterra não ia ficar bem, mas ao mesmo tempo
Otimista, pois queria o comércio entre os vários países, o que fazia com que houvesse uma
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Proliferação Económica. Teria de haver livre comércio entre os diferentes países e com isso
levava a um aumento da produtividade.
Nos anos 90 houve um enorme desenvolvimento económico nos países desenvolvidos, sem
precedentes de pelo menos há cem anos atrás. Neste momento, era percetível que se tinha
chegado ao final da História- tudo parecia insuscetível de evolução.
• List Friderich: utilizava, para distinguir entre dois sistemas económicos, o Critério da
Atividade Dominante. Quatro atividades económicas foram dominantes numa certa
altura da História: pastorícia, agricultura, indústria e o comercio. A evolução teria
exatamente esta ordem, dar-se-ia da pastorícia para a agricultura e assim por diante.
Quanto mais dominante fosse a atividade, mais desenvolvido seria o Sistema
Económico!
Quanto mais assente na troca direta, menos desenvolvido será o Estado envolvido. O Estado
mais avançado de uma Economia, é quando esta passa a assentar no crédito.
• Karl Bucher: assenta a sua distinção dos sistemas económicos no âmbito territorial da
circunscrição económica. Saber qual é destino e qual é a origem das trocas de bens.
Quem produz, produz para quem? Compramos à família, aos comerciantes da cidade
ou do país ou ainda se pode dirigir ao mundo (algo que provem da China ou dos EUA)?
Numa primeira fase, a Economia era Doméstica- primeiro comprava-se à família,
depois à Tribo. Posteriormente, no Feudalismo, existiu o Domínio Feudal- Eu produzo
para um determinado conjunto de pessoas e eles produzem para nós e não podemos
ir para além disso. Economia Urbana: Exodo Rural, crescimento importante das
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*Relações Sociais de Produção: relações sociais e humanas entre as pessoas que estão a
realizar a produção. Como são sociais, são ESTÁTICAS, tendem a permanecer por mais tempo
sem que hajam grandes modificações.
Quando as Forças Produtivas evoluem para um determinado estado em que as relações sociais
já são um obstáculo ao seu livre desenvolvimento, então deixamos de ter o tal Sentido
Coerente do Sistema Económico.
Sombart usa conceitos que, em certa medida, se sobrepõem aos de Marx. Caracteriza o
sistema económico a partir de 3 princípios:
• Economia Fechada
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• Economia Artesã
1- Não se distingue muito da Economia fechada, trabalhando-se para as necessidades
da cidade.
2- Quadro jurídico mais complexo do que o da Economia Fechada, mas ainda assim
muito simples.
3- É mais complexa do que na Economia Fechada, mas ainda assim é um quadro
muito simples, muito menos complexo do que o Capitalista.
• Economia Capitalista
1- O objetivo da população passa a ser a valorização do Capital;
2- Forma complexa: a nível institucional, político e jurídico.
3- Técnica que evolui de forma constante.
Marx diz que a Economia Capitalista é a mais REVOLUCIONÁRIA na sua evolução constante e
rápida da técnica!
• Colin Clark
O critério assenta em verificar aonde é que está a maioria da população ativa empregada. Ao
longo do tempo, haverá uma deslocação destes para certas atividades. Numa primeira fase,
estão empregados no Setor Primário (Agricultura), depois deslocam-se para a Indústria (Setor
Secundário) e, por fim, para o Comércio e Serviços (Setor Terciário).
Quanto mais pessoas estiverem no Setor Terciário, mais desenvolvida estará a Economia.
• Walter Eucken
-Caso as respostas sejam dadas por uma autoridade, o Estado, nomeadamente, dizemos que
temos uma Economia de Direção Central: pensa-se em Economias Estatizadas, Economias
Socialistas, por exemplo, os Estalinistas, a Coreia do Norte, fez e ainda faz assim (neste último
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caso).
-Ou a autoridade tem em conta o que as pessoas realmente querem ou não tem em conta-
normalmente a decisão não tem em conta os desejos das pessoas!
-As respostas podem ser dadas pelo mercado, tendo presente a ideia da “mão invisível” de
Adam Smith, que nos diz que se deixarmos os Agentes Económicos (produtores, etc.) a atuar
livremente, eles vão realizar um equilíbrio e vão ter respostas seguras para estas questões
(as de quando ou onde vão produzir, etc.);
-Não podemos deixar de reconhecer que mesmo na Economia de Mercado, o estado tem de
ter intervenção para corrigir as imperfeições do mercado. Há certos aspetos e atividades que
o mercado não leva a cabo, não conseguindo dar indicações, como, por exemplo, levar energia
elétrica ao sítio mais remoto de Portugal: o mercado diria que isto só faz sentido, lá por o
cabo, se fosse rentável, mas não o é. Se dependesse apenas do mercado, estas pessoas não
tinham rede elétrica, daí o Estado aparecer e resolver as incorreções do mercado. O Estado
aparece assim com uma Função de Alocação de Serviços- usa o serviço publico, os Impostos,
para atender a estas incorreções.
• Sistema Misto
Mesmo nos sistemas em que o Estado não tem tanta intervenção, como nos USA, ele vai ser
sempre necessário! São serviços que poderiam ser prestados tanto pelos Serviços Privados
como pelos Serviços Públicos (saúde, telecomunicações ou transportes).
A Entidade Pública impõe muitas vezes aquilo que são as Obrigações de Serviços Públicos.
Muitas vezes, num transporte público, o Estado tem de pagar a compensação para o
cumprimento do serviço publico por uma empresa de serviço privado- por exemplo uma
viagem de autocarro até a uma aldeia pequena, remota.
Neste caso, nós continuamos a ter um serviço público, mas não quer dizer que seja prestado
apenas por Entidades Públicas. Por exemplo, em Coimbra, a rede de transporte é de uma
empresa pública, mas em Vila Real, já é de entidade privada, mas continua a ser sempre
serviço público- o ESTADO PASSA DE PRESTADOR DE SERVIÇO PARA REGULADOR- um Estado
que garante os serviços, mas não os presta diretamente.
Conceito de Bens: Estes não são todos iguais, havendo alguns que efetivamente são bens
físico, mas outros que não tem uma existência física, mas que satisfazem as necessidades. A
ECONOMIA SÓ ESTUDA BENS ESCASSOS, ou seja, não são aqueles que existem em boa
quantidade, porque isso é efetivamente um conceito relativo, mas são aqueles que não
existem em quantidade suficiente para que se possa satisfazer todas as necessidades, não
sendo assim um conceito absoluto.
É aqui que surge o Problema Económico, porque foi-se questionando como é que se iria
adaptar os bens às necessidades, se os bens não são considerados suficientes para as
mesmas.
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Lei da Procura: verifica-se em situações em que tudo o resto se mantem igual, ou seja, as
preferências e as restrições orçamentais dos consumidores, mas as quantidades procuradas
variam em sentido inverso aos preços (se os preços aumentam, as quantidades procuradas
diminuem e vice-versa)
Assim, falamos de uma lei que se verifica na curva da procura- a Variação das Quantidades
procuradas ≠ variação da procura (a procura não é efetivamente um número, mas uma curva
que representa várias combinações possíveis e as quantidades que os consumidores estão
dispostos a adquirir aos vários preços possíveis).
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consumo de outro bem e ainda tentar reduzir ao máximo o consumo do bem cujo
preço aumentou.
Outro exemplo, poderá ser o do aumento dos preços da Restauração. Eu caso
gastasse 300€ por mês na restauração, a partir de agora, com o mesmo rendimento,
eu começaria a gastar mais dinheiro e portanto, aquilo que vai acontecer é que
passarei a ir menos vezes.
Ou seja, se o preço de um bem aumentar, começaremos a comprar menos de outros
bens, incluindo aquele bem cujo preço aumentou!
• Paradoxo (algo que vai contra a expetativa) de Giffen: o Sr. Giffen verificou que o
aumento do preço dos bens alimentares básicos, como o pão, levava a um aumento
das quantidades procuradas de pão. Ora isto seria totalmente um paradoxo, mas a
explicação tem que ver com o Efeito de Rendimento, ou seja, este bem era
considerado totalmente essencial para alimentar as pessoas mais pobres (porque
nesta altura estávamos em Inglaterra, numa Época Pós Revolução Industrial). Sendo
assim, o pão era efetivamente essencial para o sustento das pessoas, porque era a
base da alimentação- era pão e um bocadinho de carne (que era muito mais cara).
Mesmo que o pão aumentasse, continuava a ter um valor mais baixo que a carne e as
pessoas optavam por comprar mais pão, mesmo que o seu preço fosse superior e
assim já não se comprava carne, pois com esse dinheiro, comprava-se o pão que era o
que efetivamente dava sustento. Ou seja, apesar do preço do pão aumentar, a
quantidade vendida também iria aumentar porque as pessoas vão comprar esta
quantidade acrescida com o dinheiro utilizado anteriormente para comprar carne,
porque o pão é que efetivamente apagava a fome.
Os alimentos básicos são a base da alimentação, pelo que se o preço destes aumentar,
as pessoas vão aumentar o seu consumo e reduzir o consumo de outros alimentos que
não são estritamente necessários.
• Caso dos Bens Sucedâneos (ou bens de qualidade inferior): Nas classes de pessoas
com menos rendimentos, a descida do preço destes Bens Sucedâneos, leva à redução
das quantidades procuradas desse bem, por Efeito Rendimento. Ou seja, sendo
Sucedâneos de outros bens, apresentam uma satisfação menor e que compramos
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apenas por pura necessidade, porque caso possamos comprar um bem de qualidade
superior ou que nos satisfaça mais, nós fazemo-lo. Por efeito Rendimento, a descida
do preço do bem sucedâneo, leva a uma diminuição deste, porque com o
rendimento excedente, ou seja, aquilo que poupei, usarei para comprar o bem que
eu prefiro e que me traz mais satisfação.
Exemplo: a cada euro corresponde dois úteis e, portanto, 1 kg de café, a custar 10 euros, tem
utilidade de 20, ou seja, a utilidade do preço de cada kg de café será sempre 20 uteis, não se
altera por cada unidade, aquilo que se altera é a utilidade marginal de cada unidade de café!
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Para sabermos quantas unidades é que efetivamente compensa comprar, temos de comparar
o preço dos kg de café com a utilidade do preço do kg do café e com a utilidade marginal de
cada kg de café.
-Como 1€ são 2 úteis, um kg de café custando 10€, corresponde a 20 uteis. Assim, valerá a
pena comprar até à 7 unidade de café, pois esta custa os 10€ e corresponde a 20 uteis, sendo
que a sua utilidade marginal é 20. A 8 unidade, por exemplo, já tem uma utilidade marginal
menor que 20 e, portanto, já não compensa.
-Caso o preço do café desça para 6€, vai corresponder a 12 uteis e, portanto, valerá a pena
comprar até à 10 unidade, que tem uma utilidade marginal de 12. A unidade seguinte já tem
uma utilidade marginal inferior.
- Se o preço do café aumentar para 12€ o kg, vai corresponder a 24 uteis e, portanto, vale a
pena comprar até 5 kg de café, que corresponde a uma utilidade marginal de 12.
Desta forma, e tendo em conta as curvas da indiferença, quanto mais afastada a curva estiver
da origem, maior será a situação de bem-estar, quanto mais próxima, menor o bem-estar.
Esta técnica das curvas de indiferença, apenas nos vão indicar o lugar geométrico das situações
de indiferença de consumo, pois será indiferente qualquer um dos pontos da curva.
Elasticidade-Preço da Procura
Para estudar as elasticidades, será sempre preciso saber tantos os preços como as quantidades
procuradas em dois momentos diferentes no tempo, normalmente antes e depois do aumento
ou descida dos preços.
A Elasticidade-Preço é que efetivamente nos diz quanto é que é a variação, porque a Lei da
Procura não o consegue fazer, pois não nos dá mais do que o sentido, ou seja, não nos dá a
dimensão da reação, se os bens diminuem muito ou pouco, cabendo isto à Elasticidade-Preço.
Um bem vai ter uma procura tanto mais elástica quanto mais próximo ele efetivamente
estiver dos seus bens sucedâneos. Quanto mais afastados forem, menos elástica será a
procura. Por exemplo, se o preço do combustível aumentar, não se passa a vender menos
deste, porque não existe uma alternativa próxima, mas se for uma marca de iogurte a
aumentar o preço, passa-se a consumir menos desta marca em concreto, porque há um
sucedâneo próximo, nomeadamente, uma outra marca.
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Exemplos:
-Um vendedor de castanhas à beira da Fduc, que as vende a 2€. Ele vende 100 sacos de
castanhas por dia. No entanto ele decide aumentar 25% o preço e, portanto, passa a vender
apenas 90. O preço aumenta 25% e a procura diminui 10%.
Conclui-se que aquilo que determina se a procura é ou não elástica é a OFERTA, pois quanto
mais próximos forem os bens sucedâneos, mais fácil se torna a troca de um bem pelo outro,
ou seja, neste caso, haverá elasticidade e não fará sentido aumentar os preços!
Exceções
• Procura infinitamente elástica: a curva da procura é horizontal, ou seja, ao
mesmo preço é possível obter diferentes quantidades. Ou seja, o preço determinado
fará com que todos os compradores adquiram aquele produto, pelo que não faz
sentido aumentar o preço, pois isto faria com que se deixasse de vender totalmente o
produto (ninguém iria querer comprar) e descer o preço também não faria sentido
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porque se consegue vender tudo por mais dinheiro. A elasticidade-preço será assim
igual a infinito. Ex: dos bens sucedâneos
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teremos os mesmos 15% na procura- se o preço diminui 15%, a procura aumenta 15%
e vice-versa. O preço aumenta, a procura diminui em igual medida e vice-versa!
Em suma:
1- Se a procura for inelástica; (procura não diminui na medida da subida de preço; ela vai
diminuir em menor medida do que a subida de preço);
2- Se a procura for elástica maior que um; (porque a quantidade procurada aumenta de
forma mais do que proporcional face à descida do preço)
3- Se a procura for elástica maior que um; (porque o aumento do preço leva a uma
diminuição mais do que proporcional nas quantidades procuradas);
4- Se a procura for inelástica; (porque a procura não aumenta na mesma medida da
descida do preço; a procura aumenta em menor medida do que a descida do preço);
Caso haja uma elasticidade maior que 1, ou seja, procura elástica, não vale a pena o
vendedor aumentar o preço, mas apenas descer!
Importante: Mesmo quando temos uma empresa monopolista, a elasticidade daquela procura
é importantíssima pq vai determinar a Receita Marginal (diz respeito ao acréscimo da receita
se eu quiser vender mais uma unidade): Qto é que vou ter de baixar o preço para conseguir
vender mais uma unidade? - Se tiver de baixar muito, é uma utilidade marginal baixa, se tiver
de baixar pouco o preço, a utilidade marginal é alta.
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Terá importância uma vez que através dele conseguimos avaliar em que medida os bens são
ou não sucedâneos próximos um do o outro ou se por outro lado são complementares entre
si.
Portanto, o aumento do rendimento leva ao aumento da procura desses bens, sendo que o
aumento da procura pode ser proporcional, menos que proporcional ou mais que
proporcional, porque há bens que quando o preço aumenta começamos a comprar muito
mais, outros que começamos a comprar mais e ainda aqueles que não compramos nada a
mais. Isto para a maioria dos bens, dizendo-se que a elasticidade-rendimento da procura é
positiva.
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Casos excecionais:
Casos “normais”:
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Será que é correto afirmar que os bens de primeira necessidade têm uma procura elástica
maior que 1?
Os bens de primeira necessidade têm, em princípio, uma procura elástica menor que 1,
tendem a ser inelásticos. No entanto, podem existir bens de primeira necessidade com
procura elástica maior que um, como por exemplo, todos os bens de primeira necessidade que
têm bens sucedâneos: se o preço da batata doce aumenta, as pessoas deixam de comprar
batata doce e passam a comprar batata normal; em geral os bens de primeira necessidade não
são assim, mas tendo bens sucedâneos, pode acontecer isso.
Empresa em Monopólio: domina o mercado e não tem concorrência nem bens sucedâneos
próximos- tem de calcular a elasticidade cruzada da procura; a empresa monopolista interessa-
se pela elasticidade cruzada da procura; no entanto, também se interessa pois não consegue
controlar o rendimento e vê se consegue aumentar essa procura ou não, mesmo que seja a
única a produzir; a elástica preço da procura é mto importante pq é daqui que depende a sua
receita, depende da reação do mercado- se ela quer aumentar a receita total, ela vai
depender da elasticidade preço da procura; receita marginal: depende da elasticidade preço
da procura;
Os bens de luxo têm uma procura elástica menor que um ou podem ter?
Bens procurados por pessoas muito ricas, cujo compradores se tornam indiferentes ao preço:
sim, a elasticidade do preço da procura é menor que 1 e em geral aproxima-se do zero,
independentemente do preço, as pessoas compram o bem, sem olhar a preços;
A OFERTA
A Curva da Oferta representa as várias quantidades que se está disposto a vender aos vários
preços possíveis (Curva de inclinação positiva – S)
A Lei da Oferta diz que as quantidades oferecidas variam no mesmo sentido dos preços: se o
preço aumenta, as quantidades oferecidas também aumentam; se os preços diminuem, as
quantidades oferecidas também diminuem, sendo que esta só funciona em condições onde
tudo o resto se mantem constante: o rendimento, as preferências, o único que varia é o preço)
Pode-se tanto representar a curva de oferta de uma empresa ou curva de oferta agregada
(somando as várias curvas de oferta das várias empresas do mercado). Quantidades
oferecidas: variável dependente de uma variável independente que é o preço.
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Ex: O senhor tem vendido gelados e ele necessita de fazer um pagamento de 400€ ao
fornecedor. Para isso, necessita, se o preço estiver fixado a 2€ no mercado, tem de por no
mercado pelo menos 200 unidades; imaginemos que o preço no mercado, que ele não
controla, desce para 1€, ele pela curva, iria vender menos e “guardar”, ou seja, estucar os
gelados e esperar por melhores alturas; MAS ele precisa mesmo de pagar ao fornecedor,
portanto não vai funcionar assim! Apesar da diminuição do preço, vai haver um aumento
da oferta, ele vai passar a produzir o dobro para conseguir pagar.
A grande explicação para a Lei da Oferta está assente na Lei dos Rendimentos Decrescentes.
Foi enunciada por David Ricardo, que ficou conhecido pela sua posição relativamente ao
comercio internacional, era defensor deste e também do liberalismo, a favor de abolir todas as
restrições tanto à produção como ao comercio, nomeadamente aos impostos alfandegários.
Nesta altura vigorava a lei dos cereais que proibia a importação dos cereais da França, dizendo
que era para proteger os produtores ingleses. Ora, a França era um pais que tinha as condições
ótimas para a produção de cereais, conseguia chegar à Inglaterra com preços muito acessíveis.
Desta forma, David Ricardo, na sua análise à lei dos cereais, vem critica-la, enunciando a Lei
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David R. pensou que se é cada vez mais caro produzir, o preço do cereal terá de se fixar no
preço do último quilo, porque caso contrário ninguém queria produzir esse último- o PREÇO
VAI-SE NIVELAR PELOS CUSTOS MAIS ELEVADOS. Ao aumentar os preços dos cereais, a
consequência era que, sendo os cereais a base da alimentação, o preço do pão iria aumentar.
Os empresários iriam empregar mais pessoas e por isso tinham de aumentar os salários dos
seus trabalhadores para que estes tivessem o mesmo poder de compra. Ao aumentar os
salários, o preço dos produtos não aumentava, não conseguindo cobrar mais pelos produtos
produzidos, levando a um aumento do preço dos cereais, que aumentava o preço do pão,
levava a uma diminuição do lucro! A base do crescimento económico está nos lucros e,
portanto, David Ricardo expunha que a Lei dos Cereais estava a por em causa a própria
Economia Inglesa, porque os empresários, os Capitalistas, ficavam bem pior, não obtendo o
lucro que poderiam ter. Por outro lado, os trabalhadores não sentiam grandes diferenças e os
proprietários das terras mais férteis conseguiam sair muito favorecidos porque as conseguiam
alugar a um preço superior, era as mais cobiçadas.
Em suma, à medida que eu tendo os outros fatores de produção iguais e mantendo a técnica,
se adiciono doses adicionais do bem de produção, a produção aumenta, mas numa taxa
decrescente - aquilo que eu consigo a mais é cada vez menos.
Verificou-se depois que esta Lei dos Rendimentos Decrescentes aplica-se não apenas em
relação à terra, mas também, por exemplo, em relação ao trabalho: Eu tendo determinadas
condições técnicas, determinados equipamentos, determinado capital, adicionar doses
sucessivas de trabalhadores para o mesmo espaço aumenta-me a produção de forma
decrescente. Ex: Eu tenho 10 trabalhadores, se eu empregar mais um, eu em vez de produzir
100 unidades, produzo 110, se colocar outro e ficar com 12 funcionários, consigo produzir 118
unidades. Consigo verificar que o 11º me permitiu produzir mais 10 unidades, mas o 12º
apenas me fez produzir mais 8. O Rendimento do trabalho vai efetivamente diminuir. Assim, a
Curva dos Custos Marginais é Crescente! Eu mantendo todos os fatores, ou mante-los em
proporção, por exemplo, se emprego mais um trabalhador, também preciso de mais uma
máquina. Ou seja, eu aumento a produção, mas a um custo crescente, o custo de produzir a
última unidade (marginal
).
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Elasticidade Preço-Oferta
Temos assim ofertas mais elásticas e outras, menos, dependendo de vários fatores, como por
exemplo, o tipo de produto, a capacidade e do facto de o bem ser durável ou perecível, por
exemplo, porque um bem perecível tem uma oferta mais Inelástica (não é porque o preço
baixa que eu vou diminuir de forma acentuada as minhas quantidades oferecidas, ALIÁS,
muitas vezes nos bens perecíveis até acontece uma Exceção à Lei da Oferta, BAIXANDO-SE O
PREÇO PARA SE VENDER (bem perecível), porque, por exemplo, existem pessoas que vão
comprar o peixe ao mercado numa hora mais perto do meio dia, para terem descontos, pois o
peixe, se não se vender nesse dia, no dia seguinte já não é fresco e os vendedores têm de
tentar vender.
A outra Exceção à Lei da Oferta ocorre por Efeito Rendimento (Uma empresa com custos
financeiros fixos e que está muito endividada). Temos o exemplo de uma empresa que tem
custos financeiros muito elevados e esta está muito endividada, tendo uma prestação para
pagar ao banco altíssima. Como tem este custo que não consegue suportar, a empresa tem de
faturar uma relativa quantidade por mês. Por exemplo, tendo custos financeiros de 10000€,
para alem de todos os outros custos, como salários de trabalhadores, combustível e energia.
Portanto, eu para conseguir pagar a prestação ao banco tenho de faturar mais do que os meus
custos, por exemplo 20000€. Ora, se o preço baixar, aquilo que viria a acontecer era que se ia
diminuir a oferta, mas neste caso NÃO VAI ACONTECER, porque o preço vai baixa, mas eu
tenho de aumentar a minha oferta, porque tenho de conseguir os 20000€. As empresas
arriscam-se a deixar de vender ao preço correto e justo, para continuarem a ter um pouco de
lucro e muitas delas passam a estar numa linha nem de lucro nem de prejuízo, enquanto
outras passam mesmo em ter apenas prejuízo, por problemas de tesouraria- isto acontece
muito em época de crise em empresas endividadas, por exemplo, na altura da Troika.
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posso comprar uma maquina nova; Ou eu não estou em pleno emprego e consigo facilmente
aumentar a produção ou fico totalmente dependente do aumento da produtividade;
3º: Período Longo: Tudo pode variar: a natureza, a quantidade e a dimensão dos
equipamentos; é um período suficientemente longo para se alterar tudo; (A elasticidade da
Oferta é superior)
A oferta depende do preço, mas esta só é verdade numa análise muito simples e
descomplicada; Na realidade a oferta não depende apenas do preço, depende também do
custo de produção. Em período curto, eu não consigo variar os equipamentos, eu não consigo
reduzir os custos, pelo que o custo de produção no período curto, vai depender do volume da
produção- saber qto custa produzir um determinado volume de bens; No Período Curto, os
custos de produção vão depender essencialmente do volume da produção de quantos bens
se quiser produzir.
-Custos físicos
São independentes do volume de produção, ou seja, vão ter de ser suportados pelo simples
facto de se estar em atividade e portanto vão ser os mesmos quer a produção seja 10 ou 1000,
vai ser sempre igual!
Ex: renda de uma fábrica (Quer esteja a produzir 100 ou 200 sapatos, é independente do seu
volume de produção, será sempre a mesma); Os salários dos trabalhadores não o é, porque
pode haver trabalho em horas extras e assim, pode ser variável;
-Custos Variáveis
São os custos de todos os fatores cuja quantidade pode ser modificada em período curto;
Ex: Salários de trabalhadores, matérias primas, energia, transporte (gasto mais energia ou mais
transporte se tiver mais bens);
Dois subtipos:
*Variação rigorosamente proporcional em relação à produção total; Ex: Caso das matérias
primas; os troncos de madeira para produzir cadeiras- qto mais matéria prima tiver, mais
bens produzidos vou ter;
*Variação não é rigorosamente proporcional em relação à produção total, estão sujeitos à Lei
dos Rendimentos Decrescentes; **
Ou seja, quer dizer, na primeira parte do gráfico, no declive negativo, qdo produzimos mais
gelados, ou seja, qto maior o volume de gelados, o gelado 100 já lhe fica mais barato do que os
primeiros 10 produzidos- produzir uma unidade marginal vai ficando cada vez mais baixo-
economias de escala- há medida que produz mais, cada unidade vai ficando mais barata (fase
dos Custos decrescentes- Fase de Rendimentos Crescentes)- ISTO É REAL ATÉ CERTO PONTO-
neste caso no 200 (onde se inicia a Lei dos Rendimentos Decrescente) onde produzir uma
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unidade lhe está a ficar cada vez mais caro, continua a ser vantajoso produzir (fase de custos
Crescentes- Fase de Rendimentos Decrescentes), mas a receita vai sendo cada vez menor, ou
seja a diferença entre o valor a que lhe fica produzir e o valor a que vende torna-se cada vez
mais próximo.
Só me vale a pena produzir gelados neste gráfico até ao Ponto C, ou seja, até ao momento em
que o preço que me custa produzir o gelado (3€) é igual ao preço ao que o vou vender; a
partir daí, por exemplo, no ponto D, vai-me custar mais a produzir o gelado (4€) do que aquele
dinheiro que eu vou ganhar que continua a ser os 3€, eu vou ter prejuízo!
A situação de máximo lucro dá-se quando a curva de custo marginal interseta a curva da
receita marginal que, neste caso, é a curva do preço (p);
O que nos define a oferta é a curva dos custos marginais. Quando eu quero saber se tenho
lucro ou não eu já sei que a curva dos custos marginais nos diz se na última unidade nós
ganhamos ou perdemos dinheiro, o que me diz se eu tenho lucro é a curva dos custos médios,
pois a mesma corresponde à divisão do custo total pelo número de unidades produzidas e
vendidas. O que define a quantidade que o ofertante vai oferecer é o custo marginal que é isso
que lhe dá o lucro máximo, depois para ver se existe ou não lucro temos que aferir o custo
total médio. Definimos o lucro anormal pela curva do custo total médio.
Esta diferença entre custos fixos e variáveis, fazem com que exista uma diferença enorme qdo
se calcula o Custo Médio Unitário: um custo a dividir pelo número de unidades do bem
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produzido;
Custo Fixo médio Unitário: diminui qdo vou aumentar a produção: ao dividir sempre o mesmo
custo (100€) pelo um nr de unidades cada vez maior, vai diminui; Ele começará a aumentar
qdo passar para o custo variável;
Custo Variável Médio Unitário: aumenta com o aumento da produção; é sempre crescente!
Esta diferença entre custos fixos e variáveis, fazem com que exista uma diferença enorme qdo
se calcula o Custo Médio Unitário: um custo a dividir pelo número de unidades do bem
produzido;
Custo Fixo médio Unitário: diminui qdo vou aumentar a produção: ao dividir sempre o mesmo
custo (100€) pelo um nr de unidades cada vez maior, vai diminui; Ele começará a aumentar
qdo passar para o custo variável;
Custo Variável Médio Unitário: aumenta com o aumento da produção; é sempre crescente!
Custo Marginal: é o custo de produção de mais uma unidade de produto, ou seja, é o custo de
produzir n+ 1. (EX: eu estou a produzir 100 unidades, qual é o custo de produzir mais uma).
Enquanto que o custo médio fixo unitário diminui com o aumento da produção, o custo
variável medio unitário aumenta com o aumento da produção;
O lucro máximo, ou seja, a quantidade que o oferente vai oferecer é determinado pelo custo
marginal, mas para determinar se existe ou não lucro é apenas utilizado o custo total médio;
Maximização do Lucro
A regra da maximização do lucro é parificar o custo marginal com a receita marginal, ou seja,
quando o custo marginal se torna igual à receita marginal (preço), ou seja, se eu vir que uma
unidade me custa 5€ e a última a ser produzida me custa 5€ na mesma. (tem a ver com o
gráfico de cima).
Portanto, enquanto o ganho da última unidade vendida (Receita Marginal) for superior ao
custo (custo marginal) vale a pena continuar a aumentar a produção. Por vezes, em situações
de crise, como a atual, onde a economia não está favorável, vale a pena produzir e vender a
unidade que tem o custo marginal igual à receita marginal, obtendo apenas o lucro normal.
-Quando não é possível: qdo eu não consigo produzir mais rapidamente; Ex: situação de pleno
emprego, um bem que não se consegue produzir mais (bens perecíveis);
-Há casos que até pode ser possível, mas não é desejável: Qdo deixa de existir lucro: qdo o
custo marginal é superior à receita marginal (Cmarg acima da linha de P), eu gasto mais a
produzir do que aquilo que recebo ao vender (Ponto D do gráfico).
Os empresários procuram sempre o máximo lucro? A longo prazo sim, no curto prazo podem
ter estratégias para assegurar que no longo prazo isso acontece, isto é, por vezes os
empresários podem não praticar o preço que dá o máximo lucro, podendo até praticar preços
que lhes dão prejuízo.
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OS MERCADOS
As várias formas de Mercado
Resumindo, quando há mais oferta do que procura, o preço diminui. Quando há mais
procura do que oferta, o preço aumenta - quando há estas situações não há equilíbrio.
Nesta lei, nós temos duas variáveis independentes, mas só nos diz alguma coisa qdo temos
apenas a variação de uma dessas duas; NADA NOS DIZ SE HOUVER VARIAÇÕES SIMULTANEAS
DA PROCURA E DA OFERTA;
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aumento do preço de P para P’. Nas mesmas circunstâncias, mantendo a oferta igual,
há uma redução da procura para D’’, que leva a uma redução do preço para P’’.
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TIPOS DE MERCADOS
Este tipo de análise implica uma certa abstração- vamos por a realidade, as várias
realidades são diferentes entre elas: exceto o primeiro mercado que não existe na
realidade, todos os outros existem, mas com variações- mesmo o Monopólio, este é
diferente de situação para situação, de país para país- estamos a por “coisas diferentes
no mesmo saco”;
-as generalizações afastam-nos da realidade concreta- temos de nos abstrair de muitas
variáveis que davam a realidade correta- para termos uma análise mais geral- eu se
quiser fazer uma analise a um determinado Monopólio- é possível fazer uma analise
completa, mas não tenho duvida que ao fazer esta analise completa a este Monopólio,
vai ser diferente da analise a outro Monopólio.
-Abertura de Mercado: é fácil alguém que não é produtor, tornar-se vendedor e produtor no
mercado, ou seja, é fácil entrar nos mercados;
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O Mercado das Bolsas, é homogéneo, por exemplo, se eu quero comprar uma ação, elas
vão ser todas iguais; mas neste mercado, não existe Tonicidade - os que compram e os
que vendem são agentes que têm muito poder de mercado- o Poder de Mercado, qdo
alguém não o tem, quer dizer que pela sua decisão de comprador, de comprar ou não, ou
de vendedor, vender ou não, NÃO CONSEGUE INFLUENCIAR O PREÇO DE MERCADO- na
tonicidade eles são todos tao pequeninos que não conseguem influenciar; no caso das
Bolsas, eles têm poder- conseguem influenciar o preço do mercado- se fosse eu, isolada,
mesmo vendendo todas as que tenho, não consigo variar a cotação ou o preço de
mercado;
Para cada ofertante o preço é um dado - ele pode vender o produto ao preço que quer, mas
não consegue influenciar o preço de mercado (Tonicidade).
Ex: Imagem de uma praia; eu pego num balde de areia e despejo na praia; tem mais areia, mas
não se nota nada- é muito pouca a diferença- o ofertante pequenino pode aumentar a oferta,
mas como é tao pouca a diferença, não vai alterar nada- é insignificante, não consegue mudar
o preço- O preço é um DADO.
A procura que se dirige a cada um dos ofertantes: como cada um é tão pequenino, a procura
que se dirige a cada um deles, é que é atípica - Procura Infinitamente Elástica- ao
preço de mercado, a procura absorve todas as quantidades que quiser vender (nunca são
muitas porque eu sou sempre muito pequenino); tal como eu, ao preço de mercado, consigo
vender todas as ações da EDP que tenho (são poucas, vendem-se facilmente e não faz mta
diferença);
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Ex: Produz-se 100 unidades- vende-se cada 1 delas a 5€; o Custo Marginal é 5€, mas fazendo a
interseção, vemos que o custo médio é 4,5€ (de produzir 100 unidades, cada uma delas custa-
me 4,5€ e eu estou a vender a 5€) - o lucro anormal é quanto ele ganha em cada uma (0,5€) x
nr de unidades que vende;
Se há muitos lucros, os ofertantes que estão no mercado vão aumentar as suas ofertas e vão
ainda haver muitas entradas de novos fabricantes e portanto, a longo prazo, a oferta vai-se
deslocar para a direita, ou seja, a oferta total aumenta, pelo que teremos um novo preço de
equilíbrio mais baixo que se fixa ao nível mínimo possível que é quando os lucros anormais
desaparecem;
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A longo prazo o lucro anormal desaparece porque o preço fixa-se igual ao custo total médio no
seu ponto mínimo; o Preço é igual ao custo total médio no seu ponto mínimo- não há
nenhuma outra quantidade que a empresa pode produzir a um custo total medio mais baixo
(zona mais baixa do custo total médio);
Formado o preço de mercado, temos de saber a procura que se dirige a cada empresa- sempre
infinitamente elástica; cada empresa aumenta a produção até que o custo marginal igual o
preço; a curto prazo é normal que existam custos anormais- preço superior para aquela
produção- o mercado é muito atrativo pq as empresas que existem aumentam a sua produção
e novas entram no mercado- a oferta total AUMENTA! Todas juntas fazem deslocar a curva da
oferta (S´)- o preço de mercado BAIXA- temos uma nova situação para cada um dos ofertantes-
aumentar a produção até que o custo médio iguale o preço- no LONGO PRAZO- o preço BAIXA
até que desaparecem os lucros anormais- o empresário aumenta a produção mas o custo total
medio igual o preço e portanto desaparecem os lucros anormais- ficam apenas os lucros
normais (onde a remuneração já está incluída), mas não tem mais para alem disso;
o preço iguala o custo total medio no seu ponto mais baixo- não havia nenhuma outra
quantidade que a empresa pudesse produzir a um custo mais baixo- por mais que produzisse,
este é o MÁXIMO!! O preço fixa-se no ponto MÍNIMO do custo total médio!
As empresas que não são eficientes, no curto prazo ainda se aguentam porque tem lucros
extra, ou seja, anormais; no longo prazo não! A empresa não tem estes lucros extras, tem de
estar bem estabelecidas.
❖ Mercado de Monopólio
Corresponde a uma empresa que produz um bem que não tem sucedâneos próximos, ou seja,
os consumidores não conseguem encontrar um bem que substituía esse (Elasticidade de
Procura Baixa). Só existe um ofertante e, portanto, existe pouca concorrência- o Monopólio
existe quando temos apenas um vendedor.
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-Princípio de Cournnot: O monopolista ou fixa o preço que quer vender ou fixa as quantidades
que vai vender (se afixar o preço chega às quantidades e vice-versa);
Se ele determina o preço, a quantidade é dada pela procura. Se ele determina a quantidade, o
preço é dado pela procura. É sempre a procura que determina o outro elemento. Mas o
ofertante, não pode determinar simultaneamente preço e quantidade. Neste contexto convém
é fazer aquilo que lhe der o máximo lucro possível.
O que que mais convém ao empresário monopolista: é fazer aquilo que lhe der o máximo lucro
possível, o que não lhe é possível é fixar o preço máximo (o preço em que ainda existe alguma
procura, a CP, por exemplo, fixa o preço de uma viagem Lisboa-Porto a 1000 euros, secalhar
consegue uma pessoa a comprar, mas não convém este preço ao monopolista, o que convém
é aquele que leva ao máximo lucro); Tem de pensar que o custo marginal não é constante, ele
também sabe que ao produzir mais, lhe vai custar mais caro; Este empresário sabe que, em
monopólio, se a oferta aumentar muito, o preço vai tendencialmente diminuiu no mercado, o
que não se verifica na concorrência perfeita;
Lucro Máximo, Comportamento Ótimo: o custo marginal tem de se parificar com o custo
médio. O problema é que:
Preço ótimo do empresário monopolista: preço de equilíbrio entre a procura e aquela oferta
cujo custo marginal iguala a receita marginal; Este é o preço que dá o máximo lucro!
Quanto mais elástica for a procura, menos os preços têm de baixar para serem absorvidas
quantidades adicionais produzidas! - é o que realmente interessa aos vendedores.
A questão que mais se coloca é como se pode explicar que haja apenas um vendedor,
nomeadamente em situações bastante atrativas de mercado? Existem, assim, três tipos de
Monopólio.
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• Monopólio Legal:
Temos um monopólio pq o estado ou alguém que tem poder para isso, atribui licença
apenas a um operador. O Direito de operar no mercado é atribuído apenas a um
operador.
• Monopólio Natural:
Tradicionalmente referia-se aos casos em que havia apenas um operador de mercado
pq era necessário uma certa matéria prima para produzir algo e apenas um operador
tinha acesso a essa matéria prima;
Ex: só haveria lítio numa zona especifica da América do Sul- aquele que era dono do
terreno, era o único a conseguir produzir baterias elétricas; ISTO ERA QDO AS
ECONOMIAS ERAM FECHADAS-AGORA SÃO ABERTAS!
Há poucos exemplos de Monopólio Natural desta forma, mas a maioria é por outros
motivos:
*Os casos que para uma determinada operação é necessário um investimento tao
grande que não há necessidade de o repetir;
Ex: caminhos de ferro, tem um investimento inicial enorme- a empresa que está acaba
por ficar numa situação mto privilegiada pq já tem esse investimento feito e, portanto,
muito dificilmente outra empresa entra com a produção de novas linhas- fica muito
caro;
Tradicionalmente nos últimos anos 70/80, estes eram os grandes monopólios naturais,
não por acesso a matéria prima, mas pelo investimento enorme nas infraestruturas
que não permitia que surgisse novos concorrentes;
• Monopólio de Facto
Os mercados de concorrência, por vezes, originam monopólios! O objetivo da
concorrência nem sempre é para acabar com as outras, mas às vezes é! As empresas
podem ter estratégias de acabar com as outras- este tipo de estratégia é o que
significa que os preços praticados não correspondem ao preço de máximo lucro- para
esmagarem as suas concorrentes para depois conseguirem ficar sozinhos no mercado-
pelo fecho ou compra das outras empresas por eles; se isto acontecer, temos um
Monopólio de Facto.
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poder todo, porque é o único do mercado, mas não há esta determinação simultânea, a que
chamamos, como já referido, o Princípio de Cournot. Ou seja, como eu tenho uma curva da
procura típica, para vender mais eu vou ter de diminuir o preço enquanto na concorrência
perfeita não, ou seja, para vender mais eu vou ter de baixar o meu preço, a receita total vai
ser superior, mas a receita marginal é inferior ao preço. (Ex: eu estava a vender 100 a 5 euros
e passei a vender 101 a 4,99 euros- eu vou vender mais, mas a minha receita marginal é
inferior ao preço novo (4,99 euros), ou seja, eu deixo de ganhar 1 cêntimo por cada unidade
vendida). A receita marginal depende da elasticidade-preço da procura. A receita marginal é
tanto maior quanto mais elástica for a procura porque quanto mais elástica é a procura,
menos eu vou ter de baixar o preço para vender mais uma unidade.
O Lucro anormal estará presente uma vez que o custo total médio é inferior ao preço. Há o
preço ótimo do Monopólio, neste caso o P1, será aquele que dá o máximo lucro, porque é o de
equilíbrio entre a procura e a oferta e cujo o custo marginal é igual à receita marginal.
Portanto, eu posso estar a vender a P1, mas tenho um custo total médio situado abaixo, por
exemplo, a P2!
No entanto, o Monopolista pode, ainda, ter uma estratégia que lhe permite aumentar o lucro,
praticando os chamados Preços Múltiplos; Se ele praticar um único preço, aquele que lhe dá
mais lucro é o ótimo, mas se conseguir praticar vários preços, por exemplo, eu sou
monopolista e posso, em determinadas condições, posso tentar praticar preços múltiplos- um
cirurgião, o preço ótimo do seu trabalho era 1000€, mas qdo ele vê que um paciente está
disposto a pagar 2000 ou 3000 ele faz esse preço- ele quase que faz um preço para cada um
dos clientes, ele pode fazer isso. A maioria dos monopolistas não consegue fazer isto e,
portanto, tem de fracionar o mercado em dois ou três grupos: : exemplos das companhias
aéreas ou comboios: ao mesmo tempo uma companhia aérea consegue vender bilhetes a
vários preços: económica, premium, executiva, assim como a CP- primeira classe e segunda- as
pessoas estavam dispostas a pagar valores diferentes, mas têm de diferenciar os mercados:
comida melhor, bancos melhores, conforto, etc- diferenciação mínima pq senão ninguém
estava disposto a pagar mais - e tenho de garantir que não há mistura de mercados- uma
pessoa que comprou bilhete de 2 classe, não pode viajar na primeira, não seria justo!
Com estes diferentes preços, eu consigo ganhar mais dinheiro; (Fracionamento no Espaço)
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Há fracionamento no tempo, também, por exemplo, nas editoras de livros: lançam a primeira
edição mais cara. Vendida a primeira, a segunda edição já é editada mais barata- quem está
disposto a pagar pelo livro, compra logo; posteriormente, aqueles que não se dispunham a
comprar a 15€, podem comprar mais tarde;
Também acontece um bocadinho, por exemplo, nas companhias aéreas- há vários preços na
económica, nomeadamente tendo a ver com o momento em que se compra - os preços vão
aumentando normalmente, até que depois na véspera baixa- tudo o que consigam vender
para acabar de encher, acaba por ser útil, pq os gastos quer o avião vá cheio ou a metade será
o mesmo para as companhias (mas a aviação não é um monopólio!!)
Sempre que o preço é único, há renda dos consumidores, pois há pessoas que adquirem a
mercadoria a preço mais baixo do que aquele que estavam dispostas a pagar, em caso de
necessidade. Graças a isto, o monopolista, em vez de fixar o preço único, diferencia o preço
para absorver o rendimento dos consumidores (várias pessoas compram o mesmo produto a
diferentes preços).
No entanto, no Monopólio, os compradores não podem decidir a qual ofertante vão comprar,
porque só existe um, não há Mobilidade da Procura. O monopolista pode exigir preços
diferentes a pessoas diferentes (preços múltiplos)! Com o objetivo de absorver a renda dos
consumidores.
Moderadores de Preço
São os motivos que levam o monopolista a pratica um preço abaixo do preço ótimo. O
Monopolista está a alcançar um grande lucro estando sozinho no mercado, com o custo médio
claramente abaixo do preço e, portanto, não lhe interessará mudar. No entanto, existem
alguns fatores que poderão influenciar o monopolista a querer sair desta situação.
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Os Mercados de Monopolio normalmente tem margens muito grandes, então em vez de terem
a margem toda nos curtos prazos, ele prefere ter preço mais baixo, ter uma margem mais
baixa, mas é muito mais difícil ter concorrentes.
A diferenciação poderá dizer respeito aos próprios produtos, onde pode ser tanto uma
Diferenciação Material Objetiva, ou seja, tendo a ver com a própria natureza do produto (na
sua apresentação, feitio, alterações dos ingredientes com que se fabrica) ou então uma
Diferenciação Jurídica (a sua individualização, não sendo permitido outra empresa colocar
produtos com a mesma marca daquela que foi atribuída com certa exclusividade) ou pode
ainda ter que ver com as Condições de Venda, havendo as Diferenciações de Facto, quando as
condições de venda são de certa maneira independentes da vontade ou da ação do
empresário (localização da empresa, reputação do vendedor, laços pessoais entre o cliente e o
vendedor) ou Diferenciação Provocada, quando diz respeito à ação sistemática do empresário
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Esta política das empresas, no sentido de atrair a cada uma delas uma parcela crescente da
procura global, implica despesas, despesas que acrescerão ao custo da produção do produto.
Existe a distinção entre dois tipos de custos: os custos de produção (despesas necessárias para
a criação de mercadorias- visam aumentar a oferta com o objetivo de satisfazer a procura) e os
custos de venda (existência de política de vendas, para informar o consumidor ou para o
persuadir).
Assim, existem todos os custos de venda para que se possa criar, ampliar e assegurar a
clientela de uma dada empresa.
A LONGO PRAZO: Os concorrentes daquela empresa vão ver a sua inovação de produto e vão
tentar recriar, quase “copiar” aquela, podendo até mesmo melhorar a inovação. A primeira
empresa deixa de ser monopolista, pois a oferta aumenta e, portanto, o preço irá diminuir.
Temos assim uma nova situação de equilíbrio onde os Lucros Anormais vão DESAPARECER,
porque o preço igualará o custo médio, mas não no seu ponto mínimo (que diferencia da
concorrência pura e perfeita, pois nesta a longo prazo os custos anormais desaparecem,
porque o preço é igual ao custo médio, mas no seu ponto mais baixo). Surge assim o
Equilíbrio de Desperdício, onde desaparecem os lucros anormais, mas o custo medio ainda
não atingiu o ponto mínimo, porque há custos na concorrência monopolística, nomeadamente
de desenvolvimento, investigação e publicidade que não vão desaparecer- estes custos não
existem na concorrência pura e perfeita, não são necessários!
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❖ Mercado de Oligopólio
Aqui existem poucos ofertantes (Até 5 ou 6, no máximo), mas muito grandes! Assim, a sua
quase totalidade de produção e de oferta vai caber a poucas empresas, mas a grandes
empresas- concorrência entre poucas e grandes empresas.
Numa situação de oligopólio vai existir um pequeno número de grandes empresas que vão
pretender dominar o setor, embora no meio destas grandes possam também existir algumas
empresas menores. Em geral, as empresas têm uma grande dificuldade em entrar para este
tipo de mercado.
Como referido, surge obstáculos ao surgimento de novas empresas, sendo que estes podem
ser tanto de facto, como legais ou naturais.
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Obstáculo Natural: O Oligopólio existe caso haja uma matéria prima que só
exista em determinadas zonas e onde apenas um número restrito de empresas têm
acesso a elas.
A estratégia é: uma vez fixado o preço, não mexer mais no preço. Mas isto não quer dizer que
não haja concorrência, porque a concorrência faz-se de outras formas (através da
publicidade/facilidade de pagamento/marketing/imagem, etc.), apenas não há concorrência
no preço!
Podem ainda acontecer, algumas vezes, a realização de Práticas Anti Concorrenciais, ou seja,
um abuso por parte da parte dominante. Posso já ser possuidor da parte dominante e abuso,
ou se não a tiver, junto-me com mais, para que todos juntos possamos ter a posição
dominante- São práticas proibidas, mas haverá sempre perigo do abuso de poder da posição
de poder, nos mercados e nos monopólios. Aliás, os Oligopólios podem ser, muitas vezes,
Monopólios disfarçados, não havendo, por vezes, acordo sobre o preço, mas acabam por não
fazer concorrência uns com os outros.
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-Perspetiva Mainstream, que aceita a chamada Perspetiva Aditiva- o preço dos fatores
forma-se de um modo independente dos outros, sendo o resultado final um custo total. Ou
seja, nós vamos ter o preço do salário, das rendas, dos juros, dos lucros a formar-se e depois
por fim resulta o custo e o respetivo valor do bem. Sendo assim, os preços dos fatores de
produção vão-se formar nos mercados de cada fator em específico e depois o valor do bem
será o resultado da soma de todos estes custos- Desta forma, a formação dos preços será
considerada independente, pois cada fator estabelece o seu preço no próprio mercado. (O
salário, por exemplo, forma-se de acordo com o mercado de trabalho, em que a oferta é dada
pelos trabalhadores e a procura é dada pelos empresários.) Os preços formar-se-ão sempre de
acordo com a procura e a oferta.
-Perspetiva Dedutiva- o valor do bem será determinado pelo trabalho sendo que este valor
será posteriormente dividido em salários, rendas, juros e lucros. Caso se aceite a perspetiva
dedutiva, eu aceito que se o salário for aumentar, outros fatores terão de diminuir. Assim, esta
perspetiva implicará uma maior conflitualidade social.
• O Salário
Formam-se tanto através da procura como da oferta de trabalho, onde temos os
trabalhadores que efetivamente representam a oferta de mão de obra e os empresários que
representa a procura de mão de obra.
A curto prazo: a oferta de mão de obra será atípica (a curva da oferta tem inclinação
positiva, quanto maior o preço for, maior será as quantidades oferecidas). No entanto,
a oferta de trabalho não será assim, pois corresponderá quase a um “Z”, porque na
sua zona mais elevada e na sua zona mais baixa é atípica.
Na zona mais baixa referimo-nos a salários bastante mais baixos, pelo que se verifica
que caso o preço diminuía, ou seja, o salário baixe, as pessoas não podem diminuir a
sua oferta de trabalho, pelo contrário. Ex: Caso eu ganhe 600€ e me baixam o salário
para 550€ eu não posso trabalhar menos, eu vou tentar trabalhar mais, fazer horas
extraordinárias ou arranjar um segundo emprego para mais uma vez conseguir chegar
aos 800€- as pessoas precisam do montante inicial para conseguirem viver.
Concluindo, caso os salários diminuam, a oferta de trabalho irá aumentar.
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Nas zonas de salários mais elevados, a oferta também será atípica, pois com o
aumento dos salários, muitas vezes a oferta tende a diminuir, ou seja, a pessoa ganha
tao bem que se ficar a ganhar ainda mais, eu começo a ter vontade de ter mais tempo
livre para efetivamente gastar o dinheiro que tenho.
Por um lado, temos os defensores da Mainstream mais liberais que defendem que esta
rigidez no mercado de trabalho deve ser minimizada, pois há de facto posições muito
diferentes.
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• A Renda
O preço estabelece-se através da oferta e da procura, tal como o salário, mas de uma forma
diferente! A sua oferta será atípica porque será vertical. Assim, a renda vai depender da
procura - se a procura aumenta, as rendas também aumentam e se a procura diminui, as
rendas também diminuem.
Existe a Renda Diferencial, uma teoria que diz que os proprietários conseguem apropriar-se da
diferença entre a produtividade na sua terra e a produtividade na terra menos produtiva, visto
que os terrenos não têm todas a mesma produtividade, havendo umas que transmitem mais
lucro que outras- esta teoria já provem de David Ricardo.
• O Juro
O juro também se irá formar entre a oferta e a procura! Existem dois mercados de capital:
Mercado a Curto Prazo: a oferta e a procura não são típicas, a chamada Preferência
pela Liquidez, ou seja, as pessoas querem ter dinheiro em saldos líquidos, não
significando esta expressão, poupar, mas “por dinheiro debaixo do colchão”, ou seja, o
dinheiro não está a render, preferindo o presente em relação ao futuro, pois com o
dinheiro líquido eu posso comprar algo no presente, mas estou a renunciar ao
consumo. Caso eu tivesse o dinheiro no banco, eu recebia juros, mas eu não o ponho
no banco e, portanto, não recebo o juro, renunciando-me ao rendimento. A oferta de
fundos neste mercado é ma quantidade de moeda que existe, ou seja, será fixa.
Mercado a Longo Prazo: existe uma determinada quantidade de procura de fundos
para se investir e também teremos uma determinada oferta que vem das poupanças.
A procura e a oferta são típicas, a procura será descendente e a oferta ascendente.
Quanto mais baixo for o juro, mais eu quero investir, quanto mais alto for, mais eu
estou disposta a por no banco, sendo que a poupança é que vai dar origem à oferta de
fundos.
Em suma, o juro vai-se formar a partir da conjugação destes dois mercados. Assim, a
oferta corresponderá tanto à massa monetária como à oferta da moeda e a procura
corresponderá à preferência pela liquidez e ainda a procura de fundos para investir. As
duas curvas serão, por fim, mais ou menos típicas, porque serão resultantes dos dois
mercados, um deles atípico.
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• O Lucro
Não se deve confundir o juro com o lucro, visto que o juro corresponde a uma remuneração do
capital, enquanto o lucro não, porque não haverá nem procura nem oferta de lucro. Haverá
alguma concorrência, nomeadamente entre os setores, mas dentro desta, o lucro efetivo vai
ser uma categoria residual.
O lucro vai depender do preço que o empresário vai conseguir através da venda dos seus
produtos, dependendo da sua eficiência da sua gestão, como os custos que tem. É RESIDUAL
em cada um dos seus investimentos. Se há um setor que está a ter muitos lucros, vários
empresários vão investir nesse mesmo setor, porque se está a dar lucros é porque há muita
procura e o preço está alto. No entanto, havendo tantos empresários no setor, a oferta irá
aumentar e o preço cairá, havendo a diminuição dos lucros.
Um setor que não tem procura não terá lucro, enquanto que a oferta se associará à procura,
porque irá “atrás” do lucro. O lucro será, assim, em cada investimento particular, residual no
sentido de ser tudo aquilo que sobre após todos os custos serem pagos.
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