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Delson da Paiva José Viramão

Fiscalização como mecanismos de garantia da constituição no ordenamento jurídico


moçambicano

Licenciatura em Direito

Universidade Licungo

Beira

2020
Delson da Paiva José Viramão

Fiscalização como mecanismos de garantia da constituição no ordenamento jurídico


moçambicano

Projecto a ser apresentada ao departamento de


Ciência Sócias e Filosóficas, Extensão da Beira
para fins de avaliação.

Docente: Dr. Fonseca Aguiar

Universidade Licungo

Beira

2020
II

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................................................4

1.1 Tema...................................................................................................................................................4

1.2 Justificativa........................................................................................................................................4

1.3 Objectivos..........................................................................................................................................4

1.4 Problematização.................................................................................................................................5

1.5 Hipóteses............................................................................................................................................5

2. METODOLOGIA....................................................................................................................................6

2.1 Método de abordagem........................................................................................................................6

2.2 Métodos de procedimento..................................................................................................................6

2.3 Técnicas.............................................................................................................................................7

3. QUADRO CONCEITUAL......................................................................................................................7

3.1 Fiscalização da constitucionalidade....................................................................................................7

3.2 Inconstitucionalidade..........................................................................................................................8

4. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA..........................................................................................................9
3

1. INTRODUÇÃO

1.1 Tema

Fiscalização como mecanismos de garantia da constituição no ordenamento jurídico


moçambicano

1.2 Justificativa
Na perspectiva de Maria Marconi1 a justificativa é o único item do projecto que apresenta
respostas à questão por quê? . Sendo assim, as razões que estiveram por detrás da escolha de
realizar um estudo em torno da fiscalização como um mecanismo de garantia da constituição, foi
o facto de ter constatado que no ordenamento jurídico moçambicana, apesar das normas
constitucionais prevalecem sobre todas as restantes normas do ordenamento jurídico, continuam a
produzir os seus efeitos jurídico as normas infraconstitucionais declaradas inconstitucionais pelo
órgão competente, como é o caso da normas contidas nos números 1 e 2 do artigo 184 da Lei n.º
23/2007, de 1 de Agosto, declarada inconstitucional pelo acórdão nº 3/CC/2017 de 25 de Julho
por contrariarem a norma do artigo 70 da Constituição, conjugada com a norma inscrita na
primeira parte do n.º 1 do artigo 62, e ainda as normas contidas nos números 2 e 3 do artigo 56 e

Por não ter muita aplicação no campo dos processos civis, penais, fiscais ou mesmo
administrativo, a realização da presente pesquisa contribuirá para uma percepção em torno dos
sistema de fiscalização da constitucionalidade, para além de ser mais um contributo teórico que
se dá as ciências jurídicas, em geral, e em especial para a ciência do Direito Constitucional.

1.3 Objectivos

Geral

Analisar o sistema de fiscalização da constitucionalidade vigente pelo ordenamento jurídico


moçambicano

1
MARCONI, Maria de Andrade, LAKATOS, Eva Maria, Fundamentos da metodologia científica, Editora Atlas
4

Específicos

 Caracterizar o sistema de fiscalização difusa da constitucionalidade adoptado pelo


ordenamento jurídico moçambicano;

 Comparar o sistema de fiscalização da constitucionalidade adoptado pelo ordenamento


jurídico moçambicano com os outros sistemas de fiscalização da constitucionalidade;

 Identificar as razões da ineficiência do sistema de fiscalização difusa da


constitucionalidade adoptado pelo ordenamento jurídico moçambicano;

 Apontar medidas para evita com que normas jurídicas declaradas inconstitucionais
continuem a produzir os seus efeitos jurídicos;

 Estudar o processo de evolução dos sistemas de fiscalização da constitucionalidade.

1.4 Problematização

Moçambique adoptou um modelo de fiscalização mistos que faz a combinação entre o modelo de
fiscalização abstracta e concreta, a fiscalização concreta, difusa e incidental é feita nos termos do
artigo 213 da CRM, que estabelece, nos feitos submetidos a julgamento os tribunais não podem
aplicar leis ou princípios que ofendam a constituição, o que significa que os tribunais devem,
sempre que estiverem a aplicar a lei, verificar se está é ou não compatível com a constituição, se
for contraria a constituição, o tribunal deverá desaplicar a norma e remete-la obrigatoriamente ao
CC, para a apreciação em ultima instância; uma vez declara inconstitucional pelo CC, a norma só
se aplica ao caso que deu origem ao processo de fiscalização, que significa que o nosso sistema
de fiscalização da constitucionalidade permite que norma jurídicas vigorem no ordenamento
jurídico por muito tempo; razão pela qual que se questiona porque que uma norma, que é
geral, declarada inconstitucional pelo Conselho Constitucional, durante a fiscalização
concreta, tem efeitos particulares?

1.5 Hipóteses

 A declaração da norma inconstitucional na fiscalização difusa, incidental ou sucessiva


concreta não devia ter efeitos inter partes mas sim efeitos ergas omnes fazendo com
que a norma seja expurgada do ordenamento jurídico;
5

 Depois de uma norma ter sido declarada inconstitucional por muitas vezes em sede da
fiscalização difusa, incidental ou sucessiva concreta o Conselho Constitucional devia
declarar a norma inconstitucional com efeitos gerais.

 O MP devia ter competência, obrigatória, se suscitar a fiscalização em abstracto da


norma declarada inconstitucional em sede da fiscalização concreta;

2. METODOLOGIA

2.1 Método de abordagem

Para a realização do trabalho será utilizado o método Indutivo, que para Lakatos 2, é um processo
mental por intermédio do qual, partindo de dados particulares, suficientemente constatados,
infere-se uma verdade geral ou universal, não contida fias partes examinadas.

2.2 Métodos de procedimento

Constituem etapas mais concretas da investigação, com finalidade mais restrita em termos de
explicação geral dos fenómenos menos abstractos. Pressupõem uma atitude concreta em relação
ao fenómeno e estão limitadas a um domínio particular. Assim sendo, o método de procedimento
a ser adoptado nem trabalho será o de estudo de caso, que consiste, para Flávio Bressan3, numa
inquirição empírica que investiga um fenómeno contemporâneo dentro de um contexto da vida
real, quando a fronteira entre o fenómeno e o contexto não é claramente evidente e onde
múltiplas fontes de evidência são utilizadas, para além disso será usado o histórico, onde será
feita uma evolução histórica dos sistemas de fiscalização da constitucionalidade; será usado
também o método comparativo, comparando os sistemas de fiscalização da constitucionalidade
vigente em outros ordenamentos jurídicos, para se aferir as diferenças e semelhanças.

2
Karl R. Popper apud LAKATOS, Eva Maria, MARCONI, Maria de Andrade, Fundamentos de Metodologia
Científica, 5a Ed, São Paulo, Atlas Editora, 2003, P 95
3
BRESSAN, Flávio, o método do estudo de caso e seu uso em administração, S.E, P 1
6

2.3 Técnicas

A técnica a ser empregue para a realização do trabalho será a leitura, que consistira na recolha de
diverso material disponível no formato electrónico e físico e a sua posterior leitura de forma
critica.

3. QUADRO CONCEITUAL

Para uma melhor percepção das abordagens teóricas começamos com a definição do principais
termos utilizados e operacionalizados ao longo do trabalho

3.1 Fiscalização da constitucionalidade

Para o professor Gomes Canotilho4 A instituição da fiscalização da constitucionalidade das leis e


demais actos normativos do Estado constitui, nos modernos Estados constitucionais
democráticos, um dos mais relevantes instrumentos de controlo do cumprimento e observância
das normas constitucionais. A fiscalização da constitucionalidade garante o respeito pela
hierarquia normativa dum Estado, na medida em que a Constituição, a norma suprema do país,
todas as demais normas a devem respeitar, ou seja, constitui um mecanismos de verificar a
compatibilidade entre um norma ordinária com os princípio e normas constitucionais. Existem
várias modalidades de fiscalização, a saber: quanto ao órgão, a fiscalização pode ser concentrada,
quando o controlo é realizado por único órgão, com competência especializada, ainda quanto ao
órgão, a fiscalização pode ser difusa, quando o controlo da constitucionalidade é realizado por
vários órgãos, ou tribunais; ainda quando ao órgão, a fiscalização pode ser política, quando o
órgão que realiza o controlo da constitucionalidade é um órgão de natureza política, quando o
órgão tiver natureza jurisdicional, a fiscalização diz-se jurisdicional5.

Já quanto ao momento, a fiscalização pode ser preventiva, quando o controlo feito antes da
entrada em vigor dum acto normativo, a função desta fiscalização é justamente impedir a emissão
de diplomas com normas inconstitucionais. Para o professor Gomes Canotilho 6 a fiscalização
preventiva tem por objecto uma pretensão destinada a evitar que certos projectos de actos

4
CANOTILHO, José Joaquim Gomes, Direito Constitucional, 3.ª edição, Coimbra Editora, p 955
5
MIRANDA, Jorge, Teoria do Estudo da Constituição, Coimbra editora, 2002, P 720
6
CANOTILHO, J. J. Gomes, op cit, p1068
7

normativos se transformem em actos perfeitos e definitivos mas inconstitucionais. Ainda quanto


ao momento a fiscalização a pode ser sucessiva, esta apresenta duas divisões, a saber: pode ser
abstracta, quando o processo por via de acção tem por objecto uma pretensão dirigida à
declaração, com força obrigatória geral, da inconstitucionalidade de normas jurídicas. A
fiscalização sucessiva pode ser também concreta ou incidental, que tem por objecto a apreciação
de uma questão de inconstitucionalidade, levantada a título de incidente, nos feitos submetidos a
julgamento perante qualquer tribunal. Trata-se de uma fiscalização concreta, pois ela efectua-se
quando, num processo a decorrer em tribunal, se coloca a questão da inconstitucionalidade de
uma norma com pertinência na causa.7

3.2 Inconstitucionalidade

Há inconstitucionalidade quando uma norma ordinária viola os princípios ou normas


constitucionais, como entende Gomes Canotilho8, inconstitucionalidade de uma norma resulta do
facto de esta norma ser considerada hierarquicamente inferior e estar em contradição com outra
norma da constituição julgada hierarquicamente superior. A inconstitucionalidade pode ser
orgânica, quando uma norma é aprovada por um órgão incompetente; a inconstitucionalidade
também pode ser material, quando a norma ordinária viola a constituição material.

7
Idem
8
Idem
8

4. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

a) Legislação nacional

Constituição da República de Moçambique de 2018;

Constituição da República de Moçambique de 2004;

Constituição da República de Moçambique de 1990;

Constituição da República Popular de Moçambique de 1975;

Lei n.° 9/2003, de 22 de Outubro, Lei Orgânica do Conselho Constitucional;

Lei no 6/2006, de 22 de Outubro, Lei Orgânica do Conselho Constitucional;

b) Legislação estrangeira

Constituição da República Portuguesa;

Constituição da República de Cabo-verde;

Constituição da República do Guine Bissau;

Lei de 16-24 de agosto de 1790, lei da organização judiciária Francesa;

Constituição Francesa de 2008.

c) Doutrina básica

KELSEN, Hans, jurisdição constitucional, traduzido por Sérgio Sérvulo da Cunha, Martins
Fontes, São Paulo, 2003;

HESSE, Konrad, Elementos de Direito Constitucional da República Federal da Alemanha,


tradução de Dr. Luís Afonso Heck, Porto Alegre, 1998;

MIRANDA, Jorge, Teoria do Estudo da Constituição, Coimbra, Coimbra editora, 2002;

GOUVEIA, Jorge Bacelar, Direito Constitucional de Moçambique, Instituto do Direito de Língua


Portuguesa, Maputo, 2015;
9

CANOTILHO, J. J. Gomes, Constituição da República Portuguesa Anotada, 3.ª edição, Coimbra


Editora, 1993;

CANOTILHO, J. J. Gomes, Direito Constitucional, 3.ª edição, Coimbra Editora;

COSTA, Salvador da – “Os Incidentes da Instância”. Almedina, Lisboa, 2014 7ª Edição.

d) Doutrina secundária

MARCONI, Maria de Andrade, LAKATOS, Eva Maria, Fundamentos da metodologia científica,


Editora Atlas;

e) Artigos científicos

ROLO, Nuno Cunha, A fiscalização concreta em Portugal e o controlo difuso da


constitucionalidade em direito comparado: o sistema americano e o(s) sistema(s)
europeu(s),verbo jurídico, disponível em https://www.academia.edu/36088557/Direito_p
%C3%BAblico_comparado_A_fiscaliza
%C3%A7%C3%A3o_concreta_em_Portugal_e_o_controlo_difuso_da_constitucionalidade_em_
direito_comparado_o_sistema_americano_e_o_s_sistema_s_europeu_s_;

FALCÃO, Paula Margarida Tavares, Sistema de Fiscalização Concreta da


Constitucionalidade em Portugal, Universidade Católica Portuguesa, 2013, disponível em
https://repositorio.ucp.pt/bitstream/10400.14/15245/1/Tese_indice_v03.pdf;

SOARES, Raísa Crespo, A fiscalização preventiva da constitucionalidade, Universidade de


Coimbra, 2018, https://eg.uc.pt/bitstream/10316/85882/1/Ra%c3%adsa%20Crespo%20Soares
%20%20A%20Fiscaliza%c3%a7%c3%a3o%20Preventiva%20da%20Constitucionalidade.pdf;

MENDES, Armindo Ribeiro, tribunal constitucional entre o direito e a política — a fiscalização


preventiva da constitucionalidade, 2007, disponível em
http://julgar.pt/wp-content/uploads/2016/05/06-Ribeiro-Mendes-TC-fiscaliza
%C3%A7%C3%A3o-preventiva.pdf;

JÚNIOR, Dirley da Cunha, O Controle de Constitucionalidade na França e as alterações


advindas da Reforma Constitucional de 23 de julho de 2008 , Brasil Jurídico, Disponível em
10

https://brasiljuridico.com.br/artigos/o-controle-de-constitucionalidade-na-franca-e-as-alteracoes-
advindas-da-reforma-constitucional-de-23-de-julho-de-2008.-por-dirley-da-cunha-junior;

VIEIRA, Iacyr de Aguilar, O controle da constitucionalidade das leis: os diferentes sistemas,


Brasilia, 1999, disponível em https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/448/r141-
04.pdf?sequence=4&isAllowed=y;

MIRANDA, Jorge, o regime de fiscalização concreta da constitucionalidade em Portugal,


CJP, disponível em https://www.icjp.pt/sites/default/files/media/1119-2440.pdf;

MACUÁCUA, Edson Da Graça Francisco, Funções e Natureza Jurídica do Conselho


Constitucional Moçambicano, Maputo, p5, disponível em https://docplayer.com.br/82652540-
Edson-macuacua-funcoes-e-natureza-juridica-do-conselho-constitucional-mocambicano.html;

MOREIRA, Valter Tavares, A Justiça Constitucional Cabo-Verdiana, Lisboa, 2017, p 7,


disponível em https://constitutions.albasio.eu/wp-content/uploads/Saggio-Capo-Verde.pdf;

f) Acórdãos

Acórdão nº 3/CC/2017 de 25 de Julho;

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