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RESUMO DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO

O Direito é uma disciplina que busca compreender as normas e regras que


regem a sociedade. Essas normas são criadas pelos governos e outras
instituições para controlar o comportamento humano e garantir a justiça e a
igualdade.

O Direito é uma ciência social que se concentra em entender como essas leis
são criadas, aplicadas e interpretadas. Isso envolve o exame de questões legais
complexas, desde disputas comerciais até casos criminais.

As fontes do Direito são os meios pelos quais as normas jurídicas são criadas.
Elas podem ser divididas em duas categorias principais: fontes formais e
materiais. As fontes formais incluem a Constituição, as leis, os regulamentos e
as decisões judiciais. As fontes materiais, por outro lado, referem-se aos fatores
sociais, econômicos e políticos que influenciam a criação da lei, como a cultura
e as tradições locais.

O Direito pode ser dividido em várias áreas especializadas, cada uma com suas
próprias regras e práticas. Alguns dos principais ramos do direito incluem o
direito civil, o direito penal, o direito comercial e o direito constitucional.

Cada ramo do direito tem seu próprio conjunto de normas e procedimentos, e os


advogados geralmente se especializam em um ou mais desses campos para
melhor atender seus clientes.

A papel da Justiça é um dos valores fundamentais do Direito, e é o papel do


sistema judicial garantir que a lei seja aplicada de forma justa e equitativa. Os
tribunais são responsáveis por interpretar a lei e tomar decisões em casos civis
e criminais.

O objetivo final do sistema judicial é garantir que a justiça seja feita e que os
direitos individuais sejam protegidos. Isso é especialmente importante em países
democráticos, onde a liberdade e os direitos humanos são valorizados acima de
tudo.

O estudo do Direito é mais relevante no mundo moderno à medida que as


sociedades se tornam cada vez mais complexas e interconectadas. O Direito
internacional, por exemplo, é uma área crescente de interesse, à medida que as
empresas operam em todo o mundo e os governos trabalham juntos em
questões globais.

Além disso, a tecnologia está mudando rapidamente a natureza do direito, com


novas questões legais surgindo em torno da privacidade online, inteligência
artificial e outros avanços tecnológicos. É importante que os estudantes de direito
estejam preparados para lidar com esses desafios em constante evolução.
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Assim, o Direito é um ramo da ciência fascinante e desafiadora que oferece


oportunidades emocionantes e gratificantes para aqueles que escolhem seguir
essa carreira. Ao aprender sobre as normas e regras que governam a sociedade,
os estudantes de direito podem ajudar a garantir que a justiça seja feita e os
direitos individuais sejam protegidos.

Com a crescente complexidade da sociedade moderna, o estudo do Direito é


mais importante do que nunca, e é vital que os estudantes estejam preparados
para enfrentar os desafios legais em constante evolução que surgem a cada dia.

ASPECTOS GERAIS DO ESTUDO DO DIREITO

DIREITO (SISTEMA) ROMANO-GERMÂNICO: Baseado nas LEIS ESCRITAS.


DIREITO (SISTEMA) ANGLO-SAXÃO: Gerado a partir dos costumes, tem suas
decisões judiciais relacionadas ao mesmo caso, EFEITO VINCULANTE.
O Direito é baseado em três elementos: fato, norma e valor.
FATO: Fato social, conflito entre pessoas. (Sociologia)
NORMA: Regula o fato social. (Dogmática)
VALOR: Avaliação de caso, importância que se dá ao fato. (Filosofia)
NORMA: É a regra social obrigatória, a lei.
DIREITO ESTATAL: É o conjunto de regras jurídicas emanadas do Estado com
a finalidade de reger a vida social (Ex.: Constituição, Código Civil, Código Penal).
DIREITO NÃO-ESTATAL: Normas obrigatórias elaboradas por diferentes grupos
sociais particularmente institucionalizados destinadas a reger a vida interna
desses grupos (Ex.: Direito Religioso, Direito Desportivo, Direito Universitário).
DIREITO POSITIVO: É o conjunto de normas estatais em vigor, em determinado
país, numa determinada época. Limita o estudo do direito sobre as legislações
jurídicas.
Acredita que a lei resolva tudo, está acima de tudo. Surge do Estado, é mutável
e particular à sociedade política que o cria (Ex.: Constituição, lei complementar,
lei ordinária, decreto).
DIREITO NATURAL: É o conjunto mínimo de preceitos dotados de caráter
universal, imutável, que surge da natureza humana e que se configura como um
dos princípios de legitimidade do direito. Adota o “direito universal”. Ligado à
moral e aos costumes.
ORDEM JURÍDICA: É o conjunto de todas as normas em vigor no Estado,
completadas pelas técnicas de interpretação e integração do direito.
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DIREITO OBJETIVO: É o conjunto de todas as normas em vigor no Estado,


estatal ou não. É a regra, o ordenamento jurídico. É a NORMA.
DIREITO SUBJETIVO: É uma faculdade de agir, uma prerrogativa de agir. É a
autorização concedida pela norma para que o indivíduo possa agir. Enquanto o
direito objetivo é a norma, o direito subjetivo é o interesse do indivíduo sobre a
norma, seja ele qual for. É um poder do sujeito.
TEORIA DA NORMA JURÍDICA: Parte do preceito que o direito é objetivo,
preocupando-se integralmente com a norma jurídica.
FONTES DO DIREITO: É todo modo de formação do direito, todo o documento,
monumento, pessoa, órgão ou fato de onde provém a norma jurídica.
FONTES MATERIAIS: São todos os fatores sociais representados pelas
necessidades políticas, econômicas e culturais, bem como fatores naturais como
o clima e o relevo. Constituem a matéria-prima da elaboração do direito.
FONTES HISTÓRICAS: São todos os documentos jurídicos e coleções
legislativas do passado que devido a sua importância continuam a influenciar a
legislação do presente. (Ex.: Código de Hamurabi).
FONTES FORMAIS: São as leis, os costumes jurídicos, a doutrina e a
jurisprudência, nessa ordem de indicação.
Para a maioria dos doutrinadores, as fontes do direito têm duas classes: Fontes
de produção (direito estatal e não-estatal), materiais ou substanciais.
COSTUME JURÍDICO (também chamado de direito não escrito): É o costume
frequentemente adotado com caráter obrigatório. Não é fonte primária. Opõe-se
à forma escrita do direito. É positivado dentro do nosso direito.
Uma boa definição: é a prática social reiterada e obrigatória, ou ainda, é a norma
jurídica que resulta de uma prática geral constante e prolongada.
JURISPRUDÊNCIA: São as decisões “plurais”, ou ainda, é o conjunto das
decisões que promanam dos Tribunais. O juiz leva em conta as decisões da
doutrina, leva em conta também os costumes, a população (sociedade),
influências sociais. É o direito criado pelo juiz, conhecido como “Direito Vivo”. É
subsidiado, por exemplo, pelas SÚMULAS VINCULANTES (força vinculante),
que são as elaborações de um tribunal para auxiliar outros em determinadas
situações. É bom salientar que a súmula vinculante põe em conflito as teorias do
Direito Romano-Germânico e o Anglo-Saxão.
DOUTRINA: É o estudo elaborado pelos juristas sobre um determinado assunto.
Também cria ou influencia leis. Alguns acreditam que não é fonte do direito pois
não tem força obrigatória, já outros a consideram fonte do direito pois dizem que
ela contribui para a criação, reforma e aplicação do direito.
SISTEMA JURÍDICO: É o conjunto de todas as normas em vigor no Estado,
completadas pelas técnicas de interpretação e integração do direito, tendo por
finalidade a justiça.
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DIREITO PÚBLICO: Onde o Estado é a fonte; relações entre Estado e indivíduo.


DIREITO PRIVADO: Onde as partes são a fonte; relações entre os particulares.
LEI: Regra abstrata e permanente. É a mais importante das fontes formais do
direito.
ELEMENTO NATURAL DA LEI: É o conteúdo da lei, o preceito comum e
obrigatório que a lei carrega com ela, destinada a todos os membros da
comunidade.
ELEMENTO FORMAL: É a vontade do legislador. A lei deve emanar de poder
competente, para assim ser válida (Congresso Nacional, Câmara dos Deputados
e do Senado Federal). Se for emanada de órgão incompetente, a lei perde a
obrigatoriedade e, portanto, deixa de ser lei.
ELEMENTO INSTRUMENTAL: É a fórmula escrita. A lei é sempre escrita com o
intuito de transmitir segurança social, além de ser a forma mais didática de
assimilar os preceitos. É bom salientar que, neste ponto, a lei difere do costume
jurídico, o qual não é escrito.
EMENDA CONSTITUCIONAL: Altera, modificando ou ampliando a constituição;
só ela pode alterá-la.
LEI COMPLEMENTAR: Complementa a constituição.
LEI ORDINÁRIA: É o produto do poder legislativo, a lei propriamente dita.
LEI DELEGADA: É quando o congresso dá ao Presidente o poder de
regulamentador.
MEDIDA PROVISÓRIA: Medida de urgência que vale por determinado período
e deve ser convertida em lei pelo poder judiciário.
DECRETO LEGISLATIVO: Ato normativo e administrativo que produz efeitos
externos, deliberado pelo Congresso Nacional.
RESOLUÇÃO: Regula matéria de competência do Congresso Nacional,
produzindo efeitos de natureza interna, como regra.
NORMAS LEGAIS: Leis.
NORMAS CONSUETUDINÁRIAS: Costumes.
NORMAS JURISPRUDENCIAIS: Jurisprudência, súmula vinculante, etc.
HERMENÊUTICA JURÍDICA: É a ciência que tem por objeto o estudo e a
sistematização dos processos técnicos e caminhos aplicáveis para determinar o
sentido e o alcance das expressões do direito (teoria). É a teoria da
interpretação.
Hermenêutica X Interpretação X Exegese
INTERPRETAÇÃO: É a reconstrução do pensamento contido na lei. É a
aplicação prática dos preceitos teóricos da hermenêutica.
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JUDICIAL: Interpretação feita pelo poder judiciário. No apelo, no recurso, estará


na súmula vinculante.
LEGAL OU AUTÊNTICA: Feita pelo legislador.
ADMINISTRATIVA: Feita pela própria administração.
DOUTRINÁRIA: Feita pelos professores, escritores. Estudam como elaborar as
normas.
GRAMATICAL: Trabalha com o significado, o alcance e a função gramatical dos
vocábulos.
HISTÓRICA: Considera os documentos, os registros e as demais circunstâncias
históricas.
SOCIOLÓGICA: Relação entre as populações.
TEOLÓGICA: Pesquisa a finalidade da lei, o que ela quer proteger.
DECLARATIVO: Limita-se a declarar o puro e objetivo significado da lei.
EXTENSIVA: Vai além da norma.
RESTRITIVA: Restringe o efeito da norma, faz-se ler a norma com sentido
menor.

ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DA RELAÇÃO JURÍDICA:


Compreende-se por relação jurídica o vinculo intersubjetivo, surgido com
a exteriorização do fato jurídico, polarizando no campo da licitude, direito
subjetivo e dever jurídico e, no campo da ilicitude, a não-prestação do dever
jurídico e a respectiva sanção de direito.
Com efeito, as normas morais são unilaterais, porque estão destinadas à
disciplina do comportamento de um indivíduo isolado. Decerto, a conduta
humana pode ser vislumbrada em interferên- cia subjetiva (o fazer e o omitir
de um mesmo sujeito) – ângulo da moral – ou visualizada em interferência
intersubjetiva (correlação entre o fazer de um e o impedir de outro ou de outros
seres huma- nos) – perspectiva do direito. Saliente-se que só a sanção jurídica
é exigível, o que significa poder atualizar-se através da via judicial. O dever
moral não pode ser, portanto, exigido compulsoriamente por outro agente
social. Logo, não se pode obrigar alguém, por exemplo, a conceder esmolas,
para seguir um preceito de moralidade cristã.
De outro lado, as normas jurídicas são bilaterais, porque regu- lam sempre
uma relação intersubjetiva. O Direito enfoca a conduta em sua interferência
intersubjetiva (correlação entre o fazer de um e o impedir do outro). Daí que a
norma jurídica mencione não apenas o dever que tem um sujeito, mas um dever
perante o outro sujeito, que tem, portanto, o direito, a faculdade de exigir-lhe a
prestação.
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São, portanto, elementos integrantes de uma relação jurídica: o fato


jurídico, os sujeitos de direito, o direito subjetivo, o dever jurídico, a ilicitude e a
sanção.
Fato jurídico é todo acontecimento natural (involuntário) ou humano
(voluntário) capaz de realizar o suposto normativo ou fat tispecie (hipótese
abstratamente prevista na norma), produzindo as consequências de direito, para
criar, modificar ou extinguir relações jurídicas. É, portanto, com uma ocorrência
do fato jurídico que se produzem os efeitos normativos, concretizando o direito
subjetivo, titularizado pelo sujeito ativo, e o dever jurídico, a cujo cumprimento
se obriga o sujeito passivo.
Sujeitos de direito são aqueles entes que a ordem jurídica considera aptos
para titularizar direitos e cumprir deveres jurídicos. Assentado o pressuposto da
bilateralidade do fenômeno jurídico, em toda relação de direito haverá um
sujeito ativo, titular do direito subjetivo, e um sujeito passivo, obrigado ao
cumprimento de um dever jurídico. A bilateralidade essencial do direito implica
que toda relação humana se passe entre dois sujeitos, um dos quais estará
obrigado à prestação (sujeito passivo) e outro facultado a exigir o dever jurídico
correlato, porque titular de um direito subjetivo (sujeito ativo).
Direito subjetivo ( facultas agendi) pode ser definido como o conjunto de
faculdades que são conferidas pelo ordenamento jurí- dico e titularizadas pelo
sujeito ativo de uma dada relação jurídica, para que, bilateralmente, sejam
cumpridas as obrigações decorren- tes do dever jurídico assumido pelo sujeito
passivo.
Dever jurídico é o conjunto de obrigações (fazer, dar ou não-fa- zer) que são
assumidas pelo sujeito passivo e que se afiguram como o objeto do direito
subjetivo a ser exercido pelo sujeito ativo da relação jurídica.
A ilicitude é aquele elemento da relação jurídica que designa a conduta
humana do sujeito passivo que se revela contrária ao dever jurídico, previsto
abstratamente na norma jurídica e exigido bilate- ralmente pelo sujeito ativo,
titular de um dado direito subjetivo.
Por sua vez, a sanção figura como um dos elementos integran- tes da
relação jurídica, designando a consequência atribuída pelo sistema jurídico à
prática da ilicitude pelo sujeito passivo, seja atra- vés da imposição de um
constrangimento pessoal ao praticante do ilícito, seja através da aplicação de
um constrangimento patrimonial ao infrator.
Fixadas tais premissas, convém agora enfocar a análise do direi- to subjetivo
como elemento da relação jurídica e noção correlata ao direito objetivo.

DIREITO OBJETIVO E DIREITO SUBJETIVO: CONCEITO, CARACTERES E


ORIGEM HISTÓRICA:

Tradicionalmente, a noção do direito objetivo é contraposta à noção de


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direito subjetivo.
Entende-se por direito objetivo (norma agendi) o complexo de normas
jurídicas, produzidas por órgãos estatais ou por particula- res, que disciplinam
as interações sociais, atribuindo, bilateralmen- te, direitos e deveres para os
sujeitos da relação jurídica.
Por sua vez, compreende-se por direito subjetivo ( facultas agendi) o
conjunto de faculdades que são conferidas pelo ordena- mento jurídico e
titularizadas pelo sujeito ativo de uma dada relação jurídica, para que,
bilateralmente, sejam cumpridas as obrigações decorrentes do dever jurídico
assumido pelo sujeito passivo.
Tradicionalmente, a ciência jurídica agrupa os direitos subjeti- vos em duas
grandes categorias: os direitos subjetivos absolutos e os direitos subjetivos
relativos.

FONTES DO DIREITO OBJETIVO. PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO.


JURISPRUDÊNCIA. SÚMULA VINCULANTE:

Fontes do direito objetivo: conceito e modalidades


Ao estudarmos a temática das fontes do direito objetivo, surge a
necessidade de investigar-se a origem ou nascedouro do fenôme no jurídico.
Isso decorre da própria etimologia do vocábulo “fonte”, oriundo do latim fons,
que designa o lugar do surgimento da água ou a nascente.
Segundo Angel Latorre, uma das tarefas fundamentais do jurista é
determinar o que é o Direito em cada caso concreto, quais as normas que são
jurídicas e quais o não são. Para isso, basta-lhe aplicar os critérios que cada
sistema jurídico estabelece para fixar como se produzem as normas jurídicas e
como podem ser conhecidas. Essas maneiras das normas jurídicas se
manifestarem são chamadas de fontes do direito.
A expressão “fontes do direito objetivo” revela-se polissêmica, pois
comporta diversos significados, podendo ser utilizada pelos cultores da
ciência jurídica tanto numa acepção material, quanto num sentido formal.
De um lado, as fontes materiais do direito objetivo são os elementos
econômicos, políticos e ideológicos que perfazem uma dada realidade social,
interferindo na produção, interpretação e aplicação da normatividade jurídica,
visto que tais elementos sociais oferecem a matéria-prima para a confecção
normativa do sistema jurídico.
Não é outro o pensamento de Maria Helena Diniz, para quem as fontes
materiais do direito objetivo não são, portanto, o direito positivo, mas tão
somente o conjunto de valores e de circunstâncias sociais que, constituindo o
antecedente natural do direito, contribuem para a formação do conteúdo das
normas jurídicas que, por isso, têm sempre a configuração determinada por
esses fatores, os quais encerram as soluções que devem ser adotadas na
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aplicação da normatividade jurídica.


Por sua vez, as fontes formais do direito objetivo correspondem aos modos
de surgimento e de manifestação da normatividade jurídica propriamente dita,
mediante os quais o jurista conhece e descreve o fenômeno jurídico, através da
positivação institucional dos elementos econômicos, políticos e ideológicos que
compõem a estrutura geral de uma sociedade e influenciam o sistema jurídico.
Essas fontes jurídicas são consideradas formais porquanto conferem forma ao
Direito, formulando as normas jurídicas válidas.
Ao tratar das fontes formais do direito objetivo, salienta Miguel Reale que
as referidas fontes jurídicas designam os processos ou meios em virtude dos
quais as normas jurídicas se positivam com força obrigatória, implicando a
existência de uma estrutura de poder, pois a gênese de qualquer espécie de
normatividade ju rídica só ocorre em virtude da interferência de um centro
estatal ou social de poder, o qual, diante de um complexo e fatos e valores, opta
por uma dada solução normativa com características de objetividade.

DOUTRINA
Etimologicamente, o vocábulo “doutrina” deriva do latim doc- trina, que, por
sua vez, decorre do verbo docere – lecionar ou ensinar. No plano jurídico, a
doutrina figura como aquela fonte formal e não-estatal do Direito que se forma
pelo conjunto de obras (livros, artigos científicos, comentários da legislação e
da jurisprudência) e pareceres (opiniões fundamentadas sobre questões
controvertidas) que são produzidos por conceituados juristas, exprimindo,
assim, a vasta produção teórica da ciência jurídica.

COSTUME JURÍDICO

Do ponto de vista etimológico, a palavra “costume” origina-se do termo


latino consuetudo, a indicar uma regra de comportamento que nasce de certos
hábitos sociais. No plano jurídico, entende-se por costume o conjunto de práticas
sociais reiteradas, acrescidas da convicção de sua necessidade jurídica, que
serve para a disciplina bilateral das relações humanas.
Os costumes jurídicos, diferentemente da legislação, não apresentam forma
escrita (jus non scriptum). Geralmente, as normas costumeiras nascem
espontaneamente no campo da moralidade social, adquirindo, gradativamente,
uma natureza jurídica, ao reconhecer , de um lado, os direitos subjetivos e, de
outro lado, ao exigir o cumprimento obrigatório de deveres jurídicos correlatos
pelos membros da comunidade jurídica.
Decerto, o costume é a mais antiga fonte de direito, tendo surgido
desde os povos primitivos ágrafos. Originariamente, a instância de poder social
responsável por dizer o Direito tomou a forma espontânea e difusa do costume.
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Após essa fase de descentralização legislativa e jurisdicional, seguiu-se um


momento de centralização jurisdicional, passando a função de magistrado a ser
exercida pelos mais idosos. Com a centralização legislativa, ao lado de quem
expressará o costume imemorial, surge quem ditará o direito novo, o legislador,
que ratificará ou revogará essa prática consuetudinária, pelo que a lei passará à
condição de fonte do direito mais relevante.

NEGÓCIO JURÍDICO
Entende-se por negócio jurídico aquela fonte formal e não estatal do
Direito que traduz um conjunto de normas particulares e individualizadas,
decorrentes de certos acordos de vontades, capazes de estabelecer direitos e
deveres jurídicos para os agentes sociais envolvidos numa dada relação jurídica.
Sendo assim, o negócio jurídico exprime uma auto-regulamentação volitiva dos
interesses particulares, que se origina do reconhecimento pelo sistema jurídico
da autonomia privada dos sujeitos de direito, como sucede, por exemplo, na
celebração das diversas modalidades de contratos no Direito Civil,
Consumerista ou Comercial, bem como na elaboração das convenções coletivas
pelos Sindicatos no Direito do Trabalho.

A jurisprudência como fonte do direito objetivo

Entende-se por jurisprudência aquela fonte formal e estatal do direito


que expressa o conjunto das decisões reiteradas de Juízes e Tribunais, as
quais formam um padrão interpretativo capaz de inspirar a realização de futuros
julgamentos sobre casos similares. A jurisprudência pode ser considerada um
verdadeiro costume produzido pelo Poder Judiciário (usus fori).
Ao lado dos costumes, a jurisprudência é considerada a principal fonte do
direito nos sistemas jurídicos anglo-saxônicos (common law), embora seja
também largamente utilizada nos sistemas jurídicos romano-germânicos da
atualidade (civil law).
A SÚMULA VINCULANTE NO SISTEMA JURÍDICO BRASILEIRO

No âmbito do atual sistema jurídico brasileiro, não há como negar que a


jurisprudência desponta como genuína fonte jurídica, suplementando e
aperfeiçoando a própria legislação, o que se constata mediante a aplicação
frequente, nos mais diversos ramos jurídicos, de instrumentos chamados de
súmulas.
Entende-se por súmulas aqueles meios de uniformização da jurisprudência
que corporificam as proposições sobre a interpretação e aplicação do Direito que
decorrem da jurisprudência assentada dos Tribunais sobre assuntos polêmicos
ou controvertidos.
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A súmula vinculante terá por objetivo a validade, a interpretação e a


eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre
órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete grave
insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão
idêntica.
São legitimados a propor a edição, a revisão ou o cancelamento de
enunciado de súmula vinculante:
I– o Presidente da República;

II – a Mesa do Senado Federal;


III – a Mesa da Câmara dos Deputados;
IV – o Procurador-Geral da República;
V – o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
VI – o Defensor Público-Geral da União;
VII – partido político com representação no Congresso Nacio- nal;
VIII – confederação sindical ou entidade de classe de âmbito na-
cional;
IX – a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislati- va
do Distrito Federal;
X– o Governador de Estado ou do Distrito Federal;
XI – os Tribunais Superiores, os Tribunais de Justiça de Estados ou
do Distrito Federal e Territórios, os Tribunais Regionais
Federais, os Tribunais Regionais do Trabalho, os Tribunais
Regionais Eleitorais e os Tribunais Militares.

PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO: CONCEITO E FUNÇÕES NA ORDEM


JURÍDICA

No atual estágio evolutivo da ciência do Direito ocidental, a distinção entre


regras jurídicas e princípios gerais do direito vem ocupando espaço de destaque
na teorização sobre a estrutura e a funcionalidade das normas jurídicas.

Fatos jurídicos em sentido amplo são acontecimentos que podem ser


oriundos de determinação humana (atos jurídicos) ou de fatos naturais (fatos
jurídicos em sentido estrito), que geram, modificam, conservam, transferem
ou extinguem relações jurídicas.
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Fatos simples ou ajurídicos: são aqueles cuja ocorrência não possui


relevância para o mundo jurídico.

Involuntários (naturais): fatos jurídicos em sentido estrito. Ocorrem


independentemente da vontade do ser humano. Ocorrem pela ação da natureza
(a morte, uma inundação, o nascimento etc.);
Voluntários (humanos): atos jurídicos em sentido amplo. Derivam da vontade
direta do ser humano e podem ser lícitos ou ilícitos.

OS ATOS JURÍDICOS PODEM SER LÍCITOS OU ILÍCITOS.

a) Lícitos: quando produzem efeitos legais, conforme a vontade de quem os


pratica (casamento, contratos).

b) Ilícitos: quando produzem efeitos legais contrários à Lei (homicídio, roubo).


Os atos lícitos podem se dividir em:

a) atos jurídicos strictu sensu (aqueles praticados pelo homem, cujos efeitos
já são previamente definidos pela ordem jurídica – a vontade é manifestada para
aderir aos efeitos estabelecidos pelo ordenamento jurídico).

b) negócios jurídicos (aqueles praticados pelo homem com a intenção de criar,


modificar, conservar, extinguir ou transferir direitos – os efeitos são escolhidos
pelas partes).

Assim, o negócio jurídico é uma declaração de vontade do indivíduo tendente


a um fim protegido pelo ordenamento jurídico.

No negócio jurídico há a manifestação de vontade dos contratantes. Além disso,


alguns negócios jurídicos requerem, além da declaração, uma ação material
posterior, como por exemplo, na compra e venda de um bem móvel, onde além
de os contratantes declararem que querem celebrar a compra e venda, há a
posterior tradição do bem. Sem a tradição, o negócio não se aperfeiçoa.
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Em regra, o negócio jurídico envolve pelo menos a declaração de vontade de


duas ou mais partes, mas pode haver negócio jurídico onde existe apenas a
declaração de vontade de uma parte.
Assim, o negócio jurídico poder ser:
a) Unilateral: se existe apenas a manifestação de vontade de um agente
(declaração de nascimento de filho).
b) Bilateral: se existe a manifestação da vontade de dois agentes, criando entre
eles uma relação jurídica (contrato de compra e venda). Nesse caso, o Ato
Jurídico passa a se chamar Negócio Jurídico (todos os contratos, o empréstimo
pessoal etc.).
c) Plurilateral: duas ou mais partes, com interesses coincidentes no plano
jurídico. Exemplos: Contrato de consórcio e o contrato de sociedade entre várias
pessoas.

CONCEITO DE NORMA JURÍDICA

Na Teoria Geral do Direito o estudo da norma jurídica é de fundamental


importância, porque se refere a elemento essencial do Direito objetivo. Ao dispor
sobre fatos e consagrar valores, as normas jurídicas são o ponto culminante do
processo de elaboração do Direito e a estação de partida operacional da
Dogmática Jurídica, cuja função é sistematizar e descrever a ordem jurídica
vigente.
Conhecer o Direito é conhecer as normas jurídicas em seu encadeamento lógico
e sistemático. As normas ou regras jurídicas estão para o Direito de um povo,
assim como as células para um organismo vivo.
Para promover a ordem social, o Direito Positivo deve ser prático, ou seja,
revelar-se mediante normas orientadoras das condutas interindividuais. Não é
suficiente, para se alcançar o equilíbrio na
sociedade, que os homens estejam dispostos à prática da justiça; é necessário
que se lhes indique a fórmula de justiça que satisfaça a sociedade em
determinado momento histórico. A norma jurídica
exerce justamente esse papel de ser o instrumento de definição da conduta
exigida pelo Estado. Ela esclarece ao agente como e quando agir. O Direito
Positivo, em todos os sistemas, compõe-se de
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normas jurídicas, que são padrões de conduta ou de organização social impostos


pelo Estado, para que seja possível a convivência dos homens em sociedade.
São fórmulas de agir, determinações que
fixam as pautas do comportamento interindividual. Pelas regras jurídicas o
Estado dispõe também quanto à sua própria organização. Em síntese, norma
jurídica é a conduta exigida ou o modelo
imposto de organização social.
As expressões norma e regra jurídicas são sinônimas, apesar de alguns autores
reservarem a denominação regra para o setor da técnica e, outros, para o mundo
natural. Distinção há entre norma jurídica e lei. Esta é apenas uma das formas
de expressão das normas, que se manifestam também pelo Direito costumeiro
e, em alguns países, pela jurisprudência.

Normas Jurídicas quanto à Fonte.

De acordo com o sistema jurídico a que pertencem, as normas podem ser


legislativas, consuetudinárias e jurisprudenciais. As normas jurídicas escritas,
corporificadas nas leis, medidas provisórias, decretos, denominam-se
legislativas. Enquanto as leis emanam do Poder Legislativo, as duas outras
espécies são ditadas pelo Poder Executivo.
Consuetudinárias: são as normas não escritas, elaboradas espontaneamente
pela sociedade. Para que uma prática social se caracterize costumeira,
necessita ser reiterada, constante e uniforme, além de achar-se enraizada na
consciência popular como regra obrigatória. Reunindo tais elementos, a prática
é costume com valor jurídico. A importância do costume varia de acordo com os
sistemas jurídicos (v. item 83). Chamam-se jurisprudenciais as normas criadas
pelos tribunais. No sistema de tradição romano-germânica, ao qual se filia o
Direito brasileiro, a jurisprudência não deve ser considerada
fonte formal do Direito. No sistema do Common Law, adotado pela Inglaterra e
Estados Unidos, os precedentes judiciais têm força normativa.
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Classificação das Normas Jurídicas quanto à Hierarquia.

Sob este aspecto, dividem-se em: constitucionais, complementares, ordinárias,


regulamentares e individualizadas. As normas guardam entre si uma hierarquia,
uma ordem de subordinação entre as diversas categorias. No primeiro plano
alinham-se as normas constitucionais – originais na Carta Magna ou decorrentes
de emendas – que condicionam a validade de todas as outras normas e têm o
poder de revogá-las.
Assim, qualquer norma jurídica de categoria diversa, anterior ou posterior à
constitucional, não terá validade caso contrarie as disposições desta. Na ordem
jurídica brasileira há normas que se localizam em leis complementares à
Constituição e se situam, hierarquicamente, entre as constitucionais e as
ordinárias. A aprovação das normas complementares se dá, conforme o art. 69
da Lei Maior, por maioria absoluta. Em plano inferior estão as normas ordinárias,
que se localizam nas leis, medidas provisórias, leis delegadas. Seguem-se as
normas regulamentares, contidas nos decretos, e as individualizadas,
denominação e espécie sugeridas por Merkel para a grande variedade dos
negócios jurídicos: testamentos, sentenças judiciais, contratos etc.

VIGÊNCIA, EFETIVIDADE, EFICÁCIA E LEGITIMIDADE DA NORMA


JURÍDICA

O estudo sobre a norma jurídica não estará completo se não for acompanhado
da abordagem dos atributos de vigência, efetividade, eficácia e legitimidade. Em
torno da matéria há muita controvérsia e a começar pela própria terminologia,
notadamente em relação ao termo eficácia.

Vigência.

Para que a norma disciplinadora do convívio social ingresse no mundo jurídico e


nele produza efeitos, indispensável é que apresente validade formal, isto é, que
possua vigência. Esta significa que a norma social preenche os requisitos
técnico-formais e imperativamente se impõe aos destinatários. A sua condição
não se resume a vacatio legis, ou seja, ao decurso de tempo após a publicação,
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em se tratando de Jus scriptum. Assim, não basta a existência da norma


emanada de um poder, pois é necessário que satisfaça a determinados
pressupostos extrínsecos de validez. Se o processo de formação da lei foi
irregular, não tendo havido, por exemplo, tramitação perante o Senado Federal,
as normas reguladoras não obterão vigência (v. item 135).

Efetividade.

Este atributo consiste no fato de a norma jurídica ser observada tanto por seus
destinatários quanto pelos aplicadores do Direito. No dizer de Luís Roberto
Barroso, a efetividade “... simboliza a aproximação, tão íntima quanto possível,
entre o dever ser normativo e o ser da realidade social”.17 Enquanto alguns
autores empregam o termo efetividade como sinônimo de eficácia, a grande
parte dos estudiosos simplesmente utiliza este último naquele mesmo sentido.
Pelo desenvolvimento deste parágrafo observaremos a necessidade de se
atribuírem dois nomes para situações que realmente são distintas: efetividade e
eficácia.
É intuitivo que as normas são feitas para serem cumpridas, pois desempenham
o papel de meio para a consecussão de fins que a sociedade colima. As normas
devem alcançar a máxima efetividade; todavia, em razão de fatores diversos,
isto não ocorre, daí podermos falar em níveis de efetividade.
Há normas que não chegam a alcançar qualquer grau, enquanto outras perdem
o atributo, isto é, durante algum tempo foram observadas e, posteriormente,
esquecidas. Ambas situações configuram a chamada desuetude. A indagação
relevante que emerge se refere ao problema da validade das normas em desuso,
matéria abordada no Cap. 16. Para o austríaco Hans Kelsen a validade da norma
pressupõe a sua efetividade.

Eficácia.

As normas jurídicas não são geradas por acaso, mas visando a alcançar certos
resultados sociais. Como processo de adaptação social que é, o Direito se
apresenta como fórmula capaz de resolver problemas de convivência e de
organização da sociedade. O atributo eficácia significa que a norma jurídica
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produz, realmente, os efeitos sociais planejados. Para que a eficácia se


manifeste, indispensável é que seja observada socialmente. Eficácia pressupõe,
destarte, efetividade.
A lei que institui um programa nacional de combate a determinado mal e que,
posta em execução, não resolve o problema, mostrando-se impotente para o fim
a que se destinava, carece de eficácia. A rigor, tal lei não pode ser considerada
Direito, pois este é processo de adaptação social; é instrumento que acolhe a
pretensão social e a provê de meios adequados.

Legitimidade.

Inúmeros são os questionamentos envolvendo o atributo legitimidade. O seu


estudo mais aprofundado se localiza na esfera da Filosofia do Direito. Para um
positivista, na abordagem da norma é suficiente o exame de seus aspectos
extrínsecos – vigência. A pesquisa afeta ao sistema de legitimidade seria algo
estranho à instância jurídica. Para as correntes espiritualistas, além de atender
aos pressupostos técnico-formais, as normas necessitam de legitimidade. Via de
regra, o ponto de referência na pesquisa da legitimidade é o exame da fonte de
onde emana a norma.
Se aquela é legítima está também o será. Fonte legítima seria a constituída pelos
representantes escolhidos pelo povo ou então por este próprio, no exercício da
chamada democracia direta.
Conforme a tendência do homo juridicus, outra fonte poderá ser apontada como
instância legitimadora. Se ele for também um homo religiosus haverá de
reconhecer na vontade divina a fonte de legitimação das normas jurídicas. Se
adepto do pensamento jusnaturalista apontará a natureza humana como a fonte
criadora dos princípios que configuram o Direito Natural e devem fornecer a
estrutura básica do Jus Positum.

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