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Benedito Hortência Nhatsave

Francisco Floriano Facaze


Inocência Júlio Macie
Jércia Micas
Joana Francisco Matsinhe
Luís Ivan Cachaço
Naide Gonçalves Gondes

Impacto Da Covid-19 no Sector Empresarial em Moçambique

Faculdade de Economia e Gestão (FEG)


1º Ano de Economia

Universidade Pedagógica de Maputo


Maputo Cidade
2022
Benedito Hortência Nhatsave
Francisco Floriano Facaze
Inocência Júlio Macie
Jércia Micas
Joana Francisco Matsinhe
Luís Ivan Cachaço
Naide Gonçalves Gondes

Impacto Da Covid-19 no Sector Empresarial em Moçambique

Faculdade de Economia e Gestão (FEG)

1º Ano de Economia

Trabalho da disciplina de MEIC submetido ao curso


de Economia a professora Arlete Ferrão

Prof: Dra. Arlete Ferrão

Universidade Pedagógica de Maputo

Maputo Cidade

2022
ÍNDICE

1. Introdução----------------------------------------------------------------------------------------------------------- 1
1.1. Problematização---------------------------------------------------------------------------------------------- 1
1.2. Justificativa--------------------------------------------------------------------------------------------------- 1
1.3. Objectivos-------------------------------------------------------------------------------------------------------- 2
1.3.1. Objectivo geral----------------------------------------------------------------------------------------- 2
1.3.2. Objectivos específicos---------------------------------------------------------------------------------2
1.4. Delimitação do estudo------------------------------------------------------------------------------------------ 2
2. Metodologia---------------------------------------------------------------------------------------------------2
3. Revisão da literatura----------------------------------------------------------------------------------------------- 3
3.1. O que é Covid-19--------------------------------------------------------------------------------------------------- 3
3.2. Evolução da pandemia da Covid-19------------------------------------------------------------------------------3
3.3. Impacto da Covid-19 no sector Empresarial em Moçambique-------------------------------------------3
3.4. Sectores mais prejudicados pela Covid-19------------------------------------------------------------------4
3.4.1. Impacto no Sector de Turismo-------------------------------------------------------------------------- 4
3.4.2. Impacto no sector dos transportes---------------------------------------------------------------------- 5
3.4.2.1. Transporte aéreo-------------------------------------------------------------------------------------5
3.4.2.2. Transporte ferroviário------------------------------------------------------------------------------ 6
3.4.2.3. Transporte marítimo e portuário------------------------------------------------------------------6
3.4.2.4. Subsector da aviação Civil-------------------------------------------------------------------------7
3.4.2.5. Subsector de transportes rodoviários de passageiros-------------------------------------------7
3.5. Impacto no sector da Agricultura e Pescas---------------------------------------------------------------8
3.5.1. Subsector do Algodão--------------------------------------------------------------------------------- 8
3.5.2. Subsector de camarão----------------------------------------------------------------------------------9
3.5.3. Subsector da Macadâmia---------------------------------------------------------------------------------9
3.6. Impacto no sector da indústria----------------------------------------------------------------------------10
3.7. Impacto no sector da construção--------------------------------------------------------------------------10
3.8. Sector Bancário--------------------------------------------------------------------------------------------- 11
3.9. Indústria extractiva----------------------------------------------------------------------------------------- 12
3.10. Comércio de produtos não alimentares---------------------------------------------------------------12
3.11. Estratégias para minimizar o Impacto do Covid-19 no sector Empresarial em Moçambique- - -12
4. Resultados esperados---------------------------------------------------------------------------------------------14
5. Bibliografia-------------------------------------------------------------------------------------------------------- 15
1. Introdução
1.1. Problematização

Diante do actual cenário que o mundo está a passar com a pandemia do Covid-19, doença causada pelo
SARS-CoV-2, muitas dúvidas e incertezas transitam pela cabeça das pessoas. A realidade exige cautela
em todos os âmbitos em especial no sector empresarial e também traz consigo fortes problemáticas socio-
económicas, para além de todas as preocupações ligadas a saúde dos indivíduos. Como a covid-19
influenciou na subida do custo de vida?

1.2. Justificativa

Assumindo a Covid-19 como uma doença que gerou uma crise, cujos efeitos extravasam o sector
de saúde, afectando outros sectores, como o sector económico, neste trabalho procurou-se
perceber como esta pandemia está a afectar a economia moçambicana. Procurou-se aferir se ela
atingiu o nível de crise, e se pretende também discutir as expectativas e a evolução da economia
moçambicana, tendo em conta o impacto do Covid-19 no sector empresarial com destaque para o
Turismo, Aviação civil, Construção, Agricultura, entre outros.

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1.3. Objectivos
1.3.1. Objectivo geral
Compreender aquilo que é os impactos trazidos pela pandemia da covid-19 no nosso país.

1.3.2. Objectivos específicos


 Apresentar factos relacionados com o impacto da covid-19 no sector empresarial em
Moçambique;
 Explicar e analisar a evolução da pandemia nos sectores e subsectores empresariais;
 Para estimar a magnitude do impacto da pandemia da covid-19 no sector empresarial.
 Analisar o efeito económico na evolução do nível de actividade económica da cada um
dos sectores de actividade em Moçambique.

1.4. Delimitação do estudo


O estudo foi realizado no ano de 2020 nas seguintes províncias: Maputo e Niassa pelo Instituto
Nacional de Estatística (INE).

2. Metodologia
Este trabalho é qualitativo e não leva hipóteses. Em busca de material adequado para esta
pesquisa, optamos em consultar alguns livros e artigos em formato físico e digital. Uma
investigação profunda foi feita visando chegar a um resultado plausível. Colectamos informações
importantes, as quais foram utilizados na elaboração deste trabalho. Assim, a escolha do tema,
elaboração do plano de trabalho, identificação e busca do material, compilação, análise e
interpretação da redação foram possíveis.

3. Revisão da literatura
3.1. O que é Covid-19
A COVID-19 de acordo com a (OMS) Organização Mundial da Saúde é uma doença infecciosa
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causada pelo vírus SARS-COV-2. È um vírus que causa infecções semelhantes a uma gripe
comum e pode provocar doenças respiratórias mais graves como a pneumonia.

3.2. Evolução da pandemia da Covid-19


Este vírus era desconhecido antes da sua eclosão na cidade de Wuhan na República Popular da
China em Dezembro de 2019, a OMS foi alertada sobre vários casos de pneumonia. Tratava-se
de um novo tipo de coronavírus que não havia sido identificada antes em seres humanos. Uma
semana depois em 07 de Janeiro de 2020 as autoridades chinesas confirmam que haviam
identificado um novo tipo de coronavírus. Os coronavírus estão em toda a parte, eles são a
segunda principal causa de resfriado comum após rinovírus e, até as últimas décadas, raramente
causavam doenças mais graves em humanos do que os resfriados comuns. Desde então, tem
vindo a afectar o mundo globalmente. Por essa razão, a OMS considerou este vírus como uma
pandemia de emergência sanitária global.

3.3. Impacto da Covid-19 no sector Empresarial em Moçambique


O sector empresarial em Moçambique registou, no primeiro semestre de 2020, perdas de
facturação estimadas em cerca 31 mil milhões de meticais devido a Covid-19, a CTA aponta para
a redução do nível de actividade empresarial em cerca de 65% e suspensão de um número
significativo de contratos de trabalho a aproximadamente a 30mil postos, na sequencia da
redução significativa do volume de receitas que por seu turno afectou o fluxo de caixa das
empresas e sua capacidade de suportar os custos de produção, dos quais o pagamento de salários.

A Covid-19 constitui um factor de risco sistémico que na perspectiva do sector empresarial


moçambicano poderá afectar de forma significativa a economia moçambicana a curto, médio
prazo. E evidente que a pandemia ira afectar todos segmentos da economia moçambicana,
principalmente pelo facto de a economia nacional ser consideravelmente aberta ao resto do
mundo e bastante vulnerável a choques externos. Este impacto poderá se fazer sentir,
essencialmente, por via do canal comercial traduzindo-se pela redução das importações e
exportações, uma vez que grande parte dos países principalmente os que fazem comércio em
Moçambique, como é o caso da África do sul e China, tem vindo a doptar medidas bastantes
restritivas no comércio. Igualmente espera-se que o volume de investimentos venha a ser
afectado pela redução do fluxo de investimento directo do estrageiro ou pelo adiamento de
iniciativas empresariais.
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3.4. Sectores mais prejudicados pela Covid-19
Num estudo intitulado “morremos do vírus ou morremos de fome? Necessidade de garantir a
segurança alimentar da população”, Feijó (2020, pp 1-2) inventariou os sectores que mais se
sentirão prejudicados pela crise sanitária da Covid-19, nomeadamente, turismo e transporte
sector da educação comércio de produtos não alimentares mercado imobiliário e de construção
indústria extractiva. As razões que fazem com que Feijó chegue a essa conclusão são
apresentadas seguidamente:

3.4.1. Impacto no Sector de Turismo

O sector do turismo (Hotelaria e Restauração) é um dos mais afectados pelos impactos da Covid-
19. Nos hotéis a taxa de ocupação baixou para menos de 4%, com registo de perdas diárias de
facturação estimadas em 98%. Assim, optou-se pela suspensão das actividades dos contratos de
trabalho com a massa laboral, colocando em risco mais de 72% dos postos de emprego. O
coronavírus afectou a movimentação de pessoas de um País para outro, e esta restrição deve-se,
essencialmente, ao receio de contaminação e constitui um método de prevenção recomendado
pela OMS.

A restrição de movimentação de pessoas que inicialmente aplicou-se apenas aos cidadãos


chineses, expandiu-se para todos os países, a medida que foi incrementado o nível de propagação
até o ponto da OMS declarar o estado de epidemia sanitária global.

A semelhança do que sucede pelo mundo, o sector do turismo será o mais afectado por esta
epidemia, sendo o seu impacto mais dramático para os países como a Espanha, as Maurícias e
Tailândia cujas encomias assentam na actividade turística. No caso de Moçambique, o sector do
Turismo já sente os efeitos.

3.4.2. Impacto no sector dos transportes

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Os impactos da Covid -19 se fazem sentir no sector dos transportes, sendo que os subsectores da
aviação Civil e transporte rodoviárias de passageiros figuram como os mais afectados.

O Governo definiu um limite máximo de passageiros a bordo para os transportes colectivos,


públicos ou privados, nas modalidades rodoviária, ferroviária, marítima, fluvial e aérea, de
acordo com o número de assentos/lotação estabelecidos para cada tipo de transporte.

Para além dos limites máximos de lotação, o Governo determinou que a tripulação e todos os
passageiros que estejam a bordo de transportes colectivos públicos ou privados devem usar
máscara de protecção com a finalidade de proteger o nariz e a boca.

Os serviços de moto-táxi e bicicleta-táxi, podem ser prestados desde que os passageiros utilizem
máscaras e se respeite o limite máximo da lotação.

A circulação dos transportes urbanos públicos e privados de passageiros observa o horário


normal de funcionamento, excepto nos locais onde vigore o recolher obrigatório.

Todos os proprietários das empresas ou dos veículos de transportes colectivos públicos ou


privados devem garantir as condições de higiene e segurança sanitária das instalações e
equipamentos utilizados pelos passageiros e outros utilizadores, por cada viagem de forma
permanente e diariamente, de acordo com as recomendações emanadas pelas autoridades
sanitárias.

O Governo determinou ainda que no transporte de passageiros colectivos deve ser assegurada a
presença de um cobrador, a quem obrigatoriamente, compete medir a temperatura corporal e
desinfecção da mão dos passageiros antes do embarque.

O Governo tomou ainda medidas específicas para cada modalidade de transporte, a saber:

3.4.2.1. Transporte aéreo


 Para as operações de voos domésticos é obrigatória a desinfecção do calçado e das mãos
no momento de embarque e medição da temperatura.

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 Ficaram suspensos os serviços a bordo, excepto o serviço de bebidas quentes e água.
 A tripulação de cabine a bordo deve usar máscara durante o voo, de acordo com as
recomendações das Autoridades Sanitárias.

3.4.2.2. Transporte ferroviário


 Nos comboios de passageiros o limite máximo de passageiros a bordo deve ser no
número de lugares sentados.
 É obrigatório o uso de máscaras de protecção incluindo as feitas de pano ou outros
materiais, com a finalidade de proteger o nariz e a boca.
 Os proprietários das empresas e dos respectivos meios de transporte, bem como os
operadores e suas tripulações, devem ainda garantir as condições de higiene e prevenção
em conformidade com as recomendações das Autoridades Sanitárias.

3.4.2.3. Transporte marítimo e portuário


 No transporte marítimo e portuário, as autoridades marítimas e gestores dos portos devem
garantir que todos os membros da tripulação da embarcação sejam submetidos a um
rastreamento obrigatório pelo pessoal da saúde.
 Durante a estadia do navio no porto é necessário garantir a permanência de todos os
membros da tripulação a bordo. Os tripulantes só podem desembarcar dos respectivos
navios para a zona portuária para operações estritamente necessárias de carga e descarga
dos seus navios, sendo-lhes interdito sair da zona portuária, excepto por razões de saúde.
 No caso dos navios cruzeiro de turismo, os tripulantes e passageiros poderão desembarcar
e ir para além da zona portuária, desde que sejam observadas todas as medidas do
protocolo sanitário para a prevenção do vírus COVID-19.
 Os navios que demandam os portos nacionais, devem cumprir rigorosamente com as
medidas de prevenção emanadas das Autoridades Sanitárias para entrada do Navio no
Porto.
 Deve ser interdita a retirada de todo o tipo de lixo do Navio.
 Todos os funcionários que trabalham nos Portos ficam obrigados a observar as medidas
de protecção e segurança.
 Deve-se garantir que o agente de saúde integrado na equipa das autoridades portuárias,
deve embarcar primeiro para proceder a avaliação da saúde dos tripulantes, e só depois de
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declarado a livre prática a bordo, entrarão os restantes membros da equipa de inspecção,
alfandegas e migração.
 Os gestores de clubes náuticos, de docas molhadas e de estâncias turísticas que tomarem
conhecimento da vinda de iates ou outras embarcações estrangeiras por mar, rio ou lago
para as suas instalações, devem informar as autoridades sanitárias e marítimas.

3.4.2.4. Subsector da aviação Civil


O subsector da aviação civil é um dos sectores que directamente são afectados pelo covid-19,
uma vez que a restrição na movimentação de pessoas que estava a ser implementada por quase
todo mundo, causou um abrandamento considerável no nível de actividade económica das
empresas do sector de aviação civil. Segundo as informações do sector empresarial, o nível de
rendibilidade das empresas de aviação civil caiu em cerca de 60%, significa que o desempenho
deste sector caiu nesta percentagem no primeiro trimestre de 2020.

3.4.2.5. Subsector de transportes rodoviários de passageiros


O sector dos transportes rodoviários será igualmente um dos mais afectados, principalmente por
conta das medidas de contenção que vem sendo introduzidas, não só em Moçambique, mas em
todo mundo, isto e, para minimizar o nível de propagação e contágio do covid-19, vários países
tem introduzido medidas de restrição a circulação de pessoas tanto no território doméstico assim
como no espaço internacional.

Estas medidas, embora visem a prevenção da propagação do vírus, resultam em perdas avultadas
para as empresas que operam no sector dos transportes, principalmente, o de passageiros. No
caso de Moçambique em específico, para além da sensibilização da população para redução do
número de viagens em transporte públicos, foi recentemente introduzida uma medida que
estabelece um limite máximo de 34 passageiros em um autocarro, sendo que este limite poderá
ser ainda menor dependendo do tamanho do autocarro. Esta medida tem implicações no volume
de receita dos operadores de transporte rodoviários.

3.5. Impacto no sector da Agricultura e Pescas

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O sector da Agricultura tem a particularidade de ser o sector mais vulnerável da economia
moçambicana, essencialmente, por conta dos elevados riscos que a actividade agrícola comporta.
E ao mesmo tempo e o sector que mais contribui para o PIB e o que mais emprega a população
nacional. Portanto, conforme reportam as empresas deste sector, o impacto do Covid-19 nos seus
negócios tem sido, cada vez visível, com a evolução cada vez alarmante desta pandemia. Os
subsectores mais afectados são, essencialmente, os que importam matérias-primas para a sua
produção e os que exportam a sua produção para o resto do mundo.

3.5.1. Subsector do Algodão


O algodão e a terceira maior exportação moçambicana de produtos agrícolas, depois do tabaco,
legumes e hortícolas. O algodão moçambicano e maioritariamente exportado para Asia,
incluindo a China. Pelo que, a restrição do comércio imposta pelos principais países asiáticos
para fazer face ao COVID-19, como e o caso da China, ira afectar o volume de exportações deste
produto.

Entretanto, segundo reportam as empresas deste subsector, o impacto da covid19 nos seus
negócios e potencial, isto é, ainda não é real ou efectivo, uma vez que o período de exportação de
algodão inicia no segundo semestre do ano (concretamente no mês de Junho). Contudo, prevê-se
que nesta altura o sector possa se ressentir dos efeitos desta pandemia, mesmo num cenário
optimista, essencialmente por conta da queda vertiginosa do preço do algodão no mercado
internacional, que até meados de Marco, já havia caído em cerca de 20% nos principais
mercados bolsistas, o que poderá baixar o volume de exportações deste sector.

Em resultado deste cenário o subscritor do algodão espera que, num cenário optimista,
considerando que o volume de exportações ira se manter, a perda do sector estaria estimada em
20%. E num cenário pessimista, em que por conta da crescente propagação da pandemia, as
exportações não sejam realizadas, ou seja, realizadas em pequenas quantidades, prevê-se perdas
na ordem dos 55% dos seus negócios.

3.5.2. Subsector de camarão


O camarão é o maior produto de exportação de pescado em Moçambique. E embora não seja o
principal pescado de exportação do país, contribui consideravelmente para o PIB e a balança
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comercial. O camarão moçambicano e maioritariamente exportado para Espanha que por sua vez
distribui por outros países europeus, tais como Itália. Contudo, existe uma parcela, embora
menor que a exportada para Asia. A semelhança do algodão, as exportações do camarão iniciam
no meio do ano entre Maio e Junho, pelo que, o impacto da COVID-19 neste sector e ainda
potencial, mas com grande risco de materialização.

Por um lado, o impacto e sinalizado pela queda dos preços no mercado internacional, e por outro
lado pelas restrições de comercio com países que são a fonte de matérias-primas.

3.5.3. Subsector da Macadâmia

A Macadâmia e uma das principais culturas de rendimento do País, sendo que o maior potencial
de produção se encontra na província de Niassa, com alguma extensão nas províncias de
Zambézia e Manica. Trata-se de uma cultura emergente, para a qual existe muita expectativa
sobre a sua contribuição nas exportações e na balança comercial do país. O principal mercado de
exportação da Macadâmia produzida em Moçambique e Ásia, com maior enfoque para a China e
Índia. Pelo que, por conta da propagação da Covid-19, que induziu ao encerramento de grande
parte dos portos e paralisação de transação e vendas de produtos em quase todo mundo, mas
principalmente na Asia e Europa, as exportações da macadâmia programadas para o primeiro
semestre de 2020, adiaram o que repercutiu no nível de actividades das empresas deste sector.

Embora as empresas não tenham sentido o impacto da covid-19 no primeiro trimestre do ano,
uma vez que as exportações da macadâmia iniciam em Abril/Maio, existe um grande receio de
um potencial impacto, por um lado relacionado com restrições de exportação do produto devido
ao encerramento dos portos de entrada dos principais compradores deste produto.

3.6. Impacto no sector da indústria

Os impactos do Covid-19 no sector industrial já são visíveis e caso a situação se prolongue por
mais tempo, poderão ser ainda mais ostensivos. A indústria transformadora moçambicana tem a
característica de depender de insumos importados, tanto sob forma de matérias-primas. Assim
como maquinarias e equipamentos diversos. Portanto, uma vez que grande parte dos países

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estavam fechados para comércio por conta da propagação do covid- 19, como por exemplo a
África do sul, China e outros países com um volume comercial considerável com Moçambique, o
abastecimento da matéria-prima poderá reduzir significativamente, o que terá como
consequência a redução do volume de produção e desaceleração da actividade empresarial.

Neste âmbito, o principal sector directamente afectado pela propagação do Covid-19 e o sector
da indústria alimentar e de bebidas. Isto é, as indústrias alimentares e de bebidas ressentem-se do
facto desta situação do covid-19 não possibilitar a importação de insumos cruciais para o
processo de produção, como por exemplo, pesticidas e insecticidas para a produção de algumas
culturas alimentares. Sendo que embora ainda exista algum stock suficiente para mais alguns
dias de produção algumas indústrias como a de produção de frangos e bebidas, com o
agravamento desta situação, o impacto será cada vez maior. Por outro lado, as empresas deste
sector poderão ser afectadas por conta do término do período de isenção do IVA nas
transmissões do óleo, açúcar e sabões, que aumentou o preço do produto e reprimiu a procura,
bem assim os contratos de fornecimento já estabelecidos. Portanto, com os efeitos do covid-19 os
efeitos tendem a ser duplicados. Adicionalmente, consta que a situação do covid-19 poderá
afectar o funcionamento das fábricas, por conta do fraco acesso a mão-de-obra e/ou serviços
especializados que normalmente são prestados por técnicos provenientes do estrangeiro.

3.7. Impacto no sector da construção

O sector da construção moçambicana e meritoriamente dependente da China, principalmente na


importação de materiais de construção. Neste campo, a China tem sido o mercado preferencial
das empresas do sector da construção pelo facto de apresentar preços mais competitivos das
matérias de construção comparativamente aos outros mercados.

Portanto, com a restrição do comércio imposta pela China por conta da propagação cada vez
mais crescente do coronavírus, os mercados alternativos, embora exista uma relativa
flexibilidade para a mudança do mercado de importações, o principal constrangimento e o facto
de que os outros mercados são menos competitivos comparativamente ao mercado chinês. Pelo
que, a reacção pode segundo reportam as empresas do sector da construção, num cenário
optimista, este cenário resulta em perdas nos negócios das empresas estimadas em cerca de 10%
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entre Janeiro e Fevereiro 2020, sob pré-anúncio de que o impacto poderá ser minimizado nos
próximos meses.

Contudo, num cenário pessimista, no qual a situação tende se a agravar pelo facto de que os
outros países apresentavam-se como alternativas para importação de matérias de construção,
como a África do sul, estivem também de portas fechadas para o comércio, em virtude da
propagação cada vez mais crescente desta pandemia.

3.8. Sector Bancário

O sector bancário está, igualmente afectado pelos efeitos do Covid-19. Isto é, uma vez que por
conta dos impactos que esta pandemia irá causar no tecido empresarial moçambicano, grande
parte dos tomadores de crédito bancários tem dificuldades de honrar com suas obrigações, sendo
que o serviço de divida de créditos bancários será uma delas. Ao analisar o impacto deste
provável cenário de incumprimento no sector bancário, torna-se duas perspectivas de
repercussão:

 Incumprimento do serviço da divida prestação mensal, ou seja, as empresas tomadoras de


créditos, devido a provável paralisação total ou parcial das actividades, não consegue
gerar fluxos de caixas suficientes para honrar com a suas obrigações que tem com o
banco,
 Redução da receita dos bancos, a empresa ao não cumprimento com a sua obrigação com
o serviço da divida, faz o banco perder a receita esperada, correspondente ao juro que
iriam obter periodicamente em resultado do crédito cedido.

3.9. Indústria extractiva

A descida dos preços de matérias-primas, particularmente do gás natural, poderá ter impactos no
adiamento de investimentos em Cabo Delgado, na criação de empregos e de receitas para o
Estado. Contudo, a descida do preço do petróleo pode reduzir o custo de importações,
significando menos gastos em divisas e possibilidade de constituição de reservas do Estado.

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3.10. Comércio de produtos não alimentares

Na cidade de Maputo e nos centros comerciais da capital, é observável o encerramento repentino


de inúmeras lojas, desde vestuário, acessórios de telemóveis ou peças de automóvel, mobiliário
ou livrarias. Já é perceptível uma clara diminuição do número de vendedores informais nas ruas
da cidade de Maputo, em resultado não só das medidas do município, mas também da drástica
diminuição do movimento de pessoas e da respectiva procura

3.11. Estratégias para minimizar o Impacto do Covid-19 no sector Empresarial em


Moçambique
Analistas têm proposto inúmeras estratégias para minimizar os efeitos do Covid-19, que vão
desde o desaconselhamento para implementação de medidas do nível 4 (lockdown), passando
pelo financiamento das pequenas e médias empresas até à assistência social às famílias carentes.
Com efeito, Mosca (2020, pp. 7-8), apresenta uma longa lista de acções que devem ser levadas a
cabo pelo governo para minimizar os impactos da crise causada pelo novo coronavírus
organizadas por sector, apresentámo-las seguidamente:

 Na agricultura, deve-se promover e apoiar os pequenos e médios produtores com


recursos (crédito com juros abaixo dos praticados no mercado, meios de transporte e
equipamentos), que permitam a elevação rápida da produtividade e da produção, com
foco nas culturas/produtos de ciclo vegetativo mais curto (batata e hortícolas),
priorizando os que se encontram mais próximos dos centros urbanos; e reactivar a
produção das zonas verdes e quintais nas periferias das cidades, repensando o conceito
das “Casas Agrárias”, disponibilizando sementes e fertilizantes, orgânicos e inorgânicos,
assegurando a comercialização através de agentes económicos para compra e venda de
carrinhas e camiões para o efeito e fazendo ofensivas para que os sistemas de rega
funcionem melhor.
 Na agro-indústria, deve-se assegurar a produção (se necessário, com ampliação do
tempo de funcionamento das indústrias), conforme a procura (podendo-se esperar o
aumento rápido do consumo de determinados bens por efeito de substituição de outros
com escassez de oferta) e garantir a distribuição.

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 No comércio, a aquisição de bens essenciais, por parte das empresas especializadas, da
indústria alimentar e do Estado, e constituir reservas para situações de extrema gravidade
de abastecimento; Comercializar os excedentes de bens alimentares, com apoio e
garantias (indeminizações aos transportadores e condutores, sobretudo os que atravessam
zonas de risco de ataques militares); Conhecer e monitorar a localização de excedentes de
produção e de stocks de alimentos; Importar bens essenciais; Estudar e aplicar medidas
de mercado para que a produção de alimentos nas zonas fronteiriças seja comercializada
e transformada em Moçambique.
 Nos transportes, deve-se assegurar o transporte de passageiros com garantias de
cumprimento do distanciamento social sem riscos, e com multas pesadas para os
incumpridores; e contratar transportadores de mercadorias para a transferência de stocks
de alimentos, medicamentos e outros bens essenciais. Para finalizar, Mosca 2020 entende
que se ponderar o adiamento o pagamento das facturas de energia e água e escalonamento
do respectivos pagamentos; Distribuir alimento em casos extremos, apenas em bairros
com população muito pobre nas periferias das cidades; Assegurar o abastecimento de
combustíveis; e Distribuir dinheiro (correspondente ao salário mínimo) a famílias sem
recursos nem negócios.

4. Resultados esperados

Na sequência da eclosão do Covid-19 e o seu alastramento em todo mundo, instalou-se a


incerteza sobre a magnitude do seu impacto na economia mundial, incluindo Moçambique. Neste
sentido o recente estudo teve em vista apresentar os prováveis impactos desta pandemia no sector
empresarial e na economia moçambicana, bem como refletir sobre possíveis medidas para a
minimização dos impactos e recuperação da economia.

Entretanto, em resultado da investigação ao sector empresarial sobre os prováveis impactos desta


pandemia nos seus negócios, apurou-se que os sectores que se apresentam como os
consideravelmente afectados, dependendo da evolução desta pandemia, são o sector do Turismo,
Transporte, Agricultura, Indústria e Construção.

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A crise do Covid-19 afectou mais a economia dos países em via de desenvolvimento pelo facto
de não terem reservas de recursos financeiros e materiais e, sobretudo, adoptar políticas públicas
para as pessoas empobrecidas, de supressão da pobreza e de bolsas de fome. A crise mostra-nos
que é urgente reflectir sobre o papel e as funções do Estado na economia e na sociedade
moçambicana, evitando-se extremismos de estado mínimo e de desresponsabilização dos deveres
de Estado.

Como resultado, constatamos que a crise está a afectar sobremaneira o sector informal, onde
existem muitas pessoas que vivem de economia diária.

5. Bibliografia

 www.bancomoc.mz›fm
 covi-19.cta.org.mz›202/06
 MOSCA, João (2020). “Covid-19: linhas gerais sobre medidas e impactos económicos
em Moçambique”. Recuperado de https://omrmz.org/omrweb/publicacoes/covid-19-
linhas-gerais/
 MUSSAGY, Ibrahimo (2020). “Os efeitos do covid-19 em Moçambique: a economia em
ponto-morto”. Recuperado de
https://www.researchgate.net/publication/340502011_Os_Efeitos_do_COVID19_em_Mo
cambique_A_Economia_em_Ponto_Morto
 FEIJÓ, João (2020). “Morremos do vírus ou morremos de fome? Necessidade de garantir

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a segurança alimentar da população”. Recuperado de
https://omrmz.org/omrweb/publicacoes/morremos-do-virus-ou-morremos-de-fome/
MARCONI, Marina e LAKATOS, Eva (2003). Fundamentos de metodologia científica.
São Paulo: Atlas.

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