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Bento Constâncio
Gilda C. Damião
Pensamento Silva Calabouço

Estruturas de regulamentação da actividade jornalística em Moçambique: a Lei de


Imprensa

Licenciatura em Ensino de História com Habilidades em Documentação

Universidade Rovuma
Extensão de Cabo Delgado
2023
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Bento Constâncio
Gilda C. Damião
Pensamento Silva Calabouço

Estruturas de regulamentação da actividade jornalística em Moçambique: a Lei de


Imprensa

Trabalho de pesquisa científica a ser apresentado no


Departamento de Letras e Ciências Sociais, Curso de
Licenciatura em Ensino de História com Habilitações
em Documentação, na Cadeira de Sociologia de
Informação.

Docente: dr. Celestino Gaspar


______________________________________

Universidade Rovuma
Extensão de Cabo Delgado
2023
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Índice

Introdução ................................................................................................................................... 4
1. Estruturas de regulamentação da actividade jornalística em Moçambique: a Lei de ............. 5
1.1. Conceitos ............................................................................................................................. 5
1.1.2. Imprensa ........................................................................................................................... 5
1.1.3. Liberdade de imprensa ..................................................................................................... 5
1.1.4. Órgãos de informação e Propriedade................................................................................ 5
1.1.5. Jornalista ........................................................................................................................... 6
2. Pilares do Quadro legal Regulatório da Comunicação Social ................................................ 7
2.1. A lei de Imprensa, e a Lei de Tv e rádio, e seu regulamento .............................................. 9
2.3. O papel do CSCS e do GABINFO ...................................................................................... 9
Conclusão ................................................................................................................................. 10
Referências Bibliográficas ........................................................................................................ 11
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Introdução

A liberdade de imprensa desempenha um papel crucial na sociedade democrática,


servindo como um pilar fundamental da informação, transparência e prestação de contas. Em
Moçambique, como em muitos outros países ao redor do mundo, a imprensa desempenha um
papel vital na disseminação de informações, na formação da opinião pública e no escrutínio
das acções do governo e das instituições. No entanto, o exercício dessa liberdade não é isento
de regulamentações, e uma das peças-chave da estrutura regulatória da actividade jornalística
em Moçambique é a Lei de Imprensa.

Este trabalho tem como objectivo explorar em detalhes as estruturas de


regulamentação da actividade jornalística em Moçambique, com foco especial na Lei de
Imprensa. Serão analisados o contexto histórico da liberdade de imprensa no país, a evolução
da legislação relacionada à imprensa, os objectivos e as disposições da Lei de Imprensa e
como essa lei afecta a liberdade de expressão, a responsabilidade jornalística e a ética na
prática jornalística. Além disso, este trabalho abordará os desafios e as controvérsias
enfrentadas na aplicação da Lei de Imprensa em Moçambique, examinando casos que geraram
debates em torno dessa legislação.

Objectivo geral:
 Analisar as estruturas de regulamentação da actividade jornalística em Moçambique: a
Lei de Imprensa

Objectivos Específicos:
 Conceituar as estruturas de regulamentação da actividade jornalista e a Lei de
Imprensa ː
 Descrever o papel das estruturas de regulamentação da actividade jornalística em
Moçambique

Metodologia
No que tange metodologia usada para elaboração de trabalho, foi consulta de
referências bibliográficas. Quanto a estrutura o trabalho conta com elementos pré-textuais
onde contêm a capa e a folha de rosto, de seguida encontramos os elementos textuais onde
contêm o desenvolvimento do próprio trabalho, e por fim encontramos os elementos pós-
textuais, onde encontramos a conclusão e a sua respectiva referência bibliográfica.
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1. Estruturas de regulamentação da actividade jornalística em Moçambique: a Lei de


Imprensa

1.1. Conceitos

1.1.2. Imprensa

De acordo com a lei Nº 18/91 (LEI DE IMPRENSA), no primeiro capítulo, no seu


artigo 1°, define como imprensa os órgãos de informação cuja actividade principal é a
recolha, tratamento e divulgação pública de informação, sob a forma de publicações gráficas,
rádio, televisão, cinema ou qualquer reprodução de escritos, som ou imagem destinada à
comunicação social.

1.1.3. Liberdade de imprensa

E no segundo artigo da mesma lei (Nº 18/91), define-se a liberdade de imprensa


correspondendo, nomeadamente, a liberdade de expressão e de criação dos jornalistas, o
acesso às fontes de informação, a protecção da independência e do sigilo profissional e o
direito de criar jornais e outras publicações.

1.1.4. Órgãos de informação e Propriedade

De igual modo, o capitulo dois (II) da lei Nº 18/91, no artigo 6, abordando sobre
Órgãos de informação, trás a definições sobre Propriedade, estás que por sua vez,
classificam em:

1. Os órgãos de informação podem ser propriedade do sector estatal ou objecto da


propriedade cooperativa, mista ou privada.
2. O espectro radioeléctrico nacional é parte integrante do domínio público do
Estado.
3. Baseado em critérios de interesse público, o Estado pode adquirir participações
em órgãos de informação que não façam parte do sector público ou determinar
outras formas de subsídios ou apoio.
4. As condições da participação dos sectores cooperativos, misto ou privado na
radiodifusão e televisão serão estabelecidas em legislação específica, tendo e
conta o interesse público e a prerrogativa do Estado.
5. Só podem ser proprietários dos órgãos de informação e das empresas
jornalísticas as instituições e associações moçambicanas e cidadãos
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moçambicanos residentes no país que encontrem em gozo dos seus direitos


civis e políticos.
6. Se a propriedade dos órgãos de informação pertencer a empresas organizadas
sob forma de sociedade comercial a participação directa e indirecta de capital
estrangeiro só pode ocorrer até à proporção máxima de vinte por cento do
capital social.
7. Tratando-se de sociedades anónimas, todas as acções deverão ser nominativas.
8. Com o fim de garantia o direito dos cidadãos à informação, o Estado observará
uma política antimonopolista, evitando a concentração dos órgãos de
informação.

1.1.5. Jornalista

Ora, cabe então falar sobre o jornalista. Ainda de acordo com a lei Nº 18/91, Capítulo
IV, no artigo 26, define o jornalista como todo o profissional que se dedica a pesquisa,
recolha, selecção, elaboração e apresentação pública de acontecimento sob forma noticiosa,
informativa ou opinativa, através dos meios de comunicação social, e para quem está
actividade constitua profissão principal, permanente e remunerada. E sobre os seus direitos o
artigo 27 desta lei (Nº 18/91), frisa:

1. No exercício da sua função o jornalista goza dos seguintes direitos:

a) Livre acesso e permanência em lugares públicos onde se torne necessário o


exercício da profissão;

b) Não ser detido, afastado ou por qualquer forma impedido de desempenhar a


respectiva missão no local onde seja necessária a sua presença como profissional de
informação, nos limites previstos na lei;

c) Não acatar qualquer directiva editorial que não provenha da competente


autoridade do seu órgão de informação;

d) Recusar, em caso de interpretação ilegal, a entrega ou exibição de material de


trabalho utilizado ou de elementos recolhidos;

e) Participar na vida interna do órgão de informação em que estiver a trabalhar,


designadamente no conselho de redacção ou órgão similar, nos termos dos respectivos
estatutos;
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f) Recorrer às autoridades competentes sempre que for impedido o gozo dos direitos
inerentes ao exercício da sua profissão.

2. Em caso de violência ou de agressão, ou de tentativa de corromper, intimidar ou


pressionar o jornalista no exercício da sua profissão, a respectiva entidade empregadora deve
intentar acção judicial contra o autor e constituir-se como parte do processo.

3. Em caso de alteração de fundo da orientação editorial do órgão de informação em


que trabalha, confirmada pela direcção ou claramente expressa no órgão, o jornalista pode
unilateralmente extinguir a sua relação de trabalho, tendo direito a indemnizações prévias nas
leis e regulamentos vigentes para casos de despedimento sem justa causa e sem aviso prévio.

No que tange aos seus deveres, o artigo 28 da mesma lei (Nº 18/91), deixa bem
explícito:

Os jornalistas estão sujeitos as seguintes deveres:

a. Respeitar os direitos e liberdades dos cidadãos;


b. Ter como objectivo produzir uma informação completa e objectiva;
c. Exercer a sua actividade profissional com rigor e objectividade;
d. Rectificar informações falsas ou inexactas que tenham sido publicadas;
e. Abster-se de fazer apologia directa ou indirecta do adio, racismo, intolerância,
crime e violência;
f. Repudiar o plágio, a calúnia, a difamação, a mentira, a acusação sem provas, a
injúria e a viciação de documentos;
g. Abster-se da utilização do prestígio moral da sua profissão para fins pessoais ou
materiais.

2. Pilares do Quadro legal Regulatório da Comunicação Social

De acordo com o documento de posicionamento da organização da sociedade civil


para a revisão da legislação de imprensa em Moçambique (2017, p.4), o quadro legal
regulatório da Comunicação Social (CS) assenta actualmente nos seguintes diplomas e
actores:

1) Previsão dos direitos fundamentais na Constituição da Republicade


Moçambique (CRM);
2) Lei de Imprensa – Lei18/91 de 10 de Agosto;
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3) Conselho Superior da Comunicação Social (CSCS), previsto na CRM


4) GABINFO, criado pelo Decreto Presidencial 4/95 de 16 de Outubro;
5) Instituto Nacional de Comunicações de Moçambique;

Estando em revisão a Lei da Imprensa e em projecto a Lei de Televisão e Rádio, e sua


regulamentação, o novo quadro legal será o seguinte:

1) Previsão dos direitos fundamentais na Constituição da República de


Moçambique (CRM);
2) Lei de Imprensa – Lei18/91 de 10 de Agosto (revista);
3) Lei da Televisão e da Rádio, e sua Regulamentação (em projecto);
4) Conselho Superior da Comunicação Social (CSCS), previsto na CRM
5) GABINFO, criado pelo Decreto Presidencial 4/95 de 16 de Outubro;
6) Instituto Nacional de Comunicações de Moçambique;

Ainda de acordo com o documento de posicionamento da organização da sociedade


civil para a revisão da legislação de imprensa em Moçambique, salienta que, Existem outros
diplomas legais com relevância evidente no sector da CS, como é o caso:

Decreto nº 22/92 de 31/12 – estabelece as condições legais e técnicas para o


acesso ao espectro de radiofrequências por parte de outros sectores (após a
abertura do sector);  Decreto 9/93 de 22/6 – critérios de participação dos
sectores privado e comercial no domínio da radiodifusão;  Decretos 18/94 e
19/94, ambos de 16/6, que criam respectivamente a TVM e a RM enquanto
provedores de serviço publico.  Decreto 65/2004 de 31 de Dezembro –
Código da Publicidade (RLCSM, 2017, p.4).

De acordo com o documento de posicionamento da organização da sociedade civil


para a revisão da legislação de imprensa em Moçambique, aqui, com excepção do Código de
publicidade, cuja autonomia é evidente, e cuja conexão resulta do facto de ser uma
incontornável fonte de receita dos media, a matéria constante dos demais diplomas deve ser
inserida no processo legislativo em curso, sendo a mesma inserida na Lei de Imprensa, na Lei
de Tv e de Rádio e no respectivo regulamento., consoante os casos. A codificação daí
resultante é saudável, e torna o quadro legal mais coerente, actual e simples de utilizar. Pela
mesma razão, este documento de advocacia destina-se a contribuir numa óptica “de jure
constituendo” para o aperfeiçoamento de aspectos determinados da nova regulamentação
legal
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2.1. A lei de Imprensa, e a Lei de Tv e rádio, e seu regulamento

Segundo a Revido da legislação de comunicações social em Moçambique (RLCSM),


Os pilares seguintes deste quadro legal seriam a Lei de Imprensa (em revisão) e a Lei da
Televisão e Rádio, bem como a sua respectiva regulamentação. Ora, estes textos legais devem
reflectir adequadamente a realidade tecnológica, as novas plataformas e as recomendações e
boas pratica das organizações internacionais do sector da CS, e ainda assumir uma atitude
codificadora, contribuindo para a concentração das normas num só texto, e evitando a sua
proliferação avulsa (2017, p.8).

2.3. O papel do CSCS e do GABINFO

Na impossibilidade de transformar o actual CSCS num verdadeiro regulador


independente para a CS, ele pode continuar a exercer o seu papel consultivo muito virado para
os órgãos de CS públicos. Mas a restante actuação disciplinadora é limitada e incompleta.

De acordo RLCSM (2017, p,9), uma vez mais assumindo o exemplo da África do Sul,
o CSCS poderia exercer funções idênticas ao Media Development and Diversity Agency –
Moda, Promovendo e apoiando a diversidade linguística e cultural e um bom uso da língua
oficial. Mas de modo algum pode ser o ICASA – Independent Comunications Authority,
regulador e supervisor no modelo daquele ordenamento jurídico.

Já o GABINFO, nos termos do art. 3º do Decreto Presidencial 4/95, exerce


predominantemente as suas funções na área da CS Publica e na articulação entre o Governo e
os médios em geral. A nova publicação entretanto anunciada confirma o seu traço de
instituição de informação, assessoria e propaganda do Governo, portanto totalmente
desadequada para qualquer função de coordenação ou supervisão do sector da CS, quer por
falta de vocação, quer por evidente conflito de interesses (idem).

Muita da sua preponderância actual passa pela ausência de regulamentação da carteira


profissional do jornalista, o que o faz exercer funções de acreditação de jornalistas em
eventos. Esta competência tenderá a desaparecer, quando se regular o título profissional de
jornalista.
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Conclusão

Ao longo deste trabalho, exploramos as estruturas de regulamentação da actividade


jornalística em Moçambique, com um enfoque na Lei de Imprensa. Analisamos o contexto
histórico da liberdade de imprensa no país, a evolução da legislação relacionada à imprensa e
as implicações da Lei de Imprensa para a liberdade de expressão, a responsabilidade
jornalística e a ética na prática jornalística.

Ficou claro que a liberdade de imprensa é um componente essencial da democracia e


desempenha um papel vital na construção de uma sociedade informada e engajada. No
entanto, a regulamentação da actividade jornalística, incluindo a Lei de Imprensa, é necessária
para equilibrar os direitos individuais de expressão com a responsabilidade da mídia em
fornecer informações precisas e éticas à sociedade.

Durante nossa análise, também examinamos os desafios e as controvérsias que


surgiram na aplicação da Lei de Imprensa em Moçambique. Estes desafios ressaltam a
importância de encontrar um equilíbrio delicado entre a regulamentação necessária e a
preservação da liberdade de imprensa.

A comparação com estruturas regulatórias de imprensa em outros países nos permitiu


adquirir compressão valiosos sobre práticas e modelos que podem informar futuras discussões
e reformas no campo da regulamentação da imprensa em Moçambique.

Em última análise, este trabalho destaca a complexidade das questões relacionadas à


liberdade de imprensa e à regulamentação da actividade jornalística em Moçambique. À
medida que o país avança, é crucial que as partes interessadas continuem a debater, revisar e
adaptar as estruturas regulatórias para garantir que a imprensa possa funcionar como um
contrapeso eficaz às instituições, enquanto cumpre sua responsabilidade de fornecer
informações precisas e responsáveis à sociedade moçambicana.

O futuro da liberdade de imprensa em Moçambique dependerá em grande parte da


capacidade do país de encontrar esse equilíbrio e de garantir que a imprensa possa continuar a
desempenhar seu papel vital na construção de uma sociedade democrática e informada.
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Referências Bibliográficas

Homerin, Janaina. (2005). As Organizações da Sociedade Civil em Moçambique: Actores em


Movimento. Maputo: SCAC

RLCSM. (2017). Documento de posicionamento das oscs para a revisão da legislação


de
imprensa em moçambique. MISA Mz, Maputo

Legislação Consultada:

LEI Nº 18/91 (LEI DE IMPRENSA), Aprovada pela Assembleia da República O Presidente


da Assembleia da República, Marcelino dos Santos. Promulgada em 10 de Agosto de
1991. O Presidente da República, Joaquim Alberto Chissano.

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