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A pandemia provocada pela COVID-19 teve o seu início mais evidente na China durante a
segunda metade de Janeiro de 2020.A partir deste país deu-se a sua expansão para outros
países em Fevereiro/Março de 2020, atingindo progressivamente todo o mundo.
A política económica a adotar em Timor-Leste para fazer face à crise, deve partir, antes de
tudo, de um correto “diagnóstico” da situação do nosso país e da identificação dos principais
problemas detetados.
que levem uma vida longa e saudável, adquiram conhecimento e tenham acesso aos recursos
necessários para um padrão de vida digno. Se estas escolhas essenciais não estiverem
disponíveis, muitas outras oportunidades permanecerão inacessíveis.”
(in UNDP Relatório do Desenvolvimento Humano 1990)
• Um nível de formação do capital humano (educação, saúde) muito baixo, em termos
absolutos
e em relação à maioria dos países vizinhos, onde se tem optado por investir significativamente
em capital físico (infraestruturas)—relegando para segundo plano o investimento
nas pessoas;
• Má nutrição nas crianças;
• Baixos níveis de investimento produtivo (público e privado) refletindo-se na baixa
produtividade
da estrutura produtiva e da mão-de-obra;
• Peso muito elevado do setor informal e do emprego vulnerável;
• Desigualdades na distribuição dos rendimentos;
• Grande dependência da produção exterior (importações);
• Pouca capacidade de atração de investimento estrangeiro;
• Número elevado de cidadãos ainda sem proteção social.
Não se pense, no entanto, que se pretende apenas regressar ao ponto de partida, ao ponto
em que se declarou a crise. Todos os países—e Timor-Leste também—perceberam que a
profundidade da crise se deveu, em boa parte, aos fracos “fundamentos” da economia e da
sociedade. Ou seja, esta deve ser entendida também como uma oportunidade para desenhar
políticas públicas capazes de responder aos problemas estruturais pré-existentes da
nossa economia e da nossa sociedade.
Por isso as políticas a adotar devem ter um duplo objetivo:
1) sustentar a economia para não deixar a crise aprofundar-se e defender o bem-estar
das populações, por um lado, e
2) transformar os fundamentos da economia e da sociedade de Timor-Leste de modo
a torná-las mais resilientes a choques futuros ao mesmo tempo que se corrigem caminhos
que vinham sendo percorridos e que, acreditamos, não permitiam melhorar
significativamente o bem-estar dos timorenses.
O presente Plano de Recuperação Económica prevê, assim, duas fases distintas:
• uma primeira fase, de resposta de (muito) curto prazo, já na segunda metade do
ano 2020, para mitigação dos impactos da crise causada pela COVID-19; e
uma segunda fase, com medidas de médio prazo—muitas das quais com efeitos a
longo prazo—que visam a recuperação económica, num horizonte de 2-3 anos, procurando
responder não apenas às dificuldades acrescidas causadas pela pandemia,
mas fundamentalmente aos problemas (conjunturais e estruturais) pré existentes
(nomeadamente a falta de empregos) da economia nacional sob pena de, não se
alterando nada de substantivo em relação ao passado, continuarmos à mercê de
qualquer nova crise que surja—para além de continuarmos “em desenvolvimento”
de baixo nível
Nesta fase, os objetivos são essencialmente segurar o mais possível os postos de trabalho
existentes antes da crise e recuperar rendimentos das famílias, através da manutenção
do emprego e dos apoios diretos aos cidadãos, e apoiar a manutenção das empresas no
mercado e a retoma da sua atividade.
Na segunda fase, e tendo em conta os apoios diretos da fase anterior, propõem-se medidas
estruturais, de “recuperação com transformação” económica, a implementar já a partir de
2021, estendendo-se para 2022 e anos seguintes, com impactos a médio-longo prazo.
Nesta fase, são três os principais objetivos das políticas públicas propostas: a criação de novos
empregos produtivos e dignos; a realização e consolidação de programas sociais de
investimento público (educação, saúde, habitação, proteção social); e a alteração da estrutura
produtiva e dos fatores que concorrem para o crescimento económico.
Concretamente, os Orçamentos do Estado anuais terão que prever uma efetiva afetação de
recursos que inclua mais recursos para a educação, para a saúde e para a alimentação/nutrição.
A “rule of thumb” seria de fixar como objetivo da nova repartição de recursos a duplicação
dos gastos nestas áreas no período de 5 anos, a começar já em 2021.
O quadro seguinte sintetiza as medidas propostas.