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Armando Sérgio Benzane

Gonçalves Abilio Mungoí


Milton Gabriel Sumaile

Antropologia Cultural

Conceito da antropologia cultural no contexto Moçambicano

Informática aplicada

Universidade pedagógica de Maputo


Maputo
2023
Armando Sérgio Benzane
Gonçalves Abilio Mungoí
Milton Gabriel Sumaile

Conceito da antropologia cultural no contexto Moçambicano

Trabalho avaliativo da
cadeira de Antropologia
Cultural a ser apresentado
na faculdade de
engenharias e tecnologias
curso de licenciatura em
informática aplicada 2°ano.

Universidade pedagógica de Maputo


Maputo
2023

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Índice
1. Introdução.................................................................................................................................4

1. Objetivos...................................................................................................................................4

1.1. Geral......................................................................................................................................4

1.2. Específicos.............................................................................................................................4

1.3. Metodologia...........................................................................................................................4

2.Conceitos...................................................................................................................................5

2.1. Objeto de estudo da antropologia..........................................................................................5

2.2. Antropologia em África e em Moçambique..........................................................................5

2.3.A antropologia pré e pós-independência, em Moçambique...................................................6

2.3. Antropologia cultural em Moçambique colonial e atual.......................................................7

3.Conclusão................................................................................................................................10

4.Bibliografia..............................................................................................................................11

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1. Introdução

A antropologia cultural é uma disciplina que estuda as diversas formas de expressão,


representação e interpretação da cultura humana em diferentes sociedades e contextos históricos.
A cultura, por sua vez, é entendida como um conjunto de símbolos, valores, normas, crenças,
práticas e instituições que orientam e organizam a vida social dos indivíduos e dos grupos. No
contexto moçambicano, a antropologia cultural tem um papel importante para compreender a
diversidade e a complexidade das manifestações culturais de um país que possui mais de 40
grupos étnicos, cada um com sua própria língua, religião, tradição e identidade, temos como
enfoque no presente trapalho de pesquisa a bordar de forma mais precisa os conceitos da
antropologia cultural no contexto Moçambicano.

1. Objetivos
1.1. Geral
 Debater o conceito da antropologia cultural no contexto Moçambicano.

1.2. Específicos
 Identificar as características da antropologia cultural no contexto Moçambicano;
 Analisar a organização da antropologia cultural nos dias atuais em Moçambique;
 Compreender o funcionamento da antropologia cultural em Moçambique.

1.3. Metodologia

Para a produção deste trabalho, recorreu-se essencialmente a pesquisa bibliográfica que, segundo
Marconi & Lakatos (2003, p.158) “é um apanhado geral sobre os principais trabalhos já
realizados, revestidos de importância, por serem capazes de fornecer dados atuais e relevantes
relacionados com o tema”. Deste modo, escolha do tema, elaboração do plano de trabalho,
identificação e busca do material, compilação e elaboração de fichas de resumos, análise e
interpretação e redação do artigo.

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2.Conceitos

Na luz de MALINOWSKI (2003), refere que Antropologia “uma ciência que se dedica ao


estudo do ser humano de forma holísta”. Antropologia é ciência integrada, que estuda o homem
no âmbito da sociedade e da cultura a que pertence, combinando perspetiva das ciências naturais,
sociais e humanas.

A cultura é um conjunto de valores crenças, conhecimentos, instrução, normas, comportamento,


produção artística e técnicas partilhadas pelos membros de uma sociedade, transmissível às
gerações seguintes e resultante de interação social (MARCONI e PRESOTO, 2005).

2.1. Objeto de estudo da antropologia

A antropologia oferece um conhecimento humano comparativo do mundo e da sua diversidade


cultural, portanto, o objeto de estudo da antropologia “é o homem, a sua cultura e suas relações
com mundo, fazendo com que ocorra transformações todo o tempo. Estuda e pesquisa as
semelhanças e diferenças culturais entre os vários agrupamentos humanos, assim como das
culturas, (MALINOWSKI, 2003).

2.2. Antropologia em África e em Moçambique

A Antropologia em África e em Moçambique, tem suas origens nas práticas do colonialismo.


Assim, para entendermos a evolução da antropologia em Moçambique, teremos que revisitar
parte da história da antropologia portuguesa, (http:/www. Epa.antropologia.br/cultura.htm).

A antropologia como ciência confirmada e distinta da filosofia foi desenvolvida durante a


expansão colonial. E assim nasce como uma ciência e para a colonização. Tratava-se de justificar
a dominação de uns continentes, subcontinentes, povos ou raças sobre os outros. A teoria da
antropologia colonial a conceitos científicos como “selvagem”, “primitivo”, “arcaico”, “não
civilizado”, “sem escrita” para estigmatizar aos povos não industrializados. Esta antropologia se

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definia como ciência que estuda os povos primitivos. Eminentes antropólogos têm realizado e
continuam realizando este dever científico para retificar e voltar a estabelecer esta verdade
científica violada, transformada em mentira pela antropologia colonial, (MAZULA, 1995).
 
Apesar das independências dos países da África negra a máquina da transfiguração do negro tem
sido tão importante que as suas sequelas psicológicas têm deixado permanentemente nos negros,
como indivíduos e como coletividade, (IBDEM). As ciências sociais em geral e em particular a
antropologia que deveriam ajudar o ser humano a libertar-se dos pré-julgamentos, têm sido
contaminadas com uma “desonestidade intelectual alheia a todo rigor científico, dentro do
mecanismo de justificação e imposição do imperialismo ocidental”

2.3.A antropologia pré e pós-independência, em Moçambique    

Desde a subida ao poder da burguesia, na 1ª metade do século XIX, o estudo dos “costumes
populares” foi considerado uma questão de interesse fundamental No século XIX e a 1ª metade
do século XX, a etnografia associa-se á procura de uma identidade nacional, deve ser encontrada
entre “o povo” e não entre as classes urbanas no poder (que não conformam o autenticamente
português, por não serem rurais, apesar de poderem ter uma experiencia muito antiga). Acontece
que o popular de hoje é rejeitado como má cultura e o popular de ontem é definido como
“tradicional”. Curiosamente o que antes era só hegemónico e burguês é agora considerado como
“popular”.

A história de que dispomos da antropologia em Moçambique é recente. A produção do


conhecimento não se reveste ainda de um carácter sistemático e esta, mesmo no âmbito
institucional, fortemente marcada pela iniciativa individual ou pela imposição de instituições que
financiam os estudos neste domínio. Na região, as lutas de libertação do Zimbabué e da Namíbia
aumentavam de intensidade e incrementa-se a crise interna do apartheid na África do sul. Com a
independência, foram priorizadas as questões da implantação do poder, o que significa,
principalmente, a reestruturação das instituições e implantação das burocracias da Frelimo em
todo território, (MOSCA, 1985).

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 a libertação e afirmação política e cultural, a formação do exército e a imobilização das
populações para garantir o apoio popular e evitar o surgimento de iniciativas étnicas e para a
resistência do já embrionário conflito regional. Com a formação do novo governo, surge um
regime presidencialista com grande concentração do poder e no reforço autoritarismo. Para
garantir a ordem e tranquilidade foram criadas duma forma voluntaria grupos dinamizadores,
como órgão de base nas empresas e nos bairros, conselhos e produção como embriões dos
sindicatos e as milícias populares, constituídas por voluntários ao nível dos bairros, aldeias e das
empresas e os grupos de vigilância que eram os piquetes de controlo do movimento de pessoas
nos bairros, aldeias e empresas.

2.3. Antropologia cultural em Moçambique colonial e atual

No contexto moçambicano, a antropologia cultural tem um papel importante para compreender a


diversidade e a complexidade das manifestações culturais de um país que possui mais de 40
grupos étnicos, cada um com sua própria língua, religião, tradição e identidade. Além disso, a
antropologia cultural também contribui para analisar os processos de mudança e de continuidade
que afetam a cultura moçambicana em função dos fenômenos históricos, políticos, econômicos e
sociais que marcaram o país, como a colonização portuguesa, a luta pela independência, a guerra
civil, a transição para a democracia e a globalização, (MAZULA, 1995).

Neste texto, vamos apresentar alguns dos principais temas e desafios da antropologia cultural no
contexto moçambicano, bem como alguns dos autores e obras que se destacam nesse campo de
estudo.

Um dos temas mais relevantes da antropologia cultural em Moçambique é o da identidade


nacional. Como construir uma identidade nacional em um país tão diverso e plural? Como
conciliar as diferenças étnicas, linguísticas, religiosas e regionais com a ideia de uma nação unida
e soberana? Como lidar com as heranças coloniais e as influências externas que moldaram a
cultura moçambicana? Essas são algumas das questões que desafiam os antropólogos culturais
que se dedicam a estudar o processo de formação e de transformação da identidade nacional
moçambicana.
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Um dos autores que se destacou nesse tema foi o sociólogo brasileiro Gilberto Freyre, que visitou
Moçambique em 1952 e escreveu o livro "Moçambique: ensaio sociológico sobre algumas das
bases físicas e sociais da civilização portuguesa na África tropical". Nesse livro, Freyre defendeu
a tese de que a colonização portuguesa foi mais benigna e integradora do que outras formas de
colonização europeia na África, pois favoreceu a miscigenação entre os colonizadores e os
colonizados, criando uma cultura híbrida e mestiça. Freyre também elogiou a diversidade cultural
de Moçambique como uma riqueza e uma oportunidade para o desenvolvimento do país.

No entanto, essa visão de Freyre foi criticada por vários autores moçambicanos, como o escritor
Mia Couto, o historiador João Paulo Borges Coelho e o antropólogo Paulo Granjo. Eles
argumentaram que Freyre ignorou ou minimizou os aspetos negativos da colonização portuguesa,
como a exploração econômica, a opressão política, a violência racial e a desigualdade social. Eles
também apontaram que Freyre idealizou uma identidade nacional moçambicana baseada na
mestiçagem, sem levar em conta as tensões e os conflitos entre os diferentes grupos culturais do
país.

Outro tema importante da antropologia cultural em Moçambique é o da religião. Como entender


as diversas formas de religiosidade que coexistem no país? Como explicar as relações entre as
religiões tradicionais africanas, o cristianismo, o islamismo e outras expressões religiosas? Como
analisar o papel da religião na vida social, política e econômica dos moçambicanos? Essas são
algumas das questões que interessam aos antropólogos culturais que se dedicam a estudar o
fenômeno religioso em Moçambique.

Um dos autores que se destacou nesse tema foi o antropólogo francês Michel Cahen, que realizou
várias pesquisas sobre a história e a sociologia das religiões em Moçambique. Cahen abordou
temas como a conversão ao islamismo, o sincretismo religioso, o pentecostalismo, o catolicismo
popular, o papel dos líderes religiosos na política e na sociedade, entre outros. Cahen também
organizou e editou vários livros coletivos sobre as religiões em Moçambique, como
"Moçambique, do outro lado do espelho: ensaios de antropologia social" (1999), "Moçambique:
identidades, colonialismo e libertação" (2002) e "Moçambique: religiões em confronto?" (2009).
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Um terceiro tema relevante da antropologia cultural em Moçambique é o da cultura popular.
Como caracterizar as manifestações culturais populares que expressam a criatividade, a
resistência e a diversidade dos moçambicanos? Como valorizar as formas de arte, de literatura, de
música, de dança, de teatro, de cinema, de humor, de festa, de jogo, de culinária, de vestuário, de
linguagem, etc., que compõem a cultura popular moçambicana? Como entender as influências e
as trocas culturais entre Moçambique e outros países da África e do mundo? Essas são algumas
das questões que motivam os antropólogos culturais que se dedicam a estudar a cultura popular
em Moçambique.

Um dos autores que se destacou nesse tema foi o escritor moçambicano José Craveirinha,
considerado o pai da poesia moderna moçambicana. Craveirinha foi um poeta que soube captar e
expressar a essência da cultura popular moçambicana, misturando elementos das línguas
africanas, do português colonial, do humor, da ironia, da crítica social, da sensualidade, da
nostalgia, da esperança e da rebeldia. Craveirinha foi também um militante político que lutou
pela independência de Moçambique e pela emancipação dos povos africanos. Craveirinha
recebeu vários prêmios literários nacionais e internacionais, como o Prêmio Camões em 1991.

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3.Conclusão

A antropologia cultural é uma disciplina que oferece uma perspetiva rica e profunda para
compreender a cultura moçambicana em toda a sua diversidade e complexidade. Através do
estudo dos temas da identidade nacional, da religião e da cultura popular, entre outros, os
antropólogos culturais podem contribuir para o conhecimento, o reconhecimento e o respeito das
diferentes formas de expressão e de interpretação da cultura humana em Moçambique. Além
disso, a antropologia cultural também pode colaborar para o diálogo, a cooperação e a integração
entre os diferentes grupos culturais do país e do mundo.

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4.Bibliografia
 TOMÁS, Adelino Esteves. Manual de Antropologia Sócio-Cultural. Universidade
Pedagógica Sagrada Família, s/d;
 VILANCULO, Gregório Zacarias. Manual de Antropologia Cultural de Moçambique.
Universidade Pedagógica: Maxixe, s/d;
 MAZULA, Brasão. Educação, Cultura e Ideologia em Moçambique (1975-1985) Edições
aprofundamentos, 1995;
 MONDLANE, Eduardo. Lutar por Moçambique, 1ª edição;
 GALLAHER, C. Et all, Colonialismo e Emperialismo, 2008;
 MARCONI, e PRESOTO, Antropologia: um Introducao a Antropogia  2005;
 http:/www. ep. antropologia.br/cultura.htm. 15-08-2023.

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