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# Antropologia Cultural no Contexto Moçambicano

A antropologia cultural é uma disciplina que estuda as diversas formas de expressão, representação e
interpretação da cultura humana em diferentes sociedades e contextos históricos. A cultura, por sua
vez, é entendida como um conjunto de símbolos, valores, normas, crenças, práticas e instituições que
orientam e organizam a vida social dos indivíduos e dos grupos.

No contexto moçambicano, a antropologia cultural tem um papel importante para compreender a


diversidade e a complexidade das manifestações culturais de um país que possui mais de 40 grupos
étnicos, cada um com sua própria língua, religião, tradição e identidade. Além disso, a antropologia
cultural também contribui para analisar os processos de mudança e de continuidade que afetam a
cultura moçambicana em função dos fenômenos históricos, políticos, econômicos e sociais que
marcaram o país, como a colonização portuguesa, a luta pela independência, a guerra civil, a transição
para a democracia e a globalização.

Neste texto, vamos apresentar alguns dos principais temas e desafios da antropologia cultural no
contexto moçambicano, bem como alguns dos autores e obras que se destacam nesse campo de estudo.

## Temas e Desafios da Antropologia Cultural em Moçambique

Um dos temas mais relevantes da antropologia cultural em Moçambique é o da identidade nacional.


Como construir uma identidade nacional em um país tão diverso e plural? Como conciliar as diferenças
étnicas, linguísticas, religiosas e regionais com a ideia de uma nação unida e soberana? Como lidar com
as heranças coloniais e as influências externas que moldaram a cultura moçambicana? Essas são
algumas das questões que desafiam os antropólogos culturais que se dedicam a estudar o processo de
formação e de transformação da identidade nacional moçambicana.

Um dos autores que se destacou nesse tema foi o sociólogo brasileiro Gilberto Freyre, que visitou
Moçambique em 1952 e escreveu o livro "Moçambique: ensaio sociológico sobre algumas das bases
físicas e sociais da civilização portuguesa na África tropical". Nesse livro, Freyre defendeu a tese de que a
colonização portuguesa foi mais benigna e integradora do que outras formas de colonização europeia na
África, pois favoreceu a miscigenação entre os colonizadores e os colonizados, criando uma cultura
híbrida e mestiça. Freyre também elogiou a diversidade cultural de Moçambique como uma riqueza e
uma oportunidade para o desenvolvimento do país.

No entanto, essa visão de Freyre foi criticada por vários autores moçambicanos, como o escritor Mia
Couto, o historiador João Paulo Borges Coelho e o antropólogo Paulo Granjo. Eles argumentaram que
Freyre ignorou ou minimizou os aspectos negativos da colonização portuguesa, como a exploração
econômica, a opressão política, a violência racial e a desigualdade social. Eles também apontaram que
Freyre idealizou uma identidade nacional moçambicana baseada na mestiçagem, sem levar em conta as
tensões e os conflitos entre os diferentes grupos culturais do país.

Outro tema importante da antropologia cultural em Moçambique é o da religião. Como entender as


diversas formas de religiosidade que coexistem no país? Como explicar as relações entre as religiões
tradicionais africanas, o cristianismo, o islamismo e outras expressões religiosas? Como analisar o papel
da religião na vida social, política e econômica dos moçambicanos? Essas são algumas das questões que
interessam aos antropólogos culturais que se dedicam a estudar o fenômeno religioso em Moçambique.

Um dos autores que se destacou nesse tema foi o antropólogo francês Michel Cahen, que realizou várias
pesquisas sobre a história e a sociologia das religiões em Moçambique. Cahen abordou temas como a
conversão ao islamismo, o sincretismo religioso, o pentecostalismo, o catolicismo popular, o papel dos
líderes religiosos na política e na sociedade, entre outros. Cahen também organizou e editou vários
livros coletivos sobre as religiões em Moçambique, como "Moçambique, do outro lado do espelho:
ensaios de antropologia social" (1999), "Moçambique: identidades, colonialismo e libertação" (2002) e
"Moçambique: religiões em confronto?" (2009).

Um terceiro tema relevante da antropologia cultural em Moçambique é o da cultura popular. Como


caracterizar as manifestações culturais populares que expressam a criatividade, a resistência e a
diversidade dos moçambicanos? Como valorizar as formas de arte, de literatura, de música, de dança,
de teatro, de cinema, de humor, de festa, de jogo, de culinária, de vestuário, de linguagem, etc., que
compõem a cultura popular moçambicana? Como entender as influências e as trocas culturais entre
Moçambique e outros países da África e do mundo? Essas são algumas das questões que motivam os
antropólogos culturais que se dedicam a estudar a cultura popular em Moçambique.
Um dos autores que se destacou nesse tema foi o escritor moçambicano José Craveirinha, considerado o
pai da poesia moderna moçambicana. Craveirinha foi um poeta que soube captar e expressar a essência
da cultura popular moçambicana, misturando elementos das línguas africanas, do português coloquial,
do humor, da ironia, da crítica social, da sensualidade, da nostalgia, da esperança e da rebeldia.
Craveirinha foi também um militante político que lutou pela independência de Moçambique e pela
emancipação dos povos africanos. Craveirinha recebeu vários prêmios literários nacionais e
internacionais, como o Prêmio Camões em 1991.

## Conclusão

A antropologia cultural é uma disciplina que oferece uma perspectiva rica e profunda para compreender
a cultura moçambicana em toda a sua diversidade e complexidade. Através do estudo dos temas da
identidade nacional, da religião e da cultura popular, entre outros, os antropólogos culturais podem
contribuir para o conhecimento, o reconhecimento e o respeito das diferentes formas de expressão e de
interpretação da cultura humana em Moçambique. Além disso, a antropologia cultural também pode
colaborar para o diálogo, a cooperação e a integração entre os diferentes grupos culturais do país e do
mundo.

Na luz de MALINOWSKI (2003:s/p), refere que Antropologia “uma ciência que se dedica ao


estudo do ser humano de forma holísta”.

 Antropologia é ciência integrada, que estuda o homem no âmbito da sociedade e da cultura a


que pertece, combinando perspectiva das ciências naturais, sociais e humanas.

A cultura é um conjunto de valores crenças, conhecimentos, instrução, normas, comportamento,


produção artistica e técnícos partilhado pelos membros de uma sociedede, transmissivel às
gerações seguintes e resultante de interação social (MARCONI e PRESOTO, 2005).

Cultura é o conjunto de informação e do conheimento adquirido por aprendizagem social.

Para GALLAHER (2008:5), Colonial “é relativo ao colonialismo consiste numa política de


exerçer o controle ou autoridade sobre um território ocupado e administrado por um grupo de
indivíduo com poder miliitar”.
Represetante do governo de um país ao qual esse território não pertencia, contra a vontade dos
seus habitantes que, muitas vezes, são desapossados de parte dos seus bens e de eventuais
direitos político que detinham.

2. Conceito de antropologia de cultura

A origem etimologica – a palavra “antropologia” deriva das palavras gregas “logos” (estudo) e
“anthropos” humanidade e significa, literalmente, estudo da humanidade”(MALINOWSKI,
2003).

Porém a atropologia, na época antiga, não era exactamente o que é actualmente. Para os gregos
antropologia, era uma “ciência dedutiva”, isto é, uma discusão baseada em deduções abstratas
sobre natureza dos seres humanos e o significado da existência humana.

2.1. Objecto de estudo da antropologia

 A antropologia oferece um conhecimento humano comparativo do mundo e da sua diversidade


cultural, portanto, o objecto de estudo da antropologia “é o homem, a sua cultura e suas relações
com mundo, fazendo com que ocorra transformações todo o tempo. 

Estuda e pesquisa as semelhanças e diferenças culturais entre os varios agrupamentos humanos,


assim como das culturas, (MALINOWSKI, 2003).

Campo amplo da ciência antropológica. Abrange o estudo do homem como ser cultural, isto é,
fazendo de cultura. Investiga as culturas humanas no tempo e no espaço, suas origens e
desenvolvimento, suas semelhanças e diferenças.

Tem o foco de interesse voltado para o conhecimento do comportamento cultural humano,


adquirido por, analisando-o em todas dimensões. Todas as sociedades humanas passadas,
presentes e futuras interessam ao antropologo cultural.

2.2. Cultura no Contexto Antropologico


Para Edward Tylor, 1871 cultura é todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte,
moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou habitos adquiridos pelos homens enquanto
de uma sociedade (http:/www. Epa.antropologia.br/cultura.htm).

Tylor foi o primeiro a formular o conceito de cultura de ponto de vista antropologico da forma
como é utilizado actualmente. Na vardade ele formalizou uma ideia que vinha crescendo desde o
iluminismo.

Enfatizou a ideia do aprendizado na sua definição de cultura. O homem é um ser predominante


cultural. Graças a cultura, ele superou suas limitações orgánicas. O homem conseguiu sobreviver
através dos tempos com equipamente biologicos realctivamente simples. A cultura é o meio de
adaptação do homem aos diferentes ambientes.

Na luz de MARCONI & PRESOTO, (2005:54), Cultura ‘é o conjunto de informação e do


conheimento adquirido por aprendizagem social. Apesar de suçinta, caractrização de cultura
conte varios elementos importantes que são”:

A cultura não é algo de congénito, mas algo de que se aprende; não nascemos culto. Podemos
nascer programados para aprender, mas nascemos na posse do conjunto de informações e de
comportamento a que chamos de cultura;

Aquisição de cultura significa que alguem foi instruida educado. E que outras pessoas, a
instruíram educaram, a transmissão de cultura é pois um processo social, precisando dos outros
para aprender;

Ser culto não significa somente ter realizado aquisições importantes no campo das artes e das
letras.

É uma herança social, sucessivamente enriquecida e susceptivel de evolução, modificação.

3. Antropologia em África e em Moçambique

A Antropologia em África e em Moçambique, tem suas origens nas práticas do colonialismo.


Assim, para entendermos a evolução da antropologia em Moçambique, teremos que revisitar
parte da história da antropologia portuguesa, (http:/www. Epa.antropologia.br/cultura.htm).
3.1. Antropologia em África e no chamado terceiro mundo   

A antropologia como ciência confirmada e distinta da filosofia foi desenvolvida durante a


expansão colónial. E assim nasce como uma ciência e para a colonização. Tratava-se de justificar
a dominação de uns continentes, subcontinentes, povos ou raças sobre os outros.

A teoria da antropologia colonial a conceitos científicos como “selvagem”, “primitivo”,


“arcaico”, “não civilizado”, “sem escrita” para estigmatizar aos povos não industrializados. Esta
antropologia se definia como ciência que estuda os povos primitivos.

Eminentes antropólogos têm realizado e continuam realizando este dever científico para
rectificar e voltar a estabelecer esta verdade científica violada, transformada em mentira pela
antropologia colonial, (MAZULA, 1995).

Apesar das independências dos países da África negra a máquina da transfiguração do negro tem
sido tão importante que as suas sequelas psicológicas têm deixado permanentemente nos negros,
como indivíduos e como colectividade, (IBDEM).

As ciências sociais em geral e em particular a antropologia que deveriam ajudar o ser humano a
libertar-se dos pré-julgamentos, têm sido contaminadas com uma “desonestidade intelectual
alheia a todo rigor científico, dentro do mecanismo de justificação e imposição do imperialismo
ocidental”

3.2. Antropologia colonial em Moçambique

Desde a subida ao poder da burguesia, na 1ª metade do século XIX, o estudo dos “costumes
populares” foi considerado uma questão de interesse fundamental

No século XIX e a 1ª metade do século XX, a etnografia associa-se á procura de uma identidade
nacional, deve ser encontrada entre “o povo” e não entre as classes urbanas no poder (que não
conformam o autenticamente português, por não serem rurais, apesar de poderem ter uma
experiencia muito antiga).
Acontece que o popular de hoje é rejeitado como má cultura e o popular de ontem é definido
como “tradicional”. Curiosamente o que antes era só hegemónico e burguês é agora considerado
como “popular”.

3.3. A colonização portuguesa em Moçambique

Portugal foi a ultima potência a ocupar militarmente o território moçambicano e a primeira e


única que implantou uma administração moderna.

É a partir dos fins do século XIX, depois da conferência de Berlim (1884-1885) que se
concretiza a ocupação efectiva do território, foi nos princípios deste século que a administração
portuguesa ocupou todo território e que se concretizou, na sua totalidade, a penetração do
capitalismo, (MAZULA, 1995).

Os processos históricos dos povos de Moçambique foram influenciados pela presença quase
sempre com o apoio da violência, por sistemas políticos, económicos e culturais diferentes que
alteram, as evoluções naturais dessas sociedades.

Com a chegada de outras culturas e sistemas de produção, sobretudo quando foram impostos
militarmente e implantados como dominantes por uma administração estrangeira, provocaram
processos de resistência.

 Até então, Moçambique ocupava uma subalterna na estratégia colonial portuguesa,


desempenhando fundamentalmente um papel de apoio a navegação das rotas do oriente e de
fornecedores de escravos, principalmente para o Brasil e Caribe.

Até 1752 o território dependia de administração portuguesa na índia, funcionando como uma
delegação da EUA, (IBDEM).

Localmente, a presença portuguesa limitava-se a alguns postos costeiros e uns poucos locais no
interior, principalmente ao longo do rio Zambeze.

O comércio do ouro e do marfim constituía o principal objectivo económico entre os princípios


do século XVI e os finais do século XVII.
Nas expedições para o interior de Moçambique, os portugueses encontraram a presença dos
comerciantes árabes, começando assim a disputa pelo comercio e pelas vias de comunicação, o
que provocou algumas discordâncias entre as nobrezas portuguesas e a indiana (nobres vindo de
Portugal).

De acordo com MONDLANE, (s/d:195) As limitações económicas e humanas e a


obrigatoriedade da ocupação determinada na conferencia de Berlim, obrigaram Portugal à
diferentes estratégias de colonização, aliando-se as experiências da Inglaterra e França. Deste
modo, Portugal criou as “companhias majestáticas”.

Cerca de 2/3 do território moçambicano ficou sob administração de diferentes companhias,


destacando-se:

Companhia de Moçambique no centro (actuais províncias de Sofala, Manica e Tete); a


companhia da Zambézia, no médio e baixo Zambeze e a actual província da Zambézia,
companhia de Niassa, no norte, correspondendo aos territórios das actuais províncias do Cabo –
Delgado, Nampula e Niassa (universidade Eduardo Mondlane; 1988 e Mosco; 1989). Sul de
Moçambique focou sob administração directa do governo português.

Os capitães destas companhias eram maioritariamente não portugueses principalmente ingleses;


alemães, franceses.

Esta divisão territorial implica diferentes formas de colonização conforme os objectivos dos
capitais continentes das companhias que actuavam de baixo de uma importante influência do
colonialismo inglês na região.

Com o crescimento da população colonial e o surgimento dos primeiros centros urbanos


aumentaram as necessidades de abastecimento alimentar com produtos não tradicionalmente
produzidos pelos camponeses moçambicanos (IBDEM).

A colonização directa no sul contribui para que existisse (comparativamente com o centro e norte
de Moçambique) uma maior densidade de serviços públicos, principalmente os relacionados com
a saúde e com a educação. A igreja contribui de forma significativa das acções educativas e
sanitários, que eram realizadas nas “missões religiosas”.
O centro de Moçambique era o mercado pelas explorações agrícolas construtivas a partir das
companhias majestáticas.

Estas companhias dedicavam-se principalmente á produção de produtos de exportação (açúcar,


chá, sisal, copra, algodão). Estas produções eram realizadas com tecnologias incentivas no factor
trabalho tendo as companhias as zonas específicas para recrutamento de mão-de-obra que era
efectuado com o apoio da administração colonial e das autoridades gentílicas.

Com o acréscimo das necessidades de mão-de-obra nestas plantações e nas minas sul – africanas,
o governo colonial, foi pressionado pela companhia centros de Moçambique a delimitar as áreas
onde era permitido o recrutamento.

3.4. A antropologia pré e pós-independência, em Moçambique    

A história de que dispomos da antropologia em Moçambique é recente. A produção do


conhecimento não se reveste ainda de um carácter sistemático e esta, mesmo no âmbito
institucional, fortemente marcada pela iniciativa individual ou pela imposição de instituições que
financiam os estudos neste domínio.

Na região, as lutas de libertação do Zimbabué e da Namíbia aumentavam de intensidade e


incrementa-se a crise interna do apartheid na África do sul.

Com a independência, foram priorizadas as questões da implantação do poder, o que significa,


principalmente, a reestruturação das instituições e implantação das burocracias da Frelimo em
todo território, (MOSCA, 1985).

 a libertação e  afirmação política e cultural, a formação do exército e a imobilização das


populações para garantir o apóio popular e evitar o surgimento de iniciativas étnicas e para a
resistência do já embrionário conflito regional.

Com a formação do novo governo, surge um regime presidencialista com grande concentração
do poder e no reforço autoritarismo.

Para garantir a ordem e tranquilidade foram criadas duma forma voluntaria grupos
dinamizadores, como órgão de base nas empresas e nos bairros, conselhos e produção como
embriões dos sindicatos e as milícias populares, constituídas por voluntários ao nível dos bairros,
aldeias e das empresas e os grupos de vigilância que eram os piquetes de controlo do movimento
de pessoas nos bairros, aldeias e empresas.

3.4.1. Experiência socialista de Moçambique     

Com a independência, a Frelimo apresentou num projecto de economia e sociedade socialista


assente no poder monopartidista, (IBDEM).

O movimento de libertação transformou-se num partido marxista-leninista no III congresso.

3.4.2. A experiencia da luta armada e o trabalho intelectual

Como toda a produção intelectual, a produção científica em Moçambique corresponde as


condições históricas do seu desenvolvimento, ou seja, aos meios teóricos e práticos do seu
funcionamento.

Os estudos etnológicos moçambicanos foram realizados no âmbito da administração colonial, e


tinha como objectivo conhecer a realidade social, a fim de “bem administrar”, e, algumas vezes,
concomitantemente, fins folclóricos.

O período histórico que corresponde as três décadas em Moçambique foi marcado por duas
grandes viagens: o desencadeamento da luta armada contra o sistema colonial português e a sua
derrota por uma luta articulado em torno de uma ideologia revolucionária visando criar uma
sociedade socialista, (MOSCA, 1985).

Alcançada a independência, torna-se necessário explicar a luta de libertação nacional, o


subdesenvolvimento e a luta de classes neste país descolonizado. Um novo campo teórico se
impunha, pois a experiencia histórica actual colocava um certo número de problemas de ordem
teórica e prática de investigação poderia abordar e resolver.

2.4.3. Sociedade Tradicional em Moçambique        

Na sociedade tradicional, as elites tradicionais eram constituídas pelos chefes mwenes,


seus madodas, médicos tradicionais e outros, estes eram os detentores dos mecanismos do poder
e do privilégio da opinião que lhe permitia tomar decisões sobre os destinos das respectivas
comunidades, assim como produzir e veicular a sua ideologia.
Na perspectiva de PERREIRA (1987:s/p), Ao longo da colonização do território, as autoridades
coloniais foram ganhando consciência da existência de um poder e uma autoridade tradicional
em que o reconhecimento se baseava no oval espiritual e temporal que recebia da comunidade,
em volta das quais girava todo universo existencial as populações tradicionais.

É desta forma que se extrai a razão porque a política colonial inverteu pela captação desse
potencial, conhecendo-o e instrumentalizando-o para a começar do seu objectivo.

Actualmente afirmar que se estão perante que se opera ao nível psicológico e individual isto
porque há no íntimo de cada cidadão uma face africana a que a que ele abdica porque faz parte
de si mesmo, como o nível sociológico e colectivo, numa vez que os valores e princípios
tradicionais, como por exemplo o lobolo e outros ritos de iniciação sempre estiveram bem
presentes no dia-a-dia das comunidades rurais assim como urbanas.

Deste modo se compreendem as razões porque os padrões de vida eminentemente ocidentais


(formais), mesmo quando acompanhados de teor revolucionário e socialista, representa numa
violência muito grande na maneira das comunidades moçambicanas.

Surge um problema a nível elementar, como por exemplo a nível de comunicação: há


inicialmente a questão da língua que dum lado é portuguesa e doutro africano (Língua Nacional).

3.4.4. Principais Actividades da Sociedade Tradicional em Moçambique 

A sociedade tradicional em Moçambique, ao longo do século passado da sua permanência no seu


habitat praticava diversas actividades inerentes à sua cultura e ao seu próprio ambiente, que são
transmitidas de geração em geração, cuja perpetuação chegou até aos nossos dias.

Essas actividades compreendiam diversas secções como produtivas, educativas e recreativas.

Das actividades produtivas salientar-se a caça, a agricultura que é a mais importante de todas, o
artesanato, a olaria, o comércio, a indústria, pesca e navegação (COPANS, 1989).

Das actividades educativas temos a oratura em todas as suas manifestações de contos, lendas,
adivinhas, provérbios e ensinamentos, nas recreativas incluem-se as danças, a música.
3.4.5. Desenvolvimento Histórico e Principais Áreas de Interesse Contemporaneo.

Moçambique é caracterizado por um mosáico cultural e linguístico, e outras especialidades que


necessitam de um novo enfoque, carecem de uma reconceptualização de uma contestação de
certas ortodoxias e paradigmas científicos.  

O conceito relações sociais de género tem estado a ganhar, na prática das flexões da sociologia e
da antropologia, estatuto de paradigma, ao informar sobre as relações sociais entre homens e
mulheres, (MAZULA, 1995).

As análises de género, os estudos sobre a mulher envolvem necessariamente criticam e desafios


aos paradigmas dominantes bem como as abordagens praticadas nas ciências sociais, como parte
de um processo de desenvolvimento de novos paradigmas.

O androcentrismo prevalecente no campo de conhecimento das ciências sociais continua a


ignorar e a marginalizar a contribuição da mulher para a sociedade, ajudando a subordinar a
mulher ao gerar um conhecimento sexista que legitima uma ordem social dominada por homens.

Ao utilizar-se o género como instrumento conceptual, desafiam-se as abordagens convencionais:


as migrações de trabalhos para a vizinha África do Sul, por exemplo, não poderão ser vistas
apenas como empreendimentos masculinos na procura de melhores condições de vida, mas como
um processo de expansão da produção, de distribuição, onde quer os homens quer as mulheres
jogam papeis fundamentais, se bem que distintos, e durante o qual as relações de género são
frequentemente construídas.

BIBLIOGRAFIA 

MAZULA, Brasão. Educação, Cultura e Ideologia em Moçambique (1975-1985) Edições


aprofundamentos, 1995.
PERREIRA, Rui. O Desenvolvimento da Ciência Antropológica na Empresa Colonial do estado
nono.1987

MONDLANE, Eduardo. Lutar por Moçambique, 1ª edição,

COPANS, Jeans. Criticas e políticas de antropologia, volume 1989.

MOSCA, João. A experiência socialista em Moçambique 1985.

GALLAHER, C. Et all, Colonialismo e Emperialismo, 2008.

MARCONI, e PRESOTO, Antropologia: um Introducao a Antropogia  2005

http:/www. ep. antropologia.br/cultura.htm. 12-08-2012

: [Gilberto Freyre em Moçambique: um olhar crítico]

: [Michel Cahen]

: [Moçambique: religiões em confronto?]

: [José Craveirinha]

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