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Ensino de Inglês 2º ano

O CONCEITO ANTROPOLÓGICO DE CULTURA

Universidade Rovuma
Nampula
2023

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2 Abacar Augusto Ali 12 Felipe Alfredo Nhambe


3 Abicael Helder Simão 13 Isaías Samuel Rodrigues Panges
4 Alimo Uirissone Manuel 14 Izaque Atibo Jaime
5 Aminodine Juma 15 Jime Inoque Álvaro
6 Amisse Júlio Alberto 16 KistonUsseneAmade
7 Assane Vasco 17 Leonel Manuel João
8 Caleb Paulo 18 Messias Assane
9 Cassamo Pascoal Augusto 19 Milsina Mucavel
10 Domingos Victor Zacarias 20 Norte Galimos Lipamba
11 Edvania da Conceição Emílio 21 Tacivildo Paulo

Trabalho de pesquisa apresentado a Faculdade de Letras


e Ciências Sociais, Departamento de Ciências de
Linguagem, Comunicação e Arte. Curso de ensino
Inglês em cumprimento parcial da Disciplina
(Antropologia Cultural de Moçambique) leccionado
(a) por Mestres Élia Margarida Cumbana e Luis
Henriques Namuera

Universidade Rovuma
Nampula

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2023

Conteúdo
Introdução......................................................................................................................4

O conceito antropológico de cultura..............................................................................5

Conceito antropológico de cultura (Pluralidade e diversidade de definições e.............5

Origem e desenvolvimento do conceito da cultura........................................................6

As Características da Cultura.........................................................................................7

Os Factores da Cultura...................................................................................................7

O Anthropos...................................................................................................................8

O Ethnos........................................................................................................................8

O Oikos..........................................................................................................................8

O chronos.......................................................................................................................9

A Interacção dos Factores............................................................................................10

A relação entre o anthropos e o ethnos........................................................................10

A relação entre Oikos (Ambiente) e Chronos (Tempo)...............................................10

Cultura e Sociedade.....................................................................................................11

Cultura como Sistema de Significados........................................................................11

Identidade Cultural......................................................................................................12

Mudança Cultural........................................................................................................12

Instituições Sociais......................................................................................................12

Diversidade Cultural....................................................................................................12

Etnografia.....................................................................................................................13

Conteúdos do conceito antropológico da cultura.........................................................13

Conclusão.....................................................................................................................16

Referencias...................................................................................................................17

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Introdução
O conceito de cultura é um dos pilares fundamentais da antropologia, uma disciplina
que busca compreender a riqueza e complexidade da experiência humana em toda a sua
diversidade. No entanto, a cultura é um termo que evoluiu ao longo do tempo e tem sido
abordado de várias maneiras por antropólogos e estudiosos. Este ensaio explora o
conceito antropológico de cultura, suas características, origens e desenvolvimento, bem
como sua relação com temas cruciais, como diversidade cultural, mudança cultural,
identidade cultural e a interação entre cultura e sociedade.

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1. O conceito antropológico de cultura
1.1. Conceito antropológico de cultura (Pluralidade e diversidade de definições e
abordagens).
Cultura é uma preocupação contemporânea, bem viva nos tempos actuais. É uma
preocupação em entender os muitos caminhos que conduziram os grupos humanos às
suas relações presentes e suas perspectivas do futuro. O desenvolvimento da
humanidade está marcado por contactos e conflitos entre modos diferentes de organizar
a vida social, de se apropriar dos recursos naturais e transformá-los, de conceber a
realidade e expressá-la. A história registra com abundância as transformações por que
passam as culturas, seja movidas por suas forças internas, seja em consequência desses
contactos e conflitos, mais frequentemente por ambos os motivos.
Por isso, ao discutirmos sobre cultura temos sempre em mente a humanidade em toda a
sua riqueza e multiplicidade de formas de existência. São complexas as realidades dos
agrupamentos humanos e as características que os unem e diferenciam, e a cultura as
expressa.
Assim, cultura diz respeito à humanidade como um todo e ao mesmo tempo a cada um
dos povos, nações, sociedades e grupos humanos. Quando se considera as culturas
particulares que existem ou existiram, logo se constata a grande variação delas. Cada
realidade cultural tem sua lógica interna, a qual devemos procurar conhecer para que
façam sentido as suas práticas, costumes, concepções e as transformações pelas quais
estas passam. É preciso relacionar a variedade de procedimentos culturais com os
contextos em que são produzidos.
As variações nas formas da família, por exemplo, ou nas maneiras de habitar, de se
vestir ou de distribuir os produtos do trabalho não são gratuitas. Fazem sentido para os
agrupamentos humanos que as vivem, são resultantes de sua história, relacionam-se
com as condições materiais de sua existência. Entendido assim, o estudo da cultura
contribui no combate a preconceitos, oferecendo uma plataforma firme para o respeito e
a dignidade nas relações humanas. Santos, J L. (2006).
Segundo UNESCO a cultura é “um conjunto de traços distintivos, espirituais e
materiais, intelectuais e afectivos, que caracterizam uma sociedade ou um grupo social.
Ela abrange, além das artes e as letras, os modos de vida, os direitos fundamentais
do ser humano, os sistemas de valores, as tradições e as crenças. A cultura dá ao
homem a capacidade de reflexão sobre si mesmo. A cultura faz de nós seres

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especificamente humanos, racionais, críticos e eticamente comprometidos. Através da
cultura discernimos os valores e fazemos opções. Por meio dela a pessoa se expressa,
toma consciência de si, se reconhece como projecto inacabado, põe em questão as suas
realizações, procura incansavelmente novos significados e cria obras que o
transcendem”(Ibid, p. 24).
O conceito de cultura segundo Laplantine (2003, p. 95), “[...] a cultura é o conjunto dos
comportamentos, saberes e saber-fazer característicos de um grupo humano ou de uma
sociedade dada, sendo essas atividades adquiridas através de um processo de
aprendizagem, e transmitidas ao conjunto de seus membros”.

1.2. Origem e desenvolvimento do conceito da cultura


O termo Cultura tem múltiplas aplicações e foi usado em diferentes épocas e sentidos,
tal como ocorre na fase actual. Ele é usado em várias ciências, desde as físicas às
sociais. Mesmo na Antropologia, o seu uso conheceu várias significações nas diferentes
escolas ou correntes. Contudo, o termo tem a sua origem do Grego, para significar
cultivar.
O termo “Cultura” teve a sua definição antropológica clássica com Edward Tylor.
Segundo este, a Cultura é “Complexo unitário que inclui o conhecimento, a crença, a
arte, a moral, as leis e todas as outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem
como membro da sociedade” (Bernardi, 1978, p. 24).
Há ainda quem entende a cultura como “uma estrutura de significados, transmitidos
historicamente, encarnados simbolicamente, para comunicar e desenvolver o
conhecimento humano e as atitudes para com a vida, uma lógica informal da vida real
e do sentido comum de uma sociedade, que funciona também como controlo”
(Martinez, 2004, p. 23).
Clifford Geertz (1926-2006), um dos antropólogos mais influentes do século XX, define
a cultura como “um sistema de símbolos, significados e crenças que orientam o
comportamento humano.”
A palavra cultura vem da raiz semântica colore, que originou o termo em latim cultura,
de significados diversos como habitar, cultivar, proteger, honrar com veneração
(Williams, 2007, p.117). Até o século XVI, o termo era geralmente utilizado para se
referir a uma acção e a processos, no sentido de ter cuidado com algo, seja com os
animais ou com o crescimento da colheita, e também para designar o estado de algo que
fora cultivado, como uma parcela de terra cultivada. A partir do final do século passado

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ganha destaque um sentido mais figurado de cultura e, numa metáfora ao cuidado para o
desenvolvimento agrícola, a palavra passa a designar também o esforço despendido para
o desenvolvimento das faculdades humanas. Em consequência, as obras artísticas e as
práticas que sustentam este desenvolvimento passam a representar a própria cultura.

1.3. As Características da Cultura


A Cultura apresenta várias características. Se por um lado há um mundo visível,
palpável, constituído por artefactos, fazendo parte da cultura e do carácter material, por
outro existe o invisível, expresso de forma simbólica.
Assim, a outra natureza é o seu carácter simbólico. De facto, a acção humana está
geralmente carregada de símbolos que reflectem acções, objectos, espaços, instituições,
isto é, tudo o que está ligado ao homem.
 Cultura se aprende;
 A cultura é essencialmente simbólica;
 A cultura é funcional (toda a tecnologia e desenvolvimento cultural satisfazem
necessidades do homem);
 A cultura é dinâmica (descobrimentos, invasões, aculturações). Ela precisa
mudar para manter-se funcional.
A Cultura é dinâmica, na medida em que está em constante transformação, sempre
que existir uma causa para o efeito. Essa dinâmica pode ser encontrada no interior
de um grupo de pessoas ou no seu conjunto. Por exemplo, uma classe de idades ou
uma faixa etária, segundo as sociedades, tem um certo conjunto de normas, que vão
sendo complementados à medida que esse grupo passa para estágios superiores. Mas
com a própria dinâmica temporal, fruto da evolução material de uma sociedade ou
da acção directa dos membros, de contactos com outros grupos, certos elementos
que antes eram considerados integrantes podem ser excluidos. Ela transforma-se
consciente ou inconscientemente.

1.4. Os Factores da Cultura


Existem quatro factores de cultura, nomeadamente, o próprio Homem (Anthropos), a
Sociedade (Ethnos), o Ambiente (Oikos) e o Tempo (Chronos). Tais factores
participam, de formas diferentes, na emergência da cultura. Veja como cada um
participa.

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1.5. O Anthropos
O Anthropos, ou o Homem, na sua realidade individual contribui no aspecto cultural,
como ser biológico e social. No aspecto biológico, nota-se que em muitos grupos sociais
ou culturais ordenam-se em função do carácter sexual e etário dos seus membros.
Observa-se em comunidades este aspecto. De facto, este carácter natural produz efeitos
estruturais na ordenação social e tem um impacto sobre a personalidade e os
comportamentos adequados a cada um daqueles parâmetros. Mas também, no processo
de enculturação, o Homem não é um simples ser passivo, podendo introduzir certas
inovações na própria cultura. Um génio, num determinado meio cultural, é um exemplo
da função do simples indivíduo como factor de cultura e às vezes torna-se herói cultural.
E pode ser que figuras carismáticas, como por exemplo um presidente, consigam
introduzir algumas mudanças culturais, fruto do seu empenho pessoal. Portanto,
podemos identificar o lugar do Anthropos como factor da cultura.

1.6. O Ethnos
As acções dos indivíduos só têm significado se elas estiverem circunscritas numa
colectividade. Nota-se que as normas de uma comunidade são emanadas em referência a
ela. É a socialização e a padronização de certas aquisições individuais que torna a
cultura como resultado de uma colectividade. É da interacção dos vários princípios de
homens vivendo num determinado meio que resulta um sistema cultural. Por um
processo normativo, o Ethnos (a sociedade), passa a constituir-se como um dos factores
da cultura, por ser através dele que esta é veiculada.

1.7. O Oikos
Oikos vem do grego “casa”. Expressa o ambiente onde se insere o Homem. O ambiente,
como factor de cultura, condiciona a actividade exterior e material do homem. É
inegável que o ambiente condiciona, por exemplo, a maneira de vestir, mas ele não pode
ser visto numa vertente determinista. No estudo das literaturas, como por exemplo as de
carácter histórico, intende-se que os primórdios da humanidade as culturas foram
definidas em função da natureza, como por exemplo, a cultura paleolítica, neolítica,
etc.
Essa denominação era feita em referência ao uso alargado da pedra. Ou, se em certos
momentos foram empregues termos como culturas ou povos primitivos, em referência a
sistemas culturais com uma dependência acentuada à natureza, hoje ouvimos, por

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exemplo, falar-se de sociedades urbanas, da era da cibernética, etc. Este facto remete-
nos a considerar que se, numa primeira fase, o modelo da intervenção do Homem e a
sua sobrevivência estiveram muito ligados às condições naturais, hoje ele depende mais
de factores que resultaram basicamente da natureza humana ou cultural.
Não só é um facto assente nas teorias antropológicas, mas também é uma realidade que
o grau civilizacional ou material define a forma de estar dos diferentes grupos sociais na
face da Terra. Assim, se essa dependência do Homem sobre a natureza foi mais notória
nos primórdios da humanidade, o Homem vem dependendo mais de factores
fundamentalmente culturais. Contudo, apesar disso, o Homem nunca pode dissociar-se
completamente da natureza e viver completamente da cultura. Representando
graficamente teríamos a seguinte situação:

Se o Homem não se pode dissociar completamente do que a natureza oferece, é lógico


que o gráfico só pode espelhar uma evolução ideal, mas nunca totalmente possível. Seja
qual for o nível cultural, a vida do homem vai estar sempre ligada ao ambiente que o
rodeia.

1.8. O chronos
A cultura é um processo e, de forma intrínseca, está ligada ao tempo. Ela desenvolve-se
e manifesta-se no tempo. O tempo é assumido nas suas três dimensões: passado,
presente e futuro, mas com mais ênfase para as primeiras duas. Mas é necessário saber
que para além do tempo cronológico, que acaba de ser mencionado, existe um tempo
ecológico e outro social. O primeiro é organizado em função dos ciclos anuais e o
segundo em função dos ritmos de factos sociais, como por exemplo, a passagem de um
grupo etário de uma categoria social para outra. Assim, seja o tempo cronológico, o
ecológico ou o social, eles interferem na cultura de um grupo social.

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1.9. A Interacção dos Factores
A dinâmica cultural resulta da interacção dos quatro factores. Contudo, às vezes e em
função de diferentes escolas ou correntes, há uma acentuação de um ou de outro factor
no processo da dinâmica cultural. Neste contexto, na explicação da dinâmica cultural,
uns privilegiam a personalidade humana, outros realçam o aspecto social, enquanto um
terceiro grupo é pelos aspectos ambientais e o último pelas ligações causais entre os
seus acontecimentos (no aspecto temporal). Não obstante, o carácter global da própria
cultura força que, em última instância, haja a consideração dos quatro factores num
processo interactivo. Nessa interactividade privilegiam-se, entretanto, as relações entre
anthropos e ethnos, por um lado e entre o oikos e o chronos, por outro lado.

2. A relação entre o anthropos e o ethnos


Anthropos (Humanos) e Ethnos (Culturas):
 A interacção entre os seres humanos e as culturas é central na antropologia
cultural. Os seres humanos moldam e são moldados pelas culturas em que
vivem. Eles criam sistemas de significado, normas, valores e práticas que são
influenciados por sua cultura e, ao mesmo tempo, contribuem para a continuação
e evolução dessa cultura.
 Os antropólogos estudam como os indivíduos dentro de uma sociedade
interagem com sua cultura, como eles internalizam normas e valores, e como
esses elementos culturais afectam seu comportamento, crenças e identidade.
 As mudanças culturais frequentemente ocorrem devido à interacção entre
diferentes grupos étnicos (ethnos), seja por meio de migração, comércio,
colonização ou outras formas de contacto. Essas interacções podem levar a
processos de aculturação, assimilação cultural ou resistência cultural.

2.1. A relação entre Oikos (Ambiente) e Chronos (Tempo)


 A relação entre o ambiente e o tempo é essencial na antropologia cultural, pois
influencia a forma como as culturas se desenvolvem e se adaptam ao longo do
tempo;
 O ambiente (oikos) desempenha um papel fundamental na subsistência das
sociedades humanas. As culturas se adaptam ao ambiente em que vivem,

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desenvolvendo técnicas de agricultura, pesca, caça e outras actividades
relacionadas à sobrevivência;
 O tempo (chronos) desempenha um papel importante na evolução cultural. As
culturas mudam ao longo do tempo devido a factores internos, como inovações
culturais e mudanças geracionais, bem como a influência de factores externos,
como a globalização e as mudanças sociais;
 Os antropólogos estudam como as culturas se adaptam às mudanças ambientais
ao longo do tempo e como essas adaptações moldam a vida das pessoas em
diferentes períodos históricos.

2.2. Cultura e Sociedade


Edward Tylor (1832-1917), um dos fundadores da antropologia cultural, definiu a
cultura como "um complexo que inclui conhecimento, crença, arte, moral, lei, costumes
e quaisquer outros hábitos ou aptidões adquiridos pelo homem como membro da
sociedade". Tylor acreditava que a cultura é uma herança transmitida de geração em
geração e que ela evolui de forma linear.
A antropologia cultural é uma disciplina dentro da antropologia que se concentra no
estudo das culturas humanas e das sociedades em todo o mundo. Ela busca compreender
como as pessoas vivem, se organizam, se relacionam e dão significado ao mundo ao seu
redor.
A relação entre cultura e sociedade é fundamental para a antropologia cultural, pois a
cultura desempenha um papel central na construção e organização das sociedades
humanas. Algumas das principais maneiras como a cultura e a sociedade estão
interconectadas na antropologia cultural:

2.3. Cultura como Sistema de Significados


A cultura é vista como um sistema de significados compartilhados pelos membros de
uma sociedade. Esses significados incluem valores, crenças, normas, símbolos e práticas
compartilhadas que moldam o comportamento das pessoas. A cultura fornece um
conjunto de regras e directrizes que orientam como as pessoas se comportam em uma
sociedade específica.

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2.4. Identidade Cultural
A cultura desempenha um papel fundamental na formação da identidade individual e
grupal.
As pessoas se identificam com certas culturas e subculturas, e essa identidade cultural
influencia suas escolhas, preferências e identidade pessoal. A pertença a uma cultura
específica também pode afectar a maneira como as pessoas são percebidas e tratadas por
outros membros da sociedade.

Mudança Cultural
A cultura é dinâmica e está sujeita a mudanças ao longo do tempo. Os antropólogos
culturais estudam como as culturas evoluem e se adaptam a novas circunstâncias, como
a globalização, a migração e a interacção com outras culturas. Isso pode resultar em
assimilação cultural, aculturação ou resistência cultural.

Instituições Sociais
A cultura influencia a criação e manutenção de instituições sociais, como a família, a
religião, a educação e a economia.
As normas e os valores culturais desempenham um papel importante na organização
dessas instituições e na maneira como elas funcionam em uma sociedade.
Símbolos e Rituais
A cultura é frequentemente expressa por meio de símbolos e rituais. Os símbolos
representam significados culturais e podem ser objectos, gestos, palavras ou imagens.
Os rituais são práticas simbólicas que desempenham um papel importante na criação e
manutenção da coesão social, na transmissão de valores culturais e na celebração de
eventos importantes.

Diversidade Cultural
A antropologia cultural reconhece a diversidade cultural entre as sociedades humanas.
Cada cultura tem suas próprias características distintivas e maneiras únicas de ver o
mundo. O estudo das diferenças culturais ajuda a compreender a riqueza da experiência
humana.

Etnografia
Os antropólogos culturais frequentemente realizam pesquisas etnográficas, imergindo-se
nas culturas que estão estudando para obter uma compreensão mais profunda de como

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as pessoas vivem e experimentam suas vidas.

2.5. Conteúdos do conceito antropológico da cultura


O conceito antropológico da cultura compreende uma série de elementos fundamentais
que ajudam a definir e entender uma sociedade ou grupo cultural específico. Estes
elementos incluem crenças, ideias, valores, normas e símbolos, que desempenham
papéis essenciais na construção e manutenção da cultura.
Crenças são as convicções que as pessoas têm sobre o mundo. Elas podem ser sobre a
natureza, o universo, a vida, a morte, o bem e o mal, entre outros temas. Por exemplo, as
pessoas acreditam em Deus, em espíritos, na reencarnação, na evolução, na ciência, etc.
A crença é a “aceitação como verdadeira de uma proposição comprovada ou não
cientificamente. Consiste em uma atitude mental do indivíduo, que serve de base à
acção voluntária. Embora intelectual, possui conotação emocional.
Para Goodnegouh (1987, 47-48), há três tipos de crenças:
a) Pessoais – as proposições aceitas por um indivíduo como certas,
independentemente das crenças dos demais.
b) Declaradas – as proposições que umas pessoas aparentam aceitar como
verdadeiras, em seu comportamento público, e que as menciona apenas para
defender ou justificar as suas acções perante os outros.
c) Públicas – as proposições que os membros de um grupo concordam, aceitam e
declaram como suas crenças comuns.
Ideias são pensamentos e conceitos que as pessoas têm sobre o mundo. Elas podem ser
sobre a política, a economia, a sociedade, a educação, a arte, etc. Por exemplo, as
pessoas podem ter ideias sobre o papel do governo, a economia de mercado, a igualdade
de género, a educação gratuita, a arte moderna, etc.
Valores são as coisas que as pessoas consideram importantes. Eles são guias para o
comportamento humano. Por exemplo, as pessoas podem valorizar a família, a amizade,
a honestidade, a justiça, a liberdade, etc.

Normas são regras que as pessoas devem seguir em uma determinada cultura. Elas
podem ser explícitas, como leis e regulamentos, ou implícitas, como regras de etiqueta.
Por exemplo, as pessoas devem seguir as leis, respeitar os mais velhos, não falar
palavrões, etc.

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As normas são regras que indicam os modos de agir dos indivíduos em determinadas
situações. São um conjunto de ideais ou convenções referentes ao que é próprio de
pensar, sentir e/ou agir em determinados contextos.
Belas e Hoijer (1969), identificam dois tipos de normas em cada cultura: as ideais e as
comportamentais.
a) As normas ideais são aquelas que os membros de uma sociedade deveriam
praticar ou dizer, representam os deveres e desejos de uma cultura particular.
Para o autor Hoijer há cinco categorias de normas ideais:
 Obrigatórias – das quais não se pode fugir (andar vestido).
 Preferenciais – valorização de um modo de comportamento face a outro
(exemplo: usar jeans).
 Típicas – o mais usado entre vários modos de comportamento (cabelo
comprido e colares dos hippies).
 Alternativas – aceitação de diferentes modos de conduta sem que haja lugar
a valoração ou frequência de uso (mulher usar calça ou saia).
 Restritas – formas de conduta limitadas a certos membros da sociedade
(indumentária de membros de ordens religiosas).
b) As normas comportamentais são os comportamentos reais dos indivíduos, em
determinados contextos, que escapam às normas ideais.
Símbolos são objectos, gestos, palavras ou imagens que têm significados específicos em
uma determinada cultura. Eles podem ser usados para comunicar ideias, sentimentos ou
valores. Por exemplo, a bandeira de um país é um símbolo de patriotismo, um
casamento é um símbolo de amor e união, um crucifixo é um símbolo da fé cristã, etc.
Os símbolos são realidades físicas ou sensoriais às quais os indivíduos atribuem valores
ou significados específicos, representando ou implicando coisas concretas ou abstractas.
O significado específico adquirido em determinados contextos culturais por pessoas,
coisas ou ideias, faz com que estes se constituam símbolos.
Os significados podem ser:
a) Arbitrários – na medida em que não têm relação obrigatória com as
propriedades físicas dos fenómenos que os recebem. Fora do campo linguístico,
a ligação entre símbolo e objecto caracteriza-se pela total ausência de afinidade
intrínseca.

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b) Partilhados – quando o símbolo tem o mesmo significado para diferentes
culturas (geral) ou para determinada sociedade (particular)

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Conclusão
Ao longo deste trabalho, mergulhamos na riqueza do conceito antropológico de cultura,
explorando suas muitas dimensões e abordagens. A cultura é um fenómeno complexo e
multifacetado, moldado pela história, pelas interações sociais e pelas experiências
individuais. Sua pluralidade e diversidade de definições reflectem a complexidade da
experiência humana em suas diversas manifestações culturais ao redor do mundo.

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Referencias

Bernardi, Bernardo 1978 Introdução aos Estudos Etno-Antropológicos, Edições 70.

Geertz, Clifford. (1998) O Saber local: novos ensaios em Antropologia interpretativa.


Petrópolis, Vozes.

Goodenough, F.L. (1987). Teste de inteligencia infantil por médio del dibujo de la
figura humana. Buelos Aires: Editorial Paidos.

Laplantine, François. (2003)Aprender Antropologia. São Paulo: Brasiliense.

Martínez. Pe. Francisco Lerma (2004), Antropologia Cultural. SMSto. Agostinho da


Matola

Santos, J. L. (2002) Antropologia Geral: Etnografia, Etnologia, Antropologia Social.


Lisboa, Universidade Aberta.

Titiev, Mischa 2002 Introdução à Antropologia Cultural, Fundação Calouste


Gulbenkian.

Tylor, Edward (1983) Primitive Culture: Researches into the Development of


Mythology, Philosophy, Religion, Language, Art, and Custom, John Murray
(disponível on-line: http://www.archive.org/details/ primitiveculture01tylouoft).

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