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Universidade Rovuma
Extensão de Cabo Delgado
2023
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Chafim Mussa
Universidade Rovuma
2023
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Sumário
1.Introdução.................................................................................................................................4
2.O casamento para os Macuas....................................................................................................5
2.1 As relações sexuais.................................................................................................................6
2. 2 Divórcio................................................................................................................................6
2.3 Os ritos de iniciação como forma de preparação do homem para o casamento......................7
2.4 Ritos de iniciação masculino..................................................................................................7
2.5 O decurso dos ritos.................................................................................................................7
2.6 Vantagens e desvantagens dos ritos de iniciação....................................................................8
2.6.1 Vantagens............................................................................................................................8
2.6.2 Desvantagens.......................................................................................................................8
4. Referências bibliográficas......................................................................................................10
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1. Introdução
Na história da humanidade, ritos de iniciação têm sido empregados por inúmeras
culturas para marcar passagens entre diferentes períodos da vida. Esses ritos são
frequentemente conectados a momentos cruciais do ciclo vital, como a transição entre a
infância e a adolescência ou entre o jovem e o adulto.
Esses ritos também podem ser relacionados com o começo de novas fases de vida como
a madureza ou a velhice. Além de marcar essas transições, os ritos também servem para
fornecer orientação sobre as mudanças sociais e psicológicas necessárias, ajudando as
pessoas a se adaptarem ao novo ciclo de vida.
É importante notar que esses ritos não são apenas um passo individual, mas também um
processo social, cuja atividade dá suporte e significado à vida daquele que passa pelo
rito. O processo dá sentido ao passado e projeta um futuro. Portanto, esses ritos tendem
a ser bem elaborados e muitas vezes com cerimônias complexas.
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2. O casamento para os Macuas
Os ritos de casamentos são parte de um processo que leva cerca de um ano, e todos os
rituais que compõem este processo são considerados importantes para o mesmo.
Para a sociedade Macua o casamento é muito importante, uma pessoa não é completa se
não se casa, é visto como um tempo de crescimento pessoal e de maior integração na
comunidade.
No casamento Macua não existe o dote (a mulher que leva consigo os bens) nem o
preço da noiva (o homem que oferece bens para a família da noiva); considera-se que
com o casamento a família da noiva enriquece porque adquire um novo membro que
ajudará na casa e nos campos.
Quando os dois jovens começam a sentir atração um pelo outro, o rapaz fala com seu tio
manifestando o desejo de casar-se com a moça. O tio consulta os pais do rapaz e os
anciãos da família, depois iniciam-se as negociações com a família da moça. Essas
negociações podem durar várias semanas. Durante esse tempo, a família da moça faz
pesquisas sobre a família do moço para ter certeza de que não há laços de sangue entre
eles e para verificar a reputação do nome. Investigações terminadas e aprovado o rapaz,
esse é entregue à família da moça com a qual ele vai viver por um ano; período de teste,
durante o qual vivem juntos como um casal de fato, em todos os sentidos.
O moço deve demonstrar que é um bom rapaz, que é trabalhador, é fértil e que será um
bom marido. Se um dos dois decidirem, nesta fase, que não estão convencidos um do
outro, o processo se interrompe e se separam, sem quaisquer consequências. Se durante
o ano de teste der tudo certo, os anciãos da família irão estabelecer a aprovação final do
casamento.
O casamento real e verdadeiro passa por uma série de cerimônias que mudam muito de
região para região, por isso, não faz muito sentido descrever esta versão. São oferecidos,
no entanto, uma refeição comunitária, um ritual de sacrifício aos antepassados, a entrega
dos presentes aos noivos e uma festa final com canções e danças.
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2.1 As relações sexuais
Para um casal as relações sexuais são uma fonte de união entre os cônjuges e entre estes
e os antepassados e o resto de suas famílias, entretanto há uma série de situações em que
os cônjuges não podem ter relações: durante a menstruação, após o parto até o desmame
da criança, em caso de doença, em caso de morte de um parente muito próximo, durante
os ritos de iniciação de seus filhos e durante a preparação de grandes ritos tradicionais
de sacrifício.
2. 2 Divórcio
Se o casal tiver divergências insuperáveis, ou em casos de infertilidade, impotência,
adultério, abortos frequentes, morte frequente dos filhos, ou maus tratamentos graves,
normalmente procura-se encontrar soluções para estes problemas através de debates na
família ou comunidade liderada pelos chefes das respectivas famílias. Se não
conseguem chegar a um acordo, apela-se para o tribunal comunitário, presidido pelo
chefe da aldeia, o qual organiza um processo real com várias testemunhas, debates e
julgamento. Caso a decisão seja pelo divórcio, o marido volta para sua família deixando
os filhos com a mulher e os dois serão livres para se casar novamente.
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2.3 Os ritos de iniciação como forma de preparação do homem para o casamento
Na sociedade tradicional moçambicana, em algumas regiões do país realizam-se os ritos
de iniciação.
Conforme LAURA (2003) "os ritos de iniciação são cerimonias de caráter tradicional e
cultural praticado nas sociedades africanas que visa preparar o adolescente para encarar
a outra fase da vida, isto e, a fase adulta".
Eles variam de província para província, de região para região, de religião para religião
e de sexo para sexo.
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Quando já aproximam ao local escolhido pelo chefe tradicional no meio de uma floresta
o padrinho tapa-lhes os olhos e os tambores e os apitos rufam de modo a que não possa
ouvir os gritos dos outros circuncidados.
A navalha tradicional usada nesta operação e antes levada ao fogo para evitar infecções.
Depois da operação o Namuko deita-lhes um remédio tradicional para cicatrizar a
ferida. Neste intervalo de tempo ate que a ferida cure o jovem e proibido de comer
alimentos salgados, segundo a tradição, a infectaria a ferida. Neste período não pode
tomar banho e nem tocar água.
E raro que alguém se morra por infecção, mas quando alguém morre não se anuncia a
família até acabar o período de incubação todo o grupo regressa a casa.
2.6.1 Vantagens
Uma das principais vantagens dos ritos de iniciação, e a criação de vínculos de união, a
sensação de pertencimento a um grupo e a mudança de estatuto social, elas também
representam um período de transição entre duas fases da vida, como a transição entre a
fase de criança para a fase adulta.
Os ritos também podem transmitir conhecimento e história oral entre gerações, além de
fornecer uma base cultural para interação social.
2.6.2 Desvantagens
Uma das principais desvantagens dos ritos de iniciação e o risco de exposição a abusos
físicos ou psicológicos, especialmente em casos de ritos de iniciação de grupos ilegais,
cultos ou seitas.Outras desvantagens dos ritos de iniciação e a discriminação por não
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participar do rito ou pela raça, a cultura da violência psicológica, o preconceito de
gênero, ou a submissão a praticas que podem ser maléficas.
3. Conclusão
O propósito final desses ritos é trazer sentido e estabelecer novos valores e identidades.
Como todo processo social, os ritos de iniciação podem mudar ao longo do tempo e
adaptar-se às novas demandas sociais e culturais. Além disso, as atividades dos ritos
poderão ter diversas funções diferentes, como socializar os novos membros em suas
funções e costumes, transmitir conhecimento ao grupo, fazer parte dos processos de
auto-identificação e passar crenças, códigos, crenças e valores a novos membros do
grupo.
A teoria de que a partir de tais ritos, novos membros podem ser moldados, reafirmados
e validados pode ser observada em situações diversas, desde as cerimônias de formatura
até as experiências militares de recrutamento, passando por diferentes processos
culturais.
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4. Referências bibliográficas
Rites of Passage: A Theoretical and Cross-Cultural Investigation" (Rites of Passage: A
Theoretical and Cross-Cultural Investigation), de M. Harris, que fala sobre a
importância do rito de iniciação e suas relações com diversas culturas.
The Rites of Passage" (As Rites of Passage), do antropólogo Arnold van Gennep, fala
sobre os aspectos históricos, etnográficos e sociais dos ritos de iniciação em diversas
culturas.
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