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Estudo Técnico: Cargos de Técnico em Regulação

Agências Reguladoras Federais

1 - Assunto

Trata o presente estudo de uma análise ampla da atuação dos Técnicos em


Regulação – TREG das Agências Nacionais de Regulação, no tocante às atividades
exercidas atualmente e, em comparação com outras competências de outras
carreiras do Serviço Público Federal, demonstrando-se a importância das motivações
e argumentações colocadas para documentar, junto ao Ministério da Gestão e da
Inovação em Serviços Públicos - MGI, de forma a fazer com que o ministério
compreenda a real situação dos TREG nas agências, facilitando a aprovação das
demandas postas e o seu reconhecimento como carreira de atividade típica e
exclusiva de Estado.

2 - Referências e Anexos

2.1. Dados - Tabela das Atividades atuais dos Técnicos em Regulação


2.2. Dados - Informações sobre os TREG
2.3. Leis e Normativos: Lei nº 10.871/2004; DECRETO Nº 6.641, DE 10 DE
NOVEMBRO DE 2008; Lei nº 9.650, de 27 de maio de 1998; PORTARIA Nº
814/2020/CGU; Lei nº 10.356/2001; Resolução-TCU nº 332/2021

3 - Sumário Executivo

Este estudo técnico foi motivado pelas discussões das carreiras das Agências
Reguladoras no âmbito da Assembleia Geral Extraordinária (AGE), promovida pelo
Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação -
SINAGÊNCIAS, realizada no dia 13 de dezembro, às 18h30.

Naquela oportunidade, várias propostas foram levadas à votação dos


presentes, o que gerou a Proposta de Pauta de Reivindicações para a Mesa
Específica e Temporária. Dos assuntos que afetam a carreira dos Técnicos em
Regulação (TREG), temos os destaques abaixo:

- Alteração do requisito de entrada de Nível Intermediário


para Nível Superior; e

- Patamar remuneratório para o cargo de nível intermediário


correspondente a 75 % da remuneração recebida pelo cargo
de nível superior.

Entendendo que (i) é coerente e justa a proposta enviada pelo Sinagências,


(ii) sendo possível e necessário alicerçar a argumentação de forma a justificar os dois
destaques, concluímos que este estudo é uma ferramenta importante para
documentar, junto ao Sinagências de modo a subsidiar todos os atores
governamentais de forma a proporcionar a correta compreensão da atuação dos
Técnicos em Regulação.

Assim, este estudo está disposto da seguinte forma:


1 - Assunto
2 - Referências e Anexos
3 - Sumário Executivo
4 - Análise
4.1. Do histórico das carreiras das agências: carreira de Técnico em
Regulação
4.2. Do levantamento de dados
4.3. Do nível de conhecimento e habilidades dos TREG
4.4. Das atividades executadas pelos TREG nas agências
4.4.1. Agência Nacional de Aviação Civil - ANAC
4.4.2. Agência Nacional de Telecomunicações – ANATEL
4.4.3. Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT
4.4.4. Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS
4.4.5. Agência Nacional do Cinema - ANCINE
4.4.6. Agência Nacional de Transportes Aquaviários - ANTAQ
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 2
4.4.7. Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis – ANP
4.5. Das competências dos TREG comparadas a outros cargos
4.6. Da necessidade de adequação do requisito de ingresso para o
cargo e TREG e melhoria da proporcionalidade das estruturas de
remuneração dos cargos das agências reguladoras
5 - Conclusão

4 - Análise:

4.1. Do histórico das carreiras das agências: carreira de Técnico em


Regulação.

Antecedentes

A atual organização do aparelho estatal, o desenho institucional adequado


ao cumprimento das ações da atividade regulatória, resulta do Plano Diretor da
Reforma do Estado, de objetivos e diretrizes apresentados pelo Ministério da
Administração Federal e da Reforma do Estado, Ministro Bresser Pereira, aprovado
pelo Congresso Nacional e sancionado pelo Presidente Fernando Henrique
Cardoso, 1995. Os objetivos do Plano Diretor para a gestão privada da produção e
do mercado reorganizava e fortalecia o controle, a fiscalização e a regulação,
inicialmente, dos monopólios naturais e de que estavam em processo de
privatização. A regulação de setores da economia data de antes da formação do
Estado brasileiro 1. Com o processo de state building da Era Vargas, houve no País
seguidos projetos de reforma do Estado para aperfeiçoar o arranjo institucional e o
funcionamento do Administração Pública, construir e organizar sua burocracia,

1 Regimento de 17 de dezembro de 1548 (Governo-Geral de Tomé de Souza): traçava normas julgadas necessárias à regulação
das relações entre industriais, donos de fábricas e plantadores de cana. Decreto de 3 de fevereiro de 1863, que aprova as
tarifas e instruções que devem regular o transporte de passageiros, bagagens, mercadorias etc. na Estrada de Ferro de D. Pedro
II. Decreto de 29 de dezembro de 1880, que "aprova as cláusulas que devem regular as concessões de Estradas de Ferro
Gerais no Império. De 1930 a meados da década de 1950 houve significativo desenvolvimento da atividade regulatória: ano
após ano observam-se a criação e diferenciação institucionais acompanhadas de intensa intervenção regulatória. Tal criação e
diferenciação se verifica pelo surgimento, em 1931, dos Correios e Telégrafos e do Conselho Nacional do Café; em 1933, do
Instituto do Açúcar e do Álcool; dos códigos de Águas e de Minas, e do Plano de Viação Nacional, em 1934; em 1938, do Colégio
Brasileiro do Ar, do Instituto Nacional do Mate, e do Conselho Nacional do Petróleo; em 1939, do Conselho Nacional de Águas
e Energia Elétrica e do Plano de Obras Públicas e de Defesa Nacional; e do Plano Siderúrgico Nacional, em 1940, da Companhia
Siderúrgica Nacional, em 1941, da Companhia do Vale do Rio Doce, em 1942, e da Companhia Nacional do Álcalis e da
Companhia Ferro e Aço de Vitória, em 1943. Outra instituição regulatória, o Conselho Nacional de Política Industrial e Comercial,
surge em 1944.

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incrementar a capacidade de controle e coordenação das suas mais variadas
atividades, visando ao equacionamento de problemas de ordem econômica e de
sustentação política do governo.

“(...) o Estado reduz seu papel de executor ou prestador direto de serviços,


mantendo-se entretanto no papel de regulador e provedor ou promotor
destes, principalmente dos serviços sociais como educação e saúde, que
são essenciais para o desenvolvimento, na medida em que envolvem
investimento em capital humano; para a democracia, na medida em que
promovem cidadãos; e para uma distribuição de renda mais justa, que o
mercado é incapaz de garantir, dada a oferta muito superior à demanda de
mão-de-obra não-especializada. Como promotor desses serviços o Estado
continuará a subsidiá-los, buscando, ao mesmo tempo, o controle social
direto e a participação da sociedade. Nesta nova perspectiva, busca-se o
fortalecimento das funções de regulação e de coordenação do Estado 2, (...)”.

Em 1996, é criada a primeira agência nacional de regulação. As Agências


Nacionais de Regulação surgiram associadas à nova forma de atuação estatal para
o controle, a fiscalização e a regulação de determinados mercados, notadamente,
ao processo de privatizações ensejado pelas reformas constitucionais de 1995. As
Emendas Constitucionais/1995 dos números 5 a 9 trataram, respectivamente, dos
mercados de gás canalizado; água; transportes aéreo, aquático e terrestre;
telecomunicações; e, petróleo e gás natural. Para tanto, seriam necessários
organismos constituídos pelo Poder Público para normatizar, aplicar as normas
legais, regulamentares e contratuais da atividade sob sua tutela, outorgar e rescindir
os contratos de concessão, bem como fiscalizar os serviços concedidos, além de funcionar,
em muitos casos, como instância decisória dos conflitos entre as empresas concessionárias
e os usuários: as Agências Nacionais de Regulação.

Um dos principais documentos oficiais que contém a justificativa para a


criação das agências nacionais de regulação é “Construção do Marco Legal dos
Entes Reguladores”, uma recomendação aprovada pelo Conselho de Reforma do
3
Estado (CRE), em maio de 1996. A partir de uma visão crítica do aparato regulatório

2 Disponível em http://www.bresserpereira.org.br/documents/mare/planodiretor/planodiretor.pdf

3
BRASIL, “Construção do Marco Legal dos Entes Reguladores”. Recomendação de 31 de maio de 1996 do Conselho de
Reforma do Estado. Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado. Brasília, 1996.

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obsoleto, burocratizante e intervencionista, a recomendação propôs a formulação de
uma política regulatória que desse consistência e coerência às propostas de
governo, objetivando a definição de um padrão de marco para a criação ou reforma
de agências reguladoras. Para dar cabo a tal proposta, diagnosticou-se a
necessidade de estabelecimento de critérios gerais para a criação de entidades de
fiscalização e regulação de serviços públicos.

A liberalização de mercados e as privatizações ensejaram a defesa da


necessidade de um aparato estatal que possibilitasse o planejamento a longo prazo,
a coordenação das decisões privadas e o zelo ao cumprimento das regras para o
bom funcionamento desses mercados. Tais mecanismos se prestariam a aumentar
a confiança no ambiente regulatório 4 possibilitando a redução do risco regulatório e
dos ágios sobre os mercados financeiros. A previsibilidade de regras para garantir a
estabilidade do mercado é um dos objetivos da chamada governança regulatória.

A criação 5 das Agências Nacionais de Regulação de “primeira geração” –


Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), Lei 9.427/1996, Agência Nacional
de Telecomunicações (ANATEL), Lei 9.472/1997, Agência Nacional do Petróleo,
Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Lei 9.478/1997 – objetivou tanto o
monitoramento da qualidade dos serviços bem como o cumprimento de metas
definidas nos contratos com as respectivas operadoras (principalmente quanto à

4
IRES, José Claudio Linhares; GOLDSTEIN, Andrea. Agências reguladoras brasileiras: avaliação e desafios. Revista do
BNDES, v. 8, n. 16, p. 3-42, Rio de Janeiro, dez. 2001. (p. 6)

5 SANTANA, Ângela. Agências executivas e agências reguladoras – o processo de agencificação: pressupostos do modelo
brasileiro e balanço da experiência. In: Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Balanço da reforma do Estado no
Brasil: a nova gestão pública. Brasília: MP/SEGES, 2002

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oferta dos serviços), quanto ao estabelecimento de preços referenciais e tarifas em
ambientes de mercados monopolistas. As chamadas Agências de “segunda
geração” seriam aquelas criadas em 1999 e 2000, mas ligadas a setores em que há
características competitivas no mercado: Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA), Lei 9.782/1999, e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Lei
9.961/2000. As Agências classificadas como de “terceira geração” são a Agência
Nacional de Águas (ANA), Lei 9.984/2000, a Agência Nacional de Transportes
Aquaviários (ANTAQ) e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Lei
10.233/2001, e a Agência Nacional do Cinema (ANCINE), MP 2.228- 1/2001, todas
criadas no período de 2000 e 2001. Estas também não atuantes em setores de
mercado monopolista e destacam-se pela grande heterogeneidade de objetos e
naturezas. A criação da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), , já durante o
primeiro mandato do Governo do Presidente Lula, e da Agência Nacional de
Mineração (ANM), pela , completam o conjunto das Agências Nacionais de
Regulação criadas até o momento atual.

O poder legislativo nos debates que precederam a criação das agências


nacionais de regulação acabou por permitir às Autarquias Especiais um mandato
com contornos imprecisos. A imprecisão do mandato das agências reguladoras de
serviços públicos tem origem já na Lei das Concessões, Lei 9.074/1995. Embora
esta discipline concessões e permissões de serviços públicos, não trata
expressamente sobre os princípios, as diretrizes e as regras gerais para a operação
das agências nacionais de regulação. Dessa forma, deixou indefinidos aspectos
relativos às suas funções, objetivos e principais atribuições, à sua estrutura
organizacional e de custeio, à formatação jurídica do órgão e do seu grau de
independência em relação ao Poder Público.

O modelo geral seguido para a criação das agências nacionais de regulação


se configura, na prática, numa diversidade de desenhos institucionais próprios, que
variam em cada uma das agências, algumas dotadas de competência para celebrar
contratos de outorgas. Houve para cada agência a edição de uma lei de criação, que
aprovou um conjunto de características próprias. O desenho institucional das
agências é, então, o resultado da soma de diferentes arranjos próprios de cada
agência: características relacionadas ao seu desenho institucional a estrutura
básica, existência de contrato de gestão e ouvidoria, duração do mandato dos
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 6
dirigentes, possibilidade de recondução, definição do presidente da agência, regras
sobre a quarentena dos dirigentes, previsão para a realização de consultas e
audiências públicas, relação com órgãos de defesa da concorrência.

Em 2019, com a promulgação da nova Lei Geral das Agências (Lei nº


13.848/2019), houve uma harmonização do desenho institucional, com o
estabelecimento de prazo uniforme para os mandatos dos dirigentes, os conferiu
estabilidade não podendo ser destituídos sem justa causa antes do término do seu
mandato, autonomia funcional, decisória, administrativa e financeira, a não
coincidência dos mandatos, entre outras medidas 6.

Em 2003, o Governo do Presidente Lula publicou duas consultas públicas


sobre anteprojetos de lei que dispunham, respectivamente, da gestão, da
organização e do controle social das agências reguladoras, e sobre a restituição aos
respectivos ministérios das atribuições relativas às outorgas e licitações para a
exploração dos serviços de utilidade pública (relacionados às agências da área de
infra-estrutura ANEEL, ANATEL, ANP, ANTT e ANTAQ). As propostas foram
elaboradas com base no relatório 7 de um grupo de trabalho interministerial criado
por determinação da Presidência da República em março de 2003. O grupo de
trabalho interministerial teve como objetivos: (i) analisar o arranjo institucional
regulatório no âmbito federal; (ii) avaliar o papel das Agências Reguladoras; e (iii)
propor medidas corretivas do modelo adotado.

A versão final do relatório, publicado em setembro de 2003, foi discutida no


âmbito do Comitê Executivo da Câmara de Políticas de Infra-Estrutura e da Câmara
de Política Econômica, e se deteve em aspectos conceituais, relacionados à atuação
das agências nacionais de regulação no mercado brasileiro, e em questões
institucionais, com destaque ao mandato fixo dos dirigentes. O documento traça
também o diagnóstico da relação entre as agências nacionais de regulação e os
ministérios supervisores e órgãos de defesa da concorrência, bem como sobre o seu
grau de controle social. No que diz respeito à relação com os ministérios, o relatório
aponta que uma das principais distorções do papel das Agências detectadas foi o

6 https://conteudojuridico.com.br/consulta/artigos/56301/agncias-reguladoras-principais-aspectos-e-a-nova-lei-n-13-848-2019

7BRASIL. Análise e avaliação do papel das agências reguladoras no atual arranjo institucional brasileiro: Relatório do Grupo
de Trabalho Interministerial. Brasília: Casa Civil, 2003.

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 7
exercício de competências de governo pelas Agências Nacionais de Regulação,
como a absorção da atividade de formulação de políticas públicas e do poder de
outorgar e conceder serviços públicos.

O Relatório orientou a elaboração e apresentação ao Congresso Nacional


pelo Governo do Presidente Lula o Projeto de Lei 3.337/2004. Na Exposição de
Motivos do PL, assinada pelo então Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da
Presidência da República, José Dirceu, o Projeto de Lei pretendia estabelecer um
conjunto homogêneo e estável de regras para orientar a gestão e a atuação das
agências nacionais de regulação, constituindo-se, de certa maneira, numa “Lei Geral
das Agências”. Para tanto, a proposta legislativa objetivava corrigir as diferenças
entre as agências, que, segundo o governo, não se justificavam, apesar das
evidentes especificidades tratadas em suas leis de criação. Além disso, o Projeto de
Lei tratava de propor medidas que permitiriam tornar mais transparente, eficiente,
socialmente controlado e legítimo o exercício da função reguladora por essas
entidades 8.

Após tramitar na Câmara dos Deputados por dois mandatos de Governo do


Presidente Lula e o primeiro ano de Governo da Presidenta Dilma, praticamente 9
anos, a Presidenta Dilma comunica no dia 15/03/2013 à Câmara dos Deputados a
decisão de arquivar o Projeto de Lei 3.337/2004. Na semana seguinte ao
comunicado da Presidência da República à Câmara dos Deputados, dia 18/03/2013,
o Senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) protocola na Mesa Diretora do Senado o
PLS 52/2013. A proposta de projeto de lei do Senador mantém boa parte dos
elementos que faziam parte do Projeto de Lei 3.337/2004 e inova ao propor que
representantes do Ministério Público Federal, OAB, Procon e Idec possam participar,
com direito a voz, das reuniões colegiadas das agências. A proposição prosperou e
foi aprovada com vetos parciais, transformada na Lei 13.848/2019.

Com a criação das Agências Nacionais de Regulação de “segunda geração”,

8 “Temos leis esparsas, que são as leis de criação de cada agência. Temos uma tentativa de lei geral que é a lei 9.986. Depois
disso, nós buscamos estabelecer uma lei geral que institua conceitos, critérios para melhorar a gestão das agências reguladoras
de forma mais consistente. A figura das agências reguladoras não está nem sequer na Constituição federal. Uma Proposta de
Emenda Constitucional (PEC 81/2003) está tramitando no Senado e já foi aprovada em primeiro turno, em 2007. Precisa ser
aprovada em segundo turno para ser enviada à Câmara, e lá ser novamente apreciada. A PEC vai consagrar na Constituição
os princípios da atividade regulatória. Lá ela fixará como essas atividades regulatórias devem ser exercidas, nominando alguns
princípios.” Luiz Alberto dos Santos, subchefe de Análise e Acompanhamento de Políticas Públicas Governamentais da Casa
Civil do Governo Federal, em entrevista para Carta Capital. Disponível em http://www.cartacapital.com.br/politica/governo-
federal-quer-uma-unica-lei-para-as- agencias-reguladoras

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 8
o Governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso definiu que para o desenho
institucional das Agências Nacionais de Regulação o quadro de pessoal efetivo
deveria ser regido pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, aprovada pelo
Decreto-Lei nº 5.452 de 1º de maio de 1.943 e legislação trabalhista correlata com
assentamento funcional do trabalhador na forma de Emprego Público. Cargos e
Empregos Públicos são criados por lei e são frutos da necessidade da Administração
Pública de promover serviços essenciais à sociedade brasileira, conforme
estabelecido na Constituição Federal/88. A Lei 9.986/2000 criou os empregos
públicos para exercício exclusivo das Agências Nacionais de Regulação (ANATEL,
ANEEL, ANP, ANVS e ANS) de nível superior e de nível intermediário. O artigo 2º
da Lei 9.986/2000 definiu que o ingresso ao Emprego Público de Regulador e de
Analista de Suporte à Regulação teria como requisito de escolaridade NÍVEL
SUPERIOR, sendo o requisito para Técnico em Regulação e Técnico de Suporte à
Regulação NÍVEL MÉDIO. Abaixo, quadro de pessoal das Agências Nacionais de
Regulação dado pelo ANEXO I da Lei 9.986/2000.

Diante da exclusividade do Estado em executar as atividades de regulação


econômica de setores estratégicos da economia brasileira, disposto no artigo 174
da Constituição Federal/88, o Partido dos Trabalhadores impetrou Ação Direta de
Inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal contra os artigos 1º, 2º e
parágrafo único; 12, § 1º; 13 e parágrafo único; artigo 15; artigo 24, caput e inciso I;
artigo 27; artigos 30 e 33 da Lei 9.986/2000. A ADIN 2310 destinava-se então à

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 9
organização das relações de trabalho 9 entre pessoas naturais e as Agências
Nacionais de Regulação que propunha a Lei 9.986/2000 ao criar o quadro de
pessoal efetivo na forma de Emprego Público.

No processo de análise da ADI 2310, o Pleno do STF determinou que o


contrato de pessoal das Agências Nacionais de Regulação não poderia se dar
mediante contrato temporário, já que não visava garantir uma situação excepcional.
Quando a ADI 2310 ainda estava em andamento (cabe ressaltar que o
reconhecimento do STF foi feito em medida cautelar), o Presidente Lula editou a
Medida Provisória 155/2003, alterando a Lei 9.986/2000, definindo que, a partir
daquele momento, o quadro de pessoal das Agências Nacionais de Regulação seria
formado por Cargo Público, sob regime estatutário. Ocorreu que, mesmo julgado
inconstitucional pelo STF os contratos temporários de pessoal, as Agências
Nacionais de Regulação prorrogaram os contratos temporários de pessoal. O
Tribunal de Contas da União atuou com o Ministério Público Federal pactuando
Termos de Ajuste de Conduta com as Agências Nacionais de Regulação para que
substituíssem os contratos de pessoal temporário por meio da realização de
concurso público para o quadro de pessoal efetivo das Agências.

Se o Estado, conforme o artigo 174 da Constituição Federal/88, exercerá


como agente normativo e regulador a atividade econômica (controle, fiscalização,
incentivo e planejamento), os servidores públicos para consecução da natureza
dessas atividades necessitariam de cargos e carreiras específicas. Em 2004, o
Deputado Federal Luciano Zica (PT-SP) apresentou o Projeto de Lei de Conversão
15 para a Medida Provisória 155/2003, essas proposições foram originárias da Lei
10.871/2004. O Congresso Nacional aprovou a Lei 10.871/2004 e encaminhou para
a sanção presidencial com a finalidade de dispor sobre a criação de carreiras e
organização de cargos efetivos das Agências Nacionais de Regulação.

Na forma que definiu a Lei 10.768/2003, a Lei 10.871/2004 e a Lei


11.292/2006, foram criados os cargos de provimento efetivo do quadro de pessoal
das Agências Nacionais de Regulação, sendo constituído pelos cargos de Analista
e Técnico Administrativo, Especialista e Técnico em Regulação. No conjunto dessas

9
Disponível em http://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/14793809/acao-direta-de-inconstitucionalidade- adi-2310-df-stf

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Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 10
leis, há o detalhamento das atividades de 10 cargos de Especialista em Regulação
e 8 cargos de Técnico em Regulação, cada qual com sua especialidade e vinculação
à respectiva Agência Nacional de Regulação. De outro modo, os cargos de Analista
e Técnico Administrativo foram tratados de forma genérica para desempenharem
atividades administrativas e logísticas e de suporte respectivamente.

Assim, foram criadas 10 carreiras de nível superior e 8 carreiras de nível


intermediário para provimento de cargos na atividade-fim e, 1 carreira de nível
superior e 1 carreira de nível intermediário para provimento de cargos na atividade-
meio das Agências Nacionais de Regulação. Se comparadas as Leis 10.768/2003,
10.871/2004 e 11.292/2006 com a Lei 9.986/2000 houve uma alta especialização da
carreira de REGULADOR que passou a ser dividida em 10 carreiras de
ESPECIALISTA e da carreira de TÉCNICO EM REGULAÇÃO que com as novas leis
se dividiu em 8 carreiras de suporte especializado às atividades desempenhadas
pelos Especialistas.

O conjunto de carreiras e de cargos isolados constitui o quadro de pessoal


efetivo do órgão da Administração Pública independentemente do Poder que integra.
A carreira possui todos os requisitos formais e materiais próprios de sua natureza,
tal como entendido na jurisprudência do STF (ver ADIN 231/1999). E desse modo,
definiu a Lei 10.871/2004 no seu artigo 14 que, para o ingresso nas carreiras do
artigo 1º incisos X ao XVI, XVIII e XX introduzido pela Lei 11.292/2006, o requisito
escolar no concurso público de provas para o preenchimento do efetivo dos cargos
dessas carreiras é o certificado de conclusão do ensino médio.

“X - Suporte à Regulação e Fiscalização de Serviços Públicos de


Telecomunicações, composta de cargos de nível intermediário de Técnico
em Regulação de Serviços Públicos de Telecomunicações, com atribuições
voltadas ao suporte e ao apoio técnico especializado às atividades de
regulação, inspeção, fiscalização e controle da prestação de serviços
públicos e de exploração de mercados nas áreas de telecomunicações, bem
como à implementação de políticas e à realização de estudos e pesquisas
respectivos a essas atividades;

XI - Suporte à Regulação e Fiscalização da Atividade


Cinematográfica e Audiovisual, composta de cargos de nível
intermediário de Técnico em Regulação da Atividade Cinematográfica e

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 11
Audiovisual, com atribuições voltadas ao suporte e ao apoio técnico
especializado às atividades de regulação, inspeção, fiscalização e
controle da legislação relativa à indústria cinematográfica e
videofonográfica, bem como à implementação de políticas e à realização
de estudos e pesquisas respectivos a essas atividades;

XII - Suporte à Regulação e Fiscalização de Petróleo e Derivados,


Álcool Combustível e Gás Natural, composta de cargos de nível
intermediário de Técnico em Regulação de Petróleo e Derivados, Álcool
Combustível e Gás Natural, com atribuições voltadas ao suporte e ao apoio
técnico especializado às atividades de regulação, inspeção, fiscalização e
controle da prospecção petrolífera, da exploração, da comercialização e do
uso de petróleo e derivados, álcool combustível e gás natural, e da
prestação de serviços públicos e produção de combustíveis e de derivados
do petróleo e gás natural, bem como à implementação de políticas e à
realização de estudos e pesquisas respectivos a essas atividades;

XIII - Suporte à Regulação e Fiscalização de Saúde Suplementar,


composta de cargos de nível intermediário de Técnico em Regulação de
Saúde Suplementar, com atribuições voltadas ao suporte e ao apoio técnico
especializado às atividades de regulação, inspeção, fiscalização e controle
da assistência suplementar à Saúde, bem como à implementação de
políticas e à realização de estudos e pesquisas respectivos a essas
atividades;

XIV - Suporte à Regulação e Fiscalização de Serviços de Transportes


Aquaviários, composta de cargos de nível intermediário de Técnico em
Regulação de Serviços de Transportes Aquaviários, com atribuições
voltadas ao suporte e ao apoio técnico especializado às atividades de
regulação, inspeção, fiscalização e controle da prestação de serviços
públicos de transportes aquaviários e portuários, inclusive infra-estrutura,
bem como à implementação de políticas e à realização de estudos e
pesquisas respectivos a essas atividades;

XV - Suporte à Regulação e Fiscalização de Serviços de


Transportes Terrestres, composta de cargos de nível intermediário de
Técnico em Regulação de Serviços de Transportes Terrestres, com
atribuições voltadas ao suporte e ao apoio técnico especializado às
atividades de regulação, inspeção, fiscalização e controle da prestação de
serviços públicos de transportes terrestres, inclusive infra-estrutura, bem

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 12
como à implementação de políticas e à realização de estudos e pesquisas
respectivos a essas atividades;

XVI - Suporte à Regulação e Fiscalização de Locais, Produtos e


Serviços sob Vigilância Sanitária, composta de cargos de nível
intermediário de Técnico em Regulação e Vigilância Sanitária, com
atribuições voltadas ao suporte e ao apoio técnico especializado às
atividades de regulação, inspeção, fiscalização e controle das instalações
físicas, da produção e da comercialização de alimentos, medicamentos e
insumos sanitários, bem como à implementação de políticas e à realização
de estudos e pesquisas respectivos a essas atividades;

(...)

XX - Suporte à Regulação e Fiscalização de Aviação Civil, composta


de cargos de nível intermediário de Técnico em Regulação de Aviação Civil,
com atribuições voltadas ao suporte e ao apoio técnico especializado às
atividades de regulação, inspeção, fiscalização e controle da aviação civil,
dos serviços aéreos, dos serviços auxiliares, da infra-estrutura
aeroportuária civil e dos demais sistemas que compõem a infra-estrutura
aeronáutica, bem como à implementação de políticas e à realização de
estudos e pesquisas respectivos a essas atividades.”

No Direito Administrativo, observa Mello 10, os cargos públicos são as mais


simples unidades indivisíveis de competência a serem expressas por um agente
público, prevista em número certo, com denominação própria, retribuídas por
pessoas jurídicas de direito público e criadas por lei. E os cargos de carreira, como
definiu Meirelles 11, são os cargos que se escalonam em classes, que é o
agrupamento de cargos de mesmo vencimento e atribuições formando-se a
chamada carreira, que se organiza dentro um de agrupamento de classes
superpostas. Em outras palavras, não há possibilidades de concursos públicos para
cargos intermediários de carreira. As carreiras verdadeiras são aquelas cujos
integrantes ingressam na classe inicial, através de um único concurso público, e têm
a perspectiva de alcançar o topo da estrutura. Ressalta-se esse entendimento a

10 Mello, Celso Antonio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo, ed.13, São Paulo: Malheiros, 2001.

11 Meirelles, Hely Lopes, Direito Administrativo Brasileiro, ed. 21ª, São Paulo: Malheiros, 2008

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 13
partir da ementa da ADI 231/1999 do STF: “em uma carreira verdadeira, o ingresso
por concurso público só se faz na classe inicial”.

As Leis 10.871/2004 e 11.292/2006 definiram as atividades e atribuições da


carreira de Técnico em Regulação, estabeleceram o quantitativo de cargos, classes
e padrões para progressão e promoção como também instituíram a forma de
ingresso e o requisito para investidura desses servidores. No que concerne a
execução de atividades e atribuições o texto dessas leis exige um corpo técnico
qualificado, com um alto nível de capacitação e conhecimento dos mercados de
atuação das Agências Nacionais de Regulação. Quer dizer, a própria lei confere às
carreiras dos Técnicos das Agências Nacionais de Regulação atribuições de
execução complexa, executáveis por meio de conhecimento técnico. Ao analisar a
natureza das matérias curriculares do ensino médio, essa qualificação não tem
como ser obtida nas escolas públicas e privadas no Brasil.

A adaptação dos requisitos de ingresso de nível médio para o nível superior


em determinado cargo público não é novidade no ordenamento jurídico brasileiro.

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 14
Diversas carreiras, tanto em âmbito federal quanto estadual, já sofreram tais
alterações sem incidir em nenhuma inconstitucionalidade. Dentre as quais, podemos
citar as mudanças ocorridas nas carreiras de Policial Rodoviário Federal (artigo 58,
§ 1º da lei 11.784/08), Agente da Polícia Federal (artigo 2º da lei 9.266/96) e
Técnico da Receita Federal (artigo 3º da lei 10.593/02), todos cargos de nível
intermediário, tendo como requisito para investidura o certificado de conclusão de
nível médio, que sofreram alterações no requisito de escolaridade para ingresso sem
modificações em suas atribuições. Essas instituições detentoras de atribuições e
competências típicas de Estado, passaram a exigir cada vez mais qualificação dos
candidatos a cargos no setor público.
Cabe destacar que, essas instituições nada mais fizeram do que concretizar
a busca por um serviço público de melhor qualidade, sendo que a qualificação
profissional já começa pela formação acadêmica exigida para a investidura no cargo.
Para isso, foi necessária a elevação do nível profissional a partir do nível de
escolaridade, não só com o diploma de graduação do candidato ao cargo público,
mas, também, com a realização de treinamento técnico profissional específico para
exercer o cargo e atender às exigências de um melhor serviço público desejado pela
sociedade.
Notadamente encontramos desde o Governo Vargas esforços para
qualificação das atividades realizadas pelo serviço público federal e a instituição de
princípios modernos ordenadores da Administração Pública: racionalidade
administrativa; planejamento orçamentário; programas, planos e diretrizes para
realização de metas da política pública; processos decisórios subsidiados por
competência e simetria de informação; sistematização de processos, coordenação
de tarefas e controle de atividades. Exemplo importante de ser observado, é a Lei
5.645/1970 que definiu as diretrizes para a classificação de cargos do serviço civil da
União e das autarquias federais e estabeleceu como requisito a ser observado na
definição dos cargos públicos a importância da atividade a ser exercida pelos
servidores dos órgãos da Administração Pública Direta e Indireta, para o
desenvolvimento nacional, além da sua complexidade e responsabilidade das
atribuições exercidas e qualificações requeridas para o desempenho das atribuições.

Com a criação das Agências Nacionais de Regulação de “primeira geração”


as práticas cotidianas próprias da atividade de controle, fiscalização e regulação

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 15
demonstrou interna e externamente que tarefas e processos realizados por
Técnicos em Regulação são especializadas e totalmente compatíveis com o nível
superior, pois são complexas e necessitam de formação continuada e cada vez mais
especializada numa economia de mercado globalizada.
“É bastante comum que a Administração, verificando que, antes as
responsabilidades do cargo, deve ter o servidor um nível maior de
escolaridade, passe, por isso, a exigir que o candidato ao lugar seja
possuidor de certificado ou diploma correspondente a esse nível. E, de
outra parte, reconhecendo que os servidores que já ocupem os cargos
possuem larga experiência e não devem ser prejudicados, os mantenham
nos cargos, independentemente de não serem detentores de tais diploma
ou certificados, o que passa a ser exigido somente para os novos. (...) Há
cargos, mesmo, para os quais eram exigidos certos diplomas universitários
e, depois, passaram a oferecer possibilidade de ingresso a profissionais de
outro ramo de atividade. (...) Não pode haver maltrato, portanto, aos
princípios resguardados pelo art. 37 da C.F, se a Administração reconhece
ter necessidade de funcionários com maior nível de conhecimentos
específico. (...) Não é demais lembrar, fazendo-se analogia com o que
aconteceu quando várias atividades passaram a profissões,
regulamentadas. Quando assim, ocorria, aqueles que já vinham exercendo
uma determinada atividade obtinham o registro da nova profissão,
independentemente de fazerem o curso correspondente a essa nova
profissão. Assim, vale citar, aconteceu com aqueles que vinham exercendo
atividades de Técnicos de Administração e que, quando foi criada a
profissão regulamentada de Técnico de Administração, obtiveram o
registro, independentemente da realização do curso superior que surgia. O
mesmo aconteceu, há muitos anos, com a profissão de Contador (nível
superior) e de Economista, também nível superior, menção essa que se faz,
apenas como exemplos. Situação semelhante é a que ocorre quando em
uma determinada carreira do Serviço Público passa a ser exigido, para seu
ingresso, um maior nível de escolaridade, sem que daí se acarrete prejuízo
para o antigo servidor, e sem que se possa dizer que ele passou a exercer
um novo cargo.” (Voto do Ministro Aldir Guimarães Passarinho na Ação
Direta de Inconstitucionalidade nº 1561, referente às Leis 8.246/1991 e
8.248/1991)

O que pode ser dado como conhecido nesse momento, é que a exigência
da qualificação de nível superior para os cargos exercidos por servidores públicos
estende-se por várias categorias nas quais antes predominava o nível médio, tais
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 16
como Bombeiros e Policiais Militares do Governo do Distrito Federal, Policiais
Rodoviários Federais, Agentes da Polícia Federal, Técnicos da Receita Federal,
Oficiais de Chancelaria do Ministério das Relações Exteriores, Técnicos da Receita
do Estado do Rio Grande do Sul, Agentes Universitários nas Instituições Federais e
Estaduais de Ensino Superior, Oficial de Justiça Avaliador do Estado do Ceará.
Outro fato conhecido, dado pela insuficiência do certificado de conclusão de
ensino médio para o exercício de atividades de carreiras e cargos de nível
intermediário, é a Resolução nº 48/2007 do Conselho Nacional de Justiça. A
resolução determina que os Tribunais de Justiça de todo o país exijam, nos
concursos públicos, nível superior para o cargo de Oficial de Justiça.
Levantamento 12 feito mostra que em 12 estados ainda é exigido nível médio
de escolaridade. A maioria desses Tribunais de Justiça informou que está tomando
providências para que nos próximos concursos para o cargo seja exigido nível
superior.

Ainda no âmbito do Poder Judiciário, em 2014, o movimento dos Técnicos


Judiciários pela mudança do requisito para ingresso na carreira (nível médio para
nível superior) realizou o primeiro evento específico para a valorização do cargo de
Técnico Judiciário. O evento ocorreu em Florianópolis e contou com o apoio do
Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário Federal no Estado de Santa
Catarina - SINTRAJUSC como um dos primeiros Sindicatos da base da Federação
Nacional dos Trabalhadores da Judiciário Federal e do Ministério Público da União -
FENAJUFE para realização da atividade. O movimento dos Técnicos Judiciários é
organizado pelo Coletivo Nacional dos Técnicos Judiciários e conta com o Grupo de
Trabalho de Carreira da FENAJUFE. O movimento conta também com o apoio do
Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário e do Ministério Público da União no
Distrito Federal - SINDJUS que decidiu juntamente com Sindicato Nacional dos
Servidores do Ministério Público da União e do Conselho Nacional do Ministério
Público - SINASEMPU aprovar a petição pública de alteração do requisito de
ingresso na carreira de Técnico Judiciário.

Já no Poder Legislativo, a alteração do requisito de ingresso para o cargo

12 Disponível em http://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/2078269/apesar-de-resolucao-estados-ainda-exigem-nivel-medio-para-
oficial-de-justica

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 17
de Técnico Legislativo da Câmara dos Deputados é uma das bandeiras
reivindicatórias do Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal e do
Tribunal de Contas da União - SINDILEGIS. Como argumento para mudança do
requisito de ingresso na carreira, os Técnicos Legislativos da Câmara dos
Deputados sustentam que dentre suas atribuições realizam processamento de
feitos; análise e pesquisa de legislação, doutrina e jurisprudência nos vários ramos
do conhecimento e em todas as etapas do processo legislativo, além da elaboração
de pareceres legislativos e jurídicos; atividades de planejamento; organização;
coordenação; supervisão técnica; assessoramento; estudo; pesquisa; informações
e execução de tarefas de elevado grau de complexidade.

O movimento de alteração do requisito de ingresso nos cargos Técnicos do


Judiciário e do Legislativo encontra reciprocidade reivindicatória no Poder Executivo.
Os servidores da carreira de Técnico do Banco Central, representados pelo
Sindicato Nacional dos Técnicos do Banco Central - SINTBACEN, realizou 4
paralizações durante o ano de 2014 tendo como pauta única dessas atividades de
mobilização, a mudança de requisito de nível médio para nível superior na
carreira de Técnico. Para o SINTBACEN, a mudança é necessária já que a carreira
desempenha atribuições estratégicas para o Banco Central.

Em dezembro de 2005, a Ministra-Chefe da Casa Civil e atual Presidenta da


República, Dilma Rousseff, encaminhou a Exposição de Motivos 579 ao Presidente
Lula que por sua vez apresentou a Medida Provisória 269 ao Congresso Nacional
para a criação da Agência Nacional de Aviação Civil - ANAC. Dentre os elementos
editados pela EMI 579/2005, o item 16 foi suficientemente explicito ao caracterizar a
natureza da atividade regulatória como atividade típica de Estado integrante do Ciclo
de Gestão de modo a promover unicamente a valorização do quadro de pessoal das
Agências Nacionais de Regulação.

EMI Nº 579 /MD/MRE/MDIC/MS/MF/MP/C. Civil-PR/GSI-PR

16. O artigo 3º estabelece, ainda, alteração ao art. 16 da Lei nº 10.871, de


2004, a fim de promover majoração da gratificação das carreiras das
agências reguladoras, que se faz necessária, em caráter urgente, a fim de
assegurar melhores condições para que as mesmas possam constituir seu
Quadro de Pessoal efetivo. Assim, aproveitando o ensejo da alteração da
Lei nº 10.871, de 2004, para criar os cargos efetivos da ANAC, estamos

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 18
propondo a correção da remuneração dos cargos de Especialistas em
Regulação e de Suporte à Regulação e Fiscalização de todas as Agências
Reguladoras, objetivando equiparar a remuneração dessas carreiras à das
carreiras que constituem o Ciclo de Gestão, adotada como parâmetro
remuneratório, quando da criação das carreiras das Agências Reguladoras,
cumprindo compromisso do Governo, por meio da elevação do percentual
da Gratificação de Desempenho de Atividade de Regulação, de 35 para
75%. Além disso, na forma do art. 4º, propõe-se, mediante a inclusão dos
art. 20-A a 20-D na Lei nº 10.871, de 2004, a criação da Gratificação de
Desempenho de Atividade Técnico-Administrativa em Regulação –
GDATR, no percentual de até 35%, devida aos cargos de Analista e Técnico
Administrativo. Com ambas as medidas, busca-se a elevação da
remuneração dos cargos efetivos de Carreiras das Agências Reguladoras,
de modo a promover-se a valorização do seu corpo funcional, ora em fase
de constituição.

Desde então, nota-se que a atividade de controle, fiscalização, incentivo e


regulação realizadas pelas Agências Nacionais de Regulação buscou aprimorar-se
frente aos desafios inerentes às atribuições do quadro de pessoal seja nas ações
promovidas pelo Programa de Fortalecimento da Capacidade Institucional para
Gestão em Regulação - PROREG seja nas ações de capacitação realizadas pelas
próprias Agências Nacionais de Regulação. Isso porque o cumprimento dos
objetivos estratégicos e o alcance da missão institucional para o desenvolvimento
sustentável da economia brasileira, no que concerne ao papel das Agências
Nacionais de Regulação, depende diretamente da gestão qualificada do quadro de
pessoal, merecendo atenção especial a escolaridade e a formação especializada.

O Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação


- SINAGÊNCIAS realizou em 2013 o Congresso Extraordinário Estatutário 13. O
congresso sindical contou com a participação de diversas autoridades, dentre essas,
Jadir Dias Proença, Coordenador do Programa de Fortalecimento da Capacidade
Institucional para Gestão em Regulação - PROREG, que foi enfático em sua
apresentação ao dizer que “pouca atenção tem sido dada à área de regulação e que
há necessidade de melhorar a qualidade regulatória, dos processos e instituições
regulatórias. (...) a má regulação tem um custo. Em última análise, diminui a atividade

13Disponível em https://sinagencias.org.br/comunicacoes/boletins-informativos/consag-extraordinario-estatutario-e-aberto-
com-palestra-sobre-o-proreg/

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 19
econômica, a criação de riqueza e o crescimento econômico. (...) o SINAGÊNCIAS
pode oxigenar todos esses processos, pois tem força para levar essa reflexão
à sociedade e ao Governo”.

No Congresso Extraordinário Estatutário realizado em 2013, apesar do


objetivo central do congresso sindical ter sido o debate do Estatuto da entidade,
alguns itens da pauta de negociação foram debatidos, em específico para esse
documento, a aprovação da proposta de mudança de requisito de nível médio
para nível superior para ingresso na carreira de Técnico em Regulação. Da
mesma forma, no III Congresso Sindical em 2014 foi aprovada pelos delegados
sindicais em Assembleia a alteração do requisito de ingresso nas carreiras de nível
intermediário das Agências Nacionais de Regulação para nível superior.

As deliberações do Congresso Extraordinário/2013 e do Congresso


Sindical/2014 do SINAGÊNCIAS foram introduzidas na pauta de negociação do
Sindicato que apresentou à Secretaria de Relações do Trabalho do Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão - SRT/MPOG, dentre outros temas
reivindicatórios, o pleito dos servidores da carreira de Técnico em Regulação
que consiste na alteração do requisito de ingresso nas carreiras.

Cabe destacar que a pauta reivindicatória, no seu conjunto, tem sido


trabalhada politicamente pelo SINAGÊNCIAS dentro de diferentes esferas do Poder
Público Federal, desde a Casa Civil passando pelo Congresso Nacional e demais
interlocutores que mantém acesso direto ao Núcleo Estratégico do Governo do
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Com a assinatura do Acordo de Negociação entre o SINAGÊNCIAS e a


SRT/MPOG para o período de 2013-2015, foi pactuada a criação de um Grupo de
Trabalho. O GT, formado por representantes do SINAGÊNCIAS e da SRT/MPOG,
se reuniu 14 durante o primeiro semestre de 2014 para redefinição do desenho das
carreiras que integram as Leis 10.768/2003, 10.871/2004 e 11.292/2006 e do quadro
específico das Agências Nacionais de Regulação. A SRT/MPOG apresentou

14Disponível em https://sinagencias.org.br/comunicacoes/boletins-informativos/srtmpog-sinagencias-formaliza-ponderacoes-
sobre-modernizacao-da-carreira-da-regulacao-ao-governo/

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 20
Relatório 15 datado de 29 de abril de 2014, que entre outras ponderações, diz que “a
definição da proporção do salário do cargo de nível intermediário em relação ao
salário do cargo de nível superior é inadequada na medida em que a fixação dos
salários decorre fundamentalmente da natureza e complexidade das atribuições dos
cargos.”

Ao longo dos quase vinte anos da entrada em vigor da Lei nº 10.871/2004,


os Técnicos em Regulação serviram ao país e ao povo brasileiro onde fosse preciso,
exercendo atividades técnicas especializadas, inclusive de alta complexidade, não
só nas fiscalizações e na construção do ambiente regulatório nacional, mas também
ocupando espaços de liderança e decisão das agências nacionais de regulação,
como mostraremos a seguir.

Informações sobre a atuação dos Técnicos em Regulação das Agências


Nacionais de Regulação.

Dados Oficiais

Em consulta aos dados do Portal Transparência relativos ao mês de janeiro de


2024, compilamos os dados da presença dos Técnicos em Regulação nas Agências
Nacionais de Regulação.
Distribuição dos Técnicos em Regulação pelas Agências Nacionais de
Regulação. Servidores ativos.
Agência Técnicos em Todos os Percentual da força
Reguladora Regulação servidores de trabalho.
ANAC 239 1.241 19,3%
ANATEL 344 1.284 26,8%
ANCINE 56 326 17,2%
ANP 36 670 5,4%
ANS 74 611 12,1%
ANTAQ 84 345 24,3%
ANTT 499 953 52,4%
ANVISA 92 1.462 4,3%
T O T A L: 1.424 6.892 20,7% 16

15 Disponível em http://www.sinagencias.org.br/conteudo_arquivo/010415_958876.pdf

16 Quando se consideram as agências que não possuem técnicos em regulação nos seus quadros, o percentual fica em
16,9% da força de trabalho.

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 21
Outro dado que é importante mencionarmos é a ocupação das vagas previstas
na lei de criação do quadro próprio das agências nacionais de regulação.

Agência Cargos Ocupados Cargos Previstos Percentual de


Reguladora em Lei Ocupação
ANAC 239 394 60,7%
ANATEL 344 485 70,9%
ANCINE 56 64 87,5%
ANP 36 50 72,0%
ANS 74 94 78,7%
ANTAQ 84 130 64,6%
ANTT 499 860 58,0%
ANVISA 92 100 92,0%
T O T A L: 1.424 2.177 65,4%

A seguir, a distribuição dos Técnicos em Regulação das Agências Nacionais


de Regulação de acordo com as classes e padrões de carreira.

CLASSE PADRÃO ANAC ANATEL ANTT ANVISA ANP ANS ANCINE ANTAQ TOTAL %
III 143 320 380 0 17 32 10 37 939 65,9%
S II 11 5 25 0 5 4 5 1 56 3,9%
I 19 2 40 0 4 0 13 1 79 5,5%
V 15 2 23 72 0 6 17 0 135 9,5%
IV 7 10 11 10 0 0 6 34 78 5,5%
B III 25 2 10 4 0 3 1 5 50 3,5%
II 16 2 4 1 6 20 2 3 54 3,8%
I 3 0 1 1 1 9 1 1 17 1,2%
V 0 1 5 3 3 0 1 1 14 1,0%
IV 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0,1%
A III 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,0%
II 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0,1%
I 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,0%

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 22
Importante também observar a ocupação e distribuição da ocupação dos
cargos em comissão pelos técnicos em regulação nas agências nacionais de
regulação.
Cargos em Comissão ANAC ANATEL ANCINE ANP ANS ANTAQ ANTT ANVISA TOTAL
Cargo Comissionado 0 0 0 0 0 2 0 4 6
de Técnico I (CCT I)
Cargo Comissionado 1 0 0 0 2 0 0 4 7
de Técnico II (CCT II)
Cargo Comissionado 5 24 0 8 4 7 29 7 84
de Técnico III (CCT III)
Cargo Comissionado 20 36 6 2 6 4 25 6 105
de Técnico IV (CCT IV)
Cargo Comissionado 4 5 9 4 2 2 32 4 62
de Técnico V (CCT V)
Cargo Comissionado 0 0 0 0 0 1 3 0 4
de Gerência Executiva I
(CGE I)
Cargo Comissionado 0 2 0 1 0 0 5 0 8
de Gerência Executiva
II (CGE II)
Cargo Comissionado 2 0 0 0 0 0 0 0 2
de Gerência Executiva
III (CGE III)
Cargo Comissionado 4 0 3 1 0 2 1 0 11
de Gerência Executiva
IV (CGE IV)
Cargo Comissionado 0 0 1 0 0 0 0 0 1
de Assistência (CA I)
Outros Cargos em 2 0 0 0 0 2 2 0 6
Comissão 17

TOTAL: 38 67 19 16 14 20 97 25 296

Observando as agências reguladoras que possuem técnicos em regulação em


seus quadros, estes ocupam 13,4% dos cargos em comissão 18.

17 Os outros cargos em comissão apontados se referem a servidores cedidos/requisitados que se encontram fora de sua
lotação original.

18Ao se considerar todas as agências, inclusive as que não possuem técnicos em regulação em seus quadros, a ocupação
dos cargos em comissão totaliza 8,9%.

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 23
4.2. Do levantamento de dados estruturados

Não se pode traçar um panorama de um quadro de trabalhadores e falar


sobre o que eles fazem sem, efetivamente, questioná-los a respeito. Antes dessa
ação, era preciso reunir todos esses servidores (ou o máximo de pessoas possível,
abrangendo todas as agências onde existem técnicos em regulação) em um mesmo
espaço para questionamentos e debates.
Isso foi feito por meio da criação de um grupo no aplicativo WhatsApp. O
grupo foi denominado de “Técnicos em Regulação das Agências Reguladoras
Federais”.
Depois, para entender efetivamente a realidade global dos TREG, foram
criados formulários estruturados com perguntas específicas, sendo o que trata das
atividades laborais cotidianas obteve a adesão e o preenchimento por 9,97% (142
servidores) de todos os servidores ativos ocupantes do cargo em questão.
Lembramos que a coleta de dados continuará após a conclusão desta versão do
documento.
Dessa forma, os dados foram coletados do grupo “Técnicos em Regulação
das Agências Reguladoras Federais” (no WhatsApp); até o início da tarde do dia
27/02/2024, já superava a marca de trezentos integrantes.

4.3. Do nível de conhecimento e habilidades dos TREG

Conforme destacado, a alteração do requisito de entrada de Nível


Intermediário para Nível Superior para o cargo de TREG resta consolidada no
documento entregue ao MGI. Isso se justifica, além das características das atividades
executadas, pela constante busca por mais conhecimento e capacitação por parte
dos TREG para que o trabalho finalístico da regulação seja feito com o nível de
excelência que se observa atualmente.
Hoje, nas agências reguladoras federais, no recorte realizado, cerca de 86%
dos TREG possuem curso superior, perto de 46% já são pós-graduados, e destes,
aproximadamente de 35% possuem especialização, cerca de 10% possuem
mestrado e cerca de 1% possui doutorado.

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 24
Outro dado relevante constatado na pesquisa é que 53,5% dos que
responderam à pesquisa declaram possuir curso técnico, técnico-profissionalizante
ou obteve licença/certificação relevante profissional para a atividade que exerce.
Detalhamento Escolaridade servidores ocupantes dos cargos de Técnico em
Regulação.

Escolaridade %
Ensino superior incompleto 19 12,7
Ensino superior completo 85,9
Pós-graduação completo (Lato sensu) 35,2
Mestrado 9,9
Doutorado 0,7

Também é relevante o percentual de TREG com Cursos Técnicos e cursos


de formação profissional. Muitos destes cursos são relevantes para atuação das
agências, como cursos de pilotos de aeronave comerciais e curso de mecânico de
aeronaves, técnicos em telecomunicações que atuam na Anatel, profissionais,
técnicos habilitados e experientes que especificamente atuam em atividades
finalísticas das agências as quais estão lotados. É comum que esses profissionais
concomitantemente utilizem conhecimentos em áreas diferentes, aliando
conhecimentos destes cursos técnicos aliados com conhecimentos de nível superior
em benefício da sociedade. Por exemplo, em um momento o técnico utiliza seus
conhecimentos técnicos em telecomunicações na inspeção de instalações técnicas
de uma empresa de telefonia celular, eu outro momento o mesmo técnico em
regulação na mesma agência avalia documentos contábeis da referida empresa
atuando, por vezes, em funções multidisciplinares.
Importa destacar que os concursos para os cargos de Técnico em Regulação
realizados pelas agências exigem conhecimentos técnicos específicos, não
disponíveis em cursos de nível médio, o que torna praticamente impossível um
candidato de nível médio sem formação profissional conseguir o número mínimo de
pontos necessários.
Também, muitos dos servidores que ingressaram com esse requisito
buscaram mais conhecimento, graduando-se e avançando ainda mais com pós-

19Observou-se na pesquisa que vários dos proponentes assinalaram as opções de “Ensino Superior Incompleto” e “Ensino
Superior Completo”, o que entendemos que estes possuem um segundo curso de graduação em andamento ou incompleto.

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 25
graduações na aquisição de mais conhecimento e habilidades para melhor execução
das tarefas, como já mostrado no item anterior.
E mesmo os TREG aprovados no concurso somente com nível médio
realizaram cursos para melhor desempenharam suas atividades. Isso denota que,
seja por iniciativa própria, seja por incentivo da agência, os TREG sempre buscam
aprimorar os conhecimentos e habilidades, sempre em prol da excelência do serviço
prestado à sociedade.
Portanto, é notório o alto nível do corpo de servidores técnicos atuantes nas
agências.

4.4. Das atividades executadas pelos TREG nas agências

Na esteira dos argumentos acima apresentados, e com base no formulário


“Mapeamento das atividades desempenhadas”, é de suma importância demonstrar
quais as atividades atualmente executadas pelos TREG. Do rol de atividades
destacadas, conforme abaixo, notamos que grande parte delas possui relevância,
abrangendo muitos elementos de abstração e análise, e, ainda, trazendo exposição
a riscos inerentes às ações executadas.

Senão vejamos.

4.4.1. Agência Nacional de Aviação Civil - ANAC

No âmbito da ANAC, são executadas atividades compostas por diversas


etapas, todas relevantes e críticas, pois estão diretamente ligadas a situações
técnicas de aeronaves e processos de engenharia para certificação de produtos
aeronáuticos e consequentemente diretamente ligadas à segurança de voo.
Segurança dos consumidores dos serviços aéreos ofertados pelas empresas
reguladas, bem como da sociedade em geral que esta involuntariamente exposta ao
risco inerente do uso do espaço aéreo nacional.
Assim, cabe a todos os envolvidos nos processos de emissão de Certificados
de Aeronavegabilidade uma plena consciência das responsabilidades envolvidas na
elaboração de laudos e pareceres que são premissas fundamentais para que tais
certificados sejam emitidos.
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 26
Liberar uma aeronave para voo é uma tarefa CRÍTICA. E nesse cenário, os
TREG da ANAC estão inseridos no processo através da realização das vistorias, onde
devem dominar o conhecimento sobre os inúmeros sistemas que compõem uma
aeronave, como Estruturas, Sistemas Elétrico-Eletrônicos, de Combustível,
Hidráulicos, Comandos de Voo, Interiores, Instrumentos, dentre tantos. Cabe ao
TREG olhar para estes sistemas, entendê-los, verificar seu bom funcionamento e,
principalmente, perceber se há algo errado na aeronave. A certificação aeronáutica é
um campo dominado por poucos países e o Brasil, através da ANAC, é reconhecido
internacionalmente como detentor de tal conhecimento. Certificações nacionais são
reconhecidas e convalidadas pelas maiores autoridades mundiais como FAA, TCCA
e EASA. Os técnicos em regulação têm responsabilidades em diversas atividades de
certificação nas campanhas de ensaio. Além de atuarem em atividades que geram
diretamente divisas para o país como as vistorias obrigatórias para emissão de
certificado de cada aeronave nova que sai de fábrica nacional como a EMBRAER.
Antes de serem exportadas cada aeronave tem sua documentação e inspeção física
verificada, sendo a responsabilidade final por essa etapa de um técnico em regulação.
De outro lado, há também a verificação documental dos registros de produção e
manutenção das aeronaves, com base nos manuais de fabricantes, momento esse
tão importante quanto a verificação técnica na aeronave, pois é o momento em que
se verifica se ela foi devidamente mantida em conformidade com o projeto e manteve
uma condição segura de voo durante sua vida em serviço.
Pensar nesse contexto com uma infinidade de modelos diferentes no
mercado, com variadas modalidades de certificação, desde pequenas de transporte
privado, até as grandes aeronaves de transporte regular, há de se entender a
importância imensurável dos TREG no sistema de aviação civil vigente. Os trabalhos
são estritamente ligados à Segurança de Voo, sendo um requisito de interesse social
coletivo de grande apelo ao bem-estar dos usuários passageiros e pessoas em solo.
Ainda falando em ANAC, a atividade de certificação de aeroportos envolve a
análise e alteração do Manual de Operações do Aeródromo (MOPS) no processo de
Certificação de Aeródromos. O processo de certificação operacional de aeroporto,
significa emitir um documento, onde a ANAC autoriza o detentor a operar o referido
aeroporto conforme o Manual supramencionado nos termos da aprovação pela
agência, neste processo são identificados os serviços aéreos autorizados e avaliadas
as especificações operativas necessárias.
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 27
As especificações operativas são um conjunto de informações que
caracterizam o tipo de operação que pode ser conduzida no aeródromo, considerando
a infraestrutura disponível e os procedimentos estabelecidos no seu manual, bem
como essas especificações definem as restrições de uso do aeródromo.
Neste tipo de atividade, a ANAC utiliza o conhecimento dos TREG para
analisar e emitir Notas Técnicas sobre os impactos operacionais das alterações
propostas pelos operadores de aeródromos. Nestas análises os técnicos avaliam com
base nos regulamentos aprovados pela agência a viabilidade ou não de se modificar
a infraestrutura aeroportuária levando em consideração o risco à segurança
operacional da utilização de aeronaves de passageiros.
Já falando em Avaliação de riscos de Segurança contra Atos de Interferência
Ilícita (AVSEC) para operadores aeroportuários e aéreos, esta compreende a
identificação das vulnerabilidades e dos níveis de ameaças, bem como a avaliação,
o controle e a mitigação dos riscos, associados às operações de aeródromos e
empresas aéreas. O objetivo de utilizar essa metodologia é identificar operadores com
maior risco relacionado à AVSEC, e assim priorizar atividades e medidas mitigatórias.
O processo de elaboração de um relatório “Avaliação de Riscos AVSEC para
Operadores Aeroportuários” consiste na descrição por etapas de uma análise de risco
potencial e específico para operadores aeroportuários, permitindo que os setores
responsáveis da agência possam planejar e classificar operadores com maior grau
de risco, de forma eficiente.
Esse processo é feito trimestralmente ou quando tiver “informação de ameaça
recebida”. Neste tipo de atividade a ANAC utiliza o conhecimento dos TREG para a
realizar a análise das informações de risco associadas à AVSEC, tratar com base no
conhecimento dos eventos críticos nacionais e no banco de dados de informações
sensíveis, logo em seguida o analista deve enviar um relatório às autoridades
competentes e aos próprios interessados (operadores de aeródromos e aéreos).
Há que se falar, ainda, na fiscalização de natureza de Ação Fiscal, que é
distinta da Vigilância Continuada, feita pelos TREG; aquela foca apurar denúncias e
em coibir ilícitos por meio dos recursos de aviação civil tais como, mas não limitados
a esses, tráfico de drogas utilizando o modal aéreo, manutenção clandestina (MACA)
e táxi aéreo clandestino (TACA). Tais operações normalmente exigem coordenação
com outros órgãos tais como, Receita Federal do Brasil e departamentos de Polícia

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 28
Federal, Civil e Militar. Estas fiscalizações são de alto risco e exposição para o
servidor executante.
Também é importante citar a atividade de análise e julgamento de processos
de autos de infração em quaisquer instâncias de julgamento - Processos
Administrativos Sancionadores: em todos os casos, há designação expressa dos
TREG para a execução dessa tarefa, por vezes, pela diretoria. Atividades de
Inteligência e Contrainteligência, na ANAC, produzem conhecimento para fornecer
suporte às decisões superiores estratégicas pertinentes à Aviação Civil, proteção de
conhecimento sensível, suporte na apuração de denúncias. Da mesma forma, os
TREG participam da elaboração de subsídios técnico-jurídicos para defesa judicial da
ANAC por meio de notas técnicas analíticas, estudos técnicos para subsidiar
processos de alteração normativa da agência e elaboração de consultas técnico-
jurídicas à procuradoria para subsidiar atividade-fim da agência.
Outras atividades podem ser citadas, no âmbito da ANAC, executada pelos
TREG: realização de avaliação de proficiência de pilotos e examinadores, que requer
emissão de laudo (Ficha de Avaliação de Piloto - FAP); avaliação e emissão da Ficha
de Avaliação de Mecânico de Manutenção Aeronáutica - FAMMA, instrução OJT para
novos servidores; liderança de equipes em diversas atividades de certificação de
empresas/escolas de aviação e atividades de apuração de irregularidades/denúncias
ou fiscalizações programadas (rampas).
Por derradeiro, porém não menos importante, pelo contrário, os Técnicos em
Regulação da Anac produzem conhecimento técnico científico de Regulação na
respectiva área de atuação.

EXPOSIÇÃO E NÍVEL DE RISCO

As atividades com exposição a risco desempenhadas pelos Técnicos em


Regulação da ANAC envolvem:

A abordagem e fiscalização de agentes regulados clandestinos,


especialmente em relação a oficinas e operadores aéreos com envolvimento com
crimes ambientais e tráfico de drogas. A atuação se estende a aeródromos
cadastrados e não cadastrados, incluindo ilegais, para cumprimento de ordens de
apreensão de peças aeronáuticas e interdição de aeronaves em condição irregular de
uso.
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 29
Fiscalizações realizadas em conjunto com órgãos de segurança (polícia civil,
polícia federal, força nacional, Polícia Militar, IBAMA, Forças Armadas, entre outros),
para repressão de ilícitos. As ações incluem tráfico de drogas crimes ambientais em
região de garimpo, hangares de manutenção de aeronaves clandestinos, entre outros.

Destacam-se também fiscalizações em ambientes operacionais de


aeroportos, com longas jornadas em ambientes insalubres como ruídos elevados,
produtos químicos como combustíveis, artigos classificados como perigosos e o
perigo do tráfego de Aeronaves.

O julgamento de casos atrelados ao tráfico de drogas, ao garimpo ilegal, a


crimes ambientais e outras atividades ilegais atrai atenção para os servidores,
submetendo-os à possibilidade de ameaças, agressões e risco pessoal.

4.4.2. Agência Nacional de Telecomunicações – ANATEL

A lei 10.871/2004 dispôs sobre a criação de carreiras e organização de cargos


efetivos das autarquias especiais denominadas Agências Reguladoras, além de
outras providências que regulamenta a carreira das agências reguladoras. A lei foi
publicada em 20 de maio de 2004 e prestes a completar 20 (vinte) anos de sua
publicação mantém seu caráter inovador e define regras básicas de funcionamento
das agências nos ativos nacionais mais caros à soberania de cada nação. No tocante
a Anatel, agência da qual componho o quadro de Técnico em Regulação de Serviços
Públicos em Telecomunicações, podemos destacar que toda a estrutura da “internet”
nos dias de hoje é regulada de forma direta [serviço móvel pessoal (celulares ou
smartphones), comunicação via satélite, redes de transmissões de internet com links
micro-ondas, etc.] ou indireta [as fibras ópticas utilizadas nos links de internet
cabeadas devem ser produzidas respeitando aspectos técnicos definidos e
certificados pela Anatel, ou seja, para que a internet cabeada chegue às residências,
a agência deve certificar o cumprimento de requisitos mínimos de fabricação dos
cabos] pela Agência Nacional de Telecomunicações.

A Anatel detém em seu corpo de servidores todos os quatro cargos definidos


na lei 10.871/2004. Assim sendo, temos:

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 30
• Regulação e Fiscalização de Serviços Públicos de
Telecomunicações – composta de cargos de nível superior de
Especialista em Regulação de Serviços Públicos de
Telecomunicações, com atribuições voltadas às atividades
especializadas de regulação, inspeção, fiscalização e controle da
prestação de serviços públicos e de exploração de mercados nas
áreas de telecomunicações, bem como à implementação de
políticas e à realização de estudos e pesquisas respectivos a essas
atividades;

• Suporte Técnico em Regulação de Serviços Públicos em


Telecomunicações –composta de cargos de nível intermediário de
Técnico em Regulação de Serviços Públicos de
Telecomunicações, com atribuições voltadas ao suporte e ao apoio
técnico especializado às atividades de regulação, inspeção,
fiscalização e controle da prestação de serviços públicos e de
exploração de mercados nas áreas de telecomunicações, bem
como à implementação de políticas e à realização de estudos e
pesquisas respectivos a essas atividades;

• Analista Administrativo – composta de cargos de nível superior


de Analista Administrativo, com atribuições voltadas para o
exercício de atividades administrativas e logísticas relativas ao
exercício das competências constitucionais e legais a cargo das
autarquias especiais denominadas Agências Reguladoras;

• Técnico Administrativo – composta de cargos de nível


intermediário de Técnico Administrativo, com atribuições voltadas
para o exercício de atividades administrativas e logísticas de nível
intermediário relativas ao exercício das competências
constitucionais e legais a cargo das autarquias especiais
denominadas Agências Reguladoras.

Quanto à finalidade dos cargos dentro das agências reguladoras, podemos


dizer que os cargos são divididos por dois tipos de atribuições:

voltadas ao exercício de atividades administrativas e as atividades logísticas.


As atividades administrativas e logísticas podem exigir:

• um nível superior de conhecimento (Analista Administrativo –


com formação contábil, jurídica, estatística, atuarial, etc.); ou
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 31
• um nível intermediário de conhecimento (Técnico Administrativo
– o antigo ensino médio).

• voltadas ao exercício de atividades de regulação, inspeção,


fiscalização e controle da prestação de serviços públicos e de exploração de
mercados nas áreas de telecomunicações. As atividades finalísticas podem
exigir:

• um nível superior de conhecimento (Especialista em Regulação


– com formação contábil, jurídica, engenharia civil, engenharia elétrica,
engenharia mecânica, engenharia em telecomunicações, engenharia de rede,
etc.) para o exercício de atividades especializadas; ou

• um nível intermediário de conhecimento (Técnico em Regulação


– o antigo ensino médio) para o exercício de atividades voltadas ao suporte e
ao apoio técnico as atividades especializadas realizadas pelos Especialistas
em Regulação.

Na falta de uma regulamentação expressa/escrita dentro da Anatel temos que


nos cercar da analogia de outras normas, para que possamos ter uma ideia das
atribuições inerentes aos cargos de nível superior e de nível intermediário.
Aplicaremos a Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966, para entendermos de forma
prática - dentro da Anatel - o que é atividade especializada em regulação (inerente ao
Especialista em Regulação) e o que é uma atividade de suporte e apoio (inerente ao
Técnico em Regulação) ao exercício da atividade especializada.

Na “Seção IV do Capítulo I” da Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966,


estão definidas as atribuições profissionais e coordenação das atividades profissionais
dos Engenheiros (equivalente aos Especialistas), estando relacionadas (nos artigos
7º ao 16 da norma) diversas atividades especializadas, ou seja, atividades que só
deveriam ser executadas por Especialistas em Regulação, mas que na prática são
executadas pelos Técnicos em Regulação.... o que demonstra claramente que os
Técnicos em Regulação exercem perfil de natureza técnica especializada das
atividades regulatórias, além das atividades inerentes ao exercício do poder de polícia
administrativa do Estado.

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 32
Art. 7º As atividades e atribuições profissionais do engenheiro, do
arquiteto e do engenheiro-agrônomo consistem em:

a) desempenho de cargos, funções e comissões em entidades


estatais, paraestatais, autárquicas, de economia mista e privada;

b) planejamento ou projeto, em geral, de regiões, zonas, cidades,


obras, estruturas, transportes, explorações de recursos naturais e
desenvolvimento da produção industrial e agropecuária;

c) estudos, projetos, análises, avaliações, vistorias, perícias,


pareceres e divulgação técnica;

d) ensino, pesquisas, experimentação e ensaios;

e) fiscalização de obras e serviços técnicos;

f) direção de obras e serviços técnicos;

g) execução de obras e serviços técnicos;

h) produção técnica especializada, industrial ou agropecuária.

Parágrafo único. Os engenheiros, arquitetos e engenheiros-


agrônomos poderão exercer qualquer outra atividade que, por sua
natureza, se inclua no âmbito de suas profissões.

As atividades sublinhadas são todas aquelas que são realizadas por


Especialistas em Regulação e por Técnicos em Regulação, de forma indiscriminada,
dentro da Anatel. Todavia, por analogia e de acordo com a norma do CREA, apenas
os Especialistas deveriam executá-las. O que ocorre na prática é que os Técnicos em
Regulação, no exercício de suas funções, devem deter conhecimento técnico e
expertises superiores aos conhecimentos inerentes de quem detém apenas o nível
médio. Assim, fica claro, que o Técnico em Regulação da Anatel desempenha clara
atividade técnica especializada.

O Técnico em regulação de forma rotineira planeja, executa e conclui


atividades de fiscalização bem como é responsável pessoalmente pela adoção de
medidas cautelares como interrupções de estações de telecomunicações, lacração e
ou apreensão de equipamentos.

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 33
O tratamento de interferências com risco a vida faz parte do trabalho do
Técnico em Regulação! Se refere a degradação no uso de radiofrequências utilizadas
na comunicação entre aeronaves e torres de controle dos principais aeroportos do
país, o que coloca em risco todo o sistema de transporte aéreo regular. Em São Paulo,
estas demandas são tratadas por técnicos em regulação;

Existem inúmeros aspectos a serem fiscalizados, desde apuração de


denúncias de rádio interferência, sendo algumas com potencial risco à vida, como
interferências contra equipamentos de comunicações de aeronaves, até
acompanhamento de parâmetros técnicos de concessões de telecomunicações.

Faremos duas seções, a primeira demonstrando o perfil técnico das


atividades e o segundo demonstrando o perfil de risco e exposição.

Podemos mencionar as fiscalizações técnicas de serviços de Radiodifusão,


são atividades técnicas de natureza especializada, que possuem alta relevância e
requerem um nível de conhecimento técnico que vai muito além do mero
conhecimento normativo. Essas tarefas exigem treinamento e conhecimento
específico para utilização e interpretação correta de dados obtidos de sofisticados
equipamentos de medição e análise de parâmetros técnicos avançados. Alguns
exemplos de tarefas desempenhadas na área de Telecomunicações:

I - Emissão de Laudos de Vistoria Técnica em estações de Serviços


de Radiodifusão e Telecomunicações.

II - Verificação do cumprimento dos compromissos de abrangência


e da área de cobertura do Serviço Móvel Pessoal (telefonia celular).

III - Avaliação de níveis de intensidade de campo elétrico e


magnético para verificação de atendimento aos limites de
exposição, tanto para população geral quanto os limites
ocupacionais, a campos elétricos, magnéticos e eletromagnéticos
produzidos por emissores artificiais mais comumente utilizados
para prestação de serviços de telecomunicação.

IV - Análise e radiolocalização (radiogoniometria) de interferências


prejudiciais aos serviços de telecomunicações e radiodifusão, em

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 34
especial os serviços de radionavegação aeronáutica (atividade
classificada no âmbito da fiscalização como de risco à vida).

V – Atividades de fiscalização junto as principais prestadoras de


serviços de telecomunicações no país, coletando, analisando e
depurando informações/dados com o intuito único de verificar a
observância da legislação vigente, bem como a qualidade dos
serviços prestados aos consumidores brasileiros.

Assim, são necessários conhecimentos especializados em


Telecomunicações, os técnicos em regulação, de forma comum executam tarefas de
alta complexidade.

Essas atividades envolvem os TREG no tratamento e resposta a incidentes


cibernéticos, que envolvam a infraestrutura crítica de telecomunicações, tratado como
prioridade da Agência.

Também os Técnicos em Regulação atuam realizando AUDITORIA


TRIBUTÁRIA em processos de fiscalização do FUST/FUNTTEL, sendo necessários
conhecimentos nas áreas de Ciências Contábeis/Economia.

Outra participação importante, é quanto a presença de Técnicos em


Regulação na Participação de grupos de trabalho com o objetivo de desenvolver
instruções e procedimentos de fiscalização. Os técnicos em geral, considerando a sua
experiência e conhecimento compõem grupos de trabalho que se reúnem e elaboram
melhores práticas para execução de atividades de fiscalização.

Por derradeiro, porém não menos importante, pelo contrário, os Técnicos em


Regulação da Anatel produzem conhecimento técnico científico de Regulação na área
de Telecomunicações, visando aumentar o conhecimento sobre o mercado regulado,
desenvolver estudos, manter base de dados e prover dados e informações do
mercado regulado à sociedade. Um exemplo de participação de técnicos em estudos
pode ser visto em
https://www.researchgate.net/publication/282606379_Field_Trial_on_Coexistence_b
etween_IMT_and_ISDB-T_Systems

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 35
EXPOSIÇÃO E NÍVEL DE RISCO

Risco à integridade física ao abordar entidades clandestinas; Vistorias


técnicas em estações de radiodifusão sob risco de acidentes com descarga elétrica e
descarga atmosférica (atividades próximas às torres de telefonia, radiodifusão);
Atividade em ambientes insalubres, em regiões de mata, sob risco de acidentes com
animais peçonhentos.

Sistemas energizados em instalações de entidades fiscalizadas licenciados


ou clandestinos, escadas, terrenos acidentados e coberto de mato (aranhas,
escorpiões, serpentes, abelhas, marimbondos, pombos, morcegos, ...), hostilidades
do entorno e do próprio ambiente fiscalizado, ambientes inóspitos,
investigação/diligências e monitoramento em veículo parado e em movimento,
confundidos como bandidos pela polícia e como polícia pelos criminosos, barreiras
em rodovias, ... Fonte informações: relatórios de fiscalização.

Atividades em locais inóspitos e com risco de diversos tipos de acidentes,


como com animais peçonhentos.

Sempre que se vai fiscalizar serviços clandestinos, os ânimos se exaltam e


da situação o risco é claro, tanto que a Anatel fornece colete a prova de balas para os
fiscais. Outra situação que é típica do Estado do Acre, é quando vamos fiscalizar em
localidades mais remotas, principalmente quando fazemos deslocamento de barco
(rabeta), por 4 a 5 dias, ficamos expostos aos elementos da natureza, tendo que
dormir em redes ou barracas, com o barco sem a segurança necessária, sempre
carregando muita gasolina em galões junto com os fiscais etc.

Crime organizado, exposição a alta tensão, exposição de altura (subida de


torres),

As atividades de fiscalizações de produtos não homologados em lojas


localizadas no mesmo município do agente de fiscalização (TREG) podem facilmente
acarretar represálias ou reações posteriores por parte dos lojistas fiscalizados.
Também participei de atividade demanda pela ABIN para a realização de fiscalização
junto a entidade de rádio clandestina que possuíam ligação com detentos de
penitenciária, assim como há incontáveis casos de inspeções de fiscalização

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 36
executadas junto a fiscalizados que manifestam graves reações aos agentes de
fiscalização.

- Abordagem e fiscalização de agentes regulados clandestinos - Risco elétrico


ao efetuar vistoria técnica em estações de radiodifusão - Risco inerente a atividade
realizada em região de fronteira, mesmo que por curtos períodos (semanal). Cumpre
ressaltar que as equipes trabalham com equipamentos de alto valor agregado. -
Riscos de deslocamento elevado, na execução das atividades em região de fronteira.
- Risco ao trabalhar no interior de complexos penais (presídios) na resolução de
interferências causadas por bloqueadores de sinais (BSR) do serviço Móvel Pessoal.

Rádios clandestinas estão frequentemente instaladas em regiões com alta


taxa de criminalidade e frequentemente as pessoas que operam tais rádios possuem
relação com criminosos locais. Há centenas de ocorrências de situações perigosas
ocorridas nesse tipo de atividades, envolvendo Técnicos em Regulação da Anatel.

Fiscalização em áreas de riscos em estações clandestinas de serviços de


telecomunicações. Riscos a choques elétricos em estações clandestinas e
outorgadas. Não fornecimento de equipamentos de proteção individual e treinamento
para inspecionar de firma segura as estações dos serviços de telecomunicações.
Risco a vida em estações clandestinas tais como: emboscadas, busca a
transmissores de rádio e antenas em locais periculosos, etc.

Técnicos em Regulação realizam fiscalização em áreas como portos, em


trabalhos como perícia de equipamentos objetos de importação.

Abordagem de clandestinos e risco de choque elétrico durante vistorias em


emissoras de radiodifusão, principalmente naquelas que operam com altas potências
de transmissão - algumas na ordem de 50 a 100 kW. Cabe salientar que o próprio
deslocamento do escritório regional da Agência para a execução da atividade de
campo já constituí um risco.

Os TREG, na ANATEL, frequentemente coordenam de Grupos de Trabalho


com vistas ao desenvolvimento de trabalhos de caráter técnico ou mesmo não técnico.
Existe um alto nível de cobrança e há exigência de alto grau de conhecimento e
comprometimento.

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 37
Nas atividades de Ação Fiscal na ANATEL, os TREG promovem a interrupção
de funcionamento de estações de telecomunicações irregulares/clandestinas,
apreendem produtos de telecomunicações sem a devida certificação/homologação,
elaboram laudos de vistoria em estações de telecomunicações, além de executar
mandados de busca e apreensão junto de outros órgãos como Polícia Federal, Polícia
Rodoviária Federal, Polícia Militar, Polícia Civil ou Poder Judiciário.

4.4.3. Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT

Responsável não só pela infraestrutura rodoviária federal e ferroviária


concedida, como também pelos serviços de transporte rodoviário interestadual e
internacional de passageiros, além do transporte multimodal e rodoviário nacional e
internacional de cargas, a ANTT concentra o maior número de Técnicos em
Regulação, contando inclusive com três superintendentes, além de outros cargos
comissionados chaves não só na fiscalização de infraestrutura e serviços de
transportes, mas também atuando na regulação e na gestão de recursos logísticos,
além de liderar equipes e supervisionar a atuação capilarizada da Agência em todo o
território nacional.
Esta atuação capilarizada, por muitas vezes, se dá inclusive representando a
própria Agência junto a entidades locais, como governos estaduais e municipais,
instâncias do poder judiciário, mercado regulado, consumidores e tomadores de
serviço, etc. Nessa atuação, os Técnicos em Regulação lideram as representações
regionais da autarquia, e gerem a atuação da Agência nestes locais.
Os Técnicos em Regulação que atuam na ANTT além de atuar e liderar
fiscalizações, inclusive de alta complexidade, em infraestrutura rodoviária e ferroviária
concedida, aplicam penalidades sobre o concessionário em caso de descumprimento
contratual. Além do cumprimento do contrato de concessão, também realizam a
análise de dados brutos operacionais fornecidos pelos regulados, realizam tratamento
de dados e confeccionam respostas a solicitações da Ouvidoria (interna e externa).
Revestidos do poder polícia conferido pelo parágrafo único do artigo terceiro
da Lei 10871/2004, os Técnicos em Regulação realizam interdições de trechos
ferroviários quando não estão em condições técnicas adequadas, de pontos de venda
de bilhete de passagem do transporte rodoviário de interestadual e internacional de

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 38
passageiros, além da apreensão costumaz de veículos que realizam o transporte
interestadual e internacional de passageiros não autorizado (clandestino), que por
diversas vezes são vetores de criminalidade, como tráfico de drogas, de armas, de
pessoas (até em condições análogas à escravidão), animais silvestres, além de ser
utilizado por foragidos da justiça.
No transporte multimodal e rodoviário de cargas, as atuações do Técnico em
Regulação se dão na verificação da conformidade (fiscalização) do regulado ao
regramento e políticas regulatórias vigentes, em especial no que se refere ao
Transportador Autônomo de Cargas – TAC (caminhoneiros autônomos). Essa
fiscalização ocorre de forma eletrônica, de forma a monitorar 85% do fluxo nacional
de cargas rodoviárias em tempo real, com gestão dos Técnicos em Regulação
(confecção de termo de referência, gestão do contrato, tratamento das informações,
etc.). Outra ação, não só de atuação, mas também de liderança, dos Técnicos em
Regulação é na fiscalização do transporte rodoviário nacional e internacional de
produtos perigosos, que além de possuírem expertise diferenciada, devido ao papel
da própria ANTT em representar o nosso país junto a ONU no tratamento deste
assunto, sua atuação evita desastres ambientais que não só impactam a natureza,
mas também o cidadão, quando por exemplo as vias são bloqueadas devido aos
acidentes ou mesmo há a cessação do fornecimento de água potável devido a
derramamentos atingirem os cursos d’água.
O Técnico em Regulação que atua na ANTT também atua na fiscalização de
trânsito, gerenciando e executando os procedimentos operacionais de fiscalização e
equipes de apoio técnico e lavrando os autos de infração, aplicando medidas
administrativas e acompanhando a regularização da infração, protegendo a vida e
garantindo a segurança e fluidez no trânsito e o patrimônio rodoviário. Hoje com a
transição tecnológica dos antigos postos de pesagem veicular para o sistema HS-
WIM (High Speed – Weight in Motion, ainda em processo de sandbox regulatório), os
Técnicos em Regulação têm atuado na qualificação das propostas tecnológicas e nas
discussões junto aos órgãos metrológicos, para a viabilização e disseminação desta
solução que além de economizar recursos oriundos da tarifa de pedágio rodoviário
pago pelo usuário, traz eficiência antes nunca vista a este sistema.
Além de fiscalizar e autuar o regulado-infrator, o Técnico em Regulação atua
no julgamento dos recursos e defesas de primeira e segunda instância, atividades
estas de alta complexidade, tendo em vista que precisam conhecer a fundo o Direito
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 39
Administrativo e da legislação de transporte e trânsito, com também no que tange às
infraestruturas concedidas e nos serviços de transportes de cargas e passageiros.
Em atividades de planejamento, os Técnicos em Regulação projetam e
executam soluções tecnológicas, com aplicativos de celulares voltados a fiscalização,
sistemas de acompanhamento/monitoramento da fiscalização, confeccionam notas
técnicas e relatórios sobre os mais diversos assuntos-objetos da ANTT, como a
análise, acompanhamento e monitoramento de mercados, confeccionam manuais de
fiscalização, além de fiscalizar o cumprimento de Termos de Ajustamento de Conduta
(TACs) aplicados por deliberação da Diretoria Colegiada aos regulados.

EXPOSIÇÃO E NÍVEL DE RISCO

As atividades executadas pelo Técnico em Regulação, como


descrevemos acima, na grande maioria das vezes, colocam-no em condições de
risco, como por exemplo o trabalho em rodovia e ferrovia com tráfego passante; a
abordagem a veículos que efetuam transporte rodoviário interestadual e internacional
de passageiros não autorizados (clandestinos), que mesmo com a solicitação de
apoio de força policial, conforme previsto em lei, este por inúmeras vezes não se
mostra suficiente, fazendo que todos aqueles que estão nesta operação corram riscos
de vida ao lidar com a criminalidade. Vale também ressaltar que a criminalidade aqui
citada tem na grande maioria das vezes ligação com o crime organizado, o que pode
gerar represálias, pondo em risco de vida, os fiscais que realizaram a abordagem.
Outro aspecto que também precisa ser observado é o do transporte rodoviário
nacional e internacional de produtos perigosos. Nesta fiscalização, o Técnico em
Regulação além de fiscalizar veículos-tanques com produtos perigoso, também
fiscaliza veículos com carroceria baú, que para fazer a verificação do
acondicionamento (correto ou não) da carga, necessita ingressar em seu interior. E
dependendo da substância ali depositada e sua condição, pode levar ao seu
adoecimento por exposição a estas substâncias.
Na fiscalização dos trechos rodoviários e ferroviários, além do risco de
atropelamento já apontado acima, temos também o risco de queda de barrancos e
pontes ferroviárias, ataque de animais peçonhentos, represálias por executar a
fiscalização de faixa de domínio em áreas invadidas por comunidades dominadas
pela criminalidade, entre outros.

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 40
Há inúmeros casos de Técnicos em Regulação que sofreram agressões
físicas em suas atividades de fiscalização, além de desacato e desobediência.
Também é comum o Técnico em Regulação, ao se deparar com a suspeita de
falsificação de documento público, ter que conduzir o fiscalizado a delegacia policial
para verificação, e caso a suspeita seja confirmada, configurar a prisão em flagrante,
além de outros crimes.

4.4.4. Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS

Panorama semelhante encontramos na ANS, em atividades executadas


pelos Técnicos em Regulação.
-Análise e elaboração de respostas aos questionamentos dos agentes de
mercado, incluindo os de operadora e prestadores de serviço em saúde
-Treinamento e palestra sobre a legislação de saúde suplementar para novos
servidores e operação do Call Center
-Instrução e Palestras sobre a legislação de saúde suplementar para
Parceiros da ANS, como PROCON (incluindo a elaboração de material de
treinamento, com base na legislação de saúde suplementar e do direito do
consumidor)
-Análise de Processos de Doença e Lesão Pré-Existente: Avaliação da
procedência ou improcedência de processos administrativos instaurados pelas
Operadoras de Planos de Saúde em relação aos Beneficiários de planos de saúde,
quanto à alegação de omissão de doença ou lesão pré-existente no momento da
contratação do plano de saúde
-Resposta a Demandas Judiciais: Emissão de parecer técnico sobre
questionamentos do Judiciário referentes a questões entre beneficiários e operadoras
de planos de saúde, relacionadas ao normativo da Agência Nacional de Saúde
Suplementar (ANS)
-Análise de Teor de Propostas de Projeto de Lei Federal: Avaliação técnica
do mérito de propostas de projetos de lei federal, com emissão de parecer da Agência
sobre a adequação do projeto.
Lavratura de Auto de Infração e condução do processo administrativo
sancionador até a decisão

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 41
Decisão de processos de fiscalização quando na função de Chefe de Núcleo
regional
Elaboração de pareceres sobre o processo de Ressarcimento ao SUS
Classificação de mediação ativa (NIP) com a indicação de auto de infração
Os exemplos de atividades executadas pelos TREG, elencados acima,
envolvem fiscalização e apuração de infrações, com análise documental extensa,
formatação de pareceres técnicos e inspeções, etc. e que não se limitam a realização
de serviço de apoio.
Para isso, é evidente a necessidade de qualificação e capacitação específica
para a realização de tais atividades. E não estamos falando somente em fiscalização:
o planejamento de atividades fiscalizatórias de média e grande abrangência, como
por exemplo, apuração de denúncias remota ou presencialmente, coleta de
evidências e formalização do processo com evidências, produção de relatório e
emissão de autos de infração também estão incluídos no escopo de atividades dos
TREG.
Fácil confirmar que essas atividades possuem relevância, abrangendo muitos
elementos de abstração e análise, e, ainda, trazendo exposição a riscos inerentes às
ações executadas, além de contribuir na consecução das missões e todas as
competências das agências reguladoras.

4.4.5 Agência Nacional do Cinema - ANCINE

Na Ancine os Técnicos em Regulação fazem trabalhos de extrema relevância.

O Técnico em Regulação em sua rotina de trabalho executa e conclui


atividades nas áreas em que a Ancine possui atribuição: fomento, regulação e
fiscalização

Uma atuação que os Técnicos em Regulação desempenham, por exemplo, é


a análise de projetos em contratação de recursos do Fundo Setorial do Audiovisual -
FSA, verificações de regularidade de empresas, análise de contratos apresentados
pelos regulados (contratos de distribuição, de coprodução, de coprodução
internacional, etc.).

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 42
Além da regulação, em especial na área de fomento, conforme atribuição
definida à Ancine pela MP 2228-1, há atividades fundamentais que são realizadas por
técnicos em regulação, em especial quanto às análises para alocação de recursos
públicos provenientes do Fundo Setorial do Audiovisual – FSA em projetos e
empresas do setor audiovisual.

Entre as atividades estão:

I- Realização de Triagem e Análise documental, visando ao andamento da


contratação de recursos do FSA em projetos de Fomento;

II – Procedimentos de verificação da adequação de projetos selecionados aos


normativos e editais da Ancine;

III- Realização de Cálculo e Recálculo de Alíquotas de retorno de projetos


audiovisuais que receberam aportes do FSA;

IV – Análise de Alterações em projetos audiovisuais contratados ou em


contratação junto ao FSA;

V- Técnicos em Regulação já tiveram atuação também junto aos antigos


Comitês de Investimento, tanto como membros, quanto como suporte às ações, e
atuam também em Comissões de Seleção de projetos.

Tais atividades demandam competências especificas de análise e reflexão,


que se mostram complexas e variadas.

Vale registra ainda que Técnicos em Regulação atuam também nos setores
de Fiscalização e Prestação de Contas, executando variadas e vitais atividades para
o funcionamento da ANCINE.

4.4.6 Agência Nacional de Transportes Aquaviários - ANTAQ

Na ANTAQ, os Técnicos em Regulação atuam diretamente na regulação de


mercado, sendo parte indissociável da implementação das políticas formuladas pelo
Ministério de Portos e Aeroportos, da supervisão e coordenação de fiscalização das
atividades relacionadas à prestação de serviços de transporte aquaviário e de

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 43
exploração da infraestrutura aquaviária e portuária. Atua em todos os subsetores
portuários, de navegação marítima e de apoio e de navegação interior executando
todas as atividades necessárias para levar a ANTAQ a atingir suas finalidades
previstas na Lei nº 10.233 de 2001 e na Lei nº 13.848 de 2019.

Os Técnicos em Regulação são peças fundamentais para que a Agência torne


mais econômica e segura a movimentação de pessoas e bens pelas vias aquaviárias
brasileiras, em cumprimento a padrões de eficiência, segurança, conforto,
regularidade, pontualidade e modicidade nos fretes e tarifas.

Os Técnicos em Regulação trabalham diretamente na elaboração de


documentos essenciais para arbitragem de conflitos de interesses para impedir
situações que configurem competição imperfeita ou infração contra a ordem
econômica, e harmonizar os interesses dos usuários com os das empresas e
entidades do setor, sempre preservando o interesse público.

Na regulação, os Técnicos em Regulação, atuam coordenando equipes que


são responsáveis por estudos que visam a emissão das regras aplicadas ao setor de
transporte aquaviário sobre Serviço Adequado, a emissão de regras relativas aos
requisitos mínimos de qualidade na prestação do serviço de navegação ao fomento
da concorrência no setor aquaviário. Também coordenam equipe de estudos que
visam estabelecer regras tarifarias aplicadas aos Portos Organizados e Afretamentos
Garantindo a padronização técnica e financeira e estabelecer metodologia para
avaliação de mercado EVTEA (O Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e
Ambiental) ou seja, juntamente com outros servidores membros da equipe que
coordena, os Técnicos em Regulação são responsáveis diretamente por um conjunto
de análises técnicas amplas que contemplam várias etapas prévias ao projeto
executivo de um grande empreendimento.

Na Outorga, os Técnicos em Regulação, atuam tecnicamente na elaboração e


emissão de Notas Técnicas em processos de Concessão de outorgas portuárias e
de navegação visando a emissão de autorizações para funcionamento de serviços
aquaviários e concessões portuárias. Também compõem e coordenam comissões
técnicas constituídas com a finalidade de operacionalizar leilões de arrendamento
portuário.

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 44
Na Fiscalização, os Técnicos em Regulação, atuam coordenando equipes de
fiscalização, procedendo a lavratura de Auto de Infração, caso necessário, e na fase
instrutória dos processos sancionadores, na emissão de Pareceres Técnicos
Instrutórios, Pareceres Prévios de Julgamento e Despachos Conclusivos. As
atividades requerem muitas habilidades, tais como Direito Administrativo avançado,
contabilidade, economia, com vistas a proceder análise da defesa do autuado e emitir
minutas julgamentos para apreciação das autoridades. Em campo, executam
atividades de risco, inerentes ao ambiente portuário, onde são fiscalizadas operações
envolvendo cargas perigosas diversas (combustíveis, produtos químicos tóxicos etc.),
além dos próprios equipamentos de grande porte, que içam cargas de dimensões
consideráveis, demandando-se atenção irrestrita durante as atividades
desempenhadas, sendo imprescindível o uso constante de EPIs em tal ambiente
portuário.

Os Técnicos em Regulação também são enviados para procedimentos de


fiscalização em determinadas localidades onde pode haver riscos à sua segurança e
integridade física, em razão da notória existência de atividades ilícitas em tais regiões,
sendo o caso, por exemplo, de municípios localizados na tríplice fronteira entre o
Brasil, a Colômbia e o Peru.

Por sua vez, os Técnicos em Regulação realizam a coordenação de


fiscalizações garantir o cumprimento das normas aplicáveis ao setor aquaviário. Atua
diretamente junto a equipes de mediação de conflitos. Os Técnicos em Regulação
recebem, processam e emites recomendações com o fito de harmonizar questões
relacionadas a interesses divergentes ou prestação inadequada de serviços.

Por derradeiro, porém não menos importante, os Técnicos em Regulação da


ANTAQ produzem conhecimento técnico científico de Regulação de Prestação de
Serviços Aquaviários e de Direito Marítimo e Portuário, visando aumentar o
conhecimento sobre o mercado regulado, desenvolver estudos, manter base de dados
e prover dados e informações do mercado regulado à sociedade.

Nesse último mister, cabe ressaltar que a ANTAQ tem capacitado seus
Técnicos em Regulação de Serviços de Transportes Aquaviários em cursos de MBA
e Especialização em Regulação Econômica de Mercado, Regulação de Serviços
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 45
Públicos, pela FGV e Especialização em Direito Marítimo e Portuário pela Maritime
Law Academy – MLAW, além de outros cursos de menor duração dentro e fora do
país.
Ademais, houve nos últimos anos um alargamento e ampliação das
competências da ANTAQ, que passou a ser autarquia certificadora de investimentos
por determinação legal e interpretação do TCU, em um setor que movimentou um
recorde crescente de 1,3 bilhões de toneladas apenas em 2023, com investimentos
nas novas concessões, arrendamentos portuários, terminais de uso privativos da
ordem de bilhões de reais em benefícios fiscais e infraestrutura portuária. Os Técnicos
em regulação têm participação ativa em todas essas atividades, seja na composição
de grupos de trabalho, equipes de avaliação de incorporação de investimentos,
regularidade dos contratos, ou na avaliação de conformidade técnica e diligências de
órgãos externos e internos, inclusive nas Auditorias da CONPORTOS. Nas
Comissões Estaduais de Segurança nos Portos (CESPORTOS) e também na
Comissão Nacional de Segurança dos Portos e Vias Navegáveis (CONPORTOS),
se exigem treinamento especializado ministrado pela Polícia Federal, exigindo
conhecimentos especializados de segurança portuária e segurança dos terminais
portuários.
Destaca-se que todas as atividades desenvolvidas estão muito além do simples
apoio/suporte Técnico da atividade fim da ANTAQ, onde se exige conhecimento
especializado, em muitos casos multidisciplinar da ordem superior para validação de
atos e procedimentos regulatórios a cargo da ANTAQ. Grande quantidade destas
novas atribuições foram estendidas por meio de resoluções, normas e decisões
superiores aos técnicos em regulação da Antaq, como exemplo citamos a fiscalização
de investimentos em TUP, novos Arrendamentos Portuários, Prorrogação de
contratos, incorporações de investimento, fiscalização de conformidade de obras
portuárias, REIDI, processos de privatização portuária, recentemente concessão de
hidrovias e regulação econômica dos Serviços de Praticagem. A grande qualidade e
competência da equipe de Técnicos em regulação, os tem levado a ocupação de parte
dos cargos de gestão e estratégico da ANTAQ, como chefes de Unidades Regionais
e gerencias regionais e setoriais na regulação, outorga e fiscalização da Agência. Os
Técnicos em Regulação têm participação ativa em todas essas atividades na condição
de membros ou coordenadores que, dada a sua relevância, deveriam ser melhor

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 46
reconhecidas, tanto a nível de remuneração como na estruturação da carreira, pois é
notório que vão além do "suporte". O que pode ser facilmente comprovado por meios
de Pareceres Técnicos, Notas Técnicas, Relatórios, Estudos e outras manifestações
assinadas por Técnicos em Regulação que servem de base para importantes
decisões regulatórias da ANTAQ, apesar de que não são reconhecidas, seja na
remuneração como na estruturação da carreira, quer de longe não mais se enquadre
em apenas suporte a atividades da Agência.

No que tange a realização de pesquisas na ANTAQ, os Técnicos em Regulação


de Serviços de Transportes Aquaviários participaram ativamente, entre outras, na
pesquisa realizada junto aos usuários dos serviços de transporte de travessia nas
macrorregiões geoeconômicas Amazônia, Nordeste e Centro-Sul visando aferir a
satisfação dos usuários quanto aos serviços realizados pelas empresas brasileiras de
navegação outorgadas pela Agência para realizar a navegação interior de travessia.
As entrevistas começaram em outubro e seguiram até maio de 2022. A partir dos
resultados da pesquisa, foram construídos índices de satisfação para as linhas de
travessia e para cada empresa outorgada, de forma a subsidiar o Sistema de Medição
de Desempenho na Navegação Interior – Indicadores de Qualidade do Serviço,
desenvolvido pela Agência. Foram abordadas no levantamento 36 linhas de travessia
no país, com uma expectativa de realização de aproximadamente nove mil
entrevistas.

Para realização dessa pesquisa, a ANTAQ conta com o apoio da Universidade


Federal do Rio Grande (FURG) e das empresas VR Consultoria e Qualitest
Inteligência em Pesquisa.

4.4.7 Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis - ANP

As atividades do técnico de regulação da Agência Nacional do Petróleo, Gás


Natural e Biocombustíveis (ANP) na fiscalização de derivados de petróleo e revenda
de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) são abrangentes e requerem conhecimento
técnico, bem como competências específicas para a execução de tarefas detalhadas.
Estas atividades envolvem, mas não se limitam a, inspeções regulatórias, coleta e
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 47
análise de amostras, avaliação de conformidade com a legislação vigente, e o
monitoramento contínuo das operações das distribuidoras de GLP e postos de
combustíveis.
1. Inspeção e Monitoramento Regulatório: O técnico realiza inspeções in loco
em instalações de armazenamento, distribuição e pontos de venda de GLP e outros
derivados de petróleo. Isso inclui a verificação de licenças operacionais, condições
de armazenamento, segurança das instalações, e a conformidade com as normas
ambientais e de segurança.
2. Coleta e Análise de Amostras: A coleta de amostras de combustíveis é
realizada para análise qualitativa e quantitativa, visando assegurar a conformidade
dos produtos com as especificações técnicas estabelecidas pela ANP. Essas análises
incluem testes para determinar a composição química, a presença de contaminantes
e adulterantes, e a adequação às especificações de qualidade. Os técnicos utilizam
equipamentos portáteis para testes in situ e também enviam amostras para
laboratórios credenciados para análises mais aprofundadas.
3. Avaliação de Conformidade e Emissão de Relatórios: Após a inspeção e
análise, o técnico avalia a conformidade das operações com a legislação e normas
técnicas aplicáveis. Isso envolve a interpretação de dados de análise, avaliação de
práticas operacionais e medidas de segurança. Os resultados dessas avaliações são
formalizados em relatórios técnicos que podem levar a ações regulatórias, como
advertências, multas, ou até a suspensão de operações.
4. Educação e Treinamento: Parte do papel do técnico envolve a educação
dos operadores de mercado sobre as melhores práticas, normas técnicas e legislação
aplicável. Isso pode incluir a realização de seminários, workshops e outras atividades
de treinamento.
5. Gestão de Riscos e Emergências: O técnico está envolvido na avaliação
de riscos potenciais associados à armazenagem, transporte e venda de GLP e outros
combustíveis. Isso inclui a preparação e implementação de planos de resposta a
emergências para casos de vazamentos, incêndios ou outras situações de risco.
6. Comunicação e Relacionamento com outras agências: O técnico mantém
comunicação constante com uma variedade de agências reguladoras, organizações
ambientais e o público. Essa interação visa garantir a transparência das atividades
regulatórias e a aderência aos padrões de segurança e qualidade.

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 48
A atuação do técnico de regulação exige mobilidade e flexibilidade, dada a
necessidade de deslocamentos frequentes para inspeções e monitoramento. Além
disso, a exposição a condições adversas e potencialmente perigosas requer um
rigoroso cumprimento das normas de segurança e saúde ocupacional. A
complexidade das tarefas demanda uma sólida base de conhecimento técnico,
habilidades analíticas apuradas, e competências em comunicação e gestão de
conflitos.

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 49
4.5. Das competências dos TREG comparadas a outros cargos

A ideia, neste tópico, é comparar as competências atuais dos técnicos,


conforme a Lei, concatenada às atividades exercidas conforme o item anterior e
compará-las com a carreira de Especialista em Regulação e outras carreiras de apoio
relevantes do Serviço Público Federal.
Conforme observamos na Lei nº 10.871/2004, todas as atividades dos TREG
envolvem Suporte à Regulação e Fiscalização das atividades específicas dos
Especialistas em Regulação. Isso está contido no art. 1º, incisos de X a XVI e XX da
norma.

A apostila também traz as atribuições comuns dos mesmos cargos, conforme


abaixo:

Art. 3º São atribuições comuns dos cargos referidos nos incisos I a XVI, XIX
e XX do art. 1º desta Lei: (Redação dada pela Lei nº 11.292, de 2006)

I - fiscalização do cumprimento das regras pelos agentes do mercado


regulado;
II - orientação aos agentes do mercado regulado e ao público em geral; e
III - execução de outras atividades finalísticas inerentes ao exercício da
competência das autarquias especiais denominadas Agências Reguladoras
de que trata esta Lei.

Parágrafo único. No exercício das atribuições de natureza fiscal ou


decorrentes do poder de polícia, são asseguradas aos ocupantes dos cargos
referidos nos incisos I a XVI, XIX e XX do art. 1º desta Lei as prerrogativas
de promover a interdição de estabelecimentos, instalações ou equipamentos,
assim como a apreensão de bens ou produtos, e de requisitar, quando
necessário, o auxílio de força policial federal ou estadual, em caso de
desacato ou embaraço ao exercício de suas funções. (Redação dada pela
Lei nº 11.292, de 2006)

Para todos os cargos das agências (inclusive os administrativos), são


competências comuns (Art. 4º) a implementação e execução de planos, programas e
projetos relativos às atividades de regulação; subsídio e apoio técnico às atividades
de normatização e regulação; e subsídio à formulação de planos, programas e
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 50
projetos relativos às atividades inerentes às autarquias especiais denominadas
Agências Reguladoras.

Por fim, as competências específicas dos Especialistas em Regulação:

Art. 2º São atribuições específicas dos cargos de nível superior referidos nos
incisos I a IX e XIX do art. 1º desta Lei: (Redação dada pela Lei nº 11.292,
de 2006)

I - formulação e avaliação de planos, programas e projetos relativos às


atividades de regulação;
II - elaboração de normas para regulação do mercado;
III - planejamento e coordenação de ações de fiscalização de alta
complexidade;
IV - gerenciamento, coordenação e orientação de equipes de pesquisa e de
planejamento de cenários estratégicos;
V - gestão de informações de mercado de caráter sigiloso; e
VI - execução de outras atividades finalísticas inerentes ao exercício da
competência das autarquias especiais denominadas Agências Reguladoras
de que trata esta Lei.

Observa-se que a referida lei pode causar certa confusão no sentido de que,
em seu Art. 1º, as competências dos técnicos são relacionadas ao “apoio e suporte
técnico especializado” atinentes "às atividades de regulação, inspeção, fiscalização e
controle da prestação de serviços públicos”, já no art. 3º a mesma lei coloca como
atribuições comuns aos cargos de Técnicos em Regulação e Especialistas as
seguintes atribuições: I. fiscalização do cumprimento das regras pelos agentes
do mercado regulado; II - orientação aos agentes do mercado regulado e ao público
em geral; e III - execução de outras atividades finalísticas inerentes ao exercício da
competência das autarquias especiais denominadas Agências Reguladoras de que
trata esta Lei.
Ainda de acordo com o Art. 1º a Lei prevê que o técnico em regulação possui
previsão de realizar a implementação de políticas e a realização de estudos e
pesquisas respectivos a essas atividades.
A atribuição de realização de estudos e pesquisas estão normalmente
relacionadas a atribuições de cargos de nível superior!

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 51
Importante destacar o levantamento realizado sobre as atividades
desenvolvidas pelos Técnicos em Regulação, que objetivou apurar a natureza e a real
complexidade das funções executadas por tais servidores no âmbito das agências. É
fácil observar que, esses executam com autonomia praticamente as mesmas
atribuições desempenhadas pelos Especialistas em Regulação, em certos casos,
gerenciando equipes compostas, inclusive, por especialistas.
Quanto às atribuições comuns e que envolvem atividades finalísticas,
executadas de forma paralela por técnicos e especialistas, notamos que boa parte
delas possui relevância, abrangendo muitos elementos de abstração e análise, e,
ainda, trazendo exposição a riscos inerentes às ações executadas.
Em suma, praticamente não há elevada distinção entre os trabalhos dos dois
cargos, na maioria das atribuições constantes da lei.
Veja-se, ainda, que em alguns casos específicos, como observado na ANAC,
a profundidade das competências extrapola mesmo o texto legal. Os TREG são
responsáveis pela emissão, após realizar inspeções de aeronavegabilidade
necessárias, de Certificado de Aeronavegabilidade Padrão Norte-americano em
nome da FAA, que é a autoridade de aviação civil dos EUA. Essa prerrogativa é
embasada na confiança mútua entre autoridades e o trabalho do TREG é de
primordial importância e responsabilidade, pois a aeronave inspecionada sai da
fábrica diretamente para a linha de operação nos EUA 20.
Ademais, é importante mencionar que, além da capacitação técnica exigida
dos TREG, existem atividades que são efetuadas pelos técnicos cujo grau de risco e
exposição é severo, como nos casos das ações fiscais, que são aquelas que focam
apurar denúncias e em coibir ilícitos por meio das fiscalizações de operações
clandestinas, uso de equipamentos e componentes não homologados/certificados,
uso indevido de aeronaves e transportes terrestres, tráfico de drogas utilizando
quaisquer modais de transporte, entre outras. Tais operações normalmente exigem
coordenação com outros órgãos tais como, Receita Federal do Brasil e
departamentos de Polícia Federal, Civil e Militar.

20
Existem, inclusive, processos relacionados que dão lastro a esta tarefa, executada de forma excelente pelos TREG, conforme
se observa dos autos constantes nos processos SEI (00066.000429/2024-18), (00066.000429/2024-18), (00066.015737/2023-
67), (00066.002377/2023-33) (podem ser consultados no site https://www.gov.br/anac/pt-br/sistemas/protocolo-eletronico-
sei/pesquisa-publica-de-processos-e-documentos).

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 52
Não só na comparação com os Especialistas em Regulação, mas
comparando com outros cargos do Serviço Público Federal, podemos notar que as
competências dos TREG, cotejadas com as atividades efetivamente desenvolvidas
pelos ocupantes destes cargos, são de mesma relevância e, em essência, bem mais
amplas e complexas.
A título de exemplo, apresentam-se as competências dos Analistas -
Tributários da Receita Federal do Brasil (ATRFB), conforme excerto do DECRETO Nº
6.641, DE 10 DE NOVEMBRO DE 2008, abaixo:

Art. 3º Incumbe aos ocupantes dos cargos de Analista-Tributário da Receita


Federal do Brasil, resguardadas as atribuições privativas referidas no inciso
I do art. 2o:

I - exercer atividades de natureza técnica, acessórias ou preparatórias ao


exercício das atribuições privativas dos Auditores-Fiscais da Receita Federal
do Brasil;
II - atuar no exame de matérias e processos administrativos, ressalvado o
disposto na alínea “b” do inciso I do art. 2o; e
III - exercer, em caráter geral e concorrente, as demais atividades inerentes
às competências da Secretaria da Receita Federal do Brasil.

É importante fazer uma breve análise aqui, antes de prosseguir.


As atividades dos ATRFB possuem efetivamente características de “apoio”,
portanto, acessórias ou preparatórias, características essas que diferem dos
trabalhos efetivamente executados pelos TREG no âmbito das agências.
Mais relevante ainda é o exposto no inciso II, em que o ATRFB atua no exame
de matérias e processos administrativos, mas sem o poder de DECISÃO sobre a lide
ali enfrentada (alínea “b” do inciso I do art. 2º do referido Decreto). Ora, mas já vimos
que essa atividade é comumente executada pelos TREG nas agências, não havendo
nenhum impedimento para a consecução dessa atividade e, mais ainda, podendo ser
feita por servidores dos outros cargos efetivos, inclusive Especialistas em Regulação!
Em alguns casos, os TREG são responsáveis por decisões de caráter punitivo
que, além de confirmar as infrações postas, ainda impõem sanções pecuniárias e
restritivas de direito, conforme a gravidade. Ou seja, por vezes, a decisão final de um

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 53
processo é de um TREG, capacitado e com habilidades e conhecimentos para essa
tarefa!
Também há competências comuns do Decreto da Receita Federal do Brasil,
conforme abaixo:

Art. 4º São atribuições dos ocupantes dos cargos efetivos de Auditor-Fiscal


da Receita Federal do Brasil e de Analista-Tributário da Receita Federal do
Brasil, em caráter geral e concorrente:
I - lavrar termo de revelia e de perempção;
II - analisar o desempenho e efetuar a previsão da arrecadação; e
III - analisar pedido de retificação de documento de arrecadação.

Art. 5º Os ocupantes dos cargos efetivos de Auditor-Fiscal da Receita


Federal do Brasil e de Analista-Tributário da Receita Federal do Brasil, em
caráter geral e concorrente, poderão ainda exercer atribuições inespecíficas
da Carreira de Auditoria da Receita Federal do Brasil, desde que inerentes
às competências da Secretaria da Receita Federal do Brasil, em especial:

I - executar atividades pertinentes às áreas de programação e de execução


orçamentária e financeira, contabilidade, licitação e contratos, material,
patrimônio, recursos humanos e serviços gerais;
II - executar atividades na área de informática, inclusive as relativas à
prospecção, avaliação, internalização e disseminação de novas tecnologias
e metodologias;
III - executar procedimentos que garantam a integridade, a segurança e o
acesso aos dados e às informações da Secretaria da Receita Federal do
Brasil;
IV - atuar nas auditorias internas das atividades dos sistemas operacionais
da Secretaria da Receita Federal do Brasil; e
V - integrar comissão de processo administrativo disciplinar.

Observemos que o art. 2º daquele diploma versa sobre as atribuições dos


ocupantes do cargo de Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil, que no exercício
da competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil o fazem em caráter
PRIVATIVO! Dentre essas atividades, estão as de caráter fiscalizatório e decisão em
processos administrativos e lançamento do crédito tributário.

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 54
Comparando, agora, com o cargo de Técnico do Banco Central do Brasil,
temos as seguintes atribuições dos servidores ocupantes destes cargos, conforme a
Lei nº 9.650, de 27 de maio de 1998:

Art. 5º São atribuições dos titulares do cargo de Técnico do Banco


Central do Brasil: (Redação dada pela Lei nº 11.344, 2006)

I - desenvolvimento de atividades técnicas e administrativas


complementares às atribuições dos Analistas e Procuradores do
Banco Central do Brasil; (Redação dada pela Lei nº 11.344, 2006)

II - apoio técnico-administrativo aos Analistas e Procuradores do


Banco Central do Brasil no que se refere ao desenvolvimento de
suas atividades; (Redação dada pela Lei nº 11.344, 2006)

III - execução de atividades de suporte e apoio técnico necessárias


ao cumprimento das competências do Banco Central do Brasil que,
por envolverem sigilo e segurança do Sistema Financeiro, não
possam ser terceirizadas, em particular as pertinentes às áreas de:
(Redação dada pela Lei nº 11.344, 2006)

a) tecnologia e segurança da informação voltadas ao


desenvolvimento, à prospecção, à avaliação e à internalização de
novas tecnologias e metodologias; e (Incluído pela Lei nº 11.344,
2006)

b) programação e execução orçamentária e financeira, de


contabilidade e auditoria, de licitação e contratos, de gestão de
recursos materiais, de patrimônio e documentação e de gestão de
pessoas, estrutura e organização; (Incluído pela Lei nº 11.344,
2006)

IV - operação do complexo computacional e da rede de


teleprocessamento do Banco Central do Brasil; (Redação dada
pela Lei nº 11.344, 2006)

V - supervisão da execução de atividades de suporte e apoio


técnico terceirizadas; (Redação dada pela Lei nº 11.344, 2006)

VI - atendimento e orientação ao público em geral sobre matérias


de competência do Banco Central do Brasil procedendo, quando
for o caso, a análise e o encaminhamento de denúncias e
reclamações; (Redação dada pela Lei nº 11.344, 2006)

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 55
VII - realização de atividades técnicas e administrativas
complementares às operações relacionadas com o meio circulante,
tais como: (Redação dada pela Lei nº 11.344, 2006)

a) distribuição de numerário à rede bancária e às instituições


custodiantes; (Incluído pela Lei nº 11.344, 2006)

b) procedimentos de análise de numerário suspeito ou danificado;


(Incluído pela Lei nº 11.344, 2006)

c) monitoramento do processamento automatizado de numerário;


e (Incluído pela Lei nº 11.344, 2006)

d) monitoramento e execução dos eventos de conferência e


destruição de numerário; (Incluído pela Lei nº 11.344, 2006)

VIII - elaboração de cálculos, quando solicitado, nos processos


relativos ao contencioso administrativo e judicial; (Redação dada
pela Lei nº 11.344, 2006)

IX - execução e supervisão das atividades de segurança


institucional do Banco Central do Brasil, especialmente no que se
refere aos serviços do meio circulante e à proteção de autoridades
internas do Banco Central do Brasil; e (Incluído pela Lei nº 11.344,
2006)

X - desenvolvimento de outras atividades de mesma natureza e


nível de complexidade. (Incluído pela Lei nº 11.344, 2006)

§ 1o No exercício das atribuições de que trata o inciso IX, os


servidores ficam autorizados a conduzir veículos e a portar armas
de fogo, em todo o território nacional, observadas a necessária
habilitação técnica e, no que couber, a disciplina estabelecida na
Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003. (Incluído pela Lei nº
11.344, 2006)

§ 2o O exercício da prerrogativa prevista no § 1o relativa ao porte


de armas de fogo ocorrerá na forma e nas condições fixadas pelo
Departamento de Polícia Federal. (Incluído pela Lei nº 11.344,
2006)

§ 3o O exercício das atividades referidas no inciso IX, não obsta a


execução indireta das tarefas, mediante contrato, na forma da
legislação específica. (Incluído pela Lei nº 11.344, 2006)

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 56
É cristalino, em comparação com as competências e atividades exercidas
pelos Técnicos em Regulação, que as nossas atividades possuem um grau de
relevância e abrangência bem maiores.
Por exemplo, na referida lei não há competência legal no caso dos técnicos
do Banco central para realização de Fiscalização de instituições financeiras,
atribuição que é exclusiva dos Analistas do Banco Central. Também não há previsão
para realização de pesquisas e estudos na respectiva área.
Se compararmos as nossas atividades com as dos Técnicos Federais de
Finanças e Controle em exercício na CGU, vemos que as competências e atividades
são ainda mais restritas, conforme se denota da PORTARIA Nº 814/2020/CGU:

Art. 3º São atribuições comuns dos cargos de Auditor Federal de Finanças e


Controle e de Técnico Federal de Finanças e Controle em exercício na CGU:

I - propor e monitorar a adoção de medidas para a correção e a prevenção


de falhas e omissões nos órgãos e entidades supervisionados;
II - executar atividades de recepção, triagem, análise e instrução de
manifestações de ouvidoria;
III - compor equipes para a realização de atividades de auditoria interna
governamental e de apuração;
IV - compor equipes para a realização de inspeções;
V - participar de ações de supervisão e de orientação dos órgãos e entidades
nas atividades de gestão de riscos, auditoria interna governamental,
controles internos, prevenção da corrupção, governança, integridade,
transparência e acesso à informação, ouvidoria e correição;
VI - executar atividades relacionadas ao controle da qualidade dos dados e
à segurança das informações que suportam as atividades da CGU;
VII - monitorar os gastos públicos utilizando técnicas e ferramentas de
análise aplicadas às bases de dados governamentais;
VIII - elaborar relatórios de auditoria; Boletim de Serviço Eletrônico em
08/04/2020
IX - analisar a legalidade dos atos de admissão, aposentadorias e pensões;
X - executar atividades inerentes à avaliação de programas de integridade
no âmbito dos acordos de leniência firmados pela CGU;
XI - executar atividades inerentes à elaboração da Prestação de Contas do
Presidente da República e do Relatório de Gestão Fiscal;
XII - executar atividades relacionadas aos processos de novação de dívida;

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 57
XIII - executar atividades inerentes à avaliação de desempenho e à
supervisão das unidades de auditoria interna, de ouvidoria e de correição dos
órgãos e entidades do Poder Executivo federal;
XIV - compor comissões de negociação de acordos de leniência;
XV - compor equipes para a realização de ações investigativas; e
XVI - executar outras atividades de competência da CGU, determinadas pela
chefia imediata.

§ 1º Fica vedado ao Técnico Federal de Finanças e Controle em exercício


na CGU supervisionar e coordenar as atividades finalísticas e de
competência deste Ministério, salvo no exercício de cargo em comissão ou
função comissionada.
§ 2º A vedação de que trata o § 1º não se aplica para a presidência de
comissão de processo administrativo disciplinar de que trata o caput do art.
149 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, ressalvado o disposto no
inciso XIII do art. 2º desta Portaria.

Art. 4º São atividades de apoio para o cumprimento das competências


institucionais da CGU:

I - emitir opinião técnica;


II - coletar, produzir, consolidar e atualizar dados que suportam as atividades
deste Ministério;
III - realizar capacitações e elaborar materiais instrucionais no desempenho
das competências deste Ministério;
IV - participar do processo de mensuração dos benefícios financeiros e não
financeiros decorrentes da atuação deste Ministério;
V - elaborar respostas a requerimentos, manifestações, recursos e pedidos
de informação recebidos pelo Ministério;
VI - analisar e instruir processos de demandas externas e internas;
VII - executar atividades relativas a convênios, acordos de cooperação e
instrumentos congêneres nacionais ou internacionais firmados pela CGU;
VIII - realizar qualquer atividade necessária à manutenção ou aprimoramento
da gestão dos serviços e recursos da CGU; e
IX - exercer demais atividades de apoio e suporte técnico especializado
relacionadas às competências da CGU.

Veja que, diferentemente do que acontece nas agências reguladoras, não há


competências comuns de fiscalização (finalísticas) como existe entre os TREG e
Especialistas em Regulação. Os Técnico Federal de Finanças e Controle em
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 58
exercício na CGU podem compor equipes para realização de inspeções, mas não
podem supervisionar e coordenar inspeções, diferente da situação que ocorre nas
agências reguladoras com os Técnicos em Regulação onde coordenam ou
supervisionam equipes de fiscalização, mesmo não tendo função
comissionada.

Por fim, a última carreira a comparar é a de Técnico de Controle Externo do


Tribunal de Contas da União. Segundo a Lei nº 10.356/2001:

Art. 6º É atribuição do cargo de Técnico de Controle Externo – Área de


Controle Externo o desempenho de todas as atividades concernentes ao
exercício das competências constitucionais e legais a cargo do Tribunal de
Contas da União, de nível intermediário, bem como auxiliar o Analista de
Controle Externo – Área de Controle Externo no exercício de suas
atribuições.

Art. 7º É atribuição do cargo de Técnico de Controle Externo – Área de Apoio


Técnico e Administrativo o desempenho de atividades administrativas e
logísticas de apoio, de nível intermediário, relativas ao exercício das
competências constitucionais e legais a cargo do Tribunal de Contas da
União.

A complementação do texto legal veio na forma de Resolução do TCU, sendo


a mais atual a Resolução-TCU nº 332/2021, que ordena:

Seção II
Do cargo de Técnico Federal de Controle Externo (TEFC)

Art. 10. Compete ao ocupante do cargo de TEFC o desempenho de todas as


atividades de nível intermediário no âmbito do TCU.

§ 1º São atribuições do cargo de TEFC:

I - na área de atividade de Controle Externo, nos termos do disposto no art.


6º da Lei 10.356/2001 e no art. 4º da Lei 11.950/2009, o desempenho de
todas as atividades concernentes ao exercício das competências
constitucionais e legais a cargo do Tribunal de Contas da União, de nível

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 59
intermediário, bem como auxiliar o ocupante do cargo de AUFC na área de
atividade de Controle Externo no exercício de suas atribuições.
II - na área de atividade de Apoio Técnico e Administrativo, nos termos do
disposto no art. 7º da Lei 10.356/2001 e no art. 4º da Lei 11.950/2009, o
desempenho de atividades administrativas e logísticas de apoio, de nível
intermediário, relativas ao exercício das competências constitucionais e
legais a cargo do TCU.

§ 2º Os serviços auxiliares, instrumentais, acessórios ou de menor


complexidade desempenhados pelos ocupantes do cargo de TEFC na área
de atividade de Apoio Técnico e Administrativo podem ser executados de
forma indireta, observada a legislação aplicável, vedada a transferência de
responsabilidade para a realização de atos administrativos ou a tomada de
decisão para o contratado, nos termos do que for definido em ato do
Presidente do TCU.

Art. 11. No exercício de suas competências, incumbe ao ocupante do cargo


de TEFC na área de atividade de Controle Externo:

I - instruir e examinar documentos, informações e processos de natureza


técnica ou administrativa que lhe sejam distribuídos;
II - auxiliar na execução de trabalhos de fiscalização em suas diversas
modalidades, nas unidades e áreas sujeitas à jurisdição do TCU; (grifo
meu)
III - preparar e conferir expedientes, correspondências, documentos e
comunicações processuais;
IV - efetuar o cálculo de débitos em processos de controle externo e
administrativos e das quotas referentes aos Fundos de Participação dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
V - instruir e examinar processos de controle externo de menor
complexidade, relativos a contas, atos sujeitos a registro e fiscalização de
atos e contratos;
VI - atuar, com a devida autorização da chefia de gabinete, na análise e
formulação das relações de processos a serem submetidas a julgamento
pelo TCU;
VII - coletar e analisar dados e informações, bem como desenvolver,
implantar e utilizar algoritmos e modelos para detecção de anomalias e
predição de resultados que deem suporte às atividades de controle externo
a cargo do TCU;

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 60
VIII - prestar suporte administrativo e operacional necessários ao
desenvolvimento das atividades das unidades técnicas e gabinetes de
autoridades; e
IX - executar outras tarefas de apoio ao controle externo determinadas por
sua chefia.

Art. 12. No exercício de suas competências, incumbe ao ocupante do cargo


de TEFC na área de atividade de Apoio Técnico e Administrativo:

I - propor, planejar, executar e coordenar trabalhos nas áreas administrativas


e logísticas de apoio no âmbito do TCU;
II - elaborar relatórios sobre a gestão patrimonial, econômica e financeira da
organização, apresentando dados estatísticos e pareceres técnicos;
III - desenvolver trabalhos inerentes a governança, gestão, planejamento,
modernização e transformação digital das atividades e serviços de apoio ao
exercício das competências do Tribunal;
IV - atuar em comissões, grupos de estudos ou de trabalhos, quando
designado;
V - examinar, instruir e acompanhar documentos e processos administrativos
que lhe sejam distribuídos;
VI - realizar a gestão processual e documental;
VII - coletar e analisar dados e informações, bem como desenvolver,
implantar e utilizar algoritmos e modelos para detecção de anomalias e
predição de resultados que deem suporte ao funcionamento e ao exercício
das competências do TCU;
VIII - analisar, propor e implantar inovações e melhorias incrementais em
normas, serviços, rotinas, procedimentos, métodos e processos de trabalho
referentes à sua área de atuação;
IX - acompanhar, fiscalizar e gerir a execução de contratos de fornecimento
de bens e serviços, continuados ou não, inclusive os de terceirização, no
âmbito do Tribunal; e
X - executar outros trabalhos técnicos ou administrativos determinados por
sua chefia.

Art. 13. O ocupante do cargo de TEFC pode, independente da área de


atividade e no exclusivo interesse da Administração, exercer suas atribuições
em qualquer unidade integrante da estrutura organizacional do TCU,
observado as normas aplicáveis e o disposto nesta Seção.

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 61
Note-se que o TCU conseguiu discriminar de forma mais abrangente as
competências dos TEFC. Também é importante notar que as atividades executadas,
ainda que em grau de apoio e suporte, possuem relevância, abrangendo muitos
elementos de abstração e análise.
Se observa que o Técnico Federal de Controle Externo (TEFC) pode atuar
na fiscalização como função de AUXILIAR na execução de trabalhos em suas
diversas modalidades, nas unidades e áreas sujeitas à jurisdição do TCU.
Ao analisar, mais abaixo, as estruturas remuneratórias dos órgãos e cargos
aqui colocados, observaremos que o TCU consegue dar a devida valorização aos
Técnicos, ainda que suas atividades versem sobre apoio e suporte.

4.6. Da necessidade de adequação do requisito de ingresso para o cargo


e TREG e melhoria da proporcionalidade das estruturas de remuneração dos
cargos das agências reguladoras

Repise-se, antes de continuar, as competências, a capacidade técnica, o


nível de conhecimentos, habilidades e atitudes, a formação acadêmica e as atividades
atualmente executadas pelos TREG fazem-nos concluir que os trabalhos executados
pelos ocupantes deste cargo são de altíssima relevância, abrangendo muitos
elementos de abstração e análise, e, ainda, trazendo exposição a riscos inerentes às
ações executadas.
Apenas por isso e pelo demonstrado no item mais acima, que tratou das
atividades executadas pelos TREG nas agências, é possível concluir, com certeza,
que a mudança do requisito para nível superior não é somente devida: é
NECESSÁRIA!
Para a execução de tarefas de cunho finalístico com essa abrangência e, por
vezes, com exposição a riscos e, ainda, as análises documentais extensas,
formatação de pareceres técnicos e inspeções. Isso demonstra a necessidade que os
TREG têm de qualificação e capacitação específica para a realização de tais
atividades.
Note-se que, pelos levantamentos feitos, perto de 86% dos TREG possuem
curso superior ou pós graduação (especialização, mestrado, etc.) concluídos. No caso
de aprovação desta pauta, não impede, caso seja necessário, a transição de

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 62
servidores que ainda não possuem nível superior completo, ou ainda não cursaram,
se graduarem devidamente, isso se daria de forma mais rápida.
Para a Administração, a possibilidade de se atribuir mais tarefas de cunho
finalístico e exercer um nível de cobrança maior sobre o trabalho realizado poderá ser
razoável e adequado, pois os servidores, calçados pela nova exigência do cargo,
poderão executar suas atividades com maior autonomia, segurança e precisão, vez
que a relevância e exposição são altos e a alteração de requisito darão mais
visibilidade e responsabilidades aos titulares e postulantes ao cargo, corrigindo a
assimetria e a desproporcionalidade entre as competências, as atividades e as
estruturas remuneratórias dos cargos finalísticos das agências.
Além de corrigir essas distorções, é necessário considerar uma justa
proporcionalidade entre as estruturas remuneratórias dos diversos cargos. Segundo
a pauta aprovada pelo SINAGÊNCIAS, as proporcionalidades propostas para os
Cargos de Nível Intermediário correspondem a 75% da remuneração recebida pelos
Cargos de Nível Superior. Isso porque, conforme apresentado neste documento,
os Técnicos em Regulação executam atividades essenciais para as Agências
Reguladoras, que excedem cotidianamente as atividades de apoio e suporte,
constituindo execução de tarefas de natureza técnica especializada.
Nessa toada, faz-se necessária a comparação com alguns cargos do serviço
público federal, quais sejam, as carreiras da Receita Federal do Brasil, do Tribunal de
Contas da União e do Banco Central do Brasil.
Antes das comparações devidas, é imperioso analisar, primeiramente, as
estruturas remuneratórias atuais dos TREG em comparação aos Especialistas em
Regulação, conforme abaixo:

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 63
Notamos que a diferença proporcional atual gira em torno dos 50%,
absolutamente inadequada pelo que foi apresentado anteriormente, especialmente
pelo nível de conhecimento e relevância das tarefas executadas pelos técnicos.
Com relação às outras carreiras, temos as seguintes estruturas, para os
cargos de Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil e Analista -Tributário da Receita
Federal do Brasil, respectivamente:

Os dois cargos são de nível superior e, analisando comparativamente, é


possível notar que a diferença proporcional é de aproximadamente 60%.
A proporção ainda não é ideal, especialmente se contarmos o requisito de
ingresso para os dois cargos e o nível de complexidade e relevância de cada uma
das funções aqui representadas.
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 64
Agora falando do TCU, abaixo destacamos as estruturas de:

Aqui a análise deve ser mais detida.

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 65
No caso do Técnico Federal de controle Externo (TEFC), apesar do papel de
natureza Auxiliar na fiscalização, o mesmo percebe um percentual de 56% do Auditor
Federal de Controle Externo (AUFC), melhor da proporção atual do Técnico em
Regulação. Isso também se confirma na Resolução-TCU nº 332/2021!
Por fim, a análise atual do Ciclo de Gestão, com pauta aprovada pelo
Sinagências e, de forma muito justa, tão almejado por todos nós, especialmente os
Especialistas em Regulação, Analistas Administrativos e servidores do PEC nível
superior.
Logo abaixo a estrutura remuneratória dos Analistas e Técnicos do BACEN,
para efeito de comparação:

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 66
Antes de enveredar na argumentação, é preciso repisar: é justa e coerente a
pauta de persecução de equiparação ao Ciclo de Gestão por parte dos cargos de
nível superior. Não há discussão sobre isso e os Técnicos em Regulação defendem
a causa com o mesmo afinco.
Entretanto é de caráter urgente os pleitos da alteração do requisito de
ingresso e a parametrização de proporcionalidade de 75% do nível intermediário
sobre nível superior!
Por isso, é importante destacar junto ao SINAGÊNCIAS e ao MGI a
relevância dessa pauta para a carreira dos Técnicos em Regulação, que, conforme
apresentado acima, realizam atividades essenciais para o país.

5-Conclusão

É importante considerar o que segue, ante as argumentações que foram aqui


expostas:

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 67
 Os levantamentos feitos com a amostragem colocada indicam que o corpo de
servidores TREG são altamente qualificados e a grande maioria já possui
Nível Superior, e muitos possuem ainda pós-graduação, além de em muitos
casos, possuir cursos e habilitações específicas em áreas estratégicas para
as agências como habilitação como pilotos de aeronave, entre outras;

 Em que pese o argumento anterior, persiste uma constante busca por mais
conhecimento e capacitação por parte dos Técnicos em Regulação para que
o trabalho finalístico da regulação seja feito com o nível de excelência que se
observa atualmente; e

 Dentre as várias atividades destacadas, notamos que boa parte delas possui
relevância, abrangendo muitos elementos de responsabilidade,
comprometimento, abstração e análise, e, ainda, trazendo exposição a riscos
inerentes às ações executadas,

Nós, Técnicos em Regulação efetivos dos quadros das Agências


Reguladoras Federais, confirmamos a defesa das pautas colocadas na Proposta de
Pauta de Reivindicações para a Mesa Específica e Temporária, em seu inteiro teor,
especialmente as que seguem:

- Alteração do requisito de entrada de Nível Intermediário para Nível


Superior; e

- Patamar remuneratório para o cargo de nível intermediário


correspondente a 75% da remuneração recebida pelo cargo de
nível superior; e

Compreendendo a importância da proposta enviada pelo Sinagências e a


necessidade de fortalecer a argumentação para justificar os dois destaques.
Sugerimos que o Sindicato, que representa a carreira, conduza um estudo
semelhante complementar com os servidores do PEC nível médio e técnicos
administrativos, tanto filiados quanto não filiados. Isso permitirá obter informações
Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 68
mais abrangentes e embasar de forma sólida os argumentos iniciais apresentados no
documento.

Como foi demonstrado, neste estudo foram trazidas informações relevantes


para subsidiar a defesa da pauta, em especial os itens que são mais caros para o
pessoal de nível intermediário como a mudança de requisito de ingresso e a
proporcionalidade de 75% em relação aos cargos hoje de nível superior, junto
ao Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos - MGI, para que esse
ministério entenda a real situação dos TREG nas agências, facilitando a aprovação
das demandas postas.

São as conclusões deste estudo.

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 69
O presente estudo 21 contou com a colaboração de todos os Técnicos em
Regulação das Agências Nacionais de Regulação.

Atuaram na relatoria deste documento:

Daniel Redinz Mansur - ANATEL


Hildebrando Oliveira - ANAC
Juliano Longo Romão - ANATEL
Leonardo Holanda de Almeida – ANS
Nataniel da Silva Junior - ANTAQ
Paulo Rodolfo Gardini - ANATEL
Renato Hamilton de Souza Rodrigues - ANAC
Wagner da Silva Dias – ANTT

Agradecemos todos aqueles que contribuíram para a elaboração deste trabalho.

21
Versão emitida em 28 de fevereiro de 2024.

Estudo Técnico:
Cargos de Técnico em Regulação das Agências Reguladoras Federais 70

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