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ECONOMIA
Todos nós, como seres humanos, sentimentos necessidades. Estas necessidades podem ser
muito variadas, desde os essenciais à sobrevivência às mais dispensáveis e passageiras, tais
como aspirações e desejos. De uma forma geral, podemos dizer que as nossas necessidades
são ilimitadas, no entanto, os recursos (bens e serviços) que utilizamos para as saciar são, por
sua vez, limitados e escassos.
Esta dicotomia leva à necessidade de fazer escolhas, face às diferentes opções que temos ao
nosso dispor. Este é o objeto principal da Economia. Nas palavras de Robbins: "a Economia é a
ciência que estuda as opções face à raridade dos bens.".
As necessidades de cada pessoa são ilimitadas, muitas vezes satisfeitas recorrentemente,
relativas, dependem de pessoa para pessoa, e de carácter variável, podem mudar com o
passar do tempo e o evoluir da tecnologia. A sobreprodução não significa que exista uma
diminuição das necessidades, ou seja, que estas tenham sido saciadas, mas sim que há um
desequilíbrio no mercado, ou seja, entre a procura e a oferta.
As escolhas e os bens são limitados, principalmente os bens económicos (diferentes dos
bens livres, que existem em tais condições que se podem obter sem grande esforço).
A Economia é uma ciência eminentemente social, estudando a conduta humana nas suas
interações, os seus padrões de consumo e a forma como fazem as suas escolhas. A economia
estuda as escolhas individuais e coletiva no ambiente de escassez de recursos. Escolhas estas
feita em liberdade, de forma não condicionada e não coagida, neste ambiente de escassez e
com a premissa de que as necessidades são ilimitadas.
Temos bens/recursos escassos e necessidades virtualmente ilimitadas. Há que tomar uma
decisão e, nesse sentido, fazemos uma avaliação das opções que temos, analisando os prós e
os contras daquela decisão, e, inevitavelmente, surge uma ordem. Há uma ordem espontânea
para tomar esta decisão, ao fazê-lo estamos a agir de acordo com o princípio da racionalidade:
a escolha racional é aquela que permite a maior vantagem líquida, ou seja, aquela em que os
benefícios são máximos e os custos são mínimos (benefícios - custos = resultado líquido). Ao
fazer esta operação obtenho o resultado líquido e escolho a opção que tiver maior resultado
líquido, sendo esta a minha escolha racional. A racionalidade é, no fundo, a que permite a
maior vantagem líquida.
A PERSPETIVA NEOINSTITUCIONAL
Apesar de Smith ser identificado como o pai da Economia, outros autores e pensadores
contribuíram, desde então, para a disciplina. Podemos dizer que Smith e outros autores foram,
inicialmente, os autores clássicos. Sendo seguidos pelos autores neoclássicos. Havendo
eventualmente uma divergência de perspetivas, entre a neoclássica e a neoinstitucional.
A perspetiva neoclássica, representada por Robbins, muito associada à matemática, é uma
perspetiva de metedologia dedutiva, que parte do geral para o particular. Nela criam-se
modelos abstratos e subsequentemente tenta-se aplicar estes modelos ao mundo real.
A perspetiva neoinstitucional, por sua vez, emprega uma metodologia indutiva, que parte da
análise do concreto para o abstrato/geral, ou seja, para a formação de princípios gerais. Assim
analisa como a realidade (as instituições) condicionam o comportamento dos agentes
económicos.
Podemos afirmar que associado à perspetiva neoclássica existe o conceito de racionalidade
perfeita e associado à perspetiva neoinstitucional existe o conceito de racionalidade limitada.
1.ª LEI DE GOSSEN = À medida que se consome mais de um bem, a utilidade de cada unidade
adicional consumida desce e o seu custo adicional é cada vez mais baixo.
Por exemplo, tenho n copos de água à frente e tenho sede. O primeiro copo de água sabe
muito bem, até que com os sucessivos copos de água que bebo, vai deixar de saber bem (atingi
a saciedade e a partir daí vai ser penoso beber água). As decisões económicas não são de
“tudo ou nada” – há uma gestão para satisfazer parcialmente as nossas necessidades, fazer
mais ou menos de algo. Fica-se sempre aquém do ponto de saciedade. Ou seja, percebe-se que
os nossos raciocínios, andam, na verdade, na margem. Se, por exemplo, tenho dinheiro para
comprar roupa e sapatos, não vou gastá-lo todo em sapatos para ter dinheiro para roupa. O
objetivo é sempre equilibrar e satisfazer as nossas satisfações. Não temos tudo aquilo que
gostaríamos de ter. Como temos de distribuir o nosso rendimento por vários bens, verifica-se
que nem sempre satisfazemos totalmente as nossas necessidades.
Os marginalistas introduziram, portanto, o conceito de utilidade, ou seja, a satisfação
(benefícios e vantagens) que se retira por satisfazer uma necessidade. Trata-se de um conceito
subjetivo. Na generalidade das necessidades não chegamos a satisfazê-las inteiramente,
chegamos antes a um ponto anterior à saciedade, à qual chamamos utilidade marginal.
Através deste gráfico é possível concluir que a Lei Marginal é decrescente, ou seja, a utilidade
marginal é decrescente. Por outro lado, a utilidade total é o somatório das utilidades marginais
e é crescente em menor progressão e utilidade marginal é a utilidade da última dose que é
empregue na satisfação de uma necessidade.
A utilidade depende de pessoa para pessoa, é um conceito subjetivo. Dessa forma, o valor
que damos a algo é relativo a cada pessoa, no entanto, o mercado não sabe isso.
Paramos de consumir porque temos de fazer equilíbrios. Supondo que cada garrafa de água
custa 1 euro, e todas as garrafas custam um euro, e eu estou cheia de sede. Aquilo que
acontece é que na primeira garrafa sinto uma vontade muito intensa, pelo que a utilidade que
retiro da garrafa vale mais do que o custo. Por sua vez, na segunda garrafa, a utilidade que
retiro da garrafa é menor mas continuo a pagar o mesmo preço da primeira garrafa. Comprar a
garrafa não é, portanto, racional pois os benefícios não superam os custos. Se comprasse a
garrafa estaria a incorrer numa decisão que me prejudicaria mais do que beneficiaria. A
utilidade é importante pois mostra quando é que os agentes económicos param de consumir
um determinado bem: quando a utilidade marginal é igual ao preço. Há, portanto, uma ideia
de equilíbrio individual.
A utilidade marginal explica, então, o comportamento do consumidor no mercado: consumo
até ao momento em que o valor de utilidade dos bens seja igual ao custo dos mesmos.
No entanto, os marginalista incorreram num paradoxo, o chamado paradoxo do valor: "Nada
é mais útil do que a agua mas com ela pouco se compra. O diamante é pouco valioso quando
ao seu uso mas pode trocar-se por uma grande quantidade de bens.".
Percebe-se, portanto, uma distinção entre valor de uso, que é meramente estimativo, e
valor de troca. Percebe-se, por exemplo, esta distinção quando pensamos no código civil
anotado que tem imenso valor para o estudante de Direito mas não possui qualquer valor para
um comprador.
Desta forma, os marginalistas fizeram uma distinção entre estas duas conceções, sendo que
o referencial do valor para as relações de troca é dado pela utilidade marginal.
OU SEJA:
O pensamento clássico caracteriza-se pelo método indutivo (do particular para o geral),
defendendo uma teoria objetiva do valor, ou seja, o valor está no objeto (ex. a sua utilidade,
fatores de produção incorporados – horas de trabalho, fatores naturais, etc.).
Os marginalistas aporiam.se num método dedutivo (do geral para o particular), com base
numa teoria subjetiva do valor, afirmando que o valor não está no bem mas depende sim da
avaliação do sujeito e da sua disposição de pagar por ele. Defendem uma teoria de afetação
eficiente dos recursos existentes em quantidades limitadas a usos alternativos efetuada
através do cálculo marginal-diferencial.
Suscita-se o conceito de utilidade marginal, ou seja, a utilidade adicional, a de mais uma
dose ou da última dose empregue para satisfazer uma necessidade. Por outras palavras, mais
importantes do que as grandes decisões (ex.: estudar ou não estudar), para os marginalistas
interessam as pequenas decisões (ex.: estudar mais uma hora ou não).
As trocas são um jogo de soma positiva pois todos ficam a ganhar, os compradores e os
vendedores, visto que estamos num quadro de liberdade e ninguém é obrigado a vender ou a
comprar. Um jogo de soma positiva, surge por oposição aos jogos de soma zero, em que para
um ganhar o outro tem de perder. É o exemplo de alguém que compra um telemóvel e
imediatamente é roubado depois de sair da loja. O benefício de um dá-se através do custo de
outro. É uma troca não consentida e de soma zero: aquilo que um ficou a ganhar foi aquilo que
outro ficou a perder.
No mercado há um referencial que é objetivo: o preço. O preço forma-se no mercado e pelo
confronto entre a totalidade de oferta e a totalidade de procura daquele bem. Para que o
mercado funcione tem de existir procura e oferta, e este resulta do cruzamento entre estes
conceitos.
MERCADO
O mercado é o ponto de encontro entre oferta e procura, quer seja um local físico ou não,
temporário ou não e, por sua vez, o preço corresponde à expressão monetária do valor de
bem, tratando-se de algo objetivo que decorre da interação entre procura e oferta.
As empresas são quem produz os bens para colocar no mercado de bens, pelo que
representam a oferta (output) deste mercado, por outro lado, para funcionar, tem de
contratar trabalhadores, possuir matéria prima e máquinas que constituem bens
instrumentais, pelo que representam a procura do mercado de fatores. Os fatores de
produção são o capital e a terra, que constituem fatores naturais, e o trabalho. Por sua vez, as
famílias representam a procura do mercado de bens e representam a oferta do mercado de
fatores. As famílias fazem oferta da sua força de trabalho no mercado dos fatores. As famílias
pagam às empresas com o seu trabalho e as empresas pagam de volta com juros, rendas e
salários. A renumeração do capital é o juro, da terra é a renda e do trabalho é o salário.
PODER DE MERCADO
No âmbito de poder de mercado falamos em falhas de concorrência. Ao funcionarem
individualmente, as empresas influenciam, pela sua conduta, o funcionamento do mercado.
Este funcionamento individualizado é admissível até certo ponto pois os mesmos podem gerar
situações de concentração de poderes de mercados, ou seja, não pode haver um abuso de
poder da posição dominante de forma a que os consumidores sejam prejudicados. A
concentração do poder de mercado pode prejudicar o mercado e o seu funcionamento, bem
como os consumidores vistos que um ambiente de concorrência é sempre melhor para os
consumidores e, por outro lado, pode desencadear situações de monopólio pela inovação.
Em suma, verifica-se poder de mercado quando um agente económico, através da sua
conduta, consegue influenciar os aspetos essenciais do mercado: preço e quantidade; quando
alguém explora abusivamente o mecanismo dos preços para proveito próprio: casos de
monopólio, oligopólio e monopessónio – Estado regula, legisla, incentiva e impõe padrões de
conduta.
FALHAS DE INFORMAÇÃO
Existem ainda as falhas de informação, ou assimetrias informativas, que podem ser de dois
tipos: seleção adversa e risco moral.
Uma assimetria informativa é a diferença informacional entre dois bens/agentes envolvidos
numa transação, ou seja, o domínio de uma informação importante para as condições da
transação, que uma pessoa sabe melhor e vai usar para obter vantagens à custa da outra.
Seleção Adversa
Na seleção adversa, verifica-se um estreitamento do mercado que decorre da forma como
neste ficam os "piores" agentes económicos, excluindo-se os "melhores". Toma-se como
exemplo, o mercado dos carros usados em que apenas o vendedor sabe avaliar a qualidade do
bem. O potencial comprador não tem acesso à informação total do bem, pelo que fixa um
valor médio para gastar nesse bem. Por esse valor, os vendedores dos bens com melhores
qualidades retiram-se do mercado (não estão dispostos a vender por esse preço).
Posteriormente, sairão do mercado os medianos até só restarem os maus.
Por outro lado, no caso das seguradoras, o segurando tem mais informação e a seguradora
fixa um prémio médio para o seguro. Se o seguro do carro não fosse obrigatório, os melhores
condutores retirar-se-iam do mercado e, no limite, só os piores condutores é que teriam
seguro.
Conclui-se, portanto, que o Estado tem a função de legislar para que não haja este
estreitamento do mercado (seja na obrigação de algo ou não).
Risco Moral
No risco moral, verifica-se a atuação negligente de um agente, por este saber que o seu
comportamento será dificilmente detetado, ou seja, que o seu contraparte não detetará
eficientemente essa conduta. Não se consegue aferir a diligência na conduta de outrem pelo
que há uma resposta na ordem jurídica – formulações contratuais para superar a aversão ao
risco. É o exemplo de alguém que tem o vendedor da sua empresa num país estrangeiro. Este
agente tem liberdade de estabelecer um contrato que dê uma remuneração fixa e uma parte
variável consoante as vendas.
EXTERNALIDADES
Falamos ainda de externalidades que tanto podem ser positivas como negativas. Tratam-se
de efeitos positivos ou negativos causados pela atuação de alguém sobre a esfera de outrem
que não é compensado pelos prejuízos nem tem de pagar pelos benefícios.
Trata-se de uma externalidade positiva "sentir o cheiro agradável do perfume do vizinho" e
trata-se de uma externalidade negativa "ouvir música muito alta e má do meu vizinho". Outros
exemplos de externalidades negativas são o barulho, a poluição e o fumo.
As externalidades não são objeto de transação pelo que não têm preço, tratam-se,
simplesmente, de efeitos que fogem do mercado.
Verifica-se que a poluição do mundo advém das atividades produtivas e que a poluição
sonora pode advir, por exemplo, dos aviões. Percebe-se, portanto, que a atividade económica
e produtiva acaba por produzir externalidades, sejam elas positivas ou, principalmente,
negativas. No entanto, estas atividades, embora acarretem efeitos negativos, são necessárias
para a vida, sendo que, por exemplo, para parar a poluição sonora teríamos de deixar de
recorrer aos aviões o que teria um imenso custo social.
Conclui-se, portanto, que uma sociedade tem sempre externalidades. Problema este que, à
medida que as sociedades se foram desenvolvendo, ficou pior. No entanto, a ideia é minimizar
as externalidades, de forma que o custo social não seja tão alto, sendo nesse sentido que o
Estado atua e limita. Verifica-se ainda que se as entidades funcionassem individualizadas, na
sua tentativa de maximizar os benefícios, maximizariam também as externalidades,
chamando-se a estas atividades, atividades externalizadoras, pelo que, desta forma, o Estado
atua. O Estado vem refrear o nível de atividade daquele que continua a lucrar quando os danos
que causa a terceiros já são em elevado grau.
Existem, sobretudo, duas grandes razões para o Estado intervir na Economia: justiça social e
eficiência. As falhas de mercado são as assimetrias informacionais, o poder de mercado e as
externalidades.
No caso da economia clássica e neoclássica não existia a conceção de "falha de mercado",
visto que se acreditava no sistema da "mão invisível" pelo que o mercado conseguiria regular-
se a si próprio e os egoísmos individuais complementar-se-iam no âmbito do mercado. Desta
forma, conclui-se que não se necessitaria da intervenção do Estado. Contudo, até Adam Smith
dizia que em determinadas situações o Estado devia intervir em determinadas situações:
situações em que os individuais não teriam interesse em participar como, por exemplo, a
defesa nacional e administração interna.
Os neoinstitucionalistas verificaram que havia situações em que o mercado, sozinho, não
conseguia ultrapassá-las, chamando às mesmas falhas de mercado. Nesse sentido, o Estado
deve intervir de forma a resolvê-las. Estas falhas de mercado são: assimetrias de informação,
na qual um dos agentes tem mais informação do que o outro, criando um desequilíbrio;
poderes de mercado, em que um agente de mercado domina as trocas dentro do seu campo,
exercendo uma influência sobre os restantes agentes; as externalidades, em que a atitude de
alguém vai prejudicar ou beneficiar outrem sem que haja lugar para qualquer tipo de
indemnização.
As externalidade são situações em que a conduta de uma pessoa vai afetar o bem estar de
outra, por vias extra-mercado, seja prejudicando sem ter de pagar, ou beneficiando sem ter
chance de fazer-se pagar por isso. Verifica-se que os agentes do mercado, sem qualquer tipo
de influência, estão a ter uma prejuízo ou benefício, sem que o mercado consiga fazer, no
fundo, a compensação desse prejuízo ou desse benefício. O exemplo típico da externalidade é
a poluição.
Por exemplo, uma fábrica que causa poluição de um rio está a ter, com a sua produção, um
benefício alto a baixo custo individual, visto que não está a recorrer a nenhum meio para
impedir a poluição. Contudo, esta atitude está a provocar um custo social muito elevado, ou
seja, a poluição de um rio de uso público, prejudicando a comunidade. É esta diferença entres
custos individual e social que constitui a falha de mercado e dá origem ao desequilíbrio no
mercado. O Estado, no entanto, só intervém caso o a diferença tenha relevância elevada o
suficiente no âmbito social.
No caso das externalidades negativas, o Estado geralmente atua, impondo medidas, para o
indivíduo, ou seja, a fonte de externalidades negativas e não junto da comunidade. No
exemplo dado, o Estado pode criar medidas, no caso de agentes poluidores, com vista à
imposição de filtros e tratamento das águas. Também podem ser impostas sanções aos
agentes poluidores. O Estado vai, portanto, aumentar o custo individual, equilibrando os
custos individuais e sociais.
Este tipo de intervenção pelo Estado pretende que o custo individual e social se equilibrem:
atenuação da falha do mercado. No caso da externalidade negativa, a falha de mercado é a
existência de uma sobreprodução: produção a mais do que seria desejado. Algo que ocorre no
exemplo dado: há uma sobreprodução de poluição. A intervenção do Estado no sentido da
atenuação da falha tem como objetivo a internalização desta sobreprodução e terminar com
este excesso de produto.
No caso das externalidades positivas, temos a atitude de alguém que vai provocar um
beneficio a outrem sem que o mercado consiga indemnizar este agente que provocou o
benefício. A falha de mercado decorre, portanto, do facto de não haver correspondência
económica para o benefício que um agente está a provocar a outrem.
No caso destas externalidade, alguém teve uma atitude que provocou um benefício social
elevado e a falha de mercado vai ser a diferença de benefícios. Ou seja, em termos individuais,
a atitude não causou um benefício muito grande, mas em termos sociais causou . Temos o
exemplo das vacinas, contexto no qual se verifica um beneficio individual não muito elevado,
pois os custos são muito elevados, mas que, a nível social, o benefício é extremamente
elevado. Ou seja, temos uma desproporção entre aquilo que é o beneficio individual e o
beneficio social. Neste caso, estamos perante uma subprodução: mercado que, em rigor, até
precisava de mais produto daquele género. É esta a falha: há procura para mais recursos
daqueles mas não há oferta pois os privados não produzem. Sendo assim, o Estado intervém
incentivando os privados a produzir, através, sobretudo, de subsídios. Desta forma, o Estado
intervém, corrigindo as falhas.
BENS PÚBLICOS
No caso dos bens públicos, o problema nem é bem uma subprodução mas sim o facto de os
privados/particulares não estarem interessados em produzir estes bens, não têm incentivo
para o fazer.
Isto acontece porque os bens públicos (em termos económicos) têm características muito
próprias. Os bens públicos são bens em que não há exclusividade e não há rivalidade de uso.
A ausência de exclusividade dos bens públicos diz que todos podem usá-los, ou seja, todos
têm acesso a eles, ao passo que não haver rivalidade uso significa que posso usar esse bem
sem impedir outra pessoa de usá-lo, ou seja, esse bem pode estar a ser usado por 1 ou 50
pessoas ao mesmo tempo.
Relativamente aos bens privados, existe rivalidade de uso tal como há exclusão eficiente. Se
nos bens públicos, todos podem usar e todos podem aceder a esse bem, os indivíduos
privados não vão querer produzi-los pois não vão ser beneficiados por eles.
Tem-se, por exemplo, a iluminação pública: existe procura mas não há nem exclusividade
nem rivalidade de uso. Neste caso, não existe um mecanismo eficiente para cobrar pela
iluminação pública. Não há mercado pois embora haja procura (a existência de iluminação
pública permite um maior acautelamento da segurança, permite que as pessoas fiquem até
mais tarde ao ar livre, etc.), não há produtor. Sendo assim, o Estado faz a própria produção
desse bem ou realização desse serviço.
No caso dos recursos comuns, embora não haja exclusividade, há rivalidade de uso. Ou seja,
são recursos que estão disponíveis a todos mas que, se todos os usarem, vão perder a sua
utilidade. Um exemplo típico de recursos comuns são os terrenos baldios. Os baldios são
terrenos abandonados pelas comunidades que poderiam existir para pastagem. Verifica-se, no
entanto, que se todos os usassem, existiria rivalidade. Por outro lado, um exemplo são as
estradas: estão acessíveis a todos mas se todos decidirem usá-las vai ocorrer
congestionamento. Dessa forma, o Estado intervém fazendo as estradas pois os privados não
têm forma de produzir benefício desta forma.
No entanto, por vezes existem falhas de governação, pelo que o Estado se engana e comete
erros.
A teoria das falhas de mercado afirma a legitimação da intervenção estadual em prol da
eficiência económica.
Às falhas de mercado surgem , em contraposição, as falhas de intervenção visto que a
intervenção do Estado também não é perfeita e também acarreta custos, significativos, que
devem ser tomados em conta. Portanto, também podem existir falhas na própria intervenção
corretiva.
O decisor público não tem informação perfeita pelo que podem ocorrer falhas nos
mecanismos de fiscalização.
Se já falhas de mercado e falhas de intervenção e estas forem superiores, então é preferível
que não ocorra intervenção estadual. Ou seja, deve se deixar o mercado trabalhar
autonomamente, mesmo com falhas e perdas de eficiência.
A intervenção estadual pode ocorrer através da regulação, da redistribuição, da correção de
falhas de mercado e da produção de bens públicos.
A macroeconomia é o estudo dos grandes agregados económicos, ou seja, do crescimento
económico, do desemprego, da inflação e das trocas internacionais. Por sua vez, a
microeconomia é o estudo das decisões dos agentes individuais e das empresas.
LEI DOS CUSTOS RELATIVOS CRESCENTES = Relação entre a produção alternativa de dois bens
e postula que à medida que vai aumentando a produção de um bem, a produção do outro vai
diminuindo mais do que proporcionalmente, aumentando por isso o custo da sua não
produção. Posto de outra forma, uma vez que o rendimento ou a produtividade marginal vai
diminuindo pela saturação do fator fixo, os custos, incluindo de oportunidade (de não optar
pela produção alternativa), vão crescendo até ao ponto em que será racional mudar de
produção (não sendo possível a variação total dos fatores de produção) .
Por exemplo:
Se eu estou unicamente a produzir canhões e quero produzir manteiga, vou retirar da
produção de canhões os trabalhadores menos especializados/produtivos. No entanto,
conforme vou aumentando a produção de manteiga, mais trabalhadores produtivos vou ter de
retirar, pelo que a produção de canhões vai descer muito.
Se só estou a produzir o bem A e ponho um trabalhador a produzir o bem B, verifica-se que o
custo associado é baixo, uma vez que só perco um trabalhador.
No entanto, se em vez de ter só um trabalhador a produzir o bem B, tiver agora dois, verifica-
se agora um aumento dos custos de oportunidade. É verdade que passo a ter mais benefício,
mas mesmo com maios um trabalhador, não há um aumento proporcional do benefício.
Por exemplo:
Por exemplo, se eu tiver um terreno (fator fixo), este, sozinho, não me dá rendimento. Se
adicionar um trabalhador, ou seja, um fator variável ao fator fixo percebe-se que os custos
(mensuráveis e de oportunidade) aumentam, porque tenho de pagar o salário ao trabalhador,
mas também tive um benefício, visto que o meu rendimento aumentou (de 0 para 10, por
exemplo). Se acrescentar outro trabalhador, o meu rendimento volta a aumentar (de 10 para
15, por exemplo) e, se continuar a adicionar trabalhadores, os custos vão sempre aumentando,
enquanto os benefícios não têm um aumento proporcional.
A fonteira não é fixa ao longo do tempo: podem existir expansões (por causa da evolução
tecnológica verifica-se o aumento da produtividade) e contrações (por causa da destruição de
fábricas e infraestruturas).
As dotações (ou vantagens) naturais têm, no fundo, a ver com as circunstâncias geográficas
que são propicias a uma ou outra função: clima, relevo, minerais, etc. Por exemplo, uma das
produções de Africa do Sul é a de ouro, algo que decorre da sua grande quantidade de
minerais.
As dotações herdadas surgem associadas às dotações naturais. Tenha-se o exemplo do
vinho do Porto e da calçada portuguesa, no caso de Portugal. Só se produz vinho do Porto no
Douro pois este tem um clima e solo adequados para esse fim, por outro lado, temos um
processo de fabrico herdado, passado de geração em geração e muito próprio da cultura
portuguesa. Por sua vez, a calçada portuguesa é algo intrinsecamente português, sendo que
temos recursos de pedra granito e calcário e, por outro lado, a arte do trabalhador calceteiro é
algo passado de geração em geração. São produções tipicamente portuguesas.
As dotações adquiridas consistem em aptidões adquiridas pelos povos. Por exemplo,
associamos a Suíça à produção de chocolate e relógios. Têm a ver com a formação de capital
em sentido económico. A Japão é um país relativamente pequeno, pobre em recursos naturais,
no entanto, é muitíssimo desenvolvido porque investiu bastante em infraestruturas (muitas
linhas de comboio de alto velocidade, fábricas dos mais diversos produtos, etc.).
Por último, o capital humano corresponde à formação e especialização/qualificação dos
indivíduos. Quando maior essa qualificação, maior a especialização do fator trabalho e,
portanto, a qualificação, sendo uma decisão individual.
Podem haver combinações de todos estes fatores.
CURVA DE PROCURA
A procura é o comportamento típico dos que se dirigem ao mercado para satisfazer as suas
necessidades. "Comportamento típico" associa-se a um padrão de mercado. O padrão de
mercado em questão é o mercado de concorrência perfeita: atomicidade, liberdade e fluidez.
É no mercado de concorrência perfeita que analisamos a procura. A procura é a quantidade
de um bem que se está a disposto a adquirir e para a qual se tem poder de compra.
O incentivo da procura está relacionado com a utilidade, ou seja, com a satisfação das
necessidades com o menor custo associado. Sendo um comportamento típico de vários
agentes e atendendo ao ceteris paribus, é formada uma lei da procura onde existe uma
correlação inversa entre o preço e a procura. Percebe-se que quanto maior o preço, menor a
quantidade procurada, ao passo que, quanto menor o preço, maior a quantidade procurada.
Pode-se construir uma função da procura na qual é possível perceber, para cada preço, qual
é a quantidade procurada, isto é, quantos consumidores estão dispostos a adquirir esse bem, e
a quantidade que estão dispostos a adquirir desse bem. O facto de existir esta correlação
inversa é que vai levar à configuração da curva da procura que é inversamente inclinada.
Há, no entanto, dois tipos de bens que contrariam a lei da procura: bens de Veblen e bens de
Giffen.
Os bens de Giffen são bens inferiores, ou seja, bens que deixam de ser consumidos quando
as pessoas passam a ter rendimentos mais elevados. Estes bens, não sendo superiores, mesmo
que o seu preço aumente, não vão deixar de ser consumidos, aliás vão ser ainda mais
consumidos. Não há efeito de substituição pelo que, mesmo que o preço do bem aumente, o
mesmo não é substituído.
Os bens de Veblen são bens ostentatórios ou conspícuos, ou seja, são bens que são
comprados para transmitir um determinado estatuto, como é o exemplo dos produtos de luxo
ou de grife. Tratam-se de bens de procura especifica, que são requisitados por pessoas com
grande poder de compra. Surge contrariamente à lei da procura, visto que há bens que quanto
mais caros e reservados forem, mais incentivo à procura eles têm.
A curva da procura pode representar a procura individual, a procura de um determinado
bem ou a procura de agregados (decorre da macroeconomia e representa todos os bens
procurados numa economia).
A lei da procura só funciona devido a dois efeitos: efeito de rendimento e o efeito da
substituição.
O efeito de rendimento diz-nos que, caso algum preço dos bens se altere, o padrão de
procura também se altera. Ou seja, todos nós somos consumidores de um determinado cabaz
de bens e temos uma restrição financeira constante, logo, se o preço de um determinado bem
desse cabaz subir, a quantidade procurada por nós, enquanto consumidores, terá de descer
visto que teremos um rendimento mais baixo. Se pelo contrário, o preço do bem baixar, a
quantidade do mesmo vai subir. Ou seja, entende-se que o consumidor tem um orçamento
constante e limitado, pelo que de cada vez que ocorrerem variações no preço de um bem, a
procura se vai alterar. Em termos latos, "se eu ficar com menos rendimento disponível,
consumo menos, ao passo que, se eu ficar com mais rendimento disponível, consumo mais".
O efeito de substituição ocorre em resposta ao aumento do preço de um bem. Se o preço
do bem aumentar aquilo que a procura tendencialmente faz é substituir o seu consumo, ou
seja, vai à procura de um bem que seja semelhante e mais barato relativamente ao bem mais
caro, substituindo o seu consumo.
A variação ao longo da curva tem a ver com a configuração da curva porque podem existir
variações de preço, pelo que, de cada vez que ocorre uma, a curva terá um formato diferente.
Por sua vez, também se pode dar a formação de novas curvas de procura, através de
movimento de e expansão ou contração relativamente à curva de procura originária.
Variações de Gostos
Os fatores que podem levar à formação de novas curvas de procura são as variações de
gostos (decorrentes das "modas", por exemplo: se está na moda o uso de boinas, este produto
vai ter um aumento de quantidade procura, pelo que se vai formar uma nova curva de procura
em movimento de expansão, relativamente à curva de procura original).
Campanhas Publicitárias
Também pode decorrer de campanhas publicitárias, visto que, se tivermos divulgação de
informação acerca de certos produtos, os padrões de consumo desses produtos podem mudar
(por exemplo, se ocorrer uma campanha publicitária relativa aos males do chocolate, este
produto vai ter uma diminuição de quantidade procurada, pelo que se vai formar uma nova
curva de procura em movimento de contração, relativamente à curva de procura originária).
Alterações de Rendimento
Relativamente às alterações de rendimento, estas ocorrem quando se verifica um aumento
ou diminuição do rendimento dos consumidores. Se o meu salário for maior, vou ter mais
capacidade de consumo visto que tenho mais dinheiro e recursos, pelo que as quantidades
procuradas aumentam e vai ocorrer a formação de uma nova curva da procura em movimento
de expansão. Quando há aumento de rendimento, em regra a procura de pereferiores diminui,
ou seja, passam a ser comprados em menor quantidade, e aumenta a quantidade procura de
bens normais e, caso o rendimento aumenta substancialmente, superiores.
Ocorre o contrário se o meu rendimento diminuir, pelo que a quantidade procurada vai
diminuir. Neste caso verifica-se uma diminuição da quantidade procurada de bens superiores,
sendo estes substituídos pelos bens normais, e, também pode ocorrer, o aumento da
quantidade procurada de bens inferiores (pelo que se dá a formação de uma nova curva de
procura em sentido de expansão).
Expetativas
Outro fator de alteração da curva são as expectativas: as expectativas sobre o rendimento,
por exemplo. Se eu tiver a expetativa de aumento de rendimento, por exemplo, ao aumentar o
meu salário, vou aumentar a quantidade procura, ao passo que, se eu tiver a expetativa de
diminuir o meu salário, vou diminuir a minha quantidade procurada. Dá-se a formação de uma
nova curva em sentido de contração.
No caso dos preços, se a expetativa for sobre variações dos preços, se tivermos a expetativa
de que o preço vai aumentar, vou antecipar a minha compra, pelo que vai existir uma expansão
da procura imediatamente. Se, pelo contrário, tiver uma expetativa de diminuição de preço,
vou diminuir o meu consumo, ou seja, ocorre uma diminuição da quantidade comprada. Se eu
souber que o preço daquele bem vai aumentar, vou tentar comprá-lo antes que o preço
aumente, ao passo que, se eu souber que o preço daquele bem vai diminuir, vou tentar esperar
para pode comprá-lo assim que o preço diminuir. º
CURVA DE OFERTA
A oferta é o comportamento típico daqueles que se dirigem ao mercado para vender bens e
serviços, falando agora da situação típica dos produtores. A oferta é a disponibilidade dos
produtores de colocar bens no mercado, que são produzidos e que têm como referencial de
valor o custo de produção. O objetivo dos produtores é tentar vender ao mais alto preço,
obtendo o maior benefício e vantagem na venda. Temos a lei da oferta que estabelece uma
relação entre o preço e a quantidade oferecida, atendendo a essa ideia de que os produtores
querem obter o maior lucro possível: se o preço aumenta, a quantidade oferecida também
aumenta, ao passo que, se o preço diminuir, a quantidade oferecida também diminui. Trata-
se de uma correlação direta entre preço e quantidade.
A curva da oferta, à partida, não começa no 0 porque estamos a falar de produtores, que,
para produzirem o serviço, têm sempre um custo associado pelo que, se os produtores
entendem obter lucro então só estão dispostos a entrar no mercado quando o preço do
mercado cobrir, pelo menos, os custos desta produção (se o preço do mercado for mais baixo
não existe benefício na oferta pelo que não há uma decisão racional). Tem de haver uma
coberta do preço marginal. À medida que esse preço vai aumentando, vão existir mais
produtores a querer colocar o seu produto no mercado e é por isso que a quantidade oferecida
vai aumentar à medida que o preço vai aumentando.
A curva da oferta é positivamente inclinada porque a produção está sempre sujeita á lei dos
rendimentos marginais descrentes, ou seja, os custos marginais crescentes. Para produzir a
mesma quantidade, os custos de produção aumentam pelo que a sua produção só compensa
se os preços desses bens forem superiores.
Podemos distinguir variações ao longo da curva de oferta (relacionadas com variações do
fator preço - se o preço aumenta, a quantidade aumenta) e formação de novas curvas de
oferta, em movimento de expansão e em movimento de contração.
Tecnologia
As alterações tecnológicas tendem a diminuir os custos de produção e aumentar a quantidade
oferecida, e nesse sentido ocorre a formação de uma nova curva de oferta em movimento de
expansão de determinado bem.
Dimensão do produtor
A dimensão do produtor pode determinar maior ou menor produção, dando origem aos
efeitos de escala: quanto maior a dimensão, maior a possibilidade de maior produção, pelo que
os custos de produção marginais vão diminuindo.
Os pequenos produtores têm menor capacidade de adaptação ás condições do mercado que
os grandes produtores.
Expetativas do produtor
Relativamente ao preço, por exemplo. Se o produtor de um bem em poucas quantidades,
espera um aumento de preço do mesmo, faz stocks para esperar para aumentar a quantidade
oferecida assim que os preços aumentarem. Isto não pode ocorrer com bens perecíveis, por
exemplo.
Influências especiais
Dizem respeito a fatores atmosféricos, políticos e sociais. Se ocorrer a destruição dos
recursos, o número de produtores diminui, a quantidade oferecida diminui e, nesse sentido,
ocorre a contração da curva.
CRUZ DE MARSHALL
Albert Marshall formulou a cruz marshalliana. Verifica-se que
há um ponto de interseção entre a curva da procura e a curva da
oferta à qual se chama ponto de equilíbrio, no qual a quantidade
procurada é igual á quantidade oferecida. Não há procura em
excesso (relativamente à oferta) nem oferta em excesso
(relativamente à procura). A abcissa do ponto de equilíbrio é a
quantidade de equilíbrio e a ordenada do ponto de equilíbrio é a
quantidade de equilíbrio.
Verifica-se que a quantidade que os produtores estão dispostos
a vender é igual à quantidade que os consumidores estão
dispostos a comprar. Verifica-se a máxima satisfação dos
consumidores e vendedores – satisfação de toda a quantidade
procurada àquele preço.
Acima do ponto há Excedentes – quantidade oferecida é maior que a quantidade
procurada. Vendedores dispostos a transacionar mais bens do que aqueles que os
compradores estariam dispostos a pagar
Abaixo do ponto há Escassez – quantidade procurada é maior que a quantidade
oferecida – não satisfaz a totalidade das necessidades dos consumidores que querem
esse bem. Consumidores dispostos a transacionar mais bens do que aqueles que os
vendedores.
Perante a formação de novas curvas de oferta e de procura, dão-se também a formação de
novos pontos de equilíbrio.
ELASTICIDADE
Por elasticidade entende-se a sensibilidade, isto é, o nível de reação, de um determinado
fator (por exemplo, a quantidade procurada ou oferecida) à variação de um outro (por
exemplo, o preço do bem A ou do bem B, rendimento). Quando a sensibilidade é elevada, ou
seja, quando a variação de um fator em relação ao outro é mais do que proporcional (maior)
fala-se em elasticidade/grande elasticidade e, no caso contrário, quando é menos do que
proporcional (menor) em pouca elasticidade, inelasticidade ou rigidez.
Esta elasticidade denota a sensibilidade dos consumidores face à alteração dos preços dos
bens e serviços.
Se o bem é rígido, ou seja, insensível à alteração, os agentes maximizadores de lucro
aproveitam-se disso e aumentam os preços. Por sua vez, se o bem é elástico, ou seja, muito
instável e sensível, pode demonstrar ausência de fidelização.
Existem fatores que condicionam a elasticidade de um bem:
Grau de necessidade (sendo que bens de primeira necessidade têm procura mais
rígida, ao passo que com bens supérfluos há uma procura mais elástica);
Efeito de substituição (ou seja, ocorre o aumento da elasticidade da procura se há
alternativas, ou seja, bens sucedâneos);
Efeito de rendimento (ou seja, ocorre um aumento da elasticidade quando, embora o
rendimento se mantenha igual, o facto de o preço de um bem aumentar, visto que
torna o consumidor mais pobre, impossibilitando-o de comprar alguns dos outros bens
que costumava adquirir; desta forma, o consumidor, para conseguir manter as
quantidades dos outros bens, irá diminuir a quantidade procurada do bem cujo preço
aumentou);
Tempo (aumenta elasticidade).
De acordo com a lei de King, a procura de bens alimentares (bens essenciais e de 1.ºª
necessidade) é rígida, por isso, se há muita quantidade (devido a um bom ano agrícola) o preço
diminui – o que é mau para os agricultores porque há uma perda de rendimento. Do ponto de
vista do produtor, se este produz bens de procura rígida ele até pode aumentar os preços, mas,
se produz bens de procura elástica, ele não deve alterar os preços.
Um bom ano agrícola é mau para os produtores porque leva a maior quantidade procurada
pelo que o preço diminui. Por outro lado, um mau ano agrícola é bom para os produtores
porque leva a uma menor quantidade procurada pelo que o preço dos bens aumenta. No
entanto, esta consequência só se verifica quando os produtores se mantêm no mercado, visto
que muitos saem.
ELASTICIDADE-RENDIMENTO
A elasticidade-rendimento corresponde à sensibilidade dos padrões de consumo face às
alterações do rendimento disponível do consumidor.
Esta depende dos tipos de bens: inferiores (elasticidade = menor do que 0 – correlação
inversa e curva negativamente inclinada), normais (elasticidade = entre 0 e 1, inclusive –
variação direta menos do que proporcional das quantidades) e superiores (elasticidade = maior
do que 1 – variação direta mais do que proporcional das quantidades – curva positivamente
inclinada mais levantada).
Os bens de primeira necessidade não deixam de ser consumidos pela diminuição do
rendimento. Por outro lado, os bens inferiores deixam de ser consumidos quando o
rendimento aumenta.
Na sociedade em que nos encontramos o efeito de substituição tende a ser predominante, no
entanto, no caso dos bens de Giffen não há alternativa. Este bens contrariam a lei da procura
visto que se o preço dos mesmos aumenta, a quantidade procurada dos mesmos aumenta.
Como o efeito de substituição não é possível, verifica-se, por efeito de rendimento, aumenta a
quantidade procurada.
ELASTICIDADE-CRUZADA
Os bens podem ser independentes (elasticidade-cruzada = 0 – sem variação das
quantidades), sucedâneos (elasticidade-cruzada > 0 – correlação direta), sucedâneos perfeitos
(elasticidade-cruzada > + ¥ ) e complementares (elasticidade-cruzada < 0 – correlação inversa).
Na delimitação da concorrência do âmbito do Direito Concorrencial é importante recorrer ao
conceito de elasticidade-cruzada pois permite perceber se determinados bens, provenientes
de agentes diferentes, são sucedâneos.
Num cenário de Inelasticidade há uma maior dependência – explica porque as coisas novas
são
mais cara, pois há uma inelasticidade da procura. Por muito que se varia o preço do iPhone,
haverá sempre muito procura, logo faz sentido que o preço continue elevado. Quanto mais
integrada e fluida uma economia for, maior homogeneidade há e sucedaneidade do bem.
ELASTICIDADE-PREÇO DA OFERTA
É semelhante à elasticidade-preço da oferta, denotando a sensibilidade da oferta face à
variação do preço. É calculada através da divisão entre a variação percentual das quantidade
oferecidas pela variação percentual do preço.
0 = Nenhuma sensibilidade = Inelasticidade absoluta (não há qualquer variação das
quantidades oferecidas no caso da variação dos preços – curva da oferta totalmente
vertical);
0 – 1 = Pouca sensibilidade = Inelasticidade (variação menos do que proporcional
das quantidades – curva da oferta mais levantada);
1 = Elasticidade unitária (variação proporcional das quantidades – curva da oferta:
bissetriz);
> 1 = Muita sensibilidade = Elasticidade (variação mais do que proporcional das
quantidades – curva da oferta mais deitada);
+ ¥ = Sensibilidade extrema = Elasticidade perfeita (expansão infinita da oferta no
caso da subida dos preços e retração total da oferta na descida dos preços – curva da
procura totalmente horizontal).
Existem fatores que condicionam a elasticidade de um bem:
Efeito de Substituição: Aumenta a elasticidade da oferta – possibilidade de dares
destinos alternativos ao bem cujo preço diminui - preços descem e se for possível a
substituição, os produtores retiram-se do mercado e a oferta diminui;
Características dos bens - por exemplo, os bens perecíveis (elasticidade menor- tem de
fazer a venda num determinado período relativamente curto) e os bens não
perecíveus (elasticidade aumenta)
Efeito de Rendimento – Diminui a elasticidade da oferta - necessidade do produtor de
obter certo nível de rendimento vai cuidadosamente decidir colocar o bem no mercado
independentemente dos baixos preços.
Tempo – Quanto mais tempo maior a elasticidade da oferta.
PÁG. 408 DO MANUAL
CONTROLO DE PREÇOS
O preço forma-se no mercado entre a disposição de vender e a disposição de comprar, ou
seja, entre a curva da oferta e a curva da procura. A curva da procura representa a disposição
de adquirir, ao passo que a curva da oferta representa a disposição de vender.
Tendo isto em conta, se o Estado impuser um preço, influencia o mercado.
O preço de equilíbrio é um dos elementos constitutivos da cruz marshalliana e de um
mercado competitivo, resultando da interseção da curva da procura com a curva da oferta.
Nesse ponto do preÇo, as quantidades oferecidas e procuradas coincidem, assim como a
utilidade marginal e o custo marginal, revelando uma situação de eficiência e de um ótimo
paretiano, ou seja, não é possível melhorar a posição de uma das partes (do mercado), sem
afetar (prejudicar a outra), causando, portanto, desequilíbrios, ineficiência e até injustiça.
Através da fixação de preços (máximos ou mínimos), intervenção estadual nos mercados,
verificar-se-ão situações de excesso de oferta ou de procura, ao afastarem-se os preços do
ponto de equilíbrio natural do mercado.
IMPOSTOS
A parte com maior rigidez tende a suportar a parte do imposto.
Teoria do consumidor
A utilidade surge enquanto referencial de valor para o consumidor.
A revolução marginal passou a ser alvo de críticas visto que os marginalistas trabalhavam
com valores cardinais. A critica primeira aos marginalistas era que a utilidade não podia ser
vista do ponto de vista cardinal, mas sim do ponto de vista ordinal: a primeira dose é mais
útil do que a segunda (ou seja, é possível ordenar, em termos de relevância, importância e
utilidade, as doses). Os próprios marginalistas assumiram esta crítica.
Samuelson afirmou que esta questão era resolvida através do conceito de disposição de
pagar: as preferências são reveladas no mercado através da disposição de pagar, sendo que
cada um de nós está disposto a pagar mais por aquilo que considera mais útil. Desta forma, se
uma pessoa A se sujeita a pagar mais por um bem do que outra pessoa B, então isso significa
que A considera este bem mais útil do que B. Desta forma, os números cardinais representam
aquilo que estamos dispostos a pagar. A disposição de pagar vai, no fundo, dar-nos a
informação sobre a utilidade que aquele bem tem para aquele consumidor.
A curva da procura individual representa as disposições para pagar / os preços que
estamos dispostos a pagar face à quantidade levada.
O consumidor para de consumir quando o preço iguala a utilidade marginal. Ou seja, paro
de consumir quando não conseguir retirar vantagens de mais uma dose, ou seja, quando o
preço for igual á utilidade marginal.
Tenha-se, por exemplo: em relação à primeira unidade, o consumidor está disposto a pagar
100 mas o mercado apenas lhe exigiu 45, pelo que surge um diferencial de 55. Isto acontece
sucessivamente e existe toda uma zona de diferencial entre aquilo que o consumidor está
disposto a pagar e aquilo que efetivamente pagou. Falamos, portanto, em excedente do
consumidor: diferença entre aquilo que o consumidor estava disposto a pagar e aquilo que
efetivamente paga. Falamos também em benefício líquido. Como há área de troca que lhe foi
facultada, o consumidor beneficia.
2.ª LEI DE GOSSEN : Para o obter o máximo de satisfação de u m orçamento limitado e das
várias necessidades a prover, deve-se consumir até que a utilidade marginal da última
unidade de rendimento gasta em cada bem seja igual em todos os bens.
Bem A Bem B
€ Utilidade € Utilidade
1 7 1 8
1 6 1 6
1 4
1 1
A condição de equilíbrio entre o consumo de vários bens é o princípio da
equimarginalidade. Os consumidores irão fazer locações de rendimento com vista á
maximização total da sua utilidade. A condição de equilíbrio consiste em nivelar a utilidade
marginal de cada unidade de rendimento.
Eficiência de Pareto
Para que exista eficiência, no fundo tem de existir eficiência produtiva, eficiência ao nível
das trocas e eficiência ao nível das preferências. O ponto máximo onde é alcançada a
eficiência é designado por ótimo de Pareto, sendo que este é uma abstração: as economias
evoluem no sentido de atingir o ótimo de Pareto, nunca, efetivamente, atingindo-o.
A Fronteira de Possibilidades de Produção corresponde à quantidade máxima que é
possível produzir através dos recursos exististes, pelo que se uma economia está sob a F.P.P
não há desperdício de recursos, havendo eficiência produtiva. Possuímos eficiência das trocas
quando estas resultam na maximização do excedente, ou seja, quando é possível atingir o
máximo de excedente total. Esta maximização é feita em mercados concorrenciais.
A eficiência das preferências significa que aquilo que está a ser produzido e trocado vai de
encontro às preferências dos consumidores. Está a ser produzido aquilo que os consumidores
desejam para satisfazer as suas necessidades.
O ótimo de Pareto é uma abstração pelos que as sociedades podem, apenas, estar mais ou
menos perto do mesmo. O ótimo de Pareto é uma situação em que não se pode melhorar o
bem-estar de alguém a não ser que se diminua o bem estar de outrem. Este critério é a base
da teoria do bem-estar, mas depois há várias formulações da mesma, sendo o mais conhecido
o critério de Kaldor-Hicks (ou uma ideia de eficiência potencial).
Teoria do produtor
O produtor procura o lucro e é a partir deste conceito que se desenvolve a teoria do
produtor. O lucro consiste na diferença entre a receita total e o custo total. A receita total
corresponde á multiplicação entre o preço e a quantidade vendida. Por sua vez, o lucro
corresponde à subtração entre a receita total (o referente àquilo que foi efetivamente
vendido - nº de doses vendidas x custo unitário) e o custo total (custos explícitos + custos
implícitos ou custos fixos + custos unitários ou custos unitários x doses produzidas).
Podemos falar em:
custos explícitos - custos contabilizáveis (como os custos da mão de obra, das
matérias-primas, do aluguer das máquinas, etc.);
custos implícitos - custos económicos, que podemos reconduzir ao custo de
oportunidade.
Falamos, portanto, em:
lucro contabilístico - diferença entre as receitas totais e os custos explícitos;
lucro económico - diferença entre o lucro contabilístico e os custos implícitos (ou
diferença entre a receita total e a soma dos custos explícitos e dos custos implícitos).
Uma empresa pode ser produtiva do ponto de vista contabilístico, mas não do ponto de
vista económico.
Outra conceção de custo reside na soma entre custos fixos e custos variáveis, sendo que:
custo fixo – associado aos fatores fixos, pelo que é aquele que existe
independentemente do número de unidades produzidas (por exemplo, a renda da
fábrica);
custo variável – associado a fatores variáveis, pelo que é aquele que depende do
número de unidades produzidas (por exemplo, se a produção for maior, as despesas
de eletricidade serão maiores - estes custos são crescentes por causa da lei dos
rendimentos marginais decrescentes).
No curto prazo (tempo necessário para que, numa produção, se tome a decisão de mudar
todos os fatores de produção, visto que é necessário tempo para entender as tendências do
mercado para, só depois, aumentar a escala de produção) há sempre um fator de produção
que é fixo.
Os custos médios fixos são decrescentes na medida em que se diluem na produção. Por sua
vez, os custos médios varáveis são crescentes porque aumentam com o aumento da produção
e no curto prazo funciona a lei da produtividade marginal/lei dos custos marginais
decrescentes. Por fim, o custo médio total consiste na divisão entre custo total e o número
de unidades, dando origem a que se possa esboçar uma curva do custo médio.
Para existir produção, o preço tem de ser, pelo menos, igual ao custo médio. O lucro
extraordinário existe quando o preço é superior ao custo de produção e, portanto, consegue
existir uma maximização do lucro. Se uma empresa está a produzir com lucro igual ao custo de
produção então não produz lucro extraordinário e se o preço diminuir sai do mercado. O lucro
normal verifica-se quando, relativamente às empresas em concorrência perfeita consigam
otimizar a sua produção de forma que esteja ao nível do preço.
A curto prazo, se o preço ficar abaixo do custo médio variável, isso vai levá-lo ao
encerramento temporário. Por sua vez, se ficar acima do custo médio variável e abaixo do
custo médio total– continua em atividade. Por sua vez, a longo prazo, se o preço ficar acima do
custo médio variável e abaixo do custo médio total – encerramento definitivo. Não há break
even point – ponto de escala mínima de eficiência. Um produtor mantém-se no mercado se
alcançar ponto de break even.
ESCALA MÍNIMA DE EFICIÊNCIA = Corresponde ao lucro normal, aquilo que é necessário para o
empresário se manter em atividade. Corresponde a um ponto ótimo em que o custo unitário é
o mais baixo possível mas está a cobrir o custo de produção daquelas doses.
PRODUÇÃO A LONGO PRAZO
O longo prazo corresponde ao horizonte temporal em que é possível fazer variar todos os
fatores de produção (custos variáveis): altera-se a escala de produção. Há uma decisão e
tempo para fazer variar todos os fatores.
Rendimentos Constante - escala constante: aumento de produção corresponde à
medida do aumento de escala – o custo de unidade não sofre alterações – rendimento
obtido é proporcional aos custos da variação da escala – os custos médios mantêm-se;
Rendimentos crescentes - economia de escala: aumento da escala leva á diminuição
dos custos médios totais do produtor – o rendimento aumenta mais do que
proporcionalmente em relação aos custos da variação dos fatores de produção, o que
significa que os custos médios diminuíram;
Rendimentos decrescentes - perda de escala: aumento de escala, aumenta mais que
proporcional os custos do produtor – os rendimentos variam menos do que
proporcionalmente em relação aos custos da variação da escala da produção, ou seja,
os custos médios de produção aumentaram.
Para que a empresa ganhe dimensão e altere a sua escala é muitas vezes necessário um
investimento que pode ou não ser feito através de custos próprio. Aquilo que as empresas
investem é os lucros da mesma ou o património de individuais. As opções de investimento são
importantes para o consumidor e para o produtor pois podem aumentar o seu bem-estar, no
entanto, também possuem riscos.
Investimento em bens: não têm liquidez, ou seja, capacidade de um recurso satisfazer
imediatamente necessidades (desta forma, se alguém comprar uma obra de arte cara
e precisa desse dinheiro para pagar uma operação primeiro tem de encontrar um
comprador e estabelecer a venda e, só depois, tem os recursos para satisfazer as suas
necessidades);
Depósitos bancários: têm liquidez pelo que, em qualquer momento, é possível
recorrer a esses recursos para satisfazer necessidades;
Obrigações: títulos que representam empréstimos feitos pelos particulares a
entidades. Possuem uma renumeração fixa: o juro.
Ações: títulos que representam uma parte do capital de uma empresa (ou seja,
quando se compram ações, o sujeito torna-se dono de uma parcela da empresa,
representada pela ação), tendo como renumeração os dividendos, sendo que se trata
de uma renumeração variável e dependente dos lucros da empresa.
Evidencia-se que o depósito bancário é a alternativa mais segura e as ações as menos
seguras. Tanto as obrigações como as ações podem ser transacionadas no âmbito do mercado
de capitais. Tanto umas como outras estão dependentes da sobrevivência da empresa.
Quando uma empresa precisa de aumentar a sua capacidade e dimensão, ela pode recorrer
a várias formas de financiamento:
pelos próprios proprietários da empresa (os próprios sócios fazerem empréstimos á
empresa);
através do reinvestimento dos lucros (em vez de os distribuir pelos acionistas);
recurso ao crédito bancário;
recurso ao mercado de capitais (a relevância dos mercados de capitais tem a ver com o
capitalismo).
Os monopólios naturais estão associados a mercados das utilities (mercados que têm rede
associada - mercados essenciais - de gás, água, telecomunicações). Esta redes precisam de
investimentos para a sua construção e funcionamento, sendo que estes custos de
investimento são extremamente elevados e os custos fixos também. Desta forma, os privados
não têm interesses em produzi-los pelo que a maior parte dos monopólios naturais são
propriedade do Estado (EDP, rede de fornecimento de água, PT). Nos monopólios naturais é
preferível ser apenas um fornecedor a manter este serviço visto que quem está no mercado já
fez o investimento e os custos fixos só se amenizam a longo prazo. Desta forma, quem entra
nestes mercados tem de construir uma rede de raiz, pelo que os custos vão ser imensamente
elevados, o que vai fazer com que o preço final nunca possa ser tão bom como quando
comparado ao preço de quem já está há mais tempo no mercado. Se, pelo contrário, o agente
arrendar a rede de outro agente, está a criar ainda mais custos visto que está a dar receita ao
agente originário, desta forma o preço do novo agente nunca será melhor do que o preço do
agente originário.
Aquilo que é relevante para o monopolista não é a curva da oferta, mas sim a interpretação
da curva da procura - tentar entender a disposição a pagar do consumidor. O monopolista tem
de se confrontar com a disposição de pagar do consumidor: se o preço for muito elevado os
consumidores não têm poder de compra para adquirir o bem.
Verifica-se que o monopolista não vende mais quantidade a preços mais baixos. Em
concorrência perfeita o rendimento marginal é uma função linear de preço (Rendimento
Marginal = Preço). Entenda-se que isto não ocorre no monopólio visto que o monopolista está
a contribuir para que o preço cresça. Se o monopolista produz grandes quantidades, para as
escoar terá de diminuir o seu preço, pelo que estará a diminuir os seus rendimentos. Desta
forma, o monopolista maximiza o lucro com uma quantidade oferecida inferior àquela que
seria do mercado de concorrência perfeita.
Tenha-se, por exemplo, as viagens de avisão: voar de São Paulo para Lisboa e vice-versa é o
mesmo, no entanto, dentro do avisão os preços são diferentes em função do conforto, do
espaço, do tipo de refeições servidas, etc. Isto é uma prática de discriminação de preços: o
vendedor tenta ir ao encontro da disposição de pagar de determinados segmentos de
consumidor. Aquele espaço de troca que existiria se o produtor praticasse preços mais
elevados porque nem toda a gente teria disposição para pagar é sanado mediante a
discriminação de preços, fomentando as trocas e a maximização do lucro e do bem estar.
OLIGOPÓLIO
O oligopólio corresponde a um número restrito de vendedores (não há número exato)
perante uma multiplicidade de consumidores (atomicidade da procura), dando origem a que
os produtores são price makers, pelo que, pela sua atuação individual têm capacidade de
influenciar os aspetos mais importantes do mercado: preço e quantidade oferecida.
Os agentes económicos da oferta são poucos e eles têm duas possibilidades: concorrer entre
si ou cooperar. Se estes agentes cooperarem, então dá-se a formação de um cartel, ou seja, de
uma organização de produtores que procurara articular e combinar uma estratégia de
comportamento no mercado. Os oligopolistas pretendem imitar o monopólio, no entanto, na
forma de cartel haverá sempre custos associados a cada uma das estruturas, pelo que a nível
de eficiência diminuirá.
A teoria dos jogos foi desenvolvida por Neuman e Morgenstern e eles, no fundo, estudam as
estratégias de mercado, aplicando os comportamentos dos jogadores em jogos que todos
conhecemos: onde existam mais ou menos estratégia e mais ou menos sorte. Por exemplo,
quando se está a jogar xadrez, o movimento de um jogador é feito no pressuposto e
antecipação da jogada que o próximo jogador faça. No enquadramento do mercado
oligopolista, a estratégia de um irá depender daquilo que pressupõe ser o comportamento dos
outros.
Por sua vez, Stigler dirá que os carteis são tendencialmente instáveis. Os oligopolistas,
produtores em coligação, combinam que vão aumentar o preço: há três comportamentos
possíveis - todos cumprem o acordo, alguns cumprem o acordo e nenhum cumpre o acordo.
Não cumprir o acordo é a estratégia dominante. Nesse sentido, recorre-se ao dilema do
prisioneiro, que se pode aplicar aos mercados.
Verifica-se, portanto, que o equilíbrio de Nash é as duas empresas reduzirem os preços. Isto
origina menos lucro para as empresas, o que é mau, mas origina vantagens para os
consumidores. A melhor situação para as empresas é manterem os preços através de um
acordo, no entanto, nesse caso temos um mercado cooperativo, o que é negativo para o
consumidor.
O melhor para as empresas em conjunto seria fazer um acordo para vender a preços altos e
iguais, de forma a dividir os lucros de monopólio. Mas, se nos colocarmos na perspetiva de
uma delas verificamos o seguinte: se a outra empresa cooperar, o melhor é romper o acordo e
obter lucros muito elevados; se a outra romper o acordo, o melhor é romper também, e obter
lucros nulos em vez de prejuízos. É sempre melhor romper o acordo, independentemente do
comportamento da empresa concorrente.
Nash desenvolveu a Teoria dos Jogos e o conceito de "equilíbrio de Nash". A interação entre
um número limitado de agentes vai se centrar na competição, até ao momento em que um
agente não pode mudar a sua estratégia, se os outros mantiverem a sua estratégia. Trata-se
da situação na qual se verifica que cada um dos vários agentes racionais que interagem
escolhe a sua melhor estratégia em face das escolhas estratégicas dos demais – sendo que o
equilíbrio ocorre, nesses contextos de “jogo não cooperativo”, se nenhum dos jogadores puder
beneficiar de uma mudança de estratégia quando os outros jogadores não mudaram a
estratégia deles.
Através do equilíbrio de Nash constata-se que, por vezes, a não cooperação só vale a pena
até ao ponto em que cooperar é melhor. Ou seja, o racionalismo individual só vai ser bom até
ao ponto em que o racionalismo coletivo para a ser mais benéfico para todos. A concorrência
por via dos egoísmos individuais só é positiva até ao ponto em que a estratégia coletiva traz
um melhor resultado para todos.
Ao contrário daquilo que Smith defendia, nem sempre o comportamento individual racional
dá origem ao melhor resultado, sendo que a nossa racionalidade tem de incorporar as
estratégias dos outros. O pressuposto smithiano é válidos em certos contextos, mas não em
todos eles.
CONCORRÊNCIA MONOPOLISTA
A concorrência monopolística consiste numa situação de mercado imperfeito em que há
uma falha de fluidez, sendo esta a homogeneidade e a informação plena. Existindo
homogeneidade de produto e informação plena, a escolha económica do consumidor é feita
pelo preço, no entanto, neste caso há diferenciação de produto, pelo que a escolha do
consumidor vai decorrer de determinadas características do produto.
Tenha-se, por exemplo, a necessidade de comprar umas calças de ganga: existem imensas
lojas que podem satisfazer esta necessidade, no entanto, numas lojas estas podem ser
vendidas a 30€ e noutras a 500€, diferenciação preçária que decorre das diferentes
características entre estas calças.
Tenha-se o exemplo do mercado dos iogurtes, onde há imensa variedade: iogurtes com ou
sem lactose, com ou sem aroma, com fruta ou sem fruta, etc. Por sua vez, dá-se a formação de
um nicho ao constatar que, por exemplo, as pessoas com intolerância á lactose vão consumir
produtos sem lactose e estão dispostas a pagar mais por este produto. É no âmbito deste
nicho que o mercado vai exercer o seu poder (poder de mercado), aumentando o preço do
mercado. Mercados em que não existe fluidez porque existe diferenciação de produtos, de
forma a ir de encontro ás preferências do mercado, formando-se, nesse nicho preços maiores
(visto que o consumidor se sujeita a pagar mais por esse produto).
A RELEVÂNCIA DA PUBLICIDADE
"A publicidade é o subproduto dos mercados em concorrência monopolística". É
fundamental que os produtores deem a conhecer as diferenças que vão introduzir nos seus
produtos e mercados. São aspetos que sinalizam o consumidor: sinais de qualidade, sinais de
luxo, sinais de tipo de consumo, etc. Dessa forma, a publicidade é a forma de adquirirmos
informação com baixo custo, podendo esta ser informativa (relativa a aspetos relacionados
com o preço) ou persuasiva (está a ser vendida uma ideia ou conceito).
A publicidade é necessária pois permite a divulgação das informações dos produtos, a
captura de segmentos de consumidores e a prática de preços com algum poder de monopólio
para aquele segmento de consumidores.