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19 de Fevereiro de 2024
Abuso do Direito
TOMO V e II do TRATADO
ABUSO DO DIREITO
O abuso do Direito surge fixado nos termos do art.334.º CC, tendo sido amplamente
estudado pelo Prof. Menezes Cordeiro, quer atribui maior importância à boa-fé, em detrimento
dos bons costumes e dos fins sociais ou económicos, conceitos que se tornaram vazios de
conteúdo e inaplicáveis.
Artigo 334.º
(Abuso do direito)
Situação de confiança
o Por exemplo: A e B são amigos. A cria a convicção de que B vai atuar de
determinada forma e depois volta atrás e, quando volta atrás, há um prejuízo.
A vai a tribunal – a primeira coisa a analisar é a situação de confiança – A tem a
expetativa (está convicta) de que B vai atuar der certa forma – análise subjetiva
relativa a B. Verificar se A está numa situação de confiança. A situação da
confiança: A e B – A cria a convicção de que B vai atuar.
Justificação da confiança;
o O sistema, à luz da figura do declaratório normal, averigua se a confiança é
merecedora de tutela jurídica. Há alguma razão justificativa para A se
encontrar ao numa situação de confiança.
Investimento da confiança;
o Se A está numa situação de confiança e esta se justifica mas se não há nada
relativo a dinheiro não é relevante para o direito civil. Há custos? Perdas? Se
não existir então o pressuposto não de encontra verificado.
Imputação da confiança.
o A confiança para ser relevante do ponto de vista jurídico tem de ser imputada
a B – A tem de estar convencido de que B vai atuar de certa forma porque foi B
que criou essa convicação – se tal não se verificar então não é relevante.
Estes 4 elementos encontram-se nas várias situações tipo que se enquadram no princípio da
boa fé. Exemplos dessas situações:
Suppressio surrectio (Supressão e Surgimento): Além dos 4 elementos mencionados tem ainda
um 5.º elemento: passagem do tempo. Exemplo: A tem uma garagem que não usa e B, seu
vizinho, ao aperceber-se que A não usa essa garagem, usa-a para estacionar o seu automóvel.
Todas os dias A passa na garagem e vê, tendo conhecimento do que se passa. 10 anos volvidos,
A manda uma carta a B exigindo o pagamento da renda da garagem referente aos 10 anos.
JC – O declaratório normal acharia que B não teria de pagar renda – A tinha conhecimento e
nada dizia.
IC – A pediu a B dinheiro.
Passagem do tempo – Este elemento torna todos os outros 4 elementos mais robustos/ fortes
visto que, afinal, se passaram 10 anos.
Inalegabilidade Formal – MC afirma que tal não existe no direito português, no entanto, os
tribunais sempre afirmaram que sim. Situação clássica: contrato-promessa de compra e venda
de bens imóveis – A vai celebrar um contrato-promessa de compra e venda com B.
Para produzir efeitos relativamente a terceiros, é necessário que este tenha forma especial. A
refere tal aspeto a B que nega essa necessidade. Quando B requer o pagamento, A recusa-se
atendendo a falta da forma do contrato. Todos os elementos se encontram verificados.
Invocação da anulabilidade da forma – direito. A falta de forma, por não poder ser alegada pelo
agente, também não pode ser invocada pelo tribunal sob pena de esvaziamento do conceito.
“Bons costumes” – Rementem para as regras da moral social, familiar e sexual dominante e
códigos deontológicos – Permitem tribunais acompanhar a evolução da sociedade. A nossa
sociedade é uma sociedade amoral, em que é difícil identificar uma moral dominante, sendo
que a prática dos tribunais demonstra isso. Este conceito é invocado em casos de prostituição,
por exemplo.
“Fim social ou económico” – Vaz Serra e Antunes Varela referenciam este conceito. Associada à
“causa” dos negócios jurídicos. No Direito Português este conceito não é relevante – é um
conceito vazio de sentido.
SUPRESSIO SURRECTIO
Posição de qualquer situação jurídica que, não tendo sido exercida em determinadas
circunstâncias e por um certo lapso de tempo, não mais possa sê-lo por, de outro modo, se
contrariar a boa fé.
23 de Fevereiro de 2024
Venire Contra Factuum Proprium – Temos um contrato de arrendamento que a lei estabelece
que é necessário, para haver obras naquele imóvel, que o snheopria dê a sua autorização –
para um arrendayário fazer obras tem de pedir autorização ao senhorio (art.1074.º CC)
Também são abrangidos casos em que o benefício é mínimo: se A produzisse pão nessa
chaminé obteria benefícios dessa construção: isso impede o abuso do direito? É necessária
uma análise caso a caso, analisando os benefícios de B e os prejuízos causados a A.
Quando uma das partes não invoca a nulidade, o tribunal é obrigado a reconhecê-la. Se
o juíz está obrigado a conhecê-la,
Há uma falta de forma: pelo que não há eficácia externa. A forma tem como objetivo
proteger A contra terceiros.
O tribunal deve impor às partes a celebração do contrato com a forma devido e proteja os
terceiros que foram enganados. O que o sistema faz é subjetivar a proteção reconhecendo um
direito à pessoa que foi enganado: a que o contrato seja celebrado corretamente e contra
terceiros que invoquem o contrato para o prejudicar.
Tem como consequência: a solução do tribunal pode variar – deitar a baixo a chaminé, total ou
parcialmente; dar uma indemnização ao dono de zepelim. – análise casuística.
A e B celebram contrato de construção de piscina e fica no contrato que a piscina tem de ter
pelo menos 2 metros de profundidade. A piscina é contruída mas apenas com 1,5 metros de
profundidade, pelo que o contrato foi violado.
NEGÓCIO JURÍDICO
Os conceitos de pessoa, de coisa, de direito subjetivo, de obrigação e de negócio jurídico são
nucleares ao Direito Civil e, nesse sentido, encontram-se fixados na Parte Geral do Código Civil.
Este conceito encontra-se fixado no Código Civil português na medida em que foi esta a
escolha do professor Vaz Serra e Guilherme Moreira.
Factos Jurídico: Acontecimento real ou social ao qual o Direito associa efeitos jurídicos
(por exemplo: nascimento, que tem como efeito a atribuição de personalidade jurídica)
Alguns acontecimentos são factos jurídicos dependendo do seu
acionamento de efeitos jurídicos.
o Factos Jurídicos Strictu Senso : Não estão dependentes de uma vontade
humana.
o Ato Jurídico: Facto jurídico cuja ocorrência está dependente de uma
manifestação de vontade humana, isto é, de uma decisão humana;
Negócio Jurídico:
Atos Jurídictos Strictu Senso:
Tese Clássica: No NJ há intencionalidade enquanto que no AJ a
intencionalidade é irrelevante;
Teoria da Escola de Lisboa: Desenvolvida pelo Prof. Paulo
Cunha, que discorda da tese clássica, afirma que no NJ há
liberdade de celebração (pratico os atos que quiser – apenas
decido se o pratico ou não) e de estipulação (relativo ao
conteúdo, determinando os efeitos jurídicos que serão
produzidos) (p.e.: contrato de compra e venda) e que no AT só
há liberdade de celebração (art.288.º - sou eu que decido se
confirmo, mas é a lei que define os efeitos).
A teoria da Escola de Lisboa é a aplicada.
Contrato: Existia muita antes do negócio jurídico e do ato jurídico. Por exemplo: o
casamento é um ato jurídico, porque eu é que escolho se caso ou não mas, em relação
ao conteúdo do casamento, nomeadamente os deveres das partes, estes não podem
ser alterados (não se pode casar sem deveres de auxilio, por exemplo; embora se
possa escolher o regime dos bens, este não é relativo ao conteúdo da relação – só há
liberdade de celebração)
o Crítica: O casamento tem tanta dignidade que não pode ser considerado um
negócio jurídico.
o O contrato poder ser um negócio jurídico ou ato jurídico, sendo o seu
elemento histórico diferenciador consiste: em como é um encontro de duas ou
mais vontades. Este encontro pode ocorrer havendo apenas liberdade de
celebração (casamento) ou liberdade de celebração e estipulação (compra e
venda).
Declaração de vontade: Savigny apresentava a manifestação de vontade como
sinónimo de negócio jurídico. Numa declaração de vontade há uma
manifestação/exteriorização de vontade de uma pessoa: A pergunta a B “queres
comprar o meu automóvel?” – proposta negocial, negócio jurídico e declaração de
vontade; A bate à porta de B e confirma o contrato de compra entre C, seu filho menor,
e B – declaração de vontade e ato jurídico (há liberdade de celebração, mas não de
estipulação).
ART.295.º CC: Legislador manda aplicar o regime dos negócios jurídicos aos atos jurídicos.
Negócios Jurídicos Sinalagmáticos em cujo seio se encontrem situações jurídicas que são
exatamente opostas.
Por exemplo: Contrato de Compra e Venda – as situações jurídicas de A e B estão em
espelho A tem o direito de exigir o preço e B tem o dever de pagar o preço ; A tem o direito a
exigir a entrega da coisa e B tem o dever de entregar a coisa.
MORTIS CAUSA
Os negócios jurídicos cujos efeitos jurídicos decorrentes da sua celebração estão dependentes
da morte.
Os negócios jurídicos são causais ou abstratos em função da obrigação que está associada a
esse negócio jurídico.
01/03/2024
Dois navios com o mesmo nome a ir de Bombaim para Londres e com a mesma quantidade e
qualidade de algodão. Não há contrato por falta de consenso.
Estes elementos encontram-se em todo e qualquer negócio, sendo que, cada negócio,
individualmente analisado, possuirá mais elementos.
DECLARAÇÕES
Art.218.º CC O silêncio vale como declaração negocial, quando esse valor lhe seja
atribuído por lei, uso ou convenção.
Por exemplo:
FORMA
Sempre que manifesto a minha vontade, tenho de fazê-lo de alguma forma, isto é, há sempre
uma forma, mesmo oralmente. Quando dizemos que o negócio está sujeito a uma forma
especial, é para determinar os negócios em que uma simples manifestação/declaração oral não
é suficiente para que o negócio seja realizado. A “forma” é, portanto, uma solenidade de forma
que declaração de vontade seja juridicamente relevante.
MODALIDADES DE FORMA
Art.220.º CC
FORMAS E FORMALIDADES
O contrato X pode ser celebrado oralmente, todavia na presença de duas pessoas – não está
sujeito a forma especial, mas como a sua validade está dependente da manifestação de
vontade na presença de duas pessoas, está sujeito a formalidades.
PROPOSTA E ACEITAÇÃO
O Código Civil, nos art.224.º e seguintes, não prevê todas as diferentes formas de celebrar
um negócio jurídico, sendo que o modelo paradigmático, seguido em diversos códigos, é a
proposta e aceitação. A negociação entre ausentes, positivada no nosso código civil, consiste
em: A transmite uma proposta a B por carta ou SMS; por sua vez, a negociação entre
presentes: ocorre frente a frente, ao telemóvel, etc. Esta distinção decorre da forma como
proposta é apresentada: na negociação entre presente é feita de forma imediata e a sua
receção também é imediata.
No caso da negociação entre ausentes há uma proposta que não é seguida de imediato por
uma aceitação.
O Código Civil trata do modelo de proposta e aceitação, mas não trata da “negociação” dos
negócios unilaterais (como é o caso dos testamentos), nem o processo de negociação entre
presentes, nem a contratação eletrónica. Mesmo entre ausentes, o que está no CC é uma
simplificação da realidade prática.
O legislador positiva esta modelo visto que é este modelo que suscita mais dúvidas: o que é
uma proposta? Durante quanto tempo fico vinculado a tal proposta?
A partir de que momento passa esta proposta a ser vinculativa (produz efeito)?
Qual a duração da proposta factual? A partir de que momento a proposta deixa de ser
vinculativa?
Art.228.º CC – duração da proposta factual – tem de ser conjugado com o art.279.º, relativo
aos prazos;
Há uma proposta feita no dia 1, através de carta entre ausentes, onde não é fixado prazo;
quanto tempo uma carta demora a chegar? Elemento indicativo por parte do CTT – 3 dias
úteis, mas não tem de ser assim – a partir do momento em que ela chega, tenho 5 dias para
resolver;
Art.279.º CC – na contagem de qualquer prazo, não se considera o dia, a partir do qual o prazo
começa a contar;
Art.228.º CC – 5 dias.
Se no final do dia 12 não chegar a carta, já não está vinculado – até ao final do dia 12 ainda
está vinculado, a partir da meio noite do dia 13 já não está
1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 10; 11; 12
Art.228.º e art.279.º CC
Propostas dirigidas a um destinatário qualificado, nos termos do art. A proposta tem-se por
efeic
Quando a proposta é dirigida ao pública, sem destinatário determinado, aplica-se a teoria da
exteriorização – quando a proposta é exteriorizada de forma bastante, passo a estar vinculado
a essa proposta. Por exemplo: “Compro as ações do banco CGD”. O art.225.º CC não é relativo
a ofertas ao público, mas sim a destinatários concretos que são desconhecidos.
As propostas dirigidas aos públicos não se confundem com convites a contratados. Por
exemplo: A coloca um anúncio no jornal e dizer que está a vender o seu carro. É necessário ter
em consideração os regulamentos aplicados (no Ebay, OLX, etc.). Sem saber não é possível
tomar efetivamente uma posição.
CULPA IN CONTRAHENDO
O art.227.º CC fixa a culpa in contrahendo, sendo, em conjunto com o abuso do direito, uma
das faces mais visíveis do princípio da Boa Fé.
A existência de deveres pré-contratuais é dúbia: como se pode ter DPC antes de celebrar um
contrato? Não faz particular sentido no âmbito da autonomia privada. Os deveres pré-
contratuais são deveres que as partes têm na formação e negociação do contrato podem ter 3
origens:
O que significa ter de atuar de boa-fé? Isto é, estar sujeito ao princípio da boa-fé no processo
de formação do negócio? Através da análise de casos, chegou-se a um conjunto de deveres
impostos às partes:
Dever de Informação
o Ativos: a própria parte tem de prestar informações mesmo que essa
informação não lhe seja exigida;
Em princípio não têm de existir (no Direito Civil), sendo, no entanto,
típicos do Direito Civil regular;
Por exemplo: Se A vende um carro com um pequeno risco a B não tem
o dever de mencionar; no entanto, se A vende um carro com um
motor estragado a B, tem o dever de mencionar Trata-se de uma
informação central para a própria utilização do bem que está ser
negociado;
o Passivos: no âmbito da negociação de determinado contrato as partes estão
obrigadas a responder aos pedidos de informação que lhe são dirigidos e
responder com verdade;
o Art.227.º - em situações limites
Dever de Lealdade
o Do ponto de vista prático, existe quando se tiver preenchido os pressupostos
das figuras do Abuso de Direito – há dever de lealdade quando se criar uma
situação de confiança;
o Exemplo paradigmático: Interrupção inesperadas das negociações A negocia
com B; tudo indica que o contrato vai ser celebrado; pode uma das partes à
última hora arrepender-se? Sim!
Dever de Segurança
o Exemplo: A está a passear no centro comercial e cai-lhe uma coisa na cabeça.
o Art.500.º CC – Se se prova que a culpa é do funcionário, o objetivo não é
colocar uma ação contra o funcionário mas sim a empresa: invoca o art.500.º,
n.º1 CC – provo que o funcionário agiu negligentemente, verificam-se os
pressupostos do art.483.º CC e surge a obrigação de indemnizar.
o A SONAE só é responsável se se mostrar que quando escolheu o funcionário,
se mostrou negligente na sua escolha – única situação em que a SONAE seria
responsabilizada – alemão;
o Deveres de segurança- desenvolvidos especificamente pelos tribunais alemães
para responder à insuficiência do paragrafo do art.831.º CC;
o Em PT- Os DS são acolhidos pelo Prof.MC – os tribunais não o fazem – a maior
parte da doutrina defende que não existem DS e aplicam o art.500 e 483;
o Os DS só existem porque existe o art.831.º BGB, se tal não se verificasse, os
tribunais alemães não teriam desenvolvido estes deveres – que só surgem para
ultrapassar os limites do dito artigo. Os deveres de segurança são estranhos ao
Direito Português.
o NÃO HÁ DEVERES DE SEGURANÇA – EXAME
o Prof.BMC – Não existem DS – os tribunais não os mencionam;
o Art.483.º, art.227.º CC
No âmbito da Ciência Jurídica Alemã, depois de terem sido desenvolvidos estes deveres,
identifica-se 5 situações típicas em que se coloca a aplicação do art.227.º CC:
Há algumas formas de formação do contrato não previstas no Código Civil, sendo uma delas
as cláusulas contratuais gerais, que é algo da DL 446/85 de 25 de outubro de 1985
A definição aparece no art.1.º do dito decreto-lei, tendo as cláusulas contratuais gerais como
características: pré-elaboração, indeterminação e rigidez (e natureza formularia, geralmente).
Este modelo de contratação é usado em sociedade e XXX de comércio jurídico, sendo feito
para rentabilizar a contratação: a minuta, isto é, o conjunto das cláusulas contratuais gerais é
previamente elaborado por especialistas (juristas), sendo igual para todas as pessoas – permite
diminuir preços e uma maior rapidez. Trata-se de um modelo para rentabilizar a contratação.
Ex.: a EDP periodicamente revê as suas CCG - entrou em vigor em 2000 que correspondiam
aquela que a EDP usava em 2000. Um negócio assim celebrado é um contrato, não lei das
empresas; para cada contrato temps de ver quais as cláusulas que aquela pessoa aceitou.
Estes contratos, celebrados segundo CCG, por serem contratos, são acordos e, por
conseguinte, formam-se através do acordo entre duas pessoas – o utilizador das cláusulas
contratuais gerais e a outra pessoa. Não se consideram incluídas no contrato clausulas que
apareçam depois da assinatura ou que venham a ser alteradas. Um negócio celebrado segundo
cláusulas gerais contratuais é um contrato e, por conseguinte, não uma lei. Dessa forma, para
cada contrato é necessário atender às CCG que a outra pessoa aceitou.
Art.6.º fixa um dever de informação, pelo que o utilizador das CCG deve esclarecer o que for
necessário: quer o que for perguntado, quer o que reclamar informações adicionais (contratos
celebrados com bancas e seguradoras que têm cláusulas que não acessíveis ao homem
médio).Existe um acréscimo de diligência relativamente ao art.227.º CC.
Art 5.º, n.º3 fixa o ónus da prova de cumprimento, que impende sobre o utilizador das CCG –
difícil de demonstrar quando as CCG são fornecidas em papel – quando a pessoa só consegue
aceitar.
Art.8.º - Se existir violação destas regras, a consequência, fixada no art.8.º, é a exclusão das
CCG em causa do contrato, que subsiste, ao contrário daquilo que surge fixado no art.227.º que
fixa para a violação uma obrigação de indemnização.
Apesar do utilizador das CCG não pretender que a contraparte negoceia, pretendendo antes
um “sim” ou “não”, não é impossível nem ilícito negociar CCG, sendo que o art.7.º fixa que as
cláusulas especificamente acordadas prevalecem sobre quaisquer cláusulas contratuais gerais,
mesmo quando constantes de formulários assinados pelas partes. Existe liberdade de
estipulação, o que não costuma existir é poder negocial. – art.7.º , que se aplica em qualquer
caso. Se existirem negociações individualizadas, ainda que apenas numa CCG, prevalece o
acordado.
Surge fixado que no art.1.º, n.º2, que este regime é ainda aplicável aos contratos rígidos:
contratos que não estão pré-elaborados, que não dirigidos a um número indeterminado de
pessoas, mas quem propõe não está disposto a negociar.
Exemplo de Direito Regulado - O legislador percebeu o desequilíbrio entre o poder negocial das
duas partes e, por isso, interveio no conteúdo do negócio visando proteger a parte mais fraca –
o aderente/não utilizador das CCG.
Limitação paras contratos segundo CCG e contratos rígidos – O legislador construiu um sistema
complexo:
Art.15.º e 16.º: é proibido celebrar negócios com CCG em que o conteúdo das CCG seja
contrário à boa-fé (objetiva)
B.F - Constitui um limite ao conteúdo das cláusulas – algo que não existe no CC
Art.17.º a 23.º
É possível haver violação do BF sem aplicação de uma destas normas (embora estas possuam
grande amplitude). Por exemplo: Um contrato de seguro desportivo em que nas condições
contratuais gerais se exclua a falta de desporto violento, sendo o contrato celebrado por um
praticante de boxe. – se a seguradora não cobria esta parte não devia ter celebrado o contrato
– violação da boa fé.
Art.17.º e seguintes:
Cláusulas absolutamente proibidas e cláusulas relativamente proibidas.
Nos casos dos negócios celebrados com empresários, apresentar um conjunto de proibições
menos severos – o empresário tem maior poder negocial por perceber
RELAÇÕES COM
Aplicam-se todas as proibições, quer as que se destinam aos consumidores, quer as que se
destinam as empresários.
Relativas – dizem respeito a CCG que podem, ou não, ser proibidas consoante o quadro
negocial padronizado – tem a ver com o tipo negocial celebrado no caso concreto –
Em cada alínea dos artigos que fixam as proibições relativas há sempre um conceito
indeterminado – as palavras são palavras que se têm de densificar atendendo ao tipo negocial
em causa – p.e.: é razoável o vendedor de um automóvel que garante o funcionamento de um
automóvel durante 2 anos, mas apenas de ninguém abrir o motor do carro – coisas com grande
complexidade, pelo que é razoável a exigência de ser o único a mexer no mesmo.
Estes conceitos permitem-nos, se conjugados com o tipo negocial, permitem-nos concluir se,
naquele tipo de negócio, uma determinada CCG é proporcional ou não, XXXX – densificação
dos conceitos indeterminados atendendo ao tipo negocial.
Redução -art 14.º , que tem uma válvula de segurança – b.f. objetiva.
Esta lei previu uma figura: ação inibitória, art.25.º e seguintes. Esta ação destina-se, sistema
próprio de tutela de consumidores ou de interesses difusos. Art.26.º - legitimidade ativa
coletiva – o objeitva da ação não é resolver um caso concreto, mas sim proibir CCG em
abstrato, proibir uma ou outra CCG ou então um conjunto de CCG. Art.33.º - sanção. Art.32.º .
O conteúdo do negócio jurídico pode ter origem na vontade das partes ou no direito
positivado. As regras que se aplicam a determinados negócios jurídicos vão diferenciar e o
conteúdo do negócio jurídico pode resultar da autonomia privada ou da decisão soberana do
legislador.
Nem tudo o que se aplica ao um negócio jurídico por imposição do legislador corresponde ao
conteúdo no negócio. Dessa forma, é necessário distinguir a legislação que regula aquele
negócio jurídico e a legislação que se aplica na decorrência do negócio jurídico, mas que não
faz parte ao seu conteúdo.
Elementos voluntários
Elementos normativos
o Elementos supletivos: são aplicados se as partes nada disserem relativamente
a determinada matéria;
o Elementos disjuntivos: não podem ser afastados pelas partes.
Por outro lado, o conteúdo não se confunde com o objeto, na medida em que o primeiro
corresponde à regulação aplicada ao negócio jurídico e o segundo corresponde ao bem. No
entanto, há uma doutrina clássica, particularmente na Escola de Coimbra, que menciona o
objeto imediato, que é o conteúdo, e o objeto mediato, que é o bem.
Art.280.º CC O objeto tem de ser possível, lícito e determinável, sendo que este artigo se
aplica tanto ao conteúdo (objeto imediato) como ao objeto (objeto mediato). Por outro lado, o
negócio tem de estar de acordo com a ordem pública e os bons costumes.
A boa-fé encontra-se nas disposições relativas às cláusulas contratuais gerais, por que razão
não é a boa-fé um critério para averiguar a validade de um negócio?
Parte do conteúdo que, noutras situações, iriamos reconduzir à boa-fé, aqui reconduzir-se-á à
ordem pública e aos bons costumes. Entende-se que a jurisprudência terá preenchido o
conceito de bons costumes com os princípios da tutela da confiança e da primazia da
materialidade subjacente. Entende-se, desta forma, que o significado de “bons costumes” é
relativo. Se a boa-fé corresponde aos princípios nucleares do sistema e se não forem
mencionados, os tribunais foram obrigados a preencher o conteúdo da ordem pública e bons
costumes como contendo esses princípios.
USURA
Nos termos do art.282.º CC, os negócios usurários são anuláveis, esta solução é, no entanto,
muito crítica, sobretudo, por Menezes Cordeiro, visto que coloca o ónus da prova, isto é, a
necessidade de provar que existiu um negócio com estas características, na vítima. Coloca o
ónus ao lesado de invocar e provar, sendo que a anulabilidade é de conhecimento oficioso.
O art.282.º e os elementos devem ser interpretados de forma única, isto é, têm uma
natureza unitária. Interpretamos este artigo dentro de um sistema imóvel – se um requisito for
de tal forma intensa, pode ser-se menos exigente no preenchimento dos outros.
Por sua vez, o art.284.º CC prevê a usura criminosa, o que altera o prazo de caducidade,
fixado no art.287.º CC: se existir crime, embora haja o prazo de um ano, o prazo não termina
enquanto o prazo criminal não prescrever. Surge uma relação entre direito civil e direito penal.
Existem várias e, efetivamente, surgem cada vez mais na prática, no entanto, podem
apontar-se cinco cláusulas negociais típicas clássicas, sendo as mesmas a condição, o termo, o
módulo, o sinal e a cláusula penal.
CONDIÇÃO (ART.270.º A 277.º CC): A sua fixação sujeita a eficácia do negócio jurídico à
verificação de um facto futuro e incerto, sendo que as partes estão sujeitas às regras
da boa-fé. Possui várias modalidades, sendo as mais relevantes:
o Condição Suspensiva: Sujeita o início da produção de efeitos do negócio
jurídico à verificação de um facto futuro e incerto, isto é, até lá existe negócio
jurídico, mas não produção de efeitos;
Por exemplo: A dá a B o seu carro quando esta fizer 18 anos;
o Condição Resolutiva: Sujeita o fim da produção de efeitos à verificação de um
facto futuro e incerto, isto é, elebro um negócio se e quando acontecer a facto
futuro e incerto – o negócio termina
o Causais: Trata-se de um facto alheio à vontade das partes – sismo, incêndio,
etc.
o Potestativas: Exercício da vontade de uma das partes -
A doa o carro a B se B utilizar a coisa – Doação sujeita a condição resolutiva (se deixar de usar
deixa de haver doação)
o Momento certo:
o Momento incerto:
o Automáticas:
o Exercitáveis:
o Impróprias. Não são verdadeiras condições visto que falta sempre algum
requisito (p.e.: A doa o seu carro a B quanto este fizer 18 anos. B já fez 18
anos.). Tendem a corresponder a TERMOS.
o Impossíveis (p.e.: A doa o seu carro a B se este passar 5 horas sem respirar);
o Necessárias: (p.e.: A doa a sua biblioteca a B quando C morrer.)
o Legais (p.e.: convenção antenupcial só ocorre se existir casamento)
o Inválida – aplica-se a teoria da unidade – esta cláusula implica a nulidade do
negócio – art.271.º a 274.º CC – boa-fé objetiva – tutela da confiança e
materialidade subjacente; art.275.º CC – perde o elemento da incerteza/o
legislador sanciona atuação contra a boa-fé.
TERMO: Semelhante à condição, mas o facto é certo – subordina a produção de efeitos
de um negócio jurídico à verificação de um facto futuro e certo – art.278.º CC;
o A dá o seu carro a B no dia 20 de março de 2024;
o Art.1443.º CC
o Art.279.º CC – Contagem dos prazos – MC quando se refere à duração da
proposta contratual aplica o art.279.º CC e existe uma discussão quanto à e):
quanto a sábado? – Em 1966 os tribunais estavam abertos ao sábados, isto é,
era um dia últil – elemento literal (só feriado e domingo) e elemento atualista
(sábados, feriados e domingos).
o Atuação de BOA FÉ- 272.º
MODO (OU ENCARGO): Regra geral aparece nos negócios gratuitos, tratando-se,
latamente, de uma obrigação que pode ser de conteúdo patrimonial ou não
patrimonial – obrigação a cargo de quem beneficia – NÃO SUBORDINA A PRODUÇÃO
DE EF À VERIFICAÇÃO DA OBRIGAÇÃO;
o No modo os efeitos são produzidos, o beneficiário é que tem uma obrigação –
p,.e: A doa à Biblioteca da FDUL os seus livros desde que a FDUL crie uma sala
com o seu nome – quando FDUL adquire os livros tem a obrigação de colocar o
nome numa sala;
o Adquire-se independentemente da vontade.
o Art.965.º CC
SINAL: Costuma aparecer em contratos onerosos. Quantia para eu segurar a minha
posição – faz-se um ajuste ao preço final a pagar
o Art.442.º CC -
o Se o contrato não for cumprido, a consequência é a perda do sinal – o valor
que se deu é perdido e, por outro lado,
CLÁUSULA PENAL: Pena convencional - Pena pelo meu incumprimento - se incumprir
um negócio sei que tenho de pagar X até ao cumprimento
o Compulsória: Função dissuasora
o Compensatórias: Função indemnizatória para cobrir eventuais danos do
lesado;
o Art.809.º e seguintes, CC.
AULA DE 22/03/2024
A interpretação do negócio jurídico não se regula pela interpretação da lei, que surge fixada
no art.9.º CC. Isso não significa, no entanto, que não se verifique um paralelismo entre a
interpretação do negócio jurídico e da lei.
Quando falamos da interpretação do negócio jurídico de uma perspetiva abstrata há três
possibilidades:
Esta matéria surge fixada no art.236.º CC, que possui três partes:
Art.237.º CC
A compra uma garrafa a B – aplica-se o regime da compra e venda, não caindo no art.239.º CC.
O facto de uma matéria não ser trata não significa que haja uma lacuna. Em algumas situações
a ausência de conteúdo traduz-se numa invalidade do negócio.
AULA DE 05/04/2024
VICIOS DA VONTADE
A vontade pode sofrer um vício em ambos estes momentos: por exemplo, a vontade pode ser
malformada porque fui enganado (e, nesse sentido, tenho uma perceção da realidade que não
corresponde à efetiva) ou então ainda que a vontade esteja bem formada, a vontade
exteriorizada não corresponde à interiorizada.
A necessidade de, no âmbito do direito civil, a ciência jurídica voltar a fazer aquilo que se
fazia ao longo dos séculos: verificar se os avanços nos ramos jurídicos especiais devem ser
trazidos para o centro. Guilherme Moreira saltou por cima do código civil e trouxe os vícios de
vontade dos alemães e italianos e aplicá-los.
Ler o art.280.º CC relativamente às cláusulas dos bons costumes, para dizer que determinada
prática tem como consequência
Invocar o artigo 280.º CC, nomeadamente a cláusula relativa aos bons costumes, para dizer
que uma determinada prática tem como consequência a nulidade do negócio jurídico.
No direito do consumo, uma insistência é suficiente para se considerar falta de liberdade: não
é coação. No âmbito da proteção de dados, pode-se voltar a trás.
É possível trazer alguns casos do direito do consumo e da proteção de dados para o direito
civil.
COAÇÃO ABSOLUTA
Art.246.º CC A declaração não produz qualquer efeito, se o declarante (…) for coagido pela
força física a emiti-la.
Alguém é coagido pela forma física a emitir uma declaração. No âmbito do direito civil os vícios
são relevantes quando relativos aos negócios jurídicos. A declaração não produz qualquer
efeito.
O que caracteriza esta coação física: há uma total ausência de vontade. As situações-tipo ao
qual se aplica este artigo é:
Não há vontade do próprio, nunca pensou sequer o contrato – há uma ausência de vontade da
pessoa que exterioriza a vontade.
COAÇÃO MORAL
Art.255.º CC
É uma ameaça em relação ao quê ou a quem? “Ou me vendes o teu telemóvel por 5€ ou levas
um estalo!” – ameaça “Ou me vender o teu telemóvel por 5€ ou parto o teu computador!”.
A ameaça pode ser relativa à outra parte negocial como ao seu património. A ameaça pode ser
só em relação ao próprio e ao seu património? Ou também inclui terceiros? Inclui-se apenas
terceiros relevantes? O legislador resolve este problema no art.255.º2 CC.
dupla causalidade da ameaça: é necessário que a ameaça cause medo e que esse medo seja
determinante para a celebração do negócio ou declaração de vontade. É necessária uma
verificação cumulativa dos dois elementos.
Casos
António é conhecido por se muito violento e sempre que alguém não faz o que António quer,
António dá-lhe uma tareia. Um dia, A pergunta a B se não quer comprar o cavalo dele por um
preço qualquer. B, conhecendo a fama de A, aceita. Mais tarde, A devido a um problema de
saúde torna-se mais calmo e B leva o caso a tribunal afirmando a coação.
Uma ameaça apode ser expressa ou tácita: “vendes-me o teu computador por 5000€? Hoje
vi a tua filha!” - ameaça tácita.
Está positivado no direito português desde, pelo menos, 2008, na legislação referente às
práticas comerciais desleais. O vicio da influência
O empregador pergunta ao trabalhador se pode usar a sua fotografia para colocar no site da
empresa. O empregador, com receio de ser despedido aceita mas depois vem a tribunal
afirmar que apenas aceitou por ter medo de perder o seu trabalho. Se se verificar um
desequilíbrio das posições
Nos direitos anglo-saxónicos, a influência desta figura sempre existiu: os tribunais ingleses
desenvolveram porquie a coação medieval era muito restritra, sendo muito difiicl prova-la.
Podemos trazer isto para o código civil? Como interpretar a coação moral de forma a incluir
isto? O problema está no n. º3: o temor reverencial aproxima-se da figura da influência
indevida.
Os alemães têm resolvido este problema invocando os bons costumes. É uma solução. No
entanto, qual o sentido de a influência ser nulidade e a coação moral ser anulabilidade?
O que significa o termo referencial?
O caminho de incluir a influência indevida através dos bons costumes tem uma consequência
esquisita.
Fazer uma interpretação extensiva da coação moral de forma a incluir o vício da influência
indevida com os avanços da periferia do nosso direito e direito civil.
AULA DE 12/04/2024
SIMULAÇÕES
Vício de vontade que tem muita expressão na ordem jurídica portuguesa e, no geral, nos
países latinos. No âmbito da simulação não há teses alemãs na ciência jurídica alemã, sendo
que os italianos estudaram muito mais sobre elas. A figura da simulação não é muito relevante
na ciência jurídica alemã.
A e B celebram um contrato de CV de bem imóvel mas A não sai da casa e paga todas as contas
da casa. A simulou a venda do bem imóvel a B de forma a que o seu filho não adquira a casa.
Do ponto de vista histórico, esta figura não era conhecida, a nível sistemático, pelo direito
romano. Do ponto de vista histórico, o elemento interessante é que durante o período
medieval, até Savigny, havia uma grande aproximação da simulação à fraude à lei.
Para Savigny, o elemento distintivo da simulação era a divergência entre a vontade real
(escondida) e a vontade exteriorizada (dissimulada). Savigny afastou a simulação da fraude à
lei.
A simulação está fixada nos art.240.º a art.243.º CC., sendo que os seus requisitos são:
Simulações
Absoluta: A divergência de vontade está numa contradição direta com o que se diz - As
partes conjeturam uma mudança quando na realidade o status real se mantém
inalterado.
o Por exemplo: Vontade declarada é a celebração do contrato de compra e
venda e a vontade real é a não celebração do contrato de compra e venda;
Consequência: Nulidade;
Relativa: A divergência de vontade não está numa contradição direta com o que se diz;
o Objetiva: Quando respeitar ao objeto ou ao conteúdo – divergência quando ao
bem ou quando ao conteúdo entre a vontade real e a vontade declarada;
o Por exemplo: A e B simulam celebrar um contrato de doação quando celebram
efetivamente um contrato de compra e venda;
o Distingue-se em:
Total: divergência entre os contratos que se simulam e os que se
pretendem;
Por exemplo: Dizem que celebram uma doação quando
celebram um contrato de compra a venda;
Parcial: divergência entre uma cláusula simulada e a cláusula
pretendida;
Dizem que o valor do negócio é €3.000 quando é, na verdade,
€4.000;
o Subjetiva: Quando respeitar aos sujeitos – interposição fictícia de pessoas;
Por exemplo: Foi celebrado um contrato com pessoa X, sendo na
realidade pessoa A.
É celebrada uma doação – as partes dizem que querem uma doação; mas, na verdade,
celebram uma compra e venda, na medida, em que, por debaixo da mesa, as partes trocaram
quantias monetárias Consequência: nulidade.
Art. 241.º CC: a doação é nula, mas reconhece-se que se celebrou o contrato de compra e
venda (à luz do Direito, portanto).
2. A compra e venda está sujeita a forma especial (art.875.º CC): se a forma não for seguida o
negócio é nulo – o legislador diz que se tiver natureza formal, ele só é válido (reconhecimento
por parte do Direito) se tiver a forma admitida por lei.
Divergência doutrinária:
o Teoria da Forma da Declaração: consegue-se retirar da declaração
exteriorizada que as partes pretendiam a compra e venda? Se sim, está
respeitado o art.241.º/2 CC – do contrato de doação retira-se se as partes
queriam compra e vender?
Resultado prático: esvazia o art.241.º/2 CC – num contrato de doação
nunca se encontrar uma declaração de vontade é no sentido de
compra e vender;
o Teoria da Forma do Negócio: A forma para a doação de bens imóveis é
(art.947.ºCC) é escritura publica ou documento particular autenticado – se há
uma coincidência entre a forma do que foi simulado e aforma do que foi
dissimulado então salva-se o negócio – comparação do art.875.º CC e art.947.º
CC;
o Teoria Ratio da Forma: Não basta haver uma coincidência formal entre o
art.875.º CC e o art.947.º CC – é necessário verificar se os propósitos que
exigem a forma no art.875.º CC são iguais aos propósitos do art.947.º CC – se
sim, salva-se os negócios,
Não interesse a forma, mas sim a substância- o cumprimento formal
não basta, sendo necessário uma coincidência material (através da
verificação de uma coincidência de propósitos) – ideia de
materialidade subjacente;
Neste caso, os propósitos são iguais (publicidade, impostos, …)
então valida-se o negócio.
Tese defendida por BMC e MC.
Há apenas um negócio de compra e venda: a única diferença é que as partes dizem que o
preço é 4000€ quando na verdade é 5000€ - a solução jurídica é a mudança da cláusula –
reconhecimento do valor real/escondido. SOLUÇÃO JURISPRUDENCIAL.
Art.243.º CC A nulidade proveniente da simulação não pode ser arguida pelo simular contra
terceiros de boa-fé.