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UNIVERSIDADE ABERTA UNISCED

FACULDADE DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO

CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE BIOLOGIA

Amélia José Langa

ANTROPOLOGIA E COMUNICAÇÃO NO CONTEXTO MOÇAMBICANO

Nampula

2024
Amélia José langa

Antropologia e Comunicação no Contexto Moçambicano

Trabalho académico de carácter avaliativo a


ser submetido na faculdade de ciências de
educação, curso de Licenciatura em Ensino
de Biologia da disciplina de Antropologia
Cultural.

Nampula

202 4
Índice
Introdução...................................................................................................................................5

Resumo.......................................................................................................................................6

1. Antropologia e Comunicação no contexto moçambicano...................................................7

1.1. Antropologia........................................................................................................................7

2. Antropologia versus Comunicação......................................................................................7

3. Antropologia e Comunicação no contexto Moçambicano..................................................8

4. Desafios e Oportunidades..................................................................................................10

Conclusão..................................................................................................................................11

Referências bibliográficas.........................................................................................................12
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Introdução

A intersecção entre antropologia e comunicação é crucial para compreender as complexidades


das relações humanas e expressões culturais, especialmente em contextos diversificados como
o moçambicano. Este trabalho explora a relação entre essas disciplinas, destacando como a
comunicação desempenha um papel vital na preservação e negociação das identidades
culturais em Moçambique, enquanto a antropologia fornece ferramentas conceituais e
metodológicas para entender essas dinâmicas. Ao analisar o estágio da comunicação no país,
considerando suas diversas realidades socioculturais e liberdades, este ensaio destaca tanto os
progressos quanto os desafios enfrentados, enfatizando a importância de uma comunicação
inclusiva e representativa. Por fim, são discutidas as oportunidades de promover uma
comunicação mais participativa e igualitária, especialmente através da expansão do acesso à
educação e da alfabetização digital. E nisso, o presente trabalho tem como objectivo, analisar
o estágio da Comunicação no contexto Moçambicano face as várias realidades socioculturais
e as liberdades que caracterizam o país.
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Resumo

Este trabalho aborda a intersecção entre antropologia e comunicação, destacando sua


relevância no contexto moçambicano. Inicialmente, é discutida a definição de antropologia
como uma ciência social preocupada em estudar o homem de maneira totalizadora. Em
seguida, são destacadas as semelhanças entre antropologia e comunicação, com ênfase na
importância da comunicação na construção das identidades culturais e no papel crucial que
desempenha na sociedade. O texto ressalta a evolução da comunicação em Moçambique
desde a independência em 1975, passando por um controle estatal inicial para uma mídia mais
diversificada e independente. São mencionados desafios, como acesso desigual à educação e
tecnologia em áreas rurais, e oportunidades para promover uma comunicação mais inclusiva e
participativa. O trabalho conclui destacando a necessidade de uma abordagem sensível à
cultura na comunicação e o potencial da expansão do acesso à educação e alfabetização
digital para enfrentar esses desafios.
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1. Antropologia e Comunicação no contexto moçambicano.

1.1. Antropologia

De acordo com Titiev (2002), “a antropologia é uma ciência que se preocupa em estudo do
homem e a humanidade de maneira totalizante”. Portanto, ela preocupa-se em estudar
cientificamente o ser humano, isto é, aplicando os métodos de estudo científico. A mesma
concepção e sustentada por Santos (2002) que diz que, “antropologia é definida como uma
ciência social preocupada em estudar o homem e a humanidade de maneira totalizante, ou
seja, abrangendo todas as suas dimensões”. E se difere de outras ciências sociais e humanas
porque ela busca uma explicação totalizadora do homem.

No entanto, é possível sustentar que a antropologia é considerada uma ciência social, pois está
inserida no âmbito das ciências sociais. Essas ciências se dedicam ao estudo dos aspectos
sociais do mundo humano, buscando uma abordagem científica para compreender o ser
humano por meio da aplicação de métodos de pesquisa científica.

2. Antropologia versus Comunicação

As práticas comunicacionais, apresentam diversas semelhanças com a antropologia se formos


a analisar. Para Silveira (2002 p.6), “a cultura contemporânea é indissociável e essencialmente
mediática ao ponto de Antropologia e Comunicação “parecerem espaços sobrepostos,
linguagens complementares, verso e reverso do mesmo saber”. Nesse sentido afirma-se que, é
fundamental a contribuição de Eco (1997) que diz que “a cultura, como um todo, deveria ser
estudada como um fenómeno de comunicação baseado em sistemas de significação”.

Para Samain (1998, p.9)

Nenhum antropólogo contestará o fato de que a comunicação esteja no âmago de seu ofício. Sem a existência
dos meios de comunicação, não poderíamos sequer falar de ‘sociedades’, nem de ‘trocas’ (simbólicas ou outras)
possíveis entre grupos humanos, menos ainda imaginar sonhar com a emergência das ‘culturas’ humanas. Sem
tais suportes comunicacionais não teríamos as condições mínimas para poder ‘pensar o mundo, ‘representá-lo’,

tentar ‘descrevê-lo’ e, até, poder esperar ainda nele viver.

Neste sentido, entende-se, portanto, que o diálogo entre Comunicação e Antropologia não só é
possível, mas sim também é necessário.
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3. Antropologia e Comunicação no contexto Moçambicano

Moçambique é uma nação onde diversas etnias coexistem, cada uma com suas próprias
tradições, línguas e formas de expressão. Esta diversidade cultural é um elemento
fundamental para entender a comunicação no país, pois influencia a maneira como as pessoas
se comunicam e se relacionam umas com as outras. A comunicação desempenha um papel
vital na preservação e na negociação dessas identidades, permitindo que as pessoas expressem
suas visões de mundo e se conectem com suas comunidades. A relação entre antropologia e
comunicação é fundamental para uma compreensão completa da comunicação humana e de
como ela é influenciada e moldada por factores culturais, sociais e políticos.

No contexto moçambicano, a comunicação enfrenta desafios e oportunidades devido à


diversidade sociocultural do país e às liberdades que caracterizam sua sociedade. Além disso,
as liberdades de expressão e imprensa proporcionam um ambiente propício para a diversidade
de vozes e opiniões na mídia moçambicana. A relação entre antropologia e comunicação em
Moçambique evidencia a complexidade das interacções humanas e a riqueza cultural do país,
fornecendo uma perspectiva cativante para entender a trama social e cultural moçambicana.
Ao entender as dinâmicas culturais que permeiam a comunicação, podemos fomentar uma
comunicação mais inclusiva e eficiente, que reconheça e respeite as diversas identidades e
experiências presentes em Moçambique. Assim, nesse contexto diversificado, a comunicação
desempenha um papel crucial na moldagem e na evolução das identidades tanto individuais
quanto colectivas.

Antropologia e Comunicação se tocam, se interceptam, mantém suas especificidades e


caminham na mesma direcção que caminham as pessoas que fazem Antropologia e
Comunicação. Como diz Borelli (2007), “antropologia “captura” o objecto constituído pela
Comunicação quando vai estudar as sociedades complexas, e que a Comunicação “captura” os
métodos tradicionais da antropologia para realizar suas pesquisas”.

A disciplina da antropologia oferece tanto abordagens teóricas quanto práticas para examinar
a diversidade de culturas e tradições presentes em Moçambique. Através de técnicas como a
imersão participativa e entrevistas, os antropólogos podem entender melhor como as
comunidades locais percebem e usam a comunicação em seu cotidiano. Isso inclui investigar
práticas de comunicação tradicionais, como a transmissão oral de histórias e rituais culturais,
e também explorar como essas práticas se entrelaçam com os meios de comunicação
modernos.
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Por outro lado, a comunicação tem um papel essencial na expressão e na negociação das
identidades culturais em Moçambique. Os meios de comunicação convencionais, como rádio
e televisão, possuem uma ampla audiência em todo o país e desempenham uma função
fundamental na divulgação de informações e na promoção do diálogo entre diferentes
culturas. Além disso, as tecnologias emergentes, como a internet e as redes sociais, estão
possibilitando que as pessoas se conectem e compartilhem experiências de maneiras nunca
antes imaginadas.

 Qual é o estágio da comunicação em Moçambique, considerando as várias


realidades socioculturais e as liberdades que caracterizam o país?

Moçambique, uma nação abastada em diversidade étnica, cultural e linguística, constitui um


ambiente propício para a interacção entre a antropologia e a comunicação. Neste texto,
examinarei a interligação dessas duas disciplinas dentro do cenário moçambicano, destacando
as intricadas relações humanas e como são moldadas e comunicadas por meio da
comunicação.

Desde a independência em 1975, Moçambique testemunhou uma evolução significativa em


sua paisagem mediática. Inicialmente, a comunicação era amplamente controlada pelo Estado,
reflectindo as políticas do partido Frelimo. No entanto, ao longo dos anos, houve uma
liberalização gradual, possibilitando o surgimento de uma mídia mais diversificada e
independente.

O estágio da comunicação em Moçambique é caracterizado por uma mistura complexa de


progresso e obstáculos, onde a adaptação às realidades socioculturais locais é essencial para
promover uma comunicação eficaz e inclusiva. Nesta vertente, a antropologia desempenha um
papel crucial na compreensão das dinâmicas culturais em Moçambique. Através da
observação participante, entrevistas e análise cultural. E isto, reflecte as diversas realidades
socioculturais e as liberdades que caracterizam o país. Em termos gerais, Moçambique tem
uma cena de mídia em evolução, com uma variedade de meios de comunicação que abrangem
desde os tradicionais até os mais modernos, como rádio, televisão, jornais, internet e redes
sociais. As liberdades de expressão e de imprensa são garantidas pela constituição
moçambicana, permitindo uma gama diversificada de vozes e perspectivas na esfera pública.

O estágio da comunicação em Moçambique é um reflexo complexo das diversas realidades


socioculturais do país. Embora haja progressos evidentes, especialmente no que diz respeito à
diversificação da mídia e à expansão do acesso à tecnologia, ainda há desafios a serem
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superados para garantir uma comunicação verdadeiramente inclusiva e representativa. A


questão central, portanto, não é apenas o estágio da comunicação, mas como esse estágio pode
ser moldado para promover a igualdade, a diversidade e o empoderamento em toda a
sociedade moçambicana. Portanto, conclui-se que o estágio da comunicação em Moçambique
reflecte as diversas realidades socioculturais do país, apresentando uma mistura de tradição e
modernidade, bem como oportunidades e desafios para uma comunicação eficaz e inclusiva.

4. Desafios e Oportunidades

No entanto, o contexto moçambicano também apresenta desafios para a comunicação, como a


falta de acesso à educação e tecnologia em algumas áreas rurais. Isso ressalta a importância de
abordagens sensíveis à cultura na comunicação, reconhecendo e valorizando as formas de
expressão locais, bem como questões de representação e inclusão nas mídias dominantes.
Além disso, as diferenças culturais podem às vezes ser fonte de divisão e conflito, o que pode
afectar a comunicação entre diferentes grupos no país. A multiplicidade étnica e linguística de
Moçambique exerce também uma influência sobre a comunicação, com diversos grupos
étnicos e comunidades empregando diferentes meios e idiomas para se expressar e interagir.
Isso resulta em uma paisagem comunicativa diversificada e em constante evolução, onde
diversas realidades socioculturais coexistem e se entrelaçam. No entanto, Moçambique
enfrenta desafios consideráveis no que diz respeito à comunicação, incluindo disparidades no
acesso aos meios de comunicação, altos índices de analfabetismo e carência de infra-estrutura
de comunicação em algumas regiões do país. Ao mesmo tempo, existem oportunidades para
fomentar uma comunicação mais inclusiva e participativa, especialmente através da
ampliação do acesso à educação e da promoção da alfabetização digital.
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Conclusão

Contudo, no presente trabalho, objectivou-se enaltecer a visão de que comunicar não é só


técnica, é todo um complexo socialmente construído até mesmo biológico que nos envolve
integralmente desde os nossos primeiros momentos. Assim, a articulação da Comunicação
com outras ciências, principalmente a Antropologia, não só é possível como necessária. À luz
da actualidade, essas duas disciplinas devem repensar as suas fronteiras em um sentido
comum. No contexto antropológico, o estágio da comunicação em Moçambique pode ser
caracterizado pela intersecção dinâmica entre as diversas realidades socioculturais do país e
os meios de comunicação utilizados para expressão e interacção. A comunicação não é apenas
uma transmissão de informações, mas também um processo complexo de construção de
significados e identidades dentro de contextos culturais específicos. Isso significa que, ao
considerar a comunicação em Moçambique sob uma lente antropológica, é essencial analisar
não apenas os meios de comunicação em si, mas também os sistemas de valores, crenças,
tradições e estruturas sociais que moldam e são moldados pela comunicação. Neste sentido, o
estágio da comunicação em Moçambique pode ser visto como um espaço em constante
evolução, onde as práticas comunicativas tradicionais se entrelaçam com as influências
globais e as tecnologias emergentes, criando uma paisagem rica e complexa de expressão
cultural e social.
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Referências bibliográficas

BORELLI, V. “É impossível não comunicar”: reflexões sobre os fundamentos de uma nova


comunicação. In: Revista Diálogos Possíveis. Salvador: FSBA, 2007.

ECO, U. Tratado Geral de Semiótica. São Paulo: Editora Perspectiva, 1997.

SAMAIN, E. O Fotográfico. São Paulo: Hucitec (org)., 1998.

SILVEIRA, F. O olhar etnográfico de Walter Benjamim. Salvador: Anais do XXV Congresso


Anual em Ciência da Comunicação, 2002.

TITIEV, M. Introdução à Antropologia Cultural. 9ª ed. Fundação Calouste Gulbenkian,


Lisboa, 2002.

SANTOS, A. Antropologia Geral: etnografia, Etnologia, Antropologia Social. Universidade


Aberta, 2002

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