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DEPARTAMENTO DE ARQUEOLOGIA E
ANTROPOLOGIA
Março, 2021
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Introdução
O seguinte trabalho consiste numa pesquisa científica que vai ser efectuada
no âmbito do Curso de Licenciatura em Antropologia. Este trabalho, tem como tema O
impacto da dinâmica do lobolo na sociedade Shangane actualmente: um estudo de
Chongoene/Nhacutse., como foco principal analisar o impacto que a modernização ou
globalização tem numa prática milenar como é o lobolo.
Problema de pesquisa
Portanto, comoo as sucessivas mudanças sociais, o lobolo apresenta novas interpretações nas
diversas culturas, ultimamente tem emergido atributos pejorativos e desclassificações no que
concerne a certas exigências e elementos que obrigatoriamente o processo de lobolo exigem
na zona sul de Moçambique, sendo interpretado atribuído a interpretações como um acto que
serve para obter vantagens económicas, políticas e sociais num contexto da sua praticidade,
sendo visto assim como uma prática que serve para responder as necessidades das famílias
aproveitadoras, que usam a união dos seus filhos para benefícios próprios.
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cultural exercida pelos indivíduos numa determinada sociedade não é igual, pois toda
reprodução cultural consiste numa alteração daquilo que foi apreendido pelos próprios
indivíduos anteriormente, em que as categorias por meio das quais o mundo atual é
orquestrado assimilam algum novo conteúdo empírico. Portanto, como afirma a Rhuann
Fernandes (2020) vVeremos que, pelo facto de o lobolo ser interpretado historicamente como
uma cerimônia de compensação, foi reinventando-se ao longo dos tempos, devido às
interações sociais dos indivíduos, decorrentes, em princípio, de processos socioeconômicos.
Portanto, por forma a debruçar-me sobre o dinamismo do lobolo, a sua relevância, diferentes
contextos e mudanças socio-económicas. Isto porque, mesmo apesar da sua presença
histórica em Moçambique houve vários momentos em que esta prática sofreu com os
processos de mudanças sociais, mas apesar disso ate hoje prevalece, porque será? Com base
nesse processo de mudanças sociais, anuncio a minha questão em forma de pergunta de
partida: qual é o tipo de lobolo que encontramos na sociedade Shangane na actualidade e
suas tendências?
Deve problematizar mais a sua questão e tentar imprimir um maior rigor científico ao seu
texto:
3. O próprio cerimonial em si, sofreu várias mudanças e quase que cada família tem a sua
forma de celebrar-lo...
No fim disto não fica claro para mim, o que realmente a Saugina quer observar, a sua
pergunta de partida não está muito clara para mim. Esse é o ponto fundamental para ter um
fio condutor ao longo de todo o seu trabalho:
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Objectivos
Objectivos Gerais
Objectivo Específicos
Elaborar sobre as transformações que ocorreram nessa prática do lobolo ao longo dos
anos.
Revisão da literatura
Na mesma perspectiva, Fernandes (2020: página da citação?) Nessa direcção, podemos dizer
que a reprodução de uma categoria cultural exercida pelos indivíduos numa determinada
sociedade não é igual e varia de acordo com as situações sociais que eles atravessam, pois
toda reprodução cultural consiste numa alteração daquilo que foi apreendido pelos próprios
indivíduos anteriormente: “as categorias culturais através das quais o mundo actual é
orquestrado assimilam algum novo conteúdo empírico”.
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Bagnol (2008) alega que, em Moçambique, a prática do lovolo estava geralmente relacionada
com a população camponesa rural e analfabeta e era comumente apresentada como uma
transação monetária entre as parentelas envolvidas a venda da mulher apesar das críticas,
feitas particularmente pelo governo da FRELIMO, esta prática persiste nas zonas rurais e
entre a classe média e alta que compõe as áreas urbanas do sSul do país. Na mesma premissa,
Junod (1974: página da citação), afirma que, o significado do lobolo, é “comprar casamento”
e informa que ocorre quando o pai pede ao pretendente da filha uma determinada quantia
para tirá-la de casa, não pode ser confundido com o termo “dote”, que assume outro sentido.
Quando um homem identifica o momento propício para casar, ele anuncia aos amigos e
percorre as aldeias à procura de uma mulher. Ao encontrar sua pretendente, regressa à casa
dos pais e diz que se interessou por sua futura esposa. Desse modo, o homem mais velho da
família sai para pedir a mão da mulher desejada, que pode recusá-lo, caso não se sinta
agradada.
Porém, Radcliffe-Brown (1974) contra-argumenta a ideia dos dois autores acima quando os
mesmos afirmam, que o lobolo seria um ato instrumental de “compra” da mulher, porque,
com isso, estaríamos tratando o lobolo como um carácter económico e perderíamos de vista o
complexo vínculo simbólico entre o noivo e a família de sua esposa. Para o autor, porém, a
noiva não rompe com sua família apesar de serndo propriedade da família do noivo, na
realidade, tanto ela quanto os filhos continuam ligados por meio da aliança aos parentes
maternos, mesmo depois de um casamento virilocal.
Na mesma linha de reflexão, Mauss (2003) procurou colocar a dádiva na origem da troca, ele
mostra que a dádiva é oposta à troca mercantil, mas demonstra, igualmente, através da
formulação da tríplice obrigação - dar, receber e retribuir -, que é a origem natural das
estruturas de reciprocidade nas condições do parentesco original, em particular em termos de
exogamia e de filiação, e estabeleceu a existência de formas de reciprocidade direitas e
indirectas ou seja, a reciprocidade original de base corresponde ao casamento exogâmico, que
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ele interpreta, uma possibilidade ou uma garantia ao estabelecimento de relações de troca
entre as famílias. Na visão de Bagnol (2008), não olha o casamento como uma reciprocidade,
mas sim, uma comunicação entre os vivos e os seus antepassados, portanto, ele olha o
indivíduo numa rede de relações de parentesco e de aliança tanto com os vivos como com os
mortos.
De forma geral, partido das ideias elencadaos pelos autores acima, percebe-se que a prática
do lobolo no sul de Moçambique, tem mais a ver com motivos sócio-culturaistradicionais do
que financeiros. Esta explicação tem uma ligação com o que Giddens (2000) afirma que as
tradições são necessárias, e persistirão sempre, porque dão continuidade e forma a vida, para
além de que elas têm os seus guardiães, feiticeiros, sacerdotes e sábios que conquistam a sua
posição e poder graças ao facto de serem os únicos capazes de interpretar a verdade ritual da
tradição.
Referências Bibliográficas
BAGNOL, Brigitte 2008 Lovolo e espíritos no Sul de Moçambique. Análise Social, vol.
XLIII (2.º). Pp.251-272. Disponível em
http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/aso/n187/n187a03.pdf. Acessado em: 17 de Julho de
2021.
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JUNOD, Henri Alexandre. 1974 Usos e costumes dos bantus. 2ª Edição, Tomo I.
Moçambique: Imprensa Nacional de Moçambique. Pp. 1-86.
Marcel Mauss 2003 Sociologia e Antropologia: ensaio sobre a dádiva. COSACNAIFY. São
Paulo. Pp. 2-70.
GIDDENS, Anthony 2000 Tradição. In: O mundo em descontrole: O que a globalização está
fazendo de nós. Rio de Janeiro: Record. Pp.47-60