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INSTITUTO SUPERIOR MUTASA

DELEGAÇÃO DA CIDADE DE MAPUTO

Tema:

A SUPERLOTAÇÃO NAS CADEIAS COMO ENTRAVE PARA A EFECTIVAÇÃO DOS


DIREITOS HUMANOS: CASO NA CADEIA CENTRAL DA MACHAVA (2018 - 2020).

CANDIDATA

AMANDIA LIDIA MATE

LICENCIATURA EM DIREITO

Maputo, Dezembro de 2023

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INSTITUTO SUPERIOR MUTASA
DELEGAÇÃO DA CIDADE DE MAPUTO

Tema:

A SUPERLOTAÇÃO NAS CADEIAS COMO ENTRAVE PARA A EFECTIVAÇÃO DOS


DIREITOS HUMANOS: CASO NA CADEIA CENTRAL DA MACHAVA (2018 - 2020).

O SUPERVISOR:

PEREIRA GOGO

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REALIZADA POR:

AMANDIA LIDIA MATE

LICENCIATURA EM DIREITO

Maputo, Dezembro de 2023

Índice
0
CAPÍTULO-I...................................................................................................................................3

1.1. Introdução.............................................................................................................................3

1.1. Contextualização.................................................................................................................4

1.1. Delimitação do Tema........................................................................................................5

1.2. Problema...........................................................................................................................5

1.3. Pergunta de Partida...........................................................................................................6

1.4. Hipóteses...........................................................................................................................6

1.4. Objectivos.................................................................................................................................6

1.4.1. Objectivo Geral..................................................................................................................6

1.4.2. Objectivos Específicos.......................................................................................................6

CAPÍTULO II – QUADRO TEÓRICO..........................................................................................7

2.1. Revisão de literatura..........................................................................................................7

2.1.1. Superlotação das Cadeias..............................................................................................8

2.1.2. Direitos Humanos..........................................................................................................9

2.2. A Origem do Sistema Penitenciário..................................................................................9

CAPÍTULO III. METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO..........................................................12

3.1. Natureza da pesquisa.......................................................................................................12

3.2. Tipo de Pesquisa.............................................................................................................12

3.3. Métodos de pesquisa.......................................................................................................13

3.4. População e Amostra......................................................................................................13

3.4.1. População....................................................................................................................13

3.4.2. Processo de amostragem.............................................................................................13

3.5. Instrumentos de recolha de dados...................................................................................14

3.6. Validade e fiabilidade.....................................................................................................14

3.7. Considerações éticas.......................................................................................................14

1
4. Cronograma........................................................................................................................15

4.1. Orçamento.......................................................................................................................16

5. BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................................17

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CAPÍTULO-I

1.1. Introdução

O trabalho em apreço, foi elaborado no âmbito do curso de Direito, tendo como tema: a
Superlotação nas cadeias como Entrave para a Efectivação dos Direitos Humanos: Caso na
Cadeia Central da Machava (2018 - 2020).

Em Moçambique, o sistema prisional não tem vindo a receber a devida atenção que merece, o
que faz surgir problemas como as más condições de reclusão e a consequente violação dos
Direitos Humanos dos reclusos. O actual sistema prisional, amplia e reproduz as desigualdades
sociais.

Uma das causas da superlotação tem sido o desrespeito pelo princípio de presunção de inocência,
previsto no nº 2 do artigo 59 da CRM, perpetrado pela Polícia, na medida em que este órgão tem
efectuado detenções ilegais sem o cumprimento escrupuloso dos ditames da Lei,
consubstanciando uma prisão ilegal, segundo estabelecido no nº 1, do artigo 60 da CRM.
Todavia, não se pode apenas apontar a Polícia, mas também ao Ministério Público que não
cumpre rigorosamente com os prazos da prisão preventiva previstos no artigo 308 do Código do
Processo Penal, cabendo a este cumprir com os prazos previstos naquele dispositivo legal.

Mesmo assim, o Ministério Público viola as suas próprias obrigações, atendendo que a alínea b)
do n o 1 da Lei n.o22/2007, de 01 de Agosto, o coloca como o órgão que deve zelar pela
observância da legalidade, bem como fiscalizar o cumprimento da Lei e das demais normas
legais.

Os Tribunais também, contribuem em grande medida para o aparecimento do fenómeno da


superlotação, pois, legalizam uma detenção mesmo não havendo indícios do cometimento de um
tipo legal de crime por parte de um indivíduo, e até mesmo nos casos em que não se verifica o
cumprimento do prazo para apresentação do detido às autoridades judiciais de n° 3 do artigo 21
do DL 35007, de 13 de Outubro de 1945.

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É neste âmbito de constante violação dos Direitos Humanos do recluso, que o trabalho pretende
focar-se, tentando apresentar algumas regras que possam influenciar para o melhor tratamento do
mesmo, apoiando-se de uma das regras básicas do Direito Penitenciário, que estabelece que as
prisões não podem ser locais que colocam em risco a vida, a saúde e a integridade física e moral
do recluso.

1.1. Contextualização

A República de Moçambique é um país situado na costa sul-oriental da África, com uma


superfície de 799.380 quilómetros quadrados, tendo como capital política a Cidade de Maputo.
Estima-se que a população esteja em torno dos 26.423.623 habitantes. Foi colonizado por
Portugal e ascendeu à independência no dia 25 de Junho de 1975. A língua oficial de
comunicação é o português, porém existem várias línguas maternas distribuídas pelas diferentes
regiões do país (Instituto Nacional de Estatística. (INE, 2016).

A ascensão de Moçambique à independência em 1975 implicou mudanças profundas em várias


esferas da sociedade, incluindo a da justiça. No período colonial existiam dois sistemas de
justiça, um para “o povo civilizado” e outro para “o povo indígena” de origem africana, apesar
do Código Penal de Portugal de 1886 ser o mesmo que vigorava nas chamadas províncias
ultramarinas, que incluía Moçambique (Thomaz, 2012).

Como parte da política segregacionista da época foram criados tribunais coloniais específicos
para julgar os “indígenas” no contexto do programa do governo colonial português de
“civilização” das populações nativas. Estas eram submetidas a penas de trabalho forçado ou
“correcional” para responder também às demandas de mão-de-obra nos diversos sectores da
economia, contrariamente ao “delinquente” não indígena que se beneficiava de tratamento mais
digno (Thomaz, 2012).

Várias cadeias do País apresentam-se completamente superlotadas, o que acelera a deterioração


das condições de alojamento dos reclusos. Nalgumas penitenciárias, o número de presos
ultrapassa o triplo do seu limite.

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A superlotação é excedente da lotação de um espaço ou meio de transporte. A macro
comunidade nas penitenciárias é de conhecimento do poder público, no entanto, cada vez mais a
população carcerária cresce e poucas penitenciárias são construídas para atender a demanda das
detenções e condenações. A superlotação nas penitenciárias representa uma verdadeira afronta
aos direitos humanos e fundamentais.

1.1. Delimitação do Tema

 Em termos de objecto de estudo: analisar a problemática da superlotação nas cadeias no


Sistema Jurídico Moçambicano.
 Em termos espaciais: a pesquisa foi realizada na Cadeia Central da Machava.
 Em termos cronológicos/temporais: o estudo incide sobre o período compreendido entre
2018 - 2020.

1.2. Problema

A história nos revela que a questão das prisões data desde os primórdios da existência humana
mas esta foi conhecendo realidades diferentes no decorrer do tempo, pelo dinamismo da própria
vida em sociedade. Durante muito tempo este fenómeno não constituía preocupação aos
dirigentes naquela época existentes, obviamente por terem uma finalidade completamente
diferente a do nosso mundo actual.

Isso significa que as detenções também aumentaram, causando a superlotação nas unidades
penitenciárias. Sendo que, o Estado não tem envidado esforços com vista ao abrandamento desta
situação, e o desinteresse por esta Unidade Penitenciária tende a atingir níveis insustentáveis,
tornando difícil a gestão da mesma, a segurança e ressocialização dos reclusos, causados pela
superlotação. Muito se fala sobre as medidas a serem aplicadas para colmatar esta situação mas
infelizmente pouco se faz.

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O Código Penal em vigor, prevê no n° 1 do artigo 89, penas alternativas à prisão, cuja aplicação
não tem sido efectiva, talvez pela falta de um órgão fiscalizador. Na situação de crise económica
que o País se encontra, a aplicação dessas penas seria um alívio para o próprio Estado, porque
ficaria isento de efectuar gastos desnecessários por reclusos que poderiam estar a gozar da
liberdade.

1.3. Pergunta de Partida

Contudo, a problemática desta pesquisa surge quando, apesar de ter sido aprovada a Lei n.º
35/2014, de 31 de Dezembro, que prevê medidas que de certa forma contribuiriam para o
descongestionamento das penitenciárias, mas mesmo assim, as mesmas continuam lotadas. É
neste contexto que surge a seguinte questão de partida: Quais são os factores que influenciam
para a superlotação na Cadeia Central da Machava?

1.4. Hipóteses

Hipótese 1: As detenções ilegais por parte da Polícia da República de Moçambique sem


previamente verificar o disposto na Lei, segundo o previsto nos artigos 64 da CRM, 303 e 308 do
Código processual penal contribuí para a superlotação na Cadeia Central da Machava.

Hipótese 2: A falta de condições financeiras dos reclusos face aos elevados montantes de caução
fixados pelo juiz, fazem com que haja maior fluxo nas cadeias.

1.4. Objectivos

1.4.1. Objectivo Geral

 Analisar a problemática da superlotação nas Cadeias no Sistema Jurídico


Moçambicano.

1.4.2. Objectivos Específicos

 Descrever a observância das regras de lotação nas Cadeias;

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 Avaliar as consequências da superlotação da penitenciária para a saúde do recluso na
Cadeia Central da Machava;
 Identificar os mecanismos que possam ser adoptadas para amenizar as consequências
da superlotação.

1.5. Justificativa

O sistema prisional é a forma pela qual o Estado moçambicano executa sanções penais de
privação de liberdade aos indivíduos que optam pelo incumprimento escrupuloso das normas
jurídicas em vigor.

O fim das referidas penas de privação da liberdade, visam a que os prevaricadores sejam punidos
em um estabelecimento em condições adequadas para a sua ressocialização. Porém, nos últimos
anos tem se verificado um crescimento anormal de criminalidade, bem como um elevado número
de reclusos nas unidades penitenciárias do nosso território, ou seja, as cadeias encontram-se
lotados, praticamente não oferecem condições mínimas necessárias para a ressocialização do
recluso, a começar pela violação dos Direitos Humanos.

Entretanto, a cadeia, apenas produz no recluso uma mente cada vez propensa a actividade
criminal, resultante também da tortura efectuada pelas autoridades policiais, assim sendo,
percebe-se que o Estado não tem cumprido com o seu papel de garantir efectivamente o
cumprimento dos Direitos Humanos, bem como as penitenciárias, que não oferecem ambientes
salubres para a convivência dos recluso.

CAPÍTULO II – QUADRO TEÓRICO

2.1. Revisão de literatura

O presente trabalho de pesquisa, pretende reflectir nas várias abordagens que se integram na
vertente da Garantia dos Direitos Humanos nas cadeias, sob óptica da Teoria do Garantismo
Penal de LUIGI FERRAJOLI.

Esta teoria, remete-nos no escopo de estudar a aplicação desde o início do Processo Penal,
mormente no que se refere à decretação da prisão preventiva do garantismo penal. A teoria que

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visa actuar na defesa das liberdades individuais do cidadão, protegendo-o das acções arbitrárias
do Estado através de um processo calcado nas garantias constitucionais, sobretudo na dignidade
da pessoa humana.

A teoria defendida por Ferrajoli, traz a ideia de que um Estado de Direito deve assegurar aos
indivíduos um modelo garantista do Direito Penal, que proteja efectivamente em primeiro lugar
os Direitos à Liberdade, e em segundo lugar, os Direitos Sociais. Consequência deste modelo
garantista, surge um jus positivismo crítico, contraposto a um jus positivismo dogmático, criando
um Estado sob um alicerce de Direitos Fundamentais.

A proposta garantista, sugere um Estado minimizador das restrições da liberdade do cidadão,


dentro de um Estado Social maximizador das expectativas sociais, com correlatos deveres do
próprio Estado de satisfazer tais necessidades. No nosso caso em análise, no que concerne o
garantismo dos Direitos Humanos em especial a sua aplicação na Cadeia Central da Machava.
Estas necessidades sociais estariam associadas à aquelas que concernem o Estado, a sua
satisfação como alojamento, higiene pessoal, alimentação e serviços médicos que são
maioritariamente aludidos nas regras de Mandela.1

2.3. Definição de conceitos

2.1.1. Superlotação das Cadeias

A palavra superlotação, traduz a ideia de excesso de pessoas, não havendo quase condições
físicas ou morais para se habitar. Isto é, existe excesso de lotação, e sempre este conceito traduz
a ideia de período para uma determinada consequência em virtude desta superlotação. 2
Disponível em http://dicio.com.pt/superlotação, acessado no 25/04/2022.

E quanto ao conceito propriamente dito, Superlotação das cadeias é a quantidade excessiva de


presos, ultrapassando as capacidades reais possíveis que o estabelecimento pode suportar.
(Rocha, 2006)
1
FERRAJOLI, Luigi. Direito e Razão: Teoria do Garantismo Penal. São Paulo: Revista dos Tribunais. 2014
2
Disponível em http://dicio.com.pt/superlotação
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2.1.2. Direitos Humanos

Direitos Humanos é o conjunto de direitos inerentes à essência do ser humano e que tem por
primeiro e último fim, garantir a este, entre outros, o direito à vida, liberdade, a igualdade, a
integridade física, sendo sempre de respeito e aplicação universal. (Mendes, 2002)

Ainda sobre este conceito podemos definir como Direitos Humanos, o conjunto de faculdades e
instituições que em cada momento histórico concretizam as exigências da dignidade, da
liberdade, e da igualdade humana, as quais devem ser reconhecidas positivamente pelos
ordenamentos jurídicos a nível nacional e internacional. (Luño, 2009)

2.2. A Origem do Sistema Penitenciário

O Direito Penal, até o século XVIII, era marcado por penas cruéis e desumanas, não havendo até
então a privação de liberdade como forma de pena, mas sim como custódia, garantia de que o
acusado não iria fugir e para a produção de provas por meio da tortura (forma legítima, até
então), o acusado então aguardaria o julgamento e a pena subsequente, privado da sua liberdade,
em cárcere – o encarceramento era um meio, não era o fim da punição. (Filho, 2002)

Foi apenas no século XVIII que a pena privativa de liberdade passou a fazer parte do rol de
punições do Direito Penal, com o gradual banimento das penas cruéis e desumanas, a pena de
prisão passa a exercer um papel de punição de facto, é tratada como a humanização das penas. Já
segundo Foucault, a mudança no meio de punição vem junto com as mudanças políticas da
época, com a queda do antigo regime e a ascensão da burguesia a punição deixa de ser um
espectáculo público, já que assim incentiva-se a violência, e é agora uma punição fechada, que
segue regras rígidas. Portanto, muda-se o meio de se fazer sofrer, deixa de punir o corpo do
condenado e passa-se a punir a sua “alma”. Essa mudança, segundo o autor, é um modo de
acabar com as punições imprevisíveis e ineficientes do soberano sobre o condenado, os
reformistas concluem que o poder de julgar e punir deve ser melhor distribuído, deve haver
proporcionalidade entre o crime e a punição já que o poder do Estado é tipo de Poder Público.

É no fim do século XVIII que começam a surgir os primeiros projectos do que se tornariam as
penitenciárias. Primeiro com John Howard (1726-1790), que após ser nomeado xerife do

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condado de Bedfordshire, conhece a prisão de seu condado e decide conhecer a realidade das
outras prisões da Inglaterra.

É então em 1777 que publica a primeira edição de The State of Prisons in England and Wales
(tradução livre: As condições das prisões da Inglaterra e Gales), ele faz uma crítica à realidade
prisional da Inglaterra e propõe uma série de mudanças, sendo a principal a criação de
estabelecimentos específicos para a nova visão do cárcere, antes o prisioneiro ficava na prisão
aguardando a punição, a mesma tinha um carácter temporário. Portanto, as prisões por toda a
Europa e Estados Unidos não tinham a infra-estrutura ou eram pensadas nessa nova realidade
punitiva.

Outro autor importante foi o inglês Jeremy Bentham (1748-1832), entre suas contribuições para a
reforma do sistema punitivo, era adepto de uma punição proporcional, “a disciplina dentro dos
presídios deve ser severa, a alimentação grosseira e a vestimenta humilhante”, mas todo esse
rigor serve para mudar o carácter e os hábitos do delinquente. Em 1787 escreve “Panóptico”,
concebido como uma penitenciária modelo, é um conceito em que um vigilante consegue
observar todos os prisioneiros sem que estes o vejam. A prisão seria uma estrutura circular, com
as celas em sua borda, e o meio vazio se encontra a torre com o vigia “omnipresente”.

Foucault, usa o panóptico em sua obra como uma metáfora para as sociedades ocidentais
modernas e sua busca pela disciplina, no modelo panóptico não é necessário as grades, correntes
ou barras para a dominação, a visibilidade permanente é uma forma de poder próprio, e segundo
ele, não só as prisões evoluíram conforme esse modelo, mas todas as estruturas hierárquicas
como escolas, hospitais, fábricas e os quartéis.

No final do século XVIII e início do século XIX surge na Filadélfia os primeiros presídios que
seguiam o sistema celular, ou sistema da Filadélfia como também é conhecido, era um sistema
de reclusão total, no qual o preso ficava isolado do mundo externo e dos outros presos em sua
cela, que além de repouso servia para trabalho e exercícios.

Em 1820 outro sistema surge nos Estados Unidos, conhecido como “Sistema Auburn” ou
“Sistema de Nova Iorque”, continha uma certa similaridade com o sistema da Filadélfia, a
reclusão e o isolamento absoluto, mas neste novo sistema esta reclusão era apenas durante o

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período nocturno. Durante o dia as refeições e o trabalho eram colectivos, mas impunha-se regra
de silêncio, os presos não podiam se comunicar ou mesmo trocar olhares, a vigilância era
absoluta.

É em Norfolk, colónia inglesa, nasce um novo sistema prisional que combina os outros dois
sistemas e cria a progressão de pena. O regime inicial funcionava como o Sistema da Filadélfia,
ou seja, de isolamento total do preso; após esse período inicial o preso era submetido ao
isolamento somente nocturno, trabalhando durante os dias sob a regra do silêncio (Sistema de
Auburn).

Nesse estágio, o preso ia adquirindo “vales” e, depois de algum tempo acumulando esses vales,
poderia entrar no terceiro estágio, no qual ficaria em um regime semelhante ao da “liberdade
condicional” e, depois de cumprir determinado prazo de sua pena, seguindo as regras do regime,
obteria a liberdade em definitivo.

Após essa experiência em Norfolk, o sistema é levado para a Inglaterra e aperfeiçoado na


Irlanda. No novo sistema irlandês, há uma quarta fase, antes da “liberdade condicional”, na qual
o preso trabalhava em um ambiente aberto sem as restrições que um regime fechado
compreende.

Após esse período, vários outros sistemas de prisão foram surgindo, como o Sistema de
Montesinos na Espanha que tinha trabalho remunerado, e previa um carácter “regenerador” na
pena. Na Suíça, criam um novo tipo de estabelecimento penitenciário, em que os presos ficavam
na zona rural, trabalhavam ao ar livre, eram remunerados e a vigilância era menor. 3 Disponível
em http://www.revistaliberdades.org.br/site/outrasEdicoes/outrasEdicoesExibir.php?rcon_id=145
acessado no dia 22/04/2022

Dos sistemas penitenciários existentes, destacam-se os seguintes:

 Sistema Pensilvânico;
 Sistema Auburniano;

3
Disponível em http://www.revistaliberdades.org.br/site/outrasEdicoes/outrasEdicoesExibir.php?
rcon_id=145
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 Sistema Progressivo; e
 Sistema Progressivo Irlandês.

CAPÍTULO III. METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO

Segundo Bruyne (1991), a metodologia é a lógica dos procedimentos científicos em sua génese e
em seu desenvolvimento, não se reduz, portanto, a uma “metrologia” ou tecnologia da medida
dos fatos científicos.

A metodologia deve ajudar a explicar não apenas os produtos da investigação científica, mas
principalmente seu próprio processo, pois suas exigências não são de submissão estrita a
procedimentos rígidos, mas antes da fecundidade na produção dos resultados.

A metodologia relaciona o conjunto de técnicas, métodos e procedimentos de estudo a serem


utilizados pelo pesquisador, quando lançando mão de um embasamento teórico, confrontando-o
em um campo de observação através das técnicas de pesquisa para a interpretação de um
problema ou confirmação de uma hipótese.

3.1. Natureza da pesquisa

Quanto à natureza, a pesquisa consistira em gerar conhecimentos para aplicações práticas


dirigidos à solução de problemas específicos de forma particular a Superlotação na Cadeia
Central da Machava.

3.2. Tipo de Pesquisa

O presente trabalho terá como tipos de pesquisa qualitativa e quantitativa. Para Minayo (2001), a
pesquisa qualitativa trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças,
valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e
dos fenómenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis.

Na monografia a pesquisa qualitativa consistirá em analisar e interpretar os dados através de


questionários dirigidos aos prisioneiros da Cadeia Central da Machava.

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A pesquisa quantitativa é aquela que resultados da pesquisa podem ser quantificados. Como as
amostras geralmente são grandes e consideradas representativas da população, os resultados são
tomados como se constituíssem um retracto real de toda a população alvo da pesquisa.

3.3. Métodos de pesquisa

Quanto ao método, a pesquisa é exploratória-descritiva, para permitir aprofundar o fenómeno


pesquisado na realidade mediante a exploração bibliográfica, entrevista, inquérito precedido da
descrição dos factos.

De acordo com GIL (1999), a pesquisa exploratória-descritiva envolve o levantamento


bibliográfico de dados a partir de entrevistas, questionários e observações com pessoas que
tiveram experiência prática com o problema pesquisado.

3.4. População e Amostra


3.4.1. População

A população, na perspectiva de Marconi e Lakatos (1992), é o conjunto de seres inanimados e


animados que apresentam pelo menos características comuns. Nesta pesquisa, a população em
estudo será na Cadeia Central da Machava, que se encontra a cumprir a pena de prisão no
mesmo. A Cadeia Central da Machava tem uma população carcerária de 8.185 reclusos contra
uma capacidade oficial de 5.188 onde 37/% dos reclusos condenados cumprim sentenças de até
um ano isso torna os candidatos ideias para uma sentença sem custódia.

3.4.2. Processo de amostragem

Amostra é todo subconjunto de elementos retirado de uma população, para obter informações
sobre essa população. (Gil, 1999). A pesquisa vai trabalhar com uma amostra de 75 reclusos da
Cadeia Central da Machava.

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A amostragem que foi utilizada para a realização da monografia é amostragem aleatória que
consistiu na escolha de um indivíduo entre uma população ao acaso (aleatório), quando cada
membro da população tem a mesma probabilidade de ser escolhido.

3.5. Instrumentos de recolha de dados

Para a materialização da pesquisa recorrer-se-ia ao questionário. Questionário é um instrumento


de colecta de dados, onde os pesquisados responderam as questões sem a presença da
pesquisadora.

3.6. Validade e fiabilidade

O estudo que será realizada na Cadeia Central da Machava baseia-se nos seguintes aspectos:
coerência metodológica, adequação da amostragem teórica, processo interactivo de recolha e
análise de dados, pensar de forma teórica e desenvolvimento de teoria.

3.7. Considerações éticas

A pesquisadora irá observar todos critérios necessários para efeitos de elaboração da monografia.

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4. Cronograma

No cronograma estão representados constituintes do processo de pesquisa, isto é, a sequência do


programa a ser executado, do princípio até ao fim do trabalho.

Actividades desenvolvidas Meses


Setembro Outubro Novembro Dezembro
Revisão de Literatura
Elaboração do projecto
Entrega da 1ª versão do projecto
Entrega da 2ª versão do projecto
Realização do Trabalho de Campo
Revisão da literatura
Entrega da 1ª versão da monografia
Entrega da 2a versão da monografia

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4.1. Orçamento

A tabela abaixo apresenta a previsão do custo por gastar durante ou para a realização do trabalho.

Necessidades Quantidade Previsão do custo em Meticais


Computador laptop 01 35.000,00
Impressora 01 4.200,00
Transporte 2.500,00
Blocos de notas 01 210, 00
Lanche 2,200,00
Resmas de papel A4 02 700, 00
Gravador para entrevistas 01 1.200,00
Esferográficas 01 30, 00
Lápis e borracha 01 20,00

Copias 1.300,00
Total 47.360,00

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5. BIBLIOGRAFIA

Bruyne, P. (1991). Dinâmica da Pesquisa em Ciências Sociais. Rio de Janeiro: Editora Francisco
Alves.

Ferrajoli, Luigi. (2014). Direito e Razão: Teoria do Garantismo Penal. São Paulo: Revista dos
Tribunais.

Filho, Luiz Francisco Carvalho. (2002). A prisão. São Paulo: Publifolha.

Gil, António Carlos. (1999). Métodos e técnica de Pesquisa Social. 5ª ed., Atlas. São Paulo.

Lakatos, Eva Maria. Marconi, Marina De Andrade. (1992). Metodologia Científica. 2.a edição.
Editora Atlas. São Paulo.

Luño, António Henrique Perez. (2009). Direitos Humanos e a extrema pobreza no mundo. Peru.

Mendes, Gilmar. (2002). História dos Direitos Humanos. Volume II. São Paulo.

Minayo, Maria. C. S. (2001). Ciência, técnica e arte: o desafio da pesquisa social. In: Minayo,
Maria. C. S (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis, RJ: Vozes.

Rocha, Alexandre Perreira. (2006). O Estado e o Direito de Punir: Superlotação no sistema


penitenciário brasileiro – caso do Distrito Federal. Brasília.

Legislação Consultada

Código Penal

Código do Processo Penal

Constituição da República de Moçambique

Lei n.o22/2007, de 01 de Agosto

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