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Índice

1.0. Introdução...............................................................................................................2

2.0. Lobolo.....................................................................................................................3

2.1. A prática do Lobolo e suas Etapas.........................................................................3

2.2. O lobolo moderno e o pós-colonial........................................................................4

2.3. Vantagens e Desvantagens do Lobolo....................................................................4

3.0. Conclusão...............................................................................................................6

4.0. Referencias.............................................................................................................7
1.0. Introdução
O presente trabalho, apresenta resultados de investigação teórica sobre o lobolo em
Moçambique (preço da noiva), trazendo abordagens no âmbito da teoria antropológica.

O lobolo é entendido como a oferta feita em compensação à família da noiva pela


família do noivo, o lobolo ocupa, dessa forma, lugar de destaque na teoria antropológica
do parentesco. Na medida em que esses estudos se mantiveram localizados em
contextos sociais definidos como primitivos, permaneceram aprisionados na dicotomia
estruturante da reflexão antropológica entre nós, os modernos, e eles, os nativos. Porem,
os contextos etnográficos, na África, transformaram-se rapidamente ao longo do século
XX, e a distância entre a sociologia da modernidade e a antropologia dos povos
primitivos parece cada vez mais artificial.
2.0. Lobolo
O lobolo pode ser entendido como um casamento costumeiro e recorrente a alguns
países Africanos, uma prática tradicional que envolve o kulovola uma designacao do
Sul de Moçambique (significa dar bens à família da noiva para realizar uma união
reconhecida entre os parentes do noivo e os parentes da noiva). Apoia-se na dinâmica,
transformando-se e reinventando-se ao longo dos tempos pelas interacções sociais dos
indivíduos decorrentes dos processos socioeconómicos. Uma prática que se generalizou
culturalmente na sociedade moçambicana e que hoje, de acordo com as famílias que o
praticam e a região do país, assume diversos contornos, podendo estar inserido no
conflito entre a tradição, o sincretismo religioso e os valores ocidentais modernos

2.1. A prática do Lobolo e suas Etapas


A antropóloga moçambicana Honwana (2002) afirma que nenhuma prática tradicional
pode ser interpretada como uma cópia exacta de uma prática anterior, porque elas são
criadas e recriadas por intermédio dos processos de interacção social e históricos. Nesse
sentido, podemos dizer que a reprodução de uma categoria cultural exercida pelos
indivíduos numa determinada sociedade não é igual e varia de acordo com as situações
sociais que eles atravessam, pois toda reprodução cultural consiste numa alteração
daquilo que foi apreendido pelos próprios indivíduos anteriormente: “as categorias
culturais através das quais o mundo actual é orquestrado assimilam algum novo
conteúdo empírico” (Sahlins 1990:181), assumindo valor dinâmico. É nesse sentido que
o lobolo é esculpido.

Apesar das modificações atribuídas ao lobolo durante a sua prática, há algumas fases
básicas tradicionais para sua realização:

 A primeira etapa está associada à intenção do noivo estabelecer um vínculo com


a mulher desejada; para tal, parentes e amigos próximos aparecem na casa da
mulher num encontro denominado hikombela-mati (pedir água). Nesse caso,
seus representantes levam alguns presentes específicos e abrem o diálogo para
futura cerimónia de lobolo, identificando a mulher designada pelo noivo. Esse
encontro estabelece o primeiro laço com a mulher e seus familiares por parte do
noivo e de sua família, e os presentes servem como mão de entrada. Nessa
ocasião, os familiares da noiva aproveitam para entregar a lista de exigências
(carta de lobolo) para realização da cerimónia. Após alguns meses ou anos,
dependendo da capacidade do noivo para adquirir os presentes, o lobolo é
realizado.

No dia do lobolo o casal, aparece os parentes mais íntimos, incluindo também vizinhos
e amigos do casal, que influenciam, pela oratória, nas negociações e trocas simbólicas
dos presentes. Em geral, bem antes da cerimonia de lobolo ocorre o Mukutho, um culto
realizado para os antepassados, para sua invocação e, posteriormente, o diálogo com
eles para que o lobolo ocorra bem. Ao chegarem à casa do pai da noiva, os familiares do
noivo são recepcionados e ambos os lados iniciam cantos e danças.

2.2. O lobolo moderno e o pós-colonial


O aspecto particular das sociedades primitivas obrigaria a constituição da teoria
assentada em bases particulares, como vimos. O conceito ou noção de “preço da noiva”,
que foi desenvolvido nos moldes clássicos da tradição antropológica consiste justamente
num vocábulo de tradução, enfeixando significados distintos, particulares, referidos a
cada grupo, e universais, remetendo à formalização superior. Ora, o casamento e o
lobolo são a forma prática singular de representação para esse vínculo dinâmico.

Ao descrever, muito brevemente, um conjunto de questões que poderíamos associar ao


chamado lobolo moderno no Sul de Moçambique ou, de modo mais rigoroso, ao lobolo
pós-colonial, deveríamos considerar, dessa forma, os limites epistemológicos fornecidos
por uma malha teórica estabelecida em bases coloniais, constrangida, que estava, a
operar em termos de uma oposição cristalina entre nós e eles, e devotada a conhecer
para submeter. Assim, a condição de pós-colonialidade deveria ser reconhecida, não
apenas definida em termos de um marco cronológico, mas em relação a uma perspectiva
crítica que questiona hierarquias e epistemologias consolidadas

2.3. Vantagens e Desvantagens do Lobolo


O lobolo assumidamente transcende o amor, tratando-se de uma relação intrínseca com
o mundo dos antepassados da noiva e do noivo, em que se estabelece um contacto
directo e contínuo entre os vivos e os mortos e, por intermédio da conexão com os
espíritos antepassados e a realização de suas exigências, fundamenta-se a harmonia
social entre os noivos; e, sobretudo, sela o laço social entre ambas as famílias,
abençoando e garantindo prosperidade à família que está por vir.

Levando em consideração processos de modernização em sociedades periféricas, ou não


ocidentais, a perspectiva antropológica poderia, porventura, apresentar uma
contraposição problemática à ideia de que só a modernidade produziu valores e traços
sociais realmente universais em alcance e validade, como está posto na sociologia.
Actualmente, se tem visto oportunismo por parte da Família da Mulher, distorcendo
assim o real significado do Lobolo embora seja traduzido como O preço da noiva.
Por outro lado, há uma interpretação errada por parte do noivo, alguns que consideram a
cerimonia, como um processo de compra, buscando assim obrigar a mulher a estar
100% submissa e impedida de se divorciar quando conveniente.
3.0. Conclusão
Em gesto de conclusão, é imperioso salientar que a pratica do tem sofrido alterações
deste os tempos remotos. Parte destas alterações, são recentes, porem existem
discrepâncias na forma de praticar este costume, pois, Geralmente em África e no nosso
Pais em Particular, esta pratica varia de região em região

O problema é que as sociedades africanas escaparam ao círculo de giz do colonialismo e


talvez, como Harris aponta, nunca tenham sido tão sistémicas como os funcionalistas
gostariam. Os contextos resistentes à mudança podem bem ter sido mais uma constante
que uma excepção. De qualquer forma, o que vemos agora, na primeira década do
século XXI, é uma África pós-colonial que reinventa etnicidade e modernidades,
dialogando com o legado pós-colonial das maneiras contraditórias que conhecemos.
Mas não seria justamente a antropologia a disciplina capaz de transcender a
particularidade da universalidade ocidental?
4.0. Referencias
GRANJO, Paulo. 2004. “O lobolo de meu amigo Jaime: um velho idioma para novas
vivências conjugais”. Travessias - Revista de ciências sociais e humanas em língua
portuguesa, n. 4: 47-78.

TAIBO, Ruben Miguel Mário. 2012. Lobolo (s) no Moçambique contemporâneo:


mudança social, espíritos e experiências de união conjugal na cidade de Maputo. 2012.
Dissertação (Mestrado em Antropologia Social): UFPR.

Granjo, Paulo. 2005. Lobolo em Maputo. Um velho idioma para novas vivências
conjugais. Porto: Campo de Letras.

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