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Universidade Rovuma
Nampula
2023
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Universidade Rovuma
Nampula
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2023
Conteúdo
Introdução......................................................................................................................4
As Características da Cultura.........................................................................................7
Os Factores da Cultura...................................................................................................7
O Anthropos...................................................................................................................8
O Ethnos........................................................................................................................8
O Oikos..........................................................................................................................8
O chronos.......................................................................................................................9
Cultura e Sociedade.....................................................................................................11
Identidade Cultural......................................................................................................12
Mudança Cultural........................................................................................................12
Instituições Sociais......................................................................................................12
Diversidade Cultural....................................................................................................12
Etnografia.....................................................................................................................13
Conclusão.....................................................................................................................16
Referencias...................................................................................................................17
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Introdução
O conceito de cultura é um dos pilares fundamentais da antropologia, uma disciplina
que busca compreender a riqueza e complexidade da experiência humana em toda a sua
diversidade. No entanto, a cultura é um termo que evoluiu ao longo do tempo e tem sido
abordado de várias maneiras por antropólogos e estudiosos. Este ensaio explora o
conceito antropológico de cultura, suas características, origens e desenvolvimento, bem
como sua relação com temas cruciais, como diversidade cultural, mudança cultural,
identidade cultural e a interação entre cultura e sociedade.
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1. O conceito antropológico de cultura
1.1. Conceito antropológico de cultura (Pluralidade e diversidade de definições e
abordagens).
Cultura é uma preocupação contemporânea, bem viva nos tempos actuais. É uma
preocupação em entender os muitos caminhos que conduziram os grupos humanos às
suas relações presentes e suas perspectivas do futuro. O desenvolvimento da
humanidade está marcado por contactos e conflitos entre modos diferentes de organizar
a vida social, de se apropriar dos recursos naturais e transformá-los, de conceber a
realidade e expressá-la. A história registra com abundância as transformações por que
passam as culturas, seja movidas por suas forças internas, seja em consequência desses
contactos e conflitos, mais frequentemente por ambos os motivos.
Por isso, ao discutirmos sobre cultura temos sempre em mente a humanidade em toda a
sua riqueza e multiplicidade de formas de existência. São complexas as realidades dos
agrupamentos humanos e as características que os unem e diferenciam, e a cultura as
expressa.
Assim, cultura diz respeito à humanidade como um todo e ao mesmo tempo a cada um
dos povos, nações, sociedades e grupos humanos. Quando se considera as culturas
particulares que existem ou existiram, logo se constata a grande variação delas. Cada
realidade cultural tem sua lógica interna, a qual devemos procurar conhecer para que
façam sentido as suas práticas, costumes, concepções e as transformações pelas quais
estas passam. É preciso relacionar a variedade de procedimentos culturais com os
contextos em que são produzidos.
As variações nas formas da família, por exemplo, ou nas maneiras de habitar, de se
vestir ou de distribuir os produtos do trabalho não são gratuitas. Fazem sentido para os
agrupamentos humanos que as vivem, são resultantes de sua história, relacionam-se
com as condições materiais de sua existência. Entendido assim, o estudo da cultura
contribui no combate a preconceitos, oferecendo uma plataforma firme para o respeito e
a dignidade nas relações humanas. Santos, J L. (2006).
Segundo UNESCO a cultura é “um conjunto de traços distintivos, espirituais e
materiais, intelectuais e afectivos, que caracterizam uma sociedade ou um grupo social.
Ela abrange, além das artes e as letras, os modos de vida, os direitos fundamentais
do ser humano, os sistemas de valores, as tradições e as crenças. A cultura dá ao
homem a capacidade de reflexão sobre si mesmo. A cultura faz de nós seres
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especificamente humanos, racionais, críticos e eticamente comprometidos. Através da
cultura discernimos os valores e fazemos opções. Por meio dela a pessoa se expressa,
toma consciência de si, se reconhece como projecto inacabado, põe em questão as suas
realizações, procura incansavelmente novos significados e cria obras que o
transcendem”(Ibid, p. 24).
O conceito de cultura segundo Laplantine (2003, p. 95), “[...] a cultura é o conjunto dos
comportamentos, saberes e saber-fazer característicos de um grupo humano ou de uma
sociedade dada, sendo essas atividades adquiridas através de um processo de
aprendizagem, e transmitidas ao conjunto de seus membros”.
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ganha destaque um sentido mais figurado de cultura e, numa metáfora ao cuidado para o
desenvolvimento agrícola, a palavra passa a designar também o esforço despendido para
o desenvolvimento das faculdades humanas. Em consequência, as obras artísticas e as
práticas que sustentam este desenvolvimento passam a representar a própria cultura.
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1.5. O Anthropos
O Anthropos, ou o Homem, na sua realidade individual contribui no aspecto cultural,
como ser biológico e social. No aspecto biológico, nota-se que em muitos grupos sociais
ou culturais ordenam-se em função do carácter sexual e etário dos seus membros.
Observa-se em comunidades este aspecto. De facto, este carácter natural produz efeitos
estruturais na ordenação social e tem um impacto sobre a personalidade e os
comportamentos adequados a cada um daqueles parâmetros. Mas também, no processo
de enculturação, o Homem não é um simples ser passivo, podendo introduzir certas
inovações na própria cultura. Um génio, num determinado meio cultural, é um exemplo
da função do simples indivíduo como factor de cultura e às vezes torna-se herói cultural.
E pode ser que figuras carismáticas, como por exemplo um presidente, consigam
introduzir algumas mudanças culturais, fruto do seu empenho pessoal. Portanto,
podemos identificar o lugar do Anthropos como factor da cultura.
1.6. O Ethnos
As acções dos indivíduos só têm significado se elas estiverem circunscritas numa
colectividade. Nota-se que as normas de uma comunidade são emanadas em referência a
ela. É a socialização e a padronização de certas aquisições individuais que torna a
cultura como resultado de uma colectividade. É da interacção dos vários princípios de
homens vivendo num determinado meio que resulta um sistema cultural. Por um
processo normativo, o Ethnos (a sociedade), passa a constituir-se como um dos factores
da cultura, por ser através dele que esta é veiculada.
1.7. O Oikos
Oikos vem do grego “casa”. Expressa o ambiente onde se insere o Homem. O ambiente,
como factor de cultura, condiciona a actividade exterior e material do homem. É
inegável que o ambiente condiciona, por exemplo, a maneira de vestir, mas ele não pode
ser visto numa vertente determinista. No estudo das literaturas, como por exemplo as de
carácter histórico, intende-se que os primórdios da humanidade as culturas foram
definidas em função da natureza, como por exemplo, a cultura paleolítica, neolítica,
etc.
Essa denominação era feita em referência ao uso alargado da pedra. Ou, se em certos
momentos foram empregues termos como culturas ou povos primitivos, em referência a
sistemas culturais com uma dependência acentuada à natureza, hoje ouvimos, por
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exemplo, falar-se de sociedades urbanas, da era da cibernética, etc. Este facto remete-
nos a considerar que se, numa primeira fase, o modelo da intervenção do Homem e a
sua sobrevivência estiveram muito ligados às condições naturais, hoje ele depende mais
de factores que resultaram basicamente da natureza humana ou cultural.
Não só é um facto assente nas teorias antropológicas, mas também é uma realidade que
o grau civilizacional ou material define a forma de estar dos diferentes grupos sociais na
face da Terra. Assim, se essa dependência do Homem sobre a natureza foi mais notória
nos primórdios da humanidade, o Homem vem dependendo mais de factores
fundamentalmente culturais. Contudo, apesar disso, o Homem nunca pode dissociar-se
completamente da natureza e viver completamente da cultura. Representando
graficamente teríamos a seguinte situação:
1.8. O chronos
A cultura é um processo e, de forma intrínseca, está ligada ao tempo. Ela desenvolve-se
e manifesta-se no tempo. O tempo é assumido nas suas três dimensões: passado,
presente e futuro, mas com mais ênfase para as primeiras duas. Mas é necessário saber
que para além do tempo cronológico, que acaba de ser mencionado, existe um tempo
ecológico e outro social. O primeiro é organizado em função dos ciclos anuais e o
segundo em função dos ritmos de factos sociais, como por exemplo, a passagem de um
grupo etário de uma categoria social para outra. Assim, seja o tempo cronológico, o
ecológico ou o social, eles interferem na cultura de um grupo social.
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1.9. A Interacção dos Factores
A dinâmica cultural resulta da interacção dos quatro factores. Contudo, às vezes e em
função de diferentes escolas ou correntes, há uma acentuação de um ou de outro factor
no processo da dinâmica cultural. Neste contexto, na explicação da dinâmica cultural,
uns privilegiam a personalidade humana, outros realçam o aspecto social, enquanto um
terceiro grupo é pelos aspectos ambientais e o último pelas ligações causais entre os
seus acontecimentos (no aspecto temporal). Não obstante, o carácter global da própria
cultura força que, em última instância, haja a consideração dos quatro factores num
processo interactivo. Nessa interactividade privilegiam-se, entretanto, as relações entre
anthropos e ethnos, por um lado e entre o oikos e o chronos, por outro lado.
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desenvolvendo técnicas de agricultura, pesca, caça e outras actividades
relacionadas à sobrevivência;
O tempo (chronos) desempenha um papel importante na evolução cultural. As
culturas mudam ao longo do tempo devido a factores internos, como inovações
culturais e mudanças geracionais, bem como a influência de factores externos,
como a globalização e as mudanças sociais;
Os antropólogos estudam como as culturas se adaptam às mudanças ambientais
ao longo do tempo e como essas adaptações moldam a vida das pessoas em
diferentes períodos históricos.
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2.4. Identidade Cultural
A cultura desempenha um papel fundamental na formação da identidade individual e
grupal.
As pessoas se identificam com certas culturas e subculturas, e essa identidade cultural
influencia suas escolhas, preferências e identidade pessoal. A pertença a uma cultura
específica também pode afectar a maneira como as pessoas são percebidas e tratadas por
outros membros da sociedade.
Mudança Cultural
A cultura é dinâmica e está sujeita a mudanças ao longo do tempo. Os antropólogos
culturais estudam como as culturas evoluem e se adaptam a novas circunstâncias, como
a globalização, a migração e a interacção com outras culturas. Isso pode resultar em
assimilação cultural, aculturação ou resistência cultural.
Instituições Sociais
A cultura influencia a criação e manutenção de instituições sociais, como a família, a
religião, a educação e a economia.
As normas e os valores culturais desempenham um papel importante na organização
dessas instituições e na maneira como elas funcionam em uma sociedade.
Símbolos e Rituais
A cultura é frequentemente expressa por meio de símbolos e rituais. Os símbolos
representam significados culturais e podem ser objectos, gestos, palavras ou imagens.
Os rituais são práticas simbólicas que desempenham um papel importante na criação e
manutenção da coesão social, na transmissão de valores culturais e na celebração de
eventos importantes.
Diversidade Cultural
A antropologia cultural reconhece a diversidade cultural entre as sociedades humanas.
Cada cultura tem suas próprias características distintivas e maneiras únicas de ver o
mundo. O estudo das diferenças culturais ajuda a compreender a riqueza da experiência
humana.
Etnografia
Os antropólogos culturais frequentemente realizam pesquisas etnográficas, imergindo-se
nas culturas que estão estudando para obter uma compreensão mais profunda de como
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as pessoas vivem e experimentam suas vidas.
Normas são regras que as pessoas devem seguir em uma determinada cultura. Elas
podem ser explícitas, como leis e regulamentos, ou implícitas, como regras de etiqueta.
Por exemplo, as pessoas devem seguir as leis, respeitar os mais velhos, não falar
palavrões, etc.
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As normas são regras que indicam os modos de agir dos indivíduos em determinadas
situações. São um conjunto de ideais ou convenções referentes ao que é próprio de
pensar, sentir e/ou agir em determinados contextos.
Belas e Hoijer (1969), identificam dois tipos de normas em cada cultura: as ideais e as
comportamentais.
a) As normas ideais são aquelas que os membros de uma sociedade deveriam
praticar ou dizer, representam os deveres e desejos de uma cultura particular.
Para o autor Hoijer há cinco categorias de normas ideais:
Obrigatórias – das quais não se pode fugir (andar vestido).
Preferenciais – valorização de um modo de comportamento face a outro
(exemplo: usar jeans).
Típicas – o mais usado entre vários modos de comportamento (cabelo
comprido e colares dos hippies).
Alternativas – aceitação de diferentes modos de conduta sem que haja lugar
a valoração ou frequência de uso (mulher usar calça ou saia).
Restritas – formas de conduta limitadas a certos membros da sociedade
(indumentária de membros de ordens religiosas).
b) As normas comportamentais são os comportamentos reais dos indivíduos, em
determinados contextos, que escapam às normas ideais.
Símbolos são objectos, gestos, palavras ou imagens que têm significados específicos em
uma determinada cultura. Eles podem ser usados para comunicar ideias, sentimentos ou
valores. Por exemplo, a bandeira de um país é um símbolo de patriotismo, um
casamento é um símbolo de amor e união, um crucifixo é um símbolo da fé cristã, etc.
Os símbolos são realidades físicas ou sensoriais às quais os indivíduos atribuem valores
ou significados específicos, representando ou implicando coisas concretas ou abstractas.
O significado específico adquirido em determinados contextos culturais por pessoas,
coisas ou ideias, faz com que estes se constituam símbolos.
Os significados podem ser:
a) Arbitrários – na medida em que não têm relação obrigatória com as
propriedades físicas dos fenómenos que os recebem. Fora do campo linguístico,
a ligação entre símbolo e objecto caracteriza-se pela total ausência de afinidade
intrínseca.
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b) Partilhados – quando o símbolo tem o mesmo significado para diferentes
culturas (geral) ou para determinada sociedade (particular)
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Conclusão
Ao longo deste trabalho, mergulhamos na riqueza do conceito antropológico de cultura,
explorando suas muitas dimensões e abordagens. A cultura é um fenómeno complexo e
multifacetado, moldado pela história, pelas interações sociais e pelas experiências
individuais. Sua pluralidade e diversidade de definições reflectem a complexidade da
experiência humana em suas diversas manifestações culturais ao redor do mundo.
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Referencias
Goodenough, F.L. (1987). Teste de inteligencia infantil por médio del dibujo de la
figura humana. Buelos Aires: Editorial Paidos.
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