Você está na página 1de 20

1

Aidão Miguel

A POLITICA EM PLATÃO: UMA REFLEXÃO SOBRE O BEM COMUM EM


MOÇAMBIQUE

Curso de Licenciatura em Ensino de Filosofia com Habilitações em Ética

Universidade Rovuma
Extensão de Cabo Delgado
2023
2

Aidão Miguel

A POLÍTICA EM PLATÃO: UMA REFLEXÃO SOBRE O BEM COMUM EM


MOÇAMBIQUE

Projecto de pesquisa a ser entregue ao


Departamento de Letras e Ciências Sociais no
curso de filosofia, com o fim de elaboração da
Monografia Científica.

Supervisor: dr. Mateus Lino

Universidade Rovuma
Extensão de Cabo Delgado
2023
3

Índice
Introdução ..........................................................................................................................................4

1. Tema: a política em Platão: uma reflexão sobre o bem comum em Moçambique ..............5

2. Justificativa....................................................................................................................................7

3. Delimitação da pesquisa ............................................................................................................10

4. Objectivos ....................................................................................................................................10

5. O problema da pesquisa .............................................................................................................10

6. Hipótese .......................................................................................................................................11

7. Revisão Teórica ..........................................................................................................................12

7.1. A cidade justa em Platão ........................................................................................................13

7.2. Divisão das classes de trabalho em Platão numa cidade justa ..........................................14

7.3. A educação na polis em Platão ..............................................................................................15

7.4. A finalidade de Política para Platão......................................................................................17

8. Metodologia ................................................................................................................................18

Conclusão ........................................................................................................................................19

Referência bibliográfica.................................................................................................................20
4

Introdução

O presente projecto de pesquisa, enquadra-se a uma realização da monografia que tem


como tema principal: a política em Platão: uma reflexão sobre o bem comum em
Moçambique.

Platão nasceu em Atenas, numa família aristocrática por parte de pai e mãe. Platão era um
apelido que significava atarracado, provavelmente pelos largos ombros que possuía, pois
praticou luta na juventude. Após essa Guerra, Atenas viveu um período da paz, o que
propiciou o desenvolvimento da Filosofia e das Artes. O progresso económico de Atenas e
sua influência política sobre o Peloponeso continuou provocando inveja e Esparta cidade-
estado rival, em 431 AEC promoveu contra Atenas a Guerra do Peloponeso que durou até
404 AEC. Platão participou dessa Guerra nos seus últimos anos. Os espartanos acabaram
derrotando o governo democrático de Atenas e impuseram o governo oligárquico dos
Trinta Tiranos. Dentre estes Platão teve dois parentes, quando chegou a pensar em seguir
carreira política.

Para Platão, a sociedade política é composta de três partes das classes sociais que
distinguem por suas funções. A primeira é a dos governantes que governam guiados pela
virtude da sabedoria. A segunda se refere aos guardiães, que são chamados a defender a
colectividade das desordens internas bem como os ataques de fora, e que por isso cultivam
a virtude da fortaleza como principal. Finalmente, os artesões e agricultores constituem a
base económica da sociedade e satisfazem suas necessidades sendo que sua principal
virtude consiste na temperança.

A filosofia social ou a política de Platão é influenciada pelo postulado da subordinação das


classes sociais e seus membros ao bem comum da cidade. O indivíduo carece de
autonomia ante a cidade, a qual surge como uma consequência de uma incapacidade dos
indivíduos para satisfazer sozinhos suas necessidades, e se baseia na divisão do trabalho
que permite coordenar as distintas aptidões pessoais para o bem de todos.
5

1. Tema: a política em Platão: uma reflexão sobre o bem comum em Moçambique

É óbvio, que África foi um continente escravizado por vários países do ocidente por mil
anos. Os africanos viveram momentos difíceis com vários tipos de problemas a serem
escravizados pelo Ocidente no seu próprio continente, a serem acorrentados,
instrumentalizados como máquina de trabalho (por exemplo trabalhando por muito tempo
sem um tempo de descansar). Moçambique sendo um país do continente africano, foi
também um dos países que passou por um tempo vivendo na escravatura com a
colonização dos portugueses.

No entanto vale muito destacar ou seja dizer que, a presença portuguesa em Moçambique
vincula-se à expansão marítima europeia, decorrente dos problemas económicos que
marcaram a transição do feudalismo para o capitalismo, entre os séculos XIV e XV no
Ocidente Europeu. Chegados a Moçambique, os Portugueses buscaram estabelecer-se no
âmbito do projecto de colonização apelidado de civilizador.

Até nos anos 70 do século XX, após um processo de uma luta organizado pela Frente de
Libertação de Moçambique «FRELIMO» que durou cerca de 10 anos, o país tornou-se
independente em 1975. Depois da independência a Nação reuniu-se no seu congresso e
transformou-se em partido político, tendo afirmado que pretendia construir o socialismo no
país. Para alcançar este fim político-social tinha implementar um Sistema Nacional de
Educação que rompesse com os objectivos e estrutura do Sistema de Educação colonial e
também da tradicional. Uma das tarefas da educação revolucionária moçambicana, inserida
no projecto de edificação do socialismo, era a de promover uma completa ruptura com os
objectivos, princípios pedagógicos e a estrutura da educação colonial. A revolução
educacional proposta pelos dirigentes moçambicanos atingiu a disciplina de Filosofia que
se fazia presente no sistema de ensino colonial (Gonçalves, p.38,43. 2009).

Aqueles dirigentes decidiram “expulsar” o ensino da Filosofia, sustentado que o poder


colonial fez uso dessa disciplina pedagógica para «perpetuar a sua política para
desenvolver na mente do moçambicano colonizado a consciência de ser bom
português». No lugar da Filosofia, foram introduzidos a educação política e o “marxismo-
leninismo”. Vinte e três anos após ter sido “expulsa pela porta”, a Filosofia era trazida de
volta, no Sistema Nacional de Educação de Moçambique (Gonçalves, p.44. 2009).
6

Com a exclusão da filosofia e implementação da Educação Política no Sistema Nacional da


Educação em Moçambique, foi uma grande falha, isso fez com que o povo moçambicano
atrasar-se mentalmente na área da política, e com a mesma exclusão foi a causa de vários
acontecimentos ruins com má governação dos dirigentes do Estado por não serem os
proprietários da área da política. Os dirigentes daquela época, tinham a concepção de que a
política era uma arte ou técnica que qualquer um pode praticar, sem saber que a política é
uma ciência que deve ser ensinada com muita atenção, e quem pode dirigir uma Nação
deve ser um filósofo, com habilidades da área da política, porque é o filósofo que sabe
muito bem o sentido/significado da justiça e o filósofo é homem justo na sociedade, como
o filósofo da antiguidade Platão dizia. Com isso houve muita necessidade de recorrer ao
filósofo da era clássica (Platão) para entendermos melhor o que ele ressaltou sobre a justiça
e como deve ser estruturado um Estado/Nação Justa. É bem sabido que toda humanidade
em que esta numa cidade/Estado qualquer em primeiro lugar, gostam de paz, harmonia,
direitos iguais, etc., isso tudo indica uma virtude da justiça numa nação em que cada um
deve gozar sem nenhuma desigualdade. No entanto o que vale muito mais, ou seja o que é
valiosa num Estado para todo povo é a justiça em que Platão concebe como uma virtude
(não em si mesma, mas em suas consequências) em que a pessoa faz coisas certas para o
bem de a maioria.

O interesse de Platão pelos assuntos políticos decorria, em parte, de circunstâncias de sua


vida, mas era também uma atitude compreensível num grego de seu tempo. A democracia
ateniense era uma forma atenuada de oligarquia (governo de poucos), já que somente
aquela pequena parcela da população os "cidadãos" usufruía dos privilégios da igualdade
perante a lei e do direito de falar nos debates da Assembleia. […] As decisões políticas
estavam, porém, na dependência de interferências ainda mais restritas, pois na própria
Assembleia nem todos tinham os mesmos recursos de actuação […]. Platão viveu a sua
fase de jovem com seu mestre Sócrates que foi acusado de corromper a juventude, por
difundir ideias contrárias à religião tradicional, e condenado a morrer bebendo cicuta […].
Diante da injustiça sofrida por Sócrates, aprofunda-se o desencanto de Platão com aquela
política e com aquela democracia: "Vendo o impacto causado por Sócrates no pensamento
e na vida de Platão teve também outro significado. (Platão, pg.7,9,12).

O filósofo da era clássica (Platão) considera a cidade ideal justa só poderia surgir se o
governo supremo se fosse confiado ou guiado a reis-filósofos. Esses chefes de Estado
7

seriam escolhidos dentre os melhores guardiães e submetidos a diversas provas que


permitiriam avaliar seu patriotismo e sua resistência. Mas, principalmente ou primeira
coisa para um Estado seja justo, deveriam realizar uma série de estudos para poderem
atingir a ciência, ou seja, o conhecimento das ideias, elevando-se até seu fundamento
supremo: a ideia do Bem comum, (Platão. LivroV. s/p).

2. Justificativa

O povo moçambicano passou por muito tempo vivendo numa miséria, sem liberdade, sem
direitos do homem, foram tratados como se fossem animais. Isso está a referir na época
colonial. Depois da independência, o Estado moçambicano traçou as leis, em que essas leis
eram para servirem de direitos iguais e garantirem o bem comum do povo a nível nacional,
sendo assim o governo colocou representantes ou seja os governantes (políticos), que
devem serem responsáveis pelo controle das leis, para que possam serem respeitados pelo
todo e garantia do bem comum do povo. Era uma forma de marcar a igualdade de todos e
marcar a diferença com a época em o moçambicano viveu sofrendo com o colono
português.

Actualmente o que estamos vendo no país acontecer é provavelmente que a política é uma
falsidade para o povo de uma nação, isso porque, os políticos se infiltram no Estado
usando a política para conseguirem maltratar outros sem justiça. Com isso é bem visto sem
dúvida que a política em Moçambique já não é mais a arte de garantir o bem da sociedade
(povo) como soubemos, mas sim virou contra o povo moçambicano. O estado
moçambicano actualmente é um país em que o povo não tem direitos de se expressar
(reclamar segundo com seus direitos) na frente de um/a chefe governante, o povo vive nas
condições baixas, onde há faltas das escolas, estradas, hospitais, etc.

Sócrates, por exemplo na sua linha de pensamento afirmara que, o mais precioso no
homem é sua alma racional e que, graças à razão, pode ser justo e praticar a virtude. A
ignorância e a irracionalidade são expressões e causas de violência. Em primeiro lugar,
violência que alguém comete contra si mesmo deixando-se levar pela busca irreflectida e
imoderada do prazer, pelas paixões, emoções impensadas, irracionais, que nos arrastam em
direcções contrárias, deixam-nos sem saber o que fazer, crescem por si mesmas e tomam
conta de nosso ser. (Chaui, p.231).
8

Com base no pensamento do filósofo da antiguidade (Sócrates), podemos seguir a mesma


linha de pensamento dizermos que, através da racionalidade em que temos em cada um de
moçambicano, é possível praticar a virtude reproduzindo a justiça em todo canto do país.
Digamos que também pelo visto, a injustiça em que se encontra no país é através da
ignorância e irracionalidade, com a mesma ignorância faz com que o país esteja a
reproduzir a violência, ou seja a ignorância e a irracionalidade dos governantes (políticos
moçambicano) criam uma violência em todo país.

O país encontra-se numa das situações povoadoras entre os nacionais, em que os que tem
poderes (políticos) ao envés de garantir o bem da população, usam para maltratar o povo.
Com base das acções em que vivemos no país faz com que haja necessidade reformular a
própria política para que o Estado esteja bem estruturado. Pelo visto que todos problemas
sociais sempre terão ou seja devem serem resolvidos. Na obra a República, Platão concebe
a organização da cidade ideal justa é aquela que se apoia numa divisão racional do
trabalho. Em primeiro lugar, entendem que a cidade é dividida em três classes e que, para
funcionar perfeitamente, essas três classes precisam operar em harmonia.

A primeira classe é a classe dos artesãos, a segunda é dos soldados e a terceira, dos
guardiões (Magistrados), que seriam os governantes. A primeira classe é composta,
portanto, daqueles que se dedicam ao sustento da cidade e essas pessoas possuíam, na
constituição de suas almas, o feno, o ferro e o bronze. Os guerreiros tinham prata misturada
em suas almas e protegiam a cidade, além de ajudarem em questões administrativas. Por
fim, a terceira classe de cidadãos é a mais nobre, que deveria estudar por cinquenta anos e
se dedicar à razão e ao conhecimento. Eles têm a responsabilidade de governar a cidade,
porque só eles possuem capacidade para fazê-lo, haja vista que possuem a sabedoria
exigida para governar. A justiça, portanto, só poderia ser praticada por quem tivesse o
conhecimento dedicado à razão, porque, assim, essa pessoa poderia controlar tanto suas
emoções quanto seus impulsos na hora de governar, (Platão, s/p).

Para Platão considera que a justiça depende da diversidade de funções exercidas por três
classes diferentes. O importante não é que uma classe usufrua de uma felicidade superior
do que outra, mas que toda a cidade seja feliz. A justiça é precisamente em que cada um
assuma a sua tarefa, mantendo a classe governante, a classe militar e a classe produtora em
seu papel específico. O indivíduo faria parte da cidade para poder cumprir sua função
social e nisso consiste em ser justo: em cumprir a sua própria função.
9

A reorganização da cidade, para transformá-la em reino da justiça, exige naturalmente


reformas radicais […], as crianças seriam educadas pela cidade e a procriação deveria ser
regulada de modo a preservar a eugenia; para evitar os laços familiares egoístas. Com a
execução dos trabalhos não levaria em conta distinção de sexo pelo menos das condições,
mas tão-somente a diversidade das aptidões naturais a efetivação dessa utopia social
dependeria fundamentalmente, por outro lado, de um cuidadoso sistema educativo, que
permitisse a cada classe desenvolver as virtudes indispensáveis ao exercício de suas
atribuições. (Platão, p.26,27).

A desigualdade que observamos no país nos levam a pensar que as oportunidades não são
distribuídas com estratificação nas várias províncias do nosso país. Em diversas zonas do
nosso país recursos naturais cobiçados a nível internacional são descobertos e explorados,
desta maneira, as populações residentes são obrigados a abandonar as suas zonas de
habitações, para irem se adaptar noutros lugares. Pelo visto o povo quando abandona as
suas terras natais, onde vão se adaptar para começar uma nova vida de viver, o governo
não disponibiliza as condições necessárias para esse povo, o que significa, o povo sofre em
algum momento no âmbito de não serem indemnizados com aquela mudança das suas
zonas natais para outras zonas.

Segundo o filósofo (Platão) na sua obra «a República», disse que a maioria não gosta de
tirania apena para que possa estabelecer a sua política falsa e as suas leis para usarem a
injustiça contra os outros. E a justiça segundo ele é como uma ferramenta indispensável,
visto que ela está associada a sabedoria, apenas os (filosofo) podem ser justos. Esta visão
platónica nos conduz a inferência segundo a qual a educação qualitativa tem estreita
ligação com a justiça. Assim sendo, os Estados ou as Nações devem proporcionar e
oferecer boa educação aos seus concidadãos para que estes conhecem os princípios da
justiça. Com isso é que nos levara ao topo da virtude que fara o estado/cidade seja justa e
os trabalhadores farão os seus trabalhos de acordo com o que aprendeu desde a sua
infância na sua área.
10

3. Delimitação da pesquisa

O presente projecto de pesquisa está enquadrada no campo da Filosofia Política, com seu
tema principal: A política em Platão: uma reflexão sobre o bem comum em
Moçambique com o seu propósito de tentar encontrar a solução do bem comum no Estado
de Moçambique. A pesquisa está enquadrada no contexto geral nacional sobre a política,
muito mais a política voltada em Moçambique na actualidade.

4. Objectivos

Geral:
 Aplicar nova política que vai ajudar o moçambicano na prática da virtude e na
melhoria de um Estado justo

Específicos:
 Identificar os problemas políticos em que se encontra nos governantes e faz com que
o País esteja com as condições precárias nas outras províncias;
 Descrever uma política ideal e racional para garantir o bem comum de toda população
nacional em cada lado do país;
 Explicar como deve ser estruturado e como funcionar essa a política no âmbito de
garantia para o bem social;

5. O problema da pesquisa

A época da modernidade deixou alguns efeitos negativos na sociedade mundial tais como:
os valores individuais e a liberdade individual. Até os dias actuais ainda não conseguimos
igualar entre a liberdade individual com a necessidade de melhorar um poder da cidadania
e da constituição de uma classe pública que não será possível impedir a coexistência da
ética com a política ao mesmo tempo. Por outro lado, estamos perante numa época em que
a política está em crise, devido a maneira ou forma em que se representa nas
sociedades/Estados actuais. Digamos que estamos numa era em que muitas nações
colocam em questão o modelo actual que são chamadas repúblicas democráticas liberais,
onde os direitos humanos e políticos conquistados na era moderna, não estão a garantirem
os direitos sociais mais simples para a grande maioria das pessoas.

Estado Moçambicano é uma Nação em que temos essas situações. Na maioria parte da
zona norte há falta dos hospitais, estradas, faltas das Escola (mesmo nas Escolas existentes
11

não existem boas condições: falta das salas, falta das carteiras, etc.), por outro lado
verificamos também que o governo do País faz essa zona sendo como um lugar de adquirir
os bens lucrativos para suas vidas particulares e o povo sem ganhar nada de recompensa.
Por outro lado é uma Nação onde o desrespeito aos direitos humanos está muito elevado,
onde não há justiça social, onde o povo não tem direito de reclamar, é uma nação em que
os políticos vivem por suas contas próprias e não por conta do Estado ou do povo. Isso
indica a má governação dos dirigentes do Estado (Políticos). Com isso a questão surge é:
Como podemos resolver ou acabar com a injustiça e termos uma nova política que vai
formar uma cidade justa com os políticos moçambicanos justos?

6. Hipótese

Obviamente onde numa nação em que poder é democrático, onde todo direito é
encarregado numa pessoa como representante do Estado, e com a ganância dos políticos,
os resultados sempre são falsos para o povo. Mesmo que haja a injustiça ao excesso num
Estado devemos acreditar que existem pessoas possíveis com as várias razões intelectuais e
com as suas condições (pessoas capazes) possíveis de se resolverem os tais problemas do
estado ou dos políticos. O trabalho de um político é de garantir a justiça para o bem
comum da sociedade, sem haver a desigualdade, a discriminação, mas sim manter um povo
unido de todo lado em cada província. Garantir os recursos naturais seja consumido pelo
povo, isso significa construir a nação através dos bens em que se encontra no país.

Com a injustiça que os moçambicanos sofrem, devemos por em conta naquilo que Platão
escreveu deixando bem claro que «tudo o que existe no mundo sensível e se realiza estará
sujeito a se degenerar, a se corromper com a degeneração porque o homem está
associado aos vícios, paixões e ganância das coisas». Por conta disso a timocracia se
corrompe em oligarquia, em que oligarquia se corrompe em democracia, em que essa
democracia se corrompe em tirania. A timocracia é o governo militar marcado pela
disciplina, justamente por ter muita disciplina quando exposto ao poder, o homem vai se
corromper e se tornar muito ambicioso e vai acumular riquezas. Isso levará à oligarquia,
que é o governo dos homens de ambição. Por causa dessa ambição, será gerado um
confronto entre ricos e pobres, e isso provocará a democracia. A democracia, ela vai se
corromper na tirania, porque surgirá alguém que vai parecer o salvador da pátria, e ele se
tornara ambicioso por riqueza do povo e vai virar um tirano.
12

7. Revisão Teórica

O pensamento político do filósofo (Platão) está centrado na sua obra a República, que foi
considerada sendo como a obra mais utópica do ocidente. Nela é onde que encontramos os
conteúdos ou questões que tem a ver com a política debruçado segundo o filósofo. Entre os
temas abordados por filósofo sobre à política, o foco mais principal que ele destacou é a
justiça. Platão estava apto de mostrar a relação inseparável da política do homem em
particular sem a sua educação, ou melhor, para Platão não se pode construir uma política
para cidade, sem primeiro pensar na construção psicológica e moral de seus homens que
nela habitam.

Platão na sua sublinhou a ideia de que os regimes políticos se distinguem pelo número e
pela qualidade dos que governam ou dos que detêm o poder: a monarquia, em que o poder
pertence a um só e a honra é a qualidade do governante; a aristocracia, em que o poder
pertence a um pequeno grupo considerado uma elite ou os melhores, cuja qualidade é a
excelência guerreira; e a democracia, em que o poder pertence ao povo, e cujos cidadãos
possuem a liberdade como qualidade principal, […]. Esses regimes políticos quando são
conduzidos males transformam-se em suas versões perversas ou pervertidas, com a
sequência estabelecimento da sua corrupção. […] A política se realiza num tempo cíclico
no qual o movimento de passagem das formas legítimas é inverso ao da passagem das
ilegítimas. Em Platão, a política não é uma arte ou uma técnica, mas uma ciência e, como
tal, pode ser ensinada. Essa ciência orienta e dirige a prática política, isto é, as actividades
e funções de governo que, sendo práticas, são técnicas (Chaui, p.303.1994).

No entanto esses regimes políticos quando forem conduzidos duma forma de cobiça, o
estado transforma-se, ou seja, gera a injustiça em todo lado. E também isso de regimes
políticos se transformarem em corrupção, ocorre de uma maneira cíclica, em que cada um
gera outro tipo de regime. Como sustenta Chaui, Platão descreve uma Cidade em que a
liberdade é licença para se fazer o que se quer, a igualdade é promiscuidade e injustiça
porque trata da mesma maneira o igual e o desigual, a participação é demagogia, a
correcção dos costumes é uma falsa aparência que encobre todo tipo de corrupção e vício,
a qualidade das leis não se conserva porque elas são mudadas incessantemente segundo os
interesses dos poderosos e não há respeito algum por elas.
13

7.1. A cidade justa em Platão

Numa primeira fase o filosofo procura saber o significado da justiça, e como ela funciona e
onde deve funcionar. No entanto na sua obra a República ele colou um dialogo de disputa
de Sócrates com outros seus parceiros, onde Sócrates iniciou com a questão de querer
saber, o que e a justiça?

No início do diálogo, Polemarco diz que a justiça é dar a cada um o que lhe é devido
(pensamento típico do comerciante, que logo pensa em dívidas que devem ser pagas e
mercadorias que devem ser entregues). Trasimaco, porém, afirma que a justiça é o poder
do mais forte, seja porque este tem meios para dominar os mais fracos, seja porque os mais
fracos encontram formas astuciosas para se fazerem mais fortes e dominar os fortes. […]
Sócrates intervém, praticando a ironia, criando dificuldades e contradições para cada
imagem e opinião apresentada, até que, perplexos, os interlocutores aceitam a sugestão
socrática: começar não com casos de justiça e injustiça, mas procurando algo que se possa
dizer que é justo e por que é justo. (Chaui.p.305.1994).

Platão expõe sua teoria da justiça exposta na República, onde diz que a justiça é a virtude
que está no homem, e ela é o governo dos apetites e da cólera pela razão; essa mesma
teoria, antes de ser aplicada ao indivíduo, é aplicada à Cidade, concebida como um
conjunto hierarquizado de funções, cada qual com sua dy-namis e sua areté. (Chaiu. p.306.
1994). A justiça entendida como uma virtude, só pode ser praticada pelo detentor do
conhecimento dedicado à razão. Este poderia controlar suas emoções e seus impulsos e
governar a cidade de forma sempre justa (Platão. Livro III. s/p).

A justiça, portanto em Platão, só poderia ser praticada por quem tivesse o conhecimento
dedicado à razão, porque, assim, essa pessoa poderia controlar tanto suas emoções quanto
seus impulsos na hora de governar. Os que teria essa capacidade de controlar as suas
emoções são magistrados (filósofos), responsáveis pelo governo da cidade. Esses seriam
aqueles que possuíssem uma aptidão natural para o conhecimento, e, somente após um
longo período de formação, estariam preparados para ocupar os devidos cargos de
governar a cidade.

Portanto a cidade justa em Platão consiste quando o rei é filósofo (rei-filosofo) e na divisão
de trabalho, em cada um deve ocupar no lugar onde é capaz de exercer o seu processo de
trabalho na cidade. Pois numa cidade justa em filósofo, os cidadãos são divididos em
14

grupos de acordo com sua actuação e o nível de conhecimento necessário para o


desempenho de suas actividades. Somente a actuação em conformidade com a
determinação natural da alma pode trazer o equilíbrio e a harmonia entre as partes.

7.2. Divisão das classes de trabalho em Platão numa cidade justa

Na parte da divisão das classes de trabalho na sua obra república, o filósofo separa as
classes em seguinte: classe dos trabalhadores, classe dos guardas e a classe dos
magistrados (governantes). Com isso ou dessa forma ele considerou essa forma de
organização da cidade/Estado como sendo uma cidade virtuosa e justa, porque, é assim que
fara cada um ficar no seu domínio ou seja cada cidadão fara o seu trabalho com seu
domínio da sua área. Porque haver essa divisão das classes de trabalho, visto que a cidade é
única? Assim se ser, a cidade estará em segurança, não haverá luta contra todos? E não
haver desrespeito de um ao outro por ser da classe superior com outros como estamos
observando no mundo actual?

Sublinhou Platão na sua obra que numa primeira fase ou seja o importante é para entender,
após da divisão classes os magistrado (Governantes) devem deixar bem claro que, o
importante ou interessante na divisão das classes, não é de uma classe possuir um
privilégio mais elevado em relação a outra, nem usar a forca para fazer a injustiça para as
outras classes, mas sim cumprindo com os deveres do Estado para que haja o bem comum
e para se afastar da guerra contra um aos outros.

A classe económica (dos Trabalhadores) está encarregada da sobrevivência da Cidade,


suprindo as necessidades básicas da vida. Como na alma, essa classe se caracteriza pela
concupiscência, pela sede de riqueza e de prazeres. Assim, a classe económica dos
agricultores-comerciantes-artesãos deve ser educada para ter como função exclusiva a
sobrevivência da Cidade e viver de acordo com limites estabelecidos pelo magistrado,
impedindo que a busca das riquezas, luxos e prazeres perverta a Cidade. Para isso, essa
classe deverá ser educada para a frugalidade e a temperança, que se tomam, portanto,
virtudes cívicas […]. O magistrado deve fixar por lei que a classe económica tenha o
direito à propriedade privada (com limites) e a constituir uma família. Em lugar de tentar
inutilmente extirpar o egoísmo e os apetites dessa classe, o governante deve apenas
moderá-los por meio das leis e usá-los para o bem da Cidade (Chaui, p.307. 1994).
15

A classe dos guardas (militar ou dos Guerreiros), essa classe está encarregada da protecção
da Cidade. Porém, essa classe se caracteriza pela cólera e pela temeridade, pelo gosto dos
combates, pela invenção de perigos para ter o prazer de lutar e buscar fama e glória. Essa
classe dos militares ou dos guerreiros terá como função exclusiva a protecção da Cidade
contra perigos internos e externos. Essa classe será formada a partir de um exame de
selecção, feito após um período em que a mesma educação foi dada a todas as crianças da
Cidade. Os guardiães devem considerar que sua casa é a Cidade, por isso não terão casa
própria, nenhuma propriedade privada, homens e mulheres viverão em comunidade, seus
bens serão comuns, o sexo será livre e as crianças deverão ser consideradas filhas da
comunidade inteira, de modo que qualquer adulto deve tratar toda criança como seu filho, e
cada criança tratar quaisquer adultos como seus pais. A educação dos guardiães é
propriamente uma educação cívica, pois eles só existem como pessoas públicas para o bem
público. Desta maneira, a razão (o magistrado) impõe aos guerreiros as virtudes que lhes
são próprias: a coragem e a honradez. Os guerreiros devem ser semelhantes a um cão de
guarda: carinhoso para os seus, terríveis para o inimigo (Ibidem, p.308. 1994).

A classe dos magistrados (Governantes/Filosofo), essa classe está encarregada de dar as


leis e de fazê-las cumprir pela na Cidade. Porém, essa classe, que se caracteriza pelo uso da
razão, pode estar dominada pelas outras duas classes, mais numerosas do que ela e
dispondo de instrumentos para controlar os magistrados. A classe dos magistrados deve ser
a classe dos governantes propriamente ditos (filosofo). A sua função é promover e manter
a justiça, tanto pela qualidade das leis como pelo controle que exercem sobre as outras
duas classes. Por esse motivo, a selecção dos magistrados e sua educação é a mais
importante e a mais rigorosa, se comparada à das duas outras classes. Acompanhemos a
educação dos magistrados, pois ela inclui, até uma certa etapa, a dos agricultores-
comerciantes-artesãos, prossegue com a dos guardiães e segue sozinha para a formação do
político propriamente considerado ou dito (Chaui, p.308. 1994).

7.3. A educação na polis em Platão

Como ressalta «Malveira», na República ele analisa a questão educacional. Arte para
Platão, é aquela que educa e orienta os jovens para a formação de uma sociedade sábia,
livres da depravação moral. É necessário que a educação comece desde a infância,
precedida de grandes cuidados, para que se prolongue durante a vida. Só assim, é que o
16

estado estria a formar homem justo e capaz de exercer ou praticar a virtude na polis.
(Malveira, p.25).

Se a justiça e a virtude existem somente quando a razão governa a concupiscência (os


desejos dos bens) e a cólera (impulsos de violação, força), então a Cidade deve ser
governada somente pelos magistrados (Platão. s/p). Como sublinha Platão citado por
Chaui, mas para que isso aconteça, as várias condições devem ser preenchidas e a primeira
delas é que a Cidade se encarregue da educação de todas as crianças, mesmo quando
algumas permanecerem com suas famílias. Essa educação deve ter como objectivo
determinar as capacidades e os limites de actuação de cada uma das classes sociais (Chaui,
p.307. 1994).

Com isso Platão concebe que até aos sete anos as crianças de todas as classes e de ambos
os sexos, recebem a mesma educação: ginástica, dança, jogos para aprendizado dos
rudimentos da matemática e da leitura, poesia épica para conhecimento dos heróis. As
crianças passarão por uma selecção: as menos dotadas ficam com famílias da classe
económica, enquanto as mais dotadas prosseguirão. As outras continuarão com os estudos
das artes marciais e o treino militar, que irão até os vinte anos, quando os rapazes e as
moças passarão por novos exames e nova selecção. Os menos dotados ficarão na classe dos
guardiães, enquanto os mais dotados iniciarão os estudos para a administração do Estado.
Estudam, agora, as matemáticas: aritmética, geometria, estereometria, astronomia e
música, isto é, acústica e harmonia.

Com isso Platão sublinha que, a Educação deve ser dividida entre: Ginástica (os cuidados
do corpo) e Música (os cuidados da alma). A parte da Música vem das artes dos cantos, a
harmonia e a poesia. A poesia é uma base educacional, pois é por meio dela que as
crianças aprendem a ler e é por ela que se conhece os mitos e a cultura. E a ginástica vem
das partes dos exercícios físico, em manter em forma o seu corpo (Platão. Livro III. s/p).

Portanto para Platão as crianças devem ser educadas dentro de um sistema de normas para
que na idade adulta sejam justas e operosas, “O hábito da ordem e justiça é a base da
educação”. A educação eminente teórica não é o ideal, não atinge sua plenitude, nem os
objectivos comuns, não resolve os problemas prementes da comunidade social, por isso,
deve ser conjugada com a prática. “A verdadeira educação é aquela que mais contribui
para civilizar os homens em suas relações entre si”.
17

7.4. A finalidade de Política para Platão

Em Platão a violência e injustiça realizam-se principalmente por meio de dois


instrumentos: pela força física ou a das armas e pela palavra. É esta que interessa
particularmente a Platão, em sua luta contra a antiga paidéia dos poetas e legisladores e
contra a métis e a retórica da nova paidéia dos sofistas. O combate platónico à violência e à
injustiça começa pelo combate à mentira, isto é, à linguagem que deliberadamente diz o
falso, por meio de ilusões, simulações e dissimulações conseguidas com belas e astutas
palavras (Chaui. p.232. 1994).

O filósofo propõe a finalidade da política não sendo como arte da mentira, forca para
corromper a sociedade. A política deve ser a arte de governar uma cidade guiando-se pela
razão em que se preocupe com bem comum da cidade e torna-la ela perfeita e justa. Como
ressalta Chaui na sua obra introdução à História da filosofia:

Para Platão em primeiro lugar, a ideia de que a finalidade da política não é o exercício do
poder, mas a realização da justiça para o bem comum da cidade; em segundo, a ideia de
que o homem livre (e somente o homem, estando excluídos aqui os escravos, os
estrangeiros, os velhos, as crianças e as mulheres) só é livre na polis e participando da vida
política, de sorte que a ética é um aspecto ou uma dimensão essencial da política, já que o
indivíduo é sempre o cidadão. Por conseguinte, em terceiro, a ideia de que a verdadeira
vida ética só é possível na polis e que a moral individual e privada é inferior à ética
pública. Como consequência, em quarto lugar, a ideia de que o homem deve ser educado e
formado para ser antes de tudo e sobretudo um cidadão e que a política é a verdadeira e
suprema paidéia, definidora da virtude (Chaui. p.303. 1994)
18

8. Metodologia

Para a realização do projecto de pesquisa que em causa o pesquisado ira ou seja serão
usados os seguintes métodos: Expositivo e Hermenêutico.

Expositivo é que vai constituir em enunciar e detalhar os conteúdos e subtemas do


projecto;

Hermenêutico é o método que consistirá em decifrar e esclarecer os pensamentos dos


filosofo que farão/ou sugeridos no trabalho de projecto da pesquisa.
19

Conclusão

Para as últimas considerações fica bem claro que a política de Platão se enquadra na justiça
no âmbito de procurar ou estabelecer a o bem do povo (justiça) num Estado, para que o
povo tenha direitos iguais, sem haver a discriminação entre os que tem poder, mas sim
todos a serem tratados da mesma forma em várias situações e também em todas as
instituições públicas. O pensamento político de Platão não abarca somente aos homens,
mas também envolve toda vida humana, visando sempre à unidade, ilustrando a relação
entre o homem e a cidade com as suas partes. No entanto, a política segundo filósofo deve
ser ensinada partindo das coisas concretas, as crianças deveriam serem ensinadas iniciando
numa idade de 7 anos. A educação dessas crianças deve se partir na vida em que as
praticam ou observam em cada dia-a-dia (ser ensinada a justiça não apena sendo como uma
mera teoria, mas sim algo que deve ser praticada para todos, incluindo do próprio
governante).

Na República, uma noção da é justiça Platão imprime uma crítica à política feita para
poucos e propõe outra forma de se relacionar com o poder que assegura a governança para
todas as pessoas. A cidade bela, é um projecto utópico, porém, verossímel. Mas a sua
realização depende do esforço de todos que partilham a mesma polis. O pensamento
político de Platão na República traz a riqueza que é rigorosamente dimensionar o projecto
da justiça na cidade e do governo justo com todas as pessoas que compõem esse enredo e
com todos os elementos que esses indivíduos trazem: a coragem, a sabedoria, a temperança
e outros menos salutares, mas que não podem ser negligenciados se se quer de fato uma
saída para acabar ou diminuir o mal das injustiças. No entanto o estado moçambicano seria
bem melhor adoptar a política em que o filósofo elaborou ou seja a política que Platão
propôs ao longo do tempo da sua época. Isso porque em Moçambique desde o fim da
época colonial prevalece ainda até aos nossos dias actuais a violação dos direitos humanos
e importa ainda referir que maior número da população não tem discernimento sobre os
seus direitos e igualmente o grosso um grosso número não conhece a constituição da
república. O desenvolvimento do sentido da política com muita justiça nos políticos é
necessário, pois faz parte da estabilidade da vida dos cidadãos numa das sociedades justas,
como diz Platão, que a cidade justa se dá por cada classe de homem exercendo única e
exclusivamente a sua função, assim também é na alma do homem justo e sua relação em
nada será diferente da cidade justa.
20

Referência bibliográfica

Livros:

CHAUI, Marilena. Introdução à história da filosofia: Dos pré-socráticos a Aristóteles.


Vol. I, 2ª ed. revista, ampliada e actualizada, 1994.

PLATÃO. Os pensadores (Diálogos: o banquete, fédon sofista, político). Selecção de


textos de José Américo Motta Pessanha. Tradução e notas de José Cavalcante de Souza,
Jorge Paleikat e João Cruz Costa. Nova cultural, 1991

_________. A República, S/D.

Artigos:

GONÇALVES, António Cipriano Parafino. “Modernidades” moçambicanas, crise de


referências e a ética no programa de filosofia para o ensino médio. Universidade
Federal De Minas Gerais Programa De Pós-Graduação Em Educação: Conhecimento E
Inclusão Social. Belo Horizonte, 2009.

MALVEIRA, António Nunes. A educação na república de Platão. (Pedro II e Abrafil).

Você também pode gostar