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INSTITUTO TÉCNICO PRIVADO DE SAÚDE PUPILOS BRILHANTES

CURSO DE ANÁLISES CLÍNICA

TRABALHO DE FAI

ESTRUTURA DA FAMÍLIA AFRICANA

10ª Classe
Sala nº 9
Turma: AC10BT
Turno: Tarde

 Teresa Polo
 Rosa Jovete Docente
 Valéria Vinevala _____________________
 Regina Soky Domingos Matumona
 Rosa Pascoal

Luanda, 2023
Índice

Introdução ......................................................................................................................... 1

FUNDAMENTO TEÓRICO ............................................................................................ 2

2. Conceito ........................................................................................................................ 2

3. Classificação das Famílias ............................................................................................ 3

3.1. Filiação unilinear ou unilateral .......................................................................... 3

a) Filiação Patrilinear ou Agnática ............................................................................ 3

b) Filiação cognática .............................................................................................. 4

c) Dupla filiação unilinear ......................................................................................... 4

4. A Família Numa Sociedade Em Mudança ................................................................ 5

5. Papel Da Família Na Sociedade ................................................................................ 6

6. Casamento ................................................................................................................. 7

Conclusão ......................................................................................................................... 8

Referência Bibliográfica ................................................................................................... 9


1. Introdução

O primeiro sistema social no qual o ser humano é inserido a partir do seu


nascimento é a família, enquanto instituição ou seja, organização social que controla o
funcionamento da sociedade e por conseguinte dos indivíduos é considerada a mais
antiga da humanidade. Sua definição ao longo dos séculos, contudo, sofreu e ainda sofre
variações no tempo e no espaço, oferecendo paradoxos para a sua plena compreensão.

Na cultura ocidental, actualmente seu significado não se limita ao conjunto de


pessoas heterossexuais que possuem grau de parentesco entre si e vivem em uma
mesma casa - com seus ascendentes e descendentes - formando um lar. Suas novas
configurações - atendendo a outros modelos conjugais e afectivos - estendem-se
também a famílias constituídas por casais com orientações homoafectivas, biafetivas e
até mesmo assexuais, fazendo surgir relações outras como a homoparentalidade.

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FUNDAMENTO TEÓRICO

2. Conceito

O conceito de família não pode ser considerado um sistema estanque, inalterável


e definido, pois ele evolui e constantemente se transforma. O certo é que a família e as
relações familiares são experiências sociais muito mais complexas do que seus próprios
termos e categorizações (monoparental, homoparental, clássica) buscam definir,
forjando-nos uma compreensão de que são os laços de afeição mais do que as
configurações genéticas que de fato a constitui.

Em boa parte das sociedades africanas a família, resumidamente, é definida


como uma unidade grupal na qual se desenvolvem três tipos de relações:

 Aliança (casal);
 Filiação (pais/ filhos);
 Consanguinidade (irmãos).

Sua unidade fundamental é a família extensa, que funciona como elemento


mítico, espiritual, social e solidário. Suas estruturas possuem um carácter intensamente
comunitário, onde o indivíduo exerce funções com importância colectiva, e não
raramente seu interesse é subordinado ao geral. O comunitarismo ainda faz parte da
religião, das formas de vida económica e da existência de inúmeras sociedades especiais
(aquelas que actuam no espaço entre a família e a tribo).

Neste contexto podemos ver a família como um conjunto invisível de exigências


funcionais que organiza a interacção dos membros da mesma, considerando-a,
igualmente, como um sistema, que opera através de padrões transaccionais e no seu
interior os indivíduos podem constituir subsistemas, podendo estes ser formados pelas
gerações, sexo, interesse e/ ou função, havendo diferentes níveis de poder, e onde os
comportamentos de um membro afectam ou influenciam os outros membros.

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3. Classificação das Famílias

De acordo com Aghassian et all (2003), as famílias podem ser classificadas em:

3.1. Filiação unilinear ou unilateral

Quando o parentesco só é transmitido aos filhos de um casal legítimo por um dos


pais, com exclusão do outro. Quando o pai transmite o parentesco, a filiação é
patrilinear; quando é a mãe que o transmite, a filiação é matrilinear.

A filiação unilateral ou unilinear segundo o autor subdivide-se em:

a) Filiação Patrilinear ou Agnática

De acordo com Aghassian, et all (2003), os filhos fazem parte do grupo de


parentesco do pai, o que significa que os pais transmitem o parentesco. Nas sociedades
Patrilineares a linha de perpetuação de grupos de parentesco passa exclusivamente
através dos homens. Tal como se verifica em nas regiões centro e norte do pais como a
WLSA já havia identificado como sendo regiões que apresentam o sistema Patrilinear e
como e o caso das regiões sul e centro os homens tem tido mais valor em relação ao
homem. a defende que nas sociedades patrilineares a importância social dos homens é
maior do que das mulheres.

A patrilinearidade é mais frequente nas sociedades onde as actividades económicas


masculinas são decisivas e o seu papel social é sobrevalorizado. A filiação patrilinear é
a forma mais comum da filiação unilinear. Neste sistema de filiação e organização
patrilinear, os membros de um grupo de parentesco unem-se pela ligação a um
antepassado comum masculino através de uma linha de ascendência - descendência que
cruza as diferentes gerações somente através de parentes masculinos.

Numa dada geração, os irmãos e irmãs, entre si, pertencem a patrilinhagem do seu
pai e do seu avó paterno, assim como a dos irmãos e irmãs tanto do pai como do avô
paterno. Tantos filhos como as filhas de um homem traçam a sua ascendência a um
antepassado comum através de uma linha masculina. Nestes grupos a responsabilidade
social em relação as crianças cabe ao pai ou irmão mas velho e dentro desta linhagem os
homens prestam atenção aos descendentes masculinos.

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a) Filiação Matrilinear Ou Uterina

Quando os filhos fazem parte do grupo de parentesco da mãe, o que significa que só
as mães transmitem o parentesco. Matrilinearidade em Moçambique é mais frequente na
região norte do país e uma parte do centro (Tete). Nas sociedades matrilineares, o
parentesco passa exclusivamente através da mulher, nesta a matrilinhagem ocorre nas
sociedades onde a horticultura é uma actividade importante, pois aí as mulheres têm o
papel económico mais importante.

A filiação matrilinear é diferente na forma como traça a matrilinhagem assim como


na forma de realizar o poder autoridades e estruturam a nível da família. Nela as
mulheres têm por vezes bastante poder, mas nunca absoluto sobre o seu grupo de
filiação, pois este é partilhado com os irmãos que tem maior interesse em exercer o
maior poder controlo possível sobre a descendência das suas irmãs. Na matrilinhagem,
os irmãos e irmãs pertencem a linhagem da mãe e da avó materna, que é também a dos
irmãos da mãe e dos filhos da irmã desta.

b) Filiação Cognática
Diferente da filiação unilinear, ou filiação diferenciada, a filiação cognática é uma
filiação indiferenciada, pois o parentesco é transmitido tanto pelo pai como pela mãe. A
filiação cognática reconhece o parentesco de ambos os lados. Todos os descendentes
têm direitos e obrigações, deveres e privilégios idênticos para com os seus parentes
paternos e maternos.

c) Dupla Filiação Unilinear

Quando duas filiações unilaterais se justapõem, cada uma regendo, com exclusão da
outra, a transmissão de determinados direitos Por exemplo, entre os Yako da Nigéria, o
grupo paterno, Kepun, está localizado; pais e filhos habitam com as suas mulheres num
mesmo aglomerado, o grupo materno, Lejima, está disperso: tios e sobrinhos uterinos
vivem, cada um, junto do seu grupo paterno. O pai transmite ao filho as suas terras
cultiváveis, mas o gado e o dinheiro vão para o filho da sua irmã: come-se no lado
paterno e herda-se no lado materno.

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4. A Família Numa Sociedade Em Mudança

Ao longo da história, famílias têm ajudado a constituir sociedades fortes. A


família é a melhor provisão para criar filhos que se tornem adultos responsáveis.

De acordo com Relvas e Alarcão, (2002), citados por IRKA (2002), nos último
50 anos, no Ocidente, a família modificou as suas dimensões, organizou-se de formas
diversas e tem em conta novos valores. No entanto, ser família além de ter um carácter
único e de funcionar como um todo é fazer parte integrante de um sistema de contextos,
como a comunidade e a sociedade.

A estrutura familiar, organizada por papéis e funções de cada elemento de cada


sistema, é a responsável para que não existam duas famílias iguais. Desta forma, a
família não pode ser considerada um sistema estanque e inalterável, pois ela evolui e
complexifica-se. Os elementos transformam-se ao longo da sua vida familiar, mediante
exigências provenientes do interior ou do meio social, onde é necessária a adaptação a
novos papéis de modo a equilibrar o funcionamento familiar.

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5. Papel Da Família Na Sociedade

É grande a importância da família para a construção de uma sociedade estruturada,


saudável e equilibrada. Na família africana é notório a responsabilidade pelo
crescimento harmonioso da criança e educa as novas gerações nos valores morais,
éticos e sociais. É ela ainda juntamente com o estado que asseguram a educação da
criança, formando-a nos valores da unidade nacional, no amor à pátria, igualdade
entre homens e mulheres, respeito e solidariedade social.

Em relação a esta questão, Shaffer (2005) estabelece que a função mais importante
de uma família em todas as sociedades é cuidar e socializar seus filhos. A socialização
seria segundo ele, o processo pelo qual as crianças adquirem crenças, valores, e
comportamentos considerados apropriados e importantes pelos membros da sua
sociedade. Shaffer, acrescenta que é a família que possui uma função inicial importante
no que se refere à socialização infantil. A família serve de instrumento primário de
socialização visto que os eventos dos primeiros anos são tão importantes para o
desenvolvimento social, emocional e intelectual.

Para Aghassian, (2003). Diz que a família tem como função primordial a
de protecção, tendo sobretudo, potencialidades para dar apoio emocional para a
resolução de problemas e conflitos, podendo formar uma barreira defensiva
contra agressões externas. É visto aqui que a família ajuda o indivíduo a manter
uma boa saúde física e mental, a lidar com as diversas situações da vida,
situações de stress por exemplo e outras situações difíceis a que se pode
atravessar.

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6. Casamento

O casamento é o ato de celebração de matrimônio, por meio do qual constitui-se a


família de modo a se pautar na comunhão de vidas estabelecidas entre o casal. Nas
palavras de Ana Carolina Brochado Teixeira, Gustavo Pereira Leite Ribeiro e Alexandre
Miranda Oliveira.

Conceituamos o casamento como sendo um contrato de família, solene e especial,


entre duas pessoas, que visam a uma comunhão de vidas. E justificávamos, afirmando
que é um contrato, porque nasce com a vontade das partes de constituírem uma família
exigindo tal consentimento. Porém não basta tal consentimento; é necessário à sua
confirmação que sejam observadas as normas e procedimentos próprios, traçados pela
lei, de molde a se aperfeiçoar. Por isto mesmo, solene e especial, já que existe forma
específica para celebração.

O casamento é o ato solene pelo qual se unem, estabelecendo íntima comunhão de


vida material e espiritual e comprometendo-se a criar e educar a prole que de ambos
nascer, sob determinado regime de bens. O instituto do casamento vem sendo
modificado nas últimas décadas, em função do avanço social. Aquilo que era antes
conhecido como sendo meramente um contrato, a partir do qual a única exigência para
sua concretização era o consenso das partes, passou-se a considerar como essencial o
seu caráter sacramental de constituição de um laço familiar.

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Conclusão

Todavia a família é o primeiro espaço onde o individuo se insere e o qual ajuda


na promoção de ser pessoa. É neste contexto que ele se conciencialisa dos seus papeis
primários e onde se inicia o processo de socialização primaria (transmissão de valores,
hábitos e costumes, e tradições entre gerações), que o leva à articulação com a
comunidade. Actualmente verifica-se o surgimento de novos estilos de família como:
homossexuais e monoparentais que trazem a necessidade de redifirmos a família. No
entanto, os africanos têm a concepção de famílias alargadas (colectivistas) que se difere
da europeia restrita (individualista).

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Referência Bibliográfica

Dessen. M & Silva, N (2001). Deficiência Mental e Família Implicações para o


Desenvolvimento da Criança. Disponíve em
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010237722001000200005&script=sci_arttxt
acessado em 06 de Fevereiro de 2023.
Dioma, S. e Vilela, C. (2005). A Importância que a Família exerce na
Sociedade. Disponível em http://4pilares.zi-yu.com/?page_id=314 acessado no dia 06
de Fevereiro de 2023

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