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APONTAMENTOS DAS AULAS DE

ECONOMIA
Todos nós, como seres humanos, sentimentos necessidades. Estas necessidades podem ser
muito variadas, desde os essenciais à sobrevivência às mais dispensáveis e passageiras, tais
como aspirações e desejos. De uma forma geral, podemos dizer que as nossas necessidades
são ilimitadas, no entanto, os recursos (bens e serviços) que utilizamos para as saciar são, por
sua vez, limitados e escassos.
Esta dicotomia leva à necessidade de fazer escolhas, face às diferentes opções que temos ao
nosso dispor. Este é o objeto principal da Economia. Nas palavras de Robbins: "a Economia é a
ciência que estuda as opções face à raridade dos bens.".
As necessidades de cada pessoa são ilimitadas, muitas vezes satisfeitas recorrentemente,
relativas, dependem de pessoa para pessoa, e de carácter variável, podem mudar com o
passar do tempo e o evoluir da tecnologia. A sobreprodução não significa que exista uma
diminuição das necessidades, ou seja, que estas tenham sido saciadas, mas sim que há um
desequilíbrio no mercado, ou seja, entre a procura e a oferta.
As escolhas e os bens são limitados, principalmente os bens económicos (diferentes dos
bens livres, que existem em tais condições que se podem obter sem grande esforço).
A Economia é uma ciência eminentemente social, estudando a conduta humana nas suas
interações, os seus padrões de consumo e a forma como fazem as suas escolhas. A economia
estuda as escolhas individuais e coletiva no ambiente de escassez de recursos. Escolhas estas
feita em liberdade, de forma não condicionada e não coagida, neste ambiente de escassez e
com a premissa de que as necessidades são ilimitadas.
Temos bens/recursos escassos e necessidades virtualmente ilimitadas. Há que tomar uma
decisão e, nesse sentido, fazemos uma avaliação das opções que temos, analisando os prós e
os contras daquela decisão, e, inevitavelmente, surge uma ordem. Há uma ordem espontânea
para tomar esta decisão, ao fazê-lo estamos a agir de acordo com o princípio da racionalidade:
a escolha racional é aquela que permite a maior vantagem líquida, ou seja, aquela em que os
benefícios são máximos e os custos são mínimos (benefícios - custos = resultado líquido). Ao
fazer esta operação obtenho o resultado líquido e escolho a opção que tiver maior resultado
líquido, sendo esta a minha escolha racional. A racionalidade é, no fundo, a que permite a
maior vantagem líquida.

ADDAM SMITH E A MAXIMIZAÇÃO DAS VANTAGENS INDIVIDUAIS


O início da teorização daquilo que é a Economia e da sua designação enquanto ciência dá-se
no séc. XVIII, com a publicação de "A riqueza das nações", de Adam Smith, em 1776. Smith
apresenta a ideia de que todos nós queremos obter o máximo benefício possível com o
mínimo de esforço/custo associado. Esta vontade de maximização das vantagens individuais
seria o que motiva as nossas ações. Mesmo que todos façamos escolhas diferentes, todos
chegamos à nossa decisão através desta vontade, ou seja, não é a escolha que deve ser tida
em conta, mas sim a forma como esta é feita e, embora as escolhas sejam todas diferentes, o
seu aspeto em comum é o facto de visarem a maximização das vantagens individuais, tendo
em conta os conceitos de rendimento, utilidade e desutilidade.
Podemos determinar a vontade de maximização das vantagens individuais como
"comportamentos racionais", ou seja, todas as escolhas são racionais e elas são-no na medida
em que procuraram maximizar os benefícios e reduzir os custos.
Smith introduz o conceito de "ordenação espontânea" que consiste "cada um se estiver a
tomar decisões em liberdade, toma-as egoisticamente, ou seja, escolhe a opção que lhe
trouxer menos custo e maior benefício".
De acordo com Smith, “Aos defeitos individuais correspondem virtudes públicas”, ou seja,
cada um age egoisticamente, no sentido de satisfazer o interesse próprio, mas isso acaba por
melhorar geralmente a sociedade (cada um, querendo o melhor para si mesmo, produz o
melhor para si e, consequentemente, para todos, logo, é um bem geral). Este egoísmo
individual, condizente com a lei do menor esforço, traduz-se, em escala, em benefício público.
Isto acontece, pois, as nossas ações, como agente racionais, permitem uma auto-organização
dos mercados de forma a atingir um equilíbrio. O egoísmo individual transforma-se em
virtudes públicas visto que contribui para o funcionamento do mercado e para a riqueza da
sociedade. Através da nossa conduta estamos a contribuir para o equilíbrio da sociedade pelo
que há uma ordem natural e imanente e a sociedade equilibra-se por si. Pode-se concluir que
o Homem procura obter o máximo de satisfação e com isso está a contribuir para o bem
comum e que a racionalidade conduz os mercados ao equilíbrio, que se alcança naturalmente
pela interação dos mercados.
A ideia de egoísmo individual forma a ideia de "mão invisível": os egoísmos individuais
transformam-se em benefícios coletivos. Como todos estamos a trabalhar da mesma forma,
todos ficamos satisfeitos, pelo que o Estado não precisa de intervir na Economia, exceto em
casos de defesa militar e defesa interna. Chamamos a isto Liberalismo Económico.
Relativamente à mão invisível, Smith dava o exemplo do padeiro que fez o pão porque sabia
que alguém tinha a necessidade de comer o pão e ia adquirir aquele bem, pelo que obteria
lucro. Nesse sentido, eu compro o pão porque preciso dele e não quero fazê-lo, pelo que
também obtenho benefício dessa compra. Os agentes económicos agem de acordo com aquilo
que é lucrativo para os mesmos. Assim sendo, se todos agirem egoisticamente, existe um
encaixe de egoísmos. O egoísmo do padeiro encaixa no meu egoísmo de querer comprar pão e
não o querer fazer. É assim que funciona a dita mão invisível: se todos tiverem o mesmo
comportamento, as necessidades de todos vão se encaixar.
O Estado não precisa de fazer qualquer tipo de intervenção porque, agindo da mesma forma,
os agentes possuem necessidades complementares.
Segundo esta conceção, é possível afirmar que qualquer intervenção exterior, como a do
Estado, na Economia deve ser cautelosa, limitada e mínima, pois interfere no equilíbrio da
ordem natural que decorre dos incentivos individuais dos agentes económicos, ou seja, no
equilíbrio natural da sociedade. Esta ideia, de Smith, informa a ideologia do Liberalismo
Económico e Político: a sociedade autorregula-se, ou seja, as pessoas organizam o mercado
por si mesmas, logo, não é necessária a intervenção do Estado. A ordem espontânea para que
os mercados tendem é imanente, deriva da racionalidade de cada individuo, e não
transcendente, no sentido de esta ordem provir de um ser superior.

A PERSPETIVA NEOINSTITUCIONAL
Apesar de Smith ser identificado como o pai da Economia, outros autores e pensadores
contribuíram, desde então, para a disciplina. Podemos dizer que Smith e outros autores foram,
inicialmente, os autores clássicos. Sendo seguidos pelos autores neoclássicos. Havendo
eventualmente uma divergência de perspetivas, entre a neoclássica e a neoinstitucional.
A perspetiva neoclássica, representada por Robbins, muito associada à matemática, é uma
perspetiva de metedologia dedutiva, que parte do geral para o particular. Nela criam-se
modelos abstratos e subsequentemente tenta-se aplicar estes modelos ao mundo real.
A perspetiva neoinstitucional, por sua vez, emprega uma metodologia indutiva, que parte da
análise do concreto para o abstrato/geral, ou seja, para a formação de princípios gerais. Assim
analisa como a realidade (as instituições) condicionam o comportamento dos agentes
económicos.
Podemos afirmar que associado à perspetiva neoclássica existe o conceito de racionalidade
perfeita e associado à perspetiva neoinstitucional existe o conceito de racionalidade limitada.

A racionalidade plena/perfeita é característica/pressuposto comportamental assumido pelos


economistas da escola clássica e neoclássica que admite que os seres humanos nas escolhas
económicas são homens económicos, ou seja, que o Homem tem informação completa e
plena, o que se revela um ideal abstrato.
De facto, a racionalidade perfeita parte do pressuposto de que o Homem possui toda a
informação, mas isso não ocorre. De facto, para este ideal ser aplicável, teria de se verificar
que, quando alguém quisesse fazer uma determinada compra, por exemplo uma caneta,
tivesse de saber os preços da respetiva caneta em todas as papelarias, algo que não ocorre.
Percebe-se, portanto, que o Homem revela limitações relativamente a um comportamento
quase perfeito e, nesse sentido, Herbert Simon introduz, em 1957, a ideia de racionalidade
limitada que afirma que a escolha económica é feita num contexto de ignorância económica.
No entanto, embora limitada, a escolha não deixa de ser racional visto que acarreta custos e
benefícios. A nossa informação é limitada visto que obter a mesma também acarreta custos
visto que, recuperando o exemplo da compra da caneta, para saber os preços em todas as
papelarias teria de gastar dinheiro e, sobretudo, tempo. Tempo este que não estou a canalizar
para outras atividades mais valiosas.
O conceito de Racionalidade Limitada decorre da forma como a nossa informação é limitada
porque a nossa própria capacidade informacional é limitada. Smith considerava que a
racionalidade era perfeita, partindo da ideia de que todos os agentes são homoeconómicos, ou
seja, que detêm toda a informação do mercado, sabendo todas as características do mercado
e que, portanto, tendo plena informação, fazem a escolha mais racional - a que tem o
benefício líquido mais elevado. A racionalidade limitada tem em consideração os custos
associados à recolha e tratamento da informação, os quais são custos de oportunidade,
afirmando, por isso, que o agente escolha em contexto de ignorância racional, tomando a
melhor decisão com a informação que detêm.
No âmbito do conceito de "custos" encontramos dois tipos: os custos explícitos ou
monetários e os custos implícitos ou de oportunidade.
Os custos explícitos consistem nos custos direitos e contabilizáveis. Entende-se como
exemplo, a busca e compra de um computador, procurando em várias lojas de tecnologia e
comparando os seus preços e qualidade de forma a conseguir o melhor computador ao preço
mais barato, além dos custos de transporte, por exemplo, que essa pesquisa acarreta. Por sua
vez, os custos implícitos consistem no valor de benefício perdido / que se deixa de obter
associado à segunda melhor alternativa. Os custos de uma atividade consistem na soma entre
os custos explícitos e os custos implícitos.
Por exemplo, supondo que eu quero comprar um carro e, nesse sentido, dirijo-me a um
stand, faltando ao trabalho. Ao não comparecer ao trabalho, vou ser descontada no meu
vencimento. Existe, portanto, uma comparação entre aquilo que fiz e o que poderia ter feito.
Racionamos sempre à margem, não segundo tudo o que poderíamos estar a fazer. Os custos
implícitos são, portanto, o valor daquilo que deixamos de fazer e, nesse sentido, escolhemos a
opção que tiver mais valor para nós.
Por outro lado, tendo como exemplo a minha presença na faculdade. Em termos de custos
explícitos podemos colocar o preço do passe e da propina e, em termos de custos implícitos, o
facto de não estar em casa a fazer algo de lazer, por exemplo. Em termos de benefícios, encaro
o investimento na minha educação enquanto uma garantia de que, no futuro, possa vir a
ganhar um maior salário, no entanto, também posso encarar estes quatro anos enquanto uma
renúncia ao vencimento imediato, visto que já podia estar a trabalhar.
Outro exemplo verifica-se quando comparamos duas situações de um determinado
trabalhador:
 SITUAÇÃO A: trabalhador por conta de outrem com o rendimento líquido de 5000€;
 SITUAÇÃO B: trabalhador independente com rendimento líquido de 4000€.
Verifica-se que a escolha mais racional a fazer é a escolha da situação A visto que maximiza os
benefícios relativamente aos custos: na situação A o nosso sujeito ganha, em termos
monetários, 1000€ a mais e, em termos de oportunidade, a chance de ganhar 1000€ a mais.
Percebe-se que faz sentido encerrar uma empresa lucrativa se existir uma atividade mais
valiosa e com mais rendimentos.
Outro exemplo decorre da seguinte situação: A é o melhor advogado de Lisboa mas, ao
mesmo tempo, é o melhor a fazer tarefas de secretariado. Como há de A dividir o seu dia?
Deverá trabalhar enquanto advogado o dia todo? Como secretário o dia todo? Ou como
advogado meio dia e a outra metade enquanto secretário? Tendo em conta que advocacia traz
mais benefícios monetários, percebe-se que a escolha mais rentável seria A ser advogado a
tempo inteiro visto que o custo de oportunidade de dividir o seu tempo entre a advocacia e o
secretariado seria maior do que se se dedicasse exclusivamente à advocacia. Aplicados neste
exemplo, os conceitos de divisão e especialização afirmam que cada um desempenha aquilo
que lhe traz mais benefícios.
Um preço relativo é o preço de uma mercadoria, como um bem ou serviço, em termos de
outro; ou seja, a proporção de dois preços. Um preço relativo pode ser expresso em termos de
uma razão entre os preços de quaisquer dois bens. Por exemplo, se se considerar que um
quilograma de bananas custa 6€ e que um quilograma de maçãs custa 3€, conclui-se que o
preço relativo de um quilograma de bananas é dois quilogramas de maçã, ou seja, para
comprar um quilograma de bananas tenho de abdicar de dois quilogramas de maçãs.
A taxa marginal de transformação de um bem noutro é a medida do custo de oportunidade
(unitário) de um bem medido em termos do outro. Trata-se da quantidade de um bem que
obtenho quando me sujeito a perder outro bem.
Conclui-se que, os benefícios, ou seja, a satisfação das nossas vontades, têm de ser maiores
do que os custos. Procuramos sempre, portanto, obter o maior benefício líquido: maximizar os
benefícios e minimizar os custos.
A noção de benefício decorre da atribuição, da nossa parte, de valor às coisas, sendo que
bens necessários são bens com valor.
Os clássicos (Adam Smith e Marx) associavam o valor do bem ao trabalho que estava
incorporado nesse bem, ou seja, o valor de determinado bem estava associado ao tempo,
esforço, etc. do trabalhador que o fez. No entanto, os bens não têm o mesmo valor para todos.
Atendendo a esta perspetiva, os Marginalistas introduzem um conceito: utilidade. A utilidade,
em termos simples, é o valor subjetivo do bem. Esta utilidade também depende das
necessidades.
Na década de 1870, os marginalistas Jevons, Mengor e Walra concluíram,
independentemente, a preconização da revolução marginalista, que consiste numa série de
contribuições teóricas que fundamentariam uma nova abordagem da Economia - o
marginalismo -, baseada na ideia de que o valor económico resulta da utilidade marginal. Esta
revolução levou à teorização e modernização da Economia e à passagem da Economia Clássica
para a Economia Neoclássica. As descobertas dos marginalistas, condizentes com as
descobertas de Gossen feitas há vinte anos atrás, chamadas Leis de Gossen, permitiram que
estas ideias fossem amplamente divulgadas.
De acordo com a primeira Lei de Gossen, a intensidade de uma necessidade decresce á
medida que vão sendo aplicadas doses sucessivas do mesmo bem até alcançar o ponto de
saciedade.

1.ª LEI DE GOSSEN = À medida que se consome mais de um bem, a utilidade de cada unidade
adicional consumida desce e o seu custo adicional é cada vez mais baixo.

Por exemplo, tenho n copos de água à frente e tenho sede. O primeiro copo de água sabe
muito bem, até que com os sucessivos copos de água que bebo, vai deixar de saber bem (atingi
a saciedade e a partir daí vai ser penoso beber água). As decisões económicas não são de
“tudo ou nada” – há uma gestão para satisfazer parcialmente as nossas necessidades, fazer
mais ou menos de algo. Fica-se sempre aquém do ponto de saciedade. Ou seja, percebe-se que
os nossos raciocínios, andam, na verdade, na margem. Se, por exemplo, tenho dinheiro para
comprar roupa e sapatos, não vou gastá-lo todo em sapatos para ter dinheiro para roupa. O
objetivo é sempre equilibrar e satisfazer as nossas satisfações. Não temos tudo aquilo que
gostaríamos de ter. Como temos de distribuir o nosso rendimento por vários bens, verifica-se
que nem sempre satisfazemos totalmente as nossas necessidades.
Os marginalistas introduziram, portanto, o conceito de utilidade, ou seja, a satisfação
(benefícios e vantagens) que se retira por satisfazer uma necessidade. Trata-se de um conceito
subjetivo. Na generalidade das necessidades não chegamos a satisfazê-las inteiramente,
chegamos antes a um ponto anterior à saciedade, à qual chamamos utilidade marginal.

Através deste gráfico é possível concluir que a Lei Marginal é decrescente, ou seja, a utilidade
marginal é decrescente. Por outro lado, a utilidade total é o somatório das utilidades marginais
e é crescente em menor progressão e utilidade marginal é a utilidade da última dose que é
empregue na satisfação de uma necessidade.
A utilidade depende de pessoa para pessoa, é um conceito subjetivo. Dessa forma, o valor
que damos a algo é relativo a cada pessoa, no entanto, o mercado não sabe isso.
Paramos de consumir porque temos de fazer equilíbrios. Supondo que cada garrafa de água
custa 1 euro, e todas as garrafas custam um euro, e eu estou cheia de sede. Aquilo que
acontece é que na primeira garrafa sinto uma vontade muito intensa, pelo que a utilidade que
retiro da garrafa vale mais do que o custo. Por sua vez, na segunda garrafa, a utilidade que
retiro da garrafa é menor mas continuo a pagar o mesmo preço da primeira garrafa. Comprar a
garrafa não é, portanto, racional pois os benefícios não superam os custos. Se comprasse a
garrafa estaria a incorrer numa decisão que me prejudicaria mais do que beneficiaria. A
utilidade é importante pois mostra quando é que os agentes económicos param de consumir
um determinado bem: quando a utilidade marginal é igual ao preço. Há, portanto, uma ideia
de equilíbrio individual.
A utilidade marginal explica, então, o comportamento do consumidor no mercado: consumo
até ao momento em que o valor de utilidade dos bens seja igual ao custo dos mesmos.
No entanto, os marginalista incorreram num paradoxo, o chamado paradoxo do valor: "Nada
é mais útil do que a agua mas com ela pouco se compra. O diamante é pouco valioso quando
ao seu uso mas pode trocar-se por uma grande quantidade de bens.".
Percebe-se, portanto, uma distinção entre valor de uso, que é meramente estimativo, e
valor de troca. Percebe-se, por exemplo, esta distinção quando pensamos no código civil
anotado que tem imenso valor para o estudante de Direito mas não possui qualquer valor para
um comprador.
Desta forma, os marginalistas fizeram uma distinção entre estas duas conceções, sendo que
o referencial do valor para as relações de troca é dado pela utilidade marginal.
OU SEJA:
O pensamento clássico caracteriza-se pelo método indutivo (do particular para o geral),
defendendo uma teoria objetiva do valor, ou seja, o valor está no objeto (ex. a sua utilidade,
fatores de produção incorporados – horas de trabalho, fatores naturais, etc.).
Os marginalistas aporiam.se num método dedutivo (do geral para o particular), com base
numa teoria subjetiva do valor, afirmando que o valor não está no bem mas depende sim da
avaliação do sujeito e da sua disposição de pagar por ele. Defendem uma teoria de afetação
eficiente dos recursos existentes em quantidades limitadas a usos alternativos efetuada
através do cálculo marginal-diferencial.
Suscita-se o conceito de utilidade marginal, ou seja, a utilidade adicional, a de mais uma
dose ou da última dose empregue para satisfazer uma necessidade. Por outras palavras, mais
importantes do que as grandes decisões (ex.: estudar ou não estudar), para os marginalistas
interessam as pequenas decisões (ex.: estudar mais uma hora ou não).

As trocas são um jogo de soma positiva pois todos ficam a ganhar, os compradores e os
vendedores, visto que estamos num quadro de liberdade e ninguém é obrigado a vender ou a
comprar. Um jogo de soma positiva, surge por oposição aos jogos de soma zero, em que para
um ganhar o outro tem de perder. É o exemplo de alguém que compra um telemóvel e
imediatamente é roubado depois de sair da loja. O benefício de um dá-se através do custo de
outro. É uma troca não consentida e de soma zero: aquilo que um ficou a ganhar foi aquilo que
outro ficou a perder.
No mercado há um referencial que é objetivo: o preço. O preço forma-se no mercado e pelo
confronto entre a totalidade de oferta e a totalidade de procura daquele bem. Para que o
mercado funcione tem de existir procura e oferta, e este resulta do cruzamento entre estes
conceitos.

A procura é personalizada pelos consumidores e a oferta pelos produtores, dando origem ao


preço. A utilidade é uma conceptualização do valor de um bem para o sujeito, é um conceito
subjetivo de valor. O referencial do valor de um bem para os consumidores nasce da utilidade
e o referencial do valor para os produtores é dado pelo custo. Cada uma das parte do mercado
vai ponderar as trocas se, no caso dos consumidores, as vantagens forem maiores do que os
custos dos bens (diferencial entre ambos é a vantagem da troca para o consumidor que é
definida pela utilidade, ou seja, troco até a utilidade marginal ser igual ao preço visto que, até
lá, obtenho mais vantagens do que custos). Por sua vez, os produtores ganham quando
conseguem produzir lucro através de uma grande produção com reduzidos custos de
produção. Produzem até o custo marginal ser igual ao preço de produção.

MERCADO
O mercado é o ponto de encontro entre oferta e procura, quer seja um local físico ou não,
temporário ou não e, por sua vez, o preço corresponde à expressão monetária do valor de
bem, tratando-se de algo objetivo que decorre da interação entre procura e oferta.
As empresas são quem produz os bens para colocar no mercado de bens, pelo que
representam a oferta (output) deste mercado, por outro lado, para funcionar, tem de
contratar trabalhadores, possuir matéria prima e máquinas que constituem bens
instrumentais, pelo que representam a procura do mercado de fatores. Os fatores de
produção são o capital e a terra, que constituem fatores naturais, e o trabalho. Por sua vez, as
famílias representam a procura do mercado de bens e representam a oferta do mercado de
fatores. As famílias fazem oferta da sua força de trabalho no mercado dos fatores. As famílias
pagam às empresas com o seu trabalho e as empresas pagam de volta com juros, rendas e
salários. A renumeração do capital é o juro, da terra é a renda e do trabalho é o salário.

O conceito de Economia centralizada consiste no controlo total do Estado no mercado,


determinando o tipo de consumos para as pessoas.
Na economia de mercado há intervenção do Estado na economia, podendo ser esta maior
ou menor. Verifica-se, por exemplo, que nos países nórdicos há uma maior intervenção do
Estado no Economia, ao passo que nos E.U.A se verifica um menor intervencionismo.
O economia de mercado é o foco do estudo e a intervenção do Estado pode recorrer de
duas razões: justiça e eficiência (acrescentando-se, ainda, por menção de Fernando Araújo, de
razões decorrentes da ignorância).
A Justiça está relacionada com uma ideia de justiça presente na nossa sociedade. Por
exemplo, o Estado pode intervir no sentido de uma retificação distributiva ao afirmar que
quem tem maior rendimento deve pagar mais impostos. Nesse sentido, agimos segundo a
nossa noção de equidade e justiça, e também segundo a ideia, proveniente de John Rawls, de
que se estivéssemos na base da pirâmide socioeconómica, também gostaríamos de ser
ajudados, pelo que não julgamos esta redistribuição.
Por outro lado, o Estado também pode agir no sentido de melhorar a eficiência económica.
O Estado intervem, portanto, quando quer corrigir falhas de mercado, podendo estas ser:
externalidades (bens públicos), falhas de informação e poder de mercado.
De acordo com Smith, os mercados vão funcionando por si só e vão se autorregulando e
equilibrando, corrigindo as diferenças entre a oferta e a procura, pelo que o Estado não
precisa de intervir. No entanto, os economistas perceberam que a nossa racionalidade é
limitada e, por conseguinte, o Estado tem de intervir para corrigir as falhas do mercado. O
conceito de falha assenta na ideia de que os mercados desequilibram, mas existem falhas que
legitimam a intervenção do Estado.

PODER DE MERCADO
No âmbito de poder de mercado falamos em falhas de concorrência. Ao funcionarem
individualmente, as empresas influenciam, pela sua conduta, o funcionamento do mercado.
Este funcionamento individualizado é admissível até certo ponto pois os mesmos podem gerar
situações de concentração de poderes de mercados, ou seja, não pode haver um abuso de
poder da posição dominante de forma a que os consumidores sejam prejudicados. A
concentração do poder de mercado pode prejudicar o mercado e o seu funcionamento, bem
como os consumidores vistos que um ambiente de concorrência é sempre melhor para os
consumidores e, por outro lado, pode desencadear situações de monopólio pela inovação.
Em suma, verifica-se poder de mercado quando um agente económico, através da sua
conduta, consegue influenciar os aspetos essenciais do mercado: preço e quantidade; quando
alguém explora abusivamente o mecanismo dos preços para proveito próprio: casos de
monopólio, oligopólio e monopessónio – Estado regula, legisla, incentiva e impõe padrões de
conduta.

FALHAS DE INFORMAÇÃO
Existem ainda as falhas de informação, ou assimetrias informativas, que podem ser de dois
tipos: seleção adversa e risco moral.
Uma assimetria informativa é a diferença informacional entre dois bens/agentes envolvidos
numa transação, ou seja, o domínio de uma informação importante para as condições da
transação, que uma pessoa sabe melhor e vai usar para obter vantagens à custa da outra.

Seleção Adversa
Na seleção adversa, verifica-se um estreitamento do mercado que decorre da forma como
neste ficam os "piores" agentes económicos, excluindo-se os "melhores". Toma-se como
exemplo, o mercado dos carros usados em que apenas o vendedor sabe avaliar a qualidade do
bem. O potencial comprador não tem acesso à informação total do bem, pelo que fixa um
valor médio para gastar nesse bem. Por esse valor, os vendedores dos bens com melhores
qualidades retiram-se do mercado (não estão dispostos a vender por esse preço).
Posteriormente, sairão do mercado os medianos até só restarem os maus.
Por outro lado, no caso das seguradoras, o segurando tem mais informação e a seguradora
fixa um prémio médio para o seguro. Se o seguro do carro não fosse obrigatório, os melhores
condutores retirar-se-iam do mercado e, no limite, só os piores condutores é que teriam
seguro.
Conclui-se, portanto, que o Estado tem a função de legislar para que não haja este
estreitamento do mercado (seja na obrigação de algo ou não).

Risco Moral
No risco moral, verifica-se a atuação negligente de um agente, por este saber que o seu
comportamento será dificilmente detetado, ou seja, que o seu contraparte não detetará
eficientemente essa conduta. Não se consegue aferir a diligência na conduta de outrem pelo
que há uma resposta na ordem jurídica – formulações contratuais para superar a aversão ao
risco. É o exemplo de alguém que tem o vendedor da sua empresa num país estrangeiro. Este
agente tem liberdade de estabelecer um contrato que dê uma remuneração fixa e uma parte
variável consoante as vendas.

EXTERNALIDADES
Falamos ainda de externalidades que tanto podem ser positivas como negativas. Tratam-se
de efeitos positivos ou negativos causados pela atuação de alguém sobre a esfera de outrem
que não é compensado pelos prejuízos nem tem de pagar pelos benefícios.
Trata-se de uma externalidade positiva "sentir o cheiro agradável do perfume do vizinho" e
trata-se de uma externalidade negativa "ouvir música muito alta e má do meu vizinho". Outros
exemplos de externalidades negativas são o barulho, a poluição e o fumo.
As externalidades não são objeto de transação pelo que não têm preço, tratam-se,
simplesmente, de efeitos que fogem do mercado.
Verifica-se que a poluição do mundo advém das atividades produtivas e que a poluição
sonora pode advir, por exemplo, dos aviões. Percebe-se, portanto, que a atividade económica
e produtiva acaba por produzir externalidades, sejam elas positivas ou, principalmente,
negativas. No entanto, estas atividades, embora acarretem efeitos negativos, são necessárias
para a vida, sendo que, por exemplo, para parar a poluição sonora teríamos de deixar de
recorrer aos aviões o que teria um imenso custo social.
Conclui-se, portanto, que uma sociedade tem sempre externalidades. Problema este que, à
medida que as sociedades se foram desenvolvendo, ficou pior. No entanto, a ideia é minimizar
as externalidades, de forma que o custo social não seja tão alto, sendo nesse sentido que o
Estado atua e limita. Verifica-se ainda que se as entidades funcionassem individualizadas, na
sua tentativa de maximizar os benefícios, maximizariam também as externalidades,
chamando-se a estas atividades, atividades externalizadoras, pelo que, desta forma, o Estado
atua. O Estado vem refrear o nível de atividade daquele que continua a lucrar quando os danos
que causa a terceiros já são em elevado grau.

Existem, sobretudo, duas grandes razões para o Estado intervir na Economia: justiça social e
eficiência. As falhas de mercado são as assimetrias informacionais, o poder de mercado e as
externalidades.
No caso da economia clássica e neoclássica não existia a conceção de "falha de mercado",
visto que se acreditava no sistema da "mão invisível" pelo que o mercado conseguiria regular-
se a si próprio e os egoísmos individuais complementar-se-iam no âmbito do mercado. Desta
forma, conclui-se que não se necessitaria da intervenção do Estado. Contudo, até Adam Smith
dizia que em determinadas situações o Estado devia intervir em determinadas situações:
situações em que os individuais não teriam interesse em participar como, por exemplo, a
defesa nacional e administração interna.
Os neoinstitucionalistas verificaram que havia situações em que o mercado, sozinho, não
conseguia ultrapassá-las, chamando às mesmas falhas de mercado. Nesse sentido, o Estado
deve intervir de forma a resolvê-las. Estas falhas de mercado são: assimetrias de informação,
na qual um dos agentes tem mais informação do que o outro, criando um desequilíbrio;
poderes de mercado, em que um agente de mercado domina as trocas dentro do seu campo,
exercendo uma influência sobre os restantes agentes; as externalidades, em que a atitude de
alguém vai prejudicar ou beneficiar outrem sem que haja lugar para qualquer tipo de
indemnização.
As externalidade são situações em que a conduta de uma pessoa vai afetar o bem estar de
outra, por vias extra-mercado, seja prejudicando sem ter de pagar, ou beneficiando sem ter
chance de fazer-se pagar por isso. Verifica-se que os agentes do mercado, sem qualquer tipo
de influência, estão a ter uma prejuízo ou benefício, sem que o mercado consiga fazer, no
fundo, a compensação desse prejuízo ou desse benefício. O exemplo típico da externalidade é
a poluição.
Por exemplo, uma fábrica que causa poluição de um rio está a ter, com a sua produção, um
benefício alto a baixo custo individual, visto que não está a recorrer a nenhum meio para
impedir a poluição. Contudo, esta atitude está a provocar um custo social muito elevado, ou
seja, a poluição de um rio de uso público, prejudicando a comunidade. É esta diferença entres
custos individual e social que constitui a falha de mercado e dá origem ao desequilíbrio no
mercado. O Estado, no entanto, só intervém caso o a diferença tenha relevância elevada o
suficiente no âmbito social.
No caso das externalidades negativas, o Estado geralmente atua, impondo medidas, para o
indivíduo, ou seja, a fonte de externalidades negativas e não junto da comunidade. No
exemplo dado, o Estado pode criar medidas, no caso de agentes poluidores, com vista à
imposição de filtros e tratamento das águas. Também podem ser impostas sanções aos
agentes poluidores. O Estado vai, portanto, aumentar o custo individual, equilibrando os
custos individuais e sociais.
Este tipo de intervenção pelo Estado pretende que o custo individual e social se equilibrem:
atenuação da falha do mercado. No caso da externalidade negativa, a falha de mercado é a
existência de uma sobreprodução: produção a mais do que seria desejado. Algo que ocorre no
exemplo dado: há uma sobreprodução de poluição. A intervenção do Estado no sentido da
atenuação da falha tem como objetivo a internalização desta sobreprodução e terminar com
este excesso de produto.
No caso das externalidades positivas, temos a atitude de alguém que vai provocar um
beneficio a outrem sem que o mercado consiga indemnizar este agente que provocou o
benefício. A falha de mercado decorre, portanto, do facto de não haver correspondência
económica para o benefício que um agente está a provocar a outrem.
No caso destas externalidade, alguém teve uma atitude que provocou um benefício social
elevado e a falha de mercado vai ser a diferença de benefícios. Ou seja, em termos individuais,
a atitude não causou um benefício muito grande, mas em termos sociais causou . Temos o
exemplo das vacinas, contexto no qual se verifica um beneficio individual não muito elevado,
pois os custos são muito elevados, mas que, a nível social, o benefício é extremamente
elevado. Ou seja, temos uma desproporção entre aquilo que é o beneficio individual e o
beneficio social. Neste caso, estamos perante uma subprodução: mercado que, em rigor, até
precisava de mais produto daquele género. É esta a falha: há procura para mais recursos
daqueles mas não há oferta pois os privados não produzem. Sendo assim, o Estado intervém
incentivando os privados a produzir, através, sobretudo, de subsídios. Desta forma, o Estado
intervém, corrigindo as falhas.

BENS PÚBLICOS
No caso dos bens públicos, o problema nem é bem uma subprodução mas sim o facto de os
privados/particulares não estarem interessados em produzir estes bens, não têm incentivo
para o fazer.
Isto acontece porque os bens públicos (em termos económicos) têm características muito
próprias. Os bens públicos são bens em que não há exclusividade e não há rivalidade de uso.
A ausência de exclusividade dos bens públicos diz que todos podem usá-los, ou seja, todos
têm acesso a eles, ao passo que não haver rivalidade uso significa que posso usar esse bem
sem impedir outra pessoa de usá-lo, ou seja, esse bem pode estar a ser usado por 1 ou 50
pessoas ao mesmo tempo.
Relativamente aos bens privados, existe rivalidade de uso tal como há exclusão eficiente. Se
nos bens públicos, todos podem usar e todos podem aceder a esse bem, os indivíduos
privados não vão querer produzi-los pois não vão ser beneficiados por eles.
Tem-se, por exemplo, a iluminação pública: existe procura mas não há nem exclusividade
nem rivalidade de uso. Neste caso, não existe um mecanismo eficiente para cobrar pela
iluminação pública. Não há mercado pois embora haja procura (a existência de iluminação
pública permite um maior acautelamento da segurança, permite que as pessoas fiquem até
mais tarde ao ar livre, etc.), não há produtor. Sendo assim, o Estado faz a própria produção
desse bem ou realização desse serviço.
No caso dos recursos comuns, embora não haja exclusividade, há rivalidade de uso. Ou seja,
são recursos que estão disponíveis a todos mas que, se todos os usarem, vão perder a sua
utilidade. Um exemplo típico de recursos comuns são os terrenos baldios. Os baldios são
terrenos abandonados pelas comunidades que poderiam existir para pastagem. Verifica-se, no
entanto, que se todos os usassem, existiria rivalidade. Por outro lado, um exemplo são as
estradas: estão acessíveis a todos mas se todos decidirem usá-las vai ocorrer
congestionamento. Dessa forma, o Estado intervém fazendo as estradas pois os privados não
têm forma de produzir benefício desta forma.
No entanto, por vezes existem falhas de governação, pelo que o Estado se engana e comete
erros.
A teoria das falhas de mercado afirma a legitimação da intervenção estadual em prol da
eficiência económica.
Às falhas de mercado surgem , em contraposição, as falhas de intervenção visto que a
intervenção do Estado também não é perfeita e também acarreta custos, significativos, que
devem ser tomados em conta. Portanto, também podem existir falhas na própria intervenção
corretiva.
O decisor público não tem informação perfeita pelo que podem ocorrer falhas nos
mecanismos de fiscalização.
Se já falhas de mercado e falhas de intervenção e estas forem superiores, então é preferível
que não ocorra intervenção estadual. Ou seja, deve se deixar o mercado trabalhar
autonomamente, mesmo com falhas e perdas de eficiência.
A intervenção estadual pode ocorrer através da regulação, da redistribuição, da correção de
falhas de mercado e da produção de bens públicos.
A macroeconomia é o estudo dos grandes agregados económicos, ou seja, do crescimento
económico, do desemprego, da inflação e das trocas internacionais. Por sua vez, a
microeconomia é o estudo das decisões dos agentes individuais e das empresas.

FONTEIRA DE POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO


A fronteira de possibilidades de produção demonstra a eficiência em termos produtivos.
Trata-se da representação gráfica da quantidade máxima de 2 bens, que é possível produzir a
partir dos recursos e tecnologia de uma economia num dado momento. A F.P.P. representa a
eficiência produtiva, ou seja, a utilização eficiente dos recursos, sem que haja desperdício.
 o conjunto de todos os pontos máximos de produção representa a fronteira de
possibilidades de produção, ou seja, pontos eficientes;
 os pontos exteriores à fronteira de possibilidades de produção são inatingíveis dado os
recursos disponíveis;
 pontos interiores representam ineficiência produtiva, ou seja, quantidades que estão
abaixo das possibilidades da economia, os recursos não estão a ser utilizados de forma
eficiente.
O vale de equilíbrio é o conjunto de combinações de dois bens em que não se verificam
custos de produção crescentes. Por sua vez, a encosta de custos crescentes decorre da lei dos
rendimentos marginais decrescentes e da produtividade do trabalho.

LEI DOS RENDIMENTOS/ PRODUTIVIDADE MARGINAL DESCRESCENTE = O aumento dos


fatores variáveis, permanecendo um fixo (o que significa que esta é uma lei apenas do curto
prazo), conduz a uma situação na qual cada unidade adicional do fator variável adiciona menos
ao rendimento/produto total que a unidade anterior, isto é, o rendimento/produto marginal
do fator variável tende a declinar por saturação do fator fixo.

LEI DOS CUSTOS RELATIVOS CRESCENTES = Relação entre a produção alternativa de dois bens
e postula que à medida que vai aumentando a produção de um bem, a produção do outro vai
diminuindo mais do que proporcionalmente, aumentando por isso o custo da sua não
produção. Posto de outra forma, uma vez que o rendimento ou a produtividade marginal vai
diminuindo pela saturação do fator fixo, os custos, incluindo de oportunidade (de não optar
pela produção alternativa), vão crescendo até ao ponto em que será racional mudar de
produção (não sendo possível a variação total dos fatores de produção) .

Por exemplo:
Se eu estou unicamente a produzir canhões e quero produzir manteiga, vou retirar da
produção de canhões os trabalhadores menos especializados/produtivos. No entanto,
conforme vou aumentando a produção de manteiga, mais trabalhadores produtivos vou ter de
retirar, pelo que a produção de canhões vai descer muito.
Se só estou a produzir o bem A e ponho um trabalhador a produzir o bem B, verifica-se que o
custo associado é baixo, uma vez que só perco um trabalhador.
No entanto, se em vez de ter só um trabalhador a produzir o bem B, tiver agora dois, verifica-
se agora um aumento dos custos de oportunidade. É verdade que passo a ter mais benefício,
mas mesmo com maios um trabalhador, não há um aumento proporcional do benefício.

Por exemplo:
Por exemplo, se eu tiver um terreno (fator fixo), este, sozinho, não me dá rendimento. Se
adicionar um trabalhador, ou seja, um fator variável ao fator fixo percebe-se que os custos
(mensuráveis e de oportunidade) aumentam, porque tenho de pagar o salário ao trabalhador,
mas também tive um benefício, visto que o meu rendimento aumentou (de 0 para 10, por
exemplo). Se acrescentar outro trabalhador, o meu rendimento volta a aumentar (de 10 para
15, por exemplo) e, se continuar a adicionar trabalhadores, os custos vão sempre aumentando,
enquanto os benefícios não têm um aumento proporcional.

A fonteira não é fixa ao longo do tempo: podem existir expansões (por causa da evolução
tecnológica verifica-se o aumento da produtividade) e contrações (por causa da destruição de
fábricas e infraestruturas).

O MODO DE PENSAR DOS ECONOMISTAS (CAPÍTULO II)


No âmbito do pensamento económico pode ser fazer a distinção entre metodologia
dedutivista e metodologia indutivista.
A análise económica clássica e, sobretudo, a análise económica neoclássica são
fundamentalmente dedutivistas, devido à sua grande conexão com a matemática. Esta
metodologia parte do geral para o particular, e, nesse sentido, formula teorias que terão, ou
não, correspondência com a realidade. Trata-se de uma construção teórica de como a
realidade se comporta e, por conseguinte, possui o conceito de "irrealismo" associado.
O dedutivismo surgiu enquanto metodologia de análise económica até meados do século XX,
ou seja, até ao surgimento e adoção de uma metodologia indutivista.
O indutivismo parte do particular, do concreto e do real, para o geral. O indutivismo pode
possuir duas conceções: histórico e estatístico. O indutivismo histórico decorre da leitura e da
recolha de dados e informação do passado, ao passo que o indutivismo estatístico, grande
aliado da ciência económica, decorre da estatística visto comportamentos estudados são de
massa.
O comportamento do mercado é tendencionalmente o mesmo, e a forma de mostrarem a
sua preferência também se rege por um padrão comum: a moeda. Ou seja, o dinheiro constitui
um fator comum da expressão da vontade da pessoa.
A partir do tratamento dos fenómenos em massa, é possível retirar conclusões e formular
leis económicas. As leis económicas são probabilísticas visto que nos dizem que a maior parte
das pessoas comporta-se de certa forma, no entanto, isso não impede que ocorra uma
mudança de atitude, decorrente do livre-arbítrio.
Duas leis fundamentais da economia são a lei da procura e a lei da oferta.
A lei da procura relaciona duas realidade variáveis: o preço e a quantidade procurada. Por
exemplo, se o preço dos bilhetes de cinema aumenta, a quantidade procurada diminui visto
que a generalidade das pessoas terá este comportamento, no entanto, a possibilidade da
escassez faz com que os agentes se comportem contrariando a lei da procura, ou seja, embora
o preço aumente, a procura aumente também . Trata-se de uma correlação inversa, ou seja, o
comportamento das variáveis está ligado, de forma contrária, em termos de probabilidades.
Por sua vez, de acordo com a lei da oferta, com o aumento do preço, há um estímulo de
aumento da capacidade oferecida. Por exemplo, se o preço dos iogurtes aumenta, a
quantidade de iogurtes oferecida aumenta. Por outro lado, se o preço dos iogurtes diminui, a
quantidade de iogurtes oferecida diminui. Trata-se de uma correção direta, ou seja, o
comportamento das variáveis é igual.
A economia tem a vertente do estudo da realidade, além de uma vertente descritiva. Possui
também uma dimensão prescritiva, no sentido de formar políticas económicas, que ganha
protagonismo no séc. XX.
Ao estudar os mercados deve-se ter em conta duas abstrações: o pressuposto "ceteris
paribus", o modelo de concorrência perfeita e a racionalidade.
O "ceterius paribus" significa "mantendo-se tudo o resto constante", pelo que devemos
olhar estritamente para a oferta e a procura, sem dar atenção à complexidade das situações.
O modelo da concorrência perfeita, na prática, não existe, visto que não existe a perfeição.
Os mercados reais estão ou mais perto ou mais afastados da concorrência perfeita, que surge
como modelo. Um mercado pode ser mais ou menos concorrencial, mas nunca chega lá.
Assenta no pressuposto da racionalidade dos indivíduos e, nesse sentido, pressupõe que os
mercados se equilibram. O mercado de concorrência perfeita possui 3 características:
atomicidade, fluidez e liberdade (de mercado).

INTERDEPENDÊNCIA DE TROCAS (CAPÍTULO III)


As trocas económicas ocorrem nos mercados e são jogos de soma positiva, em que ambas
as partes beneficiam da troca, ficando melhor do que estavam antes da troca.
Uma ambiente de troca permite a divisão e especialização do trabalho.
A primeira pessoa a evidenciar as vantagens da divisão e especialização do trabalho foi Adam
Smith, dando o exemplo do fabrico de alfinetes. Se apenas uma pessoa tiver de fazer todas as
partes do alfinete ou, por outro lado, cada uma das tarefas de produção de um alfinete for
atribuída a uma pessoa diferente, verifica-se que a produção é muito maior na segunda
alternativa.
Smith conclui que quantos mais pessoas, mas se produz. Por outro lado, há mais rapidez e
inovação na realização da tarefa. A quantidade produzida de um bem é maior se houver
divisão de tarefas.
A produção em massa está largamente associada à produção de automóveis, sobretudo
Henry Ford, que otimiza o tempo de produção e baixa muito o preço.
Por outro lado, quanto maior a for a dimensão do mercado, maiores são as possibilidade de
especialização do mercado.
Os países só vão para o mercado internacional quando têm quantidade para isso, ou seja,
quando a quantidade produzida suprime o consumo interno e existe um excedente de
produção que exporta para os outros países.
Na ideia de Adam Smith e de David Ricardo, para existirem mais trocas internacionais, teriam
de existir mais excedentes de produção.
Para Smith a criação de excedentes surgia através da divisão e especialização do trabalho. A
divisão de trabalho decorre da consideração de Adam Smith de que se as tarefas fossem
divididas e cada um possuísse a sua, cada um, através da repetição, tornar-se-ia mais eficiente
na sua produção. A divisão do trabalho levaria a que cada trabalhador possuísse uma tarefa
definida e o mesmo, através da repetição, tornar-se-ia mais eficiente nessa tarefa.
Adam Smith percebe que há vantagens na divisão e especialização do trabalho numa
economia interna, logo também vai funcionar no mercado internacional. Smith admite que
cada país deve especializar-se no que faz melhor e depois trocam no mercado internacional. O
pressuposto das trocas internacionais é um movimento de livre cambismo, que se opõe ao
protecionismo.
Addam Smith analisou que o Tratado de Methuen de 1703, feito entre Portugal e entre
Inglaterra, construi a sua teoria das vantagens absolutas. Este tratado estabelecia que o vinho
de Portugal entrava em Inglaterra com grande vantagem e com pouco custo, e os têxteis de
Inglaterra entravam em Portugal também em condições de grande vantagem e pouco custo.
Smith conclui, olhando para os custos de produção (determinado pelo trabalho e número de
horas que esse bem precisou para ser concretizado) que uma unidade de vinha era produzida
com menos de trabalho em Portugal do que no Reino Unido, algo que se verifica com o tecido
também. Em termos de horas de trabalho, tanto nos texteis como no vinho, Portugal precisava
de menos tempos para produzir uma unidade. Desta forma, não faz sentido para a Inglaterra
estar a produzir têxteis, sendo mais benéfico exportá-los de Portugal. Nesta teoria, o que
importa para escolher as produções são os valores absolutos de produção, ou seja, a
produtividade (que se mede pelo número de unidades produzidas numa determinada unidade
de tempo). Assim sendo, as vantagens absolutas são simples de encontrar visto que
correspondem às produções onde existe mais produtividade: produzir mais em menos tempo.
É nestas produções que devem recair a especialização. Há limites de capacidade produtiva
pelo que é necessário locar os recursos na produção que é, efetivamente, mais eficiente. A
divisão de trabalho é um mecanismo da especialização.
Esta teoria foi, posteriormente, alterada e completada por David Ricardo. David Ricardo
formulou a teoria das vantagens comparativas que afirmava que cada pais, antes de se
especializar em alguma produção e se desenvolver no âmbito do mercado internacional, deve
olhar para as suas produções e escolher a que faz melhor. Por exemplo, Portuga para a
produção de uma unidade de vinho precisava de menos horas de trabalho do que na produção
de têxteis, pelo que compensa mais produzir vinho. Trata-se de uma ideia de custo de
oportunidade. Dessa forma, de acordo com esta teoria a especialização deve recair na
produção onde os custos de oportunidade forem mais baixos. Os países deviam olhar para as
suas produções e fazer uma comparação/relação entre produções e escolher especializar-se
onde os custos de oportunidade forem mais baixos.

Os Estados Unidos, na atualidade, são grandes produtores de semicondutores, componentes


de grandes valores. O E.U.A também podia produzir têxteis com menor custo que a China, por
exemplo, pois possui tecnologia que lhe permite fazer isso. O EUA deve produzir ambos os
bens? Isto não se revela racional pois o custo de oportunidade de produzir têxteis revela-se
muito elevado: por cada unidade de têxteis produzida estão a perder unidades muito mais
valiosas de semicondutores. O E.U.A deve, portanto, colocar mais recursos na produção de
bens mais valiosos e depois pode usar os ganhos para comprar os bens menos valiosos, como
os têxteis.
Isto implica que exista um ambiente de livre troca, que não seja protecionista. Atualmente,
o debate mantém-se entre economias protecionistas e economias que não são protecionistas.
A organização mundial do comércio assenta no principio do livre comércio.
Por exemplo, o Brasil que é muito protecionista: os vinhos portugueses quando chegam ao
Brasil, têm uma taxa aduaneira muito elevada pelo que, quando chegam aos supermercados,
chegam a preços muito elevados.
Quando há uma politica deste tipo, pretende-se proteger as produções nacionais. Através de
vários elementos históricos, verifica-se que o protecionismo tende a ser favorável para os
produtores mas não para os consumidores.
Por sua vez, durante o Estado Novo, tínhamos a lei de funcionamento industrial e, portanto,
existia um protecionismo e uma lei que regulava as indústrias que se encontravam no
mercado, pelo que existia uma proteção dos produtores.
Existem três tipos de ordens de razão das fontes das vantagens comparativas: dotações
naturais, dotações herdadas, dotações adquiridas e o capital humano.

As dotações (ou vantagens) naturais têm, no fundo, a ver com as circunstâncias geográficas
que são propicias a uma ou outra função: clima, relevo, minerais, etc. Por exemplo, uma das
produções de Africa do Sul é a de ouro, algo que decorre da sua grande quantidade de
minerais.
As dotações herdadas surgem associadas às dotações naturais. Tenha-se o exemplo do
vinho do Porto e da calçada portuguesa, no caso de Portugal. Só se produz vinho do Porto no
Douro pois este tem um clima e solo adequados para esse fim, por outro lado, temos um
processo de fabrico herdado, passado de geração em geração e muito próprio da cultura
portuguesa. Por sua vez, a calçada portuguesa é algo intrinsecamente português, sendo que
temos recursos de pedra granito e calcário e, por outro lado, a arte do trabalhador calceteiro é
algo passado de geração em geração. São produções tipicamente portuguesas.
As dotações adquiridas consistem em aptidões adquiridas pelos povos. Por exemplo,
associamos a Suíça à produção de chocolate e relógios. Têm a ver com a formação de capital
em sentido económico. A Japão é um país relativamente pequeno, pobre em recursos naturais,
no entanto, é muitíssimo desenvolvido porque investiu bastante em infraestruturas (muitas
linhas de comboio de alto velocidade, fábricas dos mais diversos produtos, etc.).
Por último, o capital humano corresponde à formação e especialização/qualificação dos
indivíduos. Quando maior essa qualificação, maior a especialização do fator trabalho e,
portanto, a qualificação, sendo uma decisão individual.
Podem haver combinações de todos estes fatores.

FORÇAS DE MERCADO (CAPÍTULO IV)


As forças de mercado são duas: a procura e a oferta. Cada uma destas forças tem os seus
agentes.
A procura é a atitude típica daqueles que se dirigem ao mercado para satisfazer as suas
necessidades, através da aquisição de bens e de serviços cujo valor é dado pela utilidade. Por
sua vez, a oferta é a atitude típica daqueles que se dirigem ao mercado para vender bens ou
serviços cujo valor será determinado em função do custo de produção.
Do lado da oferta falamos em vendedores e produtores, que se encontram no mercado. O
mercado é o ponto de contacto entre a oferta e a procura, ou seja, os mercados são espaços
de interação que não têm de ser necessariamente espaços físicos.~
Os mercados podem ser espontâneos ou muito regulados. O mercado espontâneo é o
exemplo da grande quantidade de táxis que vão para o Altice Arena quando um grande artista
está a tocar lá. O mercado regulado é o mercado financeiro, por exemplo.
Os mercados também têm muitas vezes intermediários, que têm uma função económica
muito relevante. Por exemplo, as empresas imobiliárias são os intermediários entre
vendedores e compradores. A informação está ali concentrada e isso tem valor para nós
enquanto consumidores. A parte burocrática também é facilitada. Os intermediários geram
valor acrescentado através da aproximação entre os vendedores e os compradores.
Os mercados têm tendência para se equilibrar. Os mercados reais também vão corrigindo os
seus desequilíbrios: se existir uma grande produção de chocolates e se, entretanto existir uma
campanha a dizer que os chocolates são maus, a procura vai diminuir e a oferta vai,
consequentemente, diminuir. Há, no entanto, mercados que demoram muito tempo a ser
corrigidos, como é o caso dos mercados imobiliários (de arrendamento e de compra e venda).
Quando se quer estudar um mercado isolado, há, no entanto, mais três tipos de bens que
temos de estudar em conjunto: os bens complementares, os bens sucedâneos e os bens de
produção conjunta. Ou seja, privilegiamos o estudo do mercado isolado, no entanto por vezes
temos também de analisar outros fatores.
Os bens complementares são os bens que têm de ser usados em conjunto, ou seja, a
obtenção de utilidade implica uma utilização conjunta (por exemplo, a pistola e a bala, o
automóvel e o combustível, etc.). Nestes casos, às vezes temos de os estudar também visto
que as alterações num mercado podem explicar as alterações no outro mercado.
Os bens sucedâneos são os bens que permitem obter uma utilidade similar, embora menor
(por exemplo, a manteiga e a margarina, etc.). Isto também faz sentido pois para saber o que
se está a passar no mercado do óleo, precisamos de saber o que se está a passar no mercado
do azeite.
No caso dos bens de produção conjunta, a indústria petroquímica é um bom exemplo visto
que a refinação do petróleo não produz apenas gasolina mas também óleos, ácidos, etc.
Percebe-se que uma única produção dá origem a vários bens.
Intuitivamente sabemos que relações são estas, no entanto, estas não se presumem mas sim
demonstram-se através do teste da elasticidade cruzada da procura.

O MERCADO DE CONCORRÊNCIA PERFEITA E AS SUAS CARACTERÍSTICAS


O estudo da análise da oferta e da procura será feito num pressuposto de mercado de
concorrência perfeita, que é um mercado caracterizado pela sua fluidez, atomicidade e
liberdade.
Num mercado de concorrência perfeita, a atomicidade decorre do número elevado e da
multiplicidade de agentes tanto do lado da oferta como do lado da procura. Desta forma, a
conduta individual não influencia o funcionamento do mercado.
Por exemplo, num mercado de laranjas, em que todas as laranjas são iguais e na qual se
juntam milhares de produtores e compradores, se eu, enquanto compradora, decidir não ir,
isso não influencia a forma como o mercado, o preço e as transações vão decorrer. Isto
significa que nenhum dos agentes tem poder de mercardo, pelo que são price takers (e não
price makers). Ou seja, não é cada um deles que vai influenciar a formação do preço (visto que
este se forma no mercado).
A fluidez consiste no misto de informação plena combinado com a homogeneidade dos bens,
em que o único fator de decisão diferenciador é o preço. A decisão racional decorre da
aquisição do bem com um menor preço. No mercado de concorrência perfeita haverá um
único preço: o mais baixo (relacionado com a decisão racional e o custo de produção).
Por exemplo, no caso do mercado de laranjas, as laranjas são todas iguais e os compradores
sabem o que se passa no mercado em termos de preço, o único fator de escolha é o preço. Se
isto se verifica, os vendedores de laranjas vão todos vender as laranjas ao preço do vendedor
que as estava a vender mais baixo.
A liberdade significa liberdade de entrada e saída do mercado, ou seja, não há barreiras
significativas à entrada e à saída do mercado.
As barreiras do lado de procura são muito menores (ou seja, os consumidores, se o preço
aumenta, deixamos de comprar esse bem), pelo que é muito mais fácil para o consumidor sair
do mercado. Para um produtor será muito mais difícil visto que toda a sua estrutura de
produção está orientada para a produção de um bem, logo, se quiser sair de/entrar em um
mercado, precisa de tempo.
As barreiras de entrada no mercado podem ser económicas ou administrativas.
As barreiras administrativas têm a ver com licenças, autorizações, administração, concurso
público, instalações básicas, entre outros. Por sua vez, as barreiras económicas decorrem dos
investimentos que são necessários fazer, ou seja, se os investimentos necessários para entrar
no mercado forem muito significativos, apenas um número muito estrito de agentes
económicos terá capacidade de entrar no mercado. Por vezes, os custos de entrada têm a ver
com os custos de saída (sunk costs, ou seja, custos irrecuperáveis, como o caso dos custos de
publicidade).
Quando um agente económico entra no mercado, tem de ponderar quais serão os custos, se
for necessário retirar-se do mercado. Se os sunk costs forem muito significativos há um risco
maior de não entrar.
A propósito da liberdade e da inexistência das barreiras no âmbito do mercado concorrencial
perfeito, Bain e Baunor criam duas teorias: teoria da concorrência potencial e teoria dos
mercados contestáveis, respetivamente.
Estes dois autores chegaram à conclusão de que não é efetivamente necessário que exista
um número efetivo, ou seja, um grande número de concorrentes para que as empresas que
estão instadas se comportem de forma concorrencial. Basta que as empresas se sintam
ameaçadas pela concorrência potencial, com a falta de barreiras à entrada e saída e que, se
elas praticarem preços elevados, torna-se muito fácil que outros agentes entrem no mercado.
As empresas devem, portanto, temer a concorrência potencial sendo que tanto esta como a
concorrência efetiva servem como incentivos para não haver abuso e exploração de uma
posição de domínio.

OS MERCADOS DE CONCORRÊNCIA IMPERFEITA


As características do mercado de concorrência perfeita são cumulativamente criticadas no
mercado de concorrência imperfeita, visto que elas surgem em falta.
Falamos em três situações de mercado de concorrência imperfeita: monopólio, oligopólio e
concorrência monopolística.
No monopólio e no oligopólio a característica em falta é a atomicidade, ao passo que na
concorrência monopolística é a fluidez.
Uma situação de concorrência perfeita não existe, ou seja, é uma abstração mas podemos
verificar se os mercados reais são mais ou menos concorrenciais, ou seja, se estão mais ou
menos perto desse ideal de concorrência.
No monopólio, falamos numa situação onde existe um único agente do lado da oferta, ou
seja, um único vendedor, perante uma multiplicidade de compradores, ou seja, de agentes do
lado da procura (menos oferta e mais procura).
No oligopólio, existe uma quantidade limitada de oferta, ou seja, de vendedores, para uma
multiplicidade de compradores, ou seja, de procura (menos oferta e mais procura).
No monopólio e no oligopólio verifica-se atomicidade de procura mas não de venda.
No contexto da concorrência monopolística estamos num mercado de bens diferenciados
onde a produção do bem tem o foco e concentração de mercado (menos oferta, mais procura,
para um nicho de compradores, ou seja, um determinado market).

CURVA DE PROCURA
A procura é o comportamento típico dos que se dirigem ao mercado para satisfazer as suas
necessidades. "Comportamento típico" associa-se a um padrão de mercado. O padrão de
mercado em questão é o mercado de concorrência perfeita: atomicidade, liberdade e fluidez.
É no mercado de concorrência perfeita que analisamos a procura. A procura é a quantidade
de um bem que se está a disposto a adquirir e para a qual se tem poder de compra.
O incentivo da procura está relacionado com a utilidade, ou seja, com a satisfação das
necessidades com o menor custo associado. Sendo um comportamento típico de vários
agentes e atendendo ao ceteris paribus, é formada uma lei da procura onde existe uma
correlação inversa entre o preço e a procura. Percebe-se que quanto maior o preço, menor a
quantidade procurada, ao passo que, quanto menor o preço, maior a quantidade procurada.
Pode-se construir uma função da procura na qual é possível perceber, para cada preço, qual
é a quantidade procurada, isto é, quantos consumidores estão dispostos a adquirir esse bem, e
a quantidade que estão dispostos a adquirir desse bem. O facto de existir esta correlação
inversa é que vai levar à configuração da curva da procura que é inversamente inclinada.

Há, no entanto, dois tipos de bens que contrariam a lei da procura: bens de Veblen e bens de
Giffen.
Os bens de Giffen são bens inferiores, ou seja, bens que deixam de ser consumidos quando
as pessoas passam a ter rendimentos mais elevados. Estes bens, não sendo superiores, mesmo
que o seu preço aumente, não vão deixar de ser consumidos, aliás vão ser ainda mais
consumidos. Não há efeito de substituição pelo que, mesmo que o preço do bem aumente, o
mesmo não é substituído.
Os bens de Veblen são bens ostentatórios ou conspícuos, ou seja, são bens que são
comprados para transmitir um determinado estatuto, como é o exemplo dos produtos de luxo
ou de grife. Tratam-se de bens de procura especifica, que são requisitados por pessoas com
grande poder de compra. Surge contrariamente à lei da procura, visto que há bens que quanto
mais caros e reservados forem, mais incentivo à procura eles têm.
A curva da procura pode representar a procura individual, a procura de um determinado
bem ou a procura de agregados (decorre da macroeconomia e representa todos os bens
procurados numa economia).
A lei da procura só funciona devido a dois efeitos: efeito de rendimento e o efeito da
substituição.
O efeito de rendimento diz-nos que, caso algum preço dos bens se altere, o padrão de
procura também se altera. Ou seja, todos nós somos consumidores de um determinado cabaz
de bens e temos uma restrição financeira constante, logo, se o preço de um determinado bem
desse cabaz subir, a quantidade procurada por nós, enquanto consumidores, terá de descer
visto que teremos um rendimento mais baixo. Se pelo contrário, o preço do bem baixar, a
quantidade do mesmo vai subir. Ou seja, entende-se que o consumidor tem um orçamento
constante e limitado, pelo que de cada vez que ocorrerem variações no preço de um bem, a
procura se vai alterar. Em termos latos, "se eu ficar com menos rendimento disponível,
consumo menos, ao passo que, se eu ficar com mais rendimento disponível, consumo mais".
O efeito de substituição ocorre em resposta ao aumento do preço de um bem. Se o preço
do bem aumentar aquilo que a procura tendencialmente faz é substituir o seu consumo, ou
seja, vai à procura de um bem que seja semelhante e mais barato relativamente ao bem mais
caro, substituindo o seu consumo.

A variação ao longo da curva tem a ver com a configuração da curva porque podem existir
variações de preço, pelo que, de cada vez que ocorre uma, a curva terá um formato diferente.

Por sua vez, também se pode dar a formação de novas curvas de procura, através de
movimento de e expansão ou contração relativamente à curva de procura originária.

Variações de Gostos
Os fatores que podem levar à formação de novas curvas de procura são as variações de
gostos (decorrentes das "modas", por exemplo: se está na moda o uso de boinas, este produto
vai ter um aumento de quantidade procura, pelo que se vai formar uma nova curva de procura
em movimento de expansão, relativamente à curva de procura original).

Campanhas Publicitárias
Também pode decorrer de campanhas publicitárias, visto que, se tivermos divulgação de
informação acerca de certos produtos, os padrões de consumo desses produtos podem mudar
(por exemplo, se ocorrer uma campanha publicitária relativa aos males do chocolate, este
produto vai ter uma diminuição de quantidade procurada, pelo que se vai formar uma nova
curva de procura em movimento de contração, relativamente à curva de procura originária).

Alterações de Rendimento
Relativamente às alterações de rendimento, estas ocorrem quando se verifica um aumento
ou diminuição do rendimento dos consumidores. Se o meu salário for maior, vou ter mais
capacidade de consumo visto que tenho mais dinheiro e recursos, pelo que as quantidades
procuradas aumentam e vai ocorrer a formação de uma nova curva da procura em movimento
de expansão. Quando há aumento de rendimento, em regra a procura de pereferiores diminui,
ou seja, passam a ser comprados em menor quantidade, e aumenta a quantidade procura de
bens normais e, caso o rendimento aumenta substancialmente, superiores.
Ocorre o contrário se o meu rendimento diminuir, pelo que a quantidade procurada vai
diminuir. Neste caso verifica-se uma diminuição da quantidade procurada de bens superiores,
sendo estes substituídos pelos bens normais, e, também pode ocorrer, o aumento da
quantidade procurada de bens inferiores (pelo que se dá a formação de uma nova curva de
procura em sentido de expansão).

Expetativas
Outro fator de alteração da curva são as expectativas: as expectativas sobre o rendimento,
por exemplo. Se eu tiver a expetativa de aumento de rendimento, por exemplo, ao aumentar o
meu salário, vou aumentar a quantidade procura, ao passo que, se eu tiver a expetativa de
diminuir o meu salário, vou diminuir a minha quantidade procurada. Dá-se a formação de uma
nova curva em sentido de contração.
No caso dos preços, se a expetativa for sobre variações dos preços, se tivermos a expetativa
de que o preço vai aumentar, vou antecipar a minha compra, pelo que vai existir uma expansão
da procura imediatamente. Se, pelo contrário, tiver uma expetativa de diminuição de preço,
vou diminuir o meu consumo, ou seja, ocorre uma diminuição da quantidade comprada. Se eu
souber que o preço daquele bem vai aumentar, vou tentar comprá-lo antes que o preço
aumente, ao passo que, se eu souber que o preço daquele bem vai diminuir, vou tentar esperar
para pode comprá-lo assim que o preço diminuir. º

Bens Sucedâneos e Bens Complementares


Temos ainda o caso dos bens sucedâneos e dos bens complementares.
Os bens sucedâneos são bens que conseguimos substituir, ou seja, são bens que satisfazem a
mesma necessidade e, portanto, estão a disputar entre eles a preferência do consumidor.
Nestes casos passamos de um mercado para outro.
Por exemplo, se o preço da Coca Cola aumentar, a quantidade procurada da mesma vai
diminuir (variação da própria curva decorrente da variação de preço). Por outro lado, no
mercado da Pepsi, a quantidade procurada vai aumentar (formação de uma nova curva em
sentido de expansão). Portanto, aqui que acontece é que o facto de o preço de um bem variar,
isso vai provocar alterações no mercado do seu sucedâneo.
No caso dos bens complementares, falamos em bens de utilização conjunta. São bens que
são essenciais à maximização da utilização daquele bem, ou seja, por exemplo, de nada me
serve ter um telemóvel sem este ter um sistema operativo. Para que exista uma utilização
eficiente do bem tem de existir esta relação complementar. Aqui também existe uma relação
entre os dois mercados, ou seja, se tivermos em conta o caso do hardware e do software,
encontramos aqui uma relação direta. Se o preço do hardware diminuir (variação da própria
curva), a sua quantidade procurada aumenta e, por conseguinte, a quantidade procurada de
software também vai aumentar (formação de nova curva) e vice-versa.

CURVA DE OFERTA
A oferta é o comportamento típico daqueles que se dirigem ao mercado para vender bens e
serviços, falando agora da situação típica dos produtores. A oferta é a disponibilidade dos
produtores de colocar bens no mercado, que são produzidos e que têm como referencial de
valor o custo de produção. O objetivo dos produtores é tentar vender ao mais alto preço,
obtendo o maior benefício e vantagem na venda. Temos a lei da oferta que estabelece uma
relação entre o preço e a quantidade oferecida, atendendo a essa ideia de que os produtores
querem obter o maior lucro possível: se o preço aumenta, a quantidade oferecida também
aumenta, ao passo que, se o preço diminuir, a quantidade oferecida também diminui. Trata-
se de uma correlação direta entre preço e quantidade.
A curva da oferta, à partida, não começa no 0 porque estamos a falar de produtores, que,
para produzirem o serviço, têm sempre um custo associado pelo que, se os produtores
entendem obter lucro então só estão dispostos a entrar no mercado quando o preço do
mercado cobrir, pelo menos, os custos desta produção (se o preço do mercado for mais baixo
não existe benefício na oferta pelo que não há uma decisão racional). Tem de haver uma
coberta do preço marginal. À medida que esse preço vai aumentando, vão existir mais
produtores a querer colocar o seu produto no mercado e é por isso que a quantidade oferecida
vai aumentar à medida que o preço vai aumentando.

A curva da oferta é positivamente inclinada porque a produção está sempre sujeita á lei dos
rendimentos marginais descrentes, ou seja, os custos marginais crescentes. Para produzir a
mesma quantidade, os custos de produção aumentam pelo que a sua produção só compensa
se os preços desses bens forem superiores.
Podemos distinguir variações ao longo da curva de oferta (relacionadas com variações do
fator preço - se o preço aumenta, a quantidade aumenta) e formação de novas curvas de
oferta, em movimento de expansão e em movimento de contração.

Custos de fatores de produção


Se, numa dada produção, o preço de um dos fatores aumentar nos mercados
internacionais, dá-se a formação de uma nova curva, no sentido da contração. Isto ocorre
porque os custos de produção aumentam, logo as quantidades oferecidas diminuem.
Por sua vez, se numa dada produção, o preço de um dos fatores diminuir nos mercados
internacionais, dá-se a formação de uma nova curva, no sentido da expansão. Isto ocorre
porque os custos de produção diminuem, logo as quantidades oferecidas aumentam.

Rendibilidade de produções alternativas


Se o produtor de um determinado bem verificar que a produção de outro bem é mais
rentável, este pode optar pela produção deste outro bem, pelo que a quantidade oferecida do
primeiro bem diminui.
Os produtores adaptam-se mais lentamente ás condições do mercado visto que a produção
associa-se aos próprios fatores de produção, as quais é difícil fazer a adaptação.

Tecnologia
As alterações tecnológicas tendem a diminuir os custos de produção e aumentar a quantidade
oferecida, e nesse sentido ocorre a formação de uma nova curva de oferta em movimento de
expansão de determinado bem.

Dimensão do produtor
A dimensão do produtor pode determinar maior ou menor produção, dando origem aos
efeitos de escala: quanto maior a dimensão, maior a possibilidade de maior produção, pelo que
os custos de produção marginais vão diminuindo.
Os pequenos produtores têm menor capacidade de adaptação ás condições do mercado que
os grandes produtores.

Objetivos estratégicos do produtor


Os produtores podem ter estratégias com o fim de retirar os seus concorrentes do mercado,
através dos preços predatórios, por exemplo.

Expetativas do produtor
Relativamente ao preço, por exemplo. Se o produtor de um bem em poucas quantidades,
espera um aumento de preço do mesmo, faz stocks para esperar para aumentar a quantidade
oferecida assim que os preços aumentarem. Isto não pode ocorrer com bens perecíveis, por
exemplo.

Influências especiais
Dizem respeito a fatores atmosféricos, políticos e sociais. Se ocorrer a destruição dos
recursos, o número de produtores diminui, a quantidade oferecida diminui e, nesse sentido,
ocorre a contração da curva.

CRUZ DE MARSHALL
Albert Marshall formulou a cruz marshalliana. Verifica-se que
há um ponto de interseção entre a curva da procura e a curva da
oferta à qual se chama ponto de equilíbrio, no qual a quantidade
procurada é igual á quantidade oferecida. Não há procura em
excesso (relativamente à oferta) nem oferta em excesso
(relativamente à procura). A abcissa do ponto de equilíbrio é a
quantidade de equilíbrio e a ordenada do ponto de equilíbrio é a
quantidade de equilíbrio.
Verifica-se que a quantidade que os produtores estão dispostos
a vender é igual à quantidade que os consumidores estão
dispostos a comprar. Verifica-se a máxima satisfação dos
consumidores e vendedores – satisfação de toda a quantidade
procurada àquele preço.
 Acima do ponto há Excedentes – quantidade oferecida é maior que a quantidade
procurada. Vendedores dispostos a transacionar mais bens do que aqueles que os
compradores estariam dispostos a pagar
 Abaixo do ponto há Escassez – quantidade procurada é maior que a quantidade
oferecida – não satisfaz a totalidade das necessidades dos consumidores que querem
esse bem. Consumidores dispostos a transacionar mais bens do que aqueles que os
vendedores.
Perante a formação de novas curvas de oferta e de procura, dão-se também a formação de
novos pontos de equilíbrio.

ELASTICIDADE
Por elasticidade entende-se a sensibilidade, isto é, o nível de reação, de um determinado
fator (por exemplo, a quantidade procurada ou oferecida) à variação de um outro (por
exemplo, o preço do bem A ou do bem B, rendimento). Quando a sensibilidade é elevada, ou
seja, quando a variação de um fator em relação ao outro é mais do que proporcional (maior)
fala-se em elasticidade/grande elasticidade e, no caso contrário, quando é menos do que
proporcional (menor) em pouca elasticidade, inelasticidade ou rigidez.

Estudamos a variação (se aumentam ou diminuem, muito ou pouco) das quantidades


oferecidas e das quantidades procuradas em função da variação do preço (subiu os desceu,
muito ou pouco) do mesmo bem (elasticidade preço da oferta e elasticidade preço da procura),
do preço de um outro bem (elasticidade preço cruzada, sobretudo em relação á procura), do
rendimento (elasticidade rendimento, normalmente quanto á procura).

A fórmula de cálculo traduz-se, de forma genérica, na divisão da variação (aumento ou


diminuição) das quantidades (oferecidas ou procuradas) expressas em percentagem pela
variação (aumento ou diminuição) do preço (do bem A ou B) ou do rendimento, igualmente
expressas em termos percentuais. Os resultados obtidos irão determinar o grau de
elasticidade e o tipo de bens (no caso da elasticidade cruzada e elasticidade rendimento).
Para as elasticidades-preço, o valor 1 traduz a fronteira entre a elasticidade e a rigidez.
Abaixo de 1, porque a variação das quantidades é menor do que a variação do preço, a procura
ou a oferta serão inelásticas. Ao contrário, acima de 1, visto que a variação das quantidades é
maior do que a variação do preço, a procura ou a oferta serão elásticas.

ELASTICIDADE- PREÇO PROCURA


Através da análise da curva da procura entende-se que existe uma correlação inversa entre
preços e quantidades: se os preços sobem, as quantidades procuradas diminuem, ao passo
que, se os preços descem, as quantidades procuradas aumentam.
Embora esta teoria seja verdadeira, existem, no entanto, bens que reagem mais
sensivelmente a esta variação do preço. A quantidade procurada de todos os bens não se
altera da mesma forma, em função da variação do preço dos mesmos.
A elasticidade preço-procura demonstra a sensibilidade da procura face à variação do preço,
sendo que se divide, em termos absolutos, a variação percentual das quantidades procuradas
pela variação percentual do preço.
 0 = Nenhuma sensibilidade = Inelasticidade absoluta (não há qualquer variação das
quantidades independentemente da variação dos preços – curva da procura
totalmente vertical);
 0 – 1 = Pouca sensibilidade = Inelasticidade (variação menos do que proporcional
das quantidades – curva da procura mais levantada);
 1 = Elasticidade unitária (variação proporcional das quantidades)
 > 1 = Muita sensibilidade = Elasticidade (variação mais do que proporcional das
quantidades – curva da procura mais deitada)
 + ¥ = Sensibilidade extrema = Elasticidade perfeita (expansão infinita da procura no
caso da descida dos preços e retração total da procura na subida dos preços – curva
da procura totalmente vertical).

Esta elasticidade denota a sensibilidade dos consumidores face à alteração dos preços dos
bens e serviços.
Se o bem é rígido, ou seja, insensível à alteração, os agentes maximizadores de lucro
aproveitam-se disso e aumentam os preços. Por sua vez, se o bem é elástico, ou seja, muito
instável e sensível, pode demonstrar ausência de fidelização.
Existem fatores que condicionam a elasticidade de um bem:
 Grau de necessidade (sendo que bens de primeira necessidade têm procura mais
rígida, ao passo que com bens supérfluos há uma procura mais elástica);
 Efeito de substituição (ou seja, ocorre o aumento da elasticidade da procura se há
alternativas, ou seja, bens sucedâneos);
 Efeito de rendimento (ou seja, ocorre um aumento da elasticidade quando, embora o
rendimento se mantenha igual, o facto de o preço de um bem aumentar, visto que
torna o consumidor mais pobre, impossibilitando-o de comprar alguns dos outros bens
que costumava adquirir; desta forma, o consumidor, para conseguir manter as
quantidades dos outros bens, irá diminuir a quantidade procurada do bem cujo preço
aumentou);
 Tempo (aumenta elasticidade).

De acordo com a lei de King, a procura de bens alimentares (bens essenciais e de 1.ºª
necessidade) é rígida, por isso, se há muita quantidade (devido a um bom ano agrícola) o preço
diminui – o que é mau para os agricultores porque há uma perda de rendimento. Do ponto de
vista do produtor, se este produz bens de procura rígida ele até pode aumentar os preços, mas,
se produz bens de procura elástica, ele não deve alterar os preços.
Um bom ano agrícola é mau para os produtores porque leva a maior quantidade procurada
pelo que o preço diminui. Por outro lado, um mau ano agrícola é bom para os produtores
porque leva a uma menor quantidade procurada pelo que o preço dos bens aumenta. No
entanto, esta consequência só se verifica quando os produtores se mantêm no mercado, visto
que muitos saem.

ELASTICIDADE-RENDIMENTO
A elasticidade-rendimento corresponde à sensibilidade dos padrões de consumo face às
alterações do rendimento disponível do consumidor.
Esta depende dos tipos de bens: inferiores (elasticidade = menor do que 0 – correlação
inversa e curva negativamente inclinada), normais (elasticidade = entre 0 e 1, inclusive –
variação direta menos do que proporcional das quantidades) e superiores (elasticidade = maior
do que 1 – variação direta mais do que proporcional das quantidades – curva positivamente
inclinada mais levantada).
Os bens de primeira necessidade não deixam de ser consumidos pela diminuição do
rendimento. Por outro lado, os bens inferiores deixam de ser consumidos quando o
rendimento aumenta.
Na sociedade em que nos encontramos o efeito de substituição tende a ser predominante, no
entanto, no caso dos bens de Giffen não há alternativa. Este bens contrariam a lei da procura
visto que se o preço dos mesmos aumenta, a quantidade procurada dos mesmos aumenta.
Como o efeito de substituição não é possível, verifica-se, por efeito de rendimento, aumenta a
quantidade procurada.
ELASTICIDADE-CRUZADA
Os bens podem ser independentes (elasticidade-cruzada = 0 – sem variação das
quantidades), sucedâneos (elasticidade-cruzada > 0 – correlação direta), sucedâneos perfeitos
(elasticidade-cruzada > + ¥ ) e complementares (elasticidade-cruzada < 0 – correlação inversa).
Na delimitação da concorrência do âmbito do Direito Concorrencial é importante recorrer ao
conceito de elasticidade-cruzada pois permite perceber se determinados bens, provenientes
de agentes diferentes, são sucedâneos.
Num cenário de Inelasticidade há uma maior dependência – explica porque as coisas novas
são
mais cara, pois há uma inelasticidade da procura. Por muito que se varia o preço do iPhone,
haverá sempre muito procura, logo faz sentido que o preço continue elevado. Quanto mais
integrada e fluida uma economia for, maior homogeneidade há e sucedaneidade do bem.

ELASTICIDADE-PREÇO DA OFERTA
É semelhante à elasticidade-preço da oferta, denotando a sensibilidade da oferta face à
variação do preço. É calculada através da divisão entre a variação percentual das quantidade
oferecidas pela variação percentual do preço.
 0 = Nenhuma sensibilidade = Inelasticidade absoluta (não há qualquer variação das
quantidades oferecidas no caso da variação dos preços – curva da oferta totalmente
vertical);
 0 – 1 = Pouca sensibilidade = Inelasticidade (variação menos do que proporcional
das quantidades – curva da oferta mais levantada);
 1 = Elasticidade unitária (variação proporcional das quantidades – curva da oferta:
bissetriz);
 > 1 = Muita sensibilidade = Elasticidade (variação mais do que proporcional das
quantidades – curva da oferta mais deitada);
 + ¥ = Sensibilidade extrema = Elasticidade perfeita (expansão infinita da oferta no
caso da subida dos preços e retração total da oferta na descida dos preços – curva da
procura totalmente horizontal).
Existem fatores que condicionam a elasticidade de um bem:
 Efeito de Substituição: Aumenta a elasticidade da oferta – possibilidade de dares
destinos alternativos ao bem cujo preço diminui - preços descem e se for possível a
substituição, os produtores retiram-se do mercado e a oferta diminui;
 Características dos bens - por exemplo, os bens perecíveis (elasticidade menor- tem de
fazer a venda num determinado período relativamente curto) e os bens não
perecíveus (elasticidade aumenta)
 Efeito de Rendimento – Diminui a elasticidade da oferta - necessidade do produtor de
obter certo nível de rendimento vai cuidadosamente decidir colocar o bem no mercado
independentemente dos baixos preços.
 Tempo – Quanto mais tempo maior a elasticidade da oferta.
PÁG. 408 DO MANUAL

INTERVENÇÃO DO ESTADO NO MERCADO (capítulo V)


Ocorre intervenção estadual nos mercados no âmbito do mecanismo de preços. Se não
ocorrerem intervenções externas os mercados tendem a corrigir as falhas, tendendo para o
equilíbrio.
O Estado intervém através de mecanismos de fixação e controlo dos preços, sendo o seu
propósito o da retificação dos mecanismos injustos e/ou ineficientes. A intervenção estadual
dá-se nomeadamente através da legislação e dos impostos.
O Estado age de forma virtuosa e pretende alcançar os melhores resultados possíveis, mas
isso
cria desequilíbrios de mercado Adam Smith: "Mão Invisível" - os mercados não precisam de
intervenção estatal pois têm uma dinâmica própria que conduz ao equilíbrio do mercado. A
luta contra esta “mão invisível” muitas vezes faz surgir mercados negros.

CONTROLO DE PREÇOS
O preço forma-se no mercado entre a disposição de vender e a disposição de comprar, ou
seja, entre a curva da oferta e a curva da procura. A curva da procura representa a disposição
de adquirir, ao passo que a curva da oferta representa a disposição de vender.
Tendo isto em conta, se o Estado impuser um preço, influencia o mercado.
O preço de equilíbrio é um dos elementos constitutivos da cruz marshalliana e de um
mercado competitivo, resultando da interseção da curva da procura com a curva da oferta.
Nesse ponto do preÇo, as quantidades oferecidas e procuradas coincidem, assim como a
utilidade marginal e o custo marginal, revelando uma situação de eficiência e de um ótimo
paretiano, ou seja, não é possível melhorar a posição de uma das partes (do mercado), sem
afetar (prejudicar a outra), causando, portanto, desequilíbrios, ineficiência e até injustiça.
Através da fixação de preços (máximos ou mínimos), intervenção estadual nos mercados,
verificar-se-ão situações de excesso de oferta ou de procura, ao afastarem-se os preços do
ponto de equilíbrio natural do mercado.

Nos mercados, o Estado pode estabelecer:


 PREÇOS MÁXIMOS, abaixo do ponto de equilíbrio – Teto que não poderá ser
ultrapassado, protegendo os consumidores (em detrimento da oferta). Assim, o preço
máximo será fixado abaixo do preço do equilíbrio e, portanto, por não coincidir com
este, as quantidades oferecidas e procuradas não coincidem, gerando ineficiências e
até, perversamente, injustiças que se queira resolver. Com efeito, um preço mais baixo
do que o preço normal do mercado provocará, por um lado, uma expansão da procura
e, por outro, uma retração da oferta, gerando, pois, uma escassez estrutural: não há
bens suficientes produzidos para satisfazer todos os consumidores, sendo alguns
excluídos do mercado.
 PREÇOS MÍNIMOS, acima do ponto de equilíbrio – Chão que não poderá ser rebaixado,
protegendo os produtores (em detrimento da procura). Assim, o preço mínimo será
fixado acima do preço do equilíbrio e, portanto, por não coincidir com este, as
quantidades oferecidas e procuradas não coincidem, gerando ineficiências e até,
perversamente, injustiças que se queira resolver. Com efeito, um preço mais alto do
que o preço normal do mercado provocará, por um lado, uma expansão da oferta e,
por outro, uma retração da procura, gerando pois uma escassez estrutural: há
demasiados bens produzidos para satisfazer todos os consumidores, sobrando.
Quando há a fixação de um preço mínimo para o salário, superior ao preço de
equilíbrio, há um excedente visto que há mais oferta e menos procura, o que origina o
desemprego.

Dessa forma, a intervenção estadual deve ser pontual, excecional e cautelosa.

IMPOSTOS
A parte com maior rigidez tende a suportar a parte do imposto.

A PROCURA EM MERCADOS CONCORRENCIAIS (CAPÍTULO VI)


A teoria do consumidor e a teoria do produtor estão relacionadas com o aumento do bem
estar.

Teoria do consumidor
A utilidade surge enquanto referencial de valor para o consumidor.
A revolução marginal passou a ser alvo de críticas visto que os marginalistas trabalhavam
com valores cardinais. A critica primeira aos marginalistas era que a utilidade não podia ser
vista do ponto de vista cardinal, mas sim do ponto de vista ordinal: a primeira dose é mais
útil do que a segunda (ou seja, é possível ordenar, em termos de relevância, importância e
utilidade, as doses). Os próprios marginalistas assumiram esta crítica.
Samuelson afirmou que esta questão era resolvida através do conceito de disposição de
pagar: as preferências são reveladas no mercado através da disposição de pagar, sendo que
cada um de nós está disposto a pagar mais por aquilo que considera mais útil. Desta forma, se
uma pessoa A se sujeita a pagar mais por um bem do que outra pessoa B, então isso significa
que A considera este bem mais útil do que B. Desta forma, os números cardinais representam
aquilo que estamos dispostos a pagar. A disposição de pagar vai, no fundo, dar-nos a
informação sobre a utilidade que aquele bem tem para aquele consumidor.
A curva da procura individual representa as disposições para pagar / os preços que
estamos dispostos a pagar face à quantidade levada.
O consumidor para de consumir quando o preço iguala a utilidade marginal. Ou seja, paro
de consumir quando não conseguir retirar vantagens de mais uma dose, ou seja, quando o
preço for igual á utilidade marginal.
Tenha-se, por exemplo: em relação à primeira unidade, o consumidor está disposto a pagar
100 mas o mercado apenas lhe exigiu 45, pelo que surge um diferencial de 55. Isto acontece
sucessivamente e existe toda uma zona de diferencial entre aquilo que o consumidor está
disposto a pagar e aquilo que efetivamente pagou. Falamos, portanto, em excedente do
consumidor: diferença entre aquilo que o consumidor estava disposto a pagar e aquilo que
efetivamente paga. Falamos também em benefício líquido. Como há área de troca que lhe foi
facultada, o consumidor beneficia.

Falamos ainda na 2ªlei de Gossen ou equimarginalidade. Uma das condições de maximização


do bem-estar do consumidor é consumir até ao momento em que o preço se iguala á utilidade
marginal. Verifica-se, no entanto, que o consumidor consume vários bens, de vários tipos.
De acordo com a 2.ªLei de Gossen: "A utilidade total é maximizada quando a totalidade do
rendimento disponível estiver gasto e quando a utilidade marginal da última unidade de
rendimento for igual para todos os bens. ".

2.ª LEI DE GOSSEN : Para o obter o máximo de satisfação de u m orçamento limitado e das
várias necessidades a prover, deve-se consumir até que a utilidade marginal da última
unidade de rendimento gasta em cada bem seja igual em todos os bens.

Bem A Bem B

€ Utilidade € Utilidade

1 7 1 8

1 6 1 6

1 4

1 1
A condição de equilíbrio entre o consumo de vários bens é o princípio da
equimarginalidade. Os consumidores irão fazer locações de rendimento com vista á
maximização total da sua utilidade. A condição de equilíbrio consiste em nivelar a utilidade
marginal de cada unidade de rendimento.

Evidencia-se que, quando o preço diminui, o excedente do consumidor aumenta. Os


consumidores marginais são os últimos a sair do mercado quando o preço sobe e os primeiros
a entrar no mercado quando o preço desce. Situam-se na linha de procura no limite da área de
excedente.
Se o preço aumentar diminui a área de excedente do consumidor. Há, portanto, também
menos trocas porque há menos pessoas dispostas a entrar no mercado.

Relativamente à oferta, a sua curva é positivamente inclinada. O referencial para


desenharmos a curva da oferta é o custo de produção de cada unidade, sendo que, no caso da
curva da oferta, falamos de disposição para vender. O consumidor só está disposto a vender
uma determinada quantidade de bens, se o preço de produção dessa quantidade cobrir, pelo
menos, o custo de produção.
está disposto a vender uma determinada quantidade de bens, se o preço de produção dessa
quantidade cobrir, pelo menos, o custo de produção.
Em situações de concorrência imperfeita, como no caso do monopólio, existe menos
quantidade. O monopolista põe menos quantidade no mercado de forma a vender a um preço
mais alto, o que leva alguns consumidores a saírem do mercado (quando a disposição de pagar
é menor) levando a que certas trocas deixem de existir. O excedente do consumidor diminui,
ao passo que o excedente do produtor aumentou.
Os triângulos e retângulos de Harberger correspondem a perdas de bem-estar associadas
ao poder de mercado. Trata-se de um conjunto de trocas que deixa de ser feito, zona de
excedente que deixa de ser obtida.
No monopólio, os preços são influenciados e aumentados pelo monopolista (price maker).
Se o preço for mais alto, os excedentes alteram-se. Há um espaço de trocas que deixam de ser
feitas - perdas absolutas de bem estar.
O mercado em concorrência é melhor. No entanto, é bom para o monopolista se o que
ganhar com o aumento do preço for elevado. Ele restringe as trocas, mas se o que ganhar for
superior, será positivo.

Eficiência de Pareto
Para que exista eficiência, no fundo tem de existir eficiência produtiva, eficiência ao nível
das trocas e eficiência ao nível das preferências. O ponto máximo onde é alcançada a
eficiência é designado por ótimo de Pareto, sendo que este é uma abstração: as economias
evoluem no sentido de atingir o ótimo de Pareto, nunca, efetivamente, atingindo-o.
A Fronteira de Possibilidades de Produção corresponde à quantidade máxima que é
possível produzir através dos recursos exististes, pelo que se uma economia está sob a F.P.P
não há desperdício de recursos, havendo eficiência produtiva. Possuímos eficiência das trocas
quando estas resultam na maximização do excedente, ou seja, quando é possível atingir o
máximo de excedente total. Esta maximização é feita em mercados concorrenciais.
A eficiência das preferências significa que aquilo que está a ser produzido e trocado vai de
encontro às preferências dos consumidores. Está a ser produzido aquilo que os consumidores
desejam para satisfazer as suas necessidades.
O ótimo de Pareto é uma abstração pelos que as sociedades podem, apenas, estar mais ou
menos perto do mesmo. O ótimo de Pareto é uma situação em que não se pode melhorar o
bem-estar de alguém a não ser que se diminua o bem estar de outrem. Este critério é a base
da teoria do bem-estar, mas depois há várias formulações da mesma, sendo o mais conhecido
o critério de Kaldor-Hicks (ou uma ideia de eficiência potencial).

Teoria do produtor
O produtor procura o lucro e é a partir deste conceito que se desenvolve a teoria do
produtor. O lucro consiste na diferença entre a receita total e o custo total. A receita total
corresponde á multiplicação entre o preço e a quantidade vendida. Por sua vez, o lucro
corresponde à subtração entre a receita total (o referente àquilo que foi efetivamente
vendido - nº de doses vendidas x custo unitário) e o custo total (custos explícitos + custos
implícitos ou custos fixos + custos unitários ou custos unitários x doses produzidas).
Podemos falar em:
 custos explícitos - custos contabilizáveis (como os custos da mão de obra, das
matérias-primas, do aluguer das máquinas, etc.);
 custos implícitos - custos económicos, que podemos reconduzir ao custo de
oportunidade.
Falamos, portanto, em:
 lucro contabilístico - diferença entre as receitas totais e os custos explícitos;
 lucro económico - diferença entre o lucro contabilístico e os custos implícitos (ou
diferença entre a receita total e a soma dos custos explícitos e dos custos implícitos).
Uma empresa pode ser produtiva do ponto de vista contabilístico, mas não do ponto de
vista económico.
Outra conceção de custo reside na soma entre custos fixos e custos variáveis, sendo que:
 custo fixo – associado aos fatores fixos, pelo que é aquele que existe
independentemente do número de unidades produzidas (por exemplo, a renda da
fábrica);
 custo variável – associado a fatores variáveis, pelo que é aquele que depende do
número de unidades produzidas (por exemplo, se a produção for maior, as despesas
de eletricidade serão maiores - estes custos são crescentes por causa da lei dos
rendimentos marginais decrescentes).
No curto prazo (tempo necessário para que, numa produção, se tome a decisão de mudar
todos os fatores de produção, visto que é necessário tempo para entender as tendências do
mercado para, só depois, aumentar a escala de produção) há sempre um fator de produção
que é fixo.

Os custos médios fixos são decrescentes na medida em que se diluem na produção. Por sua
vez, os custos médios varáveis são crescentes porque aumentam com o aumento da produção
e no curto prazo funciona a lei da produtividade marginal/lei dos custos marginais
decrescentes. Por fim, o custo médio total consiste na divisão entre custo total e o número
de unidades, dando origem a que se possa esboçar uma curva do custo médio.

No ponto de custo médio mínimo (escala mínima de eficiência)


evidencia-se uma diminuição dos custos fixos. O percurso
descendente até ao ponto de custo médio mínimo caracteriza-se
por uma predominância dos custos fixos, ao passo que o percurso
crescente a partir do ponto de custo médio se deve a uma
predominância dos custos variáveis.

Se o custo marginal ficar abaixo do custo médio, isso contribui


para que o custo médio diminua, ao passo que se o custo marginal ficar acima do custo
médio, este contribui para que o custo médio aumente.

Para existir produção, o preço tem de ser, pelo menos, igual ao custo médio. O lucro
extraordinário existe quando o preço é superior ao custo de produção e, portanto, consegue
existir uma maximização do lucro. Se uma empresa está a produzir com lucro igual ao custo de
produção então não produz lucro extraordinário e se o preço diminuir sai do mercado. O lucro
normal verifica-se quando, relativamente às empresas em concorrência perfeita consigam
otimizar a sua produção de forma que esteja ao nível do preço.

A curto prazo, se o preço ficar abaixo do custo médio variável, isso vai levá-lo ao
encerramento temporário. Por sua vez, se ficar acima do custo médio variável e abaixo do
custo médio total– continua em atividade. Por sua vez, a longo prazo, se o preço ficar acima do
custo médio variável e abaixo do custo médio total – encerramento definitivo. Não há break
even point – ponto de escala mínima de eficiência. Um produtor mantém-se no mercado se
alcançar ponto de break even.

ESCALA MÍNIMA DE EFICIÊNCIA = Corresponde ao lucro normal, aquilo que é necessário para o
empresário se manter em atividade. Corresponde a um ponto ótimo em que o custo unitário é
o mais baixo possível mas está a cobrir o custo de produção daquelas doses.
PRODUÇÃO A LONGO PRAZO
O longo prazo corresponde ao horizonte temporal em que é possível fazer variar todos os
fatores de produção (custos variáveis): altera-se a escala de produção. Há uma decisão e
tempo para fazer variar todos os fatores.
 Rendimentos Constante - escala constante: aumento de produção corresponde à
medida do aumento de escala – o custo de unidade não sofre alterações – rendimento
obtido é proporcional aos custos da variação da escala – os custos médios mantêm-se;
 Rendimentos crescentes - economia de escala: aumento da escala leva á diminuição
dos custos médios totais do produtor – o rendimento aumenta mais do que
proporcionalmente em relação aos custos da variação dos fatores de produção, o que
significa que os custos médios diminuíram;
 Rendimentos decrescentes - perda de escala: aumento de escala, aumenta mais que
proporcional os custos do produtor – os rendimentos variam menos do que
proporcionalmente em relação aos custos da variação da escala da produção, ou seja,
os custos médios de produção aumentaram.

Para que a empresa ganhe dimensão e altere a sua escala é muitas vezes necessário um
investimento que pode ou não ser feito através de custos próprio. Aquilo que as empresas
investem é os lucros da mesma ou o património de individuais. As opções de investimento são
importantes para o consumidor e para o produtor pois podem aumentar o seu bem-estar, no
entanto, também possuem riscos.
 Investimento em bens: não têm liquidez, ou seja, capacidade de um recurso satisfazer
imediatamente necessidades (desta forma, se alguém comprar uma obra de arte cara
e precisa desse dinheiro para pagar uma operação primeiro tem de encontrar um
comprador e estabelecer a venda e, só depois, tem os recursos para satisfazer as suas
necessidades);
 Depósitos bancários: têm liquidez pelo que, em qualquer momento, é possível
recorrer a esses recursos para satisfazer necessidades;
 Obrigações: títulos que representam empréstimos feitos pelos particulares a
entidades. Possuem uma renumeração fixa: o juro.
 Ações: títulos que representam uma parte do capital de uma empresa (ou seja,
quando se compram ações, o sujeito torna-se dono de uma parcela da empresa,
representada pela ação), tendo como renumeração os dividendos, sendo que se trata
de uma renumeração variável e dependente dos lucros da empresa.
Evidencia-se que o depósito bancário é a alternativa mais segura e as ações as menos
seguras. Tanto as obrigações como as ações podem ser transacionadas no âmbito do mercado
de capitais. Tanto umas como outras estão dependentes da sobrevivência da empresa.
Quando uma empresa precisa de aumentar a sua capacidade e dimensão, ela pode recorrer
a várias formas de financiamento:
 pelos próprios proprietários da empresa (os próprios sócios fazerem empréstimos á
empresa);
 através do reinvestimento dos lucros (em vez de os distribuir pelos acionistas);
 recurso ao crédito bancário;
 recurso ao mercado de capitais (a relevância dos mercados de capitais tem a ver com o
capitalismo).

FATORES TEMPO E RISCO (capítulo V)


O juro será a renumeração do fator de produção capital, ou seja, é o preço que as empresas
pagam por adquirir capital. O juro é a compensação pelo tempo em que alguém se vê privado
da utilização do bem, visto que há uma utilidade que deixa de ser obtida por se estar a
emprestar esse montante: valor da privação.
Quando há inflação, a taxa de juro tem sempre de incorporar um prémio de inflação.
Um bem presente vale mais que um bem futuro pois entre o presente e o futuro há um
conjunto de circunstâncias impossíveis de acautelar. Quando se priva no presente, isso tem um
custo económico – conjunto de utilidades que se deixa de obter, espaço de privação da
utilidade – de não satisfazer já as necessidades. Só faz sentido prescindir quando a taxa de juro
for superior à taxa de desconto. As taxas de juro a longo prazo permitem maior rentabilização.
Taxa de juro existe sempre, mesmo se a inflação for zero e é o preço para compensar a
privação e tornar o negócio vantajoso. Para a transação ser racional, tem de se compensar pela
utilidade que se deixa de obter e haja benefício líquido do negócio. A taxa de juro tem de ser
superior às taxas de desconto -> valor da utilidade prescindida + benefício.

 TAXA DE JURO REAL = Taxa de juro nominal - Inflação


 TAXA DE JURO NOMINAL = Taxa de juro contratualizada.

MERCADO DE CONCORRÊNCIA PERFEITA E FATORES DE CONCENTRAÇÃO


A concorrência perfeita é uma abstração e um arquétipo de "mercado ideal", que serve de
modelo para análise dos mercados reais. O mercado de concorrência perfeita caracteriza-se
pela fluidez, liberdade e atomicidade.
No mercado concorrencial há incentivos para que as empresas sejam mais eficientes. A
receita marginal decorre do preço, pelo que se o preço for 10€, vou receber 10€ de receita
marginal. Como há muitos produtores, o produtor não influencia o preço, apenas podendo
influenciar a sua estrutura de custos. Aquele que fica a ganhar é aquele que possui uma
produção eficiente, ou seja, aquele que consegue produzir com menos custos associados.
Evidencia-se que a tendência no mercado de concorrência é a homogeneização dos bens,
através do efeito de miragem.
Tenha-se, por exemplo, um produtor B que se apercebe de que não consegue influenciar o
preço, apenas influenciar a sua estrutura de produção, e um produtor A, que produz o mesmo
bem com custos menores e, por conseguinte, possui lucros maiores. A empresa B diminui os
custos de produção, acabando por fazer desaparecer o lucro extraordinário porque, depois, os
dois agentes vão concorrer no seio do mercado. Isso leva ao abaixamento dos preços e dos
custos de produção, o que leva a uma maior eficiência produtiva, decorrente da concorrência
entre produtores. No entanto, o mercado de concorrência perfeita leva ao desaparecimento
do lucro extraordinário, só se verificando lucro normal.
O lucro normal tem de incorporar um custo económico - é a renumeração necessária para
que o produtor se mantenha nessa atividade. Todo o lucro que ficar acima do lucro normal é
designada como lucro extraordinário.
Isto acontece em mercados concorrenciais. No entanto, os mercados reais não são
perfeitamente concorrenciais e há fatores de concentração de mercados.
Falamos em concentração quando o número de agente é reduzido, sendo que a
concentração determina as quotas de mercado. Os fatores que podem levar a esta
concentração podem ser: existência de barreias legais, elevada escala mínima de eficiência,
tecnologia e valor da rede.
A existência de barreias legais faz com que haja um número limitado de agentes com acesso
ao mercado. Podem existir por diversas razões: tenha se, por exemplo, os bares de praia, que
são atribuídos por concessões, pelo que há um número limitado de empresários que se podem
dedicar a estes negócios.
No caso da elevada escala mínima de eficiência, tenha-se, por exemplo, a questão das
telecomunicações: a fundação de uma rede de telecomunicações acarreta custos bastante
elevados que a empresa que produz eletricidade tem de acarretar. Dessa forma, os custos
fixos são bastante elevados. Ao aumentar as unidades produzidas, vai aumentando o seu
custo médio.
Estamos perante uma situação de monopólio natural, que é decorrente das estruturas de
custos e de uma só empresa satisfazer toda a procura a custos médios descrentes, ou seja,
satisfaz toda a procura sem ter atingido a escala mínima de eficiência. Não é eficiente entrar
outra empresa no mercado.Estes setores de atividade são fortemente regulados, embora
explorados pelos privados, visto que, embora naturais, não deixam de ser monopólios. Por
exemplo, o preço da eletricidade não é fixado livremente pelos privados - como só há um
produtor, têm de existir medidas que regulem e limitem o poder de mercado desse agente.

Os monopólios naturais estão associados a mercados das utilities (mercados que têm rede
associada - mercados essenciais - de gás, água, telecomunicações). Esta redes precisam de
investimentos para a sua construção e funcionamento, sendo que estes custos de
investimento são extremamente elevados e os custos fixos também. Desta forma, os privados
não têm interesses em produzi-los pelo que a maior parte dos monopólios naturais são
propriedade do Estado (EDP, rede de fornecimento de água, PT). Nos monopólios naturais é
preferível ser apenas um fornecedor a manter este serviço visto que quem está no mercado já
fez o investimento e os custos fixos só se amenizam a longo prazo. Desta forma, quem entra
nestes mercados tem de construir uma rede de raiz, pelo que os custos vão ser imensamente
elevados, o que vai fazer com que o preço final nunca possa ser tão bom como quando
comparado ao preço de quem já está há mais tempo no mercado. Se, pelo contrário, o agente
arrendar a rede de outro agente, está a criar ainda mais custos visto que está a dar receita ao
agente originário, desta forma o preço do novo agente nunca será melhor do que o preço do
agente originário.

Outro aspeto que pode determinar situações de concentração de mercados são as


tecnologias porque se evidencia que o domínio de tecnologia cria monopólios. I valor da rede
aumenta com o adicionar de mais um utilizador, dando origem a efeitos positivos para todos
os utilizadores de facto de entrar mais um nada rede. Tenha-se, por exemplo, o caso do
telefone: se num dado ambiente eu for a única a ter telefone, este não tem qualquer valor
visto que não posso ligar a ninguém, ou seja, o seu valor aumenta a partir do momento em
que mais.

MERCADOS DE CONCORRÊNCIA IMPERFEITA


MONOPÓLIO
Um monopólio (puro) é a situação em que existe no mercado um único produtor/vendedor,
ou seja, um único agente do lado da oferta para uma multiplicidade de agentes do lado da
procura. Trata-se, portanto, de uma falha de atomicidade, pelo que existe um único agente
que influencia o funcionamento do mercado, nomeadamente o preço e quantidades
produtivas. No entanto, similar em termos de poder económico, é o poder de monopólio.
A falha do mercado é a falta de atomicidade pelo que se houver monopólios, o Estado pode
criar regras anti-trust, regras de concorrência, nacionalização do monopólio, regularização
setorial.
Imagine-se que existe um agente que detém 95% da quota de mercado e os outros 5% são
detidos por mais agentes. Claramente, há aqui uma posição de domínio de um agente
económico e ele, com a sua conduta individual, pode influenciar o funcionamento do mercado,
e a atitude/comportamento dos restantes agentes será imitar aquilo que este faz: se
venderem a um preço mais alto, ninguém compra, por outro lado, se fixarem um preço mais
baixo, perdem lucros. Tratam-se de agentes com poder de mercado, ou seja, price makers - o
preço não é um dado, não é algo que não possam influenciar. Estes agentes têm a capacidade
de, pela sua conduta individual, influenciar os aspetos essenciais do funcionamento do
mercado: quantidade produzida e preço.

Os monopólios existem devido a certos fatores:


 Detenção exclusiva de recursos produtivos: Se uma empresa, num determinado país,
é a única proprietária de uma mina de ouro, é proprietária desse recurso: uma
empresa que detém o único aeroporto que existe num determinado país, detém um
recurso produtivo e detém uma situação de monopólio.
 A detenção de informação exclusiva
o Hayek teorizou a relevância da informação: aquilo que os agentes económicos
fazem e aquilo que os diferencia é o domínio de informação: se alguém
compra uma propriedade agrícola porque pretende explorar essa propriedade
de uma forma diferente daquela que até aí tinha sido utilizada, isso ocorre
porque o dito cujo tem esse conhecimento e informação. A inovação mais não
é do que informação.
o Schumpeter - Inovação enquanto motor do desenvolvimento económico.
Razão por que alguns países se desenvolvem mais e mais depressa do que
outros: as vantagens em termos de recursos produtivos são importantes, mas
há países que os têm e não alcançam grande desenvolvimento económico, ao
passo que há países que não os têm mas alcançam desenvolvimento
económico. No mercado há incentivos para inovar a prossecução de lucros
extraordinários se há vários concorrentes no mesmo mercado, e estão a
produzir o mesmo bem da mesma forma. Os agentes estão a concorrer, de
forma a livrar-se dos custos normais e de forma a atingir uma situação de
monopólio ainda que durante um curto prazo. A inovação é uma situação de
monopólio temporário e existirá até ser imitada pelos agentes e permitir obter
lucros extraordinários. Os outros vão imitar o agente inovador e todos os
agentes se vão manter no mesmo nível de tecnologia. Chegados a este nível há
incentivos para que um inove e os outros sigam atrás. Trata-se de ciclos de
destruição criativa que permitem o desenvolvimento das sociedades - os
produtores vão seguindo-se uns aos outros, quando uma empresa inova, a
outra vai atrás e assim sucessivamente.
 Monopólios naturais - Situações em que, pela estrutura de custos associada a uma
determinada atividade, a escala mínima de eficiência só é atingida com uma grande
quantidade produzida. Se um único agente conseguir satisfazer toda a procura a custos
médios decrescentes, não é eficiente entrar outro agente no mercado. Este agente
produz e faz com que o custo médio diminua, impedindo assim a entrada de outros
agentes no mercado.
 Direitos exclusivos - Licenças, concessões, direitos de propriedade intelectual
(patentes e marcas - as invenções quando são inovadoras podem ser patenteadas,
criando uma situação de monopólio temporário relativamente à exploração daquela
inovação). Por exemplo, uma empresa farmacêutica tem os seus laboratórios e faz os
seus investimentos durante 10 anos para criar um medicamente que cure o cancro.
Trata-se de um medicamente extremamente inovador. Esta empresa patenteia o
medicamento e, durante um certo prazo, esta explora o medicamento em situação de
monopólio. Esta medida permite que os agentes recuperem o seu investimento - algo
que não ocorreria se fosse possível que todos produzissem o medicamente - e
incentiva a inovação
 Condutas anticoncorrenciais - Podem ser preços predatórios, não fornecimento de
inputs produtivos, etc. Por exemplo, num mercado existem 6 produtores e 1 deles
começa a adotar estratégias predatórias, porque possui uma maior quota do mercado.
Os preços predatórios, ilícitos, consistem em praticar preços muito baixos, acima ou
não dos custos de produção, sabendo que, com eles, vai fazer com que as outras
empresas saiam do mercado visto que estas têm menor dimensão/maiores custos
médios. Uma vez afastados os outros agentes, os preços são aumentados de forma a
recuperar os lucros perdidos. Isto é negativo para os consumidores.
Os monopólios afetam o bem-estar total. O excedente total é a soma do excedente do
produtor com o excedente do consumidor.
Quando há uma situação de monopólio os preços são mais altos do que seriam em mercado
de concorrência perfeita. Desta forma, os preços são mais altos e a quantidade disponível no
mercado é mais baixa. Há assim, uma perda absoluta de bem-estar. Há um espaço de troca
que deixa de existir - deadweight loss. Há assim consumidores que gostariam de ter o bem e
não têm, além de se estar a diminuir o excedente de consumidor.

Aquilo que é relevante para o monopolista não é a curva da oferta, mas sim a interpretação
da curva da procura - tentar entender a disposição a pagar do consumidor. O monopolista tem
de se confrontar com a disposição de pagar do consumidor: se o preço for muito elevado os
consumidores não têm poder de compra para adquirir o bem.
Verifica-se que o monopolista não vende mais quantidade a preços mais baixos. Em
concorrência perfeita o rendimento marginal é uma função linear de preço (Rendimento
Marginal = Preço). Entenda-se que isto não ocorre no monopólio visto que o monopolista está
a contribuir para que o preço cresça. Se o monopolista produz grandes quantidades, para as
escoar terá de diminuir o seu preço, pelo que estará a diminuir os seus rendimentos. Desta
forma, o monopolista maximiza o lucro com uma quantidade oferecida inferior àquela que
seria do mercado de concorrência perfeita.

Tenha-se, por exemplo, as viagens de avisão: voar de São Paulo para Lisboa e vice-versa é o
mesmo, no entanto, dentro do avisão os preços são diferentes em função do conforto, do
espaço, do tipo de refeições servidas, etc. Isto é uma prática de discriminação de preços: o
vendedor tenta ir ao encontro da disposição de pagar de determinados segmentos de
consumidor. Aquele espaço de troca que existiria se o produtor praticasse preços mais
elevados porque nem toda a gente teria disposição para pagar é sanado mediante a
discriminação de preços, fomentando as trocas e a maximização do lucro e do bem estar.

OLIGOPÓLIO
O oligopólio corresponde a um número restrito de vendedores (não há número exato)
perante uma multiplicidade de consumidores (atomicidade da procura), dando origem a que
os produtores são price makers, pelo que, pela sua atuação individual têm capacidade de
influenciar os aspetos mais importantes do mercado: preço e quantidade oferecida.
Os agentes económicos da oferta são poucos e eles têm duas possibilidades: concorrer entre
si ou cooperar. Se estes agentes cooperarem, então dá-se a formação de um cartel, ou seja, de
uma organização de produtores que procurara articular e combinar uma estratégia de
comportamento no mercado. Os oligopolistas pretendem imitar o monopólio, no entanto, na
forma de cartel haverá sempre custos associados a cada uma das estruturas, pelo que a nível
de eficiência diminuirá.

A teoria dos jogos foi desenvolvida por Neuman e Morgenstern e eles, no fundo, estudam as
estratégias de mercado, aplicando os comportamentos dos jogadores em jogos que todos
conhecemos: onde existam mais ou menos estratégia e mais ou menos sorte. Por exemplo,
quando se está a jogar xadrez, o movimento de um jogador é feito no pressuposto e
antecipação da jogada que o próximo jogador faça. No enquadramento do mercado
oligopolista, a estratégia de um irá depender daquilo que pressupõe ser o comportamento dos
outros.
Por sua vez, Stigler dirá que os carteis são tendencialmente instáveis. Os oligopolistas,
produtores em coligação, combinam que vão aumentar o preço: há três comportamentos
possíveis - todos cumprem o acordo, alguns cumprem o acordo e nenhum cumpre o acordo.
Não cumprir o acordo é a estratégia dominante. Nesse sentido, recorre-se ao dilema do
prisioneiro, que se pode aplicar aos mercados.

 Se o McDonald’s baixa o preço e o Burguer King mantêm o preço, o lucro do


McDonald’s aumenta (visto que atrai mais clientes, o que compensa a redução dos
preços);
 Se o McDonald’s mantém o preço e o Burguer King baixa o preço, o lucro do Burguer
King aumenta;
 Se o McDonald’s e o Burguer King baixam os preços, os lucros diminuem (visto que se
mantêm os clientes habituais);
 Se o Se o McDonald’s e o Burguer King mantêm os preços, os lucros mantêm-se.

Verifica-se, portanto, que o equilíbrio de Nash é as duas empresas reduzirem os preços. Isto
origina menos lucro para as empresas, o que é mau, mas origina vantagens para os
consumidores. A melhor situação para as empresas é manterem os preços através de um
acordo, no entanto, nesse caso temos um mercado cooperativo, o que é negativo para o
consumidor.
O melhor para as empresas em conjunto seria fazer um acordo para vender a preços altos e
iguais, de forma a dividir os lucros de monopólio. Mas, se nos colocarmos na perspetiva de
uma delas verificamos o seguinte: se a outra empresa cooperar, o melhor é romper o acordo e
obter lucros muito elevados; se a outra romper o acordo, o melhor é romper também, e obter
lucros nulos em vez de prejuízos. É sempre melhor romper o acordo, independentemente do
comportamento da empresa concorrente.

No âmbito do cartel há incentivos para todos os participantes fazerem batota decorrente da


racionalidade do comportamento e da falta de confiança relativamente à fidelização das
outras partes no acordo. No entanto, assistem-se a situações de cartel que perduram durante
muito, tenha-se, por exemplo, a OPEP, que se reúne para discutir as quantidades de petróleo
oferecidas nos diferentes países, dando origem a que influenciem também o preço deste bem.

Podem existir estratégias de retaliação (estratégias predatórias) entre oligopolistas. A


conceção de Stigler não é, portanto, tendencialmente correta em todos os carteis.

Nash desenvolveu a Teoria dos Jogos e o conceito de "equilíbrio de Nash". A interação entre
um número limitado de agentes vai se centrar na competição, até ao momento em que um
agente não pode mudar a sua estratégia, se os outros mantiverem a sua estratégia. Trata-se
da situação na qual se verifica que cada um dos vários agentes racionais que interagem
escolhe a sua melhor estratégia em face das escolhas estratégicas dos demais – sendo que o
equilíbrio ocorre, nesses contextos de “jogo não cooperativo”, se nenhum dos jogadores puder
beneficiar de uma mudança de estratégia quando os outros jogadores não mudaram a
estratégia deles.
Através do equilíbrio de Nash constata-se que, por vezes, a não cooperação só vale a pena
até ao ponto em que cooperar é melhor. Ou seja, o racionalismo individual só vai ser bom até
ao ponto em que o racionalismo coletivo para a ser mais benéfico para todos. A concorrência
por via dos egoísmos individuais só é positiva até ao ponto em que a estratégia coletiva traz
um melhor resultado para todos.
Ao contrário daquilo que Smith defendia, nem sempre o comportamento individual racional
dá origem ao melhor resultado, sendo que a nossa racionalidade tem de incorporar as
estratégias dos outros. O pressuposto smithiano é válidos em certos contextos, mas não em
todos eles.

CONCORRÊNCIA MONOPOLISTA
A concorrência monopolística consiste numa situação de mercado imperfeito em que há
uma falha de fluidez, sendo esta a homogeneidade e a informação plena. Existindo
homogeneidade de produto e informação plena, a escolha económica do consumidor é feita
pelo preço, no entanto, neste caso há diferenciação de produto, pelo que a escolha do
consumidor vai decorrer de determinadas características do produto.

Tenha-se, por exemplo, a necessidade de comprar umas calças de ganga: existem imensas
lojas que podem satisfazer esta necessidade, no entanto, numas lojas estas podem ser
vendidas a 30€ e noutras a 500€, diferenciação preçária que decorre das diferentes
características entre estas calças.

A CRIAÇÃO DE NICHOS E PRICE MAKERS


Os mercados de concorrência monopolística representam a soberania do consumidor. Do
ponto de vista da eficiência produtiva, a concorrência monopolística não é a mais relevante.
Seria mais eficiente se todos consumíssemos bens iguais, no entanto, cada pessoa tem
diferentes interesses.
Nesse sentido, ocorre a formação de um nicho de forma a atender aos interesses do
consumidor, sendo que, no âmbito do mesmo, os produtores são price makers, possuindo
liberdade para explorar o mecanismo dos preços, dando origem a lucros extraordinários.
Evidencia-se, no entanto, que estre lucro se tende a esbater, pois outros agentes, ao
evidenciar os lucros, vão entrar também no mercado, dando origem a que os lucros
extraordinários do agente fixado se tornem lucros normais. Desta forma, há um grande
incentivo á inovação: os agentes têm de inovar de forma a não cair no lucro normal, ou seja,
de forma a atenderem a um determinado segmento do mercado e exercerem poder de
mercado no âmbito desse nicho. Evidencia-se, no entanto, que se trata de um monopólio de
curto prazo.

Tenha-se o exemplo do mercado dos iogurtes, onde há imensa variedade: iogurtes com ou
sem lactose, com ou sem aroma, com fruta ou sem fruta, etc. Por sua vez, dá-se a formação de
um nicho ao constatar que, por exemplo, as pessoas com intolerância á lactose vão consumir
produtos sem lactose e estão dispostas a pagar mais por este produto. É no âmbito deste
nicho que o mercado vai exercer o seu poder (poder de mercado), aumentando o preço do
mercado. Mercados em que não existe fluidez porque existe diferenciação de produtos, de
forma a ir de encontro ás preferências do mercado, formando-se, nesse nicho preços maiores
(visto que o consumidor se sujeita a pagar mais por esse produto).

A RELEVÂNCIA DA PUBLICIDADE
"A publicidade é o subproduto dos mercados em concorrência monopolística". É
fundamental que os produtores deem a conhecer as diferenças que vão introduzir nos seus
produtos e mercados. São aspetos que sinalizam o consumidor: sinais de qualidade, sinais de
luxo, sinais de tipo de consumo, etc. Dessa forma, a publicidade é a forma de adquirirmos
informação com baixo custo, podendo esta ser informativa (relativa a aspetos relacionados
com o preço) ou persuasiva (está a ser vendida uma ideia ou conceito).
A publicidade é necessária pois permite a divulgação das informações dos produtos, a
captura de segmentos de consumidores e a prática de preços com algum poder de monopólio
para aquele segmento de consumidores.

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