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Donito Alberto

A questão da Libertação Económica no contexto Moçambicano em Chika Oneyani

Curso de Licenciatura em ensino de Filosofia com Habilidades em Ética

Universidade Rovuma

Extensão de Cabo Delgado

2023
1

Donito Alberto

A questão da Libertação Económica no contexto Moçambicano em Chika Oneyani

Projecto de pesquisa a ser apresentado no


Departamento de Filosofia, Faculdade de Ciências
Sociais e Filosóficas, para a obtenção do grau
académico de Licenciatura em Ensino de Filosofia.

Universidade Rovuma
2

Extensão de Cabo Delgado

2023

Índice

Introdução...................................................................................................................................................3

1. Tema....................................................................................................................................................4

1.1. Delimitação do projecto...................................................................................................................4

1.2. Problema de investigação.....................................................................................................................4

1.2. Justificativa......................................................................................................................................5

1.3. Objectivos........................................................................................................................................5

1.3. Objectivo Geral...............................................................................................................................5

1.5.Metodologias.........................................................................................................................................6

2. Fundamentação Teórica.......................................................................................................................7

2.1. Paradigma libertário...........................................................................................................................10

2.2. Preta disfunção económica............................................................................................................12

2.3. Escravos negros..................................................................................................................................13

2.3.Desvio à terra prometida: falência intelectual......................................................................................14

3. Estrutura do Projecto.............................................................................................................................17

Referencias Bibliograficas.........................................................................................................................20
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Introdução
O presente projecto de pesquisa subordina-se ao tema: A questão da Libertação Económica no
contexto Moçambicano em Chika Oneyani. Em Outubro de 1960, a Nigéria recebeu a sua
independência da Gre- Bretanha. Ate então, o Gana, a antiga Costa Do Ouro estava independente
por três anos sob a liderança do Grande Osagyefo Kwame Nkrumah. Era tempo de comemorar a
maioridade de África a medida em mais países africanos receberam as suas independências da
Grã-Bretanha ou na Franca. Era um tempo especialmente impressionante para a África, como
então Primeiro-ministro Britânico Horold McMillan articulou o seu famoso (ondas de mudanças)
varrendo África. Isto foi há mais de 40 anos atrás, infelizmente não foi cumprida. Hoje a África
esta mais devastada do que alguma vez esteve. Há mais fome, doenças epidémica e não
provimento de serviços essências do que quando não éramos independentes. Há todos os tipos de
guerras em África e milhões de vidas foram ceifadas. Há mais ditadores em África do que no
resto do mundo. Grande parte dos líderes africanos tendem a ficar no poder até levados ao
túmulo. Através da bufonaria, ma gesto e roubo das riquezas, estes líderes empobreceram a
África a tal ponto que agora somos meros mendigos. Nós medicamos por tudo e nada, estamos
mais dependentes dos nossos mestres coloniais hoje do que no período anterior a colonização. A
partir desse todo acontecimento Chika Oneyane decidiu escrever o seu livro intitulado o Preto
capitalista considerado como um livro doutrinário de como fazer dinheiro e criar riqueza.

Abstract

This research project focuses on the issue of economic liberation in the Mozambican context in
Chika Onyeani. In 1960, Nigeria received its independence from Britain until then, Ghana, the
former glob coast was independent for three years under the liberation of the great Ossgyefo
Kwame Nkrumah. It was time to celebrate Africaˊs coming of age as more African countries
received their independence from Britain and France. Through buffoonery, bad management and
theft of wealth these leaders have impoverished Africa to such an extent that now we are mere
beggars. From this whole event Chika Onyeani decided to write her book entitled the Black
Capitalist considered as a doctrinal book on how to make money and creat wealth.
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1. Tema

No olhar de Lakatos e Marconi (1992:102), afirmam que tema é o assunto que se deseja provar
ou desenvolver.

Nesta ordem de pensamento, o pressente projecto de pesquisa tem como tema: A questão da
Libertação Económica no contexto Moçambicano em Chika Oneyani

1.1. Delimitação do projecto

A pesquisa que se pretende levar a cabo, será circunscrita ao pensamento do filósofo Africano
Chika Oneyani sobre a libertação económica em Moçambique

Dr Oneyani é um filósofo, Jornalista, editor e ex-diplomata que está centrada nas questões
candentes das comunidades negras à volta do globo. Ele delineia a sua revolucionária doutrina da
Teia Aranha com objectivo de sensibilizar a auto-suficiência financeira e de elevar as
comunidades negras. Por outro lado o filósofo faz também uma breve descrição do estilo de
liderança parasita cujas ramificações impediram o povo africano der avançar e desenvolver-se
desde a sua libertação, é igualmente escarnecedor das folhas da elite africana em influenciar as
direcções dos seus países e tem comentários vigorosos sobre racismo, xenofobia e hipocrisia em
África. Como se pode facilmente deduzir, sob o ponto de vista disciplinar, o tema enquadra-se na
cadeira de Filosofia Africana.

Na perspectiva de Leonel citado por Ivala (2007:43), avança que delimitar um tema é indicar a
abrangência do estudo estabelecendo os limites extencionais e conceptuais.

Nesta linha de pensamento o objecto em estudo, tem como enfoque fazer um estudo inerente a
questão de libertação económica em Moçambique. Ė com esses limites que se enquadra o
objecto real desta proposta de pesquisa que se sustenta basicamente no pensamento do filósofo
Africano Chika Oneyane.

1.2. Problema de investigação

Onyeani parte do pressuposto de que somos uma raça conquistada e é absolutamente estúpido
pensar que somos independentes. A raça negra depende de outras comunidades para a sua
5

cultura, a sua língua, a sua comida e o seu vestuário. Apesar dos enormes recursos naturais, os
negros são escravos económicos porque lhes falta o instituto aguçado e a perspicácia corajosa da
raça branca e a organizada mentalidade económica dos asiáticos. Face a estas constatações,
levanta-se a problemática seguinte: Até que ponto a questão da liberdade económica em Chika
Oneyne contribui no contexto moçambicano?

1.2. Justificativa

Para podermos superar esta grande discussão filosófica, é pertinente apresentarmos algumas
respostas antecipadas em forma de tese, nomeadamente:

Apesar dos enormes recursos naturais, os moçambicanos são escravos económicos porque lhes
falta a atitude de despreocupação e o instinto assassino dos caucasianos bem como a mentalidade
de teia. Para tal Oneyane parece ter descoberto o caminho como mecanismo de eliminar todas as
demandas. O povo moçambicano deve incorporar a crueldade na busca da excelência no seu
esforço para alcançar o objectivo de se tornar um guerreiro económico para escapar da sua
mentalidade de vítima. Por outro lado Chika Onyeani diz que Capital Nigger é um apelo
angustiante para que a raça negra desperte, para que se levante e para que se mova. Temos de
abandonar a mentalidade de vítima que adoptamos há tanto tempo: a noção de que alguém nos
deve algo. Temos que acabar com lamúrias e deixar de pedir esmolas ao resto do mundo porque
isso faz com que nós nos tornemos escravos económicos. Temos que reconhecer e aprender com
o nosso colono português e com os asiáticos o que é necessário fazer para se conseguir sucesso.

1.3. Objectivos

Qualquer trabalho de natureza científica visa alcançar um determinado objectivo. Nesta óptica de
pensamento para Gil (1999: 138), (Os objectivos permitem obter respostas aos problemas de
pesquisa e controlar os erros que podem ser produzidos por diferenças entre sujeitos da
pesquisa, pelos instrumentos utilizados ou pela influência).

1.3. Objectivo Geral

 Compreender a questão da liberdade económica em Chika Oneyane

1.4. Objectivos Específicos


 Explicar o paradigma libertário;
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 Descrever os escravos negros em Onyeani;


 Analisar o desvio à terra prometida: falência intelectual;
 Ilustrar a supremacia económica negra;
 Reflectir a relevância do tema na actualidade.

1.5.Metodologias

Para IVALA et all (2007), metodologia ou método é o conjunto das actividades sistemáticas e
racionais que com maior segurança, permitem alcançar os objectivos ou conhecimentos válidos
e verdadeiros, servindo como caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando o
pesquisador a se apoiar com as decisões dos cientistas.

Desta maneira, alinhando na visão acima patente, propomos os seguintes métodos para a
pesquisa em referência:

 Método Hermenêutico – que consistirá na interpretação das obras utilizadas para tornar
compreensível o conteúdo;

 Método Descritivo – que consistirá em descrever o pensamento de Jürgen Habermas sobre o


tema e por fim referencias bibliográficas.
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2. Fundamentação Teórica

Para examinar o tema: A questão da liberdade económica em chika oneyane Passa


necessariamente em desconstruir os conceitos basicos do tema que naturalmente o filósofo
africano usa para construir o seu pensamento. O que Oneyane chama de liberdade económica
não é nada mais que a o direito de livre escolha sobre a decisão do que fazer com o factor de
produção que-se encontra só domínio de determinado individuo.

A ideia de liberdade em Oneyani pode ser entendida, como consta da sua obra Filosofia
Africana, como um pensamento associado à condição histórica do africano. Oneyani sustenta que
os esforços que começaram na segunda metade do Século XIX, quer eles se chamem pan-
africanismo, etnofilosofia, filosofia crítica, negritude ou hermenêutica, se afiguram movimentos
que vivem do espírito e tendem para a mesma realidade: a liberdade do africano, condição da sua
historicidade (Davis, 1986, P. 77).

Desde a obra Por uma Dimensão africana da Consciência, Oneyani defende a necessidade dos
africanos adotarem a crítica e a interrogação como forma de interpelação de seu futuro enquanto
povos africanos.

Na perspectiva do Filosófo Nigeriano (2002), sustenta que:

A liberdade é um conceito activo, que deve levar o homem a agir no transformar o


mundo. O homem não é um espectador do mundo, ele o transforma e se transforma a si
mesmo. O conceito de liberdade é um conceito dinâmico da vida humana que só existe
enquanto ele mesmo atua sobre o mundo (Oneyani, 2002, P. 88).

Ainda dentro de uma perspectiva existencialista, Oneyani afirma que “nós somos liberdade e
liberdade não é arbítrio, mas opção é escolha de nós mesmos. A liberdade encontra se no
domínio da existência. A liberdade é falta de Conhecimento. Porque não sei, é que devo decidir-
me, e isto é liberdade.

Segundo o filósofo, a liberdade só é Visível para a liberdade. Ela não pode ser negada nem
provada. Ela é envolvida pela necessidade. Vivemos na antítese: há liberdade porque vivemos
cercados de não-liberdade; Vivemos em situação, na natureza, na sociedade e sem luta contra as
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determinações sociais e naturais não haveria liberdade. Liberdade não é jamais dada uma vez por
todas, é luta e liberação. O ser da liberdade existe apenas quando se conquista a si mesmo.

Chika Oneyani, que é o editor do African Sun Times, o único filósofo semanário africano
publicado nos EUA, usa sem receio a palavra “Nigger” no título do seu livro-algo que na
América quebra um tabu.

A raça negra depende de outras comunidades para a sua cultura, a sua língua e os seus
vestuários.

Desta feita apesar dos enormes recursos naturais, os negros são escravos económicos porque lhes
falta o instinto aguçado e a perspicácia corajosa da raça branca e a organizada mentalidade
económica. Nós, negros, somos escravos económicos. Somos propriedade total de pessoas de
origem europeia. A questão da liberdade se impõe constantemente ao homem.

Oneyani na suma obra-prima "Preto Capitalista (2002) ", delineia a sua revolucionária Doutrina
da Teia Aranha com o objectivo de sensibilizar a auto-suficiência financeira e de elevar as
comunidades negras. E faz também uma breve descrição do estilo de liderança parasita cujas
ramificações impediram o povo de África de avançar e desenvolver-se desde a sua libertação.

É igualmente escarnecedor das falhas da elite africana em influenciar as direcções dos seus
países e tem comentários vigorosos sobre racismo, xenofobia e hipocrisia em África. As
ideias do filósofo Nigeriano estão centradas nas questões candentes das comunidades negras à
volta do globo.

Nas palavras de Onyeani (2002):

Somos uma raça conquistada e é absolutamente estúpido pensar que somos


independentes. A raça negra depende de outras comunidades para a sua cultura, a sua
língua, a sua comida e o seu vestuário. Apesar dos enormes recursos naturais, os negros
são escravos económicos porque lhes falta o instituto aguçado e a perspicácia corajosa da
raça branca e a organizada mentalidade económica dos asiáticos (Onyeani, 2002, Pp. 89-
93).

“Capitalitesst Nigger” é um controverso livro, publicado originalmente em Setembro de 2000,


que se destaca como uma explosiva e chocante acusação contra a raça negra. De seu nome
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completo “Capitalist Nigger: The Road to Success” Preto Capitalista: A Via do Sucesso declara
que a raça negra é uma raça consumista e não uma raça produtiva

Para Chika Onyeani "nós, negros, somos escravos económicos, somos propriedade total de
pessoas de origem europeia. Estou farto de ouvir negro a responsabilizar outras raças pela sua
falta de progresso neste mundo. Estou cansado das lamúrias e da mentalidade de vítima, das
constantes alegações de racismo a torto e a direito. Isso não nos leva a parte alguma".
(Onyeani, 2002, Pp.100-104).

“Capitalist Nigger” reserva as suas críticas mais duras aos líderes africanos que, de acordo com
Chika Onyeani, permitem que europeus e outros pilhem as riquezas de África sem qualquer
retorno. “África tem ganho mais fome, mais doenças e mais ditaduras. Temos hoje, em muitos
casos, menos do que tínhamos por altura das independências africanas. Chika Onyeani, diz que
“Capitalist Nigger” é um apelo angustiante para que a raça negra desperte, para que se levante e
para que se mova.

Onyeani (2002), sustenta que:

“Temos de abandonar a mentalidade de vítimas que adoptámos há tanto tempo: a noção


de que alguém nos deve algo. Temos de acabar com as lamúrias e deixar de pedir esmolas
ao resto do mundo”. Para Chika Onyeani, “temos que reconhecer e aprender com os
brancos e com os asiáticos o que é necessário fazer para se conseguir sucesso” (Onyeani,
2002, P. 200).

As raças negras, que se provenientes de alguém de outras raças seriam consideradas como
racistas. Assim, apenas temos que subscrever as suas palavras, e exortar as pessoas a pensarem
livremente, não amordaçadas pelo politicamente correcto.

“Capitalist Nigger” reserva as suas críticas mais duras aos líderes africanos que, de acordo com
Chika Onyeani, permitem que europeus e outros pilhem as riquezas de África sem qualquer
retorno. “África tem ganho mais fome, mais doenças e mais ditaduras. Temos hoje, em muitos
casos, menos do que tínhamos por altura das independências africanas. Chika Onyeani, diz que
“Capitalist Nigger” é um apelo angustiante para que a raça negra desperte, para que se levante e
para que se mova.
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“Temos de abandonar a mentalidade de vítimas que adoptámos há tanto tempo: a noção


de que alguém nos deve algo. Temos de acabar com as lamúrias e deixar de pedir esmolas
ao resto do mundo”. Para Chika Onyeani, “temos que reconhecer e aprender com os
brancos e com os asiáticos o que é necessário fazer para se conseguir sucesso” (Onyeani,
2002, P. 202).

Nesta situação, só havia uma maneira de nadar contra a corrente do espírito do tempo: A
consciência dominante tinha de ser confrontada com a sua completa cegueira histórica. O
mercado totalitário não conhece a história, mas apenas o eterno retorno cíclico do mesmo.
Quanto mais o pensamento consegue mergulhar no horizonte temporal da lógica do mercado,
mais incoerente ele tem de se tornar.

O Livro Negro do Capitalismo, contra isso, fez alguma coisa para restaurar a dimensão histórica
perdida. Não se trata da banalidade de que tudo o que é temporal acaba por chegar ao fim, mas
da análise concreta de um processo, em que o capitalismo devora literalmente o mundo e se
devora a si mesmo.

Há muito se tornou notório que a compulsão de incessante crescimento da "riqueza abstracta"


está associada a uma destruição progressiva das bases naturais.

Segundo Onyeani, quanto mais imparável ameaça tornar-se a catástrofe climática, mais
hesitantes são as medidas reais para dominá-la, apesar de todo o palavreado dos políticos, porque
as intervenções necessárias são totalmente incompatíveis com a racionalidade económica do
modo de produção agora unificado à escala planetária.

No entanto, a análise do Livro Negro refere-se principalmente à dinâmica da "valorização do


valor" (Marx) e da sua acumulação histórica em si. Aí se torna claro o que escapa à consciência
do homem do mercado, fixada nas meras "situações de mudança" da conjuntura económica: o
abstracto "sempre mais" do capitalismo esbarra não só num limite externo natural, mas também
num limite interno económico.

2.1. Paradigma libertário

Iniciaremos nossa aventura neste tópico com a hipótese de que a filosofia negra africana
apresenta como ponto comum a busca por liberdade. Neste sentido, compreendemos que o
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paradigma liberdade é um arquipélago assim como expressado pelo filósofo moçambicano


Ngoenha. Ou seja, uma paisagem a qual disputamos imaginários na guerra da política de morte.
O arquipélago da libertação é a disputa por imaginários.

A leitura que o filósofo Chika Oneyani nos apresenta segue directamente preocupado com o seu
território: pela busca da liberdade em África.

O tema da liberdade no contexto Mocambicano é um paradigma importante na leitura crítica de


Chika Oneyani assim como Severino Ngoenha. O moçambicano dialoga tanto com o pensamento
negro da diáspora quanto com a filosofia africana, recuperando esta univocidade: a liberdade. De
acordo com Ngoenha:

A nível de África, não se foge muito a esta regra. Os primeiros intelectuais africanos são
militantes pelas causas da liberdade dos próprios povos, e por conseguinte, contrários aos
poderes estabelecidos (Azikiwé, Nkrumah, Mondlane, Senghor, C.A. Diop, Cabral, Neto,
Nyerere) (Serequeberhan, 2002).

Os pensadores africanos assim como os pan-africanistas, aqueles que não foram seduzidos, tem a
busca pela liberdade como luta política contra a lógica do colonialismo. E outros movimentos
políticos e culturais pautam a liberdade como busca necessária: o Harlem Renaissance, Légitime
Défense, a negritude.

Neste sentido, caminhamos no entendimento de que a univocidade filosófica do pensamento


negro da diáspora como africano é o paradigma liberdade. Primeiro, a luta pela existência, a
disputa da saída do “não-ser” da história; depois, do abismo da não humanidade, a luta pela
superação do abismo da opressão e da condenação (i) legítima do Estado. A experiência do
abismo coloca os negros da diáspora e os africanos na busca por liberdade.

O paradigma libertário é um dos conceitos e proposições mais conhecidas de Nguenha. Usado


pela primeira vez em seu livro (Os tempos da Filosofia 2004). Libertário, para ele está
relacionado com a experiencia africana especifica de escravidão, colonialismo e
neocolonialismo, em suma, de ausência de liberdade. Para ele, o pensamento africano é mercado
pela busca dessa liberdade, tanto política quanto económica.
12

Para Oneyani (2014):

O paradigma libertário é uma abordagem para definir um ideal africano de liberdade que
vá além das definições de esquerda e direita usada no discurso Euro-Americano; é um
ideal baseado numa história africana analisada e reconstruída criticamente, um ideal de
liberdade que compreende a responsabilidade por si mesmo e pelos outros da
comunidade. É um guia prático e metodológico para pensar sobre a África ( Oneyani
(2014, P. 180).

A busca por liberdade é a unidade da diversidade das filosofias negro africana. Uma das imagens
que contextualiza o acontecimento da luta por liberdade é a passagem que Glissant apresenta no
livro Poética da Relação. De acordo com o Constant:

A experiência do abismo está no abismo e fora dele. Tormento daqueles que nunca saíram do
abismo: que passaram directamente do ventre do navio negreiro para o ventre violeta dos fundos
do mar. Mas a sua provação não morreu, vivificou-se nesse contínuo-descontínuo: o pânico do
país novo, a saudade da terra perdida, e por fim a aliança com a terra imposta, sofrida, redimida.
A memória não sabida do abismo serviu de lodo para essas metamorfoses (Constant, 2015, Pp.
67-70).

A citação chama atenção para a condição imposta pelo crime histórico da escravidão. A
experiência do abismo e “daqueles que nunca saíram do abismo”. A violência a qual os negros
africanos foram submetidos na travessia criminosa torna evidente na história o sofrimento, a
opressão e a condenação. A permanência da cultura da política de morte6 “está no abismo e fora
dele”.

2.2. Preta disfunção económica

Na década de 1970 e no início dos anos 80, os negros americanos decidiram que queriam ser
conhecidos e chamados de negros. E então, de meados da década de 1980 até agora, os negros
decidiram ser conhecidos e chamados de afro-americanos. Mas foi na década de 1960 que alguns
líderes negros decidiram investir tempo para saber de onde vinham os afro-americanos. Até
então, os afro-americanos tinham vergonha de sua ascendência africana. Aqui estamos nós, todos
parecidos. Mas na televisão e no cinema, os africanos eram retratados como selvagens.
13

Os africanos continentais, por outro lado, sofreram uma lavagem cerebral e aprenderam que os
afro-americanos não eram inteligentes, eram preguiçosos, dependiam principalmente de esmolas
governamentais medicais e medicar; fizeram bebês apenas para se virar e abandonar suas esposas
e filhos, e gostavam de matar uns aos outros e se envolver em drogas.

Quando os africanos chegaram aqui, eles também evitavam os negros como uma praga. Eles
preferem socializar com caucasianos. Mesmo nas escolas que frequentavam, eles evitavam os
poucos negros que estavam na escola e os negros, por sua vez, também evitavam os africanos por
causa de sua percepção de um Tarzan com seu macaco. Ambos os grupos se desprezavam e se
odiavam. Sentiam-se inferiores e envergonhados um do outro.

Eles desprezavam sua negritude. Eles julgavam sua beleza ou feiúra pelo padrão de um
caucasiano. Quando um homem negro se torna bem-sucedido, ele fica com uma mulher
caucasiana. Os afro-americanos acusavam os africanos de atitudes superiores, enquanto os
africanos acusavam os afro-americanos de tendências excludentes, excepto quando lhes convinha
serem africanos.

2.3. Escravos negros

Os negros se condicionaram à condição de escravos económicos e analfabetos. Falta-nos


compreensão da história económica ou das técnicas de negócios. Somos como ímãs atraídos por
nossos opressores. Quanto mais somos oprimidos, mais gravitamos em torno desse (s) indivíduo
(s), grupo (s) fazendo o oprimido. Jogamos o jogo da vítima, sempre a vítima e nunca o opressor.
Assim como expressado pelo Davis.

Hoje na África, se você é caucasiano, você é a encarnação de Deus. Na África, se você é


caucasiano, significa ser: europeus (britânicos, franceses, alemães, italianos, israelenses, russos,
turcos, gregos, belgas, nórdicos, australianos e neozelandeses); Asiáticos (chineses, indianos,
paquistaneses, japoneses) e, claro, americanos e canadenses (excluindo negros, é claro). Se você
é um desses grupos, você recebe o respeito e a adoração reservados a Deus. Ser visto na
companhia de uma pessoa caucasiana confere a você instantaneamente respeitabilidade e
credibilidade. Isso lhe confere inteligência (Davis,1986, P. 303).

Se você quer ter sucesso, traga um parceiro caucasiano. Se você estava tendo dificuldade em
fechar um contrato, envie seu novo parceiro e você terá uma viagem fácil. Os mais altos poderes,
14

cujas secretárias nem mesmo aceitariam suas ligações, ficariam felizes em se encontrar com seu
parceiro. Ele seria convidado para funções para as quais você nem sonharia em ser convidado, e
você pode ter que acompanhá-lo se quiser ser reconhecido e associado com respeitabilidade e
credibilidade. Mesmo a quantidade de suborno exigida de você diminuirá pelo menos 20%
porque agora você é considerado confiável.

O mestre branco de hoje, a mentalidade de escravo negro começou quando o caucasiano veio
para a África com uma Bíblia e uma arma; e os árabes vieram com o Alcorão. Tínhamos nossas
próprias crenças no Ser Supremo, o criador de todas as coisas. Em tudo o que fazíamos,
invocávamos o Ser Supremo para nos abençoar e abençoar o evento que aconteceria. Mas
quando o caucasiano veio, facilmente nos convencemos de que nosso Deus não era o Deus certo;
éramos pagãos, disseram-nos. Nós éramos incrédulos. Nossos nomes não eram bons o suficiente.
Hoje, se você quer ser cristão, tem que responder por um nome em inglês.

2.3.Desvio à terra prometida: falência intelectual

O africano não é um povo forte, nem tão agressivos a ponto de lutar até o fim. Somos resolutos
em nosso compromisso com uma meta e carecemos da obstinação diabólica necessária para
escalar o Monte Everest ou o Himalaia. Somos facilmente influenciados e distraídos em busca de
uma meta estabelecida e de sermos os melhores que nos são destinados. Intelectualmente,
estamos falidos e decrépitos.

Onyeani sustenta que:

Temos um período de atenção muito curto e uma explosão muito curta de energia que se
extingue facilmente diante de um impedimento. Preferimos ser parasitas de uma cultura
que não tivemos participação na criação, uma cultura caucasiana que levou anos para ser
aperfeiçoada e que não podemos facilmente emular em seus princípios básicos uma
predisposição para fazer guerras não apenas contra eles mesmos, mas ainda mais contra
os outros. Por intimidação e supremacia. Ao contrário de sua contraparte caucasiana, o
africano é um compassivo, facilmente influenciado pela hospitalidade de inimigos
conhecidos por causa de seus actos de intenções enganosas (Onyeani, 2002, P. 210).

A balcanização da África pelas seis nações caucasianas, Grã-Bretanha, França, Espanha, Itália,
Portugal e Alemanha, resultou na criação de fronteiras díspares e, na melhor das hipóteses,
infundadas, países sem significado geográfico.
15

A luta para conquistar a independência não foi tanto a busca agressiva do objectivo da
independência pelos líderes africanos, mas a percepção dos europeus de que haviam saqueado
tudo o que precisavam para saquear da África. Os líderes da África que se beneficiaram com a
entrega da independência aos países africanos não tinham nenhum conceito dos ideais de
governo que estavam herdando além de seu desejo de substituir os europeus em sua opressão das
massas populares e seus estilos de vida opulentos com os recursos do pessoas.

A visão desses líderes contrastava fortemente com a de Nelson Mandela e Kenyatta, o líder Mau
Mau, Kwame Nkrumah, Mwalimu Nyerere e Nnamdi Azikiwe, todos os quais estavam prontos
para desistir de suas vidas em busca da liberdade de seu povo. Eles entenderam o que era ser
independente e livre e estavam prontos para dar suas vidas para atingir esse objectivo. A falta de
compromisso com o real significado de liberdade e independência por parte daqueles líderes
africanos que “conquistaram” a independência de seus respectivos países de seus antigos
senhores coloniais fez mais para impugnar a inteligência do homem negro e levantar mais
questões sobre sua capacidade de governar a si mesmo (Onyeani & Davis, 1986, P. 300).

A questão nesta parte do livro não é tanto mostrar que os líderes não forneceram a liderança que
nos deixaria orgulhosos e mostrar que podemos estar em pé de igualdade com o resto do mundo,
mas sim mostrar a capacidade intelectual falência da chamada elite africana. A elite, em vez da
maioria da liderança africana grosseira, destacam-se como o único grupo que mais prejudicou os
africanos por causa de sua busca por um luxo de vida fácil. Este é o grupo que assumiu a batuta
dos antigos governantes coloniais. Eles assumiram a vida opulenta vivida pelos opressores. Em
vez de eliminar os excessos dos mestres caucasianos, a elite viu sua aquisição como uma
oportunidade para dobrar a dor das massas populares. Sua reivindicação ao trono desocupado
pelos caucasianos era que eles haviam frequentado a escola, uma educação em que o
aprendizado prático não era um requisito.

Um a um, os governos africanos foram tomados por militares de carácter questionável – imorais
e analfabetos como Idi Amin de Uganda, Imperador Bokassa da República Centro-Africana,
Sergent Doe da Libéria, Mobutu Sese Seko do Zaire, Sani Abacha da Nigéria. Jammeh, da
Gâmbia, é o último de uma linha de idiotas que se apoderam das urnas em uma eleição corrupta
para se declararem eleitos democraticamente.
16

Hoje, existem cerca de 2,5 milhões de africanos nos Estados Unidos da América. A maioria são
as elites que fugiram e as novas elites que planejam retornar a uma vida extravagante de
abundância. Portanto, o grupo de imigrantes africanos foi declarado pelo U.S. Census Bureau
como o grupo de imigrantes mais educados da América. Mas, além do fato de ser altamente
educado, o imigrante africano, ao contrário de seus equivalentes indianos, chineses e outros
imigrantes, não teve nenhum impacto visível na América. A maioria ainda está presa em sua
perda de estilos de vida opulentos na África e não foi capaz de se integrar a uma sociedade que
não reconhece se você é um “príncipe”, um “chefe”, “plebeu”, filho ou filha de ricos pais, mas
apenas reconhece o que você realizou por si mesmo (Onyeani, 2002).

Razão pela qual os africanos falam incessantemente sobre suas pátrias eles sabem tudo o que
acontece lá. Eles criticam tudo. Eles vão sentar e conversar o dia inteiro sobre os líderes que
estão criando um problema no outro, sem nunca oferecer soluções. Eles têm todos os tipos de
organizações complexos, aldeias, cidades, países, províncias, estados, países cuja missão é a
melhoria da área na África, mas que na verdade é usada para exibir a mesma auto-importância
que a sociedade americana os havia negado.
17

3. Estrutura do Projecto

CAPÍTULO I: VIDA, OBRAS E INFLUÊNCIAS DE Chika Oneyane

1.1. Vida

1.2. Obras

1.3. Influências

CAPÍTULO II: Contextualização da questão da liberdade económica

2.1. Definição de Alguns Conceitos Chaves do Pensamento de Oneyani

2.1.1. Paradigma libertário

1.1.1. Preta disfunção económica

2.1.3. Escravos negros

2.1.4. Desvio à terra prometida: falência intelectual

2.1.4.Liberdade

2.1.5.Economia

2.1.6.O Estado da economia negra

2.1.7.Supremacia Económica Negra

2.1.8.Desvio da terra prometida-falência intelectual

CAPITULO III: DEBATE CONTEMPORÂNEO EM TORNO DO PENSAMENTO DE


CHIKA ONEYANI

3.1. Filósofos Convergentes ao Pensamento de Chika Oneyani

3.1.1. Severino Elias Ngoenha


18

3.1.2. Davis Mike

CAPITULO IV: RELEVÂNCIA DO TEMA NA ACTUALIDADE

4.1. O preto capitalista como mecanismo de recuperação da liberdade económica


19
20

Referencias Bibliográficas

Obras Principais
Onyeani, C. (2002) Preto Capital. 2ª Ed. Rio de Janeiro.

_________ (2005) A Teia de Aranha. University press.

Davis, Mike (1986): Sobre a economia africana: Zur politischen Ökonomie der Vereinigten
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Obras segundarias

Bello, José Luiz De Paiva (2005). Metodologia Científica: Manual Para Elaboração de Textos
Académicos, Monografias, Dissertações e Teses. Rio de Janeiro, editora: Universidade Veiga

de Almeida – Uva.

Carvalho, Alex Moreira (2000). Aprendendo Metodologia Científica: uma Orientação Para

os Alunos de graduação. São Paulo: O Nome da Rosa.

Gil, António Carlos, (1999). Métodos e Técnicas de pesquisa Social. 5ª Ed. São Paulo Editora
Atlas, São Paulo.

Ivala, Adelino Zacarias (2007). Orientação para Elaboração de Projectos e Monografias

Científicos. Nampula.

Lakatos, Eva Maria & Mrconi, Maria de Andrade (1992). Metodologia de Trabalho Científico.

Editora Atlas, São Paulo

___________________ (1999). Metodologia de Trabalho Científico. Editora Atlas, São Paulo.

Severino, António Joaquim (2000). Metodologia do trabalho científico. 21.ed. rev. ampli.. São

Paulo, Cortez Editora.

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