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Relação jurídica laboral na função pública

Universidade Pedagógica,
Maputo, 2023
Relação jurídica laboral na função pública

Trabalho de Pesquisa do Curso de Direito


apresentado na Faculdade de ciências sociais e
filosofia da Universidade Pedagógica de Maputo
como requisito básico para a avaliação na disciplina
de Direito Administrativo, do docente Manguene

Universidade Pedagógica

Maputo, 2023
ÍNDice

INTRODUÇÃO.........................................................................................................
1. CONTESTUALIZAÇÃO
…………………………………………………………………………….
2. OBJECTIVOS……..……………………………………..………………………..
4.1. Geral…………………………………………………………..…
4.2. Específico…………………………………………………..…
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS…………………………………………………
1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho de investigação tem como objeto a análise da relação jurídica de


emprego público, nomeadamente a sua constituição, vicissitudes e cessação, através da
sistematização das alterações introduzidas pelas opções legislativas dos últimos anos.
Pretendeu-se fazer uma análise crítica, apontando soluções que nos parecem mais
ajustadas, neste caminho percorrido no sentido de se tornar mais eficiente e eficaz o
sistema de gestão de recursos humanos na Administração Pública. Para o efeito,
entendemos que seria útil “olhar para o passado” para apreender a evolução e o sentido
da Administração Pública, e “olhar”, ainda que de forma sintética, para algumas reformas
recentes do regime de emprego público, que consideramos significativas, como as que
foram efetuadas pelo Reino Unido, Suécia, França, Alemanha, Espanha, Itália e pela
própria União Europeia. Em Portugal, desde que o vínculo regra de nomeação foi
substituído pelo contrato de trabalho, que passou a ser a modalidade comum para a
celebração de relações jurídicas de emprego público, foi possível introduzir maior
flexibilidade na gestão de recursos humanos. No entanto, os avanços e recuos do
legislador conduziram à revogação da previsão de causas objetivas para a cessação do
vínculo, tornando, nesta matéria, o contrato de trabalho em funções públicas e a
nomeação indiferenciados entre si, o que, em nossa opinião, evidencia uma incoerência
dos vínculos e respetivos regimes. Assim, defendemos que seja retomada a previsão de
causas objetivas para a cessação do vínculo para os trabalhadores em contrato de trabalho
em funções públicas, cessação essa, precedida por um período de formação e tentativa de
recolocação do trabalhador em outro posto de trabalho. O conceito a adotar é o da
flexisegurança, onde se procura conjugar a necessária flexibilidade de gestão de recursos,
com a adoção de políticas de segurança no emprego, quer seja através da centralização
dos processos concursais na entidade gestora da valorização profissional para que a
recolocação de trabalhadores seja o mais eficaz possível, quer através da previsão de
maiores garantias para o trabalhador nas situações de modificação da relação laboral, quer
ainda no melhoramento das medidas preventivas e sancionatórias da utilização abusiva da
contratação da termo resolutivo. As reformas ocorridas nos últimos anos introduziram
vários elementos gestionários no regime de emprego público como a negociação da
posição remuneratória, entre outros, elementos importantes para a motivação dos
trabalhadores e que importa recuperar e melhorar, após anos de suspensão, decorrentes
da crise económica e financeira.

1.1. OJECTIVOS

LAKATOS &MARCONI (2003:218) A especificação do objectivo de uma pesquisa


responde ás questões para quê? E para quem?. Tendo como objectivo geral e
específicos os seguintes:

1.1.1. Objectivo Geral:


 Analisar a questão da relação jurídica na função pública

1.1.2. Objectivos específicos:


 Falar da constituição da relação jurídica na função pública
 Identificar os elementos da relação jurídica na função pública
 Indicar os direitos, deveres e regalias das partes

1.2. JUSTIFICATIVA
1. METODOLOGIA DE PESQUISA

Marconi e Lakatos (2003), definem o método científico como conjunto das actividades
sistemáticos e racionais que, com maior segurança e economia, permitem alcançar o objectivo.
Conhecimentos válidos e verdadeiros traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e
auxiliando as decisões do cientista.

Na visão de Barreto (2000), o desenho de investigação corresponde ao plano lógico elaborado


e utilizado pelo investigador para obter as respostas válidas às questões de investigação. Os
métodos de investigação, para Gil (2009), são um conjunto de procedimentos e técnicas para
colectar e analisar dados.
O conceito de função pública

O conceito de função pública não é de todo uma expressão inequívoca.

Com efeito, se comummente se associa a expressão “função pública” ao conjunto de


trabalhadores da Administração Pública que exercem a sua actividade ao abrigo de uma
relação jurídica de emprego submetida a um regime jurídico específico, de natureza
estatutária, por oposição aos demais trabalhadores que assentam a sua relação laboral num
regime jurídico privado, o certo é que várias acepções são passíveis de ser dadas à mesma
expressão.Assim, a Doutrina tem formulado três tipos de acepções no que respeita à
expressão “função pública”: a acepção restrita, a acepção ampla e a acepção intermédia.

1. Num sentido restrito, a função pública abrangerá apenas aqueles que estiverem
vinculados através de uma relação de emprego e que participarem no exercício de
actividades ligadas de forma directa e imediata ao poder de soberania e às funções
essenciais do Estado.

2. Numa acepção ampla a função pública incluirá todos aqueles que estiverem vinculados à
Administração por relações de emprego, independentemente do regime jurídico aplicável
e independentemente do seu carácter provisório ou definitivo, permanente ou
transitório, abrangendo ainda os titulares de cargos directivos, de órgãos administrativos
e de cargos públicos não electivos fora de um quadro de subordinação jurídica. O conceito
amplo de função pública abrange, assim, todas as relações de emprego estabelecidas com
uma pessoa colectiva pública, independentemente da sua sujeição a um regime jus-
laboralista (privado) ou jus- administrativista (público).

3. Finalmente, numa acepção intermédia, a função pública integrará os que se encontram


vinculados à Administração através de uma relação de emprego disciplinada pelo direito
administrativo.
II Constituição da relação laboral na função pública

A Administração Pública na sua actuação deve nos termos da Lei obediência a vários
princípios, dentre os quais os princípios da legalidade e igualdade. No que se refere a
constituição da relação jurídica laboral na administração pública, estes princípios foram
em alguma altura desdenhados, instalando se um clima de certa arbitrariedade, pois ´´
Durante algum tempo, o ingresso na Administração pública era feito de modo
desregrado, normalmente por convite ou por mera admissão administrativa´´. Quase
ninguém ingressava na função pública por intermédio de concurso público,
praticamente recebia se o convite ou admissão administrativa, ´´posteriormente, viam a
situação regularizada tão logo abrisse o concurso público de ingresso á função pública,
como se de um milagre se tratasse´´

A Administração Pública (função pública) tem como base acto de nomeação ou


contrato de trabalho público. A nomeação é a regra de ingresso na função pública, o
contrato de trabalho público constitui excepção.

Nomeação

É um acto unilateral da Administração pelo qual se preenche um lugar no quadro e visa


assegurar, de modo profissionalizado, o exercício de funções próprias do serviço
público com carácter de permanência. A nomeação pode ser:

1. Provisória : Que ocorre logo no ingresso. Que ocorre logo no ingresso. Aplicável
a concorrentes positivamente avaliados e que preencham as vagas nos concursos
públicos de ingresso, nomeados para um ano efectivo e ininterrupto, para
posteriormente exercerem funções no quadro definitivo.

2. Definitiva : Visa o preenchimento de uma vaga existente no quadro de pessoal para


desempenho de funções públicas por tempo indeterminado.
3. Em comissão de serviços: Via de regra esta nomeação é temporária, pois destina se
a preencher uma vaga existente no quadro de pessoal para o exercício de cargos de
direcção e chefia por tempo determinado .

Elementos da relação jurídica laboral na função pública

Os elementos da relação jurídica laboral na Função Pública, de acordo com Marcello Caetano,
são: o vínculo jurídico, a prestação de trabalho, a subordinação hierárquica, a remuneração e
a responsabilidade disciplinar.

Marcello Caetano defende que o vínculo jurídico na relação laboral na Função Pública é
estabelecido por meio de um contrato de trabalho, em que o servidor público presta serviço
ao Estado, sob subordinação hierárquica, recebendo remuneração e estando sujeito à
responsabilidade disciplinar. Ele destaca a importância desses elementos para garantir a
eficiência e a disciplina no serviço público.

Conceito de Contrato Administrativo

Constitui um processo próprio de agir da Administração Pública que cria, modifica ou


extingue relações jurídicas, disciplinadas em termos específicos do sujeito
administrativo, entre pessoas colectivas da Administração ou entre a Administração e
os particularesos cujo o regime jurídico seja traçado pelo Direito Administrativo; serão
civis ou comerciais os contratos cujo regime jurídico seja traçado pelo Direito Civil ou
Comercial. É o contrato por via do qual se estabelece um vínculo jurídico
laboral excepcional para exercício de uma função pública e sujeito ao regime dos
funcionários. A prerrogativa de estabelecer o contrato de trabalho de público cabe aos
órgãos, organismos e serviços da função pública, mas é apenas para exercer funções em
caso de necessidades transitórias ou pontuais, que não possam ser asseguradas pelo
possam ser asseguradas pelo possam ser asseguradas pelo pessoal do quadro definitivo e
que não devem ser constituídas por nomeação nas situações previstas na própria lei.

Formação do Contrato Administrativo.

Trata-se de regras que versam sobre os elementos essenciais do contrato administrativo – a


competência para contratar, a obtenção do mútuo consenso em que o contrato
administrativo se traduz, a autorização das despesas públicas a realizar através do contrato,
e a forma e formalidades de celebração do contrato administrativo.

A escolha dos particulares está sujeita a normas muito restritivas. Pode ser feita através de
ajuste directo, concurso limitado ou concurso público

A regra geral é que todo o contrato administrativo tem de ser celebrado precedendo concurso
público, salvo se a lei autorizar outro processo.

A liberdade contratual da Administração Púbica não é limitada somente pelas regras legais
relativas à escolha do contraente privado: também a liberdade de conformação do conteúdo
da relação contratual está condicionada pela proibição da exigência de prestações
desproporcionadas ou que não tenham uma relação directa com o objecto do contrato .

Os contratos administrativos estão sujeitos à forma escrita (.Acontece muitas vezes que as leis
administrativas prevêem a figura da adjudicação. Esta é um acto administrativo: trata-se do
acto pelo qual o órgão competente escolhe a proposta preferida e, portanto, selecciona o
particular com quem pretende contratar. A adjudicação é assim, um acto administrativo, ou
seja, um acto jurídico unilateral, ao passo que o conteúdo é um acto jurídico bilateral, um
acordo de vontades.
Direitos, deveres e regalias das partes

Centrando a nossa atenção no âmbito mais específico da temática solicitada para a


elaboração deste trabalho, vejamos agora a questão dos direitos dos Funcionários e
Agentes do Estado

 Exercer as funções para que foi nomeado


 Receber o vencimento e outras remunerações legalmente estabelecidas
 Beneficiar de condições adequadas de higiene e segurança no trabalho e de
meios adequados à protecção de sua integridade física e mental, nos termos a
regulamentar
 Participar no respectivo colectivo de trabalho
 Ter um intervalo diário para descanso
 Ter descanso semanal
 Gozar férias anuais e as licenças nos termos do regulamento
 Ser avaliado periodicamente pelo seu trabalho com base em critérios justos de
desempenho nos termos a regulamentar
 Participar nos cursos de formação profissional e de elevação da sua qualificação
 Concorrer e categorias ou classes superiores dentro da sua carreira profissional
em função do preenchimento dos requisitos, da experiência e dos resultados
obtidos na execução do seu trabalho
 Ser tratado com correcção e respeito
 Ser tratado pelo título correspondente à sua função
 Gozar as honras, regalias e precedências inerentes à função
 Ser distinguido pelos bons serviços prestados, nomeadamente através da
atribuição de prémios, louvores e condecorações

Os funcionários e agentes do Estado portador de deficiência goza dos mesmos direitos e


obedece aos mesmos deveres dos demais funcionários e agentes do Estado no que
respeita ao acesso ao emprego, formação e promoção profissionais bem como as
condições de trabalho adequado ao exercício de actividade socialmente útil tendo em
conta as especialidades inerentes a sua capacidade de trabalho reduzida .
Deveres dos funcionários e agentes

São deveres gerais dos funcionários e agentes do Estado:

 Respeitar a constituição, as demais leis e órgãos do poder do Estado


 O dever de prossecução do interesse público ˗ este dever consiste na defesa deste
interesse, no respeito pela constituição, pelas leis e pelos direitos e interesses
legalmente protegidos dos cidadãos. Artigo 5º da lei nº14/2011 de 10 de Agosto.
Este dever decorre do próprio interesse como o interesse exclusivo a que se
encontram vinculados os trabalhadores públicos, em dedicação única, e em
respeito dos direitos e interesses legalmente protegidos dos cidadãos. Em rigor,
o dever de prossecução do interesse público, mais que um dever em sentido
estrito do trabalhador, e tem de ser entendido como um princípio geral a ser
observado pelos trabalhadores e pelos serviços públicos, generalizadamente,
como regulador da actividade pública na sua plenitude.

 Dedicar se ao Estudo e aplicação das leis, demais decisões doa órgãos do poder
do Estado
 Defender a propriedade do Estado e zelar pela sua conservação
 Assumir uma disciplina consciente por forma a contribuir para o prestígio da
função de que está investido e fortalecimento da unidade nacional
 Respeitar as relações internacionais estabelecidas pelo Estado e contribuir para o
seu desenvolvimento
 Promover a confiança do cidadão da Administração Pública e na sua justiça,
legalidade e imparcialidade.
CONCLUSÃO:

Tendo chegado até aqui, gostaríamos de concluir que a relação jurídica laboral na
função pública é constituída mediante nomeação ou contrato de trabalho público, a
nomeação é a regra de ingresso na função pública……
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARVALHO, Raquel. Comentário ao Estatuto Disciplinar dos Trabalhadores que


Exercem Funções Públicas, Lisboa, Universidade Católica Editora,

PIRES, Miguel Lucas. Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas

MOURA, Paulo Veiga. Estatuto Disciplinar dos Trabalhadores da Administração


Pública Anotado, Coimbra, Almeida Editora, 2009

AMBRANTES, Gouveia, Jorge João, o Direito do Trabalho e a Constituição,


Associação Académica da Faculdade de Lisboa, 1990

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