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regulação de
serviços públicos
municipais de
saneamento básico.
Um modelo para
discussão
SUMÁRIO
1- INTRODUÇÃO........................................................................................................3
2- CONTEXTUALIZAÇÃO........................................................................................3
REGUALDOR...............................................................................................................22
5- CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................31
6- REFERÊNCIAS.....................................................................................................32
Introdução
O presente estudo pretende provocar reflexões e discussões sobre alternativas de
ente/órgão regulador de serviços de saneamento básico prestados diretamente pelo
titular. O estudo é fruto da iniciativa do CDN ao criar um Grupo de Trabalho (GT) com
o objetivo de apresentar um estudo que subsidie a ASSEMAE na definição de um
modelo de ente/órgão regulador de serviços de saneamento básico.
Apesar dos esforços da coordenadora, não foi possível a elaboração do estudo com
todos os membros do GT, sendo ainda uma parte do estudo (diagnóstico) elaborada por
dois membros e o restante do estudo pela primeira autora. Com certeza, o estudo estaria
muito mais substanciado, mas rico com a contribuição de todos, pela possibilidade de
reflexões e troca de conhecimentos, visões, interpretações e consensos, se todos
tivessem participado.
Evidentemente, que na condição de coordenadora do GT, a responsabilidade e o
compromisso são maiores e, portanto, o dever de preparar um documento que desperte,
no mínimo, a curiosidade e o interesse da direção do CDN sobre a regulação para os
serviços municipais de saneamento básico.
Nesse sentido, o documento apresenta um panorama geral sobre regulação, reúne
informações sobre as agências reguladoras existentes no âmbito federal, estadual e
municipal no diagnóstico e provoca a discussão sobre alternativas de modelo de ente
regulador para os associados da ASSEMAE, priorizando o debate para uma única
alternativa.
Contextualização
A área de saneamento se ressentia de um marco regulatório que desde a extinção do
PLANASA em 1986. A Lei Nacional do Saneamento, nº 11.445, de 05 de janeiro de
2007, é um dos instrumentos legais deste marco regulatório e traz no seu arcabouço
legal-institucional diretrizes para as funções de regulação e fiscalização da prestação
dos serviços de saneamento básico. A Lei rompe com o modelo “Planasiana” que
obrigou os Municípios a concederem os serviços de água e esgoto ao Estado, por meio
de empresas estaduais que, na maioria delas, prestam os serviços sem participação do
município e da sociedade civil, além de exercerem a auto-regulação.
Galvão Júnior (2009, slide 12) conceitua a regulação como sendo “intervenção do
Estado nas ordens econômica e social com a finalidade de se alcançar eficiência e
equidade, traduzida como universalização na provisão de bens e serviços públicos de
natureza essencial, por parte de prestadores de serviço estatais e privados”.
A Lei nº 11.445/07 separa as funções de planejamento, regulação e fiscalização e
prestação dos serviços de saneamento básico, acabando com a auto-regulação dos
prestadores e, condiciona a validade dos contratos a existência de entidade de regulação
e fiscalização e normas de regulação (ARTIGO 11, INCISO III).
Art. 11. São condições de validade dos contratos que tenham por objeto a prestação de
serviços públicos de saneamento básico:
I - a existência de plano de saneamento básico;
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Da mesma forma, permite que o titular opte entre exercer a atividade regulatória ou
delegá-la ao Estado.
Art. 32. As atividades administrativas de regulação, inclusive organização, e de
fiscalização dos serviços de saneamento básico poderão ser executadas pelo titular:
I – diretamente, mediante órgão ou entidade de sua administração direta ou indireta,
inclusive consórcio público do qual participe; ou
II – mediante delegação a órgão ou entidade de outro ente da Federação, por meio
de gestão associada de serviços públicos autorizada por consórcio público ou convênio
de cooperação entre entes federados.
Neste sentido, este estudo vem contribuir para que a ASSEMAE enfrente o desafio de
promover e aprofundar este debate, bem como estimule e apóie as iniciativas de
municípios na implementação de órgãos colegiados para exercer a atividade regulatória.
O governo FHC (1995- 2002) adota o modelo Estado Regulador (de preços e serviços
monopolizados) com a redução do Estado na economia e na prestação de serviços
públicos, quebra o monopólio da Petrobrás, privatiza serviços públicos e cria as
agências reguladoras como sendo a grande solução para o modelo (BUCCI, 2002;
MELO 2008). Como justificativa para a reforma, o governo afirma que os recursos
O Estado deixa de ser o provedor dos serviços públicos para ser o Estado regulador e,
para atrair e garantir investidores nos processos de privatização institucionaliza as
agências reguladoras independentes para garantir ambiente seguro nas relações
contratuais entre o Estado e o mercado.
Cita Pietro (2004) que as únicas agências previstas na Constituição Federal são a
ANATEL e a ANP (21, XI, e 177, § 2º, III) e as demais estão são criadas por meio de
lei e por delegação de função normativa, portanto, estas agências não podem exercer a
função normativa maior do que qualquer outro órgão administrativo ou entidade da
Administração Indireta ou estarão praticando uma inconstitucionalidade.
Cite-se que todas as agências reguladoras existentes no Brasil são criadas para regular
os serviços públicos delegados a outro ente federado ou iniciativa privada. Não existe
agência reguladora para regular, especificamente, os serviços públicos de saneamento
prestados diretamente pelo titular.
As agências tem sido alvo de críticas no cenário internacional, como, por exemplo, a
questão da captura, seja pelos interesses privados, seja pelo próprio governo, a falta de
transparência, a precariedade do exercício do controle, a falta de transparência e de
prestação e contas (SOUTO, 2008).
O Governo Federal preocupado com o papel das agências reguladoras no âmbito federal
e, com a necessidade de garantir o controle social criou um Grupo de Trabalho
Interministerial com o objetivo de analisar, discutir a organização, e propor medidas
para o aperfeiçoamento do modelo institucional das agências reguladoras no âmbito do
Poder Executivo Federal. O GTI apresentou em dezembro de 2003 o relatório Análise e
Avaliação do Papel das Agências Reguladoras no Atual Arranjo Institucional
Brasileiro que dentre aos principais problemas diagnosticados destacam-se: a
precariedade do uso de instrumentos de transparência e consulta pública, déficit de
instrumentos de controle social e de gestão, baixa capacidade regulatória, precariedade
de recursos humanos, adequação da do grau de autonomia ou independência das
agências em relação aos ministérios e o papel destes atributos no bom ordenamento da
economia e no fomento ao investimento produtivo; eficácia das agências na defesa dos
interesses dos consumidores e no cumprimento de suas competências legais, dentre
outros (REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, 2003).
"O primeiro desafio político para essas agências tem sido operar como órgãos
autônomos dentro do ambiente institucional para trazer confiança e transparência ao
setor privado e à sociedade civil. A inclusão do tema "independência" no amplo debate
sobre políticas públicas foi marcada por discussões e contradições. Algumas delas
estavam ligadas à questão da separação entres as ações de definição de políticas gerais e
planejamento, que deveriam continuar submetidas aos ministérios, das ações de
fiscalização e execução de tarefas, que foram delegadas às agências. Como um todo, as
agências têm atuado como braços operacionais do governo e têm cumprido sua missão
desde que foram criadas. Elas têm status diferentes e algumas delas deixam menos
espaço para a autonomia que outras” (OCDE, 2008, p. 334).
Outra ação do Governo Federal pra melhorar a governança regulatória foi a instituição
do Programa de fortalecimento da capacidade institucional para gestão em regulação
(PRO-REG) para promoção de melhoria do sistema regulatória no Brasil, em 16 de
março de 2007. Está sob a responsabilidade da Casa Civil da Presidência a sua
implementação. O Programa conta com o apoio técnico e financeiro do Banco
Interamericano de Desenvolvimento (BID) e congrega, por meio de comitês, a Casa
Civil da Presidência da República, Ministério da Fazenda, Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão, Ministérios setoriais, Agências Reguladoras e instituições da
sociedade civil de defesa do consumidor (PRO-REG, 2009).
Por fim, a área de saneamento tem muitos desafios para implementar órgãos/entes para
desenvolver a atividade regulatória e, um deles é evitar repetir os problemas das
diversas agências em funcionamento. Os municípios, titulares dos serviços de
saneamento básico podem e devem criar mecanismos de participação e controle social
efetivos, como prevê a Lei nº 11.445/07, adequando a sua realidade, para as atividades
de planejamento, regulação e fiscalização da prestação dos serviços públicos de
saneamento básico. A instituição de instrumentos de participação e controle social tais
como Conselho consultivo e deliberativo, Audiências Públicas, Consultas Públicas e
Ouvidoria são essenciais para a melhoria da qualidade da prestação dos serviços
regulados.
Turolla, Ohira e Lima (p. 157, 2008) afirmam que “a participação dos usuários em
caráter deliberativo, através de conselhos, pode criar alto custos em termos de
celeridade do processo decisório, acarretando efeito inverso ao desejado pelos
usuários e beneficiários”. Na contramão dessa avaliação, a Agência Municipal e Água e
Esgotos de Joinville, entre todas as agências estaduais e municipais é a que mais
produziu normas técnicas de regulação, 28 (vinte e oito), por meio do Conselho
Municipal de Água e Esgotos desde a sua criação. Entre as quais, normas sobre:
Plano de Contas, critérios de enquadramento para a tarifa social dos serviços públicos
de abastecimento de água e esgotamento sanitário, forma de medição de esgoto para
usuários com fonte própria de abastecimento de água, obrigatoriedade do lançamento de
despejos provenientes de piscinas, na rede coletora de esgoto, faturamento de água nos
casos de consumo elevado, em função da ocorrência de alagamentos, inundações,
enchentes ou deslizamentos, do faturamento dos serviços de esgotamento sanitário,
obrigatoriedade da execução de mureta e instalação da caixa padrão nos casos de
deslocamento de cavalete e de ramais de água, estabelecimento dos preços e prazos para
as religações de urgência nos casos de suspensão indevida dos serviços, ou por
solicitação do usuário, documentação necessária para a efetivação do pedido de ligação
de água e/ou esgoto, sanções, condições gerais de prestação dos serviços públicos de
abastecimento de água e esgotamento sanitário no município de Joinville, etc.
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Diagnóstico
Apresenta-se um levantamento sobre as agências reguladoras existentes no âmbito
federal, estadual, municipal e regional.
No levantamento foram identificadas dez agências reguladoras no âmbito federal das
quais, quatro delas foram criadas na década de 90 sendo as duas primeiras em 1996, a
Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e a Agência Nacional de
Telecomunicações (ANATEL). Ambas criadas no cenário de reforma administrativa do
Estado Brasileiro com o “Estado Provedor” passando a ser o “Estado Regulador’.
No âmbito estadual foram identificadas, vinte e cinco entes reguladores, sendo vinte e
quatro Agências e uma Comissão Reguladora, a maioria são multisetoriais. As nove
primeiras agências foram criadas no período 1997-1999, onze no período 2000-2005 e,
cinco criadas após a edição da Lei nº 11.445/07. É minoritária a participação de
usuários/consumidores em conselhos existentes em algumas estruturas das agências.
No entanto, no estado da Bahia foi criada uma Comissão para regular os serviços de
saneamento básico (CORESAB). A Comissão só delibera após ouvir a Câmara Técnica
de Saneamento Básico e o Conselho Estadual das Cidades
A propósito, citando a experiência regulatória da Grã-Bretanha, em 1995 foi elaborado
um documento visando fomentar a criação de conselhos consumidores independentes
das agências reguladoras para garantir a defesa mais eficiente dos consumidores no
modelo de regulação em função do aumento de operadores e conglomerados para a
prestação de serviços públicos (AMPARO et al., 2000, p.21-23 apud MARINHO,
2006).
No âmbito municipal, foram criadas 12 (doze) agências reguladoras entre as quais, uma
como consórcio público. A maioria delas regula a prestação dos serviços públicos
concedidos de água e esgotos. As agências reguladoras dos municípios de Fortaleza e
Natal regulam os serviços de saneamento ambiental e básico, respectivamente, a
agência do município de Ponta Grossa, regula os serviços de água e saneamento e a do
município de Gauratinguetá regula os sérvios de água, esgotos e resíduos sólidos. Não
foi criada agência para regular apenas os serviços públicos de saneamento básico
prestados diretamente pela Administração Pública Direta ou Indireta.
Apenas duas agências foram criadas em 1999 (municípios de Cachoeiro de Itapemirim e
Campo Grande), no período 2000-2006 foram criadas seis agências municipais e, quatro
foram criadas após a edição da Lei nº 1.445/07. Merecem destaque as Agências
Reguladoras dos municípios de Natal (ARSBAN) e Joinville (AMAE) que possuem
conselhos consultivos e deliberativos.
O Conselho Municipal dos Serviços de Água e Esgotos da AMAE de caráter consultivo
e deliberativo, de composição paritária com seis representantes do Poder Público e seis
representantes da sociedade civil Entre suas atribuições estabelecidas na Lei nº
4.341/2001, destacam-se:
Art.4º. À agência compete adotar as medidas necessárias para o atendimento do
interesse público e para o desenvolvimento da prestação dos serviços e abastecimento
de água e coleta e tratamento de esgotos, atuando com independência, imparcialidade,
legalidade, imparcialidade, publicidade cabendo-lhe, especialmente:
XX- Acompanhar e auditar o desempenho econômico financeiro a da execução dos
serviços de abastecimento de água e coleta e tratamento de esgotos, procedendo à
análise e recomendando ao Conselho Municipal dos Serviços de Água e Esgotos
aprovação dos pedidos de revisão e reajustes, visando assegurar a manutenção do
equilíbrio e da capacidade financeira dessas instituições, como garantia da prestação dos
serviços;
XXV- Subsidiar o Conselho Municipal de Água e Esgotos, no que se fizer necessário,
para deliberar na esfera administrativa, quanto à interpretação da legislação sobre
serviços de abastecimento de água e coleta e tratamento e sobre os casos omissos;
XXXVII- Assessorar tecnicamente o Conselho Municipal de Água e Esgotos;
XIV- Buscar o apoio de órgãos e entidades realizadoras de estudos sobre meio ambiente
e saneamento, de modo a dispor, de subsídios técnicos e legais na implementação de
suas ações (JOINVILLE, 2001).
E, o Conselho Municipal de Saneamento Básico da ARSBAN é composto por seis
representantes do Poder Público, incluindo o secretário executivo que é o presidente da
ARSABAN e, sete de representantes da sociedade civil. A Lei nº 5.346/2001 estabelece:
Art.3º. Para fins desta lei, a entidade regulada é a pessoa jurídica de direito privado,
inclusive sob controle estatal, ou a de direito público que não seja titular dos serviços,
bem como o consórcio de empresas responsável pela prestação de serviços públicos de
saneamento básico, submetida à competência regulatória da ARSBAN.
Parágrafo segundo – A normatização compreende o estudo e a proposta de normas e
padrões para serviços de saneamento básico, objetivando o controle e a fiscalização da
quantidade e da qualidade das atividades reguladas, para serem homologados pelo
Conselho Municipal de Saneamento Básico e aplicados pela ARSBAN.
Por ultimo, identificou-se um único consórcio público criado para regular a prestação de
serviços de saneamento, a Agência Reguladora dos Serviços de Saneamento Básico –
ARIS. Este consórcio público é composto por 11 municípios do estado de Santa
Catarina: Águas de Chapecó, Alto Bela Vista, Formosa do Sul, Iraceminha, Ita,
Jardinópolis, Monte Carlo, Pinhalzinho, União do Oeste e Vargeão, totalizando,
aproximadamente, 1 milhão de habitantes (VARGEÃO; 2009, ÁGUAS DE CHAPECÓ,
2009).
Similarmente, foi constatado que está em discussão a criação de uma Agência
Reguladora de Saneamento por meio de Consórcio Público composto por 43 municípios
que compõem o Comitê de Bacia Hidrográfica do Piracicaba (LIDEBRASIL, 2010).
AGR - Agência Reguladora das Águas de Tubarão- SC. Regula os serviços públicos
delegados ou operados diretamente pelo poder público, de abastecimento de água e
esgotamento sanitário do município. Criada pela Lei Complementar nº 20, de 27 de
junho de 2008. Possui Superintendências (3), Ouvidoria e Conselho Consultivo (6
membros-Comitê de Bacia, Associação de Engenheiros e Arquitetos, Poderes Executivo
e Legislativo, prestador, e usuários).
AGREG – Agência de Regulação dos Serviços Públicos Delegados de Campo Grande
– MS. Energia elétrica, saneamento, transporte urbano, gás, telecomunicações, portos e
rodovias. Possui: Diretor Presidente, Conselho de Regulação. Foi criada pela Lei nº
7.101, de 14 de janeiro de 1999. Autarquia com autonomia administrativa e financeira,
vinculada ao chefe do Executivo Municipal. Poderá regular outros entes delegados ao
município de Campo Grande. Possui Diretoria Colegiada, (4 membros), Conselho de
Regulação (9 membros, dos quais, os representantes do CREA e da OAB são indicados
pelo prefeito por meio de lista tríplices, 1 representante dos consumidores, 1
representante dos movimentos populares e 1 representante da classe empresarial do
comércio e indústria) funciona com a assessoria de 4 (quatro) e funciona com o apoio de
três Câmaras Técnicas.
AMAE – Agência Municipal de Água e Esgoto – Joinville – SC. Criada pela Lei nº
4.341/2001 e alterada pela Lei nº 4.924, de 19 de dezembro de 2003. Autarquia
especial, vinculada ao Gabinete do Prefeito, com autonomia administrativa e financeira
e poder de polícia. Diretoria Colegiada (3 membros) e Ouvidoria. A AMAE é vinculada
ao Conselho Municipal dos Serviços de Água e Esgotos (órgão de participação
institucionalizada da sociedade no processo de regulação, de caráter consultivo e
deliberativo. O Conselho aprova e edita as normas de regulação).
Consórcios Reguladores
ARIS - Agência Reguladora dos Serviços de Saneamento Básico – ARIS é um
Consórcio formado por 11 municípios (Águas de Chapecó, Alto Bela Vista, Formosa do
Sul, Iraceminha, Ita, Jardinópolis, Monte Carlo, Pinhalzinho, União do Oeste e
Vargeão) foi criada em Florianópolis (SC), em 01/12/2009, a primeira agência
reguladora dos serviços de saneamento básico sob a forma de consórcio público,
totalizando cerca de 1 milhão de habitantes.
O projeto prevê 150 municípios consorciados até o fim do primeiro semestre de 2010.
Deste total, há municípios operados por Serviços Municipais de Água e Esgoto
(SAMAEs), e pela Companhia Estadual (CASAN). Essa configuração traz um desafio
inédito no país, que é a regulação de vários prestadores de serviço por uma só agência.
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A participação da sociedade nas decisões das políticas públicas por meio de conselhos é
um processo que exige mudanças da atuação dos gestores, na maneira de formular e
implementar política pública e na sociedade para atuar como protagonista e não como
ratificadores das ações dos governos (MELO, 2009).
Portanto, a sociedade civil precisa estar preparada para atuar nos processos decisórios
de Consulta, Audiência Pública, em órgãos colegiados, pois a assimetria de
informações, a falta de transparência e o déficit de democracia na área de saneamento
no Brasil são constatações reais Entende-se que o Poder Público, por sua vez, deve
estimular o exercício da cidadania promovendo. a instituição de mecanismos de
participação e controle social efetivos, a participação paritária em órgãos colegiados e,
garantindo o apoio administrativo e técnico aos órgãos colegiados, contribuindo com a
capacitação contínua e permanente dos membros do órgãos afim de construir um novo
paradigma de participação e controle social.
Titular
(prestador)
Usuário
Titular
Usuário Prestador
A opção política é do gestor maior municipal sobre qual o arranjo institucional criará
para exercer a atividade regulatória, observando os limites de atuação do órgão/ente
regulador. A falta de profissionais qualificados deve ser um desafio para a criação de
órgão/ente regulador e um estímulo a buscar alternativas.
Embora a Lei nº 11.445/07 não explicite distinção entre a regulação da prestação direta
dos serviços públicos de saneamento e a regulação da prestação de serviços delegados, a
minuta da do Decreto de Regulamentação da Lei flexibiliza algumas características do
ente que permite a utilização de um modelo alternativo para exercer a regulação.
Ambiental da Alagoinhas, assim como as que devam ser incluídas nos projetos de lei
sobre o plano plurianual as diretrizes orçamentárias e o orçamento Estadual e
Municipal;
III- Publicar o relatório de Salubridade Ambiental do Município;
IV- Deliberar sobre propostas de projetos de lei e programas de saneamento;
V-Fomentar o desenvolvimento científico, a pesquisa, a capacitação tecnológica e a
formação de recursos humanos;
VI- Regular, fiscalizar e controlar a execução da Política Municipal de Saneamento
Ambiental, especialmente no que diz respeito ao fiel cumprimento de seus
princípios e objetivos e a adequada prestação dos serviços e utilização dos
recursos;
VII-Decidir sobre propostas de alteração da Política Municipal de Saneamento
Ambiental;
VIII-Atuar no sentido da viabilização de recursos destinados aos planos, programas e
projetos de saneamento ambiental;
IX-Estabelecer diretrizes para a formulação de programas e aplicação dos recursos do
Fundo Municipal de Saneamento Ambiental;
X-Estabelecer as metas relativas a cobertura de abastecimento de água, de cobertura dos
serviços de esgotamento sanitário, índice e níveis de tratamento de esgotos, perdas de
sistema de água, qualidade da água distribuída referente aos aspectos físicos, químicos e
bacteriológicos,e de regularidade do abastecimento.
XI- Articular-se com outros conselhos existentes no País, nos Municípios e no estado
com vistas a implementação do Plano Municipal de Saneamento Ambiental
XII-Estabelecer as metas relativa a cobertura de abastecimento de água, de cobertura
dos serviços de esgotamento sanitário, índice e níveis de tratamento de esgotos, perdas
em sistema de água, qualidade da água distribuída referente aos aspectos físicos,
químicos e bacteriológicos e de regularidade do abastecimento (ALAGOINHAS, 2001).
Em pesquisa realizada por Melo (2009), foi constatado que no período de duas gestões,
o CMSA não conseguiu exercer todas as competências, mas os conselheiros
identificaram os problemas ocorridos e levantaram sugestões visando contribuir para o
fortalecimento do CMSA para permitir uma atuação plena. A capacitação política foi a
sugestão prioritária, seguida de sede própria estruturada e com a mesma prioridade
foram sugeridos o apoio administrativo, apoio para deslocamento, conhecer o papel do
conselheiro, ter um articulador, o conselheiro ter compromisso e capacitação técnica.
A Lei nº 1.460 foi instituída em dezembro de 2001, não existia o marco regulatório da
área do saneamento. O Município foi o primeiro no país a instituir a Política de
Saneamento Ambiental construída com a sociedade, a partir de realização de Pré-
Conferências e Conferência Municipal de Saneamento Ambiental, a elaborar o seu
Plano de Saneamento Ambiental com participação da sociedade e aprová-lo no CMSA
em 2006, portanto, o município enfrentou enormes desafios ao construir os caminhos.
Em geral, as agências reguladoras são criadas por lei como autarquias de regime
especial, conferindo-lhes a independência decisória e o mandato fixo e a estabilidade de
dirigentes. Por sua vez, a independência associa-se a não submissão hierárquica a outros
órgãos ou entidades da Administração Pública (PIETRO, 2004) e ao risco de captura
pelos agentes regulados. Reconhece-se ainda que, o Chefe do Poder Executivo pode
contingenciar recursos, como ocorre com algumas agências reguladoras, portanto, a
independência regulatória não é absoluta.
Apesar das agências serem criadas como autarquias dotadas de regime especial,
independência administrativa, funcional e financeira e, acrescenta Pietro (2004, p. 352),
com “sujeição a controle ou tutela, exercido nos limites da lei, pelo ente instituidor; esse
controle tem que ser limitado pela lei precisamente para assegurar certa margem de
independência ao ente descentralizado, sem o que não se justificaria a sua instituição”,
as agências tem sido alvo de críticas, como, por exemplo, a questão da captura, seja
pelos interesses privados, seja pelo próprio governo, a falta de transparência, a
precariedade do exercício do controle.
Afirma Justen Filho (2005, p.495), que “entidades administrativas podem ser criadas,,
dotadas com autonomia mínima, para exercer as atividades de regulação, para ser
Registra Melo (p. 146, 2009) que “Os conselheiros de maneira geral, enfatizam a
capacitação para viabilizar a atuação do Conselho no processo de implementação do
Plano e um representante da sociedade civil, mais resoluto, propõe que o CMSA tenha
Considerações Finais
A Lei nº 11.445/07 separa as funções de regulação da prestação de serviços de
saneamento introduzindo novas perspectivas de organização para a área de saneamento.
A falta da regulamentação da Lei dificulta a sua implementação na íntegra, mas ela por
si só já aponta os caminhos que é preciso percorrer para planejar, regular, fiscalizar e
prestar os serviços públicos de saneamento básico com participação e controle social.
A Lei potencializa a participação da sociedade na gestão dos serviços públicos de
saneamento e o planejamento e a regulação de serviços de saneamento são os maiores
desafios desta participação.
A participação da sociedade na elaboração dos planos municipais de saneamento básico
propicia um caminho para a capacitação e tomada de decisão sobre os rumos do
saneamento no município.
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Referências:
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