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UnISCED – UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

FACULDADE DE DIREITO

CURSO DE LICENCIATURA EM DIREITO

NOME DO ESTUDANTE: ÂNGELO FRANCISCO CHECHE

CODIGO DO ESTUDANTE: 61230033

TESTE III DIREITO ADMINISTRATIVO – DiAd

Tete, 2024
ÂNGELO FRANCISCO CHECHE

O SISTEMA ADMINISTRATIVO MOÇAMBICANO

Trabalho de Direito Administrativo


apresentado a Universidade Aberta ISCED
como Teste III.

Docente: Drº Gércio Rui Alberto

Tete
2024
1 Índice
1.1 Objectivos Gerais .......................................................................................................................... 4
1.2 Objectivos Específicos .................................................................................................................. 4
▪ Analisar o sistema administrativo moçambicano;................................................................................. 4
▪ Caracterizar o sistema administrativo moçambicano;........................................................................... 4
▪ Descrever os princípios norteadores do sistema administrativo moçambicano. ................................... 4
2 Evolução Histórica do sistema administrativo moçambicano .............................................................. 4
3 Princípios Norteadores do sistema administrativo moçambicano......................................................... 5
3.1 Princípio da legalidade .................................................................................................................. 6
3.2 Princípio do prosseguimento do interesse geral e protecção dos direitos e interesses dos
cidadãos .................................................................................................................................................... 6
3.3 Princípio da justiça e da isenção ................................................................................................... 6
3.4 Princípio da perspicuidade da AP ................................................................................................. 7
3.5 Princípio da cooperação da AP com os particulares ..................................................................... 7
3.6 Princípio da participação dos particulares..................................................................................... 7
3.7 Princípio da decisão ...................................................................................................................... 7
3.8 Princípio da celeridade do procedimento administrativo; ............................................................. 8
3.9 Princípio da fundamentação dos actos administrativos; ............................................................... 8
3.10 Princípio de comprometimento da AP .......................................................................................... 8
3.11 Princípio da Identidade e harmonia. ............................................................................................. 8
4 Considerações finais ............................................................................................................................. 9
5 Referencias Bibliográficas .................................................................................................................... 9
DIREITO ADMINISTRATIVO

1. Introdução
O trabalho teve como objecto, analisar o sistema administrativo moçambicano, desde a
sua evolução histórica na era colonial até os dias de hoje, enumerar os princípios
norteadores do sistema administrativo moçambicano e a sua característica. Para isso
vamos recorrer aos diversos recursos materiais, artigos, jornais, livros, internet, a
legislação, etc.

1.1 Objectivos Gerais


• A história e evolução do sistema de administração em Moçambique, as suas
características básicas e os princípios básicos do mesmo.

1.2 Objectivos Específicos

▪ Analisar o sistema administrativo moçambicano;

▪ Caracterizar o sistema administrativo moçambicano;

▪ Descrever os princípios norteadores do sistema administrativo moçambicano.

2 Evolução Histórica do sistema administrativo moçambicano1


De acordo com Gilles Cistac (2009), relata o seguinte:

Analisando a questão em questão, no ponto de vista histórico, permitiria dar


resposta positiva a questão sobre a existência do regime administrativo em
Moçambique. Como impacto, a adoptação da política de assimilação nos países
que eram governados pelos portugueses, em geral, e em Moçambique,
particularmente, a organização burocrática de Portugal continental influenciou
que as colónias fossem consideradas como meras províncias do reino português,
denominadas como sendo “províncias ultramarinas” aonde se aplicava, claro com
algumas modificações, as leis eram aprovadas para o continente, toda
metodologia administrativo e de governança era definidos pelos governantes da
metrópole . (CISTAC, 2009 p.04)

1
CISTAC, Gilles. O Direito administrativo em Moçambique, 2009

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Como podemos constatar, o sistema administrativo entrada em Moçambique desde da era


colonial, concretamente no ano de 1842.

Desde essa época ate a independência de Moçambique, o sistema administrativo continuou


vigorando no pais, na era pós-independência, ou seja, depois de 25 de junho de 1975, e com a
aprovação da primeira Constituição e consequentemente a formação do novo Estado e nova
república, houve a transição do regime administrativo colonial, para o novo estado acabado de
ser formado.

Ainda de acordo com autor (Cistac, 2009), a tal transição dos regimes não foi tão difícil quanto
se esperava que fosse. Isso foi ao facto de que no pós-independência, a produção das normas
jurídicas tiveram forte influência das que vigorava no período colonial, com excepção das
separações raciais ou entre os assimilados, indígenas e os portugueses.

Somente a partir dos anos 90 e até os dias de hoje, segundo o autor (CISTAC, 2009), o fenómeno
administrativo evolui progressivamente no quesito desenvolvimento assim como no quesito da
robustez do sistema administrativo moçambicano.

Ainda segundo (CISTAC, 2009), foi na Constituição de 1990 em que o Tribunal Administrativo
é explicitamente reconhecido e em 2004 confirmando a sua constitucionalização, tornando fácil
de entender o seu vínculo jurisdicional com os demais tribunais administrativos
hierarquicamente inferiores, em termos territoriais, ou seja, de província.
A verdade descentralização administrativa, foi no ano de 1997 depois da entrada em vigor a
democracia multipartidária, que houve a descentralização administrativa que gradualmente está
sendo feita pelo Estado moçambicano, que é a municipalização.

Com a descentralização administrativa, os serviços prestados pelo Estado ficam mais próximos
da população, e esta por sua vez estes participam da gestão ou governação municipal.

3 Princípios Norteadores do sistema administrativo moçambicano


Com a aprovação do decreto 30/2001, de 15 de outubro, a sua entrada em vigor, revoga
o anterior decreto 36/89, de 27 de novembro, que aprova os princípios e regras de funcionamento
da administração pública.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Os princípios que vigoram no sistema administrativo moçambicano, segundo o decreto


nº 30/2001, de 15 de outubro, são: da legalidade; da prossecução do interesse público e proteção
dos direitos e interesses dos cidadãos; da justiça e da imparcialidade; da transparência da
administração pública; da colaboração da administração com os particulares; da participação dos
particulares; da decisão; da celeridade do procedimento administrativo; da fundamentação dos
actos administrativos; da responsabilidade da Administração pública; da Igualdade e
proporcionalidade.

3.1 Princípio da legalidade


Segundo o autor Mazza (2022, p.234), “este princípio representa a sujeição da do sistema
administrativo à vontade popular. O exercício da função administrativa não pode ser pautado
pela vontade da Administração ou dos agentes públicos, mas deve obrigatoriamente respeitar
a vontade da lei.”

Segundo a legislação moçambicana (art.º 04 do decreto 30/2001, números 1 e 2), na


execução das suas tarefas, as entidades da AP devem obediência este princípio. Essa
obediência suscita, inevitavelmente, que todas acções administrativas devem estar em
consonância com a lei e com a legalidade.2

3.2 Princípio do prosseguimento do interesse geral e protecção dos direitos e interesses


dos cidadãos
As entidades do sistema administrativo e os seus agentes, devem sempre observar o
princípio de boa fé, na prossecução do interesse colectivo, sem desgraça dos privilégios e
preferências dos particulares salvaguardados por lei3.

3.3 Princípio da justiça e da isenção


Segundo o artigo sexto do decreto 30/2001, de 15 de outubro, nos números 1 e 2 impõe o
seguinte, no desempenho das suas obrigações e interação com o público, os órgãos do sistema
administrativo e seus agentes devem agir justamente e imparcialidade ou neutralidade.

A isenção ou imparcialidade a que se refere o paragrafo anterior, obriga que os titulares


dos órgãos e os demais agentes do sistema administrativo devem se abster de qualquer prática

2
Decreto nº 30/2001, de 15 de outubro – Normas de Funcionamento da Administração Pública (Moçambique)
3
Artigo 5 do Decreto 30/2001, de 15 de outubro

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DIREITO ADMINISTRATIVO

ou fazer parte de acções, que apontem para o seu próprio benefício, do seu consorte, seus
familiares ou semelhante, bem como outras corporações ou empresas com as quais possa
entrar em conflitos de interesse, nos termos da lei.

3.4 Princípio da perspicuidade da AP


Segundo o texto legal extraído do artigo sétimo4, todos os actos burocráticos dos órgãos e
instituições da AP, devem ser tornados públicos, com propósito de que toda pessoa singular
ou colectiva, possa de forma antecipada, saber quais as circunstâncias em que conseguirão
efectivar os seus interesses e do exercício das suas garantias.

A transparência a que se refere o parágrafo anterior, não é somente a disponibilização de


dados, mas sim fazê-lo em linguagem clara e acessível a todos os interessados. Dessa forma
estarão criadas as condições para que a sociedade possa participar dos rumos do Estado,
também divulgar todos os actos administrativos, salvo as excepções normativas.

3.5 Princípio da cooperação da AP com os particulares


Consiste particularmente em conceder toda e qualquer informação oral ou escrita,
esclarecendo dessa forma a todas as dúvidas que os particulares possam ter, tudo sempre
dentro da legalidade, conforme já apresentado no princípio da legalidade.5

3.6 Princípio da participação dos particulares


Em obediência a este princípio, os agentes da AP devem sempre assegurar e promover o
envolvimento dos particulares, assim como de grupo das cooperativas ou agremiações que
tenham como objecto a defesa dos seus interesses, na tomada das decisões que lhes digam
respeito, particularmente, este princípio não é tão aplicado como deveria, mas enfim, está
presente.

3.7 Princípio da decisão


Os órgãos da AP têm o dever de se pronunciar sobre todos os assuntos da sua
competência que lhes sejam apresentados pelos particulares.

4
Artigo 7 do Decreto nº 30/2001, de 15 de outubro.
5
Artigo 8 do Decreto nº 30/2001, de 15 de outubro.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

E se por ventura, receberem um expediente cujo assunto apresentado não for da sua
competência em razão do conteúdo do mesmo, este órgão deve sempre emitir expedição
enviando o pedido a quem compete decidir ou dar parecer, devendo sempre notificar
(requerente).

3.8 Princípio da celeridade do procedimento administrativo;


De acordo com a previsão legal do decreto nº 30/2001, de 15 de outubro, no seu artigo
decimo primeiro, todos os procedimentos administrativos devem ser céleres, com a finalidade
de reduzir o tempo de espera e o êxito dos despachos ou pareceres.

3.9 Princípio da fundamentação dos actos administrativos;


Todos os actos administrativos que originam particularmente a rejeição de um
requerimento ou a ab-rogação, modificação de actos anteriormente autorizados, devem
sempre serem fundamentados como forma de transparecer e justificar cada decisão tomada ou
acto administrativo, conforme, citando o artigo 12 do decreto nº 30/2001, de 15 de outubro.

3.10 Princípio de comprometimento da AP


A conduta dos agentes e dos seus órgãos e instituições em actos ou acções que possam
resultar em danos a terceiros é responsabilidade da AP, nos termos da responsabilidade civil
do Estado, sem prejuízo do seu direito de regresso, conforme as disposições do código civil6.

3.11 Princípio da Identidade e harmonia.


Segundo o artigo 14º, nos números 1 e 2 do decreto nº 30/2001, de 15 de outubro,
conjugado com o artigo 35 da CRM 2018, todos os cidadãos são iguais perante a lei, devendo
serem tratados igualmente da mesma forma, gozando igualmente dos direitos e submetidos
igualmente dos mesmos deveres, a AP no seu relacionamento com os particulares deve
obediência a este princípio, que é constitucionalmente consagrado.

A harmonia implica que, de entre os critérios adequados para o prosseguimento de


qualquer fim legal, os funcionários da AP devem sempre optar pelas que gera consequências
menos críticos para o universo jurídico do particular7.

6
165º do Código Civil Aprovado pelo Decreto-Lei no 47 344, de 25 de novembro de 1966
7
Nº 3 do Artigo 14 do Decreto nº 30/2001, de 15 de outubro

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DIREITO ADMINISTRATIVO

4 Considerações finais
Diante do acima exposto, podemos concluir dizendo que o sistema administrativo em
Moçambique, foi sendo implementado desde a era colonial, desde o tempo em que Moçambique
era uma província ultramarina de Portugal, com a sua consagração constitucional em
Moçambique através da aprovação da Constituição da República de 2004, abriu novos horizontes
e a sua abrangência territorial, também foi crescendo.

Quanto aos princípios norteadores do sistema Administrativo em Moçambique, a AP em


Moçambique é norteada maioritariamente pelo Decreto n.º 30/2001, de 15 de outubro. De
salientar, que a Administração no sentido material ou objectivo, citando (Lourenço, 2017/2018)8
podendo ser determinada como uma das atribuições típicas das entidades e dos seus agentes
actuando de forma contínua para a satisfação das necessidades colectivas de segurança, cultura e
bem-estar econômico e social, nos termos estabelecidos pela legislação aplicável e sob o controle
dos Tribunais competentes.

5 Referencias Bibliográficas
CISTAC, Gilles. O Direito administrativo em Moçambique, 2009

Decreto nº 30/2001, de 15 de outubro. Boletim da República. 1ª Série Nº 41 - Normas de


Funcionamento da Administração Pública (Moçambique)

Lei nº 01/ 2018, Revisão pontual da Constituição da República de Moçambique

LOURENÇO, Mariana Beatriz Ferro Graça Quadrado, Resumos de Direito Administrativo,


Curso de Direito Administrativo I, 2º Ano, Ano lectivo 2017/2018

MAZZA, Alexandre Manual de Direito Administrativo - 12ª ed. - São Paulo: SaraivaJur, 2022.

8
Mariana Beatriz Ferro Graça Quadrado Lourenço, Resumos de Direito Administrativo, Curso de Direito
Administrativo I

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