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CIENCIAS CONTÁBEIS
2023
Prof. Sergio Luiz Jacomini
e-mail: sljacomini7@gmail.com
Fone (44) 98852-5270
PONTO 01
I- DIREITO
1
”em determinadas fases da cultura jurídica, sobressaem escritores,
a cujos trabalhos todos recorrem e de tal forma que as suas
opiniões acabam por se converter em preceitos obrigatórios. No
século passado e no começo deste, os livros de Lafayette, Teixeira
de Freitas, Ribas, Coelho Rodrigues tiveram este prestígio. Eram
citados pelos juizes e fundamentavam suas decisões”.
Com efeito, é de grande valor o trabalho dos doutrinadores na
elaboração do direito objetivo, pois ao apontar falhas,
inconvenientes e defeitos da lei vigente, acaba encaminhando o
legislador para a elaboração de lei mais perfeita.
4)- Jurisprudência - São decisões reiteradas dos Tribunais de
Justiça a respeito de controvérsias semelhantes. São normas
gerais extraídas de decisões reiteradas dos tribunais num mesmo
sentido, numa mesma direção interpretativa. Sempre que uma
questão é decidida reiteradamente do mesmo modo, surge a
jurisprudência. Ela é uma fonte mediata ou secundária do Direito.
Não tem poder de levar o juiz a decidir casos semelhantes da
mesma maneira, entretanto, fornece importantes subsídios na
solução de outros casos.
Como exemplo para melhor compreender o valor da jurisprudência
na formação do Direito podemos citar os direitos da concubina. Até
há pouco tempo, a concubina não tinha qualquer direito reconhecido
pelo nosso ordenamento jurídico, todavia, longa série de julgados
alterou tal situação. Atualmente é pacífica a jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal, reconhecendo a ela o direito à
remuneração de seus serviços de valor econômico e à sua parte nos
bens adquiridos com o esforço comum do casal. Neste sentido, a
súmula 380 do Supremo Tribunal Federal dispõe: “Comprovada
sociedade de fato entre concubinos, é cabível a sua dissolução
judicial, com a partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum”.
Este entendimento jurisprudencial já produziu frutos no nosso Direito
Positivo na medida em que a Constituição de 1.988, art. 266, dispõe:
“Para efeitos da proteção do Estado, é reconhecida a união estável
entre o homem e a mulher, como entidade familiar, devendo a lei
facilitar sua conversão em casamento”.
Em 10/05/96 entrou em vigor a Lei 9.278, regulamentando a União
Estável.
À série de exemplos pode ser acrescido um dos temas mais
polêmicos da sociedade moderna: a união entre homossexuais.
Recentemente, verificamos decisões de nossos Tribunais
reconhecendo a sociedade de fato na união entre homossexuais,
assegurando o direito da meação dos bens adquiridos na constância
do convívio e com esforço comum.
Preenchimento da lacuna da lei
A solução dos litígios é realizada pelo Estado, através do seu
representante próprio, o juiz. O juiz aplica a lei à uma situação
litigiosa concreta, dizendo a quem pertence a razão. A fonte principal
utilizada pelo juiz para decidir um litígio na sentença é a lei jurídica.
Por outro lado, o juiz tem a obrigação de proferir a sua decisão final,
ou seja, de proferir a sentença solucionando o litígio que lhe foi
submetido. O que não pode acontecer é o juiz não dar decisão,
alegando não existir lei a ser aplicada ou ser ela lacunosa ou
obscura. Quando a lei for lacunosa, obscura ou, ainda, não existir lei
que discipline o fato causador do litígio, o juiz decidirá com apoio
na analogia e nos princípios gerais do direito.
Analogia
Ao consultarmos o Dicionário do Aurélio 2, verificamos que a palavra
analogia possui diversas acepções. Juridicamente, significa a
operação lógica mediante a qual se suprem as omissões da lei,
aplicando à apreciação de uma dada relação jurídica, as normas
de direito objetivo disciplinadoras de casos semelhantes.
A analogia consiste em aplicar a um caso não previsto na lei, uma
outra lei que disciplina um caso semelhante, pois fatos semelhantes
exigem normas semelhantes.
Como exemplo de aplicação da analogia lembramos aqui a Lei n°
2.681 de 1912, que é sempre mencionada como interessante
exemplo da sua aplicação. Destinada a regulamentar a
responsabilidade das companhias de ferro por danos causados a
passageiros e a bagagem, passou a ser aplicada, por analogia, a
todas as espécies de transportes terrestres ( bonde, metrô, ônibus e
até em acidentes ocorridos em elevadores), à falta de legislação
específica.
Princípios gerais do Direito
Princípios, sob o ponto de vista da filosofia, são proposições
diretoras de uma ciência, às quais todo o desenvolvimento posterior
dessa ciência deve estar subordinado.
2
Direito Subjetivo – Direito Faculdade – é o poder que tem o homem
de exigir garantias para a realização de seus interesses, quando
estes estão de acordo com a lei. É a “facultas agendi” ou faculdade
de agir.
Moral e Direito
PONTO 02
LEI
A lei advém de atos do Poder Legislativo e visa disciplinar condutas
objetivando o melhor interesse da coletividade, de forma a
proporcionar uma coexistência pacífica entre os membros da
sociedade
● Iniciativa;
● Discussão;
● Votação;
● Aprovação;
● Sanção ou Veto;
● Promulgação;
● Publicação
I - relativa a:
Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que
outra a modifique ou revogue.
§ 1o A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare,
quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a
matéria de que tratava a lei anterior.
PONTO 03
ESTADO
1)- O Estado, assim como a própria sociedade, sempre existiu visto que o
homem desde que vive na terra está integrado numa organização social,
dotada de poder e com autoridade para determinar o comportamento social de
todo o grupo;
2)- Outros autores defendem que a sociedade existiu sem o Estado durante um
certo período e depois, por diversos motivos, foi se constituindo o Estado para
atender às necessidades dos grupos sociais;
3)- Alguns autores somente admitem como Estado a sociedade política dotada
de certas características bem definidas, o que só ocorreu a partir do século
XVII.
FORMAÇÃO DO ESTADO
O Canadá, Austrália e África do Sul, por exemplo, não são Estados perfeitos,
porque seus governos são subordinados ao governo britânico.
População representa a massa total dos indivíduos que vivem dentro dos
limites territoriais de um país, incluindo os nacionais e os não nacionais.
FORMAS DE ESTADO
• União Pessoal – É uma forma própria da monarquia que ocorre quando dois
ou mais Estados são submetidos ao governo de um só monarca. Resulta este
fato em regra do direito de sucessão hereditária, pois, um mesmo Príncipe,
descendente de duas ou mais dinastias, poderá herdar duas ou mais coroas.
Pode também resultar de eleição ou acordo internacional. Na união pessoal os
Estados conservam a autonomia interna e internacional. Ligam-se apenas pela
pessoa física do soberano. É transitória, sem utilidade política para os Estados
associados. Ex.: Espanha e Portugal, sob Felipe da Áustria.
FORMAS DE GOVERNO:
SISTEMAS DE GOVERNO
Chefia do Estado - Nas Monarquias, exercido pelo rei, e nas Repúblicas pelo
presidente. É a atribuição constitucional para representar interna e
internacionalmente o Estado. É uma atribuição legitimada pelo voto quando for
República, para permitir o exercício de funções e competências. Como não
participava das decisões políticas, é politicamente irresponsável.
PRESIDENCIALISMO
Assim, Estado Federal é aquele Estado formado pela união de vários Estados,
que perdem a soberania em favor do poder central da União Federal, que
possui soberania e personalidade jurídica de Direito Internacional.
• A união dos Estados Federados cria um novo Estado e, aqueles que aderiram
à Federação perdem a condição de Estados soberanos, permanecendo apenas
com a autonomia política relativa;
• Inexiste direito de secessão: uma vez feita a adesão os Estados não podem
se retirar da federação;
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes
eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
Art. 2º (...)
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação.
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos
seguintes princípios:
I - independência nacional;
II – prevalência
IV - não-intervenção;
Art.5º (...)
(...)
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
PONTO 04
DIREITO CONSTITUCIONAL
PODER CONSTITUINTE
Pode ser conceituado como o poder de elaborar ou atualizar uma Constituição,
mediante a supressão, modificação ou acréscimo de normas constitucionais. A
CF/88, em seu art. 1º, diz que todo o poder emana do povo, ou seja, o titular do
poder é povo. Entretanto quem exerce o poder normalmente não é povo, e sim,
seus representantes. Costuma-se dividir o poder constituinte em originário
(PCO) e derivado (PCD).
CONSTITUIÇÃO
Conceito
A Constituição é a norma de maior hierarquia em um ordenamento jurídico, que
organiza, estrutura e constitui o Estado e os direitos e garantias individuais. É
certo que o Direito Constitucional se desenvolve interrelacionado a outras
ciências, principalmente a sociologia, a filosofia e a política. Em virtude disso,
existem diversos sentidos para se conceituar a Constituição:
1. Quanto à origem:
2. Quanto à forma:
Costumeira (não escrita) Formada por textos esparsos e se baseia nos usos,
costumes, jurisprudência. Ex: inglesa.
4. Quanto à extensão:
Analítica Abordam todos os assuntos que os representantes do povo
entenderem fundamentais. Descem às minúcias. Normalmente, trazem regras
que deveriam estar na legislação infraconstitucional. Ex: CF/88.
5. Quanto ao conteúdo:
Soberania;
Cidadania;
Dignidade da pessoa humana;
Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
Pluralismo político.
REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS
ESPÉCIES:
HABEAS DATA
MANDADO DE SEGURANÇA
É remédio que serve para resguardar direito líquido e certo ameaçado por ato
de autoridade governamental ou agente de pessoa jurídica privada que esteja
no exercício de atribuição do poder público. No Brasil, a primeira Constituição a
prevê-lo foi a de 1.934. Daí em diante, a garantia do MS esteve presente em
todas as Constituições. Não há correspondente no direito internacional.
ESPÉCIES:
REPRESSIVO APÓS direito ter sido violado. Pode ser usado para repelir
ilegalidade ou abuso de poder ou para evitar que aconteça; Admite concessão
de medida liminar se impetrante tem de demonstrar fumus boni iuris ( ‘fumaça
do bom direito’) e periculum in mora (‘perigo na demora’).
PONTO 05
DIREITO EMPRESARIAL
EMPRESA
CONCEITO DE EMPRESA
O Direito Empresarial possui sua aplicabilidade calcada na teoria da empresa.
Tal teoria surgiu na Itália em 1942 em um novo sistema para regular as
atividades econômicas. Diante disso, não divide os atos em civis ou mercantis,
o que importa é o modo pelo qual a atividade econômica é exercida.
Os artigos 981 a 985 do Novo Código Civil trazem as premissas básicas acerca
das sociedades O artigo 982 do Código Civil enumera as sociedades pela
natureza de seu objeto, ao estabelecer que, ressalvadas exceções expressas,
considera-se:
Atualmente, existem três outros instrumentos para que seja feita a escrituração
conjunto de fichas ou folhas soltas, conjunto de folhas contínuas e as
microfichas geradas por microfilmagem de saída direta do computador. Mas,
ainda assim, utilizasse, comumente, a expressão livro, no sentido genérico
para designar o instrumento de que o empresário se vale para cumprimento do
dever legal de escrituração de seu negócio.
No entanto, nem todos os livros que o empresário deve possuir são livros
contábeis. Ou seja, alguns livros registram operações de compra e venda (livro
mercantil) e outros registram acontecimentos diversos, como livro de
empregados ou ata das assembléias gerais (livros memoriais).
Razão: não diz respeito a todos os empresários, mas somente àqueles que
emitem duplicata mercantil ou prestação de serviços, sendo que esta exigência
alcança até os microempresários e empresários de pequeno porte.
Assim, independente do porte, o empresário que não emite duplicatas não esta
obrigado à escrituração no Registro de Duplicata.
os livros próprios das sociedades anônimas (art. 100, LSA), em que são
registradas as atas das assembléias, por exemplo. Também nas limitadas que
realizem assembléia de sócios deve haver escrituração no livro de atas de
assembléia (art. 1075, §º1), bem como as que possuem conselho fiscal,
escrituração no livro de atas e pareceres do conselho fiscal (art. 1069, II) e
aquelas cujos administradores não são nomeados no contrato social, mas em
ato separado, livro de atas da administração (art. 1062), onde são lavrados os
atos da posse.
Por fim, há que se falar nos livros facultativos onde são registrados qualquer
tipo de registro uniforme e ordenado que o empresário realiza, para o controle
e andamento de seu negócio, ou memória de suas decisões. Esta prática não é
comum no meio empresarial.
O livro facultativo tem valor meramente gerencial e, ainda que autenticado pela
Junta, não terá a eficácia probatória que os Livros Obrigatórios têm.
III – o capital;
Noutro ponto, cabe explicitar que o parágrafo único conta, em sua parte final,
com a expressão “salvo se o exercício da profissão constituir elemento da
empresa”. A ideia do parágrafo único do artigo 966 do novo Código Civil é que
a princípio a profissão intelectual não é empresarial por características
próprias, isto é, não compreende a organização de fatores de produção.
Portanto, de acordo com o parágrafo único do artigo 966 do novo Código Civil,
embora a princípio a profissão intelectual não seja empresarial,
excepcionalmente pode ela constituir elemento de empresa. Nesse caso, ela
será empresarial.
O Código Civil explicita que o empresário, tal como definido no artigo 966,
deverá se inscrever na Junta Comercial.
Finalmente cabe mencionar que o artigo 967 do Código Civil, estabelece ser
obrigatória a inscrição do empresário no “Registro Público de Empresas
Mercantis”, ou seja, na Junta Comercial.
§ 1o Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame das
circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como da conveniência em
continuá-la podendo a autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos os pais,
tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos
direitos adquiridos por terceiros.
Aquele que é civilmente capaz pode praticar atos sem assistência, como abrir
uma conta num banco, contratar um serviço, adquirir bens, dentre outros.
O incapaz, portanto, pode continuar empresa exercida por ele próprio quando
era capaz (nos casos em que a incapacidade é resultante de doença ou
senilidade, por exemplo), por seus pais ou pelo autor de herança.
Nome Empresarial
ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL
a) mercadorias;
b) instalações;
c) máquinas
d) utensílios;
e) dinheiro;
(f) veículos;
(c) marcas;
(f) ponto;
Quem detém o ponto comercial é o próprio comerciante. Por isso, ele pode
transferi-lo a terceiros, mediante a celebração de um contrato de compra e
venda. No contrato, além das cláusulas comuns, deve existir uma descrição do
ponto e dos bens corpóreos e incorpóreos que serão transferidos juntamente
com ele.
Por fim, é importante destacar que, caso o valor da venda seja superior a 30
salários mínimos, é necessário formalizar a transação por meio de escritura
pública.
PROPRIEDADE INDUSTRIAL
Com a União de Paris, convenção da qual o Brasil é participe desde seu início,
teve sua vigência iniciada na data de 07 de julho de 1883, denominada então
de Convenção da União de Paris – CUP.
“Art. 5o Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
Fabio Ulhoa Coelho assim afirma “Uma das diferenças entre o direito industrial
e o autoral está relacionada à natureza do registro do objeto, ou da obra. O do
primeiro é constitutivo; o da obra se destina apenas à prova da anterioridade”
Por fim, a legislação prevê proteção legal aos direitos autorais, de acordo com
a Lei n° 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que altera atualiza e consolida a
legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. Cabe expor as
disposições preliminares, Título I, da lei a quo:
“Disposições Preliminares
Art. 1o Esta Lei regula os direitos autorais, entendendo-se sob esta
denominação os direitos de autor e os que lhes são conexos.
VIII – obra:
b) anônima – quando não se indica o nome do autor, por sua vontade ou por
ser desconhecido;
Art. 6º Não serão de domínio da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos
Municípios as obras por eles simplesmente subvencionadas.”
TÍTULOS DE CRÉDITO
A autonomia quer dizer que cada pessoa que assume uma obrigação no título
assume uma obrigação independente das obrigações assumidas por outras
pessoas no mesmo título.
Cheque;
Letra de câmbio;
Nota promissória;
Duplicata;
Cédula de Crédito Bancário.
Cheque.
O cheque é um documento através do qual o titular de uma conta corrente
pode emitir uma ordem para uma instituição financeira pagar ou creditar
determinada quantia em seu favor (ou em favor de outra pessoa).
Letra de câmbio
Nota promissória
Duplicata
Livres: são os títulos que não exigem um padrão obrigatório de emissão, basta
que conste os requisitos mínimos exigidos por lei. Ex:. letra de câmbio e nota
promissória.
Títulos abstratos: são aqueles que não mencionam a relação que lhes deu
origem, podendo ser criados por qualquer motivo. Ex: letra de câmbio, cheque.
Saque
Aceite
Será considerada a falta de aceite quando o sacado não for encontrado, estiver
muito enfermo, não podendo, ao menos, expressar-se, ou quando nega o
aceite ao título expressamente.
Essa cláusula não será permitida quando a letra for sacada a certo termo da
vista, pois quando isso ocorre o prazo do vencimento só corre a partir da data
do aceite.
Endosso
É a forma pela qual se transfere o direito de receber o valor que consta no título
através da tradição da própria cártula.
De acordo com o art. 893 do Código Civil: "a transferência do título de crédito
implica a de todos os direitos que lhe são inerentes" e, por assim dizer,
entende-se que não só a propriedade da letra que se transfere, como também
a garantia de seu adimplemento.
Cessão Civil – ato bilateral, por meio de um negócio jurídico; pode ser feita da
mesma forma que qualquer outro contrato; confere os direitos derivados de
quem o cedeu e poderá ser parcial.
Aval
Versa o art. 30 da LU, "o pagamento de título de crédito, que contenha
obrigação de pagar soma determinada, pode ser garantido por aval". Com isso
estabelece-se que aval é a garantia cambial, pela qual terceiro (avalista) firma
para com o avalizado, se responsabilizando pelo cumprimento do pagamento
do título se este último não o fizer.
A fiança produz mais efeitos que o aval, uma vez que a posição do fiador
adquire características de principal.
Por fim, cumpre ressaltar que a lei concede ao fiador o benefício de ordem,
benefício este inexistente para o avalista.
Vencimento
a)- à vista;
b) falência do aceitante.
Pagamento
Protesto
As empresariais são aquelas que exercem com diz o nome alguma atividade
que seja própria de empresário e sujeita a registro, existindo diferentes tipos de
sociedade empresarial.
Deve ser constituída por, no mínimo, duas pessoas, e o contrato social não
pode ter natureza mercantil.
Sociedade limitada
Portanto, caso a sociedade contraia dívidas, o patrimônio dos sócios não deve
ser atingido, respondendo apenas pelo capital social investido.
A administração da sociedade pode ser feita por terceiros, isto é, por alguma
pessoa que não precisa ser sócia da empresa, mas é escolhida pela maioria
dos sócios (ou pode ser feita por um grupo de pessoas, se previsto dessa
forma em contrato social).
Sociedade anônima
Nessa sociedade, o capital não está relacionado aos sócios, mas às “ações”.
Ela deve ter no mínimo 7 acionistas.
O capital social pode ser classificado em “aberto”, quando as ações podem ser
negociadas na bolsa de valores, ou “fechado”, quando não há oferta para
negociação.
Assim como na S/A, esta comandita terá seu capital dividido em ações. Mas
difere porque opera por firma ou denominação, e não em conjunto com seus
acionistas.
Caso seja necessário destituir um diretor, isso pode ser feito por votação dos
acionistas, com representação mínima de 2/3 do capital da sociedade em
comandita por ações.
Sociedade Simples
A Sociedade Simples é um tipo societário que segue as normas estabelecidas
no Código Civil e, geralmente, está ligada à prestação de serviços nos casos
em que os próprios sócios exercem as atividades da empresa.
Sociedade Cooperativa
Esse tipo societário está disciplinado nos Artigos 991 a 996 do Código Civil.
Geralmente, apresenta um prazo determinado de duração e sua existência
independe de registro na Junta Comercial.
A relação entre sócios fica estabelecida por meio de contrato informal, que
apresenta efeitos apenas entre as partes.
A existência da empresa somente pode ser comprovada por meio dos fatos
admitidos nos contratos comerciais.
Por essa razão, todos os sócios trabalham em nome individual para atingir o
fim social e respondem ilimitadamente com o patrimônio pessoal pelas
obrigações do empreendimento.
DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA
Além disso, evita que a separação patrimonial entre o sócio e a sociedade seja
utilizada como instrumento de fraude ou em favor daqueles que se furtam
injustamente ao cumprimento de suas obrigações.
RECUPERAÇÃO JUDICIAL
Pedido
Feito pela própria empresa à Justiça, explicando motivos da crise
Suspensão de cobranças
Se o juiz aceita o pedido, os processos e protestos ficam suspensos por 180
dias
Administrador judicial
Fim do processo
Descumprimento do acordo
Falência
PONTO 06
DIREITO CIVIL
A pessoa natural é aquele ser humano que provem de uma mulher; o ente
humano individualmente considerado (o art. 2° CC dizia.: todo homem é capaz
de direitos e obrigações na ordem civil). O novo código diz no art. 1° que "Toda
pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil", o art. 2° diz "a
personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida mas a lei põe a
salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro" .
Capacidade jurídica Capacidade é conceito que decorre da personalidade e
que torna possível uma pessoa ser titular de direitos e obrigações. Tal aptidão
para ser sujeito de direitos e obrigações e exercer, por si ou por outrem atos da
vida civil poderá, todavia, depender de assistência ou representação nas
situações que o Código determinar em função de ser a incapacidade relativa ou
absoluta, respectivamente.
É o ente criado por lei como sujeito de direitos e deveres, ou seja, pessoa
jurídica é dotada de vida própria, reconhecida por lei com aptidão para exercer
direito e contrair obrigações.
Como a pessoa jurídica é uma criação legal que tem por fim atuar à
semelhança da pessoa natural, naquilo que lhe for compatível, assim uma vez
constituída a pessoa jurídica ela obtém pela capacidade para:
Todas as ações das pessoas que são juridicamente relevantes para o Direito
são consideradas como Fatos Jurídicos e, por isso, são também
denominados Fatos Jurídicos em sentido amplo. Caio Mário da Silva Pereira
clarifica que dois fatores constituem o fato jurídico: um fato, isto é uma
eventualidade que atue sobre o direito subjetivo; e uma declaração da norma
jurídica que confere efeitos jurídicos àquele fato. Maria Helena Diniz salienta:
É o que diz Maria Helena Diniz, (1995) acerca do ato jurídico: “ato
jurídico strictu sensu que surge como mero pressuposto de efeito jurídico,
preordenado pela lei, sem função e natureza de auto-regulamento”.
Diante disso, o ato jurídico pode ser entendido como sendo na verdade um
acontecimento oriundo da vontade de uma pessoa física ou jurídica, que
produz efeitos de ordem jurídica. Mas é importante frisar que para tal aplicação
da vontade se faz imprescindível que tenhamos a ocorrência de um
acontecimento lícito fundado em direito, que não esteja em desacordo com o
nosso então ordenamento jurídico.
Segundo Fábio Maria de Mattia, 1967 “o ato jurídico stricto sensu seria aquele
que surge como mero pressuposto de efeito jurídico, preordenado pela lei, sem
função e natureza de auto-regulamento”.
Vale frisar que boa parte da nossa doutrina vigente não recepciona como
jurídico o ato ilícito, por se apresentar de forma contraria ao dispositivo
normativo, embora este produza efeitos que ensejam responsabilidade civil.
Porém, hoje se admite que estes atos integrem a categoria dos atos jurídicos,
tomando como base os efeitos que eles geram ou produzem.
f)- CONTRATOS
A Função Social dos contratos constitui, com base no princípio moderno a ser
observado pelo interprete na aplicação dos contratos. Agrupado aos princípios
tradicionais, como por exemplo o da autonomia da vontade e da
obrigatoriedade.
Desse modo, a função social é como uma espécie que limita a autonomia da
vontade, fazendo com o que impeça que tal autonomia esteja em confronto
com o interesse social. Essa é uma forma de intervenção estatal na confecção
e interpretação dos instrumentos contratuais, para que esses tenham além da
função de estipular os interesses dos contratantes.
Formação do Contratos
Manifestação da vontade
Para a existência do negócio jurídico, é necessário o requisito da declaração da
vontade que pode ser expressa na lei ou tácita.
Negociações preliminares
O contrato resulta em duas manifestações: a primeira é a proposta que dá
início à formação do contrato e a segunda a aceitação do contrato
estabelecido.
Proposta
A proposta é toda inciativa de um contrato que deve conter todos critérios para
a realização do negócio proposto
Aceitação
É a concordância das partes envolvidas com os termos propostos.
QUANTO À ONEROSIDADE:
d) Oneroso aleatório pela vontade das partes: ocorre pela convenção das
partes em que se cria um contrato que embora oneroso, depende de um
evento futuro e incerto.
Quanto ao agente:
Quanto à formação:
Quanto à forma:
Quanto ao objeto:
Quanto à designação:
b) Inominados: são os contratos sem previsão legal, mas que a lei considera
lícito desde que respeitadas às disposições gerais do direito contratual.
c) Misto: são aqueles contratos que tem por base um contrato nominado/típico,
mas se acrescentam cláusulas de outros contratos, ou cláusulas atípicas.
e) União de contratos: são contratos distintos e autônomos que são unidos por
conveniência, como um contrato de moradia que se soma a um contrato de
empreitada para construí-la.
Quanto ao objetivo:
g)- OBRIGAÇÕES
Algo muito importante deve ser trazido para analisar o direito das obrigações:
Ao mesmo tempo que o baleiro está sendo devedor da obrigação de dar a bala
para o comprador, ele também está se tornando credor da obrigação do
comprador dar dinheiro para ele. Visto pelo lado do comprador, este é credor
de receber a bala e é devedor de pagar o dinheiro por ela correspondente.
Elemento objetivo
Diz respeito ao objeto da obrigação, ou seja, a prestação.
Prestação é o dever específico de fazer, não fazer ou dar.
É importante fazer um destaque neste ponto: no caso do baleiro, o objeto da
obrigação era a obrigação de dar.
Lembre-se que o art. 104 do Código Civil, que aponta as condições de validade
de um negócio jurídico, descreve no seu inciso II que para ter validade, o
objeto de uma obrigação deve ser lícito, possível e determinado (ou
determinável).
Fora destas condições, ainda se faz necessário inserir uma outra condição
para ser regulada pelo direito das obrigações: natureza patrimonial. O que
quer dizer que a obrigação pode ser transformada em valores financeiros caso
não seja cumprido.
Em outras palavras, quando o namorado promete todas a gotas do oceano,
todas as estrelas do céu e todos os grãos de areia para sua amada, está
fazendo apenas uma graça e mostrando o quão grande é seu amor, mas não
importa em uma promessa regida pelo direito obrigacional.
Obrigação de dar
A obrigação de dar é aquela em que um bem está em posse do devedor e
deve ser passado para a posse do credor.
Esta obrigação pode ser subdividida em obrigação de entregar (quanto o bem
nunca esteve na posse do credor) ou de restituir (quanto o bem já esteve na
posse do credor e agora está com o devedor).
Da mesma forma, existe ainda outra subdivisão que diz respeito ao objeto: se
ele é certo ou incerto.
Se o objeto for certo, então o bem é infungível, individualizado, determinado.
Por exemplo: uma Ferrari de placa HHH1111.
No entanto, se ele for incerto, o bem é fungível e pode ser individualizado de
acordo com as características dele no momento do cumprimento da obrigação.
Por exemplo: uma maçã vermelha.
Obrigação de fazer
A obrigação de fazer é uma obrigação positiva, isso quer dizer que o devedor
deve cumprir uma tarefa ou atribuição.
A obrigação de fazer é uma das poucas que gera para o credor o direito de
Autotutela. O art. 249 § único do Código Civil aponta que em caso de urgência,
o credor pode cumprir a tarefa antes de pedir ao juiz e o pedido passa a ser
que ele seja ressarcido.
Tire suas dúvidas sobre direito civil aqui no Portal da Aurum.
A obrigação de não fazer é uma obrigação negativa, isso quer dizer que o
devedor deve se abster de realizar uma conduta. Esmiuçando ainda mais, o
devedor deve não fazer algo ou tolerar que o credor faça (permissão). A
inadimplência começa na data que o ato for praticado.
Se o ato foi realizado, o credor pode exigir que seja desfeito, se o devedor não
desfazer e for uma questão urgente, o próprio credor pode desfazer e cobrar
perdas e danos depois, ou seja, mais um caso de autotutela permitida pelo
direito.
Por sua natureza, o inadimplemento da obrigação de não fazer não comporta o
atraso (ou mora), apenas o inadimplemento total (ou não faz ou faz, não tem
como não fazer só um pouquinho).
Princípio da Igualdade entre filhos (art. 227, § 6o, da CF/1988 e art. 1.596 do
CC/2002) Determina o art. 227, § 6 da CF/88 que “os filhos, havidos ou não da
relação de casamento, ou por adoção terão os mesmos direitos e qualificações,
proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação”. Trata-se
da isonomia e igualdade dos filhos deste a Carta fundamental até as leis
infraconstitucionais, balizadas por este princípio. No Código Civil de 1916 havia
a referencia a filhos legítimos e ilegítimos (filhos adulterinos, incestuosos,
espúrio ou bastardos), que fora superado em 1992, pela lei 8.560 que
regulamentou a investigação de paternidade. Tal princípio parte da
horizontalização dos direitos constitucionais necessários a partir da
contemporaneidade societária, não abrange somente os filhos extraconjugais
como em um primeiro momento pode parecer. Mas também abarca, os filhos
adotivos, por afetividade e ainda por inseminação artificial heteróloga (com
material de terceiro) e a inseminação artificial feita post mortem.
Na ótica civil, temos a intervenção da Corte de Haia que trouxe este princípio
como preceito a ser materialmente assegurado. O CC/2002 assim, trouxe em
seus arts. 1.583 e 1.584 a materialidade e regulamentação desse preceito ao
regular a guarda ao poder familiar. Assim o é, que a Lei n. 11.698/2008 passou
a prevalecer a guarda compartilhada a unilateral, priorizando o poder familiar,
mas principalmente, o maior interesse da criança e adolescente.
CASAMENTO
DA SUCESSÃO EM GERAL
Efeitos da renúncia:
O renunciante é tratado como se nunca tivesse sido chamado à sucessão;
seus efeitos retroagem à data da abertura da sucessão. O que repudia a
herança pode aceitar legado.
O quinhão hereditário do repudiante, na sucessão legítima, transmite-se de
imediato aos outros herdeiros da mesma classe (direito de acrescer). Os
descendentes do renunciante não herdam por representação. No entanto se
ele for o único da classe seus filhos herdam por direito próprio e por cabeça.
O renunciante não perde o usufruto e nem a administração dos bens que, pelo
seu repúdio, foram transmitidos aos seus filhos menores.
A renúncia da herança é irretratável e irrevogável.
Herança Jacente
Falecendo uma pessoa na situação acima, seus bens são arrecadados.
Nomeia-se uma pessoa (curador) para conservá-los e administrá-los. A
característica principal da herança jacente é a transitoriedade da situação dos
bens. Não goza de personalidade jurídica; é uma universalidade de direito.
São expedidos editais convocando eventuais sucessores. Após a realização
de todas as diligências, não aparecendo herdeiro e decorrido um ano após o
primeiro edital, haverá a declaração de vacância.
Herança Vacante
Superada esta primeira fase, os bens passam, então, para a propriedade do
Estado (em sentido amplo). Mas ainda não de forma plena, mas apenas
resolúvel (propriedade resolúvel é a que pode se “resolver”, ou seja, se
extinguir). Somente após 05 (cinco) anos da abertura da sucessão a
propriedade passa para o domínio público (Município, Distrito Federal ou
União). Comparecendo herdeiro, converte-se a arrecadação em inventário
regular.
O Poder Público, pelo atual Código, não consta mais do rol de herdeiros
apontados na ordem de vocação hereditária. É, portanto, um sucessor
irregular, desde que haja sentença que declare a vacância dos bens.
SUCESSÃO LEGÍTIMA
O testamento, por ser um negócio jurídico, requer para a sua validade agente
capaz, objeto lícito e forma prescrita ou não defesa em lei. É um negócio
jurídico que requer uma série de solenidades. Caso não sejam observadas, o
ato será considerado nulo (conforme a regra geral do art. 166, V do CC).
Também é necessária a análise da capacidade testamentária ativa e passiva.
As testemunhas do testamento.
Restrições do testamento
Um testamento pode ser revogado por outro (de qualquer espécie), total ou
parcialmente. Não há uma hierarquia entre os testamentos.
TESTAMENTO ORDINÁRIO
Os requisitos essenciais dessa forma estão nos incisos do art. 1864 do CC.
Com a abertura da sucessão, o traslado é apresentado em juízo. Depois de
lido e não tendo vícios o Juiz ordena o registro e cumprimento.
Requisitos:
Escrito (em língua nacional ou estrangeira – art. 1.871 CC) e assinado pelo
testador; pode ser escrito mecanicamente, desde que todas as páginas sejam
numeradas e autenticadas com sua assinatura (art. 1.868, parágrafo
único CC).
Entregue ao oficial na presença de 02 (duas) testemunhas.
Observações:
1. Estão proibidas de usar este testamento as pessoas que não saibam ler
(analfabetos e cegos).
Requisitos:
TESTAMENTOS ESPECIAIS
Testamento Militar
Testamento militar é a declaração de última vontade feita por militares e
demais pessoas a serviço do exército em campanha, dentro ou fora do país.
Deve ser escrito por autoridade militar, na presença de duas testemunhas.
Admite a forma nuncupativa, isto é, feita por pessoa ferida; neste caso, pode
ser feito de viva voz na presença de duas testemunhas.
DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS
O Código Civil Brasileiro dispõe de um Capítulo somente sobre as
Disposições Testamentárias, ou seja, aquelas coisas que podem ou não ser
ditas em testamentos.
LEGADOS
Pode-se também legar dinheiro. O pagamento deve ser feito logo após a
partilha, de forma que os juros correrão a partir do momento em que o
herdeiro pagador se constituir em mora, ou seja, no momento em que for feito
a partilha e o legatário não receber o dinheiro.
O art. 1.924 do Código Civil assinala que o direito de pedir o legado não se
exercerá, enquanto se litigue sobre a validade do testamento, e, no legados
condicionais, ou a prazo, enquanto esteja pendente a condição ou o prazo
não se vença.
Legítima e Metade Disponível do patrimônio do de cujus – Distinção
O patrimônio de uma pessoa, enquanto viva, pode ser dividido em duas
metades: a Legítima e a metade disponível. Entretanto, tal distinção somente
produzirá efeitos práticos se houverem herdeiros necessários em jogo
(Descendentes, Ascendentes e/ou Cônjuge sucessíveis).
SUBSTITUIÇÕES E FIDEICOMISSO
Espécies de substituição:
1) Vulgar ou Ordinária
c) recíproca
2) Fideicomissária
3) Compendiosa
1 – Substituição Vulgar ou Ordinária – Ocorre a substituição vulgar quando
o testador designa uma ou mais pessoas para ocupar o lugar do herdeiro ou
legatário que não quiser ou não puder aceitar o benefício. Estabelece a
vocação direta (é uma substituição direta), pois o substituto herda diretamente
do de cujus, e não do substituído.
A substituição vulgar pode ser:
a) fideicomitente – é o testador.
Fideicomisso X Usufruto
DESERDAÇÃO
Testamento válido (só pode haver deserdação por testamento, sendo proibido
por escritura pública, instrumento particular, termo judicial ou codicilo –
veremos este termo mais adiante).
Não basta que o testador deserde o herdeiro. Cumpre aos outros herdeiros
promover, no prazo de 04 anos (contados da abertura do testamento) ação de
deserdação para confirmar a vontade do morto. O deserdado terá direito de
defesa. Não se provando o motivo da deserdação, o testamento produzirá
efeitos em tudo o que não prejudicar a legítima do herdeiro necessário.
Sendo o testamento um ato jurídico, para que possa produzir efeitos jurídicos,
deverá satisfazer as condições genéricas (capacidade do testador, objeto
lícito e possível, forma solene e consentimento válido), sob pena de nulidade
e anulabilidade. Além disso, ainda existem causas que impedem o testamento
de produzir seus efeitos jurídicos:
Revogação
Rompimento
Caducidade
Revogação
O testamento revogado não se restaura pelo fato deste ter sido revogado
posteriormente (não há repristinação no testamento).
b) tácita (ou indireta) —> quando o testador não declara que revoga o
anterior, mas há incompatibilidade entre as disposições deste e as do novo
testamento ou em caso de dilaceração ou abertura do testamento cerrado,
pelo testador, ou por outrem, com o seu consentimento, ou quando o testado
alienar voluntariamente a coisa legada.
Rompimento
Caducidade
Nulidade e Anulabilidade
O testamento pode ser anulado se contiver defeito leve ou grave. Pode atingir
o testamento em sua totalidade (neste caso abre-se a sucessão legítima) ou
em parte (prevalece a parte válida do testamento, abrindo-se sucessão
legítima, se for o caso, quanto ao que for anulado).
i) - RESPONSABILIDADE CIVIL
RESPONSABILIDADE CIVIL Breves Considerações Para a vida em sociedade,
o ordenamento jurídico estabelece algumas regras e deveres, que caso
violados configuram o ilícito, e consequentemente o dever jurídico de reparar,
caso haja dano.
Assim, para entender melhor esse capítulo, faz-se necessário compreender o
conceito de responsabilidade civil, analisar sua evolução histórica, classificação
e elementos necessários à configuração.
O vocabulário “responsabilidade” é oriundo do verbo latino respondere,
designando o fato de ter alguém se constituído garantidor de algo. Tal termo
contém, portanto, a raiz latina spondeo, fórmula pela qual se vinculava, no
direito romano, o devedor nos contratos verbais (LOPES e DIAS apud DINIZ,
2011, p. 49).
Todavia, a afirmação de que o responsável será aquele que responde e que
responsabilidade é a obrigação, ou melhor, o resultado da ação pela qual a
pessoa age antes esse dever será insuficiente para solucionar o problema e
para conceituar a responsabilidade.
Segundo Lopes e Dias (apud DINIZ, 2011, p. 49) “a responsabilidade serviria,
portanto, para traduzir a posição daquele que não executou o seu dever”.
Ainda no entendimento de Lopes e Dias (apud DINIZ, 2011, p. 50)
“responsabilidade é a obrigação de reparar um dano, seja por decorrer de uma
culpa ou de uma circunstância legal que a justifique, como a culpa presumida,
ou por uma circunstância meramente objetiva”.
De acordo com Mello et.al (apud DINIZ, 2011, p. 51):
“A responsabilidade civil é a aplicação de medidas que obriguem uma pessoa a
reparar dano moral ou patrimonial causado a terceiros, em razão de ato por ela
mesma praticado, por pessoa por quem ela responde, por alguma coisa a ela
pertencente ou de simples imposição legal”.
Definição esta que guarda, em sua estrutura, a idéia da culpa quando se cogita
da existência de ilícito (responsabilidade subjetiva), e a do risco, ou seja, da
responsabilidade sem culpa (responsabilidade objetiva) (AZEVEDO apud
DINIZ, 2011, p. 50).
Gonçalves (2005, p. 2) esclarece que o instituto da responsabilidade civil é
parte integrante do direito obrigacional, pois a principal consequência acarreta,
para o seu autor, de reparar o dano, obrigação esta de natureza pessoal, que
se resolve em perdas e danos.
Para Gonçalves (2005, p. 2): “Costuma-se conceituar a obrigação como o
vínculo jurídico que confere ao credor o direito de exigir do devedor o
cumprimento de determinada prestação”
As fontes das obrigações previstas no Código Civil são: a vontade humana que
abraça (os contratos, as declarações unilaterais da vontade e os atos ilícitos) e
a vontade do Estado que envolve (a lei) (GONÇALVES, 2005, p. 2).
O Código Civil brasileiro dedicou poucos dispositivos à responsabilidade civil.
Na parte geral, nos arts. 186, 187 e 188, consignou a regra geral da
responsabilidade aquiliana e algumas excludentes. Na parte especial,
estabeleceu a regra básica da responsabilidade contratual no art. 389
dedicando dois capítulos, um à “obrigação de indenizar” e outro à
“indenização”, sob o domínio “Da Responsabilidade Civil”.
No campo da responsabilidade civil encontra-se a indagação sobre se o
prejuízo experimentado pela vítima deve ou não ser reparado por quem causou
e em que condições e de que maneira deve ser estimado e ressarcido
(GONÇALVES, 2005, p. 3).
Lyra (apud GONÇALVES, 2005, p. 3) assinala que:
“Quem pratica um ato, ou incorre numa omissão, deve suportar as
consequências do seu procedimento. Trata-se de uma regra elementar de
equilíbrio social, na qual se resume, em verdade, o problema da
responsabilidade. Vê-se, portanto, que a responsabilidade é um fenômeno
social.”
Para tanto, a responsabilidade civil está vinculada ao dever em que alguém
tem de reparar o dano, seja material ou moral, causado a outrem. Trata-se de
medidas de coerção que são impostas ao causador do dano, seja este moral
ou patrimonial, por ato próprio ou de pessoa ou coisa sobre a sua
responsabilidade ou quando a lei assim o definir.
Diante de tais conceitos elencados, pode-se verificar a infração de um dever de
conduta como fundamento da responsabilidade civil, por isso a de que somos
responsáveis por nossa conduta, representa que na vida devemos nos
comportar de forma a não causar prejuízos aos outros.
Assim, da mesma forma, as pessoas têm direito de não ter seus interesses
invadidos injustamente, por força de nosso comportamento, ou seja, de nossa
conduta. Se isso vir a acontecer elas terão o direito de ser indenizadas na
proporção do dano sofrido.
Evolução da Responsabilidade Civil
A responsabilidade civil teve sua origem em tempos primordiais, momento em
que essa ideia foi formulada de maneira bem sincrética e básica. O conceito
que se tinha de responsabilidade civil acompanhou a ideologia da época da
sociedade primitiva, que pressupunha a busca pela justiça com as próprias
mãos.
Assim, as pessoas que eram lesadas de alguma forma por terceiros, se valiam
de sua força para buscar a justiça, nessa época não havia a interferência do
Estado.
A responsabilidade civil se assenta, segundo a teoria clássica, em três
pressupostos: um dano, a culpa do autor do dano e a relação de causalidade
entre o fato culposo e o mesmo dano (BESSON apud GONÇALVES, 2005, p.
4).
Nos primórdios da humanidade, entretanto, não se cogitava do fator culpa. O
dano preocupava a reação imediata, instintiva e brutal fator culpa.
O dano provocava a reação imediata, instintiva e brutal do ofendido. Não havia
regras nem limitações. Não imperava, ainda, o direito. Dominava, então, a
vingança privada. “forma primitiva, selvagem talvez, mas humana, da reação
espontânea e natural contra o mal sofrido; solução comum a todos os povos
nas usas origens, para a reparação do mal pelo mal (LIMA apud GONÇALVES,
2005, p. 4).
Se a reação não pudesse acontecer desde logo, sobrevinha a vindita mediata,
posteriormente regulamentada, e que resultou na pena de talião, ou seja, da
reparação do mal pelo mal “olho por olho, dente por dente” (GONÇALVES,
2005, p. 4).
Na mesma linha de pensamento Diniz (2011, p. 27) assinala também que a
civilização humana evoluiu posteriormente para uma reação individual, isto é,
vingança privada, em que os homens faziam justiças pelas próprias mãos. Para
coibir abusos, o poder público intervinha apenas para declarar quando e como
a vítima poderia ter o direito de retaliação, produzindo na pessoa do lesante
dano idêntico ao que experimentou.
A responsabilidade era objetiva, não dependia da culpa, acrescentando-se
apenas como uma reação do lesado contra a causa aparente do dano.
É na Lei Aquília que se esboça, afinal um princípio geral regulador da
reparação do dano. A Lex Aquilia de damno veio a cristalizar a ideia de
reparação pecuniária do dano, impondo que o patrimônio do lesante
suportasse os ônus da reparação, em razão do valor da res, esboçando-se a
noção de culpa como fundamento da responsabilidade, de tal sorte que o
agente se isentaria de qualquer responsabilidade se tivesse procedido sem
culpa.
Passou-se a atribuir o dano à conduta culposa do agente. A Lex Aquila de dano
estabeleceu as bases da responsabilidade extracontratual, criando uma forma
pecuniária de indenização do prejuízo, com base no estabelecimento de seu
valor (DINIZ, 2011, p. 27).
O direito francês, aperfeiçoando pouco a pouco as ideias românticas,
estabeleceu nitidamente um princípio geral da responsabilidade civil,
abandonado o critério de enumerar os casos de composição obrigatória. Aos
poucos, foram sendo estabelecidos certos princípios, que exerceram sensível
influência nos outros povos: direito à reparação sempre que houvesse culpa,
ainda de leve, separando-se a responsabilidade civil (perante a vítima) da
responsabilidade penal (perante o Estado); a existência de uma culpa
contratual (a das pessoas que descumprem as obrigações) e que não se liga
nem a crime nem a delito, mas se origina da negligência ou imprudência
(GONÇALVES, 2005, p. 6).
Era a generalização do princípio aquiliano: In lege Aquilia et levissima culpa
venit Mazeaud e Mazeaud (apud GONÇALVES, 2005) ou seja, o de que a
culpa, ainda que levíssima, obriga a idenizar. O Estado passou, então, a intervir
nos conflitos privados, fixando o valor dos prejuízos, obrigando a vítima a
aceitar a composição, renunciando à vingança. Essa composição permaneceu
no direito romano com o caráter de pena privada e como reparação, visto que
não havia nítida distinção entre a responsabilidade civil e a penal (DINIZ, 2011,
p. 27).
A realidade, entretanto, é que se tem procurado fundamentar a
responsabilidade na ideia de culpa, sendo esta insuficiente para atender às
imposições do progresso, tem o legislador fixado os casos especiais em que
deve ocorrer a obrigação de reparar. É o que acontece no direito brasileiro, que
se manteve fiel à teoria subjetiva no art. 186 do Código Civil. Para que haja
responsabilidade, é preciso que haja culpa.
A reparação do dano tem como pressuposto a prática de um ato ilícito. Sem
prova de culpa, inexiste a obrigação de reparar o dano (GONÇALVES, 2005, p.
7).
O novo Código Civil manteve o princípio da responsabilidade com base na
culpa, definindo o ato ilícito no art. 186, verbis; “aquele que, por ação ou
omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito” (GONÇALVES,
2005, p. 8). No art. 927, depois de estabelecer, no caput, que “aquele que, por
ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”,
dispôs, refletindo a moderna tendência, no parágrafo único, verbis: Gonçalves
(2005, p. 8):
“Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos
especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo
autor do dano de implicar, por sua natureza, riscos para o direito de outrem”.
Sendo assim, ganha força a teoria da responsabilidade civil, sem a perquirição
de culpa, cujo objetivo maior é proteger a dignidade da pessoa humana e a sua
situação de vulnerabilidade ante as desigualdades naturalmente existentes em
uma sociedade capitalista industrializada.
Espécies de Responsabilidade Civil
Responsabilidade Civil Contratual e Extracontratual A responsabilidade civil
divide-se em contratual e extracontratual. Na contratual, existe vínculo anterior,
uma relação jurídica entre as partes, que as obriga a cumprirem compromissos
anteriormente assumidos. Ou seja, há transgressão a um dever gerado em um
negócio jurídico firmado entre os contratantes.
De acordo com Diniz (2011, p. 145) a responsabilidade extracontratual baseia-
se no dever do resultado, o que acarretará a presunção da culpa pela
inexecução previsível e evitável da obrigação nascida da convenção prejudicial
à outra parte. Só excepcionalmente se permite que um dos contratantes
assuma, em cláusula expressa, o encargo da força maior ou caso fortuito.
Segundo Diniz (2011, p. 145) define: A responsabilidade contratual é o
resultado da violação de uma obrigação. P ex. o inquilino que deixa de pagar o
aluguel; o escritor que, culposamente, não entrega ao editor, no prazo
estipulado no contrato, a obra prometida; o comodatário que deixa de restituir a
coisa emprestada etc., são devedores inadimplentes, que estão causando
prejuízo a seus credores e deverão repará-lo (CC, art. 389).
Não cumprida à obrigação, parcial ou totalmente, bem como em caso de mora,
responde o devedor pelos prejuízos causados, salvo não comprovada a sua
culpa. Na responsabilidade contratual a culpa, em regra, é presumida,
invertendo-se o ônus da prova.
Ao pleitear indenização o credor não precisará prová-la, basta constituir o
devedor em mora (DINIZ, 2011, p. 146). No entanto, há que se fazer uma
ponderação, a depender do tipo de obrigação assumida no contrato.
Se o contratante assumiu compromisso de alcançar determinado resultado
(obrigação de resultado), como no exemplo do escritor que se obrigou a
entregar a obra prometida ao editor, e não obteve sucesso, haverá culpa
presumida, devendo o credor provar apenas a não concretização da entrega da
obra para pleitear indenização. Nestes casos, inadimplida a obrigação, não
obtido o resultado, o devedor fica obrigado a reparar o dano.
Já a responsabilidade extracontratual, decorre da lei, necessitando a
comprovação da culpa e o dano sofrido. É decorrente da lei, de um dever que o
regramento jurídico impõe ao agente, envolvendo atos comissivos ou
omissivos, estabelecendo um liame entre as partes.
Não é decorrente de um contrato, mas de um fato/acontecimento, pressupondo
a culpa do autor e o dano sofrido
Ao se tratar da responsabilidade civil, faz-se necessário avaliar as suas
espécies, que se diferenciam em objetiva e subjetiva, compreendendo a
questão da culpa.
Responsabilidade Subjetiva e Objetiva A diferenciação entre essas duas
espécies de responsabilidade consiste particularmente no elemento subjetivo
da culpa.
Segundo Lisboa (2004, p. 460) define: Responsabilidade subjetiva é aquela
que é apurada mediante a demonstração da culpa do agente causador do
dano.
E responsabilidade subjetiva com presunção de culpa é aquela que é apurada
mediante a presunção relativa da lei de existência da culpa do agente causador
do dano.
Ainda Lisboa (2004, p. 460) assinala que a responsabilidade subjetiva com
presunção de culpa constitui uma etapa do aprimoramento da ciência jurídica
para a facilitação da condenação do agente à reparação do dano. Trata-se de
solução legislativa conferida à vítima a fim de que se dispense a demonstração
da culpa do agente.
Portanto, a responsabilidade subjetiva é analisada sob o prisma da culpa por
ação ou omissão, lesiva a determinada pessoa. Deste modo, a culpa do agente
será necessária para que surja o dever de reparar, ou seja, caberá ao lesado
demonstrar que o lesante agiu com imprudência, imperícia ou negligência.
A responsabilidade civil objetiva, norteia o modo a evitar injustiças e possibilitar
que as vítimas possam ter seus danos indenizados seguidos dos agentes
causadores dos danos, mesmo sem a prova da culpa. Lisboa (2004, p. 461)
define que: “responsabilidade objetiva é aquela que é apurada
independentemente de culpa do agente causador do dano, pela atividade
perigosa por ele desempenhada”.
Esta modalidade de reparação sem culpa, segundo lição de DINIZ (2011,
p.146): “fundada no risco, que explica essa responsabilidade no fato de haver o
agente causado prejuízo à vítima ou a seus bens”.
Responsabilidade Direta e Indireta No seio da responsabilidade civil, sob o
aspecto da causa a mesma poder ser direta e indireta. Lisboa (2004, p. 461)
define: “responsabilidade direta é aquela proveniente de conduta cometida pelo
próprio sujeito sobre o qual recai a imputabilidade”. Neste caso o rotula-la como
responsável quem pratica o ato danoso, podendo ser ainda, aquele que se
torna o mandante da conduta prejudicial aos interesses da vítima.
Já na responsabilidade indireta, o ato é praticado por terceiro, ou ainda o
acontecimento se deve ao instrumento causador do dano, de fato de animal e
de coisas inanimadas sob sua guarda. Segundo Lisboa (2004, p. 461)
“responsabilidade indireta é aquela proveniente de conduta cometida por
terceiro ou de coisa relacionada com o sujeito sobre o qual recai a
imputabilidade”.
Portanto, não se exige na responsabilidade indireta a comprovação do mando
para que o terceiro realize o ato danoso, o simples fato de haver um elo entre o
terceiro e o responsável, torna-se o suficiente para este arcar com o dever de
reparação do dano.
Pressupostos da Responsabilidade Civil O art. 186 do Código Civil Brasileiro
estabelece a regra de que todo aquele que causar dano a outrem fica obrigado
à reparação do mesmo.
O Referido Diploma Legal, embora regule casos de responsabilidade objetiva,
adota como regra a teoria subjetiva, conforme se verifica no artigo 186: “Aquele
que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito
e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”
(GONÇALVES, 2005, p. 32).
De acordo com Gonçalves (2005, p. 32) através da simples análise do art. 186
do Código Civil, extrai-se que quatro são os pressupostos da responsabilidade
civil: ação ou omissão culpa ou dolo do agente, relação de causalidade e o
dano experimentado pela vítima.
Vejamos a seguir os pressupostos necessários à configuração da
responsabilidade civil são: existência de ação comissiva ou omissiva,
qualificada juridicamente, culpa, nexo de causalidade e dano moral ou
patrimonial.
Ação ou Omissão A responsabilidade civil requer a existência de uma ação
comissiva ou omissiva qualificada juridicamente, lícita ou ilícita, pois como já
analisado, ao lado da culpa, há o risco como fundamentos da obrigação de
indenizar. A regra básica é que a obrigação de indenizar, pela prática de atos
ilícitos, advém da culpa, ou seja, da reprovabilidade ou censurabilidade da
conduta do agente. Inicialmente, refere-se à lei a qualquer pessoa que, por
ação ou omissão, venha a causar dano a outrem.
A responsabilidade pode derivar de ato próprio, de ato de terceiro que esteja
sob a guarda do agente, e ainda de danos causados por coisas e animais que
lhe pertençam. A ação positiva, automaticamente, gera uma análise automática
sobre a presença dos demais requisitos caracterizadores da responsabilidade
civil. Já a omissão conduz a uma formulação menor, pois nem sempre toda
conduta negativa de que um dano decorra pode gerar responsabilidade civil.
Em relação à conduta, esta pode ser própria (direta) ou por meio de ato de
terceiro (indireta). A responsabilidade direta recai sobre aquele que, em razão
de sua conduta, omissiva ou positiva, causou danos; já a responsabilidade
indireta recai sobre a pessoa que não foi causadora do dano, mas que é
responsável por ele, tal como a responsabilidade dos pais perante os menores,
sendo as hipóteses elencadas pelo art. 932 do Código. É de grande valia
verificar se o agente podia ter agido de outra forma nas circunstâncias do caso
concreto. No entanto, atualmente entende-se que não existe um padrão único
de conduta correta e diligente, o que existe são vários modelos de conduta e
isto deverá ser levado em consideração pelo julgador no momento da apuração
da culpa.
Culpa ou Dolo do Agente
A culpa pelos atos ilícitos tem sentido amplo, abrangendo tanto o dolo, que se
opera pela vontade consciente do agente em causar o dano, onde há uma
intenção deliberada de ocasionar prejuízo, pela vontade de perpretá-lo, quanto
à culpa em sentido estrito (negligência, imprudência ou imperícia).
Todos concordam em que o art. 186 do Código Civil cogita do dolo no início:
“ação ou omissão voluntária”, passando em seguida, a referir-se à culpa:
“negligência ou imprudência” (GONÇALVES, 2005, p. 33). O dolo consiste na
vontade de cometer uma violação de direito e a culpa, na falta de diligência.
Dolo, portanto, é a violação deliberada, consiste, intencional, do dever jurídico.
Para obter a reparação do dano, a vítima geralmente tem de provar dolo ou
culpa strictu sensu do agente, segundo a teoria subjetiva adotada em nosso
diploma civil. Essa é a teoria adotada em regra pelo Código Civil Brasileiro.
Para a ocorrência da reparação do dano deve existir o descumprimento de uma
obrigação, seja contratual ou extracontratual, que cause dano a alguém e o
nexo de causalidade entre o fato e o dano procedido do fator culpa, ou melhor,
para esta teoria exige provar a culpabilidade do agente para produção do
evento danoso.
A teoria subjetiva desce a várias distinções sobre a natureza e extensão de
culpa. Culpa lata ou “grave” é a falta imprópria ao comum dos homens, é a
modalidade que mais se avizinha do dolo. Culpa “leve” é a falta evitável com
atenção ordinária. Culpa “levíssima” é a falta só evitável com atenção
extraordinária, com especial habilidade ou conhecimento singular.
A culpa, em sentido amplo, engloba tanto o dolo com consciência e intenção
de provocar o dano - como a culpa em sentido estrito, nas modalidades grave,
leve ou levíssima.
Relação de Causalidade Para que ocorra o ilícito e a consequente
responsabilidade civil, faz-se necessária a presença do nexo de causalidade
entre o dano e a conduta do agente, ou seja, antes de apurar se o agente é
culpado pelo fato, tem-se que investigar se ele deu causa ao resultado.
Aos olhos de Gonçalves (2005, p. 33) “é a relação de causa e efeito entre a
ação ou omissão do agente e o dano verificado”.
Vem expressar verbo “causar”, utilizado no art. 186. Sem ela não existe a
obrigação de indenizar.
Se houve o dano mas sua causa não está relacionada com o comportamento
do agente, inexiste a relação de causalidade e também a obrigação de
indenizar.
É preciso haver um elo de ligação entre o fato e a produção do resultado, de
forma que esse resultado seja diretamente produzido pelo fato originado pela
conduta do agente. O nexo causal diz respeito a elementos objetivos,
consistentes na ação ou omissão do sujeito. A relação de causalidade, no
direito civil, busca a causa efetiva do dano provocado pelo agente, ou seja, se
a causa puder levar, por si só, ao resultado final, haverá o nexo causal.
Dano Em virtude da natureza da lesão que o dano atinge, o mesmo se
subdivide em danos patrimoniais e extrapatrimoniais, sendo imperioso analisar
a distinção entre eles para uma perfeita compreensão de sua aplicação.
Sem a prova do dano, ninguém pode ser responsabilizado civilmente. O dano
pode ser material ou moral, ou seja, sem repercussão na órbita financeira do
ofendido.
O Código Civil consigna um capítulo sobre a liquidação do dano, ou seja, sobre
o modo de se apurarem os prejuízos e a indenização cabível. O novo Código
Civil aperfeiçoou o conceito de ato ilícito ao dizer que o pratica quem “violar
direito e causar dano a outrem” (art. 186).
Com efeito, o elemento subjetivo da culpa é o dever violado. A
responsabilidade é uma reação provocada pela infração a um dever
preexistente. Sendo assim, mesmo que haja violação de um dever jurídico e
que tenha havido culpa, e até mesmo dolo, por parte do infrator, nenhuma
indenização será devida, uma vez que não se tenha verificado o prejuízo.
“O dano é o pressuposto mais relevante da responsabilidade civil, visto que
não se pode falar em indenização sem sua ocorrência. “
Se a vitima não sofreu nenhum prejuízo, a toda evidência, não haverá o que
ressarcir.” Observa-se, que o dano é elemento fundamental da
responsabilidade civil, pois é a partir dele que surge o dever de indenizar.
Somente haverá possibilidade de indenização se a conduta do agente
ocasionar um dano.
PONTO 7
DIREITO DO CONSUMIDOR
Até o advento da Constituição Federal de 1988, as relações privadas entre
consumidores e fornecedores eram reguladas pelo Código Civil. Inexistia,
portanto, qualquer privilégio da parte hipossuficiente na relação negocial. Uma
vez que civil a relação analisada, consumidores e fornecedores eram tratados
de forma similar, como se estivessem no mesmo patamar negocial. Contudo, o
Constituinte Originário de 1988 positivou a necessidade de se proteger, até
mesmo como um princípio da ordem econômica nacional, a defesa dos
interesses do consumidor.
A preocupação do constituinte deu origem à lei 8.078/90, o Código de Defesa
do Consumidor, norma de ordem pública e interesse social e que deve ser
aplicada a todas as relações que envolvem consumidores e fornecedores.
É que não se pode considerar na prática que consumidores e fornecedores
estão no mesmo patamar de conhecimento quando iniciam uma determinada
contratação.
Privilegiando a parte mais frágil, este novo ramo do direito procura equilibrar os
pratos da balança, oferecendo proteção jurídica ao consumidor ante as
contratações com fornecedores.
Para Nelson Nery Jr, inclusive, o CDC deve ser considerado norma de
principiológica, com eficácia supralegal, da qual irradiam diversas orientações
para a produção de outras leis que protejam os interesses dos Consumidores.
RELAÇÃO JURÍDICA DE CONSUMO
Definição de consumidor e fornecedor
Para entendermos o âmbito de aplicação do Direito do Consumidor, faz-se
necessário definirmos os termos consumidor, fornecedor, produto e serviço.
a) Consumidor De acordo com o artigo 2º, do CDC: Art. 2° Consumidor é toda
pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinatário final.
Ao considerarmos individualmente o consumidor, pela dicção do artigo
segundo, perceberemos três elementos essenciais na sua definição:
I- Aspecto subjetivo – Poderá ser considerado consumidor tanto a pessoa
física quanto a pessoa jurídica, independente se brasileiro ou estrangeiro, eis
que o dispositivo legal não faz qualquer restrição;
II- Aspecto objetivo – O consumidor é aquele que adquire ou utiliza um
produto ou serviço;
III- Aspecto teleológico – Necessário que a aquisição do produto ou utilização
do serviço seja na qualidade de destinatário final;
Para definir o que seria o destinatário final da mercadoria, surgiram duas
teorias: a interpretação finalista e a interpretação maximalista.
I- Teoria Finalista ou subjetiva Para a Flávio Tartuce (2016, pg. 88), o artigo
2º, do CDC, adotou expressamente a teoria finalista ou subjetiva para a
qualificação do consumidor.
O consumidor deve ser, então, o destinatário final fático e econômico do
produto ou serviço, em razão da expressão destinatário final constante no
dispositivo.
Neste sentido (TARTUCE, 2016, pg. 89):
1º. Destinação final fática – o consumidor é o último da cadeia de consumo,
ou seja, depois dele, não há ninguém na transmissão do produto ou do serviço.
2º. Destinação final econômica – o consumidor não utiliza o produto ou
serviço para o lucro, repasse ou transmissão onerosa.
Assim, uma loja de roupas (pessoa jurídica) que adquire 20 (vinte) blusas de
uma fábrica para revender não pode ser considerada consumidora desta
mercadoria, eis que não a adquiriu como destinatária final. A aquisição das
peças de roupas fora feita com o intuito de recolocá-las no mercado por um
preço superior e, naturalmente, obter um lucro com a operação.
Por outro lado, acaso esta mesma loja de roupas adquira uma televisão, é
possível considerá-la consumidora nesta operação, eis que não há interesse da
empresa em revender o equipamento, mas em utilizá-lo na qualidade de
destinatário final.
Trata-se, pois, da aplicação prática da destinação final fática e econômica do
produto ou serviço adquirido. Para Leandro Lages (2014, pg. 19), não basta ser
o consumidor:
“destinatário fático do produto, retirá-lo da cadeia de produção e levá-lo para o
escritório ou residência, é necessário ser destinatário final econômico do bem.
Isso significa que não pode utilizá-lo profissionalmente, pois o bem continuaria
sendo um instrumento de produção. Seu valor seria embutido no preço final do
produto ou do serviço disponibilizado no mercado de consumo”.
Fornecedor Já a definição de fornecedor no CDC está prevista no artigo 3º:
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional
ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem
atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação,
importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços.
Percebam que não há exceções para quem poderá ser classificado ou não
como fornecedor. Assim, aquele que exerça atividade com intuito de lucro
poderá ser considerado fornecedor, independente de estar com sua situação
regularizada ou não.
A grande e a pequena indústria, a grande e a pequena loja, a grande fábrica de
doces e a doceira que trabalha em casa, todos são considerados fornecedores
pelo CDC, acaso trabalhem com o intuito de lucro.
O CDC, enquadrou como fornecedores os entes despersonalizados (o espólio,
a massa falida e o consórcio de empresas) eis que são sujeitos de direito.
A massa falida pode ser demandada com base no CDC, por exemplo, caso
ocorra um acidente de consumo envolvendo produtos ou serviços
comercializados antes da decretação da falência.
Produto
O conceito de produto está expresso no CDC no parágrafo 1º, do artigo 3º: § 1°
Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
Percebe-se que a definição legal é bastante genérica, incluindo no conceito
qualquer bem ainda que imaterial.
Para aplicação do CDC necessário que haja o intuito de lucro do fornecedor e,
exatamente por isto, o produto deve revestir-se de onerosidade.
É dizer: os bens recebidos a título gratuito não devem enquadrar-se, a
princípio, na definição do CDC. Contudo, ao tratar especificamente dos
produtos, o código não faz qualquer distinção quanto à remuneração.
Assim, a melhor interpretação dos dispositivos é a que abrange no conceito de
produto as amostras grátis, os brindes e demais artifícios utilizados pelos
fornecedores com o intuito de fidelizar ou ampliar sua clientela, independente
da contraprestação paga pelos consumidores.
Serviços
Por fim, os serviços são definidos pelo CDC no parágrafo 2º, do artigo 3º:
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante
remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e
securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
Percebam que aqui o dispositivo fala que apenas os serviços fornecidos
mediante remuneração estariam abarcados na definição de serviço.
Contudo, a doutrina definiu que o termo remuneração previsto no dispositivo
legal deve ser entendido no sentido genérico.
Assim, ainda que o serviço seja prestado gratuitamente, mas com o preço
embutido em outro serviço ou produto, deve este ser considerado para efeitos
de incidência do Código de Defesa do Consumidor.
A título de exemplo, deve ser aplicado o CDC (LAGES, 2014, pg. 30):
I- No estacionamento gratuito oferecido por lojas e centros comerciais;
II- Na instalação gratuita quando da aquisição de determinados
produtos;
III- Nos serviços de manobrista, ainda que gratuitos;
IV- Nos programas de milhagem oferecidos por cartões de crédito;
Tais hipóteses enquadram-se em relação de consumo, ainda que o serviço
seja fornecido gratuitamente. Isto porque os serviços nada mais são que o
reforço embutido na venda de outros produtos.
Neste sentido: Súmula 130 – STJ - A empresa responde, perante o cliente,
pela reparação de dano ou furto de veículo ocorridos em seu
estacionamento.
Além disso, o dispositivo legal incluiu uma ampla gama de serviços ao
âmbito de aplicação do CDC, inclusive os serviços bancários, financeiros e
de natureza securitária.
Como visto, o tema não é tão simples de ser compreendido, sendo
necessário que analisemos a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça
para compreender em que situações se reconheceu ou não a aplicabilidade
do CDC.
Isto porque as questões de concurso cobrarão as hipóteses em que o STJ
reconheceu ou não a relação consumerista.
DA COBRANÇA DE DÍVIDAS
O CDC proíbe na cobrança de débitos, seja o consumidor inadimplente exposto
a ridículo ou submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça – art.
42.
Repetição de indébito - O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito
à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso,
acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano
justificável – art. 42, parágrafo único.
“A repetição de indébito somente tem lugar quando o consumidor pagar,
efetivamente, o valor cobrado indevidamente. A repetição em dobro do indébito,
prevista no art. 42, parágrafo único, do CDC, pressupõe, além da ocorrência de
pagamento indevido, a má-fé do credor.” (AgRg no REsp 1373282/PR, Rel.
Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 25/02/2014, DJe
04/04/2014).
DA PROTEÇÃO CONTRATUAL
Prévio conhecimento do conteúdo do contrato - Os contratos que regulam as
relações de consumo não obrigarão os consumidores, se não lhes for dada a
oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se os
respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão
de seu sentido e alcance – art. 46.
Interpretação favorável ao consumidor - As cláusulas contratuais serão
interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor – art.47.
“À luz do princípio da vulnerabilidade (art. 4º, I, do CDC), princípio norteador
das relações de consumo, as cláusulas contratuais são interpretadas de
maneira mais favorável ao consumidor (art. 47 do CDC).” (REsp 1344967/SP,
Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado
em 26/08/2014, DJe 15/09/2014).
Vinculação de documentos - As declarações de vontade constantes de escritos
particulares, recibos e pré-contratos relativos às relações de consumo vinculam
o fornecedor, ensejando inclusive execução específica, nos termos do art. 84 e
parágrafos – art. 48.
Direito de desistência imotivada – O consumidor pode desistir do contrato, no
prazo de 07 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do
produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e
serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone
ou a domicílio. Nesse caso, os valores eventualmente pagos, a qualquer título,
durante o prazo de reflexão, serão devolvidos, de imediato, monetariamente
atualizados – art. 49.
“Trata-se do direito de arrependimento, que assegura o consumidor a
realização de uma compra consciente, equilibrando as relações de consumo.
Exercido o direito de arrependimento, o parágrafo único do art. 49 do CDC
especifica que o consumidor terá de volta, imediatamente e monetariamente
atualizados, todos os valores eventualmente pagos, a qualquer título, durante o
prazo de reflexão, entendendo-se incluídos nestes valores todas as despesas
com o serviço postal para a devolução do produto, quantia esta que não pode
ser repassada ao consumidor.
Eventuais prejuízos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contratação são
inerentes à modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial
(internet, telefone, domicílio). “Aceitar o contrário é criar limitação ao direito de
arrependimento legalmente não previsto, além de desestimular tal tipo de
comércio tão comum nos dias atuais.”
Garantia contratual complementar – A garantia contratual oferecida pelo
fornecedor não exclui a garantia legal e deve ser entregue por escrito e
devidamente preenchido pelo fornecedor – art. 50
“A lei não fixa expressamente um prazo de garantia legal. O que há é prazo
para reclamar contra o descumprimento dessa garantia, o qual, em se tratando
de vício de adequação, está previsto no art. 26, do CDC, sendo de 30 (trinta)
dias para produto ou serviço não durável e de 90 (noventa) dias para produto
ou serviço durável.
A pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou serviço
vem regulada no art. 27 do CDC, prescrevendo em 05 (cinco) anos.
Diferentemente do que ocorre com a garantia legal contra vícios de adequação,
cujos prazos de reclamação estão contidos no art. 26, do CDC, a lei não
estabelece prazo de reclamação para a garantia contratual.
Nessas condições, uma interpretação teleológica e sistemática do CDC permite
integrar analogicamente a regra relativa à garantia contratual, estendendo-lhe
os prazos de reclamação atinentes à garantia legal, ou seja, a partir do término
da garantia contratual, o consumidor terá 30 (bens não duráveis) ou 90 (bens
duráveis) dias para reclamar por vícios de adequação surgidos no decorrer do
período desta garantia.”
DAS CLÁUSULAS ABUSIVAS
São as cláusulas que estabelecem obrigações iníquas, acarretando
desequilíbrio contratual entre as partes e ferindo os princípios da boa-fé e da
eqüidade. O CDC não conceituou a cláusula abusiva, mas elencou hipóteses
que a configuram no art. 51, informando que são nulas de pleno direito, entre
outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e
serviços que:
a) impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por
vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou
disposição de direitos. Nas relações de consumo entre o fornecedor e o
consumidor-pessoa jurídica, a indenização poderá ser limitada, em situações
justificáveis. Dentre os direitos básicos do consumidor está a efetiva prevenção
e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos –
art. 6º, VI (ver art. 25);
b) subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos
casos previstos neste Código. Se o consumidor exercitar o direito de
arrependimento, na hipótese do art. 49, os valores eventualmente pagos, a
qualquer título, durante o prazo de reflexão, serão devolvidos, de imediato,
monetariamente atualizados - art. 49, parágrafo único;
c) transfiram responsabilidades a terceiros. Tendo mais de um autor a ofensa,
todos responderão solidariamente pela reparação dos danos previstos nas
normas de consumo – art. 7º, parágrafo único (ver art. 25);
d) estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o
consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé
ou a eqüidade;
e) estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor. A
inversão do ônus da prova poderá ocorre apenas em favor do consumidor,
quando preenchidos os requisitos, para a facilitação da defesa de seus direitos,
sendo um dos direitos básicos do consumidor previsto no CDC – art. 6º, VIII;
f) determinem a utilização compulsória de arbitragem. O legislador busca evitar
que o fornecedor, valendo-se de contrato de adesão, imponha a arbitragem ao
consumidor, subtraindo-lhe o acesso ao Judiciário;
g) imponham representante para concluir ou realizar outro negócio jurídico pelo
consumidor;
h) deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato, embora
obrigando o consumidor O fornecedor está obrigado a cumprir na íntegra o
contrato que celebrar com o consumidor por está vinculado à publicidade
apresentada – art. 30;
i) permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação do preço de
maneira unilateral. Violam a boa-fé objetiva e o equilíbrio material entre as
prestações.
j) autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual
direito seja conferido ao consumidor;
k) obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua obrigação,
sem que igual direito lhe seja conferido contra o fornecedor;
l) autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou a
qualidade do contrato, após sua celebração;
m) infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais.
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes
e futuras gerações – art. 225, CF;
n) estejam em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor;
o) possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias
necessárias.
Hipóteses de presunção de vantagem exagerada
O CDC elencou as hipóteses que considera a vantagem exagerada (art. 51, §
1º), sendo elas:
a) Vantagem que ofende os princípios fundamentais do sistema jurídico a que
pertence;
b) Vantagem que restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à
natureza do contrato, de tal modo a ameaçar seu objeto ou equilíbrio
contratual;
c) Vantagem que se mostra excessivamente onerosa para o consumidor,
considerando-se a natureza e conteúdo do contrato, o interesse das partes e
outras circunstâncias peculiares ao caso. A nulidade de uma cláusula contratual
abusiva não invalida o contrato, exceto quando de sua ausência, apesar dos
esforços de integração, decorrer ônus excessivo a qualquer das partes – art.
51, § 2º.
Conhecimento de ofício pelo juiz de cláusula abusiva – Nos contratos
bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das
cláusulas – Súmula nº 381/STJ.
Outorga de crédito ou concessão de financiamento - No fornecimento de
produtos ou serviços que envolva outorga de crédito ou concessão de
financiamento ao consumidor, o fornecedor deverá, entre outros requisitos,
informá-lo prévia e adequadamente sobre:
I - preço do produto ou serviço em moeda corrente nacional;
II - montante dos juros de mora e da taxa efetiva anual de juros;
III - acréscimos legalmente previstos;
IV - número e periodicidade das prestações;
V - soma total a pagar, com e sem financiamento.
A idéia básica é que o consumidor tenha completa noção do custo do
empréstimo (juros, taxas e tributos), que lhe possibilitará uma decisão
consciente sobre a celebração ou não do contrato – art. 52.