Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Resumo
Introdução: O vírus conhecido como Novo Coronavírus que acusa a Síndrome respiratória aguda
grave - cuja sigla é SARS-CoV-2, ou popularmente denominada de COVID-19, foi oficialmente
detectado e isolado na cidade chinesa Wuhan entre o final de Dezembro de 2019 e meados de
Janeiro de 2020. Objectivo: o artigo tem como objectivo compreender o impacto do Covid-19 na
economia de Moçambique. Metodologia: trata-se de uma revisão sistemática de literatura de
abordagem qualitativa. Resultados: o Covid-19 teve um impacto negativo e imensurável para
muitos países incluindo Moçambique. O impacto socioeconómico do Covid-19 inclui a descida
drástica do PIB, o enfraquecimento do desempenho do sector externo a cair 15% em 2020, o
enceramento de grandes e médias empresas, que por sua vez recrudesceu o índice de desemprego e
consumo a nível familiar, entre outras consequências. Sugestões: Garantir medidas focais que
aliviem a situação das grandes e pequenas empresas, incluindo as famílias carenciadas e garantir a
implementação adequada do programa de protecção social.
Abstract
Introduction: The virus known as the New Coronavírus that accuses Severe Acute Respiratory
Syndrome - whose acronym is SARS-CoV-2, or popularly called COVID-19, was officially
detected and isolated in the Chinese city of Wuhan between the end of December 2019 and mid-
January 2020. Purpose: The article aims to understand the impact of Covid-19 on the Mozambican
economy. Methodology: this is a systematic literature review with a qualitative approach. Results:
Covid-19 had an immeasurable negative impact on many countries including Mozambique. The
socioeconomic impact of Covid-19 includes the drastic decline in GDP, the weakening of the
performance of the external sector to fall by 15% in 2020, the closure of large and medium-sized
companies, which in turn increased the unemployment rate and consumption at the family level,
among other consequences. Suggestions: Ensure focal measures that alleviate the situation of large
and small companies, including needy families and ensure proper implementation of the social
protection program.
1
Mestrando em Saúde pública na Universidade Católica de Moçambique. 4ª Edição. 2022.
2
PhD candidate em economia do desenvolvimento.
ARTIGO/ARTICLE
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
1.1. Contextualização
O vírus conhecido como Novo Coronavírus que acusa a Síndrome respiratória aguda
grave - cuja sigla é SARS-CoV-2, ou popularmente denominada de COVID-19, foi
oficialmente detectado e isolado na cidade chinesa Wuhan entre o final de Dezembro de
2019 e meados de Janeiro de 2020. Desde o início do contágio, foram registados
49.541.141 casos de infecções pelo coronavírus e 1.246.221 óbitos da COVID-19 em 198
países e territórios (OMS, 2020). O mais marcante é a velocidade da difusão do vírus e da
doença, que provocou o colapso do sistema de saúde de países como Itália, Espanha,
França e Inglaterra e, no fim de Abril de 2020, dos Estados Unidos e do Brasil.
1
ARTIGO/ARTICLE
1.2.Motivação
Para além da busca de novos subsídios, o presente artigo tem a intenção de contribuir
para a compreensão do impacto socioeconómico do COVID-19 em Moçambique.
Ademais, a disposição dos subsídios em questão poderão ser reutilizados como material
bibliográfico por outros autores interessados pelo tema assim como para o desenho de
estratégias para potencializar a economia das áreas afectadas.
2
ARTIGO/ARTICLE
O ano 2020 começou com uma enorme preocupação global, pois era o início da
circulação de informações sobre a ocorrência, em Wuhan, de um novo vírus da família
coronavírus, designado Sars-CoV-2 ou novo coronavírus, responsável pela doença
infecciosa respiratória denominada Covid-19.
Foi notório que as medidas de confinamento, que visavam preservar a saúde das
pessoas acabou por afectar a economia, ou seja, o que seria uma mera crise sanitária
acabou por se transformar numa crise financeira ou económica, visto que alguns sectores
da economia tiveram que parar literalmente, ficando a funcionar apenas sectores
essenciais, mas de forma condicionada.
3
ARTIGO/ARTICLE
1.5. Objectivos
4
ARTIGO/ARTICLE
Não existe, ainda, alguma certeza sobre a real origem do novo vírus da família
coronavírus, designado Sars-CoV-2 responsável pela doença respiratória denominada
Covid-19. A única certeza é que os primeiros casos da manifestação da doença
verificaram-se na cidade de Wuhan, na província chinesa de Hubei nos finais do ano de
2019 (OMS, 2020).
5
ARTIGO/ARTICLE
pandemia, no dia 11 de Março de 2020 e daí em diante o número de novos casos positivos,
mortes e lugares atingidos tem vindo a crescer exponencialmente em todo mundo.
6
ARTIGO/ARTICLE
7
ARTIGO/ARTICLE
Tal como em todo o mundo, a pandemia da COVID-19 tem tido um impacto social
e económico muito significativo em Moçambique. Uma série de choques de procura e de
oferta em curso, que atingiram Moçambique desde o início da pandemia, explicam este
facto. Estes vão desde o forte abrandamento experimentado pela economia mundial e o seu
impacto em Moçambique, que tem uma das economias mais abertas da África Subsaariana,
à adopção pelo governo de medidas rigorosas de distanciamento social e de bloqueio. No
seu conjunto, estes choques afectaram gravemente a actividade económica e perturbaram a
vida e a subsistência dos moçambicanos em todo o país (OMS, 2021).
8
ARTIGO/ARTICLE
9
ARTIGO/ARTICLE
um quadro igualmente sombrio. Assim, 30 por cento dos inquiridos relataram ter
dificuldade em obter medicamentos nos três meses anteriores ao inquérito, enquanto 23 por
cento indicaram ter faltado ou atrasado as visitas de saúde durante os seis meses anteriores
ao inquérito, em resultado da crise da COVID-19. Por outro lado, 61 por cento dos
inquiridos afirmaram ter sofrido uma perda de rendimentos devido à pandemia e 54 por
cento declararam ter faltado refeições. As principais barreiras ao acesso aos alimentos
relatadas neste inquérito incluíram a redução do rendimento, o aumento dos preços dos
alimentos, o encerramento dos mercados, restrições de mobilidade e escassez de oferta
alimentar (PERC, 2021).
Contra este pano de fundo, (Barletta et al., 2021) estimam que a crise COVID-19
resultou numa queda no consumo doméstico entre 7,1 por cento e 14,4 por cento em 2020,
e num aumento da pobreza baseada no consumo entre 4,3 e 9,9 pontos percentuais, com até
2 milhões de pessoas adicionais a entrarem na pobreza. De acordo com a sua análise, é
provável que este impacto da pobreza tenha sido mais intenso nas zonas rurais, uma vez
que os níveis de consumo já eram baixos antes da pandemia.
10
ARTIGO/ARTICLE
É importante notar que estes eventos têm lugar contra uma economia já enfraquecida e
um sector empresarial e tecido social frágeis. Assim, a pandemia segue-se a vários anos de
fraco desempenho económico, com a economia moçambicana a crescer apenas a 3,3 por
cento entre 2015 e 2019, de uma média de 7,9 por cento entre 1993 e 2015, o resultado de
choques adversos de clientela temática que atingiram o país nos últimos anos, os baixos
preços de algumas das principais exportações de Moçambique e a crise da dívida oculta,
entre outros factores. Segue-se também a vários anos de queda do rendimento per capita,
resultado do fraco desempenho económico de Moçambique e do elevado crescimento
populacional, actualmente perto dos 3 por cento por ano, um dos mais elevados do mundo
(CTA, 2020).
11
ARTIGO/ARTICLE
subsidiada de 22,9 milhões de dólares para apoiar as PME’s, bem como medidas mais
gerais do Banco de Moçambique para reduzir as taxas de juro e os requisitos
regulamentares bancários, contribuindo para aumentar a liquidez no sector financeiro (BM,
2021).
12
ARTIGO/ARTICLE
A execução do artigo seguinte teve como teorias base as descritas no livro “Desafios para
Moçambique 2021”, 12ª edição. A 12ª edição do livro “Desafios para Moçambique 2021”
dedica-se à abordagem e reflexão sobre os desafios que a pandemia do novo coronavírus
(COVID-19) trouxe para Moçambique. Esta edição da série Desafios para Moçambique
reflecte sobre os desafios de uma crise associada à saúde pública, num cenário em que o
contexto social, político e económico são marcados por diversos eventos que afectam
negativamente a população moçambicana. Neste livro são destacadas as seguintes teorias:
Quanto à “Racionalidade social do risco”, (Guivant, 2016) afirma que quando o COVID-
19 eclodiu na China e se alastrou por outros países da Ásia, da Europa e das Américas, a
sociedade moçambicana teve diferentes entendimentos e reacções, destacando, pelo menos,
duas: (I) a ideia de que a doença era dos «outros», particularmente dos chineses, dos
brancos ou ainda dos ricos. Associada a isto estava a ideia de que Moçambique (e outros
países africanos) não seria infectado pelo vírus devido ao clima quente, que, por um lado,
não permitiria a sobrevivência do vírus, condição que tornava impossível a sua
propagação, e, por outro, os moçambicanos (e outros povos africanos) eram naturalmente
imunes ou tinham uma grande resistência ao vírus devido aos elevados níveis de vitamina
D no organismo, em resultado da sua exposição ao sol; e (II) ao contrário da primeira,
houve uma crescente preocupação em relação à propagação do vírus, devido à falta de
tratamento e à incapacidade de resposta dos sistemas de saúde bem como aos efeitos
colaterais das vacinas que por vezes causam a morte, situação que fez com que fossem
adoptadas medidas de prevenção, como o distanciamento social, lavagem das mãos com
sabão e/ou a sua desinfecção à base de álcool12 e uso de máscaras.
13
ARTIGO/ARTICLE
desafiante.
Impacto da Analisar os Lisboa 2021 Estudo de Os resultados A crise sanitária da
COVID-19 nas impactos da caso, demonstram que a COVID-19 impactou mais
Economias dos COVID-19 na através da crise sanitária da o défice orçamental da
Países Africanos Economia dos combinação Covid-19 afectou Guiné-Bissau e Cabo-
de Língua Oficial PALOP. de métodos significativamente as Verde, seguidos de
Portuguesa qualitativos economias dos Moçambique, atendendo as
(PALOP) e as e PALOP e as medidas estruturas económicas
medidas tomadas quantitativo tomadas foram dominadas pelo sector
pelos diferentes s. importantes na informal, forte
Governos para mitigação dos dependência das receitas
responder à Crise impactos da proveniente da
Pandémica pandemia nas comercialização e
famílias e nas exportação da castanha de
empresas, mas não caju e ajuda ao
foram desenvolvimento
suficientemente
capazes de atenuar a
pobreza como
desejado.
O impacto da Avaliar o Moçambiq 2021 Modelo de Embora as áreas No seguimento do choque
COVID-19 na impacto da multiplicad urbanas tenham sido da COVID-19, o número
ue: Maputo
pobreza de pandemia da ores de as mais afectadas de agregados familiares a
consumo em COVID-19 e do contabilida pelo choque da cair na pobreza ou a sofrer
Moçambique estado de de social COVID-19, os uma grande quebra no
emergência resultados indicam consumo aumentou. Isto
implementado que as áreas rurais inclui categorias de
pelo Governo de sofreram um maior agregados familiares
Moçambique aumento das taxas de anteriormente consideradas
(GdM) na pobreza devido aos geralmente menos
pobreza de níveis de consumo já vulneráveis, como os
15
ARTIGO/ARTICLE
2.4.Crítica literária
Num contexto generalizado foi observado desde o primeiro ao último artigo utilizado a pesquisa uma concordância relativamente
ao contexto em que a COVID-19 é descrita e evidenciada, tanto no nicho, social assim como político e económico. No entanto,
notou-se que as obras de alguma forma complementam-se ao relatar os eventos dissociados pela COVID-19 numa perspectiva
simplista assim como complexa dependendo do interesse de cada artigo/obra literária. Todas as obras observam os critérios
desejados para o desenvolvimento do conhecimento científico. Em suma, nas obras seleccionadas para a elaboração do presente
artigo não foram observadas discrepâncias relevantes, porém, notou-se de forma recorrente a repetição de alguns aspectos, facto
considerado normal, tratando-se de um fenómeno novo e de interesse universal.
18
ARTIGO/ARTICLE
Em súmula, foram consultadas perto de uma dezena de livros, com destaque para as
seguintes obras: O impacto socioeconómico da covid-19 na economia informal urbana de
Moçambique; Impacto da COVID-19 nas Economias dos Países Africanos de Língua
Oficial Portuguesa (PALOP) e as medidas tomadas pelos diferentes Governos para
responder à Crise Pandémica; O impacto da COVID-19 na pobreza de consumo em
Moçambique; O impacto macroeconómico da COVID-19 em Moçambique e Pandemia da
covid-19: impactos para o continente africano.
19
ARTIGO/ARTICLE
O consumo agregado, por outro lado, caiu 7,2 por cento em 2020, com reduções
tanto no consumo privado como público, de 2,1 e 19,3 por cento, respectivamente. Em
suma, mais de 89.000 (2,3%) empresas em todo o país entre Abril e Julho de 2020
enceraram suas actividades como resultado da Covid-19, o que resultou num total de 43
mil perdas de emprego.
20
ARTIGO/ARTICLE
e 54 por cento teve falta de refeições. As principais barreiras ao acesso aos alimentos
incluíram a redução do rendimento, o aumento dos preços dos alimentos, o encerramento
dos mercados, restrições de mobilidade e escassez de oferta alimentar.
A crise COVID-19 resultou numa queda no consumo doméstico entre 7,1 por cento
e 14,4 por cento em 2020, e num aumento da pobreza baseada no consumo entre 4,3 e 9,9
pontos percentuais, com até 2 milhões de pessoas adicionais a entrarem na pobreza.
21
ARTIGO/ARTICLE
5.1. Conclusão
A conclusão da pesquisa é evidente, o Covid-19 teve um impacto negativo e
imensurável para muitos países incluindo Moçambique. A maior parte do impacto da
COVID-19 na economia resultou, em 2020, do canal das exportações. Tal facto ilustra
vividamente a dependência de Moçambique relativamente a um pequeno número de
produtos de exportação e a sua vulnerabilidade aos choques externos. A diversificação do
cabaz de exportações e a investigação de como desenvolver o potencial do mercado interno
são duas recomendações óbvias.
O impacto económico foi mais forte para a população urbana e para o rendimento do
capital. Este facto está relacionado especialmente com o sector da mineração, identificado
como impulsionador do impacto, sendo uma indústria intensiva em capital. O sector
agrícola, por outro lado, parece ter sofrido um impacto negativo menor, o que contribui
para o resultado de o impacto nas áreas rurais ter sido menor. Tendo em conta a elevada
importância do sector agrícola na economia moçambicana, este facto pode ser interpretado
como sendo, de certo modo, uma bênção para muitas famílias com baixos rendimentos.
Contudo, tal bênção é frágil. Moçambique já tem taxas muito elevadas de pobreza e a
situação poderia rapidamente deteriorar-se se a COVID-19 se propagar em áreas rurais,
onde o impacto na saúde poderia ser mais severo devido à falta de instalações de cuidados
de saúde adequadas.
5.2. Recomendações
Manter a longo prazo as medidas-chave já existentes para o alívio geral das
sequelas financeiras fruto do Covid-19;
Garantir medidas focais que aliviem a situação das grandes e pequenas empresas,
incluindo as famílias carenciadas (dado que para estas, mesmo pequenas perdas
absolutas para os agregados familiares pobres podem ter uma grande relevância
para o seu bem-estar);
Garantir a implementação e supervisão adequada do programa de protecção social
de modo a viabilizar maior abrangência das medidas acima descritas.
22
ARTIGO/ARTICLE
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Beck, U. (2011) Sociedade de risco: rumo a uma outra modernidade. São Paulo, Editora
34.
Cechin, A., Montoya, M. (2017). “Origem, causas e impactos da crise financeira de 2008”.
Guivant, J.S. (2016) O legado de Ulrich Beck. Ambiente & Sociedade. 19 (1).
INE e Banco Mundial (2021) Relatório do Inquérito sobre o Impacto da COVID-19 nos
Agregados Familiares Urbanos em Moçambique: de Junho a Novembro de 2020. Maputo.
Koçak, E., Bulut, U., Menegaki, A. N. (2021). The resilience of green firms in the twirl of
COVID‐ 19: Evidence from S&P500 Carbon Efficiency Index with a Fourier approach.
Business Strategy and the Environment.
ARTIGO/ARTICLE
Wang, R et al. (2020). “Daily CO2 emission reduction indicates the control of activities to
contain COVID-19 in China”. The Innovation.