Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Resumo
Abstract
The study under development deals with «Human capital and development: demand and supply of
education». The aim of this research is to analyze the demand and supply of education in the
perspective of the theory of human capital. To this end, the study will establish the relationship
between education and the theory of human capital; explain the demand and supply of education
in the context of human capital. This time, based on bibliographic research, it was found that the
theory in question is based on the determinants of private demand for education and its obstacles.
However, she paid little attention to the provision of education. This time, in relation to this last
allusion, education supported by the theory of human capital, in recent years, has been the target
of criticism for not exercising the democratic and egalitarian character and also not reflecting the
socio-cultural reality of the communities in which it is inserted.
Keywords: Human Capital; Development; Search; Offer; and Education.
1
Licenciado em Ensino de História pela Universidade Pedagógica, Delegação de Niassa.
Inspector na Unidade de Controlo Interno da Direcção Provincial de Niassa
1
1. Introdução
Desde que foi formulado, no final dos anos 1950, o conceito de Capital Humano passou a exercer
influência sobre as políticas educacionais de muitos países, incluindo Moçambique, a partir dos
ideais de Schultz. Entre os meios utilizados pela Teoria do Capital Humano, um se destaca na
actualidade: a tomada da educação como investimento económico em capital humano.
Esta pesquisa de carácter meramente teórico, construída reflexivamente, faz parte da componente
avaliativa da cadeira de Sociologia e Economia de Desenvolvimento Sustentável. A análise da
procura e oferta da educação em Moçambique, constituirá o estudo de caso, essa será feita a partir
da FOFA (Fortaleza, Oportunidade, Fraqueza e Ameaça).
Essa nova ideia de capital compreenderia aptidões e habilidades pessoais, que podem ser
características naturais da pessoa, ou adquiridas ao longo do tempo. Cada pessoa seria capaz de
aumentar seu conhecimento através de investimentos destinados à formação educacional e
profissional de cada uma. Sendo assim, o aumento do capital humano poderia representar as taxas
de produtividade do trabalhador, alavancando o desenvolvimento de um país.
Mayer e Rodrigues (2013) destaca que para que haja desenvolvimento económico, é essencial que
as instituições garantam a ordem pública, o bom funcionamento do mercado e boas oportunidades
de lucro que estimulem os empresários a investir e inovar. Sendo assim, é necessário que o
Estado, na forma de instituição superior, tenha legitimidade e capacidade para formular políticas,
cobrar impostos e impor as leis.
Nesta perspectiva, em uma definição mais abrangente, o autor define desenvolvimento económico
como processo histórico do crescimento sustentado da renda, ou do valor adicionado por
habitante, resultando em uma melhoria do padrão de vida da população de um estado nacional,
2
fruto da sistemática acumulação de capital e da incorporação de conhecimento ou processo
técnico à produção (Mayer & Rodrigues, 2013).
A educação é colocada como o alicerce para o desenvolvimento das nações e a solução para as
diferenças sociais. Investir na educação é fundamental para combater as desigualdades sociais e
melhorar as condições de países menos desenvolvidos, tal como o caso especifico de Moçambique
(nosso campo de estudo).
De acordo com Schultz (1964, apud Mayer & Rodrigues, 2013)), o investimento básico no ser
humano se dá por meio da educação. Segundo o autor, as pessoas valorizam as suas capacidades,
tanto como produtores, quanto como consumidores, pelo investimento que fazem em si mesmas.
Sendo a educação a melhor forma de se investir em capital humano, pois, enquanto o nível de
bens de produção tem declinado em relação à renda, o capital humano tem aumentado. A
caracterização da educação se dá por meio do "ensino" e do "aprendizado", sendo que seu
significado decorre da extração de algo potencial ou latente de uma pessoa, aperfeiçoando-a,
moral e mentalmente, a fim de torná-la suscetível a escolhas individuais e sociais. Preparando-a
para uma profissão, por meio de instrução sistemática e exercitando-a na formação de habilidades
(Mayer & Rodrigues, 2013).
Blaug (1975), assim como Schultz, busca mostrar os benefícios advindos da educação, tomando
como exemplo a variação nos rendimentos dos trabalhadores. Para ele, em todas as economias,
existem diferentes proporções de remunerações entre indivíduos da mesma idade com diferentes
níveis de escolaridade. Mesmo diante dos possíveis benefícios futuros advindos de um maior nível
de educação, é importante ressaltar seu custo para adquiri-la (Amorim, 2008).
Segundo Schultz (1964 citado por Amorim, 2008), esse custo é o custo de oportunidade, ou seja, o
custo de deixar de ser remunerado por um período de tempo, além do seu próprio custo com a
educação, para buscar novos conhecimentos e aumentar suas chances de obter melhores
resultados/rendimentos no futuro. Ainda é importante considerar que esse futuro é incerto, uma
vez que não se consegue obter precisão em sua previsão.
3
Depreende-se que a educação é considerada de duas formas distintas: consumo, num primeiro
momento, pois, a curto prazo, sempre demandará gastos para sua execução; e investimento, num
segundo momento, devido à possibilidade de elevar as rendas futuras dos estudantes, resultando
em crescimento económico.
Esta teoria, defende que os indivíduos que fazem cálculos racionais de custo-benefício decidiam
buscar a educação pós-compulsória (não-obrigatória) porque poderiam obter benefícios
monetários futuros em decorrência desta escolha. A educação pós-compulsória deixou de ser vista
apenas como um bem de consumo (visão tradicional), mas também como um investimento.
A teoria do capital humano deu um novo tratamento, de tipo de análise de demanda, procurando
determinar, por exemplo a elasticidade-preço e a elasticidade-renda da demanda por educação. A
deficiência mais relevante desta teoria é a do descaso no tratamento dado à oferta da educação,
deficiência apontada por diversos economistas da educação, como Blaug (1992) e Vandenberghe
(1996), (Silva, 2018).
Entende-se que a teoria do capital humano deu pouca atenção a possíveis restrições e empecilhos
à oferta de educação, tais como: restrições infra-estruturais, tecnológicas, organizacionais ou
institucionais, problemas de coordenação, problemas de motivação etc. A discussão sobre a oferta
não ocupava mais do que uma posição marginal, acreditava-se que a demanda por educação seria
transformada, automaticamente, em capital humano desde que se atenuassem as restrições de
crédito.
4
É em relação a oferta que Apple (1989, apud Silva, 2018), analisando minuciosamente a função
das instituições educacionais, enquanto aparelho ideológico do Estado, objectivando a
manutenção de relações de dominação e exploração, refere que a escola nos últimos anos tem sido
alvo de críticas por não exercer o carácter democrático e igualitário que se espera das instituições
educacionais. Muito pelo contrário, o que tem se evidenciado é a reprodução de uma ordem social
perversa no que diz respeito à classe, ao género e etnias através do seu currículo tanto o explícito
quanto o oculto. O autor enfatiza a importância “de se examinar a relação entre o processo escolar
e a manutenção dessas relações desiguais” (Silva, 2018).
Nessa perspectiva, pode-se considerar que se a escola dá privilégios para determinados indivíduos
que já trazem em sua bagagem a cultura privilegiada. Santos (2018), vê na teoria do capital
humano duas questões importantes para a oferta da educação, primeiro a falha do discurso
meritocrático, ainda que o sujeito se esforce, sempre estará um passo atrás daqueles que possuem
o capital cultural privilegiado pela escola. Segundo ponto, essa pode ser a armadilha do
capitalismo na escola para manutenção da desigualdade, e aqueles poucos que de alguma forma
conseguem escapar da armadilha servem para legitimação do processo.
A partir dessa análise fica claro que a educação, parte integrante do estado, possui características
importantes para a criação de um consenso activo e por isso não considera adequado reduzir o
currículo só a interesses da classe dominante.
Ainda em relação a oferta da educação, Santos (2018), refere que a entrada do discurso do capital
humano no cenário educacional transformou o conhecimento em uma espécie de mercadoria de
troca e, cada vez mais, nos afastamos do carácter de transformação do ato educacional. Cada vez
menos encontramos nas universidades e outras instituições de educação, pessoas ávidas por
5
conhecimento. Deparamo-nos, sim, todo o tempo, com consumidores de ideias académicas, que
enxergam o conhecimento como produto para consumo e não como uma nova forma de enxergar
o mundo.
A consequência tem sido a formação padronizada (imaginemos como uma linha de produção) de
intelectuais que se sentem senhores de determinado saber (afinal, são juridicamente garantidos
pelo diploma no qual investiram), aplicando métodos legitimados convencionalmente.
Observamos uma ávida busca por mais especializações, diplomas e certificados para produzir
sempre mais que outro e assim conseguir se manter no mercado de trabalho. Enquanto indivíduos
“se esforçam” para crescer cada vez mais individualmente, movidos pelo estímulo da
competitividade (Silva, 2018).
No entanto, ainda existem muitos desafios para o sector da educação. Embora existam vários
esforços e avanços significativos no nível de educação, ainda há mito por fazer. Um número
considerável de crianças ainda não tem acesso à escola, especialmente nas zonas rurais. O
desequilíbrio de acesso à educação entre campo e as zonas rurais é ainda preocupante.
6
Por outro lado a aprendizagem é afectada negativamente pela falta de alimentação e vestuário,
falta de material escolar adequado, falta de recursos financeiros, gestão deficiente, longas
distâncias entre a casa e a escola, a COVID-19 e outras condições básicas para aulas práticas.
Aliado a isso, o sistema de educação enfatiza pouco o saber fazer, a formação e ética. Os valores
transmitidos nem sempre correspondem à realidade cultural, social e local.
Este último aspecto, alinha-se a posição avançada por Aple e Humbane (2017 apud Silva, 2018),
segundo a qual em Moçambique a educação escolar espelha os interesses da classe dominante,
objectivando a manutenção de relações de dominação e exploração e não reflecte a realidade
sociocultural das comunidades em que está inserida. Neste sentido, Dias (2010) explica que uma
das causas do fracasso escolar e da baixa qualidade e eficiência em educação é a dissociação que
existe entre a cultura escolar e a cultura social.
Por ser relevante para a pesquisa, conhecer o ambiente educacional moçambicano, apresenta-se no
quadro a seguir, a análise FOFA (Fortaleza, Oportunidade, Fraqueza e Ameaça):
Fortaleza Oportunidade
7
Conclusão
Referencias Bibliográficas
Silva, S.; (2018). Capital Control Over Higher Education. In: LEHER; ACCIOLY (Orgs.).
Commodifying Education: Theoretical and Methodological Aspects of Financialization of
Education Policies in Brazil. Rotterdam: Sense Publishers.