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Olímpia Ernesto Chinombe

Familia e Casamento no Sul, Centro e Norte de Moçambique

Licenciatura em Ensino Básico

Universidade-Save

Massinga

2023
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Olímpia Ernesto Chinombe

Familia e Casamento no Sul, Centro e Norte de Moçambique

Licenciatura em Ensino Básico

Trabalho de pesquisa da cadeira de Antropologia


Cultural ser apresentado na Faculdade de
Educação e Psicologia para efeitos de avaliação.

Docente: MSc. Samuel Baúque

Universidade-Save

Massinga

2023
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Índice
CAPITULO I.................................................................................................................4

1.1.Introdução................................................................................................................4

1.2.Objectivos................................................................................................................4

1.2.1.Objectivo Geral.....................................................................................................4

1.2.2.Objectivos Específicos..........................................................................................4

1.3.Metodologia.............................................................................................................4

CAPITULO II: REVISÃO DA LITERATURA............................................................5

2.1.Família em Moçambique.........................................................................................5

2.1.1.Classificação das Famílias....................................................................................6

2.2.Casamento................................................................................................................6

2.2.1.Tipos de Casamento..............................................................................................6

2.2.2.Casamento no Sul de Moçambique......................................................................7

2.2.2.1.O Lobolo............................................................................................................8

2.2.2.2.Casamento Patrilocal no Sul de Moçambique...................................................9

2.3.Casamento no Centro e Norte de Moçambique.......................................................9

2.3.1.Sistema Bilateral.................................................................................................10

2.3.2.O casamento Matrilocal no Centro e Norte de Moçambique.............................11

2.3.3.Casamento Ambilocal.........................................................................................11

3.Conclusão..................................................................................................................12

4.Referências Bibliográficas........................................................................................13
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CAPITULO I

1.1.Introdução

A família é o núcleo da sociedade, descrito em parentesco vigente pela organização


estrutural perpetuando a geração em geração pela linhagem. A descrição da família em
Moçambique caracterizada pela composição dos membros ligados por sangue e
afinidade, seja pela união matrimonial de forma tradicional e no registo civil, que
compõe a sociedade em Moçambique do norte, centro e sul do país. Em Moçambique, o
lobolo constitui uma prática importante na sociedade urbana e rural, porque alia-se aos
valores morais, tradicionais das sociedades matsuas, bitongos, changanas e rongas. Isso
deve-se ao facto de o lobolo permitir estabelecer uma comunicação ou o
restabelecimento da harmonia social. Ele inscreve o indivíduo numa rede de relações de
parentesco e de aliança tanto em grupos étnicos endogâmicos e exogâmicos.

1.2.Objectivos

1.2.1.Objectivo Geral

 Compreender a descrição da Família e Casamento no Sul, Centro e Norte de


Moçambique.

1.2.2.Objectivos Específicos

 Descrever a composição da família em Moçambique;


 Explicar a formação dos sistemas culturais que prevalecem em Moçambique;
 Reafirmar a narrativa dos casamentos no sul (o lobolo), centro e norte de
Moçambique.

1.3.Metodologia

Para realização do trabalho recorreu-se a pesquisa bibliográfica de obras publicadas


como livros, monografias, dissertações disponíveis na internet que abordam sobre
casamentos em Moçambique a partir do Norte, Centro e Sul de Moçambique, em
autores como Karberg, S. (2015). Participação Política das Mulheres e a sua Influência
para uma maior capacitação da Mulher em Moçambique. Marinho Antunes, M.L.
(1984). A Família, Hoje. In Colecção Estudos, da Direcção-Geral da Família. Para
revisão, análise do conteúdo, baseou-se nas normas da Universidade Save.
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CAPITULO II: REVISÃO DA LITERATURA

2.1.Família em Moçambique

A família é a célula primária ou célula base do organismo social, como ponto de


encontro da natureza e da cultura (ONU, 1948). A família é o elemento natural e
fundamental da sociedade e do Estado (Marinho Antunes, 1984).

Na familia, inegavelmente estão presentes as relações humanas mais candentes e mais


significativamente humanas:

a) A relação universal do homem e da mulher;


b) A relação criada dos pais com os recém-nascidos;
c) As relações de gerações diferentes. Quando se fala da importância social da
família reconhece-se geralmente o alto grau de relevância no ordenamento
social.

A família representa ordenamento e a padronização de normas de Comportamento no


que se refere ao sexo; regulamenta os direitos, os deveres com relação à prole, à sua
educação e a responsabilidade com os novos membros da sociedade (Lévi-Strauss,
1976).

A família não perdeu a sua significação social, o que aconteceu é que novas condições
(urbanismo, revolução industrial, migrações) fazem-la passar por um período de grandes
transformações, com as consequentes grandes perturbações e reajustamentos seguidos
de crises. Consequências e não causas. Pouco cuidado tem-se dado à preparação para o
casamento (formação integral dos noivos, economia doméstica, planeamento familiar. e
ou outros aspectos), a fim que a instituição familiar estivesse em grau de enfrentar as
crises provocadas pelas mudanças sociais.

Algumas das consequências desta crise são: a diminuição do tamanho da família, de


extensa passa lentamente a nuclear, o trabalho de ambos os cónjuges fora do lar; perca
do carácter religioso; transferência de muitas das suas funções para o Estado e
organizações privadas; instabilidade do vínculo com alto índice de separações e
divórcios; o controlo da natalidade por novos métodos; a despenalização do aborto na
maioria dos Estados; as uniões de facto, sem vínculos permanentes; o aparecimento de
novas uniões homossexuais equiparáveis ao casamento (Lévi-Strauss, 1976).
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2.1.1.Classificação das Famílias

Considerando o número de membros:

 Familia Nuclear: a menor unidade social ligada por laços de consanguinidade,


de afinidade e de adopção;
 Família Extensa: congrega várias famílias nucleares, agrega várias casas.
 Família Alargada: a família alargada ao conjunto composto por homens de
determinada linhagem e por mulheres pertencentes a estirpes diferentes e
respectiva prole. A família alargada compreende, assim, um certo número de
famílias nucleares (ou famílias-base) e tem na pessoa do avô o chefe que toma
sobre si, no que toca ao bem-estar do conjunto, as principais responsabilidades;
é ele que mobiliza, em particular, os recursos económicos do grupo e que
define, em caso de conflito, o comportamento da família. O sistema de
linhagem é fundamental no sentido de potenciar certas situações de carácter
económico, político e religioso que nunca poderiam ser conseguidas pela
família nuclear (Marinho Antunes, 1984).

2.2.Casamento

O casamento envolve um conjunto de prestações que desempenham a função de


legitimação do casamento ou da união estável que articulam a circulação das mulheres,
constituindo uma forma de reprodução social e de acumulação de riqueza ao longo e
gerações nas sociedades contemporâneas (Pinho, 2011).

O casamento é uma instituição social que visa estabelecer vínculos de união estáveis
entre o homem e a mulher baseados no reconhecimento do direito de prestações
recíprocas de comunhão de vida e de interesses, segundo as normas das respectivas
sociedades. Não se trata de um tipo de partilha qualquer, deixado ao livre albedrio e
inclinações dos intervenientes, mas de uma comunhão de interesses mútuos (Bernardi,
1978).

2.2.1.Tipos de Casamento

 A monogamia ou união legítima de um homem com uma mulher;


 Há duas espécies de poligamia: a poligamia (ou união de um homem com várias
mulheres) e a poliandria (ou casamento de uma mulher com vários homens)
(Marinho Antunes, 1984).
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Moçambique tem uma cultura patriarcal muito forte nas estruturas familiares e nas
relações sociais em todos os territórios do país, com diferenças regionais; o sul possui
uma cultura familiar patrilinear, ao passo que o Norte dispõe de valores matrilineares,
mas ambos são grandemente dominados pelos homens (Karberg, 2015).

De acordo com escolha dos nubentes, o casamento pode classificar-se em:

 Livre, quando os nubentes têm plena liberdade na escolha do seu parceiro;


 Preferencial, quando apenas se considera aconselhável que o indivíduo despose
uma determinada pessoa ou entre as pessoas de uma determinada categoria
social;
 Prescrito, é o casamento compulsório e preestabelecido, onde as pessoas, ao
nascer, ficam Comprometidas com outras, tendo em vista um casamento futuro.
Nestes casos pode haver casamentos prescritos de primos cruçados e casamentos
prescritos de primos paralelos. E importante observar a relatividade deste
procedimento, pois alguns desses casamentos que em certas sociedades são mais
do que aconselháveis, isto é, obrigatórios, noutras sociedades estão prohibidos
(Augé, 1978).

Quanto a procedência cultural dos cônjuges, o casamento se pode classificar em:

 Casamento endogámico, isto é, ambos os cònjuges pertencem ao mesmo grupo


sócio-cultural;
 Casamento exogámico, quando os cònjuges são de grupos sócio-culturais
diferentes (Augé, 1978).

2.2.2.Casamento no Sul de Moçambique

A sociedade patrilinear define as raízes familiares, seguindo a linhagem masculina. Os


indivíduos definem a sua descendência a partir de um ascendente comum, afastado
cinco ou seis gerações, e formam uma linhagem Na realidade, isto significa que nos
sistemas patrilineares os homens assumem propriedade dos recursos de todos os
agregados dentro da família, e é o homem que autoriza a mulher a utilizar certos
recursos (Karberg, 2015, p.14). Os homens herdam do pai os bens e os títulos
honoríficos. Só se reconhecem como parentes os que o são pela linha paterna, não
podendo os eventuais contactos com a família materna atingir de qualquer forma a sua
pertença ao grupo do respectivo pai (Bologne, 1999).
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Nas sociedades patrilineares a descendência é através da linhagem paterna. Aqui o


casamento é mais vinculativo e o divórcio mais ‘difícil’ e complicado para as mulheres,
sendo que os filhos e os bens tendem a ficar com o marido e, em caso de morte do
marido, com a família do marido (Collier, 2007). No que diz respeito ao divórcio, a
mulher simplesmente pode ser mandada embora, principalmente quando do casamento
não resultam filhos. Neste sistema de organização familiar, o lobolo é um aspecto
característico e marcante, que vincula a mulher ao seu marido e à família do marido.
Os ritos de iniciação educam as mulheres a serem esposas obedientes, submissas e
como agradar aos seus maridos ou homens. Algumas comunidades praticam o levirato,
uma prática que estabelece o casamento da viúva com seu cunhado, para continuar a
pertencer à família do marido. Existe ainda o Kutchinga (Sul do país) ritual que obriga a
viúva a manter relações sexuais com o irmão mais novo do marido falecido,
acreditando-se que o acto purifica a viúva e a casa, evitando com que um ‘mal’ caía na
família. As mulheres também são acusadas de feiticeiras e acusadas de terem causado a
morte dos maridos. Em certos casos, quando o marido morre, são expulsas da casa e não
lhes é reconhecido nenhum direito sobre os bens e/ou filhos. Estes casos são mais
comuns nas zonas rurais, onde a maioria das mulheres reside e não tem acesso à justiça
(Monteiro, 2011; Namburete, 2009).

2.2.2.1.O Lobolo

De acordo com Santana (2009), defende que o lobolo é uma forma de casamento de
reconhecimento social e que confere a mulher um status social. O lobolo visa assegurar
a conservação e continuidade de um determinado sistema de linhagem dos cônjuges. A
prática do lobolo visa compensar a saída da mulher da casa da família para a casa do seu
parceiro, que passa usufruir de benefícios, como por exemplo a descendência e a
produção (Santana, 2009).

Segundo Santana, 2009, p. 95) o lobolo tem as suas raízes na forma de organização das
sociedades tradicionais, a partir das quais a família desempenhava um importante papel
nas relações sociais e na produção económica do colectivo, tendo como eixo principal a
produção familiar. Assim, o casamento constituía uma instituição significativa porque
era por ele que se garantia a produção agrícola e a geração da descendência. Neste
sentido, as mulheres cumpriam um papel central nessas sociedades. O matrimónio,
portanto, representava um acordo realizado entre dois grupos familiares sob jurisdição
do chefe da linhagem, mas a saída de uma das mulheres da família para o casamento
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exigia, da família do noivo, uma compensação que deveria ser paga à família da noiva,
sendo essa quantia utilizada posteriormente para o casamento do seu irmão.
Actualmente integra-se como parte fundamental dos rituais simbólicos de casamento e
consiste na entrega, por parte da família do noivo à família da noiva, de gado, dinheiro,
entrega de roupas (um facto para o pai da noiva, duas capulanas para mãe da noiva e
outra para avó), bebidas (garrafão de vinho) e outros bens, antes da realização da
cerimónia do casamento ou da ida da noiva para a casa dos parentes do marido,
simbolizando, assim, a união entre as duas famílias. Casamentos sem lobolo eram, e
ainda são, em algumas comunidades, considerados ilegítimos (Loforte, 2003).
Assim, o lobolo é um acto que define a situação das mulheres e dos homens, bem como
estrutura as posições e como as relações sociais entre os dois passam a ser estabelecidas,
vislumbrando-se manifestações de poder dos homens para com as mulheres, em nome
da cultura e da tradição.

2.2.2.2.Casamento Patrilocal no Sul de Moçambique

O casamento definido patrilocal, passa a morar na casa do pai do esposo. Neste caso, a
família é constituída por um homem, a sua esposa ou esposas e os seus filhos homens
adultos com as respectivas esposas e filhos. Ficam sempre juntos no tempo todos os
filhos de sexo masculino. O resultado desta formação são os grupos de colaboração
masculina, jerarquicamente organizados. A normativa exige que as mulheres residam na
casa onde moram os maridos (Augé, 1978)

2.3.Casamento no Centro e Norte de Moçambique

Nas sociedades matrilineares a descendência é através da linhagem materna, sendo que


os bens passam de geração em geração através dos familiares da mãe, permanecendo,
deste modo, na linha sanguínea. Aqui a posição da mulher é relativamente fortalecida
porque, após um divórcio, a casa e os filhos continuam fazendo parte da família da
mulher, conferindo-lhe alguma vantagem. Contudo, mesmo elas serem um elemento-
chave, não significa que detenham o poder formal, porque o poder está investido no
irmão da mãe (tio materno), que detém o direito de distribuir os bens e recursos (Collier,
2007).
O sistema matrilinear confere um certo poder às mulheres, no que diz respeito a
manutenção da guarda dos filhos e herança após o divórcio ou morte do marido.
Entretanto, esse poder é simplesmente formal, porque quem distribuí e toma conta dos
filhos do finado é o tio materno. No sistema matrilinear, o irmão da mãe ultrapassa
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visivelmente o pai na orientação da educação da prole, mostra forte intransigência e


dureza, enquanto que o pai se revela benevolente e brando, chegando mesmo a assumir
a defesa dos jovens perante o seu tio (Bologne, 1999).
O que indica que a mulher ainda não é vista socialmente (mesmo em sociedades
matrilineares) como uma pessoa que pode responder por uma família e resolver
problemas económicos. Tanto no sistema matrilinear, como no patrilinear, a mulher é
colocada como submissa, tendo a cozinha como lugar. Nas sociedades patrilineares a
descendência é através da linhagem paterna. Aqui o casamento é mais vinculativo e o
divórcio mais ‘difícil’ e complicado para as mulheres, sendo que os filhos e os bens
tendem a ficar com o marido, e em caso de morte do marido, com a família deste
(Collier, 2007).
Os ritos de iniciação educam as mulheres a serem esposas obedientes, submissas e
como agradar aos seus maridos ou homens. Algumas comunidades praticam o levirato,
uma prática que estabelece o casamento da viúva com seu cunhado, para continuar a
pertencer à família do marido. Existe ainda Pitakufa (Centro do país), ritual que obriga a
viúva a manter relações sexuais com o irmão mais novo do marido falecido,
acreditando-se que o acto purifica a viúva e a casa, evitando com que um ‘mal’ caía na
família. As mulheres também são acusadas de feiticeiras e acusadas de terem causado a
morte dos maridos. Em certos casos, quando o marido morre, são expulsas da casa e não
lhes é reconhecido nenhum direito sobre os bens e/ou filhos. Estes casos são mais
comuns nas zonas rurais, onde a maioria das mulheres reside e não tem acesso à justiça
(Monteiro, 2011; Namburete, 2009).

2.3.1.Sistema Bilateral

No sistema bilateral, os papeis que cada um desempenha no contexto do lar são


diferentes de qualquer destes: o pai representa, de um modo geral, a força orientadora da
família, e os dois grupos de tios paternos e maternos, são mais indulgentes do que ele,
não se sentindo qualquer diferença significativa entre o comportamento dos irmãos do
pai e o dos irmãos da mãe (Bologne, 1999).
Para proteger a estrutura da família nuclear e para preservar o conjunto de parentes nos
vários sistemas, em todas as sociedades foram definidas regras de constituição da
própria família, assim se instituindo a união conjugal, o casamento (Bologne, 1999).
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2.3.2.O casamento Matrilocal no Centro e Norte de Moçambique

O casamento matrilocal é aquele que passa a morar na casa da esposa. Esta familia é
composta pela mulher, seu marido e filhos menores, as filhas com os seus esposos e
filhos. As mulheres ficam juntas toda a vida na mesma residência, segundo a normativa
"uxorocal", isto é, os maridos passam a residir na casa das suas esposas (Augé, 1978)

2.3.3.Casamento Ambilocal

Outros casos que se apresentam à observação do antropólogo são: o casamento


ambilocal, nos casos em que não há normas estabelecidas sobre um dos cònjuges
permanece na residência onde nasceu, pelo que a forma de matrimónio não implica o
abandono da residência de residência de origem, e o caso chamado "matrifocal", que
que não é verdadeiro casamento, e que consiste em que uma mulher passa a morar sob a
prevenção de um irmão ou um filho adulto, que cuida dos filhos que ela gerou de
relações livres (Augé, 1978).

Tais estas situações hoje se encontram em profunda transformação causada pelos


fenómenos do urbanismo, da migração e da modernidade em geral, pelo que os casais
do nosso tempo moram onde as mais diversas circunstâncias da vida lhes permitem
fazê-lo. Motivos de estudo, profissionais, económicos, principalmente, condicionam
fortemente o local e o tipo de residência dos novos casais (Augé, 1978).
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3.Conclusão

A formação da família em Moçambique está associada aos grupos étnicos pertinentes


em linhagem patrilineares no sul do Save, onde o poder patriarcal é designado a família
do homem, tanto na sua descendência e poder familiar para tomada de decisões no seio
da sociedade. Ao norte do rio Save, no centro e norte o Moçambique a linhagem é
matrilinear descrita pelo poder a família da mulher, designado ao tio materno, como
responsável a resolução, cuidados dos filhos da irmã, normalmente, o tio mais velho da
família para conceder bênçãos as uniões matrimoniais.

Os contactos entre as culturas existem e resultam objectivamente das alterações


sucessivas das estruturas da sociedade. Falar de casamento é falar da maturação de uma
relação, formação de família, para além do contrato social, mas é antes falar da relação
entre homem e mulher para formação de uma família relacionados por afinidade por
membros de diferentes famílias. No sul de Moçambique a legitimação do casamento
parte do principio a união matrimonial tradicional descrita como sendo o lobolo, o dote
realizado pela família do noivo como digno de honra e respeito a mulher que pretende
formar a familia. Sendo uma actividade que remonta desde os seculos passados e
fundamental importância aos povos Matsuas, Bitongas, Chopes, Changanas e Rongas. O
lobolo é uma prática cultural por meio da qual se unem duas pessoas (homem e mulher)
pelo casamento condicionado ao pagamento real ou simbólico de um dote. Este dote
pode ser uma cabeça ou várias de vaca, dinheiro em numerário ou outros bens de
natureza ou pecuniária.
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4.Referências Bibliográficas

Augé, Marc. (1978). Os Domínios do Parentesco (Filiação, Aliança Matrimonial,


Residência). Edições 70. Lisboa.

Bernardi, Bernardo. (1978). Introdução aos estudos Etno-antropoloógicos. Roma.

Bologne, Jean-Claude. (1999). História do Casamento no Ocidente., Temas e Debates,


Lisboa.
Collier, Edda. (2007). Um perfil das relações de género. Edição actualizada de 2006:
Para a igualdade de género em Moçambique. Estocolmo: Agência Sueca de
Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (ASDI).

Lévi-Strauss, Claude. (1976). As Estruturas Elementares do Parentesco. Petrópolis.

Loforte, Ana Maria. (2003). Género e Poder entre os Tsongas de Moçambique. Lisboa.

Marinho Antunes, M.L. (1984). A Família, Hoje.In Colecção Estudos, da Direcção-


Geral da Família. Lisboa.
Monteiro, Ana Piedade A. (2011). HIV/AIDS prevention intervention in Mozambique as
conflict of cultures: The casa of Dondo and Maringue in Sofala province. África do Sul.
Karberg, Sindy. (2015). Participação Política das Mulheres e a sua Influência para
uma maior capacitação da Mulher em Moçambique. Ciedima. Design e Layout: Karma
Digital.

Namburete, Eduardo. (2009). SADC gender protocol barometer baseline study,


Mozambique. Johannesburg: Gender Links.
Pinho, O. (2011). A antropologia na África e o lobolo no sul de Moçambique. Afro-
Ásia, pp. 9-41.

Santana, J. S. (2009). Mulheres de Moçambique na revista Tempo: o debate sobre o


lobolo (casamento). Revista de História, pp. 82-98.

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