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CASAMENTO
UMA ALIANÇA MANTIDA PELO COMPROMISSO?
CASAMENTO
UMA ALIANÇA MANTIDA PELO COMPROMISSO?
RESUMO
A aliança matrimonial, baseado no compromisso entre um homem e uma mulher,
cuja afinidade os leva a comprometerem-se mutuamente e assim permanecer por
toda a vida. Embora seja este o interesse e desejo comum no início da relação, para
muitos, com o passar dos anos, acaba mudando. Diante disso, numa sociedade
fragmentada, cheia de relacionamentos descartáveis, também o casamento sofre
com isso. Para tanto, a Palavra de Deus lembra que o compromisso firmado é
duradouro e o próprio Deus se coloca junto com casais, não apenas para mantê-los
unidos para toda a vida, mas fazer desse relacionamento algo agradável e aprazível
para os componentes dessa união, dessa aliança.
1. INTRODUÇÃO
O presente artigo tem por finalidade buscar em literaturas a fundamentação
de que o compromisso firmado no início de uma relação pode ajudar a mantê-la pelo
tempo determinado. No caso da aliança matrimonial, um compromisso para toda a
vida.
Numa retrospectiva, através de literatura, constatou-se que o casamento
nem sempre teve a mesma conotação como o percebemos hoje. Por outro lado,
também se percebe que a relação rompida sempre causa ferimentos nas partes
envolvidas. Por isso, numa visão maior que a do ser humano, que envolve o Criador
e as diretrizes por Ele deixadas ao ser humano, pode-se detectar que o homem e a
mulher, ao relacionarem-se e assumirem o compromisso da união, podem buscar
nele e através do desejo próprio a restauração e superação de dificuldades
1Artigo apresentado ao Curso de Especialização em: Pós Graduação (lato sensu) em Aconselhamento Pastoral
Familiar. FLT – Faculdade Luterana de Teologia – São Bento do Sul/SC, 21/05/2016.
2 Bacharel em Teologia. Faculdade Luterana de Teologia. São Bento do Sul/SC, 2009. E-mail:
p.carloskruger@gmail.com.
relacionais, bem como um suposto esfriamento ou imperceptibilidade do amor.
Desta forma, além da literatura, também casais foram questionados a
respeito do seu relacionamento e compromisso, expondo seu ponto de vista sobre
como entendem o compromisso que assumiram e o que seriam capazes de fazer
para mantê-lo.
Para tanto, vale perguntar se o casamento ainda tem seu espaço no meio
da sociedade? É merecedor de investimento, crescimento? Mesmo que para alguns
o casamento é algo fora da moda, ultrapassado; para a família e sua
sustentabilidade, sua funcionalidade, ele continua sendo vital, digno de ser olhado
com mais atenção e responsabilidade.
2. O CASAMENTO
5. MANTENDO O COMPROMISSO
Muitos casais têm perdido dentro de casa seu valioso tesouro: “seu
cônjuge”. É quase como a parábola que Jesus traz em Lucas 15.8-10 da mulher que
perdeu uma moeda e a procura até encontrar. Quando encontra, faz uma festa e
convida os vizinhos. Parece que a separação já não é mais vista como a perda de
um tesouro valioso. Ao contrário, para muitos, apenas mais um casal que se separa.
Por que isso virou algo tão normal para a sociedade contemporânea? Segundo
CARDOSO (2000),
As pessoas têm uma capacidade surpreendente de se acomodar de forma gradativa
a situações desfavoráveis na vida. Alguns perdem completamente a noção do
prejuízo que estão amargando, aceitando com resignação amargas condições de
existência. As perdas diluídas em suaves prestações diárias podem ser
contabilizadas em proporções inimagináveis, depois de alguns anos. Há aqueles que
minimizam suas perdas, dizendo: ‘é assim mesmo, isto acontece com todas as
famílias’. Com esta atitude, rebaixam suas expectativas e não se dispõem a lutar para
transformar sua condição (CARDOSO, 2000, p. 31).
Essa citação tem 16 anos, mas continua real, também dentro de igrejas, onde
pessoas se conformam com as situações e não lutam contra elas, não praticam o
que Paulo diz em Romanos 12.2: “Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas
transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de
experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”.
Numa pesquisa informal, realizada durante um encontro, com 20 casais
em uma Comunidade Evangélica Luterana no mês de abril de 2016 com a seguinte
pergunta: “Quando a paixão no casamento desaparece, o ‘amor’ esfria, o
compromisso do casamento é suficiente para manter o relacionamento conjugal”?
Das pessoas entrevistadas, que compunham casais de um ano a 43 anos de
casamento, 90% acredita que o casamento precisa da paixão e do amor, mas
quando eles desaparecem, é no compromisso firmado com Deus que a paixão e o
amor são resgatados.
Erich Fromm (2006) ao se referir ao amor, nos mostra que o amor é como
uma arte a ser aprendida. Nada diferente de uma profissão, como por exemplo: um
pintor, um músico ou mesmo a medicina como a engenharia. O amor não é uma
situação acidental em que nele se “tropeça” e então o amor se tornará eterno, mas
uma qualidade que vai exigir conhecimento e uma boa parcela de esforço. A teoria e
a prática, o exercício de manter unido precisam andar juntos (FROMM, 2006, p. 14).
Também é preciso compreender que o ser humano é um ser complexo e se realiza
quando todo o seu ser se satisfaz. É nessa satisfação que também o relacionamento
conjugal tem respeitável parcela, pois um complementa o outro. Quando essa
complementariedade está ausente, a infelicidade aparece.
A fim de ‘curar’ essa falha e ajudar os casais infelizes que não conseguiam amar-
se mutuamente, muitos livros davam instruções e conselhos relativos à correta
conduta sexual e prometiam, implícita ou explicitamente, que felicidade e amor
viriam em seguida. A ideia subjacente era a de que o amor é filho do prazer
sexual, a de que, se duas pessoas aprendem a satisfazer-se sexualmente, amar-
se-ão uma à outra. Adequava-se à ilusão geral da época imaginar que o uso das
técnicas corretas é a solução não só dos problemas técnicos da produção
industrial, como também de todos os problemas humanos. Ignorava-se que a
verdade está no oposto a essa ideia subjacente (FROMM, 2006, p.68).
Esse amor, não é firmado em ventos passageiros ou em técnicas, mas na sua
própria essência que é Deus, conforme 1 João 4.16: “Deus é amor”. Sendo assim,
podemos observar que mesmo em meio a crises e dilemas, quando a intenção de
um casal é permanecer unido, encontra-se meios para isso. Esse continua sendo o
papel de conselheiros e terapeutas em ajudar casais e famílias a manterem seus
vínculos, lembrando que a vivência em sociedade também é consequência daquilo
que a família busca e realiza em seu lar, além de todos os componentes externos,
como globalização, estresse, etc.
Do ponto de vista de Deus o lar deve ser um lugar: Atraente, aconchegante, limpo,
de capricho. Pois não é um depósito de lixo! O lar verdadeiro imprime em seus
descendentes valores que se perpetuam de geração para geração. O tipo de
educação que dermos a nossos filhos dentro de nossos lares ajudará a
desenvolverem bons hábitos, senso de obrigação, amor, lealdade e respeito para
com os outros. Se o lar é a oficina de Deus, se os pais são as ferramentas que
Deus quer usar para a formação de seus filhos, se nossa sociedade clama por
homens justos e tementes a Deus, qual deve ser a nossa posição diante de
tamanhos desafios? - Fazer de nossos lares um altar, onde o holocausto
(sacrifício) de nossas vidas, sirva de fiel para a glorificação de Jesus Cristo.
(Casamento: União Divina p. 65).
6. O ELEMENTO ESSENCIAL
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sendo assim, podemos constatar que quando um casal decide se amar e cultiva
esse amor, ele vive isso a cada dia. Seria como um jardim que é regado e cultivado.
A ausência disso resultaria em sequidão e crescimento de ervas daninhas, ou seja, a
falta de água impede a vida e a falta do cultivo, da retirada das ervas daninhas,
implica em sufocar o amor, o relacionamento.
Talvez essa seja a principal razão de tantos casais não continuarem no
compromisso conjugal, ou simplesmente dizerem que o amor não existe mais. Mas
seria o amor que não existe mais ou ele está simplesmente sufocado pela falta de
cultivo e cuidado? Neste ínterim, podemos perceber que o compromisso pode sim
manter o relacionamento e acontecerá quando for regado e cultivado.
Este trabalho não tem como princípio fazer um ensejo apologético ou
legalista de forçar um relacionamento por causa do compromisso assumido, apenas
mostrar que quando honramos um compromisso e caminhamos junto com um Deus,
fazemos das nossas decisões não um peso, mas uma caminhada suave e prazerosa
e Deus, o Criador do ser humano e do relacionamento, terá todo o prazer de
abençoar o casal que assim decidir caminhar.
REFERÊNCIAS
CARDOSO, Amauri Munguba. Em busca do que se perdeu. In: Revista Ultimado, jul-
ago 2000, p. 31-32.
COLE, Edwin Louis. Homem ao máximo. Trad. Myrian Talitha Lins e Ana Carolina
Vitela. 2 ed. Belo Horizonte, Betânia. 2006, 192p.
FROMM, Erich. A arte de amar. São Paulo: Martins Fontes, 2006, 99p.
LAHAYE, Tim e Beverly. O Ato Conjugal depois dos 40. Trad. Myrian Talitha Lins.
Betênia, Belo Horizonte. 2002, 288p.
STANGE, Klaus Andreas, Revista Orientação: teologia a serviço da vida. Nr 01, jan-
jun 2014, FLT, p. 10-11.
WANKE, Roger Marcel. Revista Orientação: teologia a serviço da vida. Nr 01, jan-
jun 2014, FLT, p. 6–7.