A teoria do capital humano, está muito associada ao valor econômico da
educação, como formaliza Schultz (1963) quando fala que “o valor econômico da educação depende predominantemente, da produção e da oferta da instrução, considerada como um investimento” (1963, p.33).
Em seu contexto histórico, a teoria do capital humano surge na
necessidade de responder a uma pergunta: Qual a chave para a diminuição da desigualdade social? Formalizando a noção de capital humano em 1950, Theodoro Schultz constrói a teoria que propõe o investimento em indivíduos e o incentivo a fim de aumentar produtividade, e que isso pode levar à mobilidade social e melhor distribuição de dinheiro com uma preparação trabalhista adequada.
Essa teoria ligada à educação a envisiona como aplicação para um
retorno no âmbito econômico-social, a fim de que o estudante obtenha uma visão de educação apenas como um caminho para o mercado de trabalho, onde sua força de trabalho é a principal matéria-prima de um sistema dominante. A teoria que valeu o Prêmio Nobel de Economia para Schultz tornou-se um senso comum, como afirma o doutor em Ciências Humanas Gaudêncio Frigotto que enfatiza essa teoria como meritocrática, em que se acredita que todos os que estudam, se preparam e trabalham têm as mesmas oportunidades e, ao longo do tempo, subirão de classe social. trata-se de moldar os sistemas educacionais de acordo com seus interesses de classe.
Trata-se de moldar os sistemas educacionais de acordo
com seus interesses de classe. Entretanto, como veremos adiante, por pensarem as disfunções produzidas pelas relações sociais desiguais, mas não o que produz a desigualdade, as receitas dos intelectuais burgueses de tempos em tempos evidenciam sua fraqueza e fracasso. Daí a busca de novas receitas, ainda que cada vez com sabor mais amargo ou ampliando o veneno da desigualdade. (FRIGOTTO, 2013, p.5) 1.3 Relação Educação-TCH 2. Impactos das reformas educativas baseadas na TCH
2.1 Reformas educativas: a semente que alimenta o sistema.
A classe dominante vê a educação como uma forma de interferir na
formação da classe trabalhadora de forma niveladora e alienante, controlando sua consciência, sua percepção de si e do mundo. Um exemplo disso é a empregabilidade, uma noção apresentada por Frigotto (2013), com o objetivo de “apagar da memória o direito ao emprego, já que este está dentro de um sistema de regulação social que garante um conjunto de direitos ao trabalhador defendidos por suas organizações” (p.9). Isso contribui para o pensamento meritocrático, que faz pensar que a competitividade é algo que precisa a ser admirado e todos os trabalhadores ganham com isso, o que não é verdade tendo em vista o alto nível de desemprego e desigualdade social no Brasil.
Durante a crise, o interesse pela educação como “domínio” aumenta, o que
explica o ciclo das reformas educativas no Brasil ao longo da década de 60 a 80, a maioria delas amalgama-se a teoria doutrinária do capital humano. A reforma aconteceu dentro e fora dos muros das escolas, desde o conteúdo programático até leis educacionais, da pré escola à especialização.
A reorganização da classe dominante nesse processo é crucial e uma das
táticas é, por exemplo a busca do empresarial por cada vez mais espaço. Frigotto (2013) constata isso ao citar a presidência de um dos representantes do Sistema S (o conjunto de nove instituições de interesse de categorias profissionais, estabelecidas pela Constituição brasileira.)
Outra medida importante que é também característica da enorme influência
da teoria do capital humano na educação é a ênfase no processo de instrução, como normaliza Schultz, quando fala que “A instrução é mais condicionada pelo fator humano do que a produção entre todos os aspectos” (SCHULTZ, 1936, p.50). 2.2 A formação de docentes CONSIDERAÇÕES FINAIS
Portanto, conclui-se que, na perspectiva da teoria do capital humano, a
educação deve ser considerada como um investimento e, como investimento, a educação é baseada em seus resultados e não mais um processo formativo importante por si só.
A retração da educação e da economia gerada pela ampla aceitação da
teoria do capital humano, impôs nas escolas a necessidade de oferecer uma educação mais pragmática, com o objetivo de garantir retornos significativos em longo e, principalmente, em curto prazo, o que acarretou as muitas propostas de reformas da educação no longo prazo.