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Sónia Simião Chisseve

Economia pôs Covid-19 caso da Vila de Massinga

Licenciatura em Ensino Geografia

Universidade-Save

Massinga

2023
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Sónia Simião Chisseve

Economia pôs Covid-19 caso da Vila de Massinga

Licenciatura em Ensino de Geografia

Trabalho de pesquisa da cadeira de Temas


Transversais a ser apresentado ao Departamento
de Ciências da Terra e Recursos Naturais para
efeitos de avaliação.

Docente: MSc. Paulino Tamele

Universidade-Save

Massinga

2023
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Índice
CAPITULO I: INTRODUÇÃO.....................................................................................4

1.1.Objectivos................................................................................................................4

1.1.1.Objectivo Geral.....................................................................................................4

1.1.2.Objectivos Específicos..........................................................................................4

1.2.Metodologia.............................................................................................................4

CAPITULO II: CONTEXTUALIZAÇÃO....................................................................5

2.1.Economia pôs Covid-19 caso da Vila de Massinga.................................................5

2.1.1.Desenvolvimento e Perspectivas Regional...........................................................5

2.1.2.Evolução dos Preços dos Produtos Primários.......................................................5

2.2.Tendência do Nível de Preços.................................................................................6

2.3.Situação após COVID 19.........................................................................................7

2.4.Impactos na economia.............................................................................................8

3.Conclusão..................................................................................................................10

4.Referências Bibliográficas........................................................................................11
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CAPITULO I: INTRODUÇÃO
Desde a eclosão da pandemia da COVID-19, em Dezembro de 2019, na China, o mundo
vive momentos sem precedentes. Esta doença de alta transmissibilidade fez até então
cerca de 4,4 milhões de óbitos ao nível mundial, e tem gerado inúmeras implicações de
âmbito social, económico e político, condicionando a agenda de vários governos,
incluindo os africanos. Em Moçambique, após o anúncio do primeiro caso da doença,
no dia 22 de Março de 2020, quatro meses após o seu surgimento na China, várias
foram as medidas adoptadas pelo Governo, com vista à mitigação dos efeitos da doença.
No entanto, apesar desses esforços, é visível o impacto da pandemia na estrutura social
e económica do país, que ficou grandemente afectada, assim como nas dinâmicas de
governação, tanto a nível central como local. Tomando como exemplo o distrito de
Massinga, na província de Inhambane, este trabalho analisa o percurso, o impacto e as
implicações da COVID-19 na economia pertinente ao desenvolvimento do mesmo.

1.1.Objectivos

1.1.1.Objectivo Geral
 Analisar a Economia do Distrito de Massinga após a Pandemia da COVID-19.

1.1.2.Objectivos Específicos
 Identificar a situação económica do Distrito da Massinga desde o período da
COVID-19;
 Caracterizar de forma descrtiva a economia da Vila de Massinga após a COVID-
19;
 Apresentar os Impactos económicos verificados após a Pandemia da COVID-19
no distrito da Massinga.

1.2.Metodologia
Para realização do trabalho científico orientou-se inicialmente pela pesquisa
bibliográfica que descreveu-se pela leitura de obras literárias como artigos científicos,
monografias que retratavam a economia nacional e distrital referente a situação ao
período antes e depois da pandemia da COVID-19. Após a leitura exerceu-se a análise
do conteúdo e compilação respectivamente com base nas Normas de Publicação de
trabalhos científicos na Universidade-Save.
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CAPITULO II: CONTEXTUALIZAÇÃO

2.1.Economia pôs Covid-19 caso da Vila de Massinga


De referir que no período que antecedeu à COVID-19, Moçambique já enfrentava outra
crise económica e social, resultado da ocorrência dos Ciclones IDAI e Keneth,
fenómeno que destruiu inúmeras infra estruturas de vital importância nacional. A
recuperação destas está a ser lenta, devido ao estado de emergência decretado para
prevenir a propagação da pandemia da COVID-19. Em Moçambique, a pandemia não
foi diferente. Todavia, as condições estruturais da economia sugerem uma dimensão de
impacto diferenciado. À semelhança de outras economias, medidas restritivas foram
impostas, com efeitos imediatos na actividade económica e nas condições de produção e
reprodução social. Pouco antes do anúncio oficial do primeiro caso de infecção por
COVID-19 no País, já se faziam sentir os primeiros sinais dos efeitos da pandemia
sobre a economia, sobretudo como consequência das restrições na produção e no
comércio impostas em outras economias (Mussagy & Mosca 2020).

2.1.1.Desenvolvimento e Perspectivas Regional


A pandemia da COVID-19 e o seu impacto socioeconómico, reverteram profundamente
as projecções de crescimento económico anteriormente previstas para África, o que
exigiu a revisão das mesmas para 2020 e 2021.
As incertezas quanto a propagação do vírus e as medidas adoptadas pelos governos
africanos para conter a pandemia limitam as projecções de crescimento. Para o efeito, o
African Economic Outlook (Julho, 2020), criou dois cenários para estimar as
perspectivas de crescimento, sendo o primeiro, um cenário base que assume um impacto
substancial e de curta duração da pandemia, e o segundo cenário resulta de uma
previsão de um impacto maior do vírus por um período mais longo, além do primeiro
semestre de 2020 (Mussagy & Mosca 2020).

2.1.2.Evolução dos Preços dos Produtos Primários


No início de 2020, os preços das principais mercadorias registaram queda acentuada em
linha com à fraca procura decorrente da pandemia COVID-19. Contudo, os dados do
Commodity Markets Outlook do Banco Mundial até Agosto, sugerem uma recuperação
gradual dos preços no segundo trimestre, destacando-se os produtos energéticos que
tiveram uma recuperação nos preços em 64,7% entre Março á Junho (Mussagy &
Mosca 2020).
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As previsões de preços estão sujeitas a riscos significativos relacionadas com o fim da


pandemia, o que sugere que as projecções podem sofrer alterações, à medida dos novos
desenvolvimentos da economia global e das tendências da procura e oferta dos produtos
primários (Mussagy & Mosca 2020).

2.2.Tendência do Nível de Preços


As projecções de inflação foram revistas em baixa para economias avançadas de 1,4%
em 2019, para 0,3 em 2020, reflectindo uma combinação de uma actividade mais fraca e
de preços das matérias-primas mais baixas, embora em alguns casos parcialmente
compensados pelo efeito da depreciação da taxa de câmbio sobre os preços de
importação (Mussagy & Mosca 2020).
Nas Economias Emergentes e em Desenvolvimento como a do distrito da Massinga, a
taxa de inflação situar-se-á em torno de 4,5% em 2021, o que representa um ligeiro
acréscimo de 0,1 %.
Por fim, enquanto o impacto macroeconómico da crise da COVID-19 é mais forte na
população urbana e nos rendimentos de capital, com o sector da mineração, intensivo
em capital, a funcionar como impulsionador do impacto, o sector agrícola sofre um
impacto muito menor, o que contribui para que o impacto nas áreas rurais seja menor.
Tendo em conta a importância significativa do sector agrícola para o valor acrescentado
e a subsistência na economia moçambicana, tal facto é, nestas circunstâncias, uma ajuda
para muitos agregados familiares com baixos rendimentos. Contudo, não obstante o
resultado de o capital e a mão-de-obra urbana serem afectados de modo mais severo do
que a mão-de-obra rural, deve ter-se sempre presente que mesmo uma perda menor
pode fazer uma grande diferença para a subsistência e os incentivos das pessoas pobres
e vulneráveis. Os agregados familiares que vivam abaixo do limiar da pobreza
assumirão com maior probabilidade o risco de ficarem infectados com a COVID-19 se
tal for necessário para prover às suas necessidades básicas. Consequentemente, poderão
arriscar não só as próprias vidas, como potencialmente tornarem-se agentes de
transmissão da doença, agravando a pandemia. O Governo deveria ponderar
cuidadosamente este aspecto ao decidir como fazer face à COVID-19 (Mussagy &
Mosca 2020).
Numa perspectiva económica, a COVID-19 é um desafio relevante, considerando que o
ano 2021 começou no meio da crise económica caracterizada, por um lado, pela subida
de preços de produtos básicos para a subsistência da população, deterioração dos termos
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de troca com particular destaque para a depreciação do metical, que nos primeiros 3
meses do ano alcançou os 75 meticais (MZN) por dólar norte-americano (USD),
seguidos por uma brusca valorização do metical, que até meados de Abril, alcançou um
valor nominal de 55 MZN/USD. A subida do custo de vida deteriorou as condições de
vida de muitos moçambicanos (Mussagy & Mosca 2020).

2.3.Situação após COVID 19


Uma das consequências imediatas foi a dificuldade para importar bens essenciais para o
funcionamento da economia, incluindo matérias-primas, bens de capital e bens básicos
de consumo, num contexto em que o País é altamente dependente da importação,
incluindo de produtos básicos de consumo. Face a esse cenário, foram tomadas medidas
para mitigar os efeitos da COVID-19 na economia (Mussagy & Mosca 2020).
Redução das taxas de reservas obrigatórias (RO), a introdução de uma linha de
financiamento em moeda estrangeira para os bancos comerciais e a não obrigatoriedade
de constituição de provisões pelos bancos comerciais (Banco de Moçambique, 2020).
A excessiva dependência em relação a influxos externos de capitais públicos e privados
em forma de ajuda externa, investimento directo estrangeiro (IDE) e créditos comerciais
no sistema financeiro internacional é uma das características dominantes desse padrão
de crescimento económico. Associado a estes influxos de capitais externos, sobretudo o
IDE, tem sido, igualmente, a concentração da produção num pequeno leque de grandes
projectos focados na produção primária para exportação, o «núcleo extractivo da
economia», constituído pelo complexo mineral energético (recursos minerais, energia
eléctrica e gás, etc.) e pelas mercadorias agrícolas primárias para exportação (algodão,
tabaco, chá, florestas, etc.) (Mussagy & Mosca 2020).
A pandemia da COVID-19, além de expor as fragilidades e vulnerabilidades da
estrutura da economia de Moçambique, veio, em certa medida, agudizar os problemas
do endividamento público, sobretudo a dívida pública interna, que já vinha com uma
tendência ascendente desde o princípio da última década.
A COVID-19 desencadeou uma crise de trabalho produtivo e reprodutivo neste já frágil
quadro global. A ruptura do trabalho implicou a reprogramação das práticas de trabalho,
cujo factor determinante tem sido a categorização do trabalho como essencial ou não.
Durante os confinamentos, os trabalhadores essenciais foram obrigados a continuar a
trabalhar, apesar de estarem mais expostos à COVID-19 e sem uma compensação
adequada ou maior. Para os trabalhadores não essenciais, tiveram lugar várias formas de
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reorganização. Alguns mudaram para o trabalho a partir de casa; contudo, as variações


regionais na percentagem de trabalhadores que podem transitar para o trabalho a partir
de casa (Berg, Bonnet & Soares, 2020).
Paralelamente, o trabalho reprodutivo intensificou-se devido ao aumento das
necessidades de cuidados de saúde e à sobrecarga dos hospitais, onde a capacidade de
cuidados de saúde tem sido afectada pela exposição excessiva dos profissionais de
saúde à doença, pelo encerramento de escolas e pelo aumento das necessidades de
cuidados de saúde para as pessoas idosas (United Nations, 2020b). Na essência, o
encargo da reprodução social foi ainda mais transferido e relegado para o lar,
aprofundando assim o processo de longo prazo de privatização da reprodução social no
quadro do neoliberalismo (Bakker, 2007; Stevano et al., 2021). Esta mudança
desencadeou a renegociação do trabalho reprodutivo nas famílias e agregados
familiares, com implicações sociais para a distribuição do trabalho reprodutivo social e
maiores desafios para aqueles que enfrentam dificuldades em combinar o trabalho
produtivo com o reprodutivo, tais como agregados familiares com crianças, famílias
monoparentais e trabalhadores essenciais.
Portanto, a reorganização do trabalho produtivo tem ramificações para o trabalho
reprodutivo, e vice-versa. Crucialmente, a natureza globalizada da produção e
reprodução significou que mesmo em países que não tiveram de parar as suas
economias porque a crise de saúde pública da COVID-19 não foi tão aguda, as
repercussões económicas foram, no entanto, sentidas através da ruptura das redes de
(re)produção globais (Ibdem, 2021).

2.4.Impactos na economia
O impacto foi agravado pelo aumento dos preços dos produtos de primeira necessidade,
com o encerramento das fronteiras com a vizinha África do Sul. Na ausência de apoio
do Estado, dois terços dos trabalhadores domésticos recorreram aos sindicatos e
comunitárias. Embora muitos trabalhadores já tenham regressado ao trabalho, 81 %
declararam que se sentem inseguros ou muito inseguros devido à falta de equipamento
de protecção individual, transporte seguro e a natureza íntima do trabalho doméstico.
Além disso, a maioria dos trabalhadores não tem acesso a dias de enfermidade
remunerados, o que aumenta o risco de infecção e prejudica a sua capacidade de cuidar
de si e das suas famílias. O trabalho doméstico é extremamente stressante (Mussagy &
Mosca 2020).
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Esse impacto negativo da COVID-19 na economia local tem implicações directas nas
finanças de Massinga, na medida em que se registou uma queda nos níveis de colecta de
receitas locais, devido à baixa produtividade dos agentes comerciais (Mussagy & Mosca
2020).
Em termos económicos, a pandemia afectou os negócios dos agentes económicos,
contribuindo para os baixos níveis de colecta de receitas locais por parte do município
de Massinga. Não obstante, as despesas com actividades de fiscalização, sensibilização
e prevenção da pandemia, que também demandam custos financeiros aos cofres do
município, levaram à reestruturação das prioridades do município em termos de
prestação de serviços públicos, tendo em conta que as actividades relacionadas com a
pandemia da COVID-19 não constavam do Plano Económico e Social do município
(Mussagy & Mosca 2020).
Segundo Ribeiro (2000:21), os principais factores que causam o crescimento da
economia informal são: o crescimento da carga tributaria, ou seja, impostos, taxas,
contribuições sócias; o aumento da regulação da economia oficial, especialmente o
mercado de trabalho; aposentadoria precoce; desemprego; inflação; o declínio da
percepção de justiça e lealdade para com as instituições públicas; redução de índice de
mortalidade; redução de índice de percepção da corrupção, indicando o aumento desta e
até mesmo a liberdade como um factor de escolha dos indivíduos para trabalhar na
informalidade, pela possível flexibilidade que ele oferece.
Na Massinga os comerciantes informais são impulsionados para o exercício desta
actividade por vários motivos que estão intimamente ligados à pobreza, desemprego ou
seja, não estar a encontrar oportunidades de um trabalho digno, para a satisfação das
necessidades das sua família e mesmo assim a renda proveniente da sua venda não é
suficiente para cobrir com as despesas diárias das suas famílias.
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3.Conclusão
O surgimento da COVID-19 agravou os aspectos que já se previam em queda ou
desaceleração, sobretudo o crescimento económico, o défice externo, o desemprego, o
aumento das despesas públicas correntes, o aumento da dívida, a inflação dos preços
dos bens alimentares, as taxas de câmbio, e o nível de vida das famílias mais pobres e as
desigualdades sociais. A pandemia tem impactado negativamente nas dinâmicas de
governação em Massinga. Isto observa-se não só ao nível do Governo central, que
procura a todo o custo por mecanismos para fazer face a esse desafio, mas também ao
nível dos Governos locais, com maior destaque para os postos administrativos que
também têm sido grandemente afectados pela doença, tanto em termos de prestação de
serviços públicos, como na interacção entre as autoridades devido a medidas como o
distanciamento social que, em parte, condicionam o número de pessoas a reunir em
centros económicos.

As dificuldades impostas à realização das actividades económicas e sociais das famílias


pelas medidas de prevenção e combate à COVID-19 resultaram na degradação dos
meios de subsistências da maioria das famílias moçambicanas e no aumento dos níveis
de pobreza.
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4.Referências Bibliográficas
Banco de Moçambique (2020b). Impacto Esperado das Medidas Tomadas pelo
Banco de Moçambique para mitigar os riscos do Covid-19 na Economia. Banco de
Moçambique. Disponível em: http://www.bancomoc.mz/fm_pgTab1.aspx?id=385
(consultado a 1 de Julho de 2021).
Baker, S.R. & Yannelis, C. (2017) Income Changes and Consumption: Evidence from
the 2013 Federal Government Shutdown. Review of Economic Dynamics. 23, 99–124.
Disponível em: doi:10.1016/j.red.2016.09.005.
Berg, J., Bonnet, F. & Soares, S. (2020) Working from Home: Estimating the
Worldwide Potential. Disponível em: https://voxeu.org/ article/working-home-
estimating-worldwide-potential [Consultado a 20 de Junho de 2020].
Ibraimo, Y. and Muianga, C. (2020). A economia de Moçambique e a COVID-19:
reflexões à volta das recentes medidas de política monetária anunciadas pelo
Banco de Moçambique. IDeIAS 126. Maputo: IESE. Disponível em:
http://www.iese.ac.mz/wp-content/ uploads/2020/04/ideias-126_YICM.pdf (consultado
a 15 de Julho de 2020).
Ministério da Economia e Finanças (MEF) (2021). Relatório de Uso de Fundos no
âmbito da Covid-19. Maputo.
Mussagy, Ibraimo, & João Mosca. (2020). Micro-Simulações dos Impactos da
COVID-19 na Pobreza e Desigualdade em Moçambique. OMR.
Padhan, R. and Prabheesh, K. P. (2021) ‘The economics of COVID-19 pandemic: A
survey’, Economic Analysis and Policy, 70, pp. 220–237.
Stevano, S., Mezzadri, A., Lombardozzi, L. & Bargawi, H. (2021). Hidden Abodes in
Plain Sight: The Social Reproduction of Households and Labour in the COVID-19
Pandemic. Feminist Economics.

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