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Maria Valente Godinho 2021/2022

Sebenta
Economia Política

Professora Doutora Teresa Maria Coelho Marques de Almeida


Professor Doutor Pedro Miguel Matias Pereira (Aulas Práticas)

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Maria Valente Godinho 2021/2022

Segue-se uma determinada Teoria Económica- não é uma verdade absoluta ou inquestionável-
existem diversas perspetivas diferentes.

Há duas grandes correntes:

 Perspetiva Ortodoxa (Dominante)- Aquela que será por nós abordada - (Subjetivo-
Marginalista;)
– Diz que a Economia é uma ciência Imparcial, ou seja, analisa, mas não se intromete
nas questões, trata de questões de eficiência;
-Pessoas racionais maximizadoras de utilidade, ou seja, as pessoas atuam sempre da
forma mais racional, tendo em conta a utilidade. Ex: Pensar que para eu comprar um
par de sapatos, eu tenho de pensar bem se realmente os vou usar ou não;
-O Conceito de Valor consiste no preço de Mercado, onde o preço se refere à utilidade
marginal dos bens; (Problema do Paradoxo do Valor) *

 Perspetiva Heterodoxa (menos dominante) - (Clássico-Marxismo) – Dizem que a


Economia não é imparcial, está ao serviço da sociedade, não só trata de questões de
eficiência, mas também de justiça.
-Economia Comportamental, que diz que nem sempre conseguimos ser uma pessoa
Maximizadora de Utilidades, nem sempre somos totalmente racionais;

A Definição de Economia que vamos estudar não é aceite pela outra corrente (Heterodoxa)
que não gosta da designação e do nome “Economia”, mas denomina-a como Economia
Política;

*Paradoxo do Valor: Porque que o diamante é mais caro que a água? No entanto, a água tem
muito mais utilidade, mas é mais barata porque existe em maior quantidade!

Os Marxistas acham que o que dá valor aos bens, é o trabalho e não a utilidade- Teoria de
Karl Marx;

Os conceitos aqui nunca serão unanimes! A questão do valor dos bens é sempre muito
discutida. Os heterodoxos estão a ganhar terreno, porque, por exemplo, no Direito do
Ambiente, o preço no Mercado, não tem valor! Ex: Eu valorizo as baleias e elas não são “uteis”
para mim. Mas há que reconhecer o valor monetário e é aqui que tem surgido o problema de
o valor ser o preço (Teoria Ortodoxa), deixando esta de ser muito plausível. Lá está,
ambientalmente, as coisas têm valor sem ter preço, mas continuam a ser importantes! Há uma
série de pressuposto que são colocados em causa na Teoria Ortodoxa, tão racional.

Ao estudar o comportamento do consumidor e do produtor, vamos chegar à eficiência dos


mercados- se há coisa que é UNANIME é que os mercados NÃO SÃO SEMPRE EFICIENTES- há
sempre falhas, determinados aspetos em que os pressupostos não se verificam.

ECONOMIA- UMA DEFINIÇÃO

A Economia é aquilo que os Economistas fazem (segundo o Dr. Porto);

Na perspetiva dominante, estudaremos o

 Conceito de Economia de Robbins: A Economia é a ciência que estuda os


comportamentos do Homem enquanto relações entre fins de desigual importância e
bens escassos suscetíveis de usos alternativos. Este conceito de Economia, coloca em
relevo que o fenómeno económico se prende com a relação entre Bens Escassos e os

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Usos Alternativos que esses bens escassos permitem atingir. Significa que a Economia
é vista essencialmente como uma Ciência da Escolha, que estuda as escolhas da
afetação destes bens aos tais fins de desigual importância. (Porque vivemos num
mundo com recursos, os bens, que sendo escassos, e ao mesmo tempo utilizados para
mais que uma finalidade, a Economia estudará a forma de os distribuir.)

Conceito de Bem Escasso

Começaremos por definir aquilo que é um

 Bem livre: Um bem que existe em quantidade superior àquela que necessitamos para
satisfazer as nossas necessidades e, por isso, porque existem em quantidades
superiores às necessidades, nós podemos usá-los na medida integral das nossas
necessidades- consumimos sem qualquer restrição!
Ex: O AR- não contamos a quantidade de vezes que respiramos durante o dia, por
exemplo; Não se pode colocar um preço, porque existe em quantidade muito
abundante!

 Bem Escasso: Existe em quantidade inferior àquela que necessitamos para satisfazer
as necessidades. Não quer dizer que o bem seja raro, pode haver bens escassos que
não sejam raros, como, por exemplo as maçãs, que são escassos, mas existem em
muita quantidade. Por outro lado, os diamantes são escassos e raros (Existe em pouca
quantidade).
Estes bens têm um preço. A afetação implicará uma escolha, que se faz perante usos
alternativos- Bens Escassos Suscetíveis de Usos Alternativos e Hierarquizáveis;
Ex: Um conjunto de Laranjas pode levar a diversos fins: sumo de laranja, bolo de
laranja, ou seja, fins alternativos que conseguimos hierarquizar- podemos dizer o que
para nós é mais importante fazer com as laranjas.

O problema económico só se coloca em relação aos bens que são escassos. Os bens escassos
têm de ser suscetíveis de usos alternativos e estes têm de ser hierarquizáveis. Para serem
objeto de estudo da Economia, temos de ter estes três requisitos, segundo a definição de
Robbins- só assim existe Relevância Económica.

Nas Economias de Mercado, a distribuição das necessidades, faz-se pelo PREÇO- é por aqui
que se vê quem tem acesso aos bens. No entanto, como são escassos, há sempre necessidades
que vão ficar por satisfazer. O melhor critério será aquele que promova a máxima eficiência,
conseguida através da satisfação do maior número de utilidades.

Classificação dos Bens


Um bem é algo que serve para satisfazer necessidades. Essa forma de satisfazer, pode passar
por

 Bens Materiais: são aqueles que têm realidade física, são objeto do mundo sensível
(óculos, mesas, etc.) – existência física, corpórea.
 Bens Imateriais (Serviços): consistem em ações do Homem que satisfazem as
necessidades de outro, mas não se corporizam num bem; (Ex: ida ao médico, quando
fazemos viagens de avião, ida ao barbeiro, etc.)

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Distinção entre Bens de Consumo ou Bens Diretos e Bens de Produção ou Bens Indiretos

 Bens de Consumo/Diretos: são bens que satisfazem diretamente as necessidades do


consumidor;
Ex: carro próprio, leite quando o bebemos diretamente, alimentos no geral (mas estes
também podem ser de produção- depende se os consumimos diretamente)

 Bens de Produção: são bens que não se aplicam diretamente à satisfação de


necessidades, antes servem de instrumento para a produção/obtenção de outros
bens;
Ex: carro de táxi (Serve para levar alguém ao destino); leite (Quando se produz iogurte,
por exemplo); Máquinas de produção de vestuário- passam a lã para camisolas;

A água, por exemplo, tanto pode ser um Bem de Consumo- utilização direta, para beber ou
então também pode ser utilizada na produção, como a fruta a ser lavada;

Matérias primas, Matérias Subsidiárias, Semiprodutos, Produtos Acabados e


Subprodutos
-Matérias primas: são bens da natureza que, não tendo sofrido ainda nenhuma
transformação pela mão do Homem, se destinam a posteriores transformações, sendo então
utilizadas como existem na natureza para formar novos produtos.

-Matérias Subsidiárias: podem ser utilizados tal como estão na natureza e vão ser utilizados
para ajudar à criação de novos bens, não sendo eles próprios transformados, eles apenas
ajudam!

-Semi-produtos (Produtos semiacabados ou produtos intermediários): são bens que já


passaram efetivamente por uma transformação, mas que ainda não esgotaram a sua escala
de transformações e, portanto, ainda vêm a ser transformados noutros bens. Portanto,
podem ser transformados mais que uma vez, porque através da primeira transformação, eles
não esgotaram o seu processo de transformação.

-Produtos Acabados: ocorre quando o bem esgota a sua escala de transformações, podendo
tanto ser bens diretos como bens indiretos.

-Subprodutos: resultam da produção de outros bens, mas não foram efetivamente um


objetivo da produção, ou seja, a produção não foi efetivada para que estes bens surgissem.

Distinção entre Bens Consumíveis e Bens Duradouros – MUITO IMPORTANTE!

 Bens consumíveis: bens que com uma única utilização desaparecem como bens da
mesma espécie. Só entram num único ato de produção ou consumo; Ex: Alimentos
(uma maça); Combustíveis, etc;
-Não permitem a separação entre o uso e a propriedade: Não posso emprestar uma
maçã, porque quando alguém a comer, não me consegue devolver!
-Os Bens Consumíveis desaparecem após o seu consumo. Desta forma, para garantir a
sua utilização, a produção tem de ser contínua- se não há produção, deixa de haver a
possibilidade de utilização daquele bem;

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 Bens Duradouros: bens que com a sua utilização não desparecem como bens da sua
espécie; Ex: Cadeira, uma caneta, etc.
-Há separação entre o uso e a propriedade: eu posso emprestar uma cadeira e tê-la
de volta;
-Não há necessidade de produção continua- Ex: uma pessoa não precisa de estar
constantemente a comprar carros;
-Em Épocas de Ressecção, ou seja, de Crise, os consumidores diminuem a procura de
Bens Duradouros. Se há crise, se as famílias estão a tentar diminuir as suas despesas, é
muito mais fácil deixarem de os comprar. Ex: a roupa e o calçado são de primeira
necessidade, mas não deixam de ser duradouros- as pessoas acabam por utilizar mais
vezes a mesma roupa;
-Eu posso ter Bens Consumíveis que não são de primeira necessidade e Bens
Duradouros que são ou não de primeira necessidade!

Exemplos:

→ Bens de Consumo Consumíveis: uma maçã;


→ Bens de Consumo Duradouros: a nossa roupa, um automóvel particular, um
frigorifico, uma televisão;
→ Bens de Produção Consumíveis: lã para produzir camisolas, madeira para construir
mesas;
→ Bens de Produção Duradouros: máquina de tecelagem, um camião de mercadorias,
etc.

Como já referido, nos Bens Duradouros, é possível e normal a separação entre propriedade e
uso. Ex: Quando viemos para Coimbra, tivemos de arrendar uma casa que será propriedade do
senhorio, mas nós é que a estamos a usar.

Os bens Consumíveis, têm de ser objeto de uma produção continua e regular. Porquê que
podemos protelar a utilização de bens duradouros?

-Eles não desaparecem, a nossa perda de utilidade não é total- nós podemos atrasar, sem
perdas relevantes de utilidade, a compra dos Bens novos; Ex: a minha televisão pode estar
velha e eu não posso, financeiramente, comprar uma nova, portanto, continuo a utiliza-la.
Apesar de já dever ser substituída, nós podemos prolongar a sua utilização- não é algo
estritamente essencial.

-No entanto, nos Bens Consumíveis, se deixarmos de comprar, significa que estamos a deixar
de consumir. Ex: Se eu deixar de comprar carne, significa que não estou a comer mais carne.
Aqui, a produção e consumo, normalmente, mantem-se muito estáveis!

-Isto não tem que ver com o bem ser ou não de primeira necessidade! Um Bem de Primeira
necessidade, pode ser duradouro, como um frigorifico. O champagne e o caviar são bens
consumíveis, mas não são, em geral, bens de primeira necessidade! Esta distinção NÃO tem
por base a duração dos bens, mas sim o número de vezes que podemos utilizar um bem.

Distinção entre Bens Duráveis e Bens Perecíveis

 Bens Duráveis: podem conservar-se durante muito tempo sem se deteriorar. Podem
ser de Consumo ou de Produção.
Ex: O Carvão é um Bem Consumível Durável.

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 Bens Perecíveis: são bens que se deterioram com o tempo, que não podem ser
armazenados. Também podem ser de Consumo ou de Produção.
Ex: a maioria dos Alimentos, que podem ser tanto de Consumo Direto, como de
Produção, quando estamos perante Matérias Primas. Uma maçã, é um Bem
Consumível e que se deteriora, ou seja, é Consumível Perecível.

Distinção entre Bens Complementares e Bens Substituíveis

 Bens Complementares: são aqueles que, por necessidade ou por gosto, são utilizados
conjuntamente. Ou seja, satisfazem necessidades quando associados. Ex: o Açúcar no
café- eu posso colocar ou não, são complementares por hábito de algumas pessoas;

 Bens Substituíveis: satisfazem a mesma necessidade, mas de formas diferentes.


Fazem concorrência entre si, podendo usar-se em alternativa uns dos outros, podendo
usar-se um em vez do outro. Ex: Chá ou café; Açúcar ou adoçante.
A substituição nunca é perfeita- normalmente há sempre o Bem Principal e aquele que
depois é substituível, que surge como alternativa, mas isso depende de pessoa para
pessoa (como o chá e o café, dependerá de gosto para gosto).

 Bens fungíveis: Quando a substituição entre bens é perfeita- não há nenhuma


diferença na satisfação que dão aos consumidores nem na produção dos
fornecedores- são aqueles que satisfazem exatamente da mesma forma, as mesmas
necessidades, sendo, obviamente, bens diferentes. Ex: Moeda;
 Bens infungíveis: A substituição feita entre bens não é perfeita. (maioria dos casos)

Distinção entre Bens de Produção Conjunta e Bens de Produção Associada

 Bens de Produção Conjunta: (faço o outro bem por consequência, mas sem intenção)
resultam de um mesmo processo produtivo, não podendo haver um sem o outro.
Surgem inevitavelmente. Ex: Caso das Tábuas e da Serradura. Quando se corta
madeira, inevitavelmente aparece serradura.

 Bens de Produção Associada: (intencional, racional, já que faço um deles, aproveito e


faço o outro para poupar). Resultam de um mesmo processo produtivo, mas não
inevitavelmente, antes por razão ou de economia ou de conveniência, conseguindo
uma produção com custos mais baixos.
Ex: manteiga e o queijo- quando produzidos ao mesmo tempo, para se aproveitar o
processo.

Conceito de Necessidade
É o Estado psicológico, de insatisfação, acompanhada pelo desejo e da consciência de possuir
determinados bens.

As necessidades são SEMPRE ESTADOS PSICOLOGICOS e variam de pessoa para pessoa e na


mesma pessoa dependendo da altura do dia. Por isso, é que em determinadas circunstâncias,
aceitamos pagar por algo e noutras não- Ex: água a um preço absurdo porque tenho muita
sede. Desta forma, mesmo as básicas, são subjetivas.

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-Eu só começo a ter necessidade de algo a partir do momento em que sei que há um bem
que satisfaz a minha necessidade. Nesse caso, eu vou perceber que há algo que eu posso
obter. Antes de saber que existia, eu não tinha necessidade de o obter, porque não sabia da
sua existência.

A UTILIDADE

 Necessidade em sentido económico: corresponde a um estado de insatisfação


acompanhado pela consciência de que há um bem capaz de satisfazer essa
necessidade.

• Utilidade: aptidão real ou presumida de um bem para satisfazer as necessidades;


Não tem que ser um bem, pois não é útil porque realmente é um bem, mas porque
satisfaz uma necessidade. Quem achava que este satisfazia o pretendido, acaba por
encontrar neles uma certa utilidade. Ex: um cigarro, para os viciados em nicotina, é
uma necessidade, tem utilidade, mas não é um bem!
A utilidade é, obviamente, um conceito subjetivo (SEMPRE), pois parte de uma
necessidade, que é um estado psicológico. (Útil, não quer dizer bom- caso do cigarro)

*Problema Economico da Utilidade: põe-se quando tenho um estado de insatisfação, que é


acompanhado da consciência e do desejo de ter um bem que se julga apto a satisfazer essa
necessidade.
Se tenho uma necessidade e não conheço o bem, não tenho utilidade! Basicamente, para ter
utilidade, tenho de ter necessidade e saber qual é o bem que satisfaça a minha necessidade.

Utilidade Total

Corresponde à soma da utilidade dos bens que se tem. Ou seja, é a utilidade do conjunto dos
bens que temos, sendo esta crescente, porque, em princípio, qualquer bem que se adicione,
fará aumentar a utilidade total.

Utilidade Marginal

A Utilidade Marginal corresponde à satisfação adicional obtida pelo consumo de mais uma
unidade de um bem. É a utilidade do bem que “está na margem”, surge o Bem Marginal, ou
seja, aquele que satisfaz a necessidade menos importante, portanto:

a) Pode ser o bem que vai satisfazer a necessidade menos premente, ou seja, relevante
ou significante, no caso de haver vários bens que satisfazem necessidades diferentes.
Ex: 3 baldes de água: 1º: utilizo para cozinhar; 2º: utilizo para lavar a louça; 3º: utilizo
para limpar o chão. Se por um acaso algum dos baldes cair, o que deixo de fazer é
limpar o chão, pois é o menos relevante.
b) Pode ser um bem que vem satisfazer uma necessidade já satisfeita com unidades
anteriores.
Ex: Temos muito sono e vamos consumir café. Tomamos 1 café e continuamos com
sono. Assim, continuamos a tomar cafés até atingirmos o 3º café. Este, vai satisfazer
uma necessidade que já vinha a ser satisfeita, já não terá o mesmo “efeito” que o
primeiro café, já não será tão necessário- a intensidade ou necessidade que o último
bem vem satisfazer, é menor.

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A utilidade marginal constitui um mecanismo técnico que vem resolver aquilo que os clássicos
chamavam Paradoxo do Valor. (Os autores marginalistas afirmavam que a utilidade
corresponderia como uma medida e critério de valor.)

Os autores clássicos questionaram-se sobre aquilo que dava valor aos bens e todos eles
formularam teorias complexas, onde consideravam a hipótese que o que dava valor aos bens
era a utilidade, mas todos chegaram à conclusão que a Utilidade não serve porque:

a) Havia bens muito úteis, como a água, com um valor baixíssimo;


b) Bens muito pouco úteis, como os diamantes, com um valor elevado.

*Chegaram à conclusão que a Utilidade serve como critério e medida do valor, mas apenas a
Marginal e não a Total!

Ex: O diamante tem uma grande utilidade marginal. Mas queremos mais a água ou os
diamantes? Neste caso, escolheríamos o diamante, nem que fosse pelo seu valor monetário.
Mas se fosse: De quê que admites passar a vida inteira sem? Escolheríamos o diamante,
porque podemos passar a nossa vida sem eles, ao contrário da água.

• Utilidade Total: Conjunto dos bens que dispomos naquele momento. É a soma das
utilidades desses bens; A Utilidade total é crescente.
Ex: duas garrafas de água. A Utilidade Total é a soma da garrafa nº1 com a garrafa nº2.
Caso eu adicione outra garrafa, a utilidade total aumenta.

Lei da Utilidade Decrescente ou Lei da Intensidade Decrescente das Necessidades ou Lei da


Saciabilidade das Necessidades

Para qualquer pessoa, à medida que aumenta a quantidade consumida de um bem, tende a
diminuir a utilidade, de tal modo que a utilidade de cada uma das doses sucessivamente
consumidas é inferior à das doses precedentes.

O que é decrescente é a Utilidade Marginal, porque as necessidades são saciáveis. Portanto, à


medida que eu tomo cafés adicionais, a sua necessidade passa a ser menos importante. A
intensidade da necessidade vai diminuindo.

Ex: Tenho 3 copos de água e tenho muita sede. O primeiro copo é muito útil, porque o meu
grau de necessidade é muito grande. O segundo copo, já tenho menos sede, mas ainda é útil.
O terceiro, ainda vai ser menos útil, porque a sede que terei, será muito menor!

Ou seja, a utilidade do último, do marginal, será sempre inferior! À medida que adiciono doses
sucessivas do mesmo bem, a Utilidade Marginal desse bem vai diminuindo! No entanto é
necessário tomar atenção que o consumo das unidades seja feito num intervalo curto, ou seja,
próximo umas das outras, para que tal se verifique, pois pretende-se satisfazer a necessidade
de imediato e as circunstancias psicológicas também se devem manter iguais.

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Ex 2: Caso se parta um copo de água, qual é a necessidade que fica por se satisfazer? Há várias
respostas: Ou as plantas ficam sem regar, ou cão fica sem água para beber, ou seja, estamos
sempre a falar de conceitos SUBJETIVOS, porque vai depender das necessidades de cada
pessoa, do estado psicológico de cada um.

*ver gráfico no caderno*

Problema do Paradoxo do Valor


O valor, ou seja, o preço está relacionado com a Utilidade Marginal.

Porquê que a água, um bem essencial, é mais barata que um diamante? Este preço define-se
pela utilidade marginal. Como a água existe em grande quantidade, a Utilidade Marginal da
Água, da sua última unidade, é mais baixa do que a da última unidade de diamantes. Ou seja,
o preço é dado pela utilidade marginal do bem. O preço da água pode ser maior se esta
passar a existir em menos quantidade. A importância do bem é dada pela Utilidade Total do
Bem!

*VER OUTRO GRÁFICO*

Como se resolve o problema do Paradoxo do Valor?

Eu não consigo fazer uma Ordenação Cardinal da Utilidade, porque como a Utilidade é
Subjetiva, não consigo classifica-la numeralmente!

Quando quero determinar um valor para bens que não têm preço de mercado, eu devia de me
reportar à utilidade desses bens, mas não posso, porque não consigo perguntar a todas as
pessoas o que elas acham!

A lógica é aproximar os preços dos verdadeiros custos e isso pode ser feito, por exemplo, em
relação aos bens ambientais, através dos impostos ambientais. Ou seja, não consigo comparar
as utilidades, então os economistas, ao comparar malas com sapatos, como é que sei qual é a
utilidade de cada um deles?

Ou seja, se eu me confrontasse com quatro pessoas numa sala com fome, como é que se
conseguia definir quem é que tinha mais fome? Não dava, mas se umas bolachas estivessem a
ser vendidas, muito provavelmente aquele que ia ficar saciado era aquele que tinha maior
capacidade económica (problema da justiça).

No entanto, como não é possível então haver a definição desta escala, utiliza-se a Curva de
Indiferença do Consumo e de Produção, que nos dá a conhecer o mesmo grau de satisfação,
sendo sempre pessoais e a Taxa de Substituição será decrescente, ou seja:

Ex: Se eu tenho mais quantidade de carne, a Utilidade Marginal da carne é mais baixa e como
tenho pouco acesso a peixe, a Utilidade Marginal deste é mais alta, estando eu disposta a
sacrificar algumas unidades de carne por alguma de peixe. Mas, seu eu estou na situação em
como mais peixe do que carne, será o contrário. Por isso é que na Curva de Indiferença
representada, a taxa de Substituição é Decrescente!

*VER O 3ºGRÁFICO DA CAPA*

A taxa de substituição é decrescente. Um ponto mais próximo da origem é um ponto que me


dá menos satisfação do que um presente na curva!

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Eficiência do Pareto

 Uma situação é de máxima eficiência quando consigo aumentar um sem diminuir o


outro (aumentar a carne, sem diminuir o peixe e vice-versa).
 A situação de maior eficiência no consumo será um ponto da curva de eficiência; O
ponto de maior eficiência vai estar representado na Curva de Indiferença, que nos
dará sempre as opções onde nunca seremos prejudicados.
 A curva já pressupõe uma determinada restrição orçamental. Os pontos acima da
curva, seriam melhores, mais eficientes, porque representariam uma maior
quantidade (mais carne ou mais peixe), mas não é possível, devido à restrição. A curva
representa a Eficiência no Consumo, são os pontos de máxima eficiência, onde não
consigo passar deles para outros que me deem mais Utilidade Total, ou seja, mais
eficiência.

O Critério de Pareto é assim considerado o mais antigo e o mais eficiente, mas também é
considerado muito exigente, porque muito dificilmente uma intervenção publica o consegue
cumprir, ou seja, na grande maioria dos casos há sempre alguém que sai prejudicado e se isso
acontecesse, já não haveria eficiência do Critério de Pareto.

Surge então outro critério, da ciência política económica, para tentar resolver este problema: o
Critério de Calva e Inques (?), resultante da soma de dois critérios propostos por Calva e
Inques, onde basicamente houve um esforço para que se respondesse ao mesmo Problema,
mas de forma mais fácil do que a do Critério do Pareto. Assim, continua a haver eficiência se
os benefícios forem superiores aos custos, ou seja, aos prejuízos. Em teoria, os beneficiários
vão acabar por compensar os prejudicados.

Isoquantas: Aplica-se mais ou menos a mesma logica do que nas curvas da indiferença, mas
aplicada à produção, ou seja, vai representar as várias formas possíveis de combinar capital e
trabalho para produzir a mesma quantidade, por exemplo, eu posso produzir a mesma
quantidade de malas, mas posso combinar várias formas de o fazer.

Uma isoquanta mais próxima da origem vai fazer com que haja uma produção inferior, mas
mais afastada da origem vai representar uma produção superior. Ou seja, como é que o
proprietário vai efetivamente definir se vai produzir mais com mais trabalhadores ou
máquinas? Vai depender dos preços relativos tanto do trabalho como do capital, vai verificar
aquilo que no momento será mais benéfico para ele. A melhor decisão dentro da isoquanta
vai depender dos preços relativos.

Nas Isoquantas temos então duas variáveis, como já referido, o Capital e o Trabalho, que não
existem de uma forma infinita, tem de ser distribuída. Por exemplo, na produção de sapatos
e carteiras, se a mão de obra não dá para tantos setores, aqueles que tem menos
produtividade, vão ficar com menos trabalhadores, porque acabam por ser menos produtivos,
o prejuízo será menor e estes trabalhadores irão passar para novos setores onde serão mais
bem pagos, por o benefício será maior.

Desenhando várias isoquantas, por exemplo, pegando nos sapatos e carteiras, e os pontos de
máxima eficiência serão aqueles que se encontrarão na tangencia das isoquantas com a curva
de indiferença. Ora, os pontos que não estão na tangencia, mas sim na interseção é o ponto
onde se consegue encontrar lucro, um ponto onde produzimos mais sapatos e as mesmas
carteiras ou vice-versa ou então mais sapatos e mais carteiras.

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Portanto, a eficiência estará na tangencia das isoquantas com a curva de indiferença. A mais
eficiente será aquela que terá a máxima eficiência na utilização dos fatores e que, portanto,
permitirá uma maior utilidade total.

A Troca
Existe a Troca Intermediária, ou seja, quando se troca um bem por dinheiro, mas também a
Troca Direta, ou seja, quando se troca um bem por outro bem.

A Troca é assim um conceito subjetivo! O dinheiro também é efetivamente um bem e surge


com uma certa finalidade. Ou seja, é sempre necessária uma reflexão para que se consiga
atingir uma eficiência. Por exemplo, quando eu compro uma peça de roupa, eu levo dinheiro
equivalente à peça. Se eu quiser comprar maçãs e estiverem a 2€ por meio quilo, eu não
aceito, mas por exemplo, se for 2€ por um quilo, já me parece muito mais razoável esta
compra, para mim equivale.

Em Economia, a Troca é Intermediária. Existem duas ideias distintas: Mais é melhor: Homo
Economicus e o Menos é melhor: ideia contrária ao pensamento da Economia.

Eu só compro algo quando acho que o bem vale mais ou igual dinheiro ao que vou dar por ele
(ideia de Maximizar as Utilidades).

A Escassez ou Raridade
Se os bens fossem todos livres, não haveria qualquer questão económica, mas o Homem sente
necessidades que so podem ser feitas através da utilização de bens económicos, que são
escassos, ou seja, não existem em número suficiente para que as necessidades sejam todas
cumpridas.
A noção de escassez deve ser articulada com a noção de Utilidade Marginal, pois apenas os
Bens Escassos têm Utilidade Marginal POSITIVA. Desta forma, nos bens livres, não se verifica
qualquer problema a nível de preços, pois estão disponíveis para qualquer pessoa, até que a
sua Utilidade Marginal é ZERO, ou seja, ninguém está disposto a dar dinheiro por ele, pois ele
está como garantido. Desta forma, o preço revela um papel importante, pois desempenha
uma função de limitação da procura, ou seja, o bem se fosse escasso e não tivesse um preço,
a procura seria em excesso em relação à oferta.

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Assim temos três formas de ajustar a procura com a oferta:

 Através do privilégio daquele que chega primeiro;


 Através da intervenção de uma autoridade;
 Através do privilégio de quem se disponha a pagar um preço suficientemente alto, ou
seja, quem tem um maior poder económico.

Assim cada bem tem um preço e, portanto, a utilidade total do consumidor não se
maximizará, levando ao consumo de cada bem até que todos eles tenham a mesma Utilidade
Marginal.
Desta forma, um consumidor racional e tendo em conta os preços dos bens e o seu
rendimento, vai procurar que haja um equilíbrio entre as utilidades marginais dos diversos
bens com os seus respetivos preços. (Ex: Temos bifes de vaca a custar 8€ e bifes de frango a
custar 4€, pelo que o consumidor só se continuará a comprar bifes de vaca enquanto, para ele,
a sua utilidade for mais do que o dobro da utilidade do bife de frango. Tendo em conta a lei da
utilidade decrescente, haverá um momento em que a utilidade marginal dos bifes de vaca terá
diminuído o dobro da utilidade marginal do bife de frango, pelo que se atinge a igualdade das
utilidades marginais ponderadas.

Utilidade marginal Bife de Vaca = Preço do bife de Vaca


Utilidade marginal Bife de Frango Preço do bife de Frango
U ´a = U ´b = U ´c … = U ´m
P ´a P ´b P ´c

Capítulo dos Sistemas Económicos


O Sistema Económico corresponde a um quadro geral com alguma coerência em que se
desenvolve a atividade económica. Ora, “alguma coerência” significa que os vários planos do
quadro geral da atividade económica articulam-se de uma forma estável, não há choques ou
atritos.

Os vários quadros:

 Enquadramento Institucional: como é que se comportam as instituições, como se


comporta o Estado, como é a sua intervenção na atividade económica.
 O Papel do Mercado: Que espaço se dá ao mercado enquanto elemento de alocação
de recursos;
 Quais as relações que se estabelecem entre elementos que participam na produção:
relação entre patrão e empregado, etc.
 Enquadramento sociocultural: que classes sociais temos e com que papel/poder
político ou económico. Ex: até um dado momento, durante o feudalismo, a sociedade
estava dividida em três classes sociais, depois surgiu a burguesia;
Saber qual é o papel da Igreja- se representa uma parte importante deste
enquadramento ou não, nomeadamente em termos de filosofia social, saber se a
igreja é uma parte importante da Economia.
 Enquadramento político: Que tipo de regime político temos? - democrático; Que tipo
de Estado temos? Estado com poder central, com um monarca ou alguém que seja o
centro da atividade política; ou Estado Fragmentado em que cada “feudo” quase que
representa um microestado.

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Devemos perceber que os Sistemas Económicos se sucedem, vão-se alterando: nós temos um
Sistema Economico e quando uma parte significativa dos seus quadros se altera, ou o tipo de
relações entre os participantes se altera, o sistema económico passa a ser outro.

Ex: A substituição do Sistema Feudal (Idade Média) para o Sistema Capitalista (Idade
Moderna). Capitalismo: surgiu um conjunto de trabalhadores disponível para trabalhar em
troco de salário. Nesta altura, houve a Reforma Protestante, a burguesia começava a florescer
e a tomar mais partido do que as outras classes sociais.

Em suma, à medida que se altera as respostas que estávamos a dar em relação aos quadros
falados anteriormente, passamos a ter um Sistema Económico diferente.

Conjunto de autores mais relevantes que se debruçaram sobre esta matéria


Autores Clássicos Ingleses: Adam Smith, David Ricardo, Thomas Malthus. Estes economistas
viveram e produziram obra no sec. XVII E XVIII. Caracterizam-se como autores Ahistóricos, ou
seja, não negam que há uma sucessão de sistemas económicos, eles estudam a História
passada, mas entendem que o sistema da sua época, o que se afirma, o Capitalismo, realiza
um equilíbrio inalterado, que não se vai alterar, ou seja, há uma História até ao Capitalismo,
mas após este não vai haver mais sistemas, pois o Capitalismo tem um equilíbrio que nunca
outro o conseguirá substituir.

Uns acham que o facto de termos chegado ao equilíbrio do capitalismo é muito bom, mas
outros não o acham!

• Adam Smith: é um otimista, pois entendia que a articulação dos diversos quadros
permitiria um desenvolvimento económico desde que houvesse investimento e divisão
do trabalho.
Ele achava ótima a ideia de um género de “linha de montagem”, pois na altura era
comum alguém que começasse a fazer um sapato, acabava por faze-lo todo. Se várias
pessoas trabalhassem para a produção deste mesmo sapato, seria muito mais rápido e
conseguia-se fazer mais- trabalhar em conjunto era benéfico.

• Thomas Malthus: era um pessimista. O Capitalismo realizava um desenvolvimento


económico, mas estava limitado pelos recursos naturais existentes- subsistência. Ele
olhava para os Bens Naturais como finitos e a população só estava a aumentar. O
aumento desta provocará uma pressão sobre a subsistência: quando a população
aumentar demasiado face à subsistência, haverá miséria e até mesmo a morte,
fazendo com que a população voltasse ao nível habitual e, consequentemente, as
subsistências voltassem ao nível normal. Malthus era um pastor anglicano o que
levava a que este tivesse este tipo de ideias.

• David Ricardo: obra notável no ponto de vista de Teoria Económica Comercial.


Entendia que as medidas Protecionistas, que protegiam a Economia Inglesa face às
importações de bens, levariam à estagnação económica, levaria à queda do lucro e
do investimento, por isso defendia a abolição dessas leis.

Não é pessimista nem otimista. Pode entender-se que há mais uma vertente pessimista, pois
se as coisas ficassem como estavam, a Inglaterra não ia ficar bem, mas ao mesmo tempo
Otimista, pois queria o comércio entre os vários países, o que fazia com que houvesse uma

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Maria Valente Godinho 2021/2022

Proliferação Económica. Teria de haver livre comércio entre os diferentes países e com isso
levava a um aumento da produtividade.

Em suma, os autores clássicos entendem TODOS que o Sistema Capitalista é o final do


desenvolvimento económico!

Autores do início dos anos 90 do séc. XX (91,92,94)


Entenderam que nesta altura tinha chegado o fim da História. O conjunto do Sistema
Económico Capitalista, com a existência de regimes democráticos e a sua expansão e a
existência de liberalismo social, corresponde ao fim da História. O Quadro político, económico
e social são insuscetíveis de evolução, pois chegou-se a uma estabilidade que garante o
maior sucesso económico e a maior paz social.

Nos anos 90 houve um enorme desenvolvimento económico nos países desenvolvidos, sem
precedentes de pelo menos há cem anos atrás. Neste momento, era percetível que se tinha
chegado ao final da História- tudo parecia insuscetível de evolução.

Conjunto de Autores da Escola Histórica Alemã

• List Friderich: utilizava, para distinguir entre dois sistemas económicos, o Critério da
Atividade Dominante. Quatro atividades económicas foram dominantes numa certa
altura da História: pastorícia, agricultura, indústria e o comercio. A evolução teria
exatamente esta ordem, dar-se-ia da pastorícia para a agricultura e assim por diante.
Quanto mais dominante fosse a atividade, mais desenvolvido seria o Sistema
Económico!

• Bruno HildeBrand: de acordo com os instrumentos de troca existentes, olhava para a


forma como se realizavam as trocas entre os participantes da economia, como se
trocam os bens e a partir daí identificava os sistemas económicos:
→ Sistema de Economia Natural: onde predomina a troca direta- troca um
bem que não precisa, por outro que precisa!
→ Economia Monetária: trocas intermediárias pela moeda-eu troco o bem
que tenho por uma moeda e a partir daí, eu compro outro bem. A moeda é
considera a intermediária geral das trocas!
→ Economia Creditícia: assenta na relevância do crédito nas transições.
Antecipou a relevância que teria no futuro, a nossa realidade atual, uma
economia assente, em grande parte, nos créditos.

Quanto mais assente na troca direta, menos desenvolvido será o Estado envolvido. O Estado
mais avançado de uma Economia, é quando esta passa a assentar no crédito.

• Karl Bucher: assenta a sua distinção dos sistemas económicos no âmbito territorial da
circunscrição económica. Saber qual é destino e qual é a origem das trocas de bens.
Quem produz, produz para quem? Compramos à família, aos comerciantes da cidade
ou do país ou ainda se pode dirigir ao mundo (algo que provem da China ou dos EUA)?
Numa primeira fase, a Economia era Doméstica- primeiro comprava-se à família,
depois à Tribo. Posteriormente, no Feudalismo, existiu o Domínio Feudal- Eu produzo
para um determinado conjunto de pessoas e eles produzem para nós e não podemos
ir para além disso. Economia Urbana: Exodo Rural, crescimento importante das

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Maria Valente Godinho 2021/2022

cidades. Começa-se a dirigir a procura ao conjunto de comerciantes da cidade e, em


princípio, não haverá compras nas cidades vizinhas.
Por fim, há uma Economia Nacional: com a existência de meios de comunicação,
passará a haver trocas entre as diversas cidades, os acessos e a facilidade passam a
ser muito superiores. Bucher acaba o seu pensamento por aqui.

• Gustav Smoller: Economia Mundial- onde há uma abrangência de comerciantes de


todo o mundo, ou seja, posso comprar algo da China ou dos EUA.

• Karl Marx: interpretação materialista da História. Olhar para a História e tentar


perceber o porquê de certos eventos.

Haverá Sistema Económico coerente enquanto se respeitar a Lei da Necessária


Correspondência entre o desenvolvimento das Forças Produtivas e o desenvolvimento das
Relações Sociais da Produção.

*Forças Produtivas: são as forças do trabalho e ainda os instrumentos e a técnica da produção


dos bens (trabalhadores, utensílios). Tem tendência a evoluir, a transformar-se, a aprimorar-
se. São consideradas DINAMICAS.

*Relações Sociais de Produção: relações sociais e humanas entre as pessoas que estão a
realizar a produção. Como são sociais, são ESTÁTICAS, tendem a permanecer por mais tempo
sem que hajam grandes modificações.

Quando as Forças Produtivas evoluem para um determinado estado em que as relações sociais
já são um obstáculo ao seu livre desenvolvimento, então deixamos de ter o tal Sentido
Coerente do Sistema Económico.

Fatores para a transição do Sistema Feudal para o Sistema Capitalista


 É necessário que haja acumulação de capital nas mãos de uma Classe Social restrita.
 É necessário que surjam Homens livres que estejam disponíveis para estarem a
trabalhar sobre o Regime de Salário- têm de querer vender a sua força de trabalho,
não tendo acesso aos instrumentos que lhe permitem produzir e ainda estarem livres
de escravidão.
 Marx acha que no Sistema Atual, há sempre vestígios do sistema que foi
ultrapassado, mas apresenta também alguns indícios que sugerem o sistema que se
vai suceder.

O autor que rivaliza a Teoria dos Sistemas Económicos de Marx é Sombart.

Sombart usa conceitos que, em certa medida, se sobrepõem aos de Marx. Caracteriza o
sistema económico a partir de 3 princípios:

1. Espírito do Sistema: Qual é o objeto da atividade económica;


2. Forma: Os Elementos sociais e jurídicos do Sistema Económico. (Propriedade
Privada/Social, o papel do Estado na Economia, etc.)
3. Substância: corresponde à ideia de técnica utilizada, de instrumentos de trabalho.

Com base nestes três pontos, Sombart caracteriza 3 Sistemas Económicos:

• Economia Fechada

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Maria Valente Godinho 2021/2022

1- Espírito: Caracterizada por responder apenas às necessidades do feudo, daquela


circunscrição territorial;
2- Forma: tem um quadro jurídico institucional simples, assente na servidão.
3- Substância: técnicas rudimentares, que servem essencialmente a atividade
agrícola

• Economia Artesã
1- Não se distingue muito da Economia fechada, trabalhando-se para as necessidades
da cidade.
2- Quadro jurídico mais complexo do que o da Economia Fechada, mas ainda assim
muito simples.
3- É mais complexa do que na Economia Fechada, mas ainda assim é um quadro
muito simples, muito menos complexo do que o Capitalista.

• Economia Capitalista
1- O objetivo da população passa a ser a valorização do Capital;
2- Forma complexa: a nível institucional, político e jurídico.
3- Técnica que evolui de forma constante.

Marx diz que a Economia Capitalista é a mais REVOLUCIONÁRIA na sua evolução constante e
rápida da técnica!

• Colin Clark

O critério assenta em verificar aonde é que está a maioria da população ativa empregada. Ao
longo do tempo, haverá uma deslocação destes para certas atividades. Numa primeira fase,
estão empregados no Setor Primário (Agricultura), depois deslocam-se para a Indústria (Setor
Secundário) e, por fim, para o Comércio e Serviços (Setor Terciário).

Quanto mais pessoas estiverem no Setor Terciário, mais desenvolvida estará a Economia.

A deslocação da população entre os setores- Evolução Económica, que permitirá que se


consiga produzir com muito menos pessoas, pois os meios e as coisas no geral começam a
evoluir- com este aumento e expansão, começará a haver uma maior procura de mão de obra-
há toda uma evolução.

(Aqui termina o conjunto de autores que identificam os Sistemas Económicos)

• Walter Eucken

Tipos de Organização: Pergunta-se quem é que responde às questões fundamentais da


produção, quem é que dá as respostas para as seguintes questões:

 O que é que se deve produzir?


 Para quem é que se deve produzir?
 Quando é que se deve produzir?
 Onde é que se deve produzir?
 Com que objetivo é que se deve produzir?

-Caso as respostas sejam dadas por uma autoridade, o Estado, nomeadamente, dizemos que
temos uma Economia de Direção Central: pensa-se em Economias Estatizadas, Economias
Socialistas, por exemplo, os Estalinistas, a Coreia do Norte, fez e ainda faz assim (neste último

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Maria Valente Godinho 2021/2022

caso).
-Ou a autoridade tem em conta o que as pessoas realmente querem ou não tem em conta-
normalmente a decisão não tem em conta os desejos das pessoas!

-As respostas podem ser dadas pelo mercado, tendo presente a ideia da “mão invisível” de
Adam Smith, que nos diz que se deixarmos os Agentes Económicos (produtores, etc.) a atuar
livremente, eles vão realizar um equilíbrio e vão ter respostas seguras para estas questões
(as de quando ou onde vão produzir, etc.);

-Não podemos deixar de reconhecer que mesmo na Economia de Mercado, o estado tem de
ter intervenção para corrigir as imperfeições do mercado. Há certos aspetos e atividades que
o mercado não leva a cabo, não conseguindo dar indicações, como, por exemplo, levar energia
elétrica ao sítio mais remoto de Portugal: o mercado diria que isto só faz sentido, lá por o
cabo, se fosse rentável, mas não o é. Se dependesse apenas do mercado, estas pessoas não
tinham rede elétrica, daí o Estado aparecer e resolver as incorreções do mercado. O Estado
aparece assim com uma Função de Alocação de Serviços- usa o serviço publico, os Impostos,
para atender a estas incorreções.

• Sistema Misto

Mesmo nos sistemas em que o Estado não tem tanta intervenção, como nos USA, ele vai ser
sempre necessário! São serviços que poderiam ser prestados tanto pelos Serviços Privados
como pelos Serviços Públicos (saúde, telecomunicações ou transportes).

A Entidade Pública impõe muitas vezes aquilo que são as Obrigações de Serviços Públicos.
Muitas vezes, num transporte público, o Estado tem de pagar a compensação para o
cumprimento do serviço publico por uma empresa de serviço privado- por exemplo uma
viagem de autocarro até a uma aldeia pequena, remota.

Neste caso, nós continuamos a ter um serviço público, mas não quer dizer que seja prestado
apenas por Entidades Públicas. Por exemplo, em Coimbra, a rede de transporte é de uma
empresa pública, mas em Vila Real, já é de entidade privada, mas continua a ser sempre
serviço público- o ESTADO PASSA DE PRESTADOR DE SERVIÇO PARA REGULADOR- um Estado
que garante os serviços, mas não os presta diretamente.

Conceito de Necessidade- conceito de estado psicológico que se faz acompanhar de uma


insatisfação.

Conceito de Bens: Estes não são todos iguais, havendo alguns que efetivamente são bens
físico, mas outros que não tem uma existência física, mas que satisfazem as necessidades. A
ECONOMIA SÓ ESTUDA BENS ESCASSOS, ou seja, não são aqueles que existem em boa
quantidade, porque isso é efetivamente um conceito relativo, mas são aqueles que não
existem em quantidade suficiente para que se possa satisfazer todas as necessidades, não
sendo assim um conceito absoluto.

É aqui que surge o Problema Económico, porque foi-se questionando como é que se iria
adaptar os bens às necessidades, se os bens não são considerados suficientes para as
mesmas.

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Maria Valente Godinho 2021/2022

A PROCURA, o Comportamento dos Consumidores face às variações dos preços


Se o preço aumenta, as pessoas irão consumir menos, mas caso o preço desça, as pessoas
começarão a consumir mais. As preferências e os rendimentos dos consumidores não se irá
alterar.

Lei da Procura: verifica-se em situações em que tudo o resto se mantem igual, ou seja, as
preferências e as restrições orçamentais dos consumidores, mas as quantidades procuradas
variam em sentido inverso aos preços (se os preços aumentam, as quantidades procuradas
diminuem e vice-versa)

Assim, falamos de uma lei que se verifica na curva da procura- a Variação das Quantidades
procuradas ≠ variação da procura (a procura não é efetivamente um número, mas uma curva
que representa várias combinações possíveis e as quantidades que os consumidores estão
dispostos a adquirir aos vários preços possíveis).

Existem duas explicações:

• Efeito Substituição: Caso os preços aumentem, os consumidores diminuem as


quantidades que estão dispostos a comprar, porque vão substituir o uso daquele bem
por outro bem, os bens Sucedâneos (bem substituível que vai satisfazer as mesmas
necessidades, mas não exatamente da mesma maneira, por exemplo, substituir o
açúcar por adoçante). Quanto mais próximos forem os bens uns dos outros, mais
impacto existirá.
• Efeito Rendimento: Caso o preço aumente e os rendimentos são iguais, quer dizer
que o meu Rendimento Real (o meu poder de compra, aquilo que eu consigo
comprar), diminui. O Rendimento que eu possuo não me permitirá continuar a
consumir o mesmo e, portanto, serei obrigada a consumir menos. (Rendimento
nominal corresponde ao que eu ganho no total).
Por exemplo, o preço do gasóleo aumenta. Eu caso tivesse um rendimento de 1000€ e
continuo a possuir o mesmo, não posso manter os mesmos atos de consumo, porque
o rendimento continua a ser o mesmo, mas temos um bem a aumentar de preço.
Neste caso, o gasóleo poderá ser considerado estritamente necessário e portanto, terá
de haver uma diminuição do consumo em alguma coisa que não seja tão precisa, pois
se eu preciso de me deslocar e não tenho outras alternativas, tenho de diminuir no

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Maria Valente Godinho 2021/2022

consumo de outro bem e ainda tentar reduzir ao máximo o consumo do bem cujo
preço aumentou.
Outro exemplo, poderá ser o do aumento dos preços da Restauração. Eu caso
gastasse 300€ por mês na restauração, a partir de agora, com o mesmo rendimento,
eu começaria a gastar mais dinheiro e portanto, aquilo que vai acontecer é que
passarei a ir menos vezes.
Ou seja, se o preço de um bem aumentar, começaremos a comprar menos de outros
bens, incluindo aquele bem cujo preço aumentou!

Exceções à Lei da Procura


A Lei da Procura possui algumas exceções, onde, por exemplo, o aumento do preço
corresponde a um aumento das quantidades procuradas e em que a descida do preço leva a
uma diminuição das quantidades procuradas.

• Procura- Ostentação: o aumento do preço leva a um aumento das quantidades


procuradas. Quanto mais caros são os bens, maior a ostentação e o status das pessoas
e portanto, maior a procura destes bens, nomeadamente, os Bens de Luxo, onde as
pessoas compram, mas não correspondem a uma necessidade básica, mas para
mostrar riqueza. O preço ao aumentar, vai aumentar as quantidades procuradas, pois
com o aumento do preço, o bem ainda é considerado mais luxuoso e as pessoas
acabam por ter mais interesse, para mostrar o seu status económico. Caso o preço
diminua, diminuem as quantidades procuradas, pois o bem poderá ter tendência a
vulgarizar-se, perdendo a função de riqueza e as pessoas acabam por perder o
interesse neste. Quanto maior o preço do bem, mais exclusivo ele será.

• Paradoxo (algo que vai contra a expetativa) de Giffen: o Sr. Giffen verificou que o
aumento do preço dos bens alimentares básicos, como o pão, levava a um aumento
das quantidades procuradas de pão. Ora isto seria totalmente um paradoxo, mas a
explicação tem que ver com o Efeito de Rendimento, ou seja, este bem era
considerado totalmente essencial para alimentar as pessoas mais pobres (porque
nesta altura estávamos em Inglaterra, numa Época Pós Revolução Industrial). Sendo
assim, o pão era efetivamente essencial para o sustento das pessoas, porque era a
base da alimentação- era pão e um bocadinho de carne (que era muito mais cara).
Mesmo que o pão aumentasse, continuava a ter um valor mais baixo que a carne e as
pessoas optavam por comprar mais pão, mesmo que o seu preço fosse superior e
assim já não se comprava carne, pois com esse dinheiro, comprava-se o pão que era o
que efetivamente dava sustento. Ou seja, apesar do preço do pão aumentar, a
quantidade vendida também iria aumentar porque as pessoas vão comprar esta
quantidade acrescida com o dinheiro utilizado anteriormente para comprar carne,
porque o pão é que efetivamente apagava a fome.
Os alimentos básicos são a base da alimentação, pelo que se o preço destes aumentar,
as pessoas vão aumentar o seu consumo e reduzir o consumo de outros alimentos que
não são estritamente necessários.

• Caso dos Bens Sucedâneos (ou bens de qualidade inferior): Nas classes de pessoas
com menos rendimentos, a descida do preço destes Bens Sucedâneos, leva à redução
das quantidades procuradas desse bem, por Efeito Rendimento. Ou seja, sendo
Sucedâneos de outros bens, apresentam uma satisfação menor e que compramos

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Maria Valente Godinho 2021/2022

apenas por pura necessidade, porque caso possamos comprar um bem de qualidade
superior ou que nos satisfaça mais, nós fazemo-lo. Por efeito Rendimento, a descida
do preço do bem sucedâneo, leva a uma diminuição deste, porque com o
rendimento excedente, ou seja, aquilo que poupei, usarei para comprar o bem que
eu prefiro e que me traz mais satisfação.

Exemplo: O preço da margarina diminui, mas a margarina, para mim, é um bem


sucedâneo, mais barato e substituto da manteiga, aquele que é preferencial. Ora, caso
exista uma diminuição do preço da margarina, não irá fazer com que a procura desta
seja maior, pelo contrario, se eu gastava 2€ em margarina e o preço diminuiu, agora
compro menos margarina (por exemplo, gasto apenas 50 cent e o resto do dinheiro, os
1,5€, gasto para comprar manteiga, aquele que eu efetivamente prefiro. No entanto,
isto apenas se verifica em relação aos bens sucedâneos, pois eu consigo poupar,
comprando menos do bem sucedâneo, aquele que não é realmente o que eu gosto e
acabo por conseguir uma quantidade de manteiga, aquele que é realmente a minha
preferência, acabando por conseguir começar a consumir um pouco de ambas e não
apenas margarina.
(O mesmo exemplo das aulas praticas com os cereais de marca branca e Chocapic-
Temos 10€ para comprar cereais por mês e esses de marca branca custa 2,5€, mas o
Continente faz uma promoção de 1€, mas como eu so compro a marca branca porque
tem que ser, e eu queria mesmo comprar os da Chocapic, eu passo a gastar 3 euros
para comprar duas caixas de marca branca e as outras duas caixas, vou usar para
comprar duas caixas da marca original que eu gosto mais (eu tenho sempre de gastar
os 10€, não podia utiliza-lo para nada).

Teoria da Utilidade Cardinal


Verifica-se que uma outra explicação para a lei da procura é a Lei da Utilidade Decrescente, ou
seja, onde a utilidade do bem diminui à medida que aumenta a quantidade consumida do
mesmo bem.

Como sabemos a utilidade é uma realidade subjetiva e, portanto, a sua mediação é


complicada, podendo admitir-se que haja uma unidade de medida, designada de útil, ou seja,
só adquirimos um bem enquanto a sua utilidade for efetivamente superior ao dinheiro gasto
na sua aquisição.

Exemplo: a cada euro corresponde dois úteis e, portanto, 1 kg de café, a custar 10 euros, tem
utilidade de 20, ou seja, a utilidade do preço de cada kg de café será sempre 20 uteis, não se
altera por cada unidade, aquilo que se altera é a utilidade marginal de cada unidade de café!

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Maria Valente Godinho 2021/2022

Para sabermos quantas unidades é que efetivamente compensa comprar, temos de comparar
o preço dos kg de café com a utilidade do preço do kg do café e com a utilidade marginal de
cada kg de café.

-Como 1€ são 2 úteis, um kg de café custando 10€, corresponde a 20 uteis. Assim, valerá a
pena comprar até à 7 unidade de café, pois esta custa os 10€ e corresponde a 20 uteis, sendo
que a sua utilidade marginal é 20. A 8 unidade, por exemplo, já tem uma utilidade marginal
menor que 20 e, portanto, já não compensa.

-Caso o preço do café desça para 6€, vai corresponder a 12 uteis e, portanto, valerá a pena
comprar até à 10 unidade, que tem uma utilidade marginal de 12. A unidade seguinte já tem
uma utilidade marginal inferior.

- Se o preço do café aumentar para 12€ o kg, vai corresponder a 24 uteis e, portanto, vale a
pena comprar até 5 kg de café, que corresponde a uma utilidade marginal de 12.

Teoria da Utilidade Ordinal (Técnica das curvas da Indiferença)


Verificamos, mais uma vez, que não é possível medir a utilidade, conseguindo-se apenas
perceber se algo é mais útil, ou seja, por exemplo, se o bem A é mais útil que o bem B ou se o
bem B é mais útil que o bem C- estamos a ordenar as utilidades.

Desta forma, e tendo em conta as curvas da indiferença, quanto mais afastada a curva estiver
da origem, maior será a situação de bem-estar, quanto mais próxima, menor o bem-estar.

Esta técnica das curvas de indiferença, apenas nos vão indicar o lugar geométrico das situações
de indiferença de consumo, pois será indiferente qualquer um dos pontos da curva.

Elasticidade-Preço da Procura

A Elasticidade-Preço da Procura corresponde a uma relação entre a variação relativa das


quantidades procuradas e a variação do preço do mesmo bem.

Para estudar as elasticidades, será sempre preciso saber tantos os preços como as quantidades
procuradas em dois momentos diferentes no tempo, normalmente antes e depois do aumento
ou descida dos preços.

A Elasticidade-Preço é que efetivamente nos diz quanto é que é a variação, porque a Lei da
Procura não o consegue fazer, pois não nos dá mais do que o sentido, ou seja, não nos dá a
dimensão da reação, se os bens diminuem muito ou pouco, cabendo isto à Elasticidade-Preço.

Cálculo das Elasticidades (Costuma a sair frequentemente em Orais)

Um bem vai ter uma procura tanto mais elástica quanto mais próximo ele efetivamente
estiver dos seus bens sucedâneos. Quanto mais afastados forem, menos elástica será a
procura. Por exemplo, se o preço do combustível aumentar, não se passa a vender menos
deste, porque não existe uma alternativa próxima, mas se for uma marca de iogurte a
aumentar o preço, passa-se a consumir menos desta marca em concreto, porque há um
sucedâneo próximo, nomeadamente, uma outra marca.

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Maria Valente Godinho 2021/2022

Existem três tipos de Elasticidade-Preço

• Procura Inelástica: Quando a uma variação de 1% no preço, por exemplo, corresponde


uma variação na procura inferior a esta percentagem. Por exemplo, se o preço
aumenta 10%, a procura diminui 8%. PROCURA ELÁSTICA MENOR QUE 1- entre zero e
1
Será benéfico o vendedor aumentar os preços porque a receita total é superior, a
procura não varia muito e será sempre favorável aumentar o preço!
• Procura Elástica: Quando a uma variação de 1% no preço, por exemplo, corresponde
uma variação na procura superior a esta percentagem. Por exemplo, o preço aumenta
10% e a procura diminui 15%. PROCURA MAIOR QUE 1
• Procura com Elasticidade Unitária: Quando a percentagem da variação da quantidade
é exatamente igual à percentagem de variação do preço. Ou seja, caso o preço
aumente 10%, a procura diminui 10%. Vai ser praticamente indiferente aumentar ou
descer o preço! PROCURA IGUAL A 1

Exemplos:

-Um vendedor de castanhas à beira da Fduc, que as vende a 2€. Ele vende 100 sacos de
castanhas por dia. No entanto ele decide aumentar 25% o preço e, portanto, passa a vender
apenas 90. O preço aumenta 25% e a procura diminui 10%.

100 x 2€= 200€


90x 2,50€= 225€ 10%/25% = 0,4- Procura Inelástica, aumentar o preço efetivamente
compensa.

-O mesmo vendedor de castanhas agora vende na praça e lá não há apenas um vendedor de


castanhas, há vários, pelo que a oferta é maior. O senhor continua a vender as castanhas a 2€
e assim consegue vender 100 sacos. No dia seguinte aumenta o preço 25% passando a vender
50 sacos de castanhas (quantidades procuradas cai 50%).

100 x 2€= 200€


50 x 2,50€ = 125€ 50%/25%= 2 – Procura Elástica, NÃO faz sentido subir o preço

Caso ele baixe o preço 25%, a procura aumentará 50%:


100 x 2€ = 200€
150 x 1,5€ = 225€ 50%/25%

Conclui-se que aquilo que determina se a procura é ou não elástica é a OFERTA, pois quanto
mais próximos forem os bens sucedâneos, mais fácil se torna a troca de um bem pelo outro,
ou seja, neste caso, haverá elasticidade e não fará sentido aumentar os preços!

Exceções
• Procura infinitamente elástica: a curva da procura é horizontal, ou seja, ao
mesmo preço é possível obter diferentes quantidades. Ou seja, o preço determinado
fará com que todos os compradores adquiram aquele produto, pelo que não faz
sentido aumentar o preço, pois isto faria com que se deixasse de vender totalmente o
produto (ninguém iria querer comprar) e descer o preço também não faria sentido

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Maria Valente Godinho 2021/2022

porque se consegue vender tudo por mais dinheiro. A elasticidade-preço será assim
igual a infinito. Ex: dos bens sucedâneos

• Procura absolutamente inelástica ou rígida: as quantidades serão sempre


as mesmas independentemente do preço, ou seja, temos a mesma quantidade para
diferentes preços- Curva Vertical
Resulta da procura absolutamente igual a zero, ou seja, teremos variações de preço e a
procura estará sempre imóvel- o aumento ou a diminuição do preço não afetará a
quantidade procura, que se manterá imóvel, não reage ao preço, é insensível a este. A
elasticidade preço será então igual a zero!

Pode acontecer em 4 casos:


-Bens de Luxo: pois como quem os possui são pessoas com um rendimento mais
elevado, não tem uma sensibilidade tao grande à alteração do preço.
-Bens de primeira necessidade: como são essenciais, não podem deixar de ser
procurados e portanto, independentemente do preço a que eles estão no mercado, as
quantidades procuradas nunca alterarão muito;
-Bens muito baratos e de coisas úteis, como uma caixa de fósforos, são sempre
comprados pelas pessoas, independentemente do preço ter subido ou baixado um
pouco.
-Bens procurados em conjunto com outros bens (Bens Complementares): vão
representar uma parcela mínima no total e cujo o preço não é determinante para a
nossa procura. Por exemplo, se fizermos um casaco na costureira, ele tem botões,
elástico, fecho- quero o preço seja mais ou menos elevado, nós vamos sempre
comprar os botões e o fecho, porque eles serão necessários, não vamos deixar de
fazer o casaco só porque o preço dos bens complementares variou.

• Procura da elasticidade-preço igual a 1: sempre que se divide um número


pelo número igual, ou seja, no caso de termos uma variação de preço de 15%, também

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Maria Valente Godinho 2021/2022

teremos os mesmos 15% na procura- se o preço diminui 15%, a procura aumenta 15%
e vice-versa. O preço aumenta, a procura diminui em igual medida e vice-versa!

Em suma:

1- Se a procura for inelástica; (procura não diminui na medida da subida de preço; ela vai
diminuir em menor medida do que a subida de preço);
2- Se a procura for elástica maior que um; (porque a quantidade procurada aumenta de
forma mais do que proporcional face à descida do preço)
3- Se a procura for elástica maior que um; (porque o aumento do preço leva a uma
diminuição mais do que proporcional nas quantidades procuradas);
4- Se a procura for inelástica; (porque a procura não aumenta na mesma medida da
descida do preço; a procura aumenta em menor medida do que a descida do preço);

Importância do Cálculo da Elasticidade


É importante na medida em que se depende delas se ganhar ou perder, com algumas
alterações de preço.

Ocorre em vários domínios:

• Empresarial: o empresário irá fixar um preço no produto que vende,


procurando obter a máxima vantagem, ou seja, procurará a máxima receita total, que
resultará da multiplicação das quantidades vendidas por o preço efetivamente
praticado.

Caso haja uma elasticidade maior que 1, ou seja, procura elástica, não vale a pena o
vendedor aumentar o preço, mas apenas descer!

Caso estejamos perante uma situação de procura inelástica, o vendedor poderá


aumentar o preço, mas não adianta de nada ele descer.

Será indiferente aumentar ou descer o preço quando a procura é de elasticidade


unitária.

• Por parte das autoridades monetárias e cambiais, é necessário o


conhecimento do valor das elasticidades, de modo a que procedam à desvalorização
de uma moeda, por exemplo, para atenuar o desequilíbrio de uma balança de
pagamentos.
No entanto, de nada adianta a desvalorização se a procura dos outros países for
inelástica ou até rígida, o pais ainda fica com a consequência de conseguir menos
disponibilidades cambiais.

Importante: Mesmo quando temos uma empresa monopolista, a elasticidade daquela procura
é importantíssima pq vai determinar a Receita Marginal (diz respeito ao acréscimo da receita
se eu quiser vender mais uma unidade): Qto é que vou ter de baixar o preço para conseguir
vender mais uma unidade? - Se tiver de baixar muito, é uma utilidade marginal baixa, se tiver
de baixar pouco o preço, a utilidade marginal é alta.

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Maria Valente Godinho 2021/2022

A Elasticidade Cruzada da Procura


Corresponde à relação que se estabelece entre as variações do preço de um bem e as
variações consequentes das quantidades procuradas de outro bem, ou seja, o preço de um
bem face às quantidades procuradas de outro bem.

Terá importância uma vez que através dele conseguimos avaliar em que medida os bens são
ou não sucedâneos próximos um do o outro ou se por outro lado são complementares entre
si.

• Bens Sucedâneos: Caso o preço do bem principal aumente, as quantidades


procuradas desse mesmo bem vão diminuir, levando a um aumento das quantidades
procuradas do bem sucedâneo! Curva de Inclinação positiva.
O Valor da elasticidade cruzada será tanto mais elevada quanto maior for o grau de
sucedaneidade entre os bens considerados.

• Bens Complementares: A quantidade procurada de um bem complementar


acompanha a quantidade procurada dos bens principais- Se aumenta o preço do bem
principal, a quantidade procurada desse bem vai diminuir, assim como dos seus
complementares. Será uma Curva de Inclinação Negativa. As quantidades procuradas
de um, acompanha as quantidades procuradas do outro. Ex: Se eu consumo menos
café, a minha procura do açúcar, para colocar no café, também vai diminuir.
O valor negativo da elasticidade cruzada será tanto mais elevado, quanto mais estreita
for a relação entre os bens complementares considerados.

Elasticidade- Rendimento da Procura


Relaciona as variações percentuais do rendimento com as variações percentuais da procura.
Por exemplo, o quê que acontece com a procura no caso do preço aumentar 10%?

Portanto, o aumento do rendimento leva ao aumento da procura desses bens, sendo que o
aumento da procura pode ser proporcional, menos que proporcional ou mais que
proporcional, porque há bens que quando o preço aumenta começamos a comprar muito
mais, outros que começamos a comprar mais e ainda aqueles que não compramos nada a
mais. Isto para a maioria dos bens, dizendo-se que a elasticidade-rendimento da procura é
positiva.

No entanto para bens de qualidade inferior, a procura tenderá a diminuir quando o


rendimento aumenta, porque os consumidores procuram modelos que vão considerar de

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Maria Valente Godinho 2021/2022

melhor qualidade ou que satisfazem melhor as suas necessidades, diminuindo a procura


destes primeiros bens. A elasticidade rendimento da procura é negativa.

Casos excecionais:

• Elasticidade-rendimento da procura igual a zero: a alteração do


rendimento não terá qualquer influencia na procura. Ex: não se compra em maior
quantidade, por exemplo, pasta de dentes só porque o rendimento é superior, acaba
por ser um bem essencial, mas que não vamos precisar em maior quantidade.

Casos “normais”:

▪ Elasticidade da Procura Positiva superior a 1: Bens supérfluos, compramos na


medida da disponibilidade do nosso rendimento, não são de primeira necessidade, ou
seja, caso nos sintamos confortáveis com as nossas finanças, acabamos por comprar
mais e, portanto, as quantidades procuradas irão aumentar- A procura aumentará
mais rápido do que a subida do rendimento e também descerá mais rápido e
acentuadamente do que o rendimento.
▪ Elasticidade da Procura Positiva inferior a 1 (mas positiva na mesma): a procura
não variará tanto quanto o preço. São os Bens de Primeira Necessidade, quando o
rendimento aumenta, as pessoas compram mais, mas não muito mais, ou seja, variará
em menor proporção do que o rendimento. O mesmo ocorre quando o rendimento
baixa, as pessoas compram menos, mas não muito menos. A procura não variará
tanto.
▪ Elasticidade da Procura Positiva igual a 1: Bens cujo a procura aumenta
proporcionalmente ao rendimento (rigorosamente).

▪ Elasticidade-Rendimento Negativa: ocorrem pequenas variações em


sentido oposto, no caso dos bens de qualidade inferior, ou seja, são bens que
queremos deixar de comprar, se conseguirmos e que só compramos por absoluta
necessidade. Assim, quando o rendimento aumenta, a procura irá diminuir,
passando-se a comprar os bens com a qualidade superior e que se prefere. Caso o
rendimento diminua, a sua procura irá aumentar uma vez que as pessoas não
possuirão tantas facilidades económicas e irão recorrer a bens de qualidade inferior,
onde terão uma elasticidade rendimento negativa!

▪ Lei de Engel: à medida em que aumenta o rendimento dos consumidores, diminui a


parte das despesas em bens de primeira necessidade, no conjunto da despesa total
das famílias, enquanto unidades de consumo.

A Procura em função de outros fatores


 Sabemos que esta pode variar em função de vários fatores e não apenas do preço e do
rendimento, por exemplo, devido aos gostos dos consumidores ou até mesmo do
progresso tecnológico. Assim, em alguns casos pode vir de alterações dos gostos
pessoais, mas pode mesmo surgir de inovações tecnológicas, levando a uma alteração
das preferências.

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Maria Valente Godinho 2021/2022

 As elasticidades de rendimento são calculadas em função dos hábitos e em função do


local;
 A procura irá variar consoante os fatores e consoante as circunstâncias (Ex: no verão a
procura de gelados é superior, nos Fiéis, a procura das flores, etc.), sendo que o
aumento das quantidades procuradas eu encontro na curva da procura.

Será que é correto afirmar que os bens de primeira necessidade têm uma procura elástica
maior que 1?

Os bens de primeira necessidade têm, em princípio, uma procura elástica menor que 1,
tendem a ser inelásticos. No entanto, podem existir bens de primeira necessidade com
procura elástica maior que um, como por exemplo, todos os bens de primeira necessidade que
têm bens sucedâneos: se o preço da batata doce aumenta, as pessoas deixam de comprar
batata doce e passam a comprar batata normal; em geral os bens de primeira necessidade não
são assim, mas tendo bens sucedâneos, pode acontecer isso.

Empresa em Monopólio: domina o mercado e não tem concorrência nem bens sucedâneos
próximos- tem de calcular a elasticidade cruzada da procura; a empresa monopolista interessa-
se pela elasticidade cruzada da procura; no entanto, também se interessa pois não consegue
controlar o rendimento e vê se consegue aumentar essa procura ou não, mesmo que seja a
única a produzir; a elástica preço da procura é mto importante pq é daqui que depende a sua
receita, depende da reação do mercado- se ela quer aumentar a receita total, ela vai
depender da elasticidade preço da procura; receita marginal: depende da elasticidade preço
da procura;

Os bens de luxo têm uma procura elástica menor que um ou podem ter?

Bens procurados por pessoas muito ricas, cujo compradores se tornam indiferentes ao preço:
sim, a elasticidade do preço da procura é menor que 1 e em geral aproxima-se do zero,
independentemente do preço, as pessoas compram o bem, sem olhar a preços;

A OFERTA
A Curva da Oferta representa as várias quantidades que se está disposto a vender aos vários
preços possíveis (Curva de inclinação positiva – S)

A Lei da Oferta diz que as quantidades oferecidas variam no mesmo sentido dos preços: se o
preço aumenta, as quantidades oferecidas também aumentam; se os preços diminuem, as
quantidades oferecidas também diminuem, sendo que esta só funciona em condições onde
tudo o resto se mantem constante: o rendimento, as preferências, o único que varia é o preço)

Pode-se tanto representar a curva de oferta de uma empresa ou curva de oferta agregada
(somando as várias curvas de oferta das várias empresas do mercado). Quantidades
oferecidas: variável dependente de uma variável independente que é o preço.

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Maria Valente Godinho 2021/2022

 Efeito Substituição: os vendedores/ofertantes podem ter duas posições, ou a vontade


de vender (Quanto mais alto for o preço, mais a vontade de vender) ou a vontade de
estucar (Quanto mais baixo for o preço, maior a vontade de estucar, guardar o
produto e esperar por dias “melhor” em que esse produto será procurado);

 Efeito Rendimento: Na oferta funciona de uma forma muito semelhante à procura,


mas não para explicar como funciona realmente a lei da oferta, mas para explicar o
seu funcionamento inverso- acontece quando o rendimento, ou seja, a receita gerada
pela venda de um bem apresenta para o vendedor um caracter de primeira
necessidade.

Ex: O senhor tem vendido gelados e ele necessita de fazer um pagamento de 400€ ao
fornecedor. Para isso, necessita, se o preço estiver fixado a 2€ no mercado, tem de por no
mercado pelo menos 200 unidades; imaginemos que o preço no mercado, que ele não
controla, desce para 1€, ele pela curva, iria vender menos e “guardar”, ou seja, estucar os
gelados e esperar por melhores alturas; MAS ele precisa mesmo de pagar ao fornecedor,
portanto não vai funcionar assim! Apesar da diminuição do preço, vai haver um aumento
da oferta, ele vai passar a produzir o dobro para conseguir pagar.

Explicações para a Lei da Oferta


Tendo em conta que cada ofertante pretende ter, evidentemente, a máxima vantagem em
termos de lucro, a possibilidade daquilo que lucra dependerá do preço a que conseguir vender
os produtos e ainda do custo a que os consegues produzir ou disponibilizar os bens no
mercado.

A grande explicação para a Lei da Oferta está assente na Lei dos Rendimentos Decrescentes.
Foi enunciada por David Ricardo, que ficou conhecido pela sua posição relativamente ao
comercio internacional, era defensor deste e também do liberalismo, a favor de abolir todas as
restrições tanto à produção como ao comercio, nomeadamente aos impostos alfandegários.

Nesta altura vigorava a lei dos cereais que proibia a importação dos cereais da França, dizendo
que era para proteger os produtores ingleses. Ora, a França era um pais que tinha as condições
ótimas para a produção de cereais, conseguia chegar à Inglaterra com preços muito acessíveis.
Desta forma, David Ricardo, na sua análise à lei dos cereais, vem critica-la, enunciando a Lei

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Maria Valente Godinho 2021/2022

dos Rendimentos Decrescentes. Com o aumento da população, há também um aumento da


produção de um bem, nomeadamente dos cereais. No UK fazia-se o cultivo em terras cada vez
menos férteis, o Custo da Produção Marginal, ou seja da ultima unidade de cereal, vai
aumentando, porque se fosse uma terra fértil, onde eu consigo produzir muito cereal, eu se
tenho uma terra menos fértil, com o mesmo numero de trabalhadores e a mesma técnica, já
não consigo produzir tanto e se continuar a passar para o cultivo em terras cada vez menos
férteis, eu aumento eventualmente a produção, porque eu expando para outros territórios,
mas estes como não são tao férteis, acabam por render muito menos- AUMENTA A
PRODUCAO TOTAL, MAS A PRODUTIVIDADE DA TERRA DIMINUI e portanto, o PREÇO POR KG
AUMENTA! Ou seja, os rendimentos da terra serão decrescentes, estando a aumentar a
produção, mas a uma taxa decrescente.

David R. pensou que se é cada vez mais caro produzir, o preço do cereal terá de se fixar no
preço do último quilo, porque caso contrário ninguém queria produzir esse último- o PREÇO
VAI-SE NIVELAR PELOS CUSTOS MAIS ELEVADOS. Ao aumentar os preços dos cereais, a
consequência era que, sendo os cereais a base da alimentação, o preço do pão iria aumentar.
Os empresários iriam empregar mais pessoas e por isso tinham de aumentar os salários dos
seus trabalhadores para que estes tivessem o mesmo poder de compra. Ao aumentar os
salários, o preço dos produtos não aumentava, não conseguindo cobrar mais pelos produtos
produzidos, levando a um aumento do preço dos cereais, que aumentava o preço do pão,
levava a uma diminuição do lucro! A base do crescimento económico está nos lucros e,
portanto, David Ricardo expunha que a Lei dos Cereais estava a por em causa a própria
Economia Inglesa, porque os empresários, os Capitalistas, ficavam bem pior, não obtendo o
lucro que poderiam ter. Por outro lado, os trabalhadores não sentiam grandes diferenças e os
proprietários das terras mais férteis conseguiam sair muito favorecidos porque as conseguiam
alugar a um preço superior, era as mais cobiçadas.

Em suma, à medida que eu tendo os outros fatores de produção iguais e mantendo a técnica,
se adiciono doses adicionais do bem de produção, a produção aumenta, mas numa taxa
decrescente - aquilo que eu consigo a mais é cada vez menos.

Verificou-se depois que esta Lei dos Rendimentos Decrescentes aplica-se não apenas em
relação à terra, mas também, por exemplo, em relação ao trabalho: Eu tendo determinadas
condições técnicas, determinados equipamentos, determinado capital, adicionar doses
sucessivas de trabalhadores para o mesmo espaço aumenta-me a produção de forma
decrescente. Ex: Eu tenho 10 trabalhadores, se eu empregar mais um, eu em vez de produzir
100 unidades, produzo 110, se colocar outro e ficar com 12 funcionários, consigo produzir 118
unidades. Consigo verificar que o 11º me permitiu produzir mais 10 unidades, mas o 12º
apenas me fez produzir mais 8. O Rendimento do trabalho vai efetivamente diminuir. Assim, a
Curva dos Custos Marginais é Crescente! Eu mantendo todos os fatores, ou mante-los em
proporção, por exemplo, se emprego mais um trabalhador, também preciso de mais uma
máquina. Ou seja, eu aumento a produção, mas a um custo crescente, o custo de produzir a
última unidade (marginal
).

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Maria Valente Godinho 2021/2022

Elasticidade Preço-Oferta

A elasticidade preço-oferta estabelece uma relação entre a variação percentual das


quantidades oferecidas e a variação percentual do preço do bem. Tal como a procura, a oferta
poderá ter 3 elasticidades de preço.

 Se a relação se situar entre 0 e 1, dizemos que a relação é inelástica (o preço varia


mais que a quantidade oferecida), tem pouca elasticidade. o. O preço varia mais que a
oferta, a oferta não consegue acompanhar a variação do preço. (Ex: Bens Perecíveis,
que normalmente não se pode armazenar, bens produzidos com matéria-prima rara,
bens produzidos com um fator que muito dificilmente se consegue dispor em maior
medida)
 Se for igual a 1 é uma elasticidade unitária- a quantidade oferecida diminui ou
aumenta sempre na proporção com o preço.
 Se for superior a 1 é uma oferta Elástica, as quantidades oferecidas variam em maior
proporção que o preço. (Ex: Bens que se podem importar com facilidade, pode-se
responder facilmente a uma subida de preço de um bem se este for fácil de importar.)

Temos assim ofertas mais elásticas e outras, menos, dependendo de vários fatores, como por
exemplo, o tipo de produto, a capacidade e do facto de o bem ser durável ou perecível, por
exemplo, porque um bem perecível tem uma oferta mais Inelástica (não é porque o preço
baixa que eu vou diminuir de forma acentuada as minhas quantidades oferecidas, ALIÁS,
muitas vezes nos bens perecíveis até acontece uma Exceção à Lei da Oferta, BAIXANDO-SE O
PREÇO PARA SE VENDER (bem perecível), porque, por exemplo, existem pessoas que vão
comprar o peixe ao mercado numa hora mais perto do meio dia, para terem descontos, pois o
peixe, se não se vender nesse dia, no dia seguinte já não é fresco e os vendedores têm de
tentar vender.

A outra Exceção à Lei da Oferta ocorre por Efeito Rendimento (Uma empresa com custos
financeiros fixos e que está muito endividada). Temos o exemplo de uma empresa que tem
custos financeiros muito elevados e esta está muito endividada, tendo uma prestação para
pagar ao banco altíssima. Como tem este custo que não consegue suportar, a empresa tem de
faturar uma relativa quantidade por mês. Por exemplo, tendo custos financeiros de 10000€,
para alem de todos os outros custos, como salários de trabalhadores, combustível e energia.
Portanto, eu para conseguir pagar a prestação ao banco tenho de faturar mais do que os meus
custos, por exemplo 20000€. Ora, se o preço baixar, aquilo que viria a acontecer era que se ia
diminuir a oferta, mas neste caso NÃO VAI ACONTECER, porque o preço vai baixa, mas eu
tenho de aumentar a minha oferta, porque tenho de conseguir os 20000€. As empresas
arriscam-se a deixar de vender ao preço correto e justo, para continuarem a ter um pouco de
lucro e muitas delas passam a estar numa linha nem de lucro nem de prejuízo, enquanto
outras passam mesmo em ter apenas prejuízo, por problemas de tesouraria- isto acontece
muito em época de crise em empresas endividadas, por exemplo, na altura da Troika.

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Maria Valente Godinho 2021/2022

 Oferta Perfeitamente Elástica: representa-se por uma linha horizontal,


correspondendo à situação em que os vendedores conseguem libertar-se de quaisquer
quantidades que coloquem no mercado a um determinado preço.
 Oferta Absolutamente Inelástica- igual a zero- representa-se por uma linha vertical,
representando a situação em que a oferta se mantem insensível perante a variação do
preço, ou seja, seja qual for o preço, eu vendo sempre a mesma quantidade. Ex: Bens
únicos, aqueles que não podem ser reproduzidos novamente, como uma obra de arte
de um pintor famoso já falecido.

A Elasticidade da Oferta depende de duas coisas:

 Existência de stocks ou a capacidade de existir stocks (não é o caso dos bens


perecíveis, que não são possíveis de se constituir);
 A possibilidade de expansão dos bens, ou seja a capacidade de se aumentar a
produção de um bem, que vai depender de:
*Se eu, produtor, estou em Pleno Emprego (só é possível aumentar a produção,
aumentando a produtividade, que é mais difícil- nesta situação, os recursos já estão a
ser totalmente utilizados- os trabalhadores e as maquinas já estão a fazer tudo- tenho
de com os mesmos recursos, aumentar o que produzo, chama-se a isso um Aumento
da Produtividade) ou Desemprego (começar a utilizar mais eficientemente os recursos
que tenho, ou seja, emprega-los; por exemplo, as pessoas fazerem mais horas de
trabalho, utilizar as maquinas). Assim sendo a capacidade de aumentar a produção vai
depender tanto do período de tempo (porque quando mais longo o período de tempo,
mais elástica será a oferta) que a estamos a utilizar como de ainda, lá está, estar em
Pleno Emprego ou Desemprego de fatores.

Os três períodos de Mercado


1º: Período Infra Curto: É demasiado curto para que a produção passe a variar; é “neste dia”, é
demasiado curto para aumentar ou diminuir a produção- ou há stocks ou não há stocks; (A
elasticidade da oferta é mais inelástica)

2º: Período Curto: Já é possível fazer variar a produção, mantendo-se constante os


equipamentos; Ou seja, no Ex de ter a maquina a trabalhar 8h e ela conseguir trabalhar 12h,
eu posso aumentar a produção na medida em que a vou utilizar mais- eu posso aumentar a
produção com os equipamentos que tenho, mas não os posso fazer variar, por exemplo, não

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Maria Valente Godinho 2021/2022

posso comprar uma maquina nova; Ou eu não estou em pleno emprego e consigo facilmente
aumentar a produção ou fico totalmente dependente do aumento da produtividade;

3º: Período Longo: Tudo pode variar: a natureza, a quantidade e a dimensão dos
equipamentos; é um período suficientemente longo para se alterar tudo; (A elasticidade da
Oferta é superior)

A oferta depende do preço, mas esta só é verdade numa análise muito simples e
descomplicada; Na realidade a oferta não depende apenas do preço, depende também do
custo de produção. Em período curto, eu não consigo variar os equipamentos, eu não consigo
reduzir os custos, pelo que o custo de produção no período curto, vai depender do volume da
produção- saber qto custa produzir um determinado volume de bens; No Período Curto, os
custos de produção vão depender essencialmente do volume da produção de quantos bens
se quiser produzir.

Para um determinado volume de produção, nós temos dois tipos de custos:

-Custos físicos
São independentes do volume de produção, ou seja, vão ter de ser suportados pelo simples
facto de se estar em atividade e portanto vão ser os mesmos quer a produção seja 10 ou 1000,
vai ser sempre igual!

Ex: renda de uma fábrica (Quer esteja a produzir 100 ou 200 sapatos, é independente do seu
volume de produção, será sempre a mesma); Os salários dos trabalhadores não o é, porque
pode haver trabalho em horas extras e assim, pode ser variável;

-Custos Variáveis
São os custos de todos os fatores cuja quantidade pode ser modificada em período curto;
Ex: Salários de trabalhadores, matérias primas, energia, transporte (gasto mais energia ou mais
transporte se tiver mais bens);

Dois subtipos:

*Variação rigorosamente proporcional em relação à produção total; Ex: Caso das matérias
primas; os troncos de madeira para produzir cadeiras- qto mais matéria prima tiver, mais
bens produzidos vou ter;

*Variação não é rigorosamente proporcional em relação à produção total, estão sujeitos à Lei
dos Rendimentos Decrescentes; **

**Lei dos Rendimentos Decrescentes: sendo dados os elementos da produção e sendo


constante a técnica, o rendimento adicional proporcionado por um fator variável é
sucessivamente menor ou decrescente;

Ou seja, quer dizer, na primeira parte do gráfico, no declive negativo, qdo produzimos mais
gelados, ou seja, qto maior o volume de gelados, o gelado 100 já lhe fica mais barato do que os
primeiros 10 produzidos- produzir uma unidade marginal vai ficando cada vez mais baixo-
economias de escala- há medida que produz mais, cada unidade vai ficando mais barata (fase
dos Custos decrescentes- Fase de Rendimentos Crescentes)- ISTO É REAL ATÉ CERTO PONTO-
neste caso no 200 (onde se inicia a Lei dos Rendimentos Decrescente) onde produzir uma

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Maria Valente Godinho 2021/2022

unidade lhe está a ficar cada vez mais caro, continua a ser vantajoso produzir (fase de custos
Crescentes- Fase de Rendimentos Decrescentes), mas a receita vai sendo cada vez menor, ou
seja a diferença entre o valor a que lhe fica produzir e o valor a que vende torna-se cada vez
mais próximo.

Só me vale a pena produzir gelados neste gráfico até ao Ponto C, ou seja, até ao momento em
que o preço que me custa produzir o gelado (3€) é igual ao preço ao que o vou vender; a
partir daí, por exemplo, no ponto D, vai-me custar mais a produzir o gelado (4€) do que aquele
dinheiro que eu vou ganhar que continua a ser os 3€, eu vou ter prejuízo!

A situação de máximo lucro dá-se quando a curva de custo marginal interseta a curva da
receita marginal que, neste caso, é a curva do preço (p);

O que nos define a oferta é a curva dos custos marginais. Quando eu quero saber se tenho
lucro ou não eu já sei que a curva dos custos marginais nos diz se na última unidade nós
ganhamos ou perdemos dinheiro, o que me diz se eu tenho lucro é a curva dos custos médios,
pois a mesma corresponde à divisão do custo total pelo número de unidades produzidas e
vendidas. O que define a quantidade que o ofertante vai oferecer é o custo marginal que é isso
que lhe dá o lucro máximo, depois para ver se existe ou não lucro temos que aferir o custo
total médio. Definimos o lucro anormal pela curva do custo total médio.

Esta diferença entre custos fixos e variáveis, fazem com que exista uma diferença enorme qdo
se calcula o Custo Médio Unitário: um custo a dividir pelo número de unidades do bem

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Maria Valente Godinho 2021/2022

produzido;
Custo Fixo médio Unitário: diminui qdo vou aumentar a produção: ao dividir sempre o mesmo
custo (100€) pelo um nr de unidades cada vez maior, vai diminui; Ele começará a aumentar
qdo passar para o custo variável;
Custo Variável Médio Unitário: aumenta com o aumento da produção; é sempre crescente!

Custo total Unitário (Custos fixos + custos variáveis) = se tenho uma zo

Esta diferença entre custos fixos e variáveis, fazem com que exista uma diferença enorme qdo
se calcula o Custo Médio Unitário: um custo a dividir pelo número de unidades do bem
produzido;
Custo Fixo médio Unitário: diminui qdo vou aumentar a produção: ao dividir sempre o mesmo
custo (100€) pelo um nr de unidades cada vez maior, vai diminui; Ele começará a aumentar
qdo passar para o custo variável;
Custo Variável Médio Unitário: aumenta com o aumento da produção; é sempre crescente!

Custo total Unitário (Custos fixos + custos variáveis)

Custo Marginal: é o custo de produção de mais uma unidade de produto, ou seja, é o custo de
produzir n+ 1. (EX: eu estou a produzir 100 unidades, qual é o custo de produzir mais uma).

Enquanto que o custo médio fixo unitário diminui com o aumento da produção, o custo
variável medio unitário aumenta com o aumento da produção;

O lucro máximo, ou seja, a quantidade que o oferente vai oferecer é determinado pelo custo
marginal, mas para determinar se existe ou não lucro é apenas utilizado o custo total médio;

Maximização do Lucro
A regra da maximização do lucro é parificar o custo marginal com a receita marginal, ou seja,
quando o custo marginal se torna igual à receita marginal (preço), ou seja, se eu vir que uma
unidade me custa 5€ e a última a ser produzida me custa 5€ na mesma. (tem a ver com o
gráfico de cima).

Portanto, enquanto o ganho da última unidade vendida (Receita Marginal) for superior ao
custo (custo marginal) vale a pena continuar a aumentar a produção. Por vezes, em situações
de crise, como a atual, onde a economia não está favorável, vale a pena produzir e vender a
unidade que tem o custo marginal igual à receita marginal, obtendo apenas o lucro normal.

O preço aumenta e a oferta NÃO aumenta:

-Quando não é possível: qdo eu não consigo produzir mais rapidamente; Ex: situação de pleno
emprego, um bem que não se consegue produzir mais (bens perecíveis);

-Há casos que até pode ser possível, mas não é desejável: Qdo deixa de existir lucro: qdo o
custo marginal é superior à receita marginal (Cmarg acima da linha de P), eu gasto mais a
produzir do que aquilo que recebo ao vender (Ponto D do gráfico).

Os empresários procuram sempre o máximo lucro? A longo prazo sim, no curto prazo podem
ter estratégias para assegurar que no longo prazo isso acontece, isto é, por vezes os
empresários podem não praticar o preço que dá o máximo lucro, podendo até praticar preços
que lhes dão prejuízo.

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Maria Valente Godinho 2021/2022

OS MERCADOS
As várias formas de Mercado

Existem 4 tipos de mercados e estes provem, consequentemente, de vários e diferentes


comportamentos. A distinção entre estes pode ser feita através de várias formas, tanto de
acordo com o número de entidades participantes do lado da oferta como do lado da procura
ou de acordo com o modo como os empresários conduzem o processo.

A Lei da Oferta e da Procura ou Lei dos Preços


A oferta e a procura são consideradas variáveis independentes e o preço é a variável
dependente. O preço será assim função da oferta e da procura (globais), aumentando quando
aumenta a procura ou diminui a oferta e diminuindo quando a procura diminui e a oferta
aumenta, ou seja, os preços variam no mesmo sentido das quantidades procuradas e
no sentido inverso à oferta.
Ex: Agora é altura das castanhas- as primeiras que aparecem são poucas e, portanto, o preço é
muito elevado; depois, vai começando a haver mais castanhas e, portanto, o preço vai
diminuindo;

Resumindo, quando há mais oferta do que procura, o preço diminui. Quando há mais
procura do que oferta, o preço aumenta - quando há estas situações não há equilíbrio.

O Preço de Equilíbrio corresponde ao preço que garante que as quantidades procuradas


são iguais às quantidades que a oferta quer vender. Portanto, nos mercados os preços
efetivamente variam, mas chega a uma posição que eles já não variam mais e essa posição
corresponderá ao Preço de Equilíbrio. Este preço de equilíbrio (preço de mercado) é aquele
que se mantem o mesmo a longo prazo, já não tem forças ou motivos para variar. Só varia se
houver excesso de oferta ou excesso de procura, porque o preço de equilíbrio corresponderá a
uma igualdade de intenções.

Nesta lei, nós temos duas variáveis independentes, mas só nos diz alguma coisa qdo temos
apenas a variação de uma dessas duas; NADA NOS DIZ SE HOUVER VARIAÇÕES SIMULTANEAS
DA PROCURA E DA OFERTA;

 Influencia da procura sobre o preço (há variação apenas da procura e a oferta


é constante): A curva da procura desloca-se efetivamente para a direita (D’), levando o

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Maria Valente Godinho 2021/2022

aumento do preço de P para P’. Nas mesmas circunstâncias, mantendo a oferta igual,
há uma redução da procura para D’’, que leva a uma redução do preço para P’’.

 Influência da oferta sobre o preço (há variação apenas da oferta, a procura


mantem-se constante): para uma procura dada constante (D), um aumento da oferta
inicial, leva a uma redução do preço. No entanto, e nas mesmas circunstâncias, a
diminuição da oferta, leva a um aumento do preço.

 Influência da Procura e da Oferta sobre o preço: A um aumento da procura,


para D’ corresponde um aumento da oferta ainda maior, para S’’, mas o preço não
aumenta, há uma descida no preço, para P’’.
A aproximação do ponto de equilíbrio entre a procura e a oferta, dando-nos o preço
de equilíbrio, não se verificará de imediato, mas sim através de aproximações
sucessivas, talvez de um modo que ficou conhecido como teorema da “teia de
aranha”.

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Maria Valente Godinho 2021/2022

TIPOS DE MERCADOS

Este tipo de análise implica uma certa abstração- vamos por a realidade, as várias
realidades são diferentes entre elas: exceto o primeiro mercado que não existe na
realidade, todos os outros existem, mas com variações- mesmo o Monopólio, este é
diferente de situação para situação, de país para país- estamos a por “coisas diferentes
no mesmo saco”;
-as generalizações afastam-nos da realidade concreta- temos de nos abstrair de muitas
variáveis que davam a realidade correta- para termos uma análise mais geral- eu se
quiser fazer uma analise a um determinado Monopólio- é possível fazer uma analise
completa, mas não tenho duvida que ao fazer esta analise completa a este Monopólio,
vai ser diferente da analise a outro Monopólio.

❖ Concorrência Pura e Perfeita


Esta não existe na realidade com todas as características, mas apenas tem algumas;

Características da Concorrência Pura e Perfeita


-Tonicidade do mercado: quer do lado da oferta como da procura, há imensos agentes, todos
eles pequenos (há muitos agentes ofertantes e outros de procura, mas sempre muito
pequenos); ninguém tem dimensão para ter algum poder;

-Homogeneidade: o produto é homogéneo, é exatamente igual nos vários ofertantes (muitos e


muito pequenos, todos produzem um produto que é exatamente igual) - os compradores não
tinham preferências- é indiferente comprar a um ou a outro;

-Mobilidade: é possível a qualquer comprador comprar a qualquer um dos vendedores sem


custos adicionais;

-Abertura de Mercado: é fácil alguém que não é produtor, tornar-se vendedor e produtor no
mercado, ou seja, é fácil entrar nos mercados;

-Publicidade (no sentido de transparência): o mercado é perfeitamente transparente; cada


consumidor sabe em cada momento todos os preços que se praticam no mercado;

Só com estas características já se pode tirar algumas conclusões:

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Maria Valente Godinho 2021/2022

 Será que faz sentido eu fazer publicidade (sentido de as pessoas comprarem) a


um produto? Se o produto é exatamente igual ao do meu concorrente
(homogeneidade), eu vou gastar dinheiro a fazer publicidade do produto? Não, não há
nada de novo!

ESTE MERCADO NÃO EXISTE na realidade! Nomeadamente, na internet, tornou-se mais


fácil ser transparente, mas não há total transparência, na maioria dos produtos não há
homogeneidade, os custos não são exatamente iguais;

O Mercado das Bolsas, é homogéneo, por exemplo, se eu quero comprar uma ação, elas
vão ser todas iguais; mas neste mercado, não existe Tonicidade - os que compram e os
que vendem são agentes que têm muito poder de mercado- o Poder de Mercado, qdo
alguém não o tem, quer dizer que pela sua decisão de comprador, de comprar ou não, ou
de vendedor, vender ou não, NÃO CONSEGUE INFLUENCIAR O PREÇO DE MERCADO- na
tonicidade eles são todos tao pequeninos que não conseguem influenciar; no caso das
Bolsas, eles têm poder- conseguem influenciar o preço do mercado- se fosse eu, isolada,
mesmo vendendo todas as que tenho, não consigo variar a cotação ou o preço de
mercado;

Um ofertante na concorrência pura e perfeita, estamos a falar de mercados livres, o ofertante


decide o preço que vai colocar ao seu produto; A questão é que ele pode tentar vender o
produto a x preço, mas se for superior ao de mercado, não vai vender- ele tem a liberdade de
por o preço que quer, mas não tem capacidade para alterar o preço de mercado.

Preço de Mercado, em concorrência pura e perfeita, é o preço de equilíbrio, ou seja, o preço


que resulta da interseção entre a oferta e a procura.

Para cada ofertante o preço é um dado - ele pode vender o produto ao preço que quer, mas
não consegue influenciar o preço de mercado (Tonicidade).
Ex: Imagem de uma praia; eu pego num balde de areia e despejo na praia; tem mais areia, mas
não se nota nada- é muito pouca a diferença- o ofertante pequenino pode aumentar a oferta,
mas como é tao pouca a diferença, não vai alterar nada- é insignificante, não consegue mudar
o preço- O preço é um DADO.

Como é que eu consigo alterar o preço do mercado? É deslucrando a curva da oferta- é


aumentando ou diminuindo a curva de oferta; alguém tem poder de mercado, significa que
através da sua oferta, consegue fazer aumentar o preço ou diminuir, consoante tire ou meta
mais quantidades/oferta no mercado.

O comportamento ótimo da empresa da concorrência perfeita: perante o preço de mercado,


o quê que ele pode fazer: pode ajustar as quantidades que produz e vende;

A procura que se dirige a cada um dos ofertantes: como cada um é tão pequenino, a procura
que se dirige a cada um deles, é que é atípica - Procura Infinitamente Elástica- ao
preço de mercado, a procura absorve todas as quantidades que quiser vender (nunca são
muitas porque eu sou sempre muito pequenino); tal como eu, ao preço de mercado, consigo
vender todas as ações da EDP que tenho (são poucas, vendem-se facilmente e não faz mta
diferença);

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Maria Valente Godinho 2021/2022

Ex: Produz-se 100 unidades- vende-se cada 1 delas a 5€; o Custo Marginal é 5€, mas fazendo a
interseção, vemos que o custo médio é 4,5€ (de produzir 100 unidades, cada uma delas custa-
me 4,5€ e eu estou a vender a 5€) - o lucro anormal é quanto ele ganha em cada uma (0,5€) x
nr de unidades que vende;

Se há muitos lucros, os ofertantes que estão no mercado vão aumentar as suas ofertas e vão
ainda haver muitas entradas de novos fabricantes e portanto, a longo prazo, a oferta vai-se
deslocar para a direita, ou seja, a oferta total aumenta, pelo que teremos um novo preço de
equilíbrio mais baixo que se fixa ao nível mínimo possível que é quando os lucros anormais
desaparecem;

 Em concorrência pura e perfeita, no curto prazo, existem lucros anormais. O


mercado é apetecível. Os produtores vão aumentar a sua oferta e há entrada de
produtores em massa;

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Maria Valente Godinho 2021/2022

 Em concorrência pura e perfeita, a longo prazo, os lucros anormais


desaparecem! A oferta total aumenta, desloca-se para a direita, existe um novo preço
de equilíbrio, mais baixo que se fixa no nível mínimo possível que é qdo os lucros
anormais desaparecem.

A longo prazo o lucro anormal desaparece porque o preço fixa-se igual ao custo total médio no
seu ponto mínimo; o Preço é igual ao custo total médio no seu ponto mínimo- não há
nenhuma outra quantidade que a empresa pode produzir a um custo total medio mais baixo
(zona mais baixa do custo total médio);

EM SUMA DO GRÁFICO: MTO IMPORTANTE:

Formado o preço de mercado, temos de saber a procura que se dirige a cada empresa- sempre
infinitamente elástica; cada empresa aumenta a produção até que o custo marginal igual o
preço; a curto prazo é normal que existam custos anormais- preço superior para aquela
produção- o mercado é muito atrativo pq as empresas que existem aumentam a sua produção
e novas entram no mercado- a oferta total AUMENTA! Todas juntas fazem deslocar a curva da
oferta (S´)- o preço de mercado BAIXA- temos uma nova situação para cada um dos ofertantes-
aumentar a produção até que o custo médio iguale o preço- no LONGO PRAZO- o preço BAIXA
até que desaparecem os lucros anormais- o empresário aumenta a produção mas o custo total
medio igual o preço e portanto desaparecem os lucros anormais- ficam apenas os lucros
normais (onde a remuneração já está incluída), mas não tem mais para alem disso;
o preço iguala o custo total medio no seu ponto mais baixo- não havia nenhuma outra
quantidade que a empresa pudesse produzir a um custo mais baixo- por mais que produzisse,
este é o MÁXIMO!! O preço fixa-se no ponto MÍNIMO do custo total médio!
As empresas que não são eficientes, no curto prazo ainda se aguentam porque tem lucros
extra, ou seja, anormais; no longo prazo não! A empresa não tem estes lucros extras, tem de
estar bem estabelecidas.

❖ Mercado de Monopólio
Corresponde a uma empresa que produz um bem que não tem sucedâneos próximos, ou seja,
os consumidores não conseguem encontrar um bem que substituía esse (Elasticidade de
Procura Baixa). Só existe um ofertante e, portanto, existe pouca concorrência- o Monopólio
existe quando temos apenas um vendedor.

Neste tipo de Mercado, é muito frequente haverem LUCROS ANORMAIS.

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Maria Valente Godinho 2021/2022

-Princípio de Cournnot: O monopolista ou fixa o preço que quer vender ou fixa as quantidades
que vai vender (se afixar o preço chega às quantidades e vice-versa);

Se ele determina o preço, a quantidade é dada pela procura. Se ele determina a quantidade, o
preço é dado pela procura. É sempre a procura que determina o outro elemento. Mas o
ofertante, não pode determinar simultaneamente preço e quantidade. Neste contexto convém
é fazer aquilo que lhe der o máximo lucro possível.

O que que mais convém ao empresário monopolista: é fazer aquilo que lhe der o máximo lucro
possível, o que não lhe é possível é fixar o preço máximo (o preço em que ainda existe alguma
procura, a CP, por exemplo, fixa o preço de uma viagem Lisboa-Porto a 1000 euros, secalhar
consegue uma pessoa a comprar, mas não convém este preço ao monopolista, o que convém
é aquele que leva ao máximo lucro); Tem de pensar que o custo marginal não é constante, ele
também sabe que ao produzir mais, lhe vai custar mais caro; Este empresário sabe que, em
monopólio, se a oferta aumentar muito, o preço vai tendencialmente diminuiu no mercado, o
que não se verifica na concorrência perfeita;

Lucro Máximo, Comportamento Ótimo: o custo marginal tem de se parificar com o custo
médio. O problema é que:

-A receita marginal em monopólio é sempre inferior ao preço!!! Porque todas as quantidades


se vendem a um novo preço e não apenas aquelas que se vendem a mais, daí a receita
marginal ser sempre inferior ao preço.

Preço ótimo do empresário monopolista: preço de equilíbrio entre a procura e aquela oferta
cujo custo marginal iguala a receita marginal; Este é o preço que dá o máximo lucro!

“Em Monopólio receita marginal é sempre inferior ao preço e varia no


mesmo sentido da elasticidade da procura!, ou seja, qto mais elástica for a
procura, mais alta a receita marginal, qto menos elástica a procura, mais baixa a
receita marginal”- Frase dita em Orais.

Quanto mais elástica for a procura, menos os preços têm de baixar para serem absorvidas
quantidades adicionais produzidas! - é o que realmente interessa aos vendedores.

A questão que mais se coloca é como se pode explicar que haja apenas um vendedor,
nomeadamente em situações bastante atrativas de mercado? Existem, assim, três tipos de
Monopólio.

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Maria Valente Godinho 2021/2022

• Monopólio Legal:
Temos um monopólio pq o estado ou alguém que tem poder para isso, atribui licença
apenas a um operador. O Direito de operar no mercado é atribuído apenas a um
operador.

• Monopólio Natural:
Tradicionalmente referia-se aos casos em que havia apenas um operador de mercado
pq era necessário uma certa matéria prima para produzir algo e apenas um operador
tinha acesso a essa matéria prima;
Ex: só haveria lítio numa zona especifica da América do Sul- aquele que era dono do
terreno, era o único a conseguir produzir baterias elétricas; ISTO ERA QDO AS
ECONOMIAS ERAM FECHADAS-AGORA SÃO ABERTAS!
Há poucos exemplos de Monopólio Natural desta forma, mas a maioria é por outros
motivos:
*Os casos que para uma determinada operação é necessário um investimento tao
grande que não há necessidade de o repetir;
Ex: caminhos de ferro, tem um investimento inicial enorme- a empresa que está acaba
por ficar numa situação mto privilegiada pq já tem esse investimento feito e, portanto,
muito dificilmente outra empresa entra com a produção de novas linhas- fica muito
caro;
Tradicionalmente nos últimos anos 70/80, estes eram os grandes monopólios naturais,
não por acesso a matéria prima, mas pelo investimento enorme nas infraestruturas
que não permitia que surgisse novos concorrentes;

Ex: gás natural e da eletricidade antigamente! Agora há várias empresas a produzir


eletricidade, gás, comboios a operar- as empresas vendem os produtos, mas a utilizarem todas
as mesmas infraestruturas- pagam pela utilização das infraestruturas ao proprietário.

• Monopólio de Facto
Os mercados de concorrência, por vezes, originam monopólios! O objetivo da
concorrência nem sempre é para acabar com as outras, mas às vezes é! As empresas
podem ter estratégias de acabar com as outras- este tipo de estratégia é o que
significa que os preços praticados não correspondem ao preço de máximo lucro- para
esmagarem as suas concorrentes para depois conseguirem ficar sozinhos no mercado-
pelo fecho ou compra das outras empresas por eles; se isto acontecer, temos um
Monopólio de Facto.

Por outras palavras, o Monopólio de Facto é o que resulta do mercado, de uma


empresa inicialmente em concorrência afastar do caminho todas as demais e ficar
sozinha a produzir ou a distribuir.

A Curva da Procura para o Mercado de Monopólio

No Monopólio a curva da procura é típica! O Monopolista tem uma procura, a curva da


procura, aquela que se lhe dirige: ele pode dizer assim “eu quero vender a 100 euros cada uma
das unidades” e vende a 100€- o problema é que a 100€ não consegue vender tanto; ele ou diz
que vende a um preço ou diz que quer vender 10000 unidades e tem de ver o preço para
conseguir vende-las; NÃO CONSIGO DETERMINAR SIMULTANEAMENTE PREÇO E
QUANTIDADE!! Pq eu estou sempre dependente da procura! Ou seja, o ofertante tem quase o

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Maria Valente Godinho 2021/2022

poder todo, porque é o único do mercado, mas não há esta determinação simultânea, a que
chamamos, como já referido, o Princípio de Cournot. Ou seja, como eu tenho uma curva da
procura típica, para vender mais eu vou ter de diminuir o preço enquanto na concorrência
perfeita não, ou seja, para vender mais eu vou ter de baixar o meu preço, a receita total vai
ser superior, mas a receita marginal é inferior ao preço. (Ex: eu estava a vender 100 a 5 euros
e passei a vender 101 a 4,99 euros- eu vou vender mais, mas a minha receita marginal é
inferior ao preço novo (4,99 euros), ou seja, eu deixo de ganhar 1 cêntimo por cada unidade
vendida). A receita marginal depende da elasticidade-preço da procura. A receita marginal é
tanto maior quanto mais elástica for a procura porque quanto mais elástica é a procura,
menos eu vou ter de baixar o preço para vender mais uma unidade.

Assim, a empresa monopolista dispõe da oferta total e pode, aumentando-a ou diminuindo-a,


fazer baixar ou subir o preço. Para a empresa monopolista, o preço é um elemento a
determinar, e a empresa, capitalista, vai optar pelo preço que lhe permite o máximo lucro,
com maior excesso de receitas sobre as despesas totais.

O Lucro anormal estará presente uma vez que o custo total médio é inferior ao preço. Há o
preço ótimo do Monopólio, neste caso o P1, será aquele que dá o máximo lucro, porque é o de
equilíbrio entre a procura e a oferta e cujo o custo marginal é igual à receita marginal.
Portanto, eu posso estar a vender a P1, mas tenho um custo total médio situado abaixo, por
exemplo, a P2!

No entanto, o Monopolista pode, ainda, ter uma estratégia que lhe permite aumentar o lucro,
praticando os chamados Preços Múltiplos; Se ele praticar um único preço, aquele que lhe dá
mais lucro é o ótimo, mas se conseguir praticar vários preços, por exemplo, eu sou
monopolista e posso, em determinadas condições, posso tentar praticar preços múltiplos- um
cirurgião, o preço ótimo do seu trabalho era 1000€, mas qdo ele vê que um paciente está
disposto a pagar 2000 ou 3000 ele faz esse preço- ele quase que faz um preço para cada um
dos clientes, ele pode fazer isso. A maioria dos monopolistas não consegue fazer isto e,
portanto, tem de fracionar o mercado em dois ou três grupos: : exemplos das companhias
aéreas ou comboios: ao mesmo tempo uma companhia aérea consegue vender bilhetes a
vários preços: económica, premium, executiva, assim como a CP- primeira classe e segunda- as
pessoas estavam dispostas a pagar valores diferentes, mas têm de diferenciar os mercados:
comida melhor, bancos melhores, conforto, etc- diferenciação mínima pq senão ninguém
estava disposto a pagar mais - e tenho de garantir que não há mistura de mercados- uma
pessoa que comprou bilhete de 2 classe, não pode viajar na primeira, não seria justo!
Com estes diferentes preços, eu consigo ganhar mais dinheiro; (Fracionamento no Espaço)

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Maria Valente Godinho 2021/2022

Há fracionamento no tempo, também, por exemplo, nas editoras de livros: lançam a primeira
edição mais cara. Vendida a primeira, a segunda edição já é editada mais barata- quem está
disposto a pagar pelo livro, compra logo; posteriormente, aqueles que não se dispunham a
comprar a 15€, podem comprar mais tarde;

Também acontece um bocadinho, por exemplo, nas companhias aéreas- há vários preços na
económica, nomeadamente tendo a ver com o momento em que se compra - os preços vão
aumentando normalmente, até que depois na véspera baixa- tudo o que consigam vender
para acabar de encher, acaba por ser útil, pq os gastos quer o avião vá cheio ou a metade será
o mesmo para as companhias (mas a aviação não é um monopólio!!)

Renda dos Consumidores e a prática dos preços múltiplos


Renda do consumidor: é a diferença que um consumidor está disposto a pagar e o que paga
efetivamente.

Sempre que o preço é único, há renda dos consumidores, pois há pessoas que adquirem a
mercadoria a preço mais baixo do que aquele que estavam dispostas a pagar, em caso de
necessidade. Graças a isto, o monopolista, em vez de fixar o preço único, diferencia o preço
para absorver o rendimento dos consumidores (várias pessoas compram o mesmo produto a
diferentes preços).

No entanto, no Monopólio, os compradores não podem decidir a qual ofertante vão comprar,
porque só existe um, não há Mobilidade da Procura. O monopolista pode exigir preços
diferentes a pessoas diferentes (preços múltiplos)! Com o objetivo de absorver a renda dos
consumidores.

Moderadores de Preço
São os motivos que levam o monopolista a pratica um preço abaixo do preço ótimo. O
Monopolista está a alcançar um grande lucro estando sozinho no mercado, com o custo médio
claramente abaixo do preço e, portanto, não lhe interessará mudar. No entanto, existem
alguns fatores que poderão influenciar o monopolista a querer sair desta situação.

 Medo da concorrência de sucedâneos- não existem sucedâneos próximos,


mas se o preço de um sucedâneo (afastado) for mais compensatório, haverá
concorrência de sucedâneos.

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Maria Valente Godinho 2021/2022

 Medo da concorrência potencial - Pode surgir concorrência, porque apesar de


não existir concorrência em Mercado de Monopólio, tem que se preocupar com a
ameaça de eventualmente esta poder surgir, pois quanto mais os lucros do
Monopolista, mais o mercado se torna atrativo, o que leva ao surgimento do interesse
de novas empresas. É certo que se trata de uma probabilidade relativamente pequena,
pois leva sempre tempo a formar-se uma nova empresa, capitais investidos enormes
para se constituir uma empresa concorrente da detentora do monopólio. Não deixa,
todavia, de ser uma hipótese a considerar, sendo por isso preferível que o monopolista
estabeleça um preço mais baixo, diminuindo os lucros, mas mantendo-se a única.

 O receio da reação do estado- um monopolista também pode limitar os seus


lucros de forma voluntária, porque tem receio que se tiver lucros grandes, haja um
mau estar social. O monopolista não quer que o estado intervenha no mercado e este
só intervirá se verificar que há uma situação de abuso ou de lucros realmente
exorbitantes.

Os Mercados de Monopolio normalmente tem margens muito grandes, então em vez de terem
a margem toda nos curtos prazos, ele prefere ter preço mais baixo, ter uma margem mais
baixa, mas é muito mais difícil ter concorrentes.

❖ Mercado de Concorrência Monopolística


O número de empresas é menor do que na concorrência pura e perfeita, ou seja, há alguns
ofertantes que não são enormes, mas também não se podem considerar insignificantes. As
empresas que estão no mercado tem como principal objetivo a criação de uma clientela fixa,
ou seja, compradores que vejam o seu produto como o melhor, criando uma razão de escolha
do mesmo, pelas pequenas diferenciações do mesmo em relação aos outros produtos do
mercado. Existem assim imensas pessoas como compradores, mas não existe uma total
mobilidade nem total transparência no mercado, apesar de existir alguma!

Ou seja, o característica principal será mesmo a diferenciação dos produtos entre as


diferentes empresas: serão produtos que servem basicamente para o mesmo fim, mas tem
algumas diferenças entre si. Ex: existem diversas lixivias e shampoos, mas todos eles com
diferentes características- não se consegue encontrar um shampoo que seja só shampoo- ou é
para cabelos secos, oleosos, ondulados, etc. Existirá sempre a chamada diferenciação mínima-
cada ofertante vai tentar encontrar características especificas no seu produto, para o tentar
diferenciar dos demais, mas a base continuará a mesma, para tentar conseguir ganhar a
preferência dos consumidores e criar a sua própria clientela.

A diferenciação poderá dizer respeito aos próprios produtos, onde pode ser tanto uma
Diferenciação Material Objetiva, ou seja, tendo a ver com a própria natureza do produto (na
sua apresentação, feitio, alterações dos ingredientes com que se fabrica) ou então uma
Diferenciação Jurídica (a sua individualização, não sendo permitido outra empresa colocar
produtos com a mesma marca daquela que foi atribuída com certa exclusividade) ou pode
ainda ter que ver com as Condições de Venda, havendo as Diferenciações de Facto, quando as
condições de venda são de certa maneira independentes da vontade ou da ação do
empresário (localização da empresa, reputação do vendedor, laços pessoais entre o cliente e o
vendedor) ou Diferenciação Provocada, quando diz respeito à ação sistemática do empresário

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Maria Valente Godinho 2021/2022

relativamente ao seu produto e às condições da sua venda (publicidade, exposições do


produto, etc.)

Esta política das empresas, no sentido de atrair a cada uma delas uma parcela crescente da
procura global, implica despesas, despesas que acrescerão ao custo da produção do produto.
Existe a distinção entre dois tipos de custos: os custos de produção (despesas necessárias para
a criação de mercadorias- visam aumentar a oferta com o objetivo de satisfazer a procura) e os
custos de venda (existência de política de vendas, para informar o consumidor ou para o
persuadir).

Assim, existem todos os custos de venda para que se possa criar, ampliar e assegurar a
clientela de uma dada empresa.

A CURTO PRAZO: os Mercados da Concorrência Monopolística assemelham-se ao


Monopólio, quando o ofertante lança um produto novo e só ele possui esse mesmo produto,
por exemplo, a lixivia de roupa preta da Neoblanc, TEM LUCROS ANORMAIS. O que acontece
aqui e que não ocorre no Monopólio é que aqui eu efetivamente tenho concorrentes, e
portanto as outras marcas vão copiar o meu produto, lançam as suas versões, neste caso a
lixivia de roupa preta, AUMENTANDO A OFERTA, O QUE DIMINUIRÁ O PREÇO- desaparecerão
os lucros anormais rapidamente, pelo que a empresa terá de pensar em lançar novamente um
produto inovador, para tentar contraria a inexistência de lucros anormais e estarão sempre a
lançar produtos novos, justificando o facto de não encontrarmos apenas lixivia ou shampoo,
porque todas as marcas procuram a especificidade.

A LONGO PRAZO: Os concorrentes daquela empresa vão ver a sua inovação de produto e vão
tentar recriar, quase “copiar” aquela, podendo até mesmo melhorar a inovação. A primeira
empresa deixa de ser monopolista, pois a oferta aumenta e, portanto, o preço irá diminuir.
Temos assim uma nova situação de equilíbrio onde os Lucros Anormais vão DESAPARECER,
porque o preço igualará o custo médio, mas não no seu ponto mínimo (que diferencia da
concorrência pura e perfeita, pois nesta a longo prazo os custos anormais desaparecem,
porque o preço é igual ao custo médio, mas no seu ponto mais baixo). Surge assim o
Equilíbrio de Desperdício, onde desaparecem os lucros anormais, mas o custo medio ainda
não atingiu o ponto mínimo, porque há custos na concorrência monopolística, nomeadamente
de desenvolvimento, investigação e publicidade que não vão desaparecer- estes custos não
existem na concorrência pura e perfeita, não são necessários!

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Maria Valente Godinho 2021/2022

A concorrência monopolista dá um preço um bocadinho superior e quantidades um


bocadinho inferiores em relação à concorrência pura e perfeita. O primeiro dá aos seus
consumidores algo muito importante que são os produtos novos e a evolução tecnológica- a
nossa sociedade é assim pq é o estímulo da concorrência monopolística- se vivêssemos em
concorrência pura e perfeita, podia haver mais quantidades e até mais baratos, mas só havia
um produto e seria igual para toda a gente.

Os lucros anormais podem reaparecer, se a empresa lançar um novo produto no mercado ou


então vai procurando diferenciar o seu produto, de forma a criar a sua clientela fixa. Se isto
não acontecer, o que vai acontecer, é que os produtos de todas as empresas vão se tornar
mais parecidos com aqueles que se vendem mais, ou seja, ao líder do mercado. Os produtos
vão se tornar homogéneos e a procura vai se tornar perfeitamente elástica!

❖ Mercado de Oligopólio

Aqui existem poucos ofertantes (Até 5 ou 6, no máximo), mas muito grandes! Assim, a sua
quase totalidade de produção e de oferta vai caber a poucas empresas, mas a grandes
empresas- concorrência entre poucas e grandes empresas.

Numa situação de oligopólio vai existir um pequeno número de grandes empresas que vão
pretender dominar o setor, embora no meio destas grandes possam também existir algumas
empresas menores. Em geral, as empresas têm uma grande dificuldade em entrar para este
tipo de mercado.

Porquê que os mercados são oligopólios?

Como referido, surge obstáculos ao surgimento de novas empresas, sendo que estes podem
ser tanto de facto, como legais ou naturais.

 Obstáculos de facto: as empresas que estão no mercado podem impedir


outras empresas de entrar no mercado- vai ser uma ação preventiva das empresas.
Podem faze-lo por três formas:
*Limite de preço: é partilhada pelas empresas que estão no mercado, elas fixam um
acordo, entre as empresas existentes ou então por decisão da empresa dominante e
poem os preços abaixo do nível de máximo lucro a curto prazo, para afastarem, desta
forma, a longo prazo, o surgimento de novas concorrentes.

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Maria Valente Godinho 2021/2022

*Investimento em massa: aumenta-se o capital fixo para além daquilo que é


necessário para responder à procura e assim utilizarão esta estratégia para terem
capacidade de resposta ao lado da oferta, porque no caso da procura aumentar, não
vai criar a vontade de novas empresas entrarem no mercado, porque as empresas que
estão no mercado, vão conseguir reagir ao aumento da procura;
*Controlo do acesso aos fatores de produção: as empresas que existem vão procurar
tornar quase impossível para as novas empresas, obterem matérias primas ou
equipamentos.

 Obstáculo Legal: Primeiro pode ser necessária a autorização dos poderes


públicos para que haja a constituição de novas empresas; Por outro lado, caso as
empresas existentes gozem de mecanismos de invenção, mais nenhuma empresa de
pode instalar usando exatamente os mesmos processos de fabrico, não seria justo.

 Obstáculo Natural: O Oligopólio existe caso haja uma matéria prima que só
exista em determinadas zonas e onde apenas um número restrito de empresas têm
acesso a elas.

Principais características do Oligopólio


A procura será duplamente atípica, ou seja, será atípica em dois momentos. Antes de afixado
o preço, a procura é indeterminada, desconhecida- não se sabe quanto é que se vai vender,
pois não se sabe a reação dos outros ofertantes, não conseguimos ter uma curva da procura a
dirigir-se ao primeiro. Ou seja, para determinar o preço, este vai definir a sua estratégia de
acordo com aquilo que ele acha que vai ser a reação das outras empresas- Interdependência
Conjetural. Depois de fixar o preço a procura é quebrada, pois se eu diminuir o preço, os
outros ofertantes vão igualmente diminuir o preço, mas se eu aumentar o preço em relação
aos outros, vou acabar por perder a procura. Portanto, para se fazer uma verdadeira
caracterização do oligopólio é essencial referir a dupla atipicidade da procura.

A estratégia é: uma vez fixado o preço, não mexer mais no preço. Mas isto não quer dizer que
não haja concorrência, porque a concorrência faz-se de outras formas (através da
publicidade/facilidade de pagamento/marketing/imagem, etc.), apenas não há concorrência
no preço!

Podem ainda acontecer, algumas vezes, a realização de Práticas Anti Concorrenciais, ou seja,
um abuso por parte da parte dominante. Posso já ser possuidor da parte dominante e abuso,
ou se não a tiver, junto-me com mais, para que todos juntos possamos ter a posição
dominante- São práticas proibidas, mas haverá sempre perigo do abuso de poder da posição
de poder, nos mercados e nos monopólios. Aliás, os Oligopólios podem ser, muitas vezes,
Monopólios disfarçados, não havendo, por vezes, acordo sobre o preço, mas acabam por não
fazer concorrência uns com os outros.

 Interdependência Conjetural: corresponde ao ato em que cada empresa tem


sempre em atenção a reação das outras empresas, influenciando as suas ações, pois
no Oligopólios as empresas dependem muito umas das outras- a ação vai estar sempre
dependente daquilo que ele acha que vai ser a reação do outro.
 Indeterminação da Procura: Antes de uma empresa lançar um produto no mercado, a
empresa não tem uma determinada curva da procura, ela não sabe como esta será- a

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Maria Valente Godinho 2021/2022

procura é indeterminada, pois a empresa não depende apenas de si mesma e não se


sabe como será a reação das outras.
 Paralelismo do Comportamento: sabemos que apos a fixação do preço no mercado, a
curva da procura é quebrada! A procura é MUITO ELÁSTICA acima do preço de
mercado, pois as pessoas vão comprar a outro lado que seja mais barato. Existe
comportamentos paralelos- no caso de uma empresa baixar o preço, todas baixam
igualmente o preço.

• Oligopólio Perfeito e Imperfeito

 Oligopólio Perfeito: não há diferenciação do produto, o produto é exatamente o


mesmo em todas as empresas, pelo que se uma atua sobre o preço, todas as outras
atuarão igualmente. Temos o exemplo do Cimento, que é um Oligopólio sem
diferenciação de produto, não havendo apego de clientela, pois o produto é tão
homogéneo, que é indiferente comprar num lado ou no outro, será igual, sendo que se
uma empresa reduz o preço, todas as outras também o farão prontamente, não
podendo haver mais que um preço no mercado.

 Oligopólio Imperfeito: Existe diferenciação do produto, pelo que existirá já uma


clientela fixa, pelo que as reações de afastamento da procura por uma mudança
qualquer não será tao imediata, porque se as pessoas são fiéis àquele produto, ainda
aguentam a subida de preço durante um tempo. Desta forma, se houver uma redução
de preço do produto por parte de uma empresa, ela não vai atrair a totalidade dos
clientes, porque estes já são fiéis a outro produto, minimamente diferente. Temos o
exemplo da Cerveja.

Em suma, a estratégia das empresas em oligopólio não é, efetivamente, criar grandes


variações no mercado, pois sabem que se aumentarem o preço, venderão muito menos,
porque as outras empresas terão um produto sempre mais ou menos idêntico e se baixarem o
preço, todas as outras empresas prontamente o farão- a melhor estratégia é combinarem os
preços entre as várias empresas e não mexerem mais, não concorrem através de alterações
do preço, mas por outras vias de diferenciação:

 Concorrência através da publicidade


 Acesso às fontes de matérias-primas
 Inovação da técnica, onde se formam novos processo de produção e novos produtos,
originando competição muito ativa;
 Ocupação de posições em todo o espaço disponível, de forma a não deixar espaço
para empresas concorrentes;

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Maria Valente Godinho 2021/2022

 Concorrência através das condições de vendas, através da aplicação de facilidades de


pagamento, descontos, garantias, etc.

(VI Capítulo não foi abordado)

VII Capítulo- A participação na produção e a formação dos preços dos


fatores
Este capítulo apresenta-se importante na medida em que se percebe como é que se forma os
preços dos fatores, sobretudo de um fator muito importante, que é o trabalho. Ou seja,
saberemos como se forma o preço do trabalho, que é o salário e ainda nos vamos referir a
outros fatores importantes como o chamado Juro.

Há uma distinção importante que se faz entre:

-Perspetiva Mainstream, que aceita a chamada Perspetiva Aditiva- o preço dos fatores
forma-se de um modo independente dos outros, sendo o resultado final um custo total. Ou
seja, nós vamos ter o preço do salário, das rendas, dos juros, dos lucros a formar-se e depois
por fim resulta o custo e o respetivo valor do bem. Sendo assim, os preços dos fatores de
produção vão-se formar nos mercados de cada fator em específico e depois o valor do bem
será o resultado da soma de todos estes custos- Desta forma, a formação dos preços será
considerada independente, pois cada fator estabelece o seu preço no próprio mercado. (O
salário, por exemplo, forma-se de acordo com o mercado de trabalho, em que a oferta é dada
pelos trabalhadores e a procura é dada pelos empresários.) Os preços formar-se-ão sempre de
acordo com a procura e a oferta.

O Dr. Porto assume esta perspetiva aditiva!

-Perspetiva Dedutiva- o valor do bem será determinado pelo trabalho sendo que este valor
será posteriormente dividido em salários, rendas, juros e lucros. Caso se aceite a perspetiva
dedutiva, eu aceito que se o salário for aumentar, outros fatores terão de diminuir. Assim, esta
perspetiva implicará uma maior conflitualidade social.

• O Salário
Formam-se tanto através da procura como da oferta de trabalho, onde temos os
trabalhadores que efetivamente representam a oferta de mão de obra e os empresários que
representa a procura de mão de obra.

 A curto prazo: a oferta de mão de obra será atípica (a curva da oferta tem inclinação
positiva, quanto maior o preço for, maior será as quantidades oferecidas). No entanto,
a oferta de trabalho não será assim, pois corresponderá quase a um “Z”, porque na
sua zona mais elevada e na sua zona mais baixa é atípica.
Na zona mais baixa referimo-nos a salários bastante mais baixos, pelo que se verifica
que caso o preço diminuía, ou seja, o salário baixe, as pessoas não podem diminuir a
sua oferta de trabalho, pelo contrário. Ex: Caso eu ganhe 600€ e me baixam o salário
para 550€ eu não posso trabalhar menos, eu vou tentar trabalhar mais, fazer horas
extraordinárias ou arranjar um segundo emprego para mais uma vez conseguir chegar
aos 800€- as pessoas precisam do montante inicial para conseguirem viver.
Concluindo, caso os salários diminuam, a oferta de trabalho irá aumentar.

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Nas zonas de salários mais elevados, a oferta também será atípica, pois com o
aumento dos salários, muitas vezes a oferta tende a diminuir, ou seja, a pessoa ganha
tao bem que se ficar a ganhar ainda mais, eu começo a ter vontade de ter mais tempo
livre para efetivamente gastar o dinheiro que tenho.

 A longo prazo: A oferta de trabalho está determinada pela demografia, sendo um


problema mais específico dos países ocidentais da Europa. Por exemplo, estes países
Europeus estão, muitas vezes, obrigados a ter emigrantes, porque caso contrário não
tem trabalhadores suficientes- talvez porque os europeus têm poucos filhos, a
população está cada vez mais envelhecida. No entanto, as novas tecnologias tentam
resolver este problema, porque como a população é cada vez menor, tem de haver
algo que compense este número baixo, porque diminuir o trabalho não será uma
opção.

De um modo sucinto, os salários dependerão essencialmente da produtividade, porque o


empresário so estará disposto a pagar e a contratar funcionários caso o nível de
produtividade seja elevado. Assim, a forma artificial de tentar aumentar os salários não
vai resultar, porque os salários são talvez o mercado dos fatores mais regulado!

Por um lado, temos os defensores da Mainstream mais liberais que defendem que esta
rigidez no mercado de trabalho deve ser minimizada, pois há de facto posições muito
diferentes.

O empresário estará numa posição de superioridade em relação ao trabalhador, porque pode


contratar ou não contratar e o trabalhador não está na posição de dizer que não trabalha, pois
se não trabalhar, também não vai ganhar. Desta forma, a perspetiva da regulação deste
mercado passa também por isto, que o salário não funciona como os outros fatores de preço.
E é por isto que as convenções coletivas são tão importantes, para proteger de certa forma os
trabalhadores. Porque aqui a diferença de posições é mais debatida! Caso o salário mínimo
esteja acima da produtividade, existirá um problema e os empresários não irão contratar!

Quando dizemos que queremos relançar a economia, diminuir o desemprego e aumentar


empregos a longo prazo, então é mais fácil tirar os fatores de rigidez, porque se o salário for
flexível, inicialmente até é mais baixo, mas a verdade é que se os empresários atingirem
produtividade, vão contratar, distribuindo rendimentos na economia. Distribuindo rendimento
na economia, vai aumentar a procura. Aumentado a procura, há tendência para os
empresários aumentarem a oferta, tendo inevitavelmente de aumentar a procura de
trabalhadores. Aumentado a procura de trabalhadores, o salário sobe.

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• A Renda
O preço estabelece-se através da oferta e da procura, tal como o salário, mas de uma forma
diferente! A sua oferta será atípica porque será vertical. Assim, a renda vai depender da
procura - se a procura aumenta, as rendas também aumentam e se a procura diminui, as
rendas também diminuem.

Existe a Renda Diferencial, uma teoria que diz que os proprietários conseguem apropriar-se da
diferença entre a produtividade na sua terra e a produtividade na terra menos produtiva, visto
que os terrenos não têm todas a mesma produtividade, havendo umas que transmitem mais
lucro que outras- esta teoria já provem de David Ricardo.

• O Juro
O juro também se irá formar entre a oferta e a procura! Existem dois mercados de capital:

 Mercado a Curto Prazo: a oferta e a procura não são típicas, a chamada Preferência
pela Liquidez, ou seja, as pessoas querem ter dinheiro em saldos líquidos, não
significando esta expressão, poupar, mas “por dinheiro debaixo do colchão”, ou seja, o
dinheiro não está a render, preferindo o presente em relação ao futuro, pois com o
dinheiro líquido eu posso comprar algo no presente, mas estou a renunciar ao
consumo. Caso eu tivesse o dinheiro no banco, eu recebia juros, mas eu não o ponho
no banco e, portanto, não recebo o juro, renunciando-me ao rendimento. A oferta de
fundos neste mercado é ma quantidade de moeda que existe, ou seja, será fixa.
 Mercado a Longo Prazo: existe uma determinada quantidade de procura de fundos
para se investir e também teremos uma determinada oferta que vem das poupanças.
A procura e a oferta são típicas, a procura será descendente e a oferta ascendente.
Quanto mais baixo for o juro, mais eu quero investir, quanto mais alto for, mais eu
estou disposta a por no banco, sendo que a poupança é que vai dar origem à oferta de
fundos.

Em suma, o juro vai-se formar a partir da conjugação destes dois mercados. Assim, a
oferta corresponderá tanto à massa monetária como à oferta da moeda e a procura
corresponderá à preferência pela liquidez e ainda a procura de fundos para investir. As
duas curvas serão, por fim, mais ou menos típicas, porque serão resultantes dos dois
mercados, um deles atípico.

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• O Lucro
Não se deve confundir o juro com o lucro, visto que o juro corresponde a uma remuneração do
capital, enquanto o lucro não, porque não haverá nem procura nem oferta de lucro. Haverá
alguma concorrência, nomeadamente entre os setores, mas dentro desta, o lucro efetivo vai
ser uma categoria residual.

O lucro vai depender do preço que o empresário vai conseguir através da venda dos seus
produtos, dependendo da sua eficiência da sua gestão, como os custos que tem. É RESIDUAL
em cada um dos seus investimentos. Se há um setor que está a ter muitos lucros, vários
empresários vão investir nesse mesmo setor, porque se está a dar lucros é porque há muita
procura e o preço está alto. No entanto, havendo tantos empresários no setor, a oferta irá
aumentar e o preço cairá, havendo a diminuição dos lucros.

Um setor que não tem procura não terá lucro, enquanto que a oferta se associará à procura,
porque irá “atrás” do lucro. O lucro será, assim, em cada investimento particular, residual no
sentido de ser tudo aquilo que sobre após todos os custos serem pagos.

Capítulos com especial importância para o exame:


I Capítulo, III Capítulo, IV Capítulo, V Capítulo- de certeza que sai sempre uma pergunta de
desenvolvimento sobre um mercado!

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