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1 - Assunto
2 - Referências e Anexos
3 - Sumário Executivo
Este estudo técnico foi motivado pelas discussões das carreiras das Agências
Reguladoras no âmbito da Assembleia Geral Extraordinária (AGE), promovida pelo
Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação -
SINAGÊNCIAS, realizada no dia 13 de dezembro, às 18h30.
4 - Análise:
Antecedentes
1 Regimento de 17 de dezembro de 1548 (Governo-Geral de Tomé de Souza): traçava normas julgadas necessárias à regulação
das relações entre industriais, donos de fábricas e plantadores de cana. Decreto de 3 de fevereiro de 1863, que aprova as
tarifas e instruções que devem regular o transporte de passageiros, bagagens, mercadorias etc. na Estrada de Ferro de D. Pedro
II. Decreto de 29 de dezembro de 1880, que "aprova as cláusulas que devem regular as concessões de Estradas de Ferro
Gerais no Império. De 1930 a meados da década de 1950 houve significativo desenvolvimento da atividade regulatória: ano
após ano observam-se a criação e diferenciação institucionais acompanhadas de intensa intervenção regulatória. Tal criação e
diferenciação se verifica pelo surgimento, em 1931, dos Correios e Telégrafos e do Conselho Nacional do Café; em 1933, do
Instituto do Açúcar e do Álcool; dos códigos de Águas e de Minas, e do Plano de Viação Nacional, em 1934; em 1938, do Colégio
Brasileiro do Ar, do Instituto Nacional do Mate, e do Conselho Nacional do Petróleo; em 1939, do Conselho Nacional de Águas
e Energia Elétrica e do Plano de Obras Públicas e de Defesa Nacional; e do Plano Siderúrgico Nacional, em 1940, da Companhia
Siderúrgica Nacional, em 1941, da Companhia do Vale do Rio Doce, em 1942, e da Companhia Nacional do Álcalis e da
Companhia Ferro e Aço de Vitória, em 1943. Outra instituição regulatória, o Conselho Nacional de Política Industrial e Comercial,
surge em 1944.
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 3
incrementar a capacidade de controle e coordenação das suas mais variadas
atividades, visando ao equacionamento de problemas de ordem econômica e de
sustentação política do governo.
2 Disponível em http://www.bresserpereira.org.br/documents/mare/planodiretor/planodiretor.pdf
3
BRASIL, “Construção do Marco Legal dos Entes Reguladores”. Recomendação de 31 de maio de 1996 do Conselho de
Reforma do Estado. Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado. Brasília, 1996.
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 4
obsoleto, burocratizante e intervencionista, a recomendação propôs a formulação de
uma política regulatória que desse consistência e coerência às propostas de
governo, objetivando a definição de um padrão de marco para a criação ou reforma
de agências reguladoras. Para dar cabo a tal proposta, diagnosticou-se a
necessidade de estabelecimento de critérios gerais para a criação de entidades de
fiscalização e regulação de serviços públicos.
4
IRES, José Claudio Linhares; GOLDSTEIN, Andrea. Agências reguladoras brasileiras: avaliação e desafios. Revista do
BNDES, v. 8, n. 16, p. 3-42, Rio de Janeiro, dez. 2001. (p. 6)
5 SANTANA, Ângela. Agências executivas e agências reguladoras – o processo de agencificação: pressupostos do modelo
brasileiro e balanço da experiência. In: Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Balanço da reforma do Estado no
Brasil: a nova gestão pública. Brasília: MP/SEGES, 2002
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 5
oferta dos serviços), quanto ao estabelecimento de preços referenciais e tarifas em
ambientes de mercados monopolistas. As chamadas Agências de “segunda
geração” seriam aquelas criadas em 1999 e 2000, mas ligadas a setores em que há
características competitivas no mercado: Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA), Lei 9.782/1999, e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Lei
9.961/2000. As Agências classificadas como de “terceira geração” são a Agência
Nacional de Águas (ANA), Lei 9.984/2000, a Agência Nacional de Transportes
Aquaviários (ANTAQ) e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Lei
10.233/2001, e a Agência Nacional do Cinema (ANCINE), MP 2.228- 1/2001, todas
criadas no período de 2000 e 2001. Estas também não atuantes em setores de
mercado monopolista e destacam-se pela grande heterogeneidade de objetos e
naturezas. A criação da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), , já durante o
primeiro mandato do Governo do Presidente Lula, e da Agência Nacional de
Mineração (ANM), pela , completam o conjunto das Agências Nacionais de
Regulação criadas até o momento atual.
6 https://conteudojuridico.com.br/consulta/artigos/56301/agncias-reguladoras-principais-aspectos-e-a-nova-lei-n-13-848-2019
7BRASIL. Análise e avaliação do papel das agências reguladoras no atual arranjo institucional brasileiro: Relatório do Grupo
de Trabalho Interministerial. Brasília: Casa Civil, 2003.
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 7
exercício de competências de governo pelas Agências Nacionais de Regulação,
como a absorção da atividade de formulação de políticas públicas e do poder de
outorgar e conceder serviços públicos.
8 “Temos leis esparsas, que são as leis de criação de cada agência. Temos uma tentativa de lei geral que é a lei 9.986. Depois
disso, nós buscamos estabelecer uma lei geral que institua conceitos, critérios para melhorar a gestão das agências reguladoras
de forma mais consistente. A figura das agências reguladoras não está nem sequer na Constituição federal. Uma Proposta de
Emenda Constitucional (PEC 81/2003) está tramitando no Senado e já foi aprovada em primeiro turno, em 2007. Precisa ser
aprovada em segundo turno para ser enviada à Câmara, e lá ser novamente apreciada. A PEC vai consagrar na Constituição
os princípios da atividade regulatória. Lá ela fixará como essas atividades regulatórias devem ser exercidas, nominando alguns
princípios.” Luiz Alberto dos Santos, subchefe de Análise e Acompanhamento de Políticas Públicas Governamentais da Casa
Civil do Governo Federal, em entrevista para Carta Capital. Disponível em http://www.cartacapital.com.br/politica/governo-
federal-quer-uma-unica-lei-para-as- agencias-reguladoras
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 8
o Governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso definiu que para o desenho
institucional das Agências Nacionais de Regulação o quadro de pessoal efetivo
deveria ser regido pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, aprovada pelo
Decreto-Lei nº 5.452 de 1º de maio de 1.943 e legislação trabalhista correlata com
assentamento funcional do trabalhador na forma de Emprego Público. Cargos e
Empregos Públicos são criados por lei e são frutos da necessidade da Administração
Pública de promover serviços essenciais à sociedade brasileira, conforme
estabelecido na Constituição Federal/88. A Lei 9.986/2000 criou os empregos
públicos para exercício exclusivo das Agências Nacionais de Regulação (ANATEL,
ANEEL, ANP, ANVS e ANS) de nível superior e de nível intermediário. O artigo 2º
da Lei 9.986/2000 definiu que o ingresso ao Emprego Público de Regulador e de
Analista de Suporte à Regulação teria como requisito de escolaridade NÍVEL
SUPERIOR, sendo o requisito para Técnico em Regulação e Técnico de Suporte à
Regulação NÍVEL MÉDIO. Abaixo, quadro de pessoal das Agências Nacionais de
Regulação dado pelo ANEXO I da Lei 9.986/2000.
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 9
organização das relações de trabalho 9 entre pessoas naturais e as Agências
Nacionais de Regulação que propunha a Lei 9.986/2000 ao criar o quadro de
pessoal efetivo na forma de Emprego Público.
9
Disponível em http://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/14793809/acao-direta-de-inconstitucionalidade- adi-2310-df-stf
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 10
leis, há o detalhamento das atividades de 10 cargos de Especialista em Regulação
e 8 cargos de Técnico em Regulação, cada qual com sua especialidade e vinculação
à respectiva Agência Nacional de Regulação. De outro modo, os cargos de Analista
e Técnico Administrativo foram tratados de forma genérica para desempenharem
atividades administrativas e logísticas e de suporte respectivamente.
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 11
Audiovisual, com atribuições voltadas ao suporte e ao apoio técnico
especializado às atividades de regulação, inspeção, fiscalização e
controle da legislação relativa à indústria cinematográfica e
videofonográfica, bem como à implementação de políticas e à realização
de estudos e pesquisas respectivos a essas atividades;
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 12
como à implementação de políticas e à realização de estudos e pesquisas
respectivos a essas atividades;
(...)
10 Mello, Celso Antonio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo, ed.13, São Paulo: Malheiros, 2001.
11 Meirelles, Hely Lopes, Direito Administrativo Brasileiro, ed. 21ª, São Paulo: Malheiros, 2008
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 13
partir da ementa da ADI 231/1999 do STF: “em uma carreira verdadeira, o ingresso
por concurso público só se faz na classe inicial”.
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 14
Diversas carreiras, tanto em âmbito federal quanto estadual, já sofreram tais
alterações sem incidir em nenhuma inconstitucionalidade. Dentre as quais, podemos
citar as mudanças ocorridas nas carreiras de Policial Rodoviário Federal (artigo 58,
§ 1º da lei 11.784/08), Agente da Polícia Federal (artigo 2º da lei 9.266/96) e
Técnico da Receita Federal (artigo 3º da lei 10.593/02), todos cargos de nível
intermediário, tendo como requisito para investidura o certificado de conclusão de
nível médio, que sofreram alterações no requisito de escolaridade para ingresso sem
modificações em suas atribuições. Essas instituições detentoras de atribuições e
competências típicas de Estado, passaram a exigir cada vez mais qualificação dos
candidatos a cargos no setor público.
Cabe destacar que, essas instituições nada mais fizeram do que concretizar
a busca por um serviço público de melhor qualidade, sendo que a qualificação
profissional já começa pela formação acadêmica exigida para a investidura no cargo.
Para isso, foi necessária a elevação do nível profissional a partir do nível de
escolaridade, não só com o diploma de graduação do candidato ao cargo público,
mas, também, com a realização de treinamento técnico profissional específico para
exercer o cargo e atender às exigências de um melhor serviço público desejado pela
sociedade.
Notadamente encontramos desde o Governo Vargas esforços para
qualificação das atividades realizadas pelo serviço público federal e a instituição de
princípios modernos ordenadores da Administração Pública: racionalidade
administrativa; planejamento orçamentário; programas, planos e diretrizes para
realização de metas da política pública; processos decisórios subsidiados por
competência e simetria de informação; sistematização de processos, coordenação
de tarefas e controle de atividades. Exemplo importante de ser observado, é a Lei
5.645/1970 que definiu as diretrizes para a classificação de cargos do serviço civil da
União e das autarquias federais e estabeleceu como requisito a ser observado na
definição dos cargos públicos a importância da atividade a ser exercida pelos
servidores dos órgãos da Administração Pública Direta e Indireta, para o
desenvolvimento nacional, além da sua complexidade e responsabilidade das
atribuições exercidas e qualificações requeridas para o desempenho das atribuições.
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 15
demonstrou interna e externamente que tarefas e processos realizados por
Técnicos em Regulação são especializadas e totalmente compatíveis com o nível
superior, pois são complexas e necessitam de formação continuada e cada vez mais
especializada numa economia de mercado globalizada.
“É bastante comum que a Administração, verificando que, antes as
responsabilidades do cargo, deve ter o servidor um nível maior de
escolaridade, passe, por isso, a exigir que o candidato ao lugar seja
possuidor de certificado ou diploma correspondente a esse nível. E, de
outra parte, reconhecendo que os servidores que já ocupem os cargos
possuem larga experiência e não devem ser prejudicados, os mantenham
nos cargos, independentemente de não serem detentores de tais diploma
ou certificados, o que passa a ser exigido somente para os novos. (...) Há
cargos, mesmo, para os quais eram exigidos certos diplomas universitários
e, depois, passaram a oferecer possibilidade de ingresso a profissionais de
outro ramo de atividade. (...) Não pode haver maltrato, portanto, aos
princípios resguardados pelo art. 37 da C.F, se a Administração reconhece
ter necessidade de funcionários com maior nível de conhecimentos
específico. (...) Não é demais lembrar, fazendo-se analogia com o que
aconteceu quando várias atividades passaram a profissões,
regulamentadas. Quando assim, ocorria, aqueles que já vinham exercendo
uma determinada atividade obtinham o registro da nova profissão,
independentemente de fazerem o curso correspondente a essa nova
profissão. Assim, vale citar, aconteceu com aqueles que vinham exercendo
atividades de Técnicos de Administração e que, quando foi criada a
profissão regulamentada de Técnico de Administração, obtiveram o
registro, independentemente da realização do curso superior que surgia. O
mesmo aconteceu, há muitos anos, com a profissão de Contador (nível
superior) e de Economista, também nível superior, menção essa que se faz,
apenas como exemplos. Situação semelhante é a que ocorre quando em
uma determinada carreira do Serviço Público passa a ser exigido, para seu
ingresso, um maior nível de escolaridade, sem que daí se acarrete prejuízo
para o antigo servidor, e sem que se possa dizer que ele passou a exercer
um novo cargo.” (Voto do Ministro Aldir Guimarães Passarinho na Ação
Direta de Inconstitucionalidade nº 1561, referente às Leis 8.246/1991 e
8.248/1991)
O que pode ser dado como conhecido nesse momento, é que a exigência
da qualificação de nível superior para os cargos exercidos por servidores públicos
estende-se por várias categorias nas quais antes predominava o nível médio, tais
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 16
como Bombeiros e Policiais Militares do Governo do Distrito Federal, Policiais
Rodoviários Federais, Agentes da Polícia Federal, Técnicos da Receita Federal,
Oficiais de Chancelaria do Ministério das Relações Exteriores, Técnicos da Receita
do Estado do Rio Grande do Sul, Agentes Universitários nas Instituições Federais e
Estaduais de Ensino Superior, Oficial de Justiça Avaliador do Estado do Ceará.
Outro fato conhecido, dado pela insuficiência do certificado de conclusão de
ensino médio para o exercício de atividades de carreiras e cargos de nível
intermediário, é a Resolução nº 48/2007 do Conselho Nacional de Justiça. A
resolução determina que os Tribunais de Justiça de todo o país exijam, nos
concursos públicos, nível superior para o cargo de Oficial de Justiça.
Levantamento 12 feito mostra que em 12 estados ainda é exigido nível médio
de escolaridade. A maioria desses Tribunais de Justiça informou que está tomando
providências para que nos próximos concursos para o cargo seja exigido nível
superior.
12 Disponível em http://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/2078269/apesar-de-resolucao-estados-ainda-exigem-nivel-medio-para-
oficial-de-justica
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 17
de Técnico Legislativo da Câmara dos Deputados é uma das bandeiras
reivindicatórias do Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal e do
Tribunal de Contas da União - SINDILEGIS. Como argumento para mudança do
requisito de ingresso na carreira, os Técnicos Legislativos da Câmara dos
Deputados sustentam que dentre suas atribuições realizam processamento de
feitos; análise e pesquisa de legislação, doutrina e jurisprudência nos vários ramos
do conhecimento e em todas as etapas do processo legislativo, além da elaboração
de pareceres legislativos e jurídicos; atividades de planejamento; organização;
coordenação; supervisão técnica; assessoramento; estudo; pesquisa; informações
e execução de tarefas de elevado grau de complexidade.
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 18
propondo a correção da remuneração dos cargos de Especialistas em
Regulação e de Suporte à Regulação e Fiscalização de todas as Agências
Reguladoras, objetivando equiparar a remuneração dessas carreiras à das
carreiras que constituem o Ciclo de Gestão, adotada como parâmetro
remuneratório, quando da criação das carreiras das Agências Reguladoras,
cumprindo compromisso do Governo, por meio da elevação do percentual
da Gratificação de Desempenho de Atividade de Regulação, de 35 para
75%. Além disso, na forma do art. 4º, propõe-se, mediante a inclusão dos
art. 20-A a 20-D na Lei nº 10.871, de 2004, a criação da Gratificação de
Desempenho de Atividade Técnico-Administrativa em Regulação –
GDATR, no percentual de até 35%, devida aos cargos de Analista e Técnico
Administrativo. Com ambas as medidas, busca-se a elevação da
remuneração dos cargos efetivos de Carreiras das Agências Reguladoras,
de modo a promover-se a valorização do seu corpo funcional, ora em fase
de constituição.
13Disponível em https://sinagencias.org.br/comunicacoes/boletins-informativos/consag-extraordinario-estatutario-e-aberto-
com-palestra-sobre-o-proreg/
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 19
econômica, a criação de riqueza e o crescimento econômico. (...) o SINAGÊNCIAS
pode oxigenar todos esses processos, pois tem força para levar essa reflexão
à sociedade e ao Governo”.
14Disponível em https://sinagencias.org.br/comunicacoes/boletins-informativos/srtmpog-sinagencias-formaliza-ponderacoes-
sobre-modernizacao-da-carreira-da-regulacao-ao-governo/
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 20
Relatório 15 datado de 29 de abril de 2014, que entre outras ponderações, diz que “a
definição da proporção do salário do cargo de nível intermediário em relação ao
salário do cargo de nível superior é inadequada na medida em que a fixação dos
salários decorre fundamentalmente da natureza e complexidade das atribuições dos
cargos.”
Dados Oficiais
15 Disponível em http://www.sinagencias.org.br/conteudo_arquivo/010415_958876.pdf
16 Quando se consideram as agências que não possuem técnicos em regulação nos seus quadros, o percentual fica em
16,9% da força de trabalho.
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 21
Outro dado que é importante mencionarmos é a ocupação das vagas previstas
na lei de criação do quadro próprio das agências nacionais de regulação.
CLASSE PADRÃO ANAC ANATEL ANTT ANVISA ANP ANS ANCINE ANTAQ TOTAL %
III 143 320 380 0 17 32 10 37 939 65,9%
S II 11 5 25 0 5 4 5 1 56 3,9%
I 19 2 40 0 4 0 13 1 79 5,5%
V 15 2 23 72 0 6 17 0 135 9,5%
IV 7 10 11 10 0 0 6 34 78 5,5%
B III 25 2 10 4 0 3 1 5 50 3,5%
II 16 2 4 1 6 20 2 3 54 3,8%
I 3 0 1 1 1 9 1 1 17 1,2%
V 0 1 5 3 3 0 1 1 14 1,0%
IV 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0,1%
A III 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,0%
II 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0,1%
I 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,0%
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 22
Importante também observar a ocupação e distribuição da ocupação dos
cargos em comissão pelos técnicos em regulação nas agências nacionais de
regulação.
Cargos em Comissão ANAC ANATEL ANCINE ANP ANS ANTAQ ANTT ANVISA TOTAL
Cargo Comissionado 0 0 0 0 0 2 0 4 6
de Técnico I (CCT I)
Cargo Comissionado 1 0 0 0 2 0 0 4 7
de Técnico II (CCT II)
Cargo Comissionado 5 24 0 8 4 7 29 7 84
de Técnico III (CCT III)
Cargo Comissionado 20 36 6 2 6 4 25 6 105
de Técnico IV (CCT IV)
Cargo Comissionado 4 5 9 4 2 2 32 4 62
de Técnico V (CCT V)
Cargo Comissionado 0 0 0 0 0 1 3 0 4
de Gerência Executiva I
(CGE I)
Cargo Comissionado 0 2 0 1 0 0 5 0 8
de Gerência Executiva
II (CGE II)
Cargo Comissionado 2 0 0 0 0 0 0 0 2
de Gerência Executiva
III (CGE III)
Cargo Comissionado 4 0 3 1 0 2 1 0 11
de Gerência Executiva
IV (CGE IV)
Cargo Comissionado 0 0 1 0 0 0 0 0 1
de Assistência (CA I)
Outros Cargos em 2 0 0 0 0 2 2 0 6
Comissão 17
TOTAL: 38 67 19 16 14 20 97 25 296
17 Os outros cargos em comissão apontados se referem a servidores cedidos/requisitados que se encontram fora de sua
lotação original.
18Ao se considerar todas as agências, inclusive as que não possuem técnicos em regulação em seus quadros, a ocupação
dos cargos em comissão totaliza 8,9%.
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 23
4.2. Do levantamento de dados estruturados
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 24
Outro dado relevante constatado na pesquisa é que 53,5% dos que
responderam à pesquisa declaram possuir curso técnico, técnico-profissionalizante
ou obteve licença/certificação relevante profissional para a atividade que exerce.
Detalhamento Escolaridade servidores ocupantes dos cargos de Técnico em
Regulação.
Escolaridade %
Ensino superior incompleto 19 12,7
Ensino superior completo 85,9
Pós-graduação completo (Lato sensu) 35,2
Mestrado 9,9
Doutorado 0,7
19Observou-se na pesquisa que vários dos proponentes assinalaram as opções de “Ensino Superior Incompleto” e “Ensino
Superior Completo”, o que entendemos que estes possuem um segundo curso de graduação em andamento ou incompleto.
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 25
graduações na aquisição de mais conhecimento e habilidades para melhor execução
das tarefas, como já mostrado no item anterior.
E mesmo os TREG aprovados no concurso somente com nível médio
realizaram cursos para melhor desempenharam suas atividades. Isso denota que,
seja por iniciativa própria, seja por incentivo da agência, os TREG sempre buscam
aprimorar os conhecimentos e habilidades, sempre em prol da excelência do serviço
prestado à sociedade.
Portanto, é notório o alto nível do corpo de servidores técnicos atuantes nas
agências.
Senão vejamos.
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 28
Federal, Civil e Militar. Estas fiscalizações são de alto risco e exposição para o
servidor executante.
Também é importante citar a atividade de análise e julgamento de processos
de autos de infração em quaisquer instâncias de julgamento - Processos
Administrativos Sancionadores: em todos os casos, há designação expressa dos
TREG para a execução dessa tarefa, por vezes, pela diretoria. Atividades de
Inteligência e Contrainteligência, na ANAC, produzem conhecimento para fornecer
suporte às decisões superiores estratégicas pertinentes à Aviação Civil, proteção de
conhecimento sensível, suporte na apuração de denúncias. Da mesma forma, os
TREG participam da elaboração de subsídios técnico-jurídicos para defesa judicial da
ANAC por meio de notas técnicas analíticas, estudos técnicos para subsidiar
processos de alteração normativa da agência e elaboração de consultas técnico-
jurídicas à procuradoria para subsidiar atividade-fim da agência.
Outras atividades podem ser citadas, no âmbito da ANAC, executada pelos
TREG: realização de avaliação de proficiência de pilotos e examinadores, que requer
emissão de laudo (Ficha de Avaliação de Piloto - FAP); avaliação e emissão da Ficha
de Avaliação de Mecânico de Manutenção Aeronáutica - FAMMA, instrução OJT para
novos servidores; liderança de equipes em diversas atividades de certificação de
empresas/escolas de aviação e atividades de apuração de irregularidades/denúncias
ou fiscalizações programadas (rampas).
Por derradeiro, porém não menos importante, pelo contrário, os Técnicos em
Regulação da Anac produzem conhecimento técnico científico de Regulação na
respectiva área de atuação.
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 30
• Regulação e Fiscalização de Serviços Públicos de
Telecomunicações – composta de cargos de nível superior de
Especialista em Regulação de Serviços Públicos de
Telecomunicações, com atribuições voltadas às atividades
especializadas de regulação, inspeção, fiscalização e controle da
prestação de serviços públicos e de exploração de mercados nas
áreas de telecomunicações, bem como à implementação de
políticas e à realização de estudos e pesquisas respectivos a essas
atividades;
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 32
Art. 7º As atividades e atribuições profissionais do engenheiro, do
arquiteto e do engenheiro-agrônomo consistem em:
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 33
O tratamento de interferências com risco a vida faz parte do trabalho do
Técnico em Regulação! Se refere a degradação no uso de radiofrequências utilizadas
na comunicação entre aeronaves e torres de controle dos principais aeroportos do
país, o que coloca em risco todo o sistema de transporte aéreo regular. Em São Paulo,
estas demandas são tratadas por técnicos em regulação;
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 34
especial os serviços de radionavegação aeronáutica (atividade
classificada no âmbito da fiscalização como de risco à vida).
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EXPOSIÇÃO E NÍVEL DE RISCO
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 36
executadas junto a fiscalizados que manifestam graves reações aos agentes de
fiscalização.
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Nas atividades de Ação Fiscal na ANATEL, os TREG promovem a interrupção
de funcionamento de estações de telecomunicações irregulares/clandestinas,
apreendem produtos de telecomunicações sem a devida certificação/homologação,
elaboram laudos de vistoria em estações de telecomunicações, além de executar
mandados de busca e apreensão junto de outros órgãos como Polícia Federal, Polícia
Rodoviária Federal, Polícia Militar, Polícia Civil ou Poder Judiciário.
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 38
passageiros, além da apreensão costumaz de veículos que realizam o transporte
interestadual e internacional de passageiros não autorizado (clandestino), que por
diversas vezes são vetores de criminalidade, como tráfico de drogas, de armas, de
pessoas (até em condições análogas à escravidão), animais silvestres, além de ser
utilizado por foragidos da justiça.
No transporte multimodal e rodoviário de cargas, as atuações do Técnico em
Regulação se dão na verificação da conformidade (fiscalização) do regulado ao
regramento e políticas regulatórias vigentes, em especial no que se refere ao
Transportador Autônomo de Cargas – TAC (caminhoneiros autônomos). Essa
fiscalização ocorre de forma eletrônica, de forma a monitorar 85% do fluxo nacional
de cargas rodoviárias em tempo real, com gestão dos Técnicos em Regulação
(confecção de termo de referência, gestão do contrato, tratamento das informações,
etc.). Outra ação, não só de atuação, mas também de liderança, dos Técnicos em
Regulação é na fiscalização do transporte rodoviário nacional e internacional de
produtos perigosos, que além de possuírem expertise diferenciada, devido ao papel
da própria ANTT em representar o nosso país junto a ONU no tratamento deste
assunto, sua atuação evita desastres ambientais que não só impactam a natureza,
mas também o cidadão, quando por exemplo as vias são bloqueadas devido aos
acidentes ou mesmo há a cessação do fornecimento de água potável devido a
derramamentos atingirem os cursos d’água.
O Técnico em Regulação que atua na ANTT também atua na fiscalização de
trânsito, gerenciando e executando os procedimentos operacionais de fiscalização e
equipes de apoio técnico e lavrando os autos de infração, aplicando medidas
administrativas e acompanhando a regularização da infração, protegendo a vida e
garantindo a segurança e fluidez no trânsito e o patrimônio rodoviário. Hoje com a
transição tecnológica dos antigos postos de pesagem veicular para o sistema HS-
WIM (High Speed – Weight in Motion, ainda em processo de sandbox regulatório), os
Técnicos em Regulação têm atuado na qualificação das propostas tecnológicas e nas
discussões junto aos órgãos metrológicos, para a viabilização e disseminação desta
solução que além de economizar recursos oriundos da tarifa de pedágio rodoviário
pago pelo usuário, traz eficiência antes nunca vista a este sistema.
Além de fiscalizar e autuar o regulado-infrator, o Técnico em Regulação atua
no julgamento dos recursos e defesas de primeira e segunda instância, atividades
estas de alta complexidade, tendo em vista que precisam conhecer a fundo o Direito
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 39
Administrativo e da legislação de transporte e trânsito, com também no que tange às
infraestruturas concedidas e nos serviços de transportes de cargas e passageiros.
Em atividades de planejamento, os Técnicos em Regulação projetam e
executam soluções tecnológicas, com aplicativos de celulares voltados a fiscalização,
sistemas de acompanhamento/monitoramento da fiscalização, confeccionam notas
técnicas e relatórios sobre os mais diversos assuntos-objetos da ANTT, como a
análise, acompanhamento e monitoramento de mercados, confeccionam manuais de
fiscalização, além de fiscalizar o cumprimento de Termos de Ajustamento de Conduta
(TACs) aplicados por deliberação da Diretoria Colegiada aos regulados.
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 40
Há inúmeros casos de Técnicos em Regulação que sofreram agressões
físicas em suas atividades de fiscalização, além de desacato e desobediência.
Também é comum o Técnico em Regulação, ao se deparar com a suspeita de
falsificação de documento público, ter que conduzir o fiscalizado a delegacia policial
para verificação, e caso a suspeita seja confirmada, configurar a prisão em flagrante,
além de outros crimes.
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 41
Decisão de processos de fiscalização quando na função de Chefe de Núcleo
regional
Elaboração de pareceres sobre o processo de Ressarcimento ao SUS
Classificação de mediação ativa (NIP) com a indicação de auto de infração
Os exemplos de atividades executadas pelos TREG, elencados acima,
envolvem fiscalização e apuração de infrações, com análise documental extensa,
formatação de pareceres técnicos e inspeções, etc. e que não se limitam a realização
de serviço de apoio.
Para isso, é evidente a necessidade de qualificação e capacitação específica
para a realização de tais atividades. E não estamos falando somente em fiscalização:
o planejamento de atividades fiscalizatórias de média e grande abrangência, como
por exemplo, apuração de denúncias remota ou presencialmente, coleta de
evidências e formalização do processo com evidências, produção de relatório e
emissão de autos de infração também estão incluídos no escopo de atividades dos
TREG.
Fácil confirmar que essas atividades possuem relevância, abrangendo muitos
elementos de abstração e análise, e, ainda, trazendo exposição a riscos inerentes às
ações executadas, além de contribuir na consecução das missões e todas as
competências das agências reguladoras.
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 42
Além da regulação, em especial na área de fomento, conforme atribuição
definida à Ancine pela MP 2228-1, há atividades fundamentais que são realizadas por
técnicos em regulação, em especial quanto às análises para alocação de recursos
públicos provenientes do Fundo Setorial do Audiovisual – FSA em projetos e
empresas do setor audiovisual.
Vale registra ainda que Técnicos em Regulação atuam também nos setores
de Fiscalização e Prestação de Contas, executando variadas e vitais atividades para
o funcionamento da ANCINE.
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 43
exploração da infraestrutura aquaviária e portuária. Atua em todos os subsetores
portuários, de navegação marítima e de apoio e de navegação interior executando
todas as atividades necessárias para levar a ANTAQ a atingir suas finalidades
previstas na Lei nº 10.233 de 2001 e na Lei nº 13.848 de 2019.
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 44
Na Fiscalização, os Técnicos em Regulação, atuam coordenando equipes de
fiscalização, procedendo a lavratura de Auto de Infração, caso necessário, e na fase
instrutória dos processos sancionadores, na emissão de Pareceres Técnicos
Instrutórios, Pareceres Prévios de Julgamento e Despachos Conclusivos. As
atividades requerem muitas habilidades, tais como Direito Administrativo avançado,
contabilidade, economia, com vistas a proceder análise da defesa do autuado e emitir
minutas julgamentos para apreciação das autoridades. Em campo, executam
atividades de risco, inerentes ao ambiente portuário, onde são fiscalizadas operações
envolvendo cargas perigosas diversas (combustíveis, produtos químicos tóxicos etc.),
além dos próprios equipamentos de grande porte, que içam cargas de dimensões
consideráveis, demandando-se atenção irrestrita durante as atividades
desempenhadas, sendo imprescindível o uso constante de EPIs em tal ambiente
portuário.
Nesse último mister, cabe ressaltar que a ANTAQ tem capacitado seus
Técnicos em Regulação de Serviços de Transportes Aquaviários em cursos de MBA
e Especialização em Regulação Econômica de Mercado, Regulação de Serviços
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 45
Públicos, pela FGV e Especialização em Direito Marítimo e Portuário pela Maritime
Law Academy – MLAW, além de outros cursos de menor duração dentro e fora do
país.
Ademais, houve nos últimos anos um alargamento e ampliação das
competências da ANTAQ, que passou a ser autarquia certificadora de investimentos
por determinação legal e interpretação do TCU, em um setor que movimentou um
recorde crescente de 1,3 bilhões de toneladas apenas em 2023, com investimentos
nas novas concessões, arrendamentos portuários, terminais de uso privativos da
ordem de bilhões de reais em benefícios fiscais e infraestrutura portuária. Os Técnicos
em regulação têm participação ativa em todas essas atividades, seja na composição
de grupos de trabalho, equipes de avaliação de incorporação de investimentos,
regularidade dos contratos, ou na avaliação de conformidade técnica e diligências de
órgãos externos e internos, inclusive nas Auditorias da CONPORTOS. Nas
Comissões Estaduais de Segurança nos Portos (CESPORTOS) e também na
Comissão Nacional de Segurança dos Portos e Vias Navegáveis (CONPORTOS),
se exigem treinamento especializado ministrado pela Polícia Federal, exigindo
conhecimentos especializados de segurança portuária e segurança dos terminais
portuários.
Destaca-se que todas as atividades desenvolvidas estão muito além do simples
apoio/suporte Técnico da atividade fim da ANTAQ, onde se exige conhecimento
especializado, em muitos casos multidisciplinar da ordem superior para validação de
atos e procedimentos regulatórios a cargo da ANTAQ. Grande quantidade destas
novas atribuições foram estendidas por meio de resoluções, normas e decisões
superiores aos técnicos em regulação da Antaq, como exemplo citamos a fiscalização
de investimentos em TUP, novos Arrendamentos Portuários, Prorrogação de
contratos, incorporações de investimento, fiscalização de conformidade de obras
portuárias, REIDI, processos de privatização portuária, recentemente concessão de
hidrovias e regulação econômica dos Serviços de Praticagem. A grande qualidade e
competência da equipe de Técnicos em regulação, os tem levado a ocupação de parte
dos cargos de gestão e estratégico da ANTAQ, como chefes de Unidades Regionais
e gerencias regionais e setoriais na regulação, outorga e fiscalização da Agência. Os
Técnicos em Regulação têm participação ativa em todas essas atividades na condição
de membros ou coordenadores que, dada a sua relevância, deveriam ser melhor
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 46
reconhecidas, tanto a nível de remuneração como na estruturação da carreira, pois é
notório que vão além do "suporte". O que pode ser facilmente comprovado por meios
de Pareceres Técnicos, Notas Técnicas, Relatórios, Estudos e outras manifestações
assinadas por Técnicos em Regulação que servem de base para importantes
decisões regulatórias da ANTAQ, apesar de que não são reconhecidas, seja na
remuneração como na estruturação da carreira, quer de longe não mais se enquadre
em apenas suporte a atividades da Agência.
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 48
A atuação do técnico de regulação exige mobilidade e flexibilidade, dada a
necessidade de deslocamentos frequentes para inspeções e monitoramento. Além
disso, a exposição a condições adversas e potencialmente perigosas requer um
rigoroso cumprimento das normas de segurança e saúde ocupacional. A
complexidade das tarefas demanda uma sólida base de conhecimento técnico,
habilidades analíticas apuradas, e competências em comunicação e gestão de
conflitos.
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 49
4.5. Das competências dos TREG comparadas a outros cargos
Art. 3º São atribuições comuns dos cargos referidos nos incisos I a XVI, XIX
e XX do art. 1º desta Lei: (Redação dada pela Lei nº 11.292, de 2006)
Art. 2º São atribuições específicas dos cargos de nível superior referidos nos
incisos I a IX e XIX do art. 1º desta Lei: (Redação dada pela Lei nº 11.292,
de 2006)
Observa-se que a referida lei pode causar certa confusão no sentido de que,
em seu Art. 1º, as competências dos técnicos são relacionadas ao “apoio e suporte
técnico especializado” atinentes "às atividades de regulação, inspeção, fiscalização e
controle da prestação de serviços públicos”, já no art. 3º a mesma lei coloca como
atribuições comuns aos cargos de Técnicos em Regulação e Especialistas as
seguintes atribuições: I. fiscalização do cumprimento das regras pelos agentes
do mercado regulado; II - orientação aos agentes do mercado regulado e ao público
em geral; e III - execução de outras atividades finalísticas inerentes ao exercício da
competência das autarquias especiais denominadas Agências Reguladoras de que
trata esta Lei.
Ainda de acordo com o Art. 1º a Lei prevê que o técnico em regulação possui
previsão de realizar a implementação de políticas e a realização de estudos e
pesquisas respectivos a essas atividades.
A atribuição de realização de estudos e pesquisas estão normalmente
relacionadas a atribuições de cargos de nível superior!
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 51
Importante destacar o levantamento realizado sobre as atividades
desenvolvidas pelos Técnicos em Regulação, que objetivou apurar a natureza e a real
complexidade das funções executadas por tais servidores no âmbito das agências. É
fácil observar que, esses executam com autonomia praticamente as mesmas
atribuições desempenhadas pelos Especialistas em Regulação, em certos casos,
gerenciando equipes compostas, inclusive, por especialistas.
Quanto às atribuições comuns e que envolvem atividades finalísticas,
executadas de forma paralela por técnicos e especialistas, notamos que boa parte
delas possui relevância, abrangendo muitos elementos de abstração e análise, e,
ainda, trazendo exposição a riscos inerentes às ações executadas.
Em suma, praticamente não há elevada distinção entre os trabalhos dos dois
cargos, na maioria das atribuições constantes da lei.
Veja-se, ainda, que em alguns casos específicos, como observado na ANAC,
a profundidade das competências extrapola mesmo o texto legal. Os TREG são
responsáveis pela emissão, após realizar inspeções de aeronavegabilidade
necessárias, de Certificado de Aeronavegabilidade Padrão Norte-americano em
nome da FAA, que é a autoridade de aviação civil dos EUA. Essa prerrogativa é
embasada na confiança mútua entre autoridades e o trabalho do TREG é de
primordial importância e responsabilidade, pois a aeronave inspecionada sai da
fábrica diretamente para a linha de operação nos EUA 20.
Ademais, é importante mencionar que, além da capacitação técnica exigida
dos TREG, existem atividades que são efetuadas pelos técnicos cujo grau de risco e
exposição é severo, como nos casos das ações fiscais, que são aquelas que focam
apurar denúncias e em coibir ilícitos por meio das fiscalizações de operações
clandestinas, uso de equipamentos e componentes não homologados/certificados,
uso indevido de aeronaves e transportes terrestres, tráfico de drogas utilizando
quaisquer modais de transporte, entre outras. Tais operações normalmente exigem
coordenação com outros órgãos tais como, Receita Federal do Brasil e
departamentos de Polícia Federal, Civil e Militar.
20
Existem, inclusive, processos relacionados que dão lastro a esta tarefa, executada de forma excelente pelos TREG, conforme
se observa dos autos constantes nos processos SEI (00066.000429/2024-18), (00066.000429/2024-18), (00066.015737/2023-
67), (00066.002377/2023-33) (podem ser consultados no site https://www.gov.br/anac/pt-br/sistemas/protocolo-eletronico-
sei/pesquisa-publica-de-processos-e-documentos).
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 52
Não só na comparação com os Especialistas em Regulação, mas
comparando com outros cargos do Serviço Público Federal, podemos notar que as
competências dos TREG, cotejadas com as atividades efetivamente desenvolvidas
pelos ocupantes destes cargos, são de mesma relevância e, em essência, bem mais
amplas e complexas.
A título de exemplo, apresentam-se as competências dos Analistas -
Tributários da Receita Federal do Brasil (ATRFB), conforme excerto do DECRETO Nº
6.641, DE 10 DE NOVEMBRO DE 2008, abaixo:
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 53
processo é de um TREG, capacitado e com habilidades e conhecimentos para essa
tarefa!
Também há competências comuns do Decreto da Receita Federal do Brasil,
conforme abaixo:
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 54
Comparando, agora, com o cargo de Técnico do Banco Central do Brasil,
temos as seguintes atribuições dos servidores ocupantes destes cargos, conforme a
Lei nº 9.650, de 27 de maio de 1998:
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 55
VII - realização de atividades técnicas e administrativas
complementares às operações relacionadas com o meio circulante,
tais como: (Redação dada pela Lei nº 11.344, 2006)
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 56
É cristalino, em comparação com as competências e atividades exercidas
pelos Técnicos em Regulação, que as nossas atividades possuem um grau de
relevância e abrangência bem maiores.
Por exemplo, na referida lei não há competência legal no caso dos técnicos
do Banco central para realização de Fiscalização de instituições financeiras,
atribuição que é exclusiva dos Analistas do Banco Central. Também não há previsão
para realização de pesquisas e estudos na respectiva área.
Se compararmos as nossas atividades com as dos Técnicos Federais de
Finanças e Controle em exercício na CGU, vemos que as competências e atividades
são ainda mais restritas, conforme se denota da PORTARIA Nº 814/2020/CGU:
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 57
XIII - executar atividades inerentes à avaliação de desempenho e à
supervisão das unidades de auditoria interna, de ouvidoria e de correição dos
órgãos e entidades do Poder Executivo federal;
XIV - compor comissões de negociação de acordos de leniência;
XV - compor equipes para a realização de ações investigativas; e
XVI - executar outras atividades de competência da CGU, determinadas pela
chefia imediata.
Seção II
Do cargo de Técnico Federal de Controle Externo (TEFC)
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 59
intermediário, bem como auxiliar o ocupante do cargo de AUFC na área de
atividade de Controle Externo no exercício de suas atribuições.
II - na área de atividade de Apoio Técnico e Administrativo, nos termos do
disposto no art. 7º da Lei 10.356/2001 e no art. 4º da Lei 11.950/2009, o
desempenho de atividades administrativas e logísticas de apoio, de nível
intermediário, relativas ao exercício das competências constitucionais e
legais a cargo do TCU.
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 60
VIII - prestar suporte administrativo e operacional necessários ao
desenvolvimento das atividades das unidades técnicas e gabinetes de
autoridades; e
IX - executar outras tarefas de apoio ao controle externo determinadas por
sua chefia.
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 61
Note-se que o TCU conseguiu discriminar de forma mais abrangente as
competências dos TEFC. Também é importante notar que as atividades executadas,
ainda que em grau de apoio e suporte, possuem relevância, abrangendo muitos
elementos de abstração e análise.
Se observa que o Técnico Federal de Controle Externo (TEFC) pode atuar
na fiscalização como função de AUXILIAR na execução de trabalhos em suas
diversas modalidades, nas unidades e áreas sujeitas à jurisdição do TCU.
Ao analisar, mais abaixo, as estruturas remuneratórias dos órgãos e cargos
aqui colocados, observaremos que o TCU consegue dar a devida valorização aos
Técnicos, ainda que suas atividades versem sobre apoio e suporte.
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 62
servidores que ainda não possuem nível superior completo, ou ainda não cursaram,
se graduarem devidamente, isso se daria de forma mais rápida.
Para a Administração, a possibilidade de se atribuir mais tarefas de cunho
finalístico e exercer um nível de cobrança maior sobre o trabalho realizado poderá ser
razoável e adequado, pois os servidores, calçados pela nova exigência do cargo,
poderão executar suas atividades com maior autonomia, segurança e precisão, vez
que a relevância e exposição são altos e a alteração de requisito darão mais
visibilidade e responsabilidades aos titulares e postulantes ao cargo, corrigindo a
assimetria e a desproporcionalidade entre as competências, as atividades e as
estruturas remuneratórias dos cargos finalísticos das agências.
Além de corrigir essas distorções, é necessário considerar uma justa
proporcionalidade entre as estruturas remuneratórias dos diversos cargos. Segundo
a pauta aprovada pelo SINAGÊNCIAS, as proporcionalidades propostas para os
Cargos de Nível Intermediário correspondem a 75% da remuneração recebida pelos
Cargos de Nível Superior. Isso porque, conforme apresentado neste documento,
os Técnicos em Regulação executam atividades essenciais para as Agências
Reguladoras, que excedem cotidianamente as atividades de apoio e suporte,
constituindo execução de tarefas de natureza técnica especializada.
Nessa toada, faz-se necessária a comparação com alguns cargos do serviço
público federal, quais sejam, as carreiras da Receita Federal do Brasil, do Tribunal de
Contas da União e do Banco Central do Brasil.
Antes das comparações devidas, é imperioso analisar, primeiramente, as
estruturas remuneratórias atuais dos TREG em comparação aos Especialistas em
Regulação, conforme abaixo:
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 63
Notamos que a diferença proporcional atual gira em torno dos 50%,
absolutamente inadequada pelo que foi apresentado anteriormente, especialmente
pelo nível de conhecimento e relevância das tarefas executadas pelos técnicos.
Com relação às outras carreiras, temos as seguintes estruturas, para os
cargos de Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil e Analista -Tributário da Receita
Federal do Brasil, respectivamente:
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 65
No caso do Técnico Federal de controle Externo (TEFC), apesar do papel de
natureza Auxiliar na fiscalização, o mesmo percebe um percentual de 56% do Auditor
Federal de Controle Externo (AUFC), melhor da proporção atual do Técnico em
Regulação. Isso também se confirma na Resolução-TCU nº 332/2021!
Por fim, a análise atual do Ciclo de Gestão, com pauta aprovada pelo
Sinagências e, de forma muito justa, tão almejado por todos nós, especialmente os
Especialistas em Regulação, Analistas Administrativos e servidores do PEC nível
superior.
Logo abaixo a estrutura remuneratória dos Analistas e Técnicos do BACEN,
para efeito de comparação:
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 66
Antes de enveredar na argumentação, é preciso repisar: é justa e coerente a
pauta de persecução de equiparação ao Ciclo de Gestão por parte dos cargos de
nível superior. Não há discussão sobre isso e os Técnicos em Regulação defendem
a causa com o mesmo afinco.
Entretanto é de caráter urgente os pleitos da alteração do requisito de
ingresso e a parametrização de proporcionalidade de 75% do nível intermediário
sobre nível superior!
Por isso, é importante destacar junto ao SINAGÊNCIAS e ao MGI a
relevância dessa pauta para a carreira dos Técnicos em Regulação, que, conforme
apresentado acima, realizam atividades essenciais para o país.
5-Conclusão
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 67
Os levantamentos feitos com a amostragem colocada indicam que o corpo de
servidores TREG são altamente qualificados e a grande maioria já possui
Nível Superior, e muitos possuem ainda pós-graduação, além de em muitos
casos, possuir cursos e habilitações específicas em áreas estratégicas para
as agências como habilitação como pilotos de aeronave, entre outras;
Em que pese o argumento anterior, persiste uma constante busca por mais
conhecimento e capacitação por parte dos Técnicos em Regulação para que
o trabalho finalístico da regulação seja feito com o nível de excelência que se
observa atualmente; e
Dentre as várias atividades destacadas, notamos que boa parte delas possui
relevância, abrangendo muitos elementos de responsabilidade,
comprometimento, abstração e análise, e, ainda, trazendo exposição a riscos
inerentes às ações executadas,
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 69
O presente estudo 21 contou com a colaboração de todos os Técnicos em
Regulação das Agências Nacionais de Regulação.
21
Versão emitida em 28 de fevereiro de 2024.
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 70