Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Geral
Analisar as formas de parentesco, família e casamento em
Moçambique.
Específicos:
Caracterizar as formas de parentesco em Moçambique.
Indicar as formas de construção de casamentos;
Enfatizar em tono da relação de poder em família.
LAÇOS DE PARENTESCO
Laços de Parentesco: é a relação que decorre da posição
ocupada pelo sujeito no sistema de parentesco. Pode-se falar de
três tipos de laços de parentesco:
Patrilocal Matrilocal
Aquela que estabelece uma residência Aquela que estabelece uma residência
conjunta entre um casal e os pais do conjunta entre um casal e os pais do
homem. Geralmente nas sociedades homem. Geralmente nas sociedades
meridionais de Moçambique há uma meridionais de Moçambique há uma
tendência de as famílias estabelecerem tendência de as famílias estabelecerem
residências patrilocais devido à residências patrilocais devido à
estrutura e natureza do poder que se estrutura e natureza do poder que se
centra nas mãos dos homens. centra nas mãos dos homens.
Neolocal
Funções
De entre as funções que caracterizam o matrimónio macua, realça-se as seguintes:
Legais – estabelecer a legalidade de descendência e da herança;
Sociais – estabelecer uma relação de afinidade com a família da esposa, por parte do
marido;
Sexuais – dar ao marido o monopólio sobre a vida sexual da esposa e vice-versa, a
não ser nos casos previstos pelas leis tradicionais (relações rituais, relações
de hospitalidade e relações em caso de esterilidade);
Económicas - criar direitos mútuos sobre o trabalho de cada um dos cônjuges,
estabelecendo-se desta forma, uma ajuda económica mútua
Formas
O matrimónio macua admite as seguintes formas:
Monogamia (na generalidade);
Poligamia (admitida, normalmente, como factor e sinal de poder, grandeza e riqueza e
igualmente em caso de esterilidade ou doença grave permanente da esposa);
normalmente, é praticada pelos chefes e por pessoas economicamente bem situados.
Casamento na sociedade macua
Segundo MELLO (2009), refere-se Casamento ou matrimónio a um acto legal em que um
homem e uma mulher se unem para construir uma família
Etimologia
A terminologia comum usada em relação ao casamento é a seguinte:
OTHELA - casar-se (referindo-se aos homens)
OTHELIWA - ser casada (referindo-se a mulher)
OTHELANA - matrimónio (referindo dos dois)
OTHELIHA - fazer casar (celebrar o casamento)
OTHELIHIWA - ser obrigado a casar
OKWATTI - casamento, matrimónio
IYA - marido
MWARA – esposa
Outros aspectos
Factor económico
Apesar de não existir, na sociedade macua, a instrução do dote
matrimonial, o factor económico do casamento é importante. Neste
caso, quem enriquece é a família da noiva, porque é esta que cresce
com um novo membro. Com os serviços que o noivo prestará, com o
seu trabalho, a família da mulher crescerá não só em número mais
também economicamente.
Exogamia
Os macuas devem casar-se fora da linhagem, pelo que o
casamento é exogâmico. É proibido casar dentro do próprio
grupo familiar entre aqueles que tem o mesmo apelido
(NIHIMO). Por isso, a tradição aconselha muito cuidado em se
saber, desde o inicio, a que linhagem pertence cada um dos
futuros cônjuges, para não incorrerem na proibição do
casamento entre as pessoas da mesma linhagem:
Funções Do Lóbolo
Deste modo, as funções do lóbolo eram múltiplas. Em primeiro lugar
representava uma compensação (no sentido lato) e não um ―dote‖ nem um
―preço de compra‖, como de forma errada alguns o têm considerado nos dias de
hoje. Em segundo lugar legalizava a transferência da capacidade reprodutora
da mulher para o grupo familiar do marido, de que passava a fazer parte. Em
terceiro lugar dava carácter legal e estabilidade à união matrimonial.
Em quarto lugar tornava o marido e respectiva família responsáveis pela
manutenção e bem-estar da mulher lóbolada (esposa). Em quinto lugar
legitimava os filhos gerados, que se consideravam sempre como pertencentes à
família que havia pago o lóbolo. Em sexto lugar constituía um meio de aquisição
de outra unidade reprodutora para o grupo enfraquecido.
O Sentido Do Lóbolo
Antigamente o lóbolo não era mais do que uma cerimónia que representava uma união conjugal,
extremamente tradicional. Isso para dizer que era de carácter obrigatório para quem quisesse
construir uma família.
A família do noivo era obrigada a levar para casa da noiva um certo dote, em forma de
―agradecimento‖ por ela ter sido bem tratada e educada. E nesse momento ambas se conheciam e
selavam oficialmente a união conjugal, após satisfeitos os requisitos exigidos pela família da
Lobolada. As exigências variavam de acordo com o que existia abundantemente em uma
determinada época.
Por exemplo, houve alturas em que em Moçambique, na prática do lóbolo as famílias da noiva
exigiam como sinal de ―troca‖, esteiras, pilões, enxadas. Mas com tempo as exigências foram
mudando, passando a ser alianças de ouro.
Depois disso vieram as cabeças de gado (sobretudo no sul de Moçambique), mas com as guerras, o
gado também começou a escassear, daí vieram os produtos das mercearias dos homens de raça
branca e indiana (capulanas, panelas de alumínio, vestidos, fatos…). Mas nisso tudo, os factos
materiais eram apenas uma forma de gratificação que a família do esposo pretendia ceder, pelo
facto da noiva lhes agradar. Observando que muitas delas se casavam virgens, e tendo
conhecimentos de todos os deveres domésticos que uma rapariga educada dentro dos parâmetros
tradicionais deveria ter. Considera-se também que o lóbolo servia de mecanismo protector da
mulher e dos seus filhos em caso de uma fatalidade que a deixe sem recursos. A mulher lobolada
e com filhos, em caso da morte do marido, passa a ser um encargo da povoação onde vive, isto é,
sente-se protegida e para ela a situação do lóbolo é um amparo nas contingências da vida.
Faz-se referência a três outros detalhes que, revelavam o carácter do lóbolo:
A orientação que pendia sobre o grupo familiar da mulher de apresentar uma substituta no caso
de comprovada esterilidade da lobolada;
A obrigação dos irmãos mais velhos ajudar os mais novos na obtenção do lóbolo;
A continuação da viúva no grupo familiar do marido.
Deste modo, ao casar-se, a mulher tornava-se mais do que esposa de determinado indivíduo.
Tornava-se membro da família do marido.
Casamento em Moçambique e Suas Novas Formas De Conjugalidade
Casamento Ou Matrimónio
Actualmente o matrimónio é um vínculo estabelecido entre duas pessoas, mediante o
reconhecimento governamental, cultural, religioso (vide casamento religioso) ou social e
que pressupõe uma relação interpessoal de intimidade, cuja representação arquetípica é
a coabitação, embora possa ser visto por muitos como um contrato.
Entretanto, admite-se que o casamento é, ao mesmo tempo, contrato e instituição social,
pois apesar de possuir a forma de um contrato (sendo na verdade bem mais que um
mero contrato). As pessoas casam-se por várias razões, mas normalmente fazem-no para
dar visibilidade à sua relação afectiva, para buscar estabilidade económica e social, para
formar família, procriar e educar seus filhos, legitimar o relacionamento sexual ou para
obter direitos como nacionalidade.
Um casamento é frequentemente iniciado pela celebração de uma boda, que pode ser
oficiada por um ministro religioso (padre, rabino, pastor), por um oficial do registo civil
(normalmente juiz de casamentos) ou por um indivíduo que goza da confiança das duas
pessoas que pretendem unir-se.
Em direito, é chamado "cônjuge" às pessoas que fazem parte de um casamento. O termo
é neutro e pode se referir a homens e mulheres, sem distinção entre os sexos.
Actualmente com a evolução há novas formas conjugais e uma variação no quanto a
selecção de parceiros é uma decisão individual pelos próprios parceiros ou de uma
decisão colectiva por parte de seus parentes, existindo uma variedade de opiniões que
regulam quais parceiros são opções válidas.
Actualmente em outras sociedades Moçambicanas, um parceiro deve ser escolhido de
um mesmo grupo. Este é o caso de muitas sociedades que praticam religiões
Muçulmanas e outras, na qual a sociedade é dividida em vários clãs totémicos
exogâmicos, como a maioria das sociedades.
Lóbolo nos dias de hoje em Moçambique
Faz-se notar também que o lóbolo sofreu algumas modificações. As regras da economia
monetária degradaram as relações entre os indivíduos e entre os grupos familiares. Onde
outrora se processava uma repartição coerente de mulheres e de alianças, passaram a surgir
competições e ganâncias onde só entra o factor material.
Infelizmente podemos notar que o sentido do lóbolo tem sido assustadoramente deturpado
pelos nossos mais velhos. Sim, eles é que fazem a lista das exigências da família! Mas vamos
focalizar um ponto: Actualmente é muito raro encontrar mulheres que são loboladas virgens, e
com conhecimentos de trabalhos domésticos. Coisa que não acontecia, e se tal acontecesse, a
família da noiva era obrigada a pagar multa, saldando assim a dívida para com a família do
noivo.
A procriação, que permitia ao homem realizar-se orgulhosamente como genitor, continuava a
ser a finalidade principal do casamento, e que a criança se mantinha no âmago da sociedade.
Afirmava-se já uma crescente espontaneidade na selecção sexual, sendo frouxamente
respeitada a autoridade e a opinião dos parentes. Este incremento das tendências
individualistas, acelerado pelo facto de os jovens dependerem pouco do auxílio dos parentes
para conseguir a importância necessária ao lóbolo, não deixa, por vezes, de dar origem a
conflitos.
O lóbolo deixou de ser considerado como meio de aquisição de uma mulher para o irmão da
noiva e, por pressão da economia monetária, passou a ser pago predominantemente em
dinheiro, que é dispendido do mesmo modo que o obtido com os salários ou a venda de produtos
agrícolas. Ao lóbolo passou a ser dada uma utilização meramente especulativa, ansiando os
pais, por pura avidez de lucro, exigir importâncias cada vez maiores.
Hoje, para além de continuar a ser exigido não só pelos pais devido aos lucros que auferem,
mas também pelas mulheres que o julgam como factor de protecção e como uma afirmação do
seu valor pessoal, o lóbolo é também desejado pela maioria dos homens que o consideram como
prova indiscutível dos seus direitos sobre as mulheres e sobre os filhos gerados.
Novas formas de conjugalidade
Nas novas formas de conjugalidade necessário para a união de
uma família de fazer o casamento tradicional, religioso e Político,
e só pode ser celebrado por quem tiver a capacidade matrimonial
exigida por lei.
Neste tipo de casamentos a capacidade matrimonial dos
nubentes é comprovada por meio de processo preliminar de
publicações, organizado nas repartições do registo civil a
requerimento dos nubentes ou do dignitário religioso, nos termos
da lei de registo.
Verificada no despacho final do processo preliminar de
publicações a inexistência de impedimentos à realização do
casamento, o funcionário do registo civil extrai o certificado
matrimonial, que é remetido ao dignitário religioso e sem o qual
o casamento não pode ser celebrado.
O consentimento dos pais, legais representantes ou tutor,
relativo ao nubente menor, pode ser prestado na presença de
duas testemunhas perante o dignitário religioso, o qual lavra
auto de ocorrência, assinando-o todos os intervenientes.
Para a realização do casamento religioso é indispensável a
presença:
Dos nubentes ou de um deles e o procurador do outro;
Do signatário religioso competente para a celebração do acto; e
De duas testemunhas.