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UNIVERSIDADE ROVUMA

FACULDADE DE LETRA E CIENCIAS SOCIAIS

Alain Zihalirua

Ancha Maria Alfredo

Byaene Bitomwa

Davide Florentino Docente : Arlett


Mário Piote

TEMA: Parantesco

- Noções de parentesco e suas características, e lobolo, caso do povo macua

Introdução

O presente trabalho da cadeira de antropologia cultural de Moçambique vai falar acerca de noções de
parentesco e suas características, para dar continuidade, o presente trabalho também vai falar acerca do e
lobolo em Moçambique em geral e do povo macua em particular, e também dentro do presente trabalho,
serão dadas definições de parentesco e seus tipos, de lóbolo e de características do povo macua face grau
de parentesco e ao casamento.

Portanto, compreende-se o parentesco como um termo que vem para definir regras de relacionamento dos
indivíduos dos diferentes grupos como os parentes do primeiro grau não têm relações sexuais entre si, que
estabelecem valores culturais e sociais tendo em conta regras de controlo económico, autoridade política e
domestica dos grupos.

O Parentesco

Desde há muito que a questão do parentesco vem sido discutida por vários cientistas, que segundo estes
chegaram a conclusão de que o sistema primitivo de parentesco tem sido uma forma de organização
social destas sociedades, por isso carece de um estudo de extrema importância e desempenha um valor
social dentro das mesmas sociedades (Bernardi 1974:257).

De acordo com Bernardi, 1978:259,O parentesco e um vinculo que liga os indivíduos entre si em vista da
geração e da descendência.
Tipos de parentesco

Dependendo do tipo de sociedade o parentesco pode adquirir-se por via de consanguinidade, por
afinidade ou por adopção.

Parentesco por consanguinidade

Este remete a uma relação biológica dos progenitores que se manifesta na descendência genealógica. Esta
liga indivíduos singulares por via natural, onde atribui representações dos laços de parentesco um poder
de coacção e de normatividade (Bernardi 1974:259 e Rivière 1995:63). A consanguinidade além da sua
formação natural, tem um dever de ser reconhecido socialmente, como forma de dar aos indivíduos uma
integração e um estatuto aos indivíduos dentro do grupo pertencente, assim como estruturar os laços
existentes entre os mesmos; por exemplo a adopção de uma criança.

Entretanto, os progenitores nem sempre desempenham os papéis de pai e mãe, mas eles detêm um papel
de pais sociais, visto que estes ascendem a este individuo não tem uma ligação natural, contudo a
sociedade reconhece os seus papéis de pais adoptivos apesar de não existir uma ligação consanguínea.

Parentesco por afinidade

Esta é de ordem social que se baseia nas normas sociais conhecidas ou por lei. O parentesco por afinidade
esta relacionado com o matrimónio, mas por laços de afinidade entre duas pessoas no processo de
socialização entre os indivíduos. O processo de afinidade é durável por muito tempo até chegar a
definição de parente; contudo, cada indivíduo vai determinar quem é parente de acordo com o grau de
afinidade existente.

Lobolo

Lobolo é um conceito que não reúne consenso no seio do debate académico, podendo cada autor optar por
valorizar uma ou algumas dimensões em detrimento de outras.

Porém, a excessiva tónica colocada na questão económica, como observa Taibo (2012), constitui um facto
bastante redutor e empobrecedor da definição, na medida em que ignora outros factores que existem no
universo do lobolo.

De acordo com o trabalho de Taibo (2012), o lobolo é caracterizado hoje por sua diversidade e variação,
transitando em perspectivas novas, adoptadas mediante as outras práticas culturais presentes na sociedade
moçambicana e as antigas, consideradas como fundamentais em uma cerimónia, que devem ser
respeitadas. O lobolo assumidamente transcende o amor, tratando-se de uma relação intrínseca com o
mundo dos antepassados da noiva e do noivo, em que se estabelece um contacto directo e contínuo entre
os vivos e os mortos e, por intermédio da conexão com os espíritos antepassados e a realização de suas
exigências, fundamenta-se a harmonia social entre os noivos, e, sobretudo, sela o laço social entre ambas
as famílias, abençoando e garantindo prosperidade à família que está por vir.

Características do povo macua face grau de parentesco e ao casamento

Na sociedade moçambicana o casamento não é um evento que acontece entre duas pessoas, mas entre
duas famílias, e isso também se aplica para a sociedade Macua. Toda a comunidade realmente se sente
envolvida em um casamento, uma vez que entra em jogo a consistência, a reputação e o futuro de uma
linhagem da sociedade em geral.

Os ritos de casamentos são parte de um processo que leva cerca de um ano, e todos os rituais que
compõem este processo são considerados importantes para o mesmo.

Para a sociedade Macua o casamento é muito importante, uma pessoa não é completa se não se casa, é
visto como um tempo de crescimento pessoal e de maior integração na comunidade.

No casamento Macua não existe o dote (a mulher que leva consigo os bens) nem o preço da noiva (o
homem que oferece bens para a família da noiva); considera-se que com o casamento a família da noiva
enriquece porque adquire um novo membro que ajudará na casa e nos campos.

Quando os dois jovens começam a sentir atracção um pelo outro, o rapaz fala com seu tio manifestando o
desejo de casar-se com a moça. O tio consulta os pais do rapaz e os anciãos da família, depois iniciam-se
as negociações com a família da moça. Essas negociações podem durar várias semanas.

Durante esse tempo, a família da moça faz pesquisas sobre a família do moço para ter certeza de que não
há laços de sangue entre eles e para verificar a reputação do nome. Investigações terminadas e aprovado o
rapaz, esse é entregue à família da moça com a qual ele vai viver por um ano; período de teste, durante o
qual vivem juntos como um casal de fato, em todos os sentidos.

Conclusão

Durante a elaboração do presente trabalho, percebemos que na sociedade moçambicana, o casamento não
é um evento que acontece entre duas pessoas, mas entre duas famílias, e isso também se aplica para a
sociedade Macua. Toda a comunidade realmente se sente envolvida em um casamento, uma vez que entra
em jogo a consistência, a reputação e o futuro de uma linhagem da sociedade em geral.

Bibliografia

Bernardi, Bernardo. Introdução aos Estudos Etna Antropológicos. Edições 70: Lisboa, 1974

Brown, Radclifee; Forde, Daryll. Sistemas Políticos Africanos de Parentesco e Casamento. Fundação
Calouste Gulbenkian: Londres, 1950.

Ghasarian, Christian. Introdução ao Estudo do Parentesco. Terramar, 1999.

BERNARDI,B., introdução aos estudos etno-antropologicos,1974

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