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CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO.................................................................................................1
1.1.Contextualização..................................................................................................................1
1.3. Justificativa..........................................................................................................................3
1.5.2.Objectivos específicos.......................................................................................................4
1.6. Hipóteses.............................................................................................................................5
(H2): A tutela dos direitos das empregadas não é efectiva no regime doméstico......................5
3.4.1.Entrevistas semiestruturadas...........................................................................................14
3.4.2.Observação directa..........................................................................................................14
3.4.3.Questionários...................................................................................................................15
3.5.1.Processo de Amostragem................................................................................................15
3.7.Cronograma de Actividades...............................................................................................17
4. Referências Bibliográficas...................................................................................................19
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CC Conselho Constitucional
LT Lei de Trabalho
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CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
1
Ao longo deste capítulo introdutório apresenta-se o tema e sua delimitação seguindo-se a
justificativa, o problema de estudo, os objectivos (geral e específicos), as hipóteses de estudo, e
por fim a estrutura do trabalho.
1.1.Contextualização
No caso específico das relações laborais emergentes do contrato de trabalho doméstico, alguns
destes direitos encontram-se igualmente preconizados no artigo 10 do Decreto nº 40/2008, de 26
de Novembro, com a epígrafe “direitos do empregado doméstico” em que se especificam direitos
como: direito á descanso diário, direito a férias anuais remuneradas, direito á justa remuneração,
entre outros.
Porém, não obstante a existência destes instrumentos específicos tutelares dos direitos dos
trabalhadores em geral, grande parte dos trabalhadores domésticos, em particular algumas
trabalhadoras domésticas no Bairro do Fomento no município da Matola, tem sofrido algumas
violações destes direitos fundamentais constitucionalmente consagrados.
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Com efeito, grande parte das trabalhadoras domésticas são sujeitas à falta de estabilidade no
emprego, maus-tratos, longas horas de trabalho sem descanso ou direito a férias, assédio sexual e
assédio moral, inexistência de medidas apropriadas de protecção, segurança e higiene no trabalho
para assegurar a sua integridade física, moral e mental, baixos salários entre outros.
A presente pesquisa tem como título “Direitos fundamentais do trabalhador - sua efectividade no
contrato de trabalho doméstico, o caso das empregadas domésticas no bairro do fomento, matola
(2017 a 2022).” A delimitação espacial circunscreve-se ao Bairro do Fomento, localizado no
município da Matola, onde existe um número considerável de trabalhadoras domésticas que,
frequentemente vê os seus direitos violados pelo empregador.
A opção pelo espaço temporal (2017 a 2022) resulta do facto de terem decorrido mais de 14 anos
desde a aprovação do Regulamento do Trabalho Doméstico (Decreto nº40/2008, de 26 de
Novembro de 2008), tornando-se pois oportuno avaliar os efeitos deste mecanismo legal na
protecção dos direitos das empregadas domésticos no âmbito do contrato de trabalho neste
regime.
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O tema insere-se essencialmente no direito trabalho, ramo de direito privado (com grande
influência de normas de direito público). A pesquisa poderá estender-se, a outros ramos de
direito, por exemplo direitos fundamentais, sempre que se mostre relevante. Sob o ponto de
normativo a pesquisa abarca a análise Constituição da República de Moçambique, da Lei do
Trabalho (regime geral) e do Regulamento do Trabalho doméstico (regime específico do trabalho
doméstico), por remissão do art.º 3 da LT, podendo trazer outros instrumentos normativos
quando relevante, e somente nos preceitos correlatos ao tema em estudo.
1.3. Justificativa
A sua actualidade resulta do facto de os direitos sociais do trabalhador estarem associados ao seu
quotidiano (alimentação, saúde, lazer, transporte, etc.), direitos estes que estão correlatos à sua
qualidade de vida.
O assédio sexual por parte do “patrão” e consequentemente o assédio moral e despedimento sem
justa causa por parte da “patroa”, quando esta se apercebe do “interesse” do patrão pela
trabalhadora doméstica, constitui uma das violações dos direitos das trabalhadoras deste sector.
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A falta de horário na jornada laboral, falta de descanso semanal e férias, salários abaixo do
padrão, falta de cumprimento das normas de higiene e segurança no local de trabalho, etc. são
outros aspectos que contribuem para o incremento dos casos de violação dos direitos laborais das
trabalhadoras domésticas no Bairro de Fomento, no município da Matola.
Neste sentido, a Lei assume um papel importante no garante da efectividade dos trabalhadores
em geral e das empregadas domésticas em particular, que são objeito do presente estudo. Porém,
embora a Constituição da República de Moçambique, a Lei de Trabalho e o Regulamento
específico do Trabalho doméstico, disponham de forma expressa, sobre os direitos dos
trabalhadores em geral, e dos trabalhadores domésticos em particular, o certo é que alguns
empregadores neste regime, não respeitam as garantias e direitos prescritos na Lei. Deste modo,
colocava-se a seguinte questão:
Até que ponto é que os direitos do (as) trabalhador (as) prescritos na Lei são devidamente
respeitados no contrato de trabalho doméstico?
1.5.2.Objectivos específicos
b) Avaliar a percepção das trabalhadoras no regime doméstico quanto aos seus direitos
fundamentais;
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1.6. Hipóteses
(H2): A tutela dos direitos das empregadas não é efectiva no regime doméstico.
Capítulo II: Revisão da Literatura – apresenta o marco teórico, onde são apresentadas as teorias
que serviram de base para a sustentação do estudo, através da fundamentação teórica, a
fundamentação empírica e por fundamentação focalizada.
Capítulo III: Metodologia de pesquisa – será dedicada ao desenho metodológico, na qual está
organizado da seguinte maneira: o tipo de estudo; métodos de abordagem; métodos de
procedimento; a descrição do local de campo; as técnicas de recolha de dados; a população e
amostra; análise estatística de dados; o modelo de escrita científica e os aspectos éticos.
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CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA
Neste capítulo apresenta-se a compilação de suportes científicos do que já foi escrito em estudos
anteriores mediante a consulta de livros e artigos científicos publicados por diferentes autores
sobre tópicos considerados essenciais para a pesquisa, sem olvidar a análise da legislação
relevante para o tema.
Durante o tempo colonial, os trabalhos domésticos eram estritamente regulados, mas pouco
protegidos. Com o início da luta de libertação, e sob pressão da Organização Internacional do
Trabalho, o regime colonial introduziu uma série de reformas laborais, incluindo o Regulamento
dos trabalhadores domésticos. (Ali 2014, p.40).
Dada a natureza sub-capitalizada da economia colonial, este sector constituía uma das maiores
fontes de rendimento assalariado para homens. (Castel-Branco 2012).
Após a independência o trabalho doméstico passou a ser dominado por mulheres resultado do
êxodo da classe colonial de novas oportunidades de emprego assalariado para homens e do fluxo
de mulheres refugiadas de guerra (Castel-Branco, 2013, p.21).
Para um jovem do meio rural, o trabalho doméstico era uma oportunidade para se aproximar ao
chamado Xilinguine, aprender a falar o português, e cultivar cunhas que lhe podiam facilitar o
acesso a um melhor posto de trabalho. O único cargo dominado por mulheres era o de lavadeira,
pois desempenhavam as suas funções em casa, longe da ameaça do assédio e da violência sexual,
e em função das suas outras responsabilidades reprodutivas (Penvenne, 1994, p.75).
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2.2. A evolução dos direitos fundamentais
Apoiando-se na teoria de Vasak, Gouveia, (2015, p 303.), organiza a “Periodificação” dos
direitos fundamentais “também apelidadas de “gerações” de direitos fundamentais em: período
liberal; período social e período cultural.
É, pois, no âmbito, dos direitos sociais que se integram no rol dos direitos fundamentais de 2ª
geração, como visto anteriormente (2.2.), que o art.º 85 da CRM, estabelece no seu n. º1, que
“todo o trabalhador tem o direito à justa remuneração, descanso, férias e à reforma nos termos da
Lei.”
Este preceito harmoniza-se com os princípios gerais da política económica estabelecida no n.º 1
do art.º 96 deste dispositivo, que garante a “melhoria das condições de vida do povo” nas bases
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fundamentais do desenvolvimento do país, o que abarca igualmente a área dos direitos sociais,
neste caso do trabalhador em geral e do trabalhador em regime doméstico em particular.
Como se pode verificar da redacção do n.º 1 do art.º 96 da CRM e também da explicação dada
pela doutrina (al. b) 2.2.), direitos sociais são aqueles que tem em vista ao bem-estar e a
qualidade de vida do trabalhador em geral e no caso em apreço do trabalhador doméstico que é a
parte mais frágil da relação jurídico-laboral no regime doméstico.
Trata-se, pois, de direitos de segunda geração, com uma dimensão positiva pois tem em vista o
bem-estar e a qualidade de vida dos cidadãos em geral.
Sob o ponto de vista doutrinário, direitos fundamentais são “direitos ou as posições jurídicas
subjectivas das pessoas enquanto tais, individual ou institucionalmente consideradas, assentes na
Constituição.” (Miranda, 1999, p. 11)
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Para Gouveia (2015), direitos fundamentais são as posições jurídicas activas das pessoas
integradas no Estado-Sociedade, exercidas por contraposição ao Estado-Poder, positivadas na
Constituição.
Neste regime geral, os direitos dos trabalhadores encontram-se elencados de forma expressa no
art.º 54, que assegura em primeiro lugar, a “igualdade de direitos no trabalho, independentemente
da sua origem étnica, língua, raça, sexo, estado civil, idade, nos limites fixados por lei, condição
social, ideias religiosas ou políticas e filiação ou não num sindicato.”
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Cite-se exemplificativamente neste âmbito, a violação do direito à estabilidade no posto de
trabalho (a trabalhadora acaba sendo despedida ilicitamente pela “patroa” em caso de assédio
sexual por parte do patrão – havendo nesse caso por vezes duplo assédio: sexual e moral por
parte da empregadora); violação do direito a ser tratada com correcção, respeito, etc., direitos
estes que estão estabelecidos na LT, art.º 54 al. b) e c) respectivamente.
Para a C190 – Convenção (n.º 190) sobre Violência e Assédio, 2019, adoestada em Genebra, o
assédio no local de trabalho constitui violência, sendo absolutamente inaceitável no mundo
laboral.
Por sua vez a alínea b) do mesmo preceito diz que o termo “violência e assédio com base no
género” significa violência e assédio dirigido às pessoas em virtude do seu sexo ou género, ou
afectam de forma desproporcionada as pessoas de um determinado sexo ou género, e inclui o
assédio sexual.
A LT não define assédio, limitando-se a dizer no n.º 2 do art.º 66 que “o assédio, incluindo o
assédio sexual, praticado no local de trabalho ou fora dele, que interfira na estabilidade no
emprego ou na progressão profissional do trabalhador ofendido, constitui uma infracção
disciplinar.”
Quando a conduta seja praticada pelo empregador ou pelo seu mandatário, confere ao
trabalhador ofendido o direito a ser indemnizado em vinte vezes o salário mínimo, sem prejuízo
de procedimento judicial, nos termos da lei aplicável. (n.º 3 do art.º 66)
No entanto, a mesma Lei remete o trabalhador doméstico ao regime especial, nos termos do art.º
3, n.º 1 al a), pelo que o regime aplicável ao trabalho doméstico é o Decreto nº 40/2008 de 26 de
Novembro, que também não define o termo assédio.
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2.4. O Regime jurídico específico aplicável ao trabalho doméstico
No ordenamento jurídico moçambicano, as relações laborais emergentes do contrato de trabalho
doméstico são reguladas pelo Decreto nº 40/2008 de 26 de Novembro, aplicável aos
“empregados que prestam trabalho doméstico a um agregado familiar ou equiparado. (n.º 1 do
art.º 2).
e) Fazer a inscrição por si mesmo no regime dos trabalhadores por conta própria do sistema
de Segurança Social Obrigatória.
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CAPÍTULO III: PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Neste capítulo descreve-se a metodologia a ser usada para a realização da pesquisa desde a
fundamentação teórica que constará no texto, os aspectos metodológicos, a recolha de dados,
população e amostra, até analise e a interpretação de dados.
É um bairro com população da classe média, jovens e trabalhadores, onde maior parte dos
residentes trabalha na cidade de Maputo, para cuidar das residências os residentes do bairro
optam em contratar trabalhadores domésticos para ajudar a cuidar delas. Por isso o bairro acaba
influenciando por acolher maior número de trabalhadores domésticos que são contratados sem
assinatura de nenhum contrato de trabalho (INE, 2019).
Por sua vez o método qualitativo proporciona uma melhor visão e compreensão do contexto do
problema, enquanto a pesquisa quantitativa procura quantificar os dados e aplica alguma forma
da análise estatística. A pesquisa qualitativa pode ser usada, também, para explicar os resultados
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obtidos pela pesquisa quantitativa (Malhotra, 2001, p.155). No estudo, será empregue o método
qualitativo na análise e recolha de dados no seio dos inquiridos e entrevistados para melhor
caracterizar os resultados do estudo.;
Será igualmente empregue a abordagem quantitativa porque serão recolhidos dados numéricos e
estatísticos relativos a vezes em que as empregadas viram seus direitos a serem colocados em
causa ou marginalizados.
De acordo com Triviños (1987, p.110), o estudo descritivo pretende descrever “com exactidão”
os fatos e fenómenos de determinada realidade, de modo que o estudo descritivo é utilizado
quando a intenção do pesquisador é conhecer determinada comunidade, suas características,
valores e problemas daquela comunidade.
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3.3.Quanto aos métodos de procedimento
No que tange aos procedimentos, opta-se pelo método bibliográfico; pesquisa documental de
fontes primárias; estudo de caso e o método estatístico.
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3.4.1.Entrevistas semiestruturadas
Segundo Marconi e Lakatos (2003, p.94), a entrevista é um encontro entre duas pessoas, a fim de
que uma delas obtenha informações de um determinado assunto, mediante uma conversação de
natureza profissional. É um procedimento utilizado na investigação social, para a colecta de
dados ou para ajudar no diagnóstico ou no tratamento de um problema social.
3.4.2.Observação directa
Segundo Lakatos (2003, p.72), a observação é uma tentativa de colocar o observador e o
observado do mesmo lado, tornando-se o observador um membro do grupo de molde a vivenciar
o que eles vivenciam e trabalhar dentro do sistema de referência deles.
3.4.3.Questionários
De acordo com Marconi & Lakatos (2003, p.88), o questionário é uma série ordenada de
perguntas, respondidas por escrito sem a presença do pesquisador”. Nesta óptica, importa realçar
que serão participantes, apenas empregadas domésticas inscritas no SINED e que exercem a
função de empregada no mínimo de 2 anos. Este intervalo temporal é fixado por acreditar que as
empregadas domésticas participantes no estudo é um grupo experimentado, já vivenciaram várias
situações e decerto traz-nos uma certa bagagem de conhecimento da área.
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este autor, o universo ou população da pesquisa é caracterizado pela definição da área ou
população-alvo, descrevendo a quantidade de pessoas que atuam na pesquisa.
Para este estudo, o universo é constituído por conjunto de população em um número de 960 de
empregadas domésticas com características comuns. Este número constitui de empregadas
domésticas a nível da província de Maputo e inscritas no Sindicato Nacional dos Empregados
Doméstico (SINED). Importa ressaltar que até então, o SINED conta com um total de 2.492
membros inscritos, apenas em três províncias nomeadamente, Maputo, Inhambane e Tete
(SINED, 2015).
3.5.1.Processo de Amostragem
Segundo Malhotra (2001, p.162), a amostra é um subgrupo de uma população, constituído de n
unidades de observação e que deve ter as mesmas características da população, seleccionadas
para participação no estudo. O tamanho da amostra a ser retirada da população é aquele que
minimiza os custos de amostragem e pode ser com ou sem reposição.
Para este estudo, do universo populacional de 2.492 dos membros escritos no SINED, será
extraída uma amostra de 23 empregadas domésticas, que serão seleccionados através de amostra
não probabilista. De igual forma, farão parte amostra dois (02) membros da Direcção do
Sindicato Nacional dos Empregados Domestico e (SINED) e outros dois (02) juristas do Instituto
de Patrocínio e Assistência Jurídica (IPAJ) da Província de Maputo, perfazendo um total 27
participantes no estudo.
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SPSS versão 21 (Statistic Package for Social Science – Pacote Estatístico para as Ciências
Sociais), dadas as vantagens que o mesmo oferece, dentre a análise de dados sociais e fez-se o
uso do pacote Excel, o que nos permitirá fazer análises estatísticas e os dados colectados serão
apresentados em forma de tabelas e gráficos a partir do qual nos permitiu tirar as conclusões.
3.7.Cronograma de Actividades
MESES (2023)
ACTIVIDADES Out. Nov. Dez.
Escolha do tema
Recolha de informações teóricas através de
Levantamento bibliográfico
A elaboração da 1ª versão do projecto e submissão
Selecção de empregados domésticos para as entrevistas
semiestruturadas
Colecta de informações no campo X
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Interpretação dos resultados e conclusões X X
Elaboração da 1ª versão monografia de investigação X X
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3.8. Orçamento do estudo
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4. Referências Bibliográficas
Ali, A, (2014). Empregadas Domésticas em Moçambique: Classe e Trabalho Numa Sociedade
Pós-colonial. Universidade de São Paulo.
Antunes et. al (2015). Lei do Trabalho de Moçambique anotada. Escolar Editora. Lisboa
Lakatos, E. M.; Marconi, M. A. (2001). Fundamentos metodologia científica. 4.ed. São Paulo:
Atlas.
Pamplona Filho, R.; Villaores, M. A. C. (2001). Direito do Trabalho Doméstico. 5ª ed. São
Paulo: LTR.
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Severino, A. J. (2000). Metodologia do trabalho científico. 21 ed. São Paulo: Cortez.
Silva, J. A Da. (1996). Curso de Direito Constitucional Positivo. 11ª ed. Malheiros.
Sitão, S. M. Rota. (2016). Liderança e motivação no ambiente de trabalho como contributo para
a retenção dos trabalhadores domésticos na cidade de Tete. Tete.
Yin, R. K. (2001). Estudo de caso: planeamento e métodos. 2.ed. Porto Alegre: Bookman.
Legislação Nacional
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